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Educação Inclusiva e Redes de Apoio: Acolhimento às Famílias na ...

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Abordaremos a relação da medicalização com a pedagogia, para entãoapontarmos a importância da construção <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> apoio, enfatizando o acolhimentodas famílias pela escola.A escola, no que se refere ao atendimento <strong>de</strong> pessoas consi<strong>de</strong>radas <strong>de</strong>ficientes,teve como base a medici<strong>na</strong>, como observa Foucault (1993) em seus estudos sobre obiopo<strong>de</strong>r. Com isso, acabou por assumir uma proposta voltada a um atendimentoclínico, terapêutico, <strong>de</strong> reabilitação ou simplesmente <strong>de</strong> socialização, <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> ladosua fi<strong>na</strong>lida<strong>de</strong> <strong>de</strong> colocar à disposição dos educandos, mediante ativida<strong>de</strong>s sistemáticase programas, o patrimônio cultural da humanida<strong>de</strong>.Na leitura <strong>de</strong> Foucault (1993) encontramos o surgimento <strong>na</strong> mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> <strong>de</strong> umnovo modo <strong>de</strong> exercer o po<strong>de</strong>r. O po<strong>de</strong>r que antes se exercia pelo confisco e supressãoda vida transforma-se em um po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>sti<strong>na</strong>do a produzir forças mais do que barrá-las ou<strong>de</strong>struí-las. Encarregado da gestão calculista da vida, esse po<strong>de</strong>r passa a operar tanto <strong>na</strong>via das or<strong>de</strong><strong>na</strong>ções discipli<strong>na</strong>res dos corpos como <strong>na</strong> via do controle da vida comoconjunto. Trata-se <strong>de</strong> um longo processo em que o homem oci<strong>de</strong>ntal apren<strong>de</strong> pouco apouco o que é ser espécie viva num mundo vivo: ter um corpo e construir as própriascondições <strong>de</strong> existência a partir <strong>de</strong> forças que po<strong>de</strong>m se modificar.Os discursos discipli<strong>na</strong>res tiveram, segundo Luz (1988: p.7), seu ápiceinstitucio<strong>na</strong>l <strong>na</strong> primeira meta<strong>de</strong> do século XX “atualizando-se <strong>na</strong>s escolas, <strong>na</strong>s creches,nos lares, nos quartéis, <strong>na</strong>s fábricas”. Ou seja, os estabelecimentos passaram a funcio<strong>na</strong>rreproduzindo categorias e conceitos originários do discurso científico discipli<strong>na</strong>r comoo mecanicismo <strong>na</strong> medici<strong>na</strong> e da psicologia que utilizava a metáfora do “homemmáqui<strong>na</strong>”para enten<strong>de</strong>r o funcio<strong>na</strong>mento do corpo humano, inspirada <strong>na</strong> obra <strong>de</strong> LaMéttrie (apud FOUCAULT, 1987).Neste sentido, a medici<strong>na</strong> é um saber que inci<strong>de</strong> ao mesmo tempo sobre ocorpo e sobre a população, sobre o organismo e sobre os processos biológicos tendo,portanto, “efeitos discipli<strong>na</strong>res e efeitos regulamentadores” (FOUCAULT, 2000: p. 36).A medici<strong>na</strong>, com sua racio<strong>na</strong>lida<strong>de</strong> e seu aparato cientítico-positivista, exerceu obiopo<strong>de</strong>r, um novo po<strong>de</strong>r sobre a vida prescrevendo para a população normas <strong>de</strong> higienee <strong>de</strong> controle social, através da imposição <strong>de</strong> normas familiares burguesas e daapropriação da infância pelo saber médico. Para isso, tornou-se fundamental instituirtanto <strong>na</strong>s instituições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> quanto <strong>na</strong>s instituições escolares a vigilância, a sansãonormalizadora e as técnicas <strong>de</strong> exame, discipli<strong>na</strong>ndo os corpos e regulamentando apopulação.


A medici<strong>na</strong> criou suas especialida<strong>de</strong>s para assumir a função <strong>de</strong> normalizadorada vida. A neurologia, a puericultura e a psiquiatria foram instituídas comoespecialida<strong>de</strong>s médicas que, munidas <strong>de</strong> um “olhar clínico” bem <strong>de</strong>senvolvido,i<strong>de</strong>ntificarão as anormalida<strong>de</strong>s produzindo para a educação uma relação entre doença enão-apren<strong>de</strong>r.Loucos, <strong>de</strong>ficientes e criminosos, temidos por conter os contagiosos genes da<strong>de</strong>generescência serão i<strong>de</strong>ntificados e isolados daqueles consi<strong>de</strong>rados sãos. Os sãoseram aqueles cuja forma/vida se constituía <strong>de</strong> maneira “or<strong>de</strong><strong>na</strong>da através da regulaçãodo tempo e da fixação <strong>de</strong> limites espaciais, com vistas à produção <strong>de</strong> um corpoindividual normatizado, que não ofereça resistência”. Os sãos <strong>de</strong>veriam existir comocópias fiéis ao mo<strong>de</strong>lo, uma vez que “a dualida<strong>de</strong> postulada por Platão assegurava uma‘or<strong>de</strong>m’ e uma ‘hierarquia’ em que acima estavam os mo<strong>de</strong>los e abaixo vinham ascópias. As cópias ficavam sob controle, posto que almejavam aos mo<strong>de</strong>los e com elesprocuravam se i<strong>de</strong>ntificar”.A prática <strong>de</strong> isolamento do <strong>de</strong>svio com o seu respectivo confi<strong>na</strong>mentoconstituiu o modo <strong>de</strong> funcio<strong>na</strong>r da medici<strong>na</strong> <strong>na</strong> mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>. Constituiu-se uma relação<strong>de</strong> tutela entre o saber médico e o campo escolar uma vez que “a pedagogia tomou abiologia como mo<strong>de</strong>lo, esta se transformou rapidamente em ciência médica: aqueles quese <strong>de</strong>sviavam das normas, formariam indivíduos <strong>de</strong>ficientes, anormais enfermos”,ressaltam Dussel e Caruso (2002: p. 180). Po<strong>de</strong>mos nos perguntar como criar “linhas <strong>de</strong>fuga”, no sentido <strong>de</strong>leuziano do termo (DELEUZE, 2006), para a medicalização dapedagogia. Situações <strong>de</strong> elaborações diagnósticas da medici<strong>na</strong> apropriadas pelo espaçoescolar po<strong>de</strong>m apresentar uma ênfase mais exclu<strong>de</strong>nte do que apontar caminhosinclusivos.Não po<strong>de</strong>mos negligenciar o fato que os processos <strong>de</strong> aprendizagem estãorelacio<strong>na</strong>dos a diferentes setores que atravessam a socieda<strong>de</strong> e os sujeitos em particular,como é o caso da saú<strong>de</strong>, da economia, <strong>de</strong> diferentes instituições sociais (gover<strong>na</strong>mentaise não-gover<strong>na</strong>mentais), etc.No entanto, ainda recai sobre a escola a responsabilida<strong>de</strong> maior. A escola nãopo<strong>de</strong>, embora possa às vezes pretendê-lo, <strong>na</strong> sua vocação <strong>de</strong> instituição total, dar contasozinha <strong>de</strong> todas as áreas, por isso, ao se abrir para o trabalho em conjunção einterlocução com outras instituições, órgãos, associações, etc., po<strong>de</strong>ria assim contar comapoio no atendimento aos alunos consi<strong>de</strong>rados <strong>de</strong>ficientes, <strong>de</strong> modo que cada instância


cumpra o seu papel e se complemente para possibilitar o <strong>de</strong>senvolvimento e aaprendizagem discentes.No Projeto <strong>de</strong> Extensão “Compartilhar Responsabilida<strong>de</strong>s <strong>na</strong> Educação<strong>Inclusiva</strong>”, que contou com a parceria do Instituto do Noroeste Fluminense <strong>de</strong> EducaçãoSuperior (INFES-UFF) e da Secretaria Municipal <strong>de</strong> Educação <strong>de</strong> Santo Antônio <strong>de</strong>Pádua – RJ em 2009, nos <strong>de</strong>paramos com duas situações bem contrárias. Muitas vezesos professores acabam assumindo toda a responsabilida<strong>de</strong> em solucio<strong>na</strong>r as dificulda<strong>de</strong>sdo aluno consi<strong>de</strong>rado <strong>de</strong>ficiente em todos os âmbitos, assim como, em outros casos, osprofessores não se responsabilizam pela educação <strong>de</strong>sses alunos por se sentiremincapazes, sobrecarregados e insatisfeitos. Por isso consi<strong>de</strong>ramos <strong>de</strong> suma importância aabordagem do tema <strong>Re<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> <strong>Apoio</strong> para a busca <strong>de</strong> interlocutores <strong>na</strong> gestão <strong>de</strong>ntro efora da escola. A análise prelimi<strong>na</strong>r das <strong>de</strong>mandas dos professores e gestoreseducacio<strong>na</strong>is que participaram do curso <strong>de</strong> formação continuada apontou para a troca <strong>de</strong>experiências, a procura <strong>de</strong> novas informações que pu<strong>de</strong>ssem abrir espaço para a revisão<strong>de</strong> antigas crenças e concepções em torno do discurso da <strong>de</strong>ficiência e da educaçãoinclusiva. Nesse sentido, foi reforçada a idéia <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> apoio formada porinstituições que trabalham em diversas áreas e com as quais o professor po<strong>de</strong>rá contarno seu trabalho pedagógico, realçada a idéia do acolhimento à família <strong>na</strong> escola.As re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> apoio são entendidas nesse trabalho como ações articuladas comprofissio<strong>na</strong>is <strong>de</strong>ntro ou fora da escola, e com a família do aluno, num espaço <strong>de</strong> <strong>de</strong>bateon<strong>de</strong> são compartilhadas idéias, conhecimentos e alter<strong>na</strong>tivas construídas no grupo.De acordo com Rodrigues e Reis (2010), a partir da leitura <strong>de</strong> autores comoBronfenbrenner (apud SERRANO e BENTO, 2004), as famílias realizam a mediaçãoentre o indivíduo e as instâncias mais amplas da socieda<strong>de</strong>, sendo que o sistema familiartambém se encontra inserido numa “ecologia sistêmica social” mais abrangente e éafetado pelas mudanças <strong>na</strong> comunida<strong>de</strong> e <strong>na</strong> socieda<strong>de</strong>. Esse olhar a partir <strong>de</strong> umaperspectiva sociológica sistêmica nos auxilia <strong>na</strong> compreensão da inter<strong>de</strong>pendência <strong>de</strong>inúmeros fatores que configuram e concorrem para o <strong>de</strong>senvolvimento global dascrianças.Com isso, passa-se a consi<strong>de</strong>rar a família ampliada, vizinhos e outros apoiosformais que <strong>de</strong>sempenham estruturas <strong>de</strong> apoio primário ao provi<strong>de</strong>nciar auxílio aos pais<strong>na</strong>s complexas tarefas parentais. Daí, por exemplo, a importância que passaram a terpara a área da educação inclusiva, os conceitos <strong>de</strong> sistema <strong>de</strong> apoio social e re<strong>de</strong> <strong>de</strong>apoio social, para além da visão nuclearizada <strong>de</strong> família tradicio<strong>na</strong>lmente mo<strong>de</strong>r<strong>na</strong>.


Dunst (apud SERRANO e BENTO, 2004) <strong>de</strong>fine como apoio social a ajuda ea assistência <strong>de</strong> caráter emocio<strong>na</strong>l, psicológico, associativo, informativo, instrumentalou material, prestada pelos membros das re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> apoio social, que influenciam, <strong>de</strong>forma pró-ativa, a saú<strong>de</strong> e o bem-estar, promovem a adaptação a acontecimentos davida e o <strong>de</strong>senvolvimento do receptor <strong>de</strong> tal ajuda (p.99).Os investigadores nessa área concordam que com os mo<strong>de</strong>los ecológicos esistêmicos, o apoio social <strong>de</strong>ve ser visto como um processo <strong>de</strong> transição ativo queenvolve trocas permanentes <strong>de</strong> recursos entre o sujeito que recebe a ajuda e os membrosda sua re<strong>de</strong> social, que po<strong>de</strong>m acontecer num contexto bastante diversificado <strong>de</strong>influências pessoais e ambientais.Serrano e Bento (2004) mencio<strong>na</strong>m a partir das pesquisas <strong>de</strong> Cochran eBrassard que os componentes das re<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>m ser conceituadas a partir <strong>de</strong> três gran<strong>de</strong>scaracterísticas: características relacio<strong>na</strong>is: que incluem o conteúdo da relação entre duasou mais pessoas (troca <strong>de</strong> bens ou serviços, emocio<strong>na</strong>l, recreativo,informação, a direcio<strong>na</strong>lida<strong>de</strong> da relação que a<strong>na</strong>lisa a sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>influência (po<strong>de</strong>r), assim como a sua reciprocida<strong>de</strong> e intensida<strong>de</strong>, ou seja, amotivação dos membros da re<strong>de</strong> social para se envolverem em trocas querem termos <strong>de</strong> pedir auxílio, quer em prestar a ajuda solicitada; características estruturais: que incluem aspectos como a dimensão da re<strong>de</strong>e o interrelacio<strong>na</strong>mento entre os seus membros; características <strong>de</strong> localização no espaço e no tempo: da re<strong>de</strong>, incluindo aproximida<strong>de</strong> geográfica e continuida<strong>de</strong> dos seus membros (SERRANO &BENTO, 2004: p. 100).Nessa mesma linha <strong>de</strong> investigação, os autores citados concordam com a idéia<strong>de</strong> que o apoio social po<strong>de</strong> ser prestado por re<strong>de</strong>s formais e informais, consi<strong>de</strong>randocomo re<strong>de</strong>s informais: os familiares, amigos, vizinhos, etc., ou ainda os grupos sociais(associações religiosas, clubes, organizações não-gover<strong>na</strong>mentais), etc.Nas re<strong>de</strong>s formais estariam incluídos profissio<strong>na</strong>is tais como (médicos,terapeutas, educadores, professores, assistentes sociais, etc.) em colaboração cominstituições como hospitais, serviços especializados, programas <strong>de</strong> reabilitação, etc.A importância <strong>de</strong>ssas re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> colaboração no apoio social à família temrevelado influências diretas e indiretas no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> crianças e jovens, umavez que há uma re<strong>de</strong>finição e reorganização do funcio<strong>na</strong>mento familiar, on<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e


em-estar social passam a ser re-conceitualizados e redimensio<strong>na</strong>dos, alterando osestilos sociais <strong>de</strong> interação pais-criança que passam a ter reflexo direto nocomportamento e <strong>de</strong>senvolvimento dos filhos.Sarmento & Ribeiro (2005) recuperam em Gallagher e Serrano a discussão <strong>de</strong>que a inclusão <strong>de</strong>verá respeitar a intervenção dos diferentes profissio<strong>na</strong>is envolvidos eprecisa ser contextualizado aproveitando sempre as capacida<strong>de</strong>s e recursos <strong>de</strong> cadafamília.Segundo as autoras, a literatura nessa área mostra que existem característicasespecíficas relacio<strong>na</strong>das à <strong>de</strong>manda <strong>de</strong>ssas famílias, que po<strong>de</strong>m ser visualizadas sob osseguintes aspectos:• Necessida<strong>de</strong>s práticas: tempo e energia que a família utiliza <strong>na</strong>s funçõesfamiliares ou pessoais, gestão do tempo e recursos econômicos;• Necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> informação sobre a problemática da criança, o que implicacompreen<strong>de</strong>r melhor a criança afetada; gerir o melhor possível os sentimentos efavorecer o processo <strong>de</strong> adaptação;• Necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>Apoio</strong> Emocio<strong>na</strong>l e Social que passam por vários períodos:(...) do diagnóstico inicial da <strong>de</strong>ficiência, da entrada para a escola, da puberda<strong>de</strong> e dosmomentos <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões vocacio<strong>na</strong>is e profissio<strong>na</strong>is. (RIBEIRO & SARMENTO, 2005:26).Dunst (apud RIBEIRO & SARMENTO, 2005) consi<strong>de</strong>ra que as característicasprincipais que envolvem essas trocas sociais entre as re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> apoio <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>messencialmente do tamanho da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> contatos pessoais da família, do tipo <strong>de</strong>relacio<strong>na</strong>mento, da freqüência <strong>de</strong> contato entre os membros da re<strong>de</strong>, da carência oupresença do apoio, do tipo ou amplitu<strong>de</strong> dos apoios necessários, da utilização edisponibilida<strong>de</strong> do apoio para a família, além da afinida<strong>de</strong> psicológica entre os membrosdas re<strong>de</strong>s e da reciprocida<strong>de</strong> entre os membros e satisfação com o apoio. No entanto, omais importante, <strong>na</strong> confluência <strong>de</strong>sses aspectos se dá no que se po<strong>de</strong> chamar <strong>de</strong>colaboração solidária.Em síntese, as re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> apoio po<strong>de</strong>m e <strong>de</strong>vem ser compreendidas como oresultado da organização e interação dos serviços e recursos existentes <strong>na</strong> comunida<strong>de</strong> edisponíveis aos seus usuários, além do que a integração <strong>de</strong>sses serviços po<strong>de</strong> servircomo dispositivo multiplicador do funcio<strong>na</strong>mento dos recursos existentes.A intersetorialida<strong>de</strong> enfatizada <strong>na</strong> Conferência Nacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Mental(2010) e a dimensão dos espaços trabalhados <strong>na</strong>s re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> apoio nos fazem sustentar a


Existe uma questão crucial a ser esclarecida, enfatizada e <strong>de</strong>senvolvida, teóricae praticamente: é a população que configura seu território e o utiliza, afastando aperspectiva da elaboração das re<strong>de</strong>s sociais da usual e fracassada visão do heroísmocivilizador tecno-burocrático, numa qualificação co-operativa da construção <strong>de</strong> umare<strong>de</strong> social já preexistente (BOTT, 1976), mesmo que fragmentariamente, mas sobre aqual há, constantemente, dispositivos institucio<strong>na</strong>is em operação. Nesse sentido,Castoriadis (2000) aponta a permanente tensão entre o instituído e o instituinte comoforças presentes <strong>na</strong> socieda<strong>de</strong>.Essa proposta <strong>de</strong> Pesquisa se articula ao Grupo <strong>de</strong> Pesquisa Educação e Saú<strong>de</strong>,grupo <strong>de</strong> pesquisa da base do CNPQ e certificado pela UFF.3) Método:Além <strong>de</strong> uma ampliação da revisão da bibliografia, propomos um levantamentodo número <strong>de</strong> casos consi<strong>de</strong>rados <strong>de</strong> inclusão e dos quadros diagnósticos atribuídos,bem como a análise <strong>de</strong> conteúdo (BARDIN, 1977) do Projeto Político Pedagógico noque se refere a práticas inclusivas.Embora compartilhemos a idéia <strong>de</strong> que a transformação <strong>na</strong>s micropolíticas dastessituras do cotidiano seja a base para os processos inclusivos <strong>na</strong> escola, justifica-se ametodologia adotada com a análise documental consi<strong>de</strong>rando que o projeto políticopedagógico é a etapa intermediária entre políticas públicas materializadas em <strong>de</strong>cretos<strong>de</strong> lei e o encontro entre professor e aluno <strong>na</strong> sala <strong>de</strong> aula. In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong>discussões normativas ou teleológicas sobre as relações causais entre “projetos” e“práticas”, ingênuas ou engajadas, acerca da crença <strong>de</strong> que as práticas são direcio<strong>na</strong>daspor tais projetos, ou <strong>de</strong> que <strong>de</strong>veriam ser fruto <strong>de</strong> construção coletiva, e nem sempre oseriam, busca-se com essa ênfase metodológica uma reflexão sobre a necessáriaarticulação das culturas, políticas e práticas <strong>de</strong> inclusão em educação.De acordo com Thiollent (1998), a metodologia da pesquisa-ação estimula aparticipação das pessoas envolvidas <strong>na</strong> pesquisa e abre o seu universo <strong>de</strong> respostas,passando pelas condições <strong>de</strong> trabalho e vida da comunida<strong>de</strong>. Buscam-se as explicaçõesdos próprios participantes que se situam, assim, em situação <strong>de</strong> investigador, quepo<strong>de</strong>mos enten<strong>de</strong>r como interlocução contextualizada numa frágil mas <strong>de</strong>sejada procurapor isonomia argumentativa, mesmo que relativa e historicamente situada.Na pesquisa-ação, o participante é conduzido à produção do próprioconhecimento e se tor<strong>na</strong> o sujeito <strong>de</strong>ssa produção. Neste aspecto, essa metodologia


A implantação <strong>de</strong> grupo <strong>de</strong> estudos sobre os temas Inclusão, Diversida<strong>de</strong> eFamília <strong>na</strong> Escola para enriquecimento <strong>de</strong> discussões traçadas com professor, orientadorpedagógico e alunos <strong>de</strong> graduação <strong>de</strong> Pedagogia é parte da metodologia <strong>de</strong> pesquisa,visando socializar o trabalho <strong>de</strong> levantamento bibliográfico, incluindo a metodologia<strong>de</strong>sse percurso. As fontes da pesquisa bibliográfica são as revistas <strong>de</strong> educaçãoin<strong>de</strong>xadas no Scielo, as publicações do MEC, além das respectivas referênciasbibliográficas.Além do relatório técnico-científico, e da socialização com os integrantes dapesquisa, como produto fi<strong>na</strong>l será elaborado artigo para publicação em periódicoin<strong>de</strong>xado da área <strong>de</strong> Educação, bem como apresentação em eventos acadêmicos.4) Resultados esperados:O levantamento do número <strong>de</strong> casos por escolas do município consi<strong>de</strong>rados <strong>de</strong>inclusão e quadros diagnósticos atribuídos será <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância para a criação <strong>de</strong>estratégias conjuntas com re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> apoio no município, além <strong>de</strong> fornecer dados parauma comparação com estimativas oficiais da população nessa faixa etária que apresenta<strong>de</strong>ficiência, transtorno global do <strong>de</strong>senvolvimento e altas habilida<strong>de</strong>s, possibilitandouma reflexão acerca do cenário que se apresenta no tocante ao acesso à educaçãoinclusiva.A análise <strong>de</strong> conteúdo do Projeto Político Pedagógico da escola municipal noque se refere a práticas inclusivas traz a to<strong>na</strong> a necessária reflexão sobre a função daescola e sua responsabilida<strong>de</strong> sócio-político-pedagógica enquanto agente transformador.O reconhecimento das capacida<strong>de</strong>s e recursos <strong>de</strong> cada família <strong>na</strong> relação com avida escolar <strong>de</strong> seu filho <strong>de</strong>verá atuar <strong>de</strong> forma pró-ativa no <strong>de</strong>sempenho escolar dosalunos.A aquisição dos materiais solicitados para o uso <strong>na</strong>s Ofici<strong>na</strong>s propostas, além <strong>de</strong>possibilitar o acolhimento das famílias <strong>na</strong> escola, colabora com a melhoria dainfraestrutura necessária ao ensino.Os resultados <strong>de</strong>ssa pesquisa po<strong>de</strong>m vir a subsidiar as políticas públicas <strong>de</strong>educação inclusiva do município <strong>de</strong> Santo Antônio <strong>de</strong> Pádua, bem como fortalecer asdiscussões sobre inclusão no cenário <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l com os dados levantados e a análisepretendida.6) Referências Bibliográficas:


BARDIN, L. Análise <strong>de</strong> Conteúdo. Lisboa, Edições 70, 1977.BORDA. Orlando Fals e outros. Causa popular. Ciência popular. Uma metodologiado conhecimento científico através <strong>de</strong> ação. Publicação <strong>de</strong> la Rosca: Bogotá, 1972.BOTT, Elizabeth. Família e re<strong>de</strong> social. São Paulo, Ed. Martins Fontes, 1976.CASTORIADIS, Cornelius. A Instituição Imaginária da Socieda<strong>de</strong>. Rio <strong>de</strong> Janeiro,Paz e Terra, 2000.DELEUZE, Gilles. Diferença e Repetição. Rio <strong>de</strong> Janeiro, Graal, 2006.DUSSEL, I. e CARUSO, M. A invenção da sala <strong>de</strong> aula. São Paulo, Editora Mo<strong>de</strong>r<strong>na</strong>,2002.FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir. Petrópolis, Vozes, 1987._________________. A Vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Saber. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Graal, 1993._________________. Em <strong>de</strong>fesa da socieda<strong>de</strong>. São Paulo: Martins Fontes, 2000.LUZ, Ma<strong>de</strong>l T. Natural, racio<strong>na</strong>l, social: razão médica e racio<strong>na</strong>lida<strong>de</strong> cientificamo<strong>de</strong>r<strong>na</strong>. Rio <strong>de</strong> Janeiro, Campus, 1988MONKEN, Maurício e BARCELLOS, Christovam. Vigilância em saú<strong>de</strong> e territórioutilizado: possibilida<strong>de</strong>s teóricas e metodológicas. Cad. Saú<strong>de</strong>Pública. 2005, vol.21,n.3, pp. 898-906.OLIVEIRA, Rosiska D. e OLIVEIRA, Miguel D. Pesquisa social e ação educativa. InCarlos Rodrigues Brandão, (org.). Pesquisa participante. São Paulo: Brasiliense, 1981.RODRIGUES, Maria Goretti Andra<strong>de</strong> & REIS, Andréa Cardoso. Educação <strong>Inclusiva</strong> eConstrução <strong>de</strong> <strong>Re<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> <strong>Apoio</strong>. A<strong>na</strong>is do IV Congresso Brasileiro <strong>de</strong> Educação Especial.São Carlos, UFSCAR, 2010.SANTOS M. Metamorfoses do espaço habitado. SãoPaulo: Editora Hucitec; 1988.SANTOS M. A <strong>na</strong>tureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo:Editora Hucitec; 1996.SARMENTO, Teresa & RIBEIRO, M. (2005). O envolvimento dos pais <strong>na</strong>construção <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> terapêutico-educativa. In: Inclusão, Número 6, pp.21-43.SERRANO, A<strong>na</strong> Maria & BENTO, Antonieta (2004). I<strong>de</strong>ntificação das re<strong>de</strong>s <strong>de</strong>apoio social num grupo <strong>de</strong> famílias em risco. In: Inclusão. Número 5, pp.97-111.THIOLLENT, Michel J. M. Metodologia da pesquisa-ação. São Paulo: Cortez, 1998.TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. EstudosSocioeconômicos dos Municípios do Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro: Santo Antônio <strong>de</strong>Pádua. 2009. Disponível em: http://www.tce.rj.gov.br/.

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