inquedos, roupas, chapéus, anúncios, leituras, livros, revistas, jor<strong>na</strong>is,roupas, sapatos, móveis, alimentos, prostitutas estrangeiras, engraxates etc. -"a voga do ataque histérico entre senhoras burguesas, à saída <strong>de</strong> enterros eem face <strong>de</strong> outras situações dramáticas" (sexta edição, pp. 160-165).Volto ao curso seguido por <strong>Freyre</strong> <strong>na</strong> Universida<strong>de</strong> Baylor. O professorArmstrong ficou tão impressio<strong>na</strong>do com o inglês <strong>de</strong> <strong>Freyre</strong> que o aconselhou aadotar a cidadania norte-america<strong>na</strong>, ace<strong>na</strong>ndo com a promessa <strong>de</strong> cobiçadabolsa em Oxford: a Rho<strong>de</strong>s Scolarship. Chegou a citar a seu aluno o caso <strong>de</strong>Joseph Conrad, que, <strong>na</strong>scido <strong>na</strong> Polônia, tornou-se gran<strong>de</strong> escritor em línguainglesa.<strong>Freyre</strong> recusou a sugestão, tendo anotado em seu diário: "Se tiver <strong>de</strong> serescritor, meu <strong>de</strong>ver é escrever em língua portuguesa" (cf. Tempo Morto eOutros Tempos. 2ª edição revista. São Paulo: Global, p. 65). E foi o queaconteceu: ele tornou-se um dos maiores ensaístas do nosso idioma.A metáfora da re<strong>de</strong><strong>Gilberto</strong> <strong>Freyre</strong>Ociosa, mas alagada <strong>de</strong> preocupações sexuais, a vida do senhor <strong>de</strong> engenhotornou-se uma vida <strong>de</strong> re<strong>de</strong>. Re<strong>de</strong> parada, com o senhor <strong>de</strong>scansando,dormindo, cochilando. Re<strong>de</strong> andando, com o senhor em viagem ou a passeio<strong>de</strong>baixo <strong>de</strong> tapetes ou corti<strong>na</strong>s. Re<strong>de</strong> rangendo, com o senhor copulando<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>la. Da re<strong>de</strong> não precisava afastar-se o escravocrata para dar suasor<strong>de</strong>ns aos negros: mandar escrever suas cartas pelo caixeiro ou pelo capelão;jogar gamão com algum parente ou compadre. De re<strong>de</strong> viajavam quase todos -sem ânimo para montar a cavalo: <strong>de</strong>ixando-se tirar <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> casa comogeléia por uma colher. Depois do almoço, ou do jantar, era <strong>na</strong> re<strong>de</strong> que elesfaziam longamente o quilo - palitando os <strong>de</strong>ntes, fumando charuto, cuspindo nochão, arrotando alto, peidando, <strong>de</strong>ixando-se aba<strong>na</strong>r, agradar e catar piolhopelas mulequinhas, coçando os pés ou a genitália; uns coçando-se por vício;outros por doença venérea ou da pele. Lindsay diz que <strong>na</strong> Bahia viu pessoas
<strong>de</strong> ambos os sexos <strong>de</strong>ixando-se catar piolhos; e os homens coçando-sesempre <strong>de</strong> "sar<strong>na</strong>s sifilíticas".Casa-gran<strong>de</strong> & Senzala. Edição crítica. Paris: ALLCA XX, 2002 (Unesco.Coleção Archivos, 55), p. 433.Bahia <strong>de</strong> todos os santos (e <strong>de</strong> quase todos os pecados)Poema <strong>de</strong> <strong>Gilberto</strong> <strong>Freyre</strong> é rico exemplo do estilo enumerativo e imagístico doautorBahia <strong>de</strong> todos os santos (e <strong>de</strong> quase todos os pecados)casas trepadas umas por cima das outrascasas sobrados igrejas como gente se espremendo pra sair num retrato<strong>de</strong> revista ou jor<strong>na</strong>l (vaida<strong>de</strong> das vaida<strong>de</strong>s, diz o Eclesiastes)Igrejas gordas (as <strong>de</strong> Per<strong>na</strong>mbuco são mais magras)toda a Bahia é uma mater<strong>na</strong>l cida<strong>de</strong> gordacomo se dos ventres empi<strong>na</strong>dos dos seus montesdos quais saíram tantas cida<strong>de</strong>s do Brasilinda outras estivessem pra sair........................................................................................automóveis a 30$ a horae um ford todo osso sobe a la<strong>de</strong>ira sagradasaltando, pulando, tilintandopra <strong>de</strong>pois escorrer sobre o asfalto novoque branqueja como <strong>de</strong>ntadura postiça sobre a terra encar<strong>na</strong>da(a terra encar<strong>na</strong>da <strong>de</strong> 1500)gente da Bahia!preta, parda roxa more<strong>na</strong>cor dos bons jacarandás <strong>de</strong> engenho do Brasil(ma<strong>de</strong>ira que cupim não rói)sem rostos cor <strong>de</strong> fiambrenem corpos cor <strong>de</strong> peru frio...........................................................................................