12.07.2015 Views

Versão completa em PDF

Versão completa em PDF

Versão completa em PDF

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

E n t r e v i s t aIgnacySachsLocus • Abr / Mai 2007Venho discutindo o enorme desafioque constitui para o Brasil omelhor aproveitamento da suabiodiversidade. Nesse sentido, euacredito que o futuro do mundoestá na nossa capacidade de construiruma civilização moderna debiomassa, uma biocivilização, baseadano aproveitamento do trinômiobiodiversidade, biomassa ebiotecnologias – essa última aplicadanas duas pontas do processo para aumentara produtividade da biomassa e paraabrir cada vez mais o leque de produtosdela derivados. Porque biomassa é alimento,ração animal, adubo verde, agroenergia,material de construção, matéria-primaA função das incubadoras é servir comoponte entre universidades, instituiçõesde pesquisa e a economia real, estreitando essarelação que ainda está longe de ser satisfatóriaindustrial, química verde, fármacos e cosméticos.Ou seja, é um novo mundo que seabre. E o Brasil t<strong>em</strong> vantagens comparativasímpares para enfrentar esse desafio:muitos solos agricultáveis, recursos hídricose climas amenos. Mas não bastam asvantagens naturais. É preciso potencializaressas vantagens por meio de pesquisa, parao estudo da biodiversidade. É aí que entramincubadoras e parques tecnológicos, paratransformar essa biodivesidade <strong>em</strong> bioprodutos.Aí está o maior desafio e, ao mesmot<strong>em</strong>po, a maior oportunidade para o Brasil,inclusive para liderar esse processo, passandoà frente dos países industrializados.Locus – Os parques tecnológicospoderiam contribuir nesse processo?Sachs – Depende de como for<strong>em</strong> projetados.Se for<strong>em</strong> desenhados dentro dessa visão,não só poderão como deverão contribuir.Agora, se for<strong>em</strong> simplesmente umacópia de parques tecnológicos de outrospaíses, que têm outras janelas de oportunidade,não vão resolver o assunto. Acho quea questão que se coloca hoje para a ciênciae a tecnologia brasileiras é encarar commaior seriedade e urgência esse desafio decriar uma biocivilização moderna.Locus – O sr defende que a aglomeração<strong>em</strong> redes de pequenos negóciospode ajudar a elevar a competitividade.O Brasil t<strong>em</strong> avançado nesse processo?Sachs – O que eu defendo é que, dentro domodelo da economia mista – na qual o mercadodes<strong>em</strong>penha um papel fundamental,mas não deixa de existir um Estado desenvolvimentistae, ao mesmo t<strong>em</strong>po, atuante –,a solução do probl<strong>em</strong>a de articulação entreas grandes <strong>em</strong>presas e os <strong>em</strong>preendimentosde pequeno porte passa a ser o el<strong>em</strong>entofundamental do modelo de desenvolvimentoe do seu sucesso ou insucesso. No casodo Brasil, entidades como o Sebrae têmcomo uma de suas funções principais aconstrução de sinergias positivas entre asgrandes <strong>em</strong>presas e as de pequeno porte,<strong>em</strong> substituição a relações conflituosas queexist<strong>em</strong> entre esses agentes. Uma estratégiade desenvolvimento das micro e pequenas<strong>em</strong>presas não pode ser definida no vácuo.Não basta jogá-las no mercado, onde atuaum processo forte de darwinismo social. Épreciso articulá-las com os seus mercadospotenciais, que são os grandes, e tambémcom suas fontes de suprimentos.Locus – Essa articulação v<strong>em</strong>ocorrendo no Brasil?Sachs – Vou dar um ex<strong>em</strong>plo: as grandes<strong>em</strong>presas de papel e celulose estão se abrindoatualmente à idéia de, <strong>em</strong> vez de produzira madeira dentro de grandes latifúndiosque a elas pertenc<strong>em</strong>, trabalhar através decontratos de fomento com os pequenosfornecedores de madeira. E isso é um passoimportante, pois cria uma ponte entre aagricultura familiar e a indústria. Acreditoque esses contratos de fomento possam setransformar <strong>em</strong> uma alavanca de desenvolvimentorural integrado, consorciando aprodução da madeira com outras atividadesagropecuárias. Articulação e consorciamentosão dois el<strong>em</strong>entos que me parec<strong>em</strong>fundamentais na definição de ummodelo de desenvolvimento industrial parao Brasil, que tire o maior proveito possíveldos progressos da agricultura e silviculturatropical – setores <strong>em</strong> que o país éuma potência. É assim que se pode construirum segmento importante da indústria.Mas isso t<strong>em</strong> que ser feito de maneira

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!