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E x e m p l oAlessandra de Paulo Pereira Gonçalves, <strong>em</strong>presária“T<strong>em</strong> gente que nasce para ser sombra. Nós quer<strong>em</strong>os s<strong>em</strong>preser a árvore, a montanha”. Com essa frase, a <strong>em</strong>presáriaAlessandra de Paulo Pereira Gonçalves define a grande viradaque deu <strong>em</strong> sua vida, há sete anos, quando deixou de serbancária para se tornar <strong>em</strong>preendedora.Ela passava por uma gravidez de risco e ficou impossibilitadade trabalhar. Nesse período, virou fã dos programas deartesanato que passam na tevê, do tipo “faça você mesmo”.Sozinha, criou todas as peças do enxoval e da decoração doquarto do seu bebê e do filho de uma amiga. Quando o maridoficou des<strong>em</strong>pregado, após a privatização do banco <strong>em</strong> queambos trabalhavam, Alessandra teve a idéia de fazer do hobbyseu ganha-pão.Com a ajuda do companheiro, criou quadros tridimensionaiscom motivos infantis, feitos com tecido. Patenteou aidéia e passou a fornecer o produto para lojas de decoraçãoda Zona Sul de São Paulo. Em pouco t<strong>em</strong>po, os clientes começarama “driblar” as lojas e ir direto até a artesã para fazera encomenda. Foi quando o casal se deu conta de que haviaencontrado um nicho de mercado, num segmento que jáexistia. Os clientes eram pessoas como eles, de classe média eclasse média baixa, que desejavam montar o quarto dos filhos,mas s<strong>em</strong> precisar pagar os preços altos que as lojas cobravampelos artigos. O kit berço feito pela Tatakuki, porex<strong>em</strong>plo, pode custar R$ 250. Em outras lojas, o mesmo artigonão sai por menos de R$ 850.A <strong>em</strong>presa funcionou na informalidade por um bom t<strong>em</strong>po.Até que o casal resolveu procurar a incubadora do Sebrae.“Não queríamos fazer parte das estatísticas”, afirmaAlessandra, referindo-se ao número de pequenas <strong>em</strong>presasque quebram nos primeiros anos de atividade. Na incubadora,receberam treinamento e orientações dos consultores.O portfólio cresceu – passaram a oferecer também 37 produtosna linha de tecido, como lençóis e mantas. Estão começandoa organizar uma rede de representantes <strong>em</strong> todo opaís e prevê<strong>em</strong> a abertura de lojas franqueadas até o finaldeste ano. Outras inovações foram criadas, como quadrosdecorativos com luzes para cromoterapia e o porta-bebê,acessório feito de pelúcia que é preso à criança e impedeque ela role e caia da cama.Os lay-outs dos produtos e os moldes continuam sendo feitosà mão. “Assim é mais rápido”, diz a <strong>em</strong>presária, l<strong>em</strong>brandoque é preciso muita agilidade para montar cerca de trêsquartos por dia, todos feitos por encomenda no show-roomda <strong>em</strong>presa – 90% deles personalizados. São motivos de basquete,fazenda, Fórmula-1. Seja o que os pais escolher<strong>em</strong>,Alessandra cria. E acerta no primeiro desenho. “Acho que éessa sensibilidade f<strong>em</strong>inina que faz com que eu atinja o clienteno primeiro esboço. Ser mulher só ajuda”, diz.Estilhaçando o vidro do tetoNa opinião de Fátima, são muito poucasas diferenças entre um hom<strong>em</strong> <strong>em</strong>presárioe uma mulher <strong>em</strong>presária. “As mulherestêm capacidade ilimitada, mas poucas têmnoção disso”, diz. Segundo ela, a única vez<strong>em</strong> que sentiu diferença por ser mulher foiao ser escolhida <strong>em</strong>presária do ano pela AssociaçãoComercial do Pará. “Em 50 anos,fui a segunda mulher a receber essa homenag<strong>em</strong>.Isso faz você pensar”, comenta.Se, <strong>em</strong> representatividade, as mulheresganharam espaço entre o número de <strong>em</strong>preendedores,falta a elas ainda ascenderaos postos mais altos de comando dentrodas <strong>em</strong>presas e instituições. A necessidadede <strong>em</strong>poderamento das mulheres é discutidasob o conceito de glass ceiling (teto devidro, <strong>em</strong> inglês).A expressão foi cunhada pelo Wall StreetJournal <strong>em</strong> 1985 e diz respeito aos postosda hierarquia considerados inatingíveis pelasmulheres. “Não t<strong>em</strong> a ver com falta dehabilidade e capacidade das mulheres, mascom o simples fato de que são mulheres”,afirma a pesquisadora do Instituto de Estudosde Gênero da Universidade Federal deSanta Catarina (UFSC), Cristina Rocha.Em sua tese de doutorado, Cristina pesquisoucerca de 30 <strong>em</strong>presas de base tecnológicae incubadoras. Descobriu que dasmulheres que trabalhavam nesses locais,Locus • Abr / Mai 200731

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