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Opções Reais e Análise de Projetos - Especialização em ...

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OPÇÕES REAIS E ANÁLISE DE PROJETOSResumoFrancisco José Zagari Rigolon *Março <strong>de</strong> 1999“Ao futuro”[Dixit e Pindyck (1994)]Ao longo da última década, as regras do valor presente líquido (VPL) e da taxa interna <strong>de</strong> retorno (TIR),métodos tradicionais <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> projetos, vêm sendo alvos <strong>de</strong> importantes questionamentos.Simultaneamente, uma nova abordag<strong>em</strong>, baseada na analogia entre oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> investimento eopções financeiras, v<strong>em</strong> sendo proposta como alternativa aos métodos tradicionais. Depois <strong>de</strong> apresentaros principais conceitos da abordag<strong>em</strong> <strong>de</strong> opções através <strong>de</strong> ex<strong>em</strong>plos simples, o trabalho aplica as novastécnicas na análise <strong>de</strong> dois projetos: a instalação <strong>de</strong> uma montadora <strong>de</strong> automóveis e a expansão <strong>de</strong> umafirma produtora <strong>de</strong> uma commodity industrial exportável. Além <strong>de</strong> confrontar os resultados da abordag<strong>em</strong> <strong>de</strong>opções com os dos métodos tradicionais, a análise permite avaliar numericamente os efeitos da incerteza,das variações da taxa <strong>de</strong> juros e das condições <strong>de</strong> financiamento na <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> investir das firmas.Finalmente, o artigo propõe que as instituições financeiras introduzam a nova abordag<strong>em</strong> na análise <strong>de</strong>projetos candidatos a financiamentos <strong>de</strong> longo prazo.1. IntroduçãoAs instituições financeiras usam, <strong>em</strong> geral, dois métodos tradicionais <strong>de</strong> análise <strong>de</strong>projetos: as regras do valor presente líquido (VPL) e da taxa interna <strong>de</strong> retorno (TIR).Tudo o mais constante, projetos com VPL positivos ou TIR superiores à taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>scontoseriam, a princípio, melhores candidatos aos financiamentos do que projetos com VPLnegativos ou TIR inferiores à taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconto. Mais ainda, projetos com maiores VPL ouTIR sinalizariam, tudo o mais constante, uma alocação mais eficiente dos recursos.A preferência por esses métodos não é difícil <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r. As regras do VPL e daTIR são amplamente difundidas e aplicadas no campo das finanças <strong>em</strong>presariais [Brealeye Myers (1992)]. A teoria neoclássica do investimento, cuja síntese mais expressiva é o q<strong>de</strong> Tobin (1969), apóia teoricamente ambos os métodos. 1Ao longo da última década, entretanto, a eficiência <strong>de</strong>sses métodos v<strong>em</strong> sendofort<strong>em</strong>ente questionada. Dixit e Pindyck (1994), por ex<strong>em</strong>plo, argú<strong>em</strong> que a sua aplicaçãopo<strong>de</strong> induzir a <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong> investimento equivocadas. A razão é que eles ignoram duascaracterísticas importantes <strong>de</strong>ssas <strong>de</strong>cisões: a) a irreversibilida<strong>de</strong>, ou seja, o fato <strong>de</strong> queo investimento é um custo afundado, <strong>de</strong> modo que o investidor não consegue recuperá-lototalmente <strong>em</strong> caso <strong>de</strong> arrependimento; e b) a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adiamento da <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong>investir.Essas características, juntamente com a incerteza sobre o futuro, faz<strong>em</strong> com que aoportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> investimento seja análoga a uma opção financeira [Dixit e Pindyck* Economista do DEPEC Departamento Econômico do BNDES. O autor agra<strong>de</strong>ce as informações, as sugestões e oencorajamento <strong>de</strong> Armando Castelar Pinheiro, Fabio Giambiagi, Haroldo Prates, Florinda Pastoriza, Oscar Quental,Ângela M. M. M. Santos e Sebastião Bergamini, do BNDES, e <strong>de</strong> Leonardo Gomes, da PUC-Rio. Os errosr<strong>em</strong>anescentes são <strong>de</strong> inteira responsabilida<strong>de</strong> do autor.1 Ver Abel (1990), para um excelente survey da teoria neoclássica do investimento.\\Paulo\hd - paulo\Meus documentos\Paulo\Especiais\Texto36.doc - 01/10/99


(1994)]. Na presença <strong>de</strong> incerteza, uma firma com uma oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> investimentoirreversível carrega uma opção: ela t<strong>em</strong> o direito – mas não a obrigação – <strong>de</strong> comprar umativo (o projeto) no futuro, a um preço <strong>de</strong> exercício (o investimento). Quando a firmainveste, ela exerce ou mata essa opção <strong>de</strong> investir. O probl<strong>em</strong>a é que a opção <strong>de</strong> investirt<strong>em</strong> um valor que <strong>de</strong>ve ser contabilizado como um custo <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong> no momento <strong>em</strong>que a firma investe. Esse valor po<strong>de</strong> ser bastante elevado e regras <strong>de</strong> investimento que oignoram – tipicamente, as regras do VPL e da TIR – po<strong>de</strong>m conduzir a erros significativos.Este artigo t<strong>em</strong> dois objetivos. Primeiro, discutir se os métodos <strong>de</strong> análisetradicionais – as regras do VPL e da TIR – <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser revistos à luz da abordag<strong>em</strong> <strong>de</strong>opções para a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> investir. Segundo, avaliar a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> os financiamentos<strong>de</strong> longo prazo incentivar<strong>em</strong> o investimento, levando <strong>em</strong> conta a abordag<strong>em</strong> <strong>de</strong> opções.Para isso, foram realizados dois estudos <strong>de</strong> caso: o primeiro, sobre um projeto <strong>de</strong>instalação <strong>de</strong> uma montadora <strong>de</strong> automóveis e o segundo, sobre um projeto <strong>de</strong> expansão<strong>de</strong> uma firma produtora <strong>de</strong> uma commodity industrial exportável. Em ambos, a regra doVPL é comparada com as regras <strong>de</strong> investimento da abordag<strong>em</strong> <strong>de</strong> opções, sobdiferentes hipóteses quanto aos níveis <strong>de</strong> incerteza e da taxa <strong>de</strong> juros. Os impactos dascondições dos financiamentos no valor presente dos projetos, no valor da opção <strong>de</strong>investir e, conseqüent<strong>em</strong>ente, na regra <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão do investidor também são avaliadosnumericamente.O artigo foi organizado da seguinte forma. A Seção 2 resume a abordag<strong>em</strong> <strong>de</strong>opções para a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> investir e ilustra os principais conceitos com ex<strong>em</strong>plos simples.A Seção 3 analisa os resultados dos estudos <strong>de</strong> caso. A importância do novo enfoquepara a análise <strong>de</strong> crédito <strong>de</strong> longo prazo é discutida na Seção 4. A Seção 5 conclui otrabalho.2. A Abordag<strong>em</strong> <strong>de</strong> Opções para a Decisão <strong>de</strong> Investir2.1. Os Principais ConceitosIrreversibilida<strong>de</strong>, incerteza e possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adiamento são três característicasimportantes das <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong> investimento. Na prática, as <strong>de</strong>cisões dos investidores levam<strong>em</strong> conta cada uma <strong>de</strong>las e as suas interações. Como a abordag<strong>em</strong> <strong>de</strong> opções é umatentativa <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lar teoricamente as <strong>de</strong>cisões dos investidores, o seu melhorentendimento requer, antes <strong>de</strong> tudo, uma análise mais cuidadosa <strong>de</strong>ssas características[Dixit e Pindyck (1994)].Por que uma <strong>de</strong>spesa <strong>de</strong> investimento é um custo afundado e, portanto,irreversível? Primeiro, investimentos específicos <strong>de</strong> uma firma ou <strong>de</strong> uma indústria são <strong>em</strong>gran<strong>de</strong> parte custos afundados. Investimentos <strong>em</strong> propaganda, por ex<strong>em</strong>plo, sãoespecíficos <strong>de</strong> cada firma e irrecuperáveis nesse sentido. Por sua vez, uma montadora <strong>de</strong>automóveis é específica <strong>de</strong>ssa indústria. Um investimento malsucedido nesse caso sóteria chances <strong>de</strong> ser recuperado pela venda da planta a outra firma da mesma indústria,provavelmente com um <strong>de</strong>sconto bastante elevado.Segundo, mesmo investimentos não-específicos <strong>de</strong> firmas ou indústrias sãoparcialmente irreversíveis. Computadores, caminhões e equipamentos <strong>de</strong> escritório, por2


ex<strong>em</strong>plo, po<strong>de</strong>m ser revendidos a firmas <strong>de</strong> diferentes indústrias, mas a preços inferioresao custo <strong>de</strong> reposição.Terceiro, a irreversibilida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser produzida pela regulação ou por arranjosinstitucionais. Parte dos investimentos <strong>em</strong> concessões <strong>de</strong> serviços públicos reverte para ogoverno no final da concessão ou no caso <strong>de</strong> <strong>de</strong>scumprimento do contrato. Controles <strong>de</strong>capitais po<strong>de</strong>m limitar a venda <strong>de</strong> ativos por investidores externos, enquanto oinvestimento <strong>em</strong> capital humano também é parcialmente irreversível, <strong>de</strong>vido aos custoselevados <strong>de</strong> admissão, treinamento e <strong>de</strong>missão.A incerteza sobre o futuro é a segunda característica importante da <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong>investir. Os valores do projeto e da opção <strong>de</strong> investir e a própria <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> investir sãoafetados pela incerteza associada a variáveis relevantes, como o preço do produto, ocusto dos insumos, a taxa <strong>de</strong> juros, a taxa <strong>de</strong> câmbio, a oferta <strong>de</strong> crédito e a regulação. Aimportância da incerteza para a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> investimento será um t<strong>em</strong>a recorrente norestante do trabalho.A terceira característica é a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adiamento do investimento.Evi<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente, as firmas n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre têm essa possibilida<strong>de</strong>. Consi<strong>de</strong>raçõesestratégicas po<strong>de</strong>m forçá-las a antecipar investimentos para inibir o crescimento doscompetidores efetivos ou a entrada <strong>de</strong> competidores potenciais na indústria. Entretanto,na maioria dos casos, o adiamento dos projetos é factível. A firma <strong>de</strong>ve s<strong>em</strong>pre compararo custo <strong>de</strong> adiar – o risco <strong>de</strong> entrada <strong>de</strong> novas firmas na indústria ou a perda <strong>de</strong> fluxos <strong>de</strong>caixa – com os benefícios <strong>de</strong> esperar informação nova para subsidiar a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong>investir. Estes po<strong>de</strong>m ser gran<strong>de</strong>s o suficiente para justificar os adiamentos.Essas características – irreversibilida<strong>de</strong>, incerteza e possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adiamento –po<strong>de</strong>m ser sintetizadas na seguinte analogia entre a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> investimento e aopção financeira [Dixit e Pindyck (1994)]: uma firma com uma oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong>investimento irreversível carrega uma opção <strong>de</strong> investir no futuro (ou <strong>de</strong> esperar); ela t<strong>em</strong>o direito – mas não a obrigação – <strong>de</strong> comprar um ativo (o projeto) no futuro, a um preço<strong>de</strong> exercício (o investimento). Quando a firma investe, ela exerce a opção e paga umcusto <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong> igual ao seu valor. O exercício da opção (o investimento) éirreversível, mas a firma s<strong>em</strong>pre t<strong>em</strong> a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> preservar o valor <strong>de</strong> sua opção(adiar o investimento) até que as condições <strong>de</strong> mercado se torn<strong>em</strong> mais favoráveis.A Tabela 1 resume a analogia entre a opção <strong>de</strong> investir (oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong>investimento) e a opção financeira. Na Subseção 2.2, um ex<strong>em</strong>plo numérico simplesajudará a tornar esses conceitos mais precisos.Tabela 1Itens Opção Financeira Opção <strong>de</strong> InvestirCusto Preço <strong>de</strong> Exercício InvestimentoAtivo Subjacente Ação ProjetoRetorno do Ativo Retorno da Ação Retorno do ProjetoGanhos <strong>de</strong> Capital (do Ativo) Variações no Preço da Ação Variações no Valor doRetorno (do Ativo) comDivi<strong>de</strong>ndosFluxo <strong>de</strong> Divi<strong>de</strong>ndos daAçãoProjetoFluxo <strong>de</strong> Caixa do ProjetoLíquido das Variações noseu Valor3


2.2. Um Ex<strong>em</strong>plo SimplesAs firmas invest<strong>em</strong> e revisam suas <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong> investimento continuamente.Portanto, uma boa estratégia para mo<strong>de</strong>lar <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong> investimento é trabalhar comt<strong>em</strong>po contínuo, o que será feito nos estudos <strong>de</strong> caso da Seção 3. Entretanto, ex<strong>em</strong>plossimples nos quais as <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong> investimento ficam restritas a apenas dois pontosdiscretos no t<strong>em</strong>po são úteis para fixar os conceitos e preparar o terreno para a análise <strong>de</strong>projetos mais realistas.Consi<strong>de</strong>re-se uma firma que está <strong>de</strong>cidindo no ano 0 investir <strong>em</strong> uma fábrica queproduzirá um único produto para s<strong>em</strong>pre. O investimento I é igual a $3200 e é totalmenteirreversível. A construção da fábrica é instantânea, ou seja, acontece no ano 0. Aprodução será igual a uma unida<strong>de</strong> por ano, a um custo operacional C <strong>de</strong> $600. O preçoinicial P 0 é igual a $1000, mas mudará no próximo ano: aumentará para $1200, comprobabilida<strong>de</strong> 0,5, ou diminuirá para $800, também com probabilida<strong>de</strong> 0,5 (então, o preçoesperado E(P) será igual a 0,5 x 1200 + 0,5 x 800 = 1000). Depois, o preço permaneceráno novo nível para s<strong>em</strong>pre. O diagrama abaixo sintetiza o fluxo <strong>de</strong> caixa do projeto:E(P) - C0t...I = 3200t = 0 t = 1 t = 2...P 0 = 10000,50,5P 1 = 1200 P 2 = 1200P 1 = 800 P 2 = 800Dada uma taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconto r igual a 10% a.a., será que esse é um bominvestimento? A firma <strong>de</strong>ve investir agora ou será melhor ela esperar um ano, para ver oque acontece com o preço do produto? Se a firma investir agora, o VPL esperado doprojeto será igual a:VPL = -3200 +⎡∞ ⎢⎣∑E(P)−C0 1( + r)⎥⎦⎤t= -3200 +∑ ∞ ⎡⎢1000−⎣0 1( 1, )600⎥ ⎦⎤t= -3200 + 4400 = $1.200 (1)O VPL é positivo. O valor presente do projeto (V 0 ) é igual a $4400 e é maior do queo investimento <strong>de</strong> $3200. De acordo com a regra do VPL, a firma <strong>de</strong>veria investir agora.4


No entanto, essa <strong>de</strong>cisão é incorreta. O motivo é que a regra do VPL ignora aopção que a firma t<strong>em</strong> <strong>de</strong> esperar até o ano seguinte, observar a evolução do preço doproduto, para só então <strong>de</strong>cidir se investirá ou não. Investir agora significa exercer a opçãoe pagar um custo <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong> igual ao valor da opção. Não investir agora significapreservar a opção até o próximo período e só exercê-la se o preço do produto aumentar.Mas, para <strong>de</strong>cidir, a firma precisa calcular o valor da opção no ano 0. Como fazer isso?Uma maneira é calcular o VPL do projeto tendo <strong>em</strong> conta que, <strong>em</strong> vez <strong>de</strong> investiragora, a firma vai esperar um ano e investir apenas se o preço do produto subir. 2 Seja F 0o valor da opção <strong>de</strong> investir no ano 0, então:F 0 = (0,5)⎡⎢⎢⎢⎣− C1,1 1 1∞+∑P −I = (0,5)⎤t( 1, ) ⎥⎥⎥ ⎦⎡⎢⎢⎢⎣−32001,1∞+∑1200−6001 1⎤( 1, )⎥ ⎥⎥ ⎦t= $1.545 (2)(Em t = 0, não há <strong>de</strong>spesa ou receita. Em t = 1, a firma investirá $3200 somente seo preço aumentar para $1200, o que acontecerá com probabilida<strong>de</strong> igual a 0,5.)Se a firma investir no ano 0 (exercer a opção), o VPL do projeto será igual a V 0 – I= 4400 – 3200 = 1200. Mas o exercício da opção requer o pagamento do custo <strong>de</strong>oportunida<strong>de</strong> F 0 = 1545. Portanto, o custo total <strong>de</strong> investir no ano 0 é igual a I + F 0 = 3200+ 1545 = 4745 > 4400 = V 0 . O valor do projeto, V 0 , é menor do que o custo total <strong>de</strong>investir, I + F 0 . Conseqüent<strong>em</strong>ente, é melhor a firma esperar e manter a opção viva, <strong>em</strong>vez <strong>de</strong> investir agora.Resumindo: a regra do VPL consi<strong>de</strong>ra apenas o payoff V 0 – I. Se ele for positivo, aestratégia recomendada é investir imediatamente. Já a abordag<strong>em</strong> <strong>de</strong> opções introduznova variável, F 0 , igual ao valor da opção <strong>de</strong> investir no futuro ou ao custo <strong>de</strong>oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> investir no ano 0. Se F 0 for maior do que V 0 – I (ou se V 0 for menor doque F 0 + I), é melhor a firma adiar o investimento. Alternativamente, se F 0 for menor doque V 0 – I (ou se V 0 for maior do que F 0 + I), a firma <strong>de</strong>ve investir agora. 3Vamos supor que a firma do ex<strong>em</strong>plo conheça a abordag<strong>em</strong> <strong>de</strong> opções e aconsi<strong>de</strong>re superior à regra do VPL. Então, ela resolve não investir no ano 0 e esperar atéo ano 1 para tomar a sua <strong>de</strong>cisão. E o que ela fará no ano 1? Isso <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá do queacontecer com o preço do produto. Se ele subir para $1200, a opção será exercida e oseu valor (F 1 ), será igual ao VPL do projeto no ano 1, ou seja, F 1 será igual a V 1 – I =⎡∞ ⎢1200−600⎣∑t( 1, )0 1⎥ ⎦⎤-3200 = 3400. Se, ao contrário, o preço cair para $800, o VPL do projeto no2 Uma outra maneira é recorrer explicitamente a métodos <strong>de</strong> valorização <strong>de</strong> opções. O leitor interessado encontraráesses cálculos no Apêndice 1.3 Dois el<strong>em</strong>entos são cruciais para opor a regra do VPL à abordag<strong>em</strong> <strong>de</strong> opções: a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adiamento e airreversibilida<strong>de</strong> do investimento. No ex<strong>em</strong>plo, se a firma não pu<strong>de</strong>sse adiar a sua <strong>de</strong>cisão, ela <strong>de</strong>cidiria investir agora ea regra do VPL se aplicaria. Alternativamente, se o investimento fosse totalmente reversível, ou seja, se a firma pu<strong>de</strong>sse<strong>de</strong>sinvestir no próximo ano e recuperar os $3200 no caso <strong>de</strong> redução do preço, a regra do VPL também valeria e a firmainvestiria agora.5


⎡∞ ⎢800−600⎣∑ano 1 será igual a V 1 – I =- 3200 = - 1000. Nesse caso, a opção não serát0 ( 1, 1)exercida e o seu valor (F 1 ) será igual a zero. 42.3. Determinantes da Opção <strong>de</strong> Investir⎥ ⎦⎤O valor da opção <strong>de</strong> investir é afetado por variáveis como o preço do produto, ataxa <strong>de</strong> juros, a taxa <strong>de</strong> câmbio, o custo do investimento, a oferta <strong>de</strong> crédito e aregulação. A incerteza sobre o comportamento <strong>de</strong>ssas variáveis no futuro também afeta ovalor da opção. Nesta subseção, o ex<strong>em</strong>plo anterior será estendido para mostrar como F 0e a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> investir da firma <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m do comportamento do preço do produto, docusto do investimento e da incerteza associada com essas variáveis. Os efeitos daincerteza sobre a taxa <strong>de</strong> juros também serão discutidos.2.3.1. O PreçoNo ex<strong>em</strong>plo da Subseção 2.2, suponha-se um preço inicial arbitrário, P 0 . Nopróximo ano, P 0 aumentará 20%, com probabilida<strong>de</strong> 0,5, ou diminuirá 20%, também comprobabilida<strong>de</strong> 0,5. Daí <strong>em</strong> diante, o preço ficará constante. As outras variáveis (I, C e r)permanec<strong>em</strong> nos níveis anteriores (I = 3200, C = 600 e r = 10% a.a.). O fluxo <strong>de</strong> caixa doprojeto está representado no diagrama abaixo:E(P) - C0t...I = 3200...P 2 = 1,2P 0P 2 = 0,8P 0t = 0 t = 1 t = 20,5 P 1 = 0,8P 00,5 P 1 = 1,2P 0P 0O Gráfico 1 mostra o valor da opção <strong>de</strong> investir (F 0 ) e o VPL (V 0 – I) como funções<strong>de</strong> P 0 . A abordag<strong>em</strong> <strong>de</strong> opções <strong>de</strong>fine três regiões <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão: para P 0 < 743, F 0 é igual azero e a firma nunca investirá nesse projeto; para 743 ≤ P 0 ≤ 1069, F 0 é maior do que oVPL e é melhor a firma esperar um ano e investir somente se o preço subir. Finalmente,4 Mais precisamente, F 1 = max[V 1 – I, 0]. Isso acontece nesse ex<strong>em</strong>plo simples, <strong>em</strong> que toda a incerteza é resolvidaentre os anos 0 e 1. Por isso, a opção <strong>de</strong> esperar <strong>de</strong> fato não t<strong>em</strong> valor no ano 1 e o investimento é <strong>de</strong>cidido <strong>de</strong> acordocom a regra tradicional do VPL. Na Seção 3, serão consi<strong>de</strong>radas situações mais gerais nas quais a incerteza nunca étotalmente resolvida e a opção <strong>de</strong> esperar é valorizada <strong>em</strong> todos os períodos.6


se P 0 for maior do que um preço crítico P 0 * = 1069, a firma <strong>de</strong>ve investir imediatamente. 5Em contraste, a regra do VPL recomendaria o investimento quando P 0 fosse igual a 891,um valor b<strong>em</strong> menor do que P 0 * .Gráfico 1PREÇO E DECISÃO DE INVESTIR400035003000F 0 , V 0 - I2500200015001000500F 0V 0 - I2.3.2. A Incerteza sobre o Preço00 200 400 600 800 1000 1200 1400P 0 = 743 P 0 = 891 P * 0 =1069P 0Vamos supor agora um aumento na variância do preço no ano 1, s<strong>em</strong> alterar opreço esperado. Em vez <strong>de</strong> variar 20% no próximo ano, P 0 aumentará 50%, comprobabilida<strong>de</strong> 0,5, ou diminuirá 50%, também com probabilida<strong>de</strong> 0,5. O preço esperadocontinua igual a E(P 1 ) = 1,5P 0 x 0,5 + 0,5P 0 x 0,5 = P 0 , mas a variância é maior. O queacontece com o valor da opção <strong>de</strong> investir (F 0 ) e com o preço crítico (P 0 * )? (As <strong>de</strong>maisvariáveis, I, C e r, permanec<strong>em</strong> nos níveis anteriores; ver diagrama do fluxo <strong>de</strong> caixa aseguir).E(P) - C0t...I = 3200...P 2 = 1,5P 0P 2 = 0,5P 0t = 0 t = 1 t = 20,5 P 1 = 0,5P 00,5 P 1 = 1,5P 0P 05 Para 743 ≤ P 0 ≤ 1069, F 0 = 6P 0 – 4455, que é maior do que V 0 – I = 11(P 0 – C) – 3200 nessa região. Para P 0 >1069, F 0 = V 0 – I = 11(P 0 – C) – 3200. Os cálculos completos encontram-se no Apêndice 1.7


Nesse caso, F 0 será igual a 7,5P 0 – 4455. 6 Se P 0 for igual a 1000 (mesmo valor doex<strong>em</strong>plo da Subseção 2.2), F 0 será igual a 3045, um valor b<strong>em</strong> superior aos 1545encontrados quando a variação permitida <strong>de</strong> P era igual a 20% (ver Subseção 2.2). Aexplicação é que um aumento na variância do preço aumenta o payoff superior da opçãono ano 1 (V 1 – I), mas não afeta o payoff inferior (que será zero se a opção não forexercida). Conseqüent<strong>em</strong>ente, o valor da opção <strong>de</strong> esperar (F 0 ) também aumenta.Já P 0 * será igual a 1527, b<strong>em</strong> maior do que o valor <strong>de</strong> 1069 encontrado antes (verSubseção 2.3.1). A razão é que o aumento <strong>de</strong> F 0 aumenta o custo <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong>investir agora e o incentivo para a firma esperar.2.3.3. O Custo do InvestimentoNo ex<strong>em</strong>plo da Subseção 2.2, o investimento é igual a 3200 e a firma prefereesperar. Exist<strong>em</strong> valores <strong>de</strong> I para os quais é melhor a firma investir agora? Para ver isso,mantenha-se P 0 = 1000, C = 600 e r = 10% a.a., mas permita que I varie. O novo fluxo <strong>de</strong>caixa está representado a seguir:E(P) - C0t...It = 0 t = 1 t = 2...P 0 = 10000,50,5P 1 = 1200 P 2 = 1200P 1 = 800 P 2 = 800Os impactos <strong>de</strong> diferentes níveis <strong>de</strong> I no valor da opção <strong>de</strong> investir (F 0 ) e no VPLdo projeto (V 0 – I) estão representados no Gráfico 2. Novamente, a abordag<strong>em</strong> <strong>de</strong> opções<strong>de</strong>fine três regiões <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão. Para I < 2569, o VPL <strong>de</strong> investir agora (V 0 – I) é maior doque o VPL <strong>de</strong> esperar (F 0 = 3000 – 0,455I) e, portanto, a firma <strong>de</strong>ve investirimediatamente. Para I = 2569, V 0 – I = F 0 e a firma é indiferente entre investir agora ouesperar. Finalmente, se I > 2569, F 0 > V 0 – I e a melhor estratégia é adiar a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong>investir até o próximo período. Em contraste, a regra do VPL não distinguiria essasregiões <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão, mas recomendaria o investimento imediato assim que I fosse menordo que 4400. 76 A <strong>de</strong>rivação <strong>de</strong>ssa fórmula encontra-se no Apêndice 1.7 V 0 – I = 11(1000 – 600) – I. Igualando essa expressão a zero, obt<strong>em</strong>os I = 4400.8


Gráfico 2VALOR DO INVESTIMENTO E DECISÃO DE INVESTIR500045004000V 0 - I3500F 0 , V 0 - I30002500200015003000 - 0,455IF 0100050000 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500I* = 2569 I = 4400 I2.3.4. A Incerteza sobre os CustosA importância do custo do investimento para a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> investir nos r<strong>em</strong>ete àquestão co-relacionada da incerteza sobre esse custo. Esse tipo <strong>de</strong> incerteza éespecialmente relevante nos casos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s projetos, que requer<strong>em</strong> um intervalo <strong>de</strong>t<strong>em</strong>po significativo para ser<strong>em</strong> concluídos (usinas hidrelétricas, complexos petroquímicos,si<strong>de</strong>rúrgicas, gran<strong>de</strong>s ferrovias ou rodovias etc.). As fontes da incerteza <strong>de</strong> custos são asflutuações imprevisíveis dos preços e das quantida<strong>de</strong>s dos insumos (capital e trabalho).A incerteza <strong>de</strong> custos afeta a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> investimento <strong>de</strong> forma similar à incerteza<strong>de</strong> preços. Em particular, ela também cria uma opção <strong>de</strong> investir no futuro cujo valor éigual ao custo <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> investir no presente. Se a incerteza sobre a evoluçãodos custos no futuro for suficient<strong>em</strong>ente alta, po<strong>de</strong> ser melhor para a firma adiar oinvestimento. 82.3.5. A Incerteza sobre a Taxa <strong>de</strong> JurosDados o custo do investimento e o fluxo <strong>de</strong> caixa do projeto, a incerteza sobre ataxa <strong>de</strong> juros po<strong>de</strong> afetar <strong>de</strong> duas maneiras a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> investir. Primeiro, a incertezapo<strong>de</strong> aumentar o valor esperado <strong>de</strong> um projeto. Por ex<strong>em</strong>plo, suponha-se que o fluxo <strong>de</strong>caixa seja igual a $1 por ano para s<strong>em</strong>pre. 9 O valor presente é 1/r, on<strong>de</strong> r é a taxa <strong>de</strong>juros. Se r for igual a 10%, o valor do projeto será 1/0,10 = $10. Se r for igual a 5% ou a15%, com probabilida<strong>de</strong>s iguais a 0,5, a taxa <strong>de</strong> juros esperada será igual a 10%. Mas o8 Não necessariamente a incerteza incentiva o adiamento dos investimentos. Se investir disponibiliza informação, po<strong>de</strong>ser <strong>de</strong>sejável antecipar a execução do projeto. Consi<strong>de</strong>re-se a incerteza técnica, ou seja, a incerteza sobre a dificulda<strong>de</strong>física <strong>de</strong> completar um projeto: dados os preços dos insumos, quanto t<strong>em</strong>po, esforço e quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> insumos serãorequeridos para completar um <strong>de</strong>terminado projeto? Esse tipo <strong>de</strong> incerteza só po<strong>de</strong> ser resolvido com o início imediatoda execução do projeto.9 Esse ex<strong>em</strong>plo foi retirado <strong>de</strong> Dixit e Pindyck (1994), p. 49.9


valor esperado do projeto será 0,5 x (1/0,5) + 0,5 x (1/0,15) = 13,33 > 10. Portanto, oincentivo a investir aumenta.Por outro lado, a incerteza sobre as taxas <strong>de</strong> juros também cria um valor para aopção <strong>de</strong> investir no futuro. A razão é a mesma da incerteza sobre o preço do produto ousobre o custo dos insumos: a firma prefere esperar para observar o comportamento dataxa <strong>de</strong> juros, para só então tomar a <strong>de</strong>cisão sobre o investimento. O resultado é umincentivo ao adiamento do investimento.Em síntese, maior incerteza sobre o comportamento da taxa <strong>de</strong> juros no futuroaumenta o valor esperado dos projetos, mas também aumenta o incentivo a esperar. Porisso, uma política monetária que busque a redução da taxa <strong>de</strong> juros real para estimular oinvestimento e o crescimento econômico po<strong>de</strong> não ser b<strong>em</strong>-sucedida, se a incertezasobre os níveis da taxa <strong>de</strong> juros no futuro permanecer elevada.3. Estudos <strong>de</strong> CasoOs ex<strong>em</strong>plos e discussões da seção anterior são úteis para introduzir os principaisconceitos, mas a análise <strong>de</strong> projetos do mundo real requer um instrumental maissofisticado. Nesta seção, um mo<strong>de</strong>lo probabilístico, <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po contínuo, que reconheceexplicitamente a natureza <strong>de</strong> opções da oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> investimento é usado paraestudar os casos <strong>de</strong> dois projetos: a instalação <strong>de</strong> uma montadora <strong>de</strong> automóveis e aexpansão <strong>de</strong> uma firma produtora <strong>de</strong> uma commodity industrial exportável.Os principais resultados mostram que a irreversibilida<strong>de</strong> do investimento e aincerteza sobre o futuro introduz<strong>em</strong> uma cunha entre o valor do projeto e o investimento:as firmas só têm incentivo a investir quando o valor do projeto é suficient<strong>em</strong>ente mais altodo que o investimento. Em particular, esses resultados invalidam as regras tradicionais doVPL ou da TIR, freqüent<strong>em</strong>ente usadas na análise <strong>de</strong> projetos. Por outro lado, exercíciosenvolvendo a redução da taxa <strong>de</strong> juros e a participação dos financiamentos <strong>de</strong> longoprazo no funding dos projetos mostram que o incentivo que as firmas têm para esperarpo<strong>de</strong> ser parcialmente r<strong>em</strong>ovido por uma política monetária que busque a reduçãoconsistente da taxa <strong>de</strong> juros real e por uma oferta <strong>de</strong> crédito a<strong>de</strong>quada para oinvestimento produtivo.Os resultados dos estudos <strong>de</strong> caso serão <strong>de</strong>scritos <strong>em</strong> seguida. As unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>medida foram escolhidas <strong>de</strong> modo a facilitar a exposição, mas os fluxos <strong>de</strong> caixarespeitam as informações <strong>de</strong> projetos reais. O mo<strong>de</strong>lo usado nas simulações, adaptado<strong>de</strong> Dixit e Pindyck (1994), está <strong>de</strong>scrito no Apêndice 2. As principais inovações no mo<strong>de</strong>looriginal, comentadas no Apêndice, foram a inclusão da variável financiamentos <strong>de</strong> longoprazo e os ajustes requeridos para o estudo <strong>de</strong> projetos com horizonte finito.3.1. Instalação <strong>de</strong> uma Montadora <strong>de</strong> Automóveis3.1.1. Descrição do ProjetoO projeto t<strong>em</strong> um horizonte <strong>de</strong> sete anos. A produção <strong>de</strong> um automóvel por anorequer um investimento I = 11,3 no ano 0. O custo operacional anual C é igual a 20,8. Afirma espera que o preço P diminua à taxa <strong>de</strong> 0,8% a.a. A taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconto do projeto10


( µ ) é igual a 12% a.a. e t<strong>em</strong> dois componentes: os ganhos <strong>de</strong> capital (α ) e a taxa <strong>de</strong>divi<strong>de</strong>ndos (δ ). α é igual à tendência <strong>de</strong> redução <strong>de</strong> P (–0,8% a.a), o que faz com que δ( µ - α ) seja igual a 12,8% a.a. Finalmente, a taxa <strong>de</strong> juros do ativo s<strong>em</strong> risco (r) é <strong>de</strong> 8%a.a.A produção po<strong>de</strong>rá ser t<strong>em</strong>porariamente suspensa, s<strong>em</strong> custos, se P cair abaixo<strong>de</strong> C e reativada <strong>de</strong>pois, igualmente s<strong>em</strong> custos, se P voltar a ultrapassar C. Portanto, olucro anual será, no mínimo, igual a zero (quando P for menor do que C) e, no máximo,igual a P – C. Uma hipótese alternativa seria consi<strong>de</strong>rar explicitamente os custos <strong>de</strong>interrupção da produção. Nesse caso, a firma po<strong>de</strong>ria abandonar <strong>de</strong>finitivamente o projetose os prejuízos operacionais foss<strong>em</strong> suficient<strong>em</strong>ente elevados. Todavia, a adoção <strong>de</strong>ssahipótese complicaria sobr<strong>em</strong>aneira a análise, s<strong>em</strong> proporcionar insights relevantes. Porisso, optou-se por trabalhar com a hipótese <strong>de</strong> suspensão t<strong>em</strong>porária, admitindo-se queela seja suficient<strong>em</strong>ente realista para a análise dos projetos estudados neste artigo. 10A incerteza básica se refere ao comportamento da <strong>de</strong>manda pelo produto. Dada aescala <strong>de</strong> produção, essa incerteza se reflete inteiramente no comportamento do preço P.Conseqüent<strong>em</strong>ente, o valor do projeto (V) e o valor da opção <strong>de</strong> investir (F) são<strong>de</strong>terminados pela trajetória esperada para P. Um parâmetro importante <strong>de</strong>ssa trajetória éσ , o <strong>de</strong>svio-padrão anual <strong>de</strong> P. O outro é a tendência α . 11A análise será feita <strong>em</strong> duas etapas. Primeiro, a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> investir da montadora éestudada admitindo-se que o projeto seja integralmente financiado com recursos próprios,dada a taxa <strong>de</strong> juros do ativo s<strong>em</strong> risco. Depois, serão permitidas variações na taxa <strong>de</strong>juros e introduzidos os financiamentos <strong>de</strong> longo prazo.3.1.2. Financiamento com Recursos PrópriosO Gráfico 3 mostra o valor do projeto (V) como função <strong>de</strong> P (para r = 8% a.a. e s<strong>em</strong>financiamento). V é o valor esperado do fluxo <strong>de</strong> lucros do projeto e é monotonicamentecrescente <strong>em</strong> P. Quanto maior for a incerteza sobre o comportamento <strong>de</strong> P no futuro(maior for σ ), maiores serão os lucros esperados no futuro e maior será o valor doprojeto.A irreversibilida<strong>de</strong> do investimento e a incerteza sobre o futuro criam uma opção <strong>de</strong>investir no futuro. A <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> investir agora ou esperar <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da comparação entre ovalor da opção <strong>de</strong> investir (F) e o valor presente líquido do projeto (V – I). O Gráfico 4representa F e V – I como funções <strong>de</strong> P, para σ = 0,2 (20% a.a.) e r = 8% a.a. O preçocrítico (P*), acima do qual a firma <strong>de</strong>ve investir imediatamente, é igual a 27,9. Para P 27,9, V – I eventualmente ultrapassaria F: o benefício marginal <strong>de</strong> investir agora (V – I)é maior do que o benefício marginal <strong>de</strong> esperar (F). Nesse caso, a firma <strong>de</strong>ve investirimediatamente e se apropriar do VPL do projeto.10 O i<strong>de</strong>al seria trabalhar com uma hipótese intermediária entre a suspensão s<strong>em</strong> custos e o abandono <strong>de</strong>finitivo. Mas amo<strong>de</strong>lag<strong>em</strong> ficaria ainda mais complicada. Para uma discussão dos custos e benefícios <strong>de</strong> ser<strong>em</strong> adotadas as hipóteses<strong>de</strong> suspensão t<strong>em</strong>porária ou <strong>de</strong> abandono <strong>de</strong>finitivo do projeto, ver os Capítulos 6 e 7 <strong>de</strong> Dixit e Pindyck (1994).11 Mais precisamente, P segue um movimento browniano geométrico, com tendência α e <strong>de</strong>svio-padrão σ . Paramaiores <strong>de</strong>talhes, ver o Apêndice 2.11


A opção <strong>de</strong> investir introduz uma cunha entre o valor do projeto (V) e o custo doinvestimento (I). Isso significa que a firma só <strong>de</strong>ve investir quando V for pelo menos tãogran<strong>de</strong> quanto um valor crítico V* = V(P*), que é estritamente maior do que I. No ex<strong>em</strong>plodo Gráfico 4, V* = 29,4, mais <strong>de</strong> duas vezes e meia o investimento I. Em contraste, aregra tradicional do VPL induziria a firma a investir assim que V fosse maior do que I =11,3, ou seja, a se contentar com um valor do projeto ou com uma taxa interna <strong>de</strong> retornosubstancialmente menores.Gráfico 3VALOR DO PROJETO706050V(P)403020Sigma = 0,4Sigma = 0,210Sigma = 000 5 10 15 20 25 30 35r = 0,08; s<strong>em</strong> financiamentoPGráfico 4OPÇÃO DE INVESTIR E PREÇO CRÍTICO4030F(P), V(P) - I2010V(P) - IF(P)00 5 10 15 20 25 30 35-10PP* = 27,9-20Sigma = 0,2r = 0,08; s<strong>em</strong> financiamentoOs efeitos da incerteza sobre a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> investir estão sintetizados nos Gráficos 5 e 6.O Gráfico 5 mostra que a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> investir <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do comportamento <strong>de</strong> F(P) e V(P) –I para diferentes valores <strong>de</strong> σ . Quando σ = 0, P* = 24,8 e o valor do projeto V é igual ao12


investimento I (nesse caso, que não leva <strong>em</strong> conta a incerteza, a regra tradicional do VPLse aplica). Quando σ aumenta, as curvas F(P) e V(P) – I se <strong>de</strong>slocam para a esquerda.Mas o <strong>de</strong>slocamento <strong>de</strong> F é maior do que o <strong>de</strong> V – I, o que resulta <strong>em</strong> aumentossignificativos <strong>de</strong> P* e V*. Com σ = 0,4 (40% a.a.), por ex<strong>em</strong>plo, P* = 32,5 e V* = 56,5.Nesse caso, a firma só <strong>de</strong>ve investir se o valor do projeto for igual a, pelo menos, cincovezes o investimento I. Esses efeitos da incerteza sobre a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> investir estãorepresentados <strong>de</strong> forma mais direta no Gráfico 6, que mostra os valores <strong>de</strong> P* e <strong>de</strong> V*para σ variando <strong>de</strong> zero a 1 (<strong>de</strong> zero a 100% a.a.). Os limites da regra do VPL tambémficam b<strong>em</strong> caracterizados nesse Gráfico: ela só se aplica se σ = 0 e V* = I = 11,3. 12Gráfico 5INCERTEZA E DECISÃO DE INVESTIR6050F(P), V(P) - I40302010Sigma = 0,4Sigma = 0,200 5 10 15 20 25 30 35-10P* = 24,8 P* = 32,5-20(Sigma = 0) (Sigma = 0,4)Sigma = 0P* = 27,9r = 0,08; s<strong>em</strong> financiamento(Sigma = 0,2)PV(P) - IF(P)Gráfico 612 Na prática, a regra do VPL po<strong>de</strong> ser aplicada com σ ≠ 0, ou seja, po<strong>de</strong> incluir uma análise <strong>de</strong> risco. Mesmo assim,os resultados seriam distorcidos porque a opção <strong>de</strong> investir permaneceria ignorada.13


INCERTEZA, PREÇO E VALOR CRÍTICOSP*, V*16014012010080604020023,6 26,111,317,2V*56,542,485,771,0P*29,027,9 30,1 32,5 35,1 38,0100,641,1115,744,5131,148,0146,951,80 0,2 0,4 0,6 0,8 1r = 0,08; s<strong>em</strong> financiamentoSIGMAMas como amenizar os efeitos negativos da incerteza sobre a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> investir?No caso do projeto da montadora, foram realizados exercícios para medir os impactos <strong>de</strong>uma redução da taxa <strong>de</strong> juros real e da introdução dos financiamentos <strong>de</strong> longo prazo. Osresultados mostram que reduções críveis na taxa <strong>de</strong> juros real e maior participação dosfinanciamentos no funding dos projetos po<strong>de</strong>m compensar parcialmente os efeitosnegativos da incerteza na <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> investir. 133.1.3. Redução da Taxa <strong>de</strong> JurosO Gráfico 7 mostra os efeitos <strong>de</strong> variações na taxa <strong>de</strong> juros do ativo s<strong>em</strong> risco (r)sobre o preço crítico P* do projeto estudado, para σ = 0,2 e 0,4. Nas vizinhanças dopreço crítico, uma redução na taxa <strong>de</strong> juros aumenta o valor do projeto (V) e diminui ovalor da opção <strong>de</strong> investir (F). O resultado é uma redução do preço crítico P* (acima doqual a firma <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> investir) e um estímulo ao investimento. Por ex<strong>em</strong>plo, para σ = 0,2,uma redução da taxa <strong>de</strong> juros real <strong>de</strong> 8% a.a. para 5% a.a. diminui o preço crítico <strong>de</strong> 27,9para 26,4. Já com σ = 0,4, a mesma redução da taxa <strong>de</strong> juros diminui o preço crítico <strong>de</strong>32,5 para 29,7. Quanto maior for a incerteza, maior será o impacto da redução da taxa <strong>de</strong>juros no investimento. 14 Evi<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente, os incentivos <strong>de</strong>ssa política serão menos eficazesse persistir uma incerteza elevada sobre o nível da taxa <strong>de</strong> juros no futuro. 15Gráfico 713 Evi<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente, esses não são os únicos instrumentos disponíveis. Os governos po<strong>de</strong>m criar um ambiente maispropício ao investimento se reduzir<strong>em</strong> a incerteza sobre as suas próprias políticas no futuro – fiscal, cambial, <strong>de</strong>comércio exterior, <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> capitais, <strong>de</strong> regulação econômica etc.14 A elasticida<strong>de</strong> (implícita) do preço crítico com relação à taxa <strong>de</strong> juros é igual a 1,8 quando σ = 0,2, mas aumentapara 2,9 quando σ = 0,4.15 A importância da incerteza sobre a taxa <strong>de</strong> juros é brev<strong>em</strong>ente discutida na Subseção 2.314


TAXA DE JUROS E DECISÃO DE INVESTIR363433,735,3P*323028262426,324,727,025,127,625,4Sigma = 0,428,928,226,025,729,726,430,526,832,531,527,927,3Sigma = 0,228,629,6220 2 4 6 8 10r (% a.a.)3.1.4. Financiamentos <strong>de</strong> Longo PrazoE quais são os impactos dos financiamentos <strong>de</strong> longo prazo na <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> investir?Há dois efeitos que <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser consi<strong>de</strong>rados. Por um lado, dadas as condições do crédito(níveis da taxa <strong>de</strong> juros e do spread, prazos <strong>de</strong> carência e <strong>de</strong> amortização, participaçãodos financiamentos no investimento total) e a taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconto, os financiamentosaumentam o valor presente do projeto (V). Esse aumento será tanto maior quanto maisfavoráveis for<strong>em</strong> as condições do crédito. Mas, por outro lado, os financiamentos tambémaumentam o valor da opção <strong>de</strong> investir no futuro (F). Esse efeito, isoladamente, incentivao adiamento do investimento. Portanto, as expectativas da firma sobre a disponibilida<strong>de</strong>do crédito <strong>de</strong> longo prazo no futuro são importantes para <strong>de</strong>terminar <strong>em</strong> que medida V e Fserão afetados.No projeto estudado, foi adotada a hipótese <strong>de</strong> que a firma continuaria a ter acessoaos financiamentos no futuro, nas mesmas condições. Os efeitos da introdução dosfinanciamentos po<strong>de</strong>m ser visualizados pela comparação entre os Gráficos 5 e 8. Noprimeiro caso, não há financiamentos (o projeto é financiado integralmente com recursospróprios). No segundo, os <strong>em</strong>préstimos participam com 29% do investimento total. Oaumento <strong>de</strong> V <strong>de</strong>vido à introdução dos financiamentos é igual a 1,39. O aumento <strong>de</strong> F<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> dos níveis <strong>de</strong> P e <strong>de</strong> σ , mas é s<strong>em</strong>pre inferior ao aumento <strong>de</strong> V. O resultado éque, no Gráfico 8, as curvas V – I e F são <strong>de</strong>slocadas para a esquerda vis-à-vis o Gráfico5. Mas, como o <strong>de</strong>slocamento da curva V – I é maior, há uma redução dos preços críticospara diferentes níveis <strong>de</strong> σ .Gráfico 815


INCERTEZA E DECISÃO DE INVESTIRF(P), V(P) - I605040302010-20Sigma = 0,4Sigma = 0,200 5 10 15 20 25 30 35-10P* = 31,3(Sigma = 0,4)Sigma = 0r = 0,08; com financiamentoP* = 24,3(Sigma = 0)P* = 27,2(Sigma = 0,2)PV(P) - IF(P)Por ex<strong>em</strong>plo, quando σ = 0,2, a introdução dos financiamentos permite umaredução do preço crítico P* (acima do qual a firma <strong>de</strong>ve investir) <strong>de</strong> 27,9 para 27,2.Quando σ = 0,4, P* diminui <strong>de</strong> 32,5 para 31,3. A capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> incentivo ao investimentotambém <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> das condições dos financiamentos. Quanto maior for a participação dosfinanciamentos no investimento total, por ex<strong>em</strong>plo, maior será o estímulo ao investimento.Defina-se a variável S como a participação dos financiamentos <strong>de</strong> longo prazo noinvestimento total. O Gráfico 9 mostra o preço crítico P* como função <strong>de</strong> S para diferentesníveis <strong>de</strong> incerteza. Quando σ = 0,2, um aumento <strong>de</strong> S <strong>de</strong> 30% para 70%, por ex<strong>em</strong>plo,reduz P* <strong>de</strong> 27,1 para 26. Quando σ = 0,4, o mesmo aumento <strong>de</strong> S permite que P* caia<strong>de</strong> 31,3 para 29,5. Assim como no caso da redução da taxa <strong>de</strong> juros, o incentivo dosfinanciamentos ao investimento aumenta com a incerteza: a elasticida<strong>de</strong> <strong>de</strong> P* comrelação a S passa <strong>de</strong> 0,11 (quando σ = 0,2) para 0,14 (quando σ = 0,4). 16 Evi<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente,variações favoráveis <strong>em</strong> outras condições dos <strong>em</strong>préstimos (redução da taxa <strong>de</strong> juros,aumento dos prazos <strong>de</strong> carência e <strong>de</strong> amortização, redução do spread etc.) – que nãoforam consi<strong>de</strong>radas no exercício – significariam estímulos ainda mais fortes aoinvestimento. 17 Gráfico 916 Isso significa que um aumento <strong>de</strong> uma ponto percentual <strong>em</strong> S reduz o preço crítico <strong>em</strong> 0,11% quando σ = 0,2, masessa redução passa para 0,14% quando σ = 0,4.17 Se a firma acreditar que não terá acesso aos financiamentos <strong>de</strong> longo prazo no futuro – <strong>de</strong>vido a uma restriçãocreditícia <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m macroeconômica, por ex<strong>em</strong>plo –, o incentivo sintetizado na redução do preço crítico será aindamaior. Isso porque, nesse caso, os financiamentos aumentarão apenas o valor presente do projeto, <strong>de</strong>ixando inalteradosos valores das opções <strong>de</strong> investir no futuro.16


FINANCIAMENTO DE LONGO PRAZO E DECISÃO DE INVESTIRP*343230282632,527,932,131,731,327,727,4 27,1Sigma = 0,230,826,9Sigma = 0,430,430,026,6 26,329,526,029,125,728,725,528,225,22422200 0,2 0,4 0,6 0,8 1Sr = 0,08; com financiamento3.1.5. Uma SimulaçãoUma simulação envolvendo as principais variáveis que afetam a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> investirda montadora é útil para conferir uma perspectiva dinâmica à discussão. 18 Vamos suporque o horizonte relevante <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão da firma se inicie <strong>em</strong> janeiro <strong>de</strong> 1999. Dado umpreço inicial P 0 , a trajetória do preço P <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da tendência (α ) e do <strong>de</strong>svio-padrão σ .No projeto estudado, α = -0,008 (–0,8% a.a.). Consi<strong>de</strong>re-se σ = 0,2 (20% a.a.). Dadosesses parâmetros, o Gráfico 10 mostra uma trajetória possível para P entre janeiro <strong>de</strong>1999 e <strong>de</strong>z<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 2006, a partir <strong>de</strong> um P 0 igual a 24,3. 19Já o Gráfico 11 <strong>de</strong>screve o comportamento da opção <strong>de</strong> investir F(P) e do valorpresente líquido V(P) – I entre janeiro <strong>de</strong> 1999 e junho <strong>de</strong> 2002, para uma taxa <strong>de</strong> jurosreal r <strong>de</strong> 8% a.a. e uma participação dos financiamentos no investimento (S) <strong>de</strong> 30%.Como F(P) é s<strong>em</strong>pre maior do que V(P) – I, a firma não t<strong>em</strong> incentivo a investir nesseperiodo. 20 Gráfico 1018 Na prática, a análise <strong>de</strong>ve ser operacionalizada com um número suficient<strong>em</strong>ente gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> simulações (três mil, porex<strong>em</strong>plo) e com a extração das médias das variáveis relevantes.19 Essa trajetória foi construída usando-se a equação P t = (1 + α )P t-1 + σ .P t-1 . ε t, na qual t correspon<strong>de</strong> a meses e ε té normalmente distribuído, com média zero e <strong>de</strong>svio-padrão um.20 Em contraste, a regra do VPL recomendaria o investimento imediato já <strong>em</strong> janeiro <strong>de</strong> 1999, uma vez que V é maiordo que I nessa data.17


UMA TRAJETÓRIA PARA O PREÇO2625P242322Jun/98 Out/99 Mar/01 Jul/02 Dez/03 Abr/05 Set/06 Jan/08Mas o que aconteceria se a participação dos financiamentos aumentasse? OGráfico 12 mostra os efeitos <strong>de</strong> um aumento <strong>de</strong> S <strong>de</strong> 0,3 para 0,9 (<strong>de</strong> 30% para 90%). Opreço crítico P* é reduzido <strong>de</strong> 27,1 para 25,5 (ver Gráfico 9), o que incentiva a firma ainvestir já <strong>em</strong> junho <strong>de</strong> 2000.Gráfico 11TRAJETÓRIAS DE F(P) E V(P) - I(S = 0,3)1413F(P)F(P), V(P) - I121110V(P) - I98Set/98 Abr/99 Out/99 Mai/00 Dez/00 Jun/01 Jan/02 Jul/02 Fev/03Gráfico 1218


TRAJETÓRIAS DE F(P) E V(P) - I(S = 0,9)1615F(P), V(P) - I14F(P)13V(P) - IJun/200012Set/98 Abr/99 Out/99 Mai/00 Dez/00 Jun/01 Jan/02 Jul/02 Fev/033.2. Expansão da Produção <strong>de</strong> uma Commodity Industrial Exportável3.2.1. Descrição do ProjetoO projeto t<strong>em</strong> um horizonte <strong>de</strong> sete anos. Para expandir a sua produção <strong>em</strong> umaunida<strong>de</strong> por ano, a firma precisa investir I = 221,7 no ano 0 e incorrer <strong>em</strong> um custooperacional C = 63,1. A firma espera que o preço P aumente à taxa anual α = 2%. Osfluxos <strong>de</strong> caixa são <strong>de</strong>scontados à taxa µ = 12% a.a. A taxa <strong>de</strong> divi<strong>de</strong>ndos δ é igual,portanto, a 10% a.a. Finalmente, a taxa <strong>de</strong> juros do ativo s<strong>em</strong> risco r é <strong>de</strong> 8% a.a.Como no caso da montadora <strong>de</strong> automóveis, a produção po<strong>de</strong>rá sert<strong>em</strong>porariamente suspensa, s<strong>em</strong> custos, se P cair abaixo <strong>de</strong> C e po<strong>de</strong>rá ser reativada<strong>de</strong>pois, igualmente s<strong>em</strong> custos, se P voltar a superar C. Por isso, os lucros po<strong>de</strong>m ser, nomínimo, iguais a zero e, no máximo, iguais a P – C. 21A incerteza se refere basicamente ao comportamento da <strong>de</strong>manda pelo produto.Dada a escala <strong>de</strong> produção, essa incerteza é inteiramente capturada pelo comportamentodo preço P. O valor do projeto (V) e o valor da opção <strong>de</strong> investir (F) são <strong>de</strong>terminadospela trajetória esperada para P, cujos parâmetros são a tendência α = 2% a.a. e o <strong>de</strong>sviopadrãoanual σ . 223.2.2. Impactos da Incerteza, da Taxa <strong>de</strong> Juros e dos Financiamentos <strong>de</strong> Longo PrazoComo não há diferenças conceituais com relação ao caso anterior, vamos nos aterà apresentação dos principais resultados numéricos.21 Ver discussão na Subseção 3.1.1.22 Como no primeiro estudo <strong>de</strong> caso, P é mo<strong>de</strong>lado como um movimento browniano geométrico, com tendência α e<strong>de</strong>svio-padrão σ .19


O Gráfico 13 resume o efeito da incerteza sobre a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> investir. O aumentoda incerteza aumenta o preço e o valor críticos do projeto (P* e V*) e incentiva oadiamento do investimento. Com σ = 0,6 (60% a.a.), por ex<strong>em</strong>plo, V* = 1218, cinco vezese meia o investimento I = 221,7. Por sua vez, P* = 255, 160% maior do que 97, o preçocrítico observado quando σ = 0. Essas diferenças também permit<strong>em</strong> avaliar a magnitu<strong>de</strong>dos erros que po<strong>de</strong>m advir da aplicação da regra do VPL, já que, nesse ex<strong>em</strong>plo, ela sóvale quando σ = 0. 23 Gráfico 13INCERTEZA, PREÇO E VALOR CRÍTICOS2500P*, V*20001500100050001218,11007,2811,0629,41444,12218,11943,51685,7463,0314,6221,6697,2 123,0 144,5 168,3 194,4 223,2 254,9 289,7327,7 368,9413,50 0,2 0,4 0,6 0,8 1r = 0,08; s<strong>em</strong> financiamentoSIGMAV*P*Aumentos da taxa <strong>de</strong> juros real reforçam os efeitos negativos da incerteza sobre a<strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> investir. Esses impactos são mais <strong>de</strong>sfavoráveis quanto maior for o nível <strong>de</strong>incerteza (ver Gráfico 14). Para σ = 0,4, uma elevação da taxa <strong>de</strong> juros real <strong>de</strong> 8% a.a.para 12% a.a., por ex<strong>em</strong>plo, aumenta o P* do projeto <strong>de</strong> 194,4 para 236,6, o que implicauma elasticida<strong>de</strong> <strong>de</strong> P* com relação a r <strong>de</strong> 5,4. Para σ = 0,6, o mesmo aumento da taxa<strong>de</strong> juros produz uma elevação <strong>de</strong> P* <strong>de</strong> 254,9 para 312,1 e a elasticida<strong>de</strong>s aumenta para5,6.Como no caso anterior, os financiamentos reduz<strong>em</strong> os efeitos negativos daincerteza sobre a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> investir. Quanto mais favoráveis for<strong>em</strong> as condições dos<strong>em</strong>préstimos, maior será o incentivo. Em particular, quanto maior for a participação dosfinanciamentos no investimento total (S), menor será o preço crítico P* requerido para afirma iniciar o investimento. Esse efeito, representado no Gráfico 15, será mais acentuadoquanto maior for o nível da incerteza. Quando σ = 0,4, um aumento da participação S <strong>de</strong>30% para 70%, por ex<strong>em</strong>plo, reduz P* <strong>de</strong> 186,9 para 176,7, o que implica umaelasticida<strong>de</strong> <strong>de</strong> P* com relação a S <strong>de</strong> 0,136. Quando σ = 0,6, o mesmo aumento <strong>de</strong> Sdiminui P* <strong>de</strong> 243,8 para 228,7, enquanto a elasticida<strong>de</strong> aumenta para 0,154.23 Ver nota 12.20


Gráfico 14TAXA DE JUROS E DECISÃO DE INVESTIR320P*300280260240220200180275,5254,9209,0194,4Sigma = 0,6Sigma = 0,4312,1301,9290,1236,6228,7219,78 9 10 11 12r (% a.a.)Gráfico 15FINANCIAMENTO DE LONGO PRAZO E DECISÃO DE INVESTIR270P*250230210254,9251,2247,5Sigma = 0,4Sigma = 0,6243,8 240,0236,3232,5228,7224,9221,1217,3190170194,4191,9189,4186,9184,4181,8179,3176,7 174,2171,6 169,01500 0,2 0,4 0,6 0,8 1r = 0,08; com financiamentoSOs Gráficos 16, 17 e 18 resum<strong>em</strong> os resultados <strong>de</strong> uma simulação para o projetoestudado. 24 O horizonte relevante <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão da firma começa <strong>em</strong> janeiro <strong>de</strong> 1999. Umapossível trajetória para o preço P, dados P 0 = 150, α = 0,02 e σ = 0,4, está representadano Gráfico 16. 25 Os Gráficos 17 e 18 mostram as trajetórias correspon<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> F(P) e <strong>de</strong>V(P) – I. No Gráfico 17, não há financiamentos <strong>de</strong> longo prazo, ao passo que no Gráfico18 a participação dos financiamentos no investimento total é igual a 60% (<strong>em</strong> ambos osgráficos r = 8% a.a.).24 Ver nota 18.25 Ver nota 19.21


Gráfico 16UMA TRAJETÓRIA PARA O PREÇO220200180P160140120100Jun/98 Out/99 Mar/01 Jul/02 Dez/03 Abr/05 Set/06 Jan/08Gráfico 17TRAJETÓRIAS DE F(P) E V(P) - I(S = 0)600550F(P), V(P) - I500450400F(P)350V(P) - INov/2006300Jun/98 Out/99 Mar/01 Jul/02 Dez/03 Abr/05 Set/06 Jan/08Qual é o efeito da introdução dos financiamentos? Com S = 0, a opção <strong>de</strong> investir(F) é maior do que o valor presente líquido (V – I) até nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 2006. Portanto,apenas a partir <strong>de</strong>ssa data a firma t<strong>em</strong> incentivo a investir imediatamente (ver Gráfico 17).Já com S = 0,6, há uma redução do preço crítico P* <strong>de</strong> 194,4 para 179,3 e a firmaantecipa o seu investimento para nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 2004 (ver Gráficos 15 e 18).22


Gráfico 18TRAJETÓRIAS DE F(P) E V(P) - I(S = 0,6)650600F(P), V(P) - I550500450F(P)400V(P) - INov/2004350Jun/98 Out/99 Mar/01 Jul/02 Dez/03 Abr/05 Set/06 Jan/084. A Importância da Nova Abordag<strong>em</strong> para a Análise <strong>de</strong> CréditoA abordag<strong>em</strong> <strong>de</strong> opções, apresentada nas seções anteriores, reúne característicasque a tornam particularmente a<strong>de</strong>quada para a análise <strong>de</strong> crédito <strong>de</strong> longo prazo (masnão para a <strong>de</strong> crédito <strong>de</strong> curto prazo). Isso acontece porque a natureza <strong>de</strong> opção daoportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> investir é relevante apenas no caso dos financiamentos <strong>de</strong> longo prazo.Irreversibilida<strong>de</strong> e baixa liqui<strong>de</strong>z aumentam o risco dos financiamentos <strong>de</strong> longo prazo visà-visos <strong>de</strong> curto prazo. Conseqüent<strong>em</strong>ente, os prêmios <strong>de</strong> risco se elevam ou condiçõesespecíficas – <strong>de</strong> taxa <strong>de</strong> juros, <strong>de</strong> prazos <strong>de</strong> amortização e carência, <strong>de</strong> garantias etc. –são fixadas visando à atenuação do risco. Por ser apropriada para a análise <strong>de</strong> crédito <strong>de</strong>longo prazo, a abordag<strong>em</strong> <strong>de</strong> opções po<strong>de</strong> se tornar extr<strong>em</strong>amente útil para asinstituições financeiras especializadas nessa modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> financiamento, como, porex<strong>em</strong>plo, os bancos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento.Os estudos <strong>de</strong> caso da Seção 3 mostraram que a nova abordag<strong>em</strong> compl<strong>em</strong>enta erefina, <strong>em</strong> diversos sentidos, as regras tradicionais do VPL e da TIR.Primeiro, ela permite que os bancos i<strong>de</strong>ntifiqu<strong>em</strong> o melhor momento para financiaro investimento ou, alternativamente, estim<strong>em</strong> a taxa <strong>de</strong> retorno requerida para oinvestimento imediato. Essa taxa <strong>de</strong> retorno, <strong>em</strong> geral, é bastante superior à estimadapelos métodos tradicionais.Segundo, a análise dos projetos passa a consi<strong>de</strong>rar não apenas a taxa <strong>de</strong><strong>de</strong>sconto – que sinaliza a melhor alternativa para a aplicação dos recursos, consi<strong>de</strong>randoseque o investimento será realizado imediatamente –, mas também o valor do mesmoprojeto <strong>em</strong> diferentes datas e estados da natureza (cenários). Nesse sentido, aabordag<strong>em</strong> <strong>de</strong> opções permite que a análise se beneficie <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> informaçõesmais amplo.Terceiro, ao expandir o conjunto <strong>de</strong> informações relevante, a abordag<strong>em</strong> <strong>de</strong>opções viabiliza um tratamento mais completo da incerteza. O nível <strong>de</strong> incerteza passa a23


afetar não apenas o valor presente do projeto, mas também o valor da opção <strong>de</strong> investirno futuro e, conseqüent<strong>em</strong>ente, a melhor data para investir ou, alternativamente, a taxa<strong>de</strong> retorno requerida para investir imediatamente. Os efeitos <strong>de</strong> variáveis como a taxa <strong>de</strong>juros, a taxa <strong>de</strong> câmbio, a oferta <strong>de</strong> crédito e a regulação econômica na <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong>investir po<strong>de</strong>m também ser avaliados sob um paradigma mais completo.Quarto, os resultados da abordag<strong>em</strong> <strong>de</strong> opções são bastante intuitivos e fáceis <strong>de</strong>interpretar. Na verda<strong>de</strong>, a abordag<strong>em</strong> <strong>de</strong> opções po<strong>de</strong> ser entendida como uma extensãoda regra do VPL. A mesma intuição que apóia a regra do VPL continua válida, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> quese tome o cuidado <strong>de</strong> contabilizar o valor da opção <strong>de</strong> investir como um custo <strong>de</strong>oportunida<strong>de</strong>. Após re<strong>de</strong>finir o VPL <strong>de</strong>ssa forma, a firma vai optar por investir na data <strong>em</strong>que o VPL for o maior possível. Técnicos familiarizados com a análise <strong>de</strong> projetos e com ouso das regras do VPL e da TIR não encontrarão, portanto, dificulda<strong>de</strong>s <strong>em</strong> trabalhar coma nova abordag<strong>em</strong>.Quinto, a tecnologia <strong>de</strong> opções é bastante flexível e po<strong>de</strong> ser aplicada à análise <strong>de</strong>praticamente qualquer projeto. Nos estudos <strong>de</strong> caso <strong>de</strong>ste artigo, o mo<strong>de</strong>lo usado é maisa<strong>de</strong>quado para analisar projetos nos quais as firmas <strong>de</strong>tenham uma oportunida<strong>de</strong>privilegiada <strong>de</strong> investimento. Mas ele po<strong>de</strong> ser facilmente estendido para a análise <strong>de</strong>projetos caracterizados por mercados mais ou menos competitivos, pela incerteza <strong>de</strong>custos ou regulatória e com investimento <strong>em</strong> vários estágios. Nos Estados Unidos, porex<strong>em</strong>plo, a abordag<strong>em</strong> <strong>de</strong> opções é adotada para orientar as <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong> investimento <strong>de</strong>gran<strong>de</strong>s firmas <strong>de</strong> diversas indústrias.Sexto, a tecnologia <strong>de</strong> opções po<strong>de</strong> ser usada pelos bancos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimentopara ajudar a fixar as condições <strong>de</strong> seus financiamentos. Por ex<strong>em</strong>plo, se um banco<strong>de</strong>seja incentivar <strong>de</strong>terminado projeto, as condições do financiamento po<strong>de</strong>m serescolhidas <strong>de</strong> tal modo que o investimento se torne viável a partir <strong>de</strong> um preço críticoconsistente com a situação <strong>de</strong> mercado do produto. 26Por todos os motivos apresentados, é <strong>de</strong>sejável, na nossa opinião, que asinstituições financeiras, <strong>em</strong> geral, e os bancos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, <strong>em</strong> particular,consi<strong>de</strong>r<strong>em</strong> a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> introduzir a abordag<strong>em</strong> <strong>de</strong> opções na análise dos projetoscandidatos aos financiamentos <strong>de</strong> longo prazo.5. ConclusãoDurante a última década, as técnicas do VPL e da TIR, tradicionalmente usadas naanálise <strong>de</strong> projetos, foram submetidas a importantes questionamentos [Dixit e Pindyck(1994)]. Provavelmente, o principal probl<strong>em</strong>a <strong>de</strong>sses métodos é que eles ignoramcaracterísticas importantes da <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> investir, como a irreversibilida<strong>de</strong> e apossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adiamento, e, por isso, po<strong>de</strong>m induzir a <strong>de</strong>cisões equivocadas.Uma nova abordag<strong>em</strong>, baseada na analogia entre oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> investimento eopções financeiras, foi então proposta como alternativa aos métodos tradicionais. Estetrabalho reviu conceitos importantes da abordag<strong>em</strong> <strong>de</strong> opções, apresentou os principais26 Evi<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente, um banco <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento público <strong>de</strong>verá consi<strong>de</strong>rar não apenas o retorno privado, mas tambémo retorno social dos projetos <strong>em</strong> análise.24


<strong>de</strong>terminantes da opção <strong>de</strong> investir e <strong>de</strong>screveu os resultados <strong>de</strong> dois estudos <strong>de</strong> casobaseados <strong>em</strong> projetos reais.As regras <strong>de</strong> investimento da abordag<strong>em</strong> <strong>de</strong> opções reconhec<strong>em</strong> a existência <strong>de</strong>uma cunha entre o valor do projeto e o custo do investimento. Na presença <strong>de</strong> incerteza,firmas com uma oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> investimento irreversível só têm incentivo a investirquando o valor <strong>de</strong> seu projeto é suficient<strong>em</strong>ente maior do que o custo do investimento ou,equivalent<strong>em</strong>ente, quando a TIR é suficient<strong>em</strong>ente superior à taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconto. Issoacontecerá quando o preço do produto for maior do que um preço crítico.Quanto maior for a incerteza sobre o futuro, maior será o preço crítico e menor oincentivo a investir. Diversos instrumentos po<strong>de</strong>m ser usados para contrabalançar osefeitos negativos da incerteza sobre o investimento. Nos estudos <strong>de</strong> caso, foramavaliados os impactos <strong>de</strong> dois <strong>de</strong>les – a taxa <strong>de</strong> juros e os financiamentos <strong>de</strong> longo prazo.Uma redução consistente e crível da taxa <strong>de</strong> juros real aumenta o valor presentedo projeto e reduz o valor da opção <strong>de</strong> investir. O resultado é uma redução do preçocrítico e um aumento do incentivo a investir.Dadas condições apropriadas <strong>de</strong> crédito (taxa <strong>de</strong> juros mais spread inferior à taxa<strong>de</strong> <strong>de</strong>sconto, prazos <strong>de</strong> carência e <strong>de</strong> amortização longos, participação a<strong>de</strong>quada dosfinanciamentos no investimento total), os <strong>em</strong>préstimos <strong>de</strong> longo prazo tambémcompensam <strong>em</strong> parte os efeitos negativos da incerteza sobre o investimento. Osfinanciamentos aumentam o valor presente dos projetos e o valor da opção <strong>de</strong> investir nofuturo. Mas, como o aumento do valor do projeto é mais acentuado, o resultado líquido daintrodução dos financiamentos é uma redução do preço crítico e um incentivo aoinvestimento. Esse estímulo será tanto maior quanto mais favoráveis for<strong>em</strong> as condiçõesdos <strong>em</strong>préstimos e quanto maior for, sob a ótica da firma, a perspectiva <strong>de</strong> racionamento<strong>de</strong> crédito <strong>de</strong> longo prazo no futuro.A abordag<strong>em</strong> <strong>de</strong> opções po<strong>de</strong> ser extr<strong>em</strong>amente útil para as instituiçõesfinanceiras especializadas no crédito <strong>de</strong> longo prazo (como, por ex<strong>em</strong>plo, os bancos <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento). Por um lado, a natureza <strong>de</strong> opção da oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> investir éimportante apenas no caso dos financiamentos <strong>de</strong> longo prazo. Por outro lado, aabordag<strong>em</strong> <strong>de</strong> opções compl<strong>em</strong>enta e refina <strong>em</strong> diversos sentidos os métodos do VPL eda TIR, tradicionais na análise <strong>de</strong> projetos. Em particular, ela permite que os bancosi<strong>de</strong>ntifiqu<strong>em</strong> o melhor momento para financiar o investimento ou, alternativamente,estim<strong>em</strong> a taxa <strong>de</strong> retorno requerida para o investimento imediato. Em geral, essa taxa <strong>de</strong>retorno é b<strong>em</strong> superior àquela calculada pelos métodos tradicionais. Por todos os motivosapresentados, as instituições financeiras, <strong>em</strong> geral, e os bancos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, <strong>em</strong>particular, <strong>de</strong>veriam consi<strong>de</strong>rar a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> introduzir a abordag<strong>em</strong> <strong>de</strong> opções naanálise dos projetos candidatos aos financiamentos <strong>de</strong> longo prazo.25


Apêndice 1Métodos <strong>de</strong> Valorização <strong>de</strong> Opções2.2. Um Ex<strong>em</strong>plo simplesSeja F 0 o valor corrente da opção <strong>de</strong> investir e F 1 o valor <strong>de</strong>ssa opção no próximoano. F 1 é uma variável aleatória que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do que acontece com o preço do produto, P.∞tSe P aumentar para 1200, F 1 será igual a ∑ ( 1200 − 600) ( 1,1 )0– 3200 = 3400. Se Pdiminuir para 800, a opção não será exercida e F 1 será igual a zero. Portanto, todos osvalores possíveis <strong>de</strong> F 1 são conhecidos. O probl<strong>em</strong>a é encontrar F 0 , o valor corrente daopção.Para resolver esse probl<strong>em</strong>a, tom<strong>em</strong>os um portfólio com dois componentes: aopção <strong>de</strong> investir e um certo número <strong>de</strong> projetos. O número <strong>de</strong> projetos escolhido é talque o portfólio não tenha risco, ou seja, que o seu valor no próximo ano sejain<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do que acontece com o valor do projeto. Como o portfólio não t<strong>em</strong> risco, elepaga uma taxa <strong>de</strong> retorno igual à taxa <strong>de</strong> juros do ativo s<strong>em</strong> risco.Especificamente, consi<strong>de</strong>re-se um portfólio composto pela opção <strong>de</strong> investir e poruma posição curta (financiamento) <strong>de</strong> n projetos. O valor <strong>de</strong>sse portfólio hoje é Φ 0 = F 0 –n(P 0 – C) = F 0 – 400n. O valor do portfólio no próximo ano é Φ 1 = F 1 – n(P 1 – C); se P 1 forigual a 1200, F 1 será igual a 3400 e Φ 1 = 3400 – 600n; se P 1 for igual a 800, F 1 será zeroe Φ 1 = – 200n. Para escolher n <strong>de</strong> modo que o portfólio tenha risco zero, as duasexpressões para Φ 1 <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser igualadas:3400 – 600n = – 200nEntão, n = 8,5 e Φ 1 = - 1700, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente do que acontecer com o valor doprojeto.Calcule-se agora o retorno <strong>de</strong>sse portfólio. Ele é igual ao ganho <strong>de</strong> capital Φ 1 –Φ 0 , menos o pagamento para manter a posição curta. Esse pagamento é igual à taxa <strong>de</strong>juros s<strong>em</strong> risco (0,1) aplicada ao valor da posição curta, ou seja 0,1.n.(P 0 – C) = 340.Logo, o retorno do portfólio é igual a:F 0Φ 1 - Φ 0 – 340 = Φ 1 – [F 0 – n(P 0 - C) – 340 = – 1700 – F 0 + 3400 – 340 = 1360 –Como o retorno é s<strong>em</strong> risco, ele <strong>de</strong>ve ser igual a 0,1 (taxa <strong>de</strong> juros do ativo s<strong>em</strong>risco) vezes o valor inicial do portfólio, Φ 0 :1360 – F 0 = 0,1(F 0 – 3400)Então, F 0 = 1545.2.3.1. O Preço26


Po<strong>de</strong>mos seguir os mesmos passos anteriores para achar F 0 . Para simplificar oscálculos, consi<strong>de</strong>re-se um portfólio formado por uma opção <strong>de</strong> investir e n produtos.Então:Φ 1 = F 1 – nP 1Se P 1 = 1,2P 0 ,∞tF 1 = ∑( 1,2 0 − 600) ( 1, 1)P – 3200 = 13,2 P 0 – 98000e Φ 1 = 13,2 P 0 – 9800 – 1,2P 0 nSe P 1 = 0,8P 0 , F 1 = 0 e Φ 1 = – 0,8P 0 n.Para escolher n <strong>de</strong> modo que o portfólio tenha risco zero, as duas expressões paraΦ 1 <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser igualadas:13,2 P 0 – 9800 – 1,2P 0 n = – 0,8P 0 nEntão, n = 33 – 24500/P 0 e Φ 1 = – 26,4 P 0 + 19600.O retorno do portfólio é igual a:Φ 1 – Φ 0 – 0,1.n.P 0 = – 26,4 P 0 + 19600 – (F 0 – 33P 0 +24500) – 3,3P 0 + 2450 == 3,3P 0 – F 0 – 2450Como o retorno é s<strong>em</strong> risco, ele <strong>de</strong>ve ser igual a 0,1 (taxa <strong>de</strong> juros do ativo s<strong>em</strong>risco) vezes o valor inicial do portfólio, Φ 0 :3,3P 0 – F 0 – 2450 = 0,1(F 0 – 33P 0 + 24500)3,3P 0 – F 0 – 2450 = 0,1 F 0 – 3,3P 0 + 24501,1F 0 = 6,6P 0 – 4900Portanto, F 0 = 6P 0 – 4455.Para achar o preço crítico P 0 *, seja:∞*V 0 – I = F 0 ∑( 0 − C) ( 1,1)t0P – 3200 = 6 P * 0 – 445511 P * 0 – 11C – 3200 = 6 P * 0 – 4455 P * 0 = 1069.2.3.2. A Incerteza Sobre o PreçoSeguindo os mesmos passos anteriores e consi<strong>de</strong>rando um portfólio formado poruma opção <strong>de</strong> investir e n produtos:Φ 1 = F 1 – nP 127


Se P 1 = 1,5P 0 ,∞tF 1 = ∑( 1,5 0 − 600) ( 1, 1)P – 3200 = 16,5 P 0 – 98000e Φ 1 = 16,5 P 0 – 9800 – 1,5P 0 nSe P 1 = 0,5P 0 , F 1 = 0 e Φ 1 = – 0,5P 0 n.Para escolher n <strong>de</strong> modo que o portfólio tenha risco zero, as duas expressões paraΦ 1 <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser igualadas:16,5 P 0 – 9800 – 1,5P 0 n = – 0,5P 0 nEntão, n = 16,5 – 9800/P 0 e Φ 1 = – 8,25 P 0 + 4900.O retorno do portfólio é igual a:Φ 1 – Φ 0 – 0,1.n.P 0 = – 8,25 P 0 + 4900 – (F 0 – 16,5P 0 + 9800) – 1,65P 0 + 980 == 6,6P 0 – F 0 – 3920Como o retorno é s<strong>em</strong> risco, ele <strong>de</strong>ve ser igual a 0,1 (taxa <strong>de</strong> juros do ativo s<strong>em</strong>risco) vezes o valor inicial do portfólio, Φ 0 :6,6P 0 – F 0 – 3920 = 0,1(F 0 – 16,5P 0 + 9800)6,6P 0 – F 0 – 3920 = 0,1 F 0 – 1,65P 0 + 9801,1F 0 = 8,25P 0 – 4900Portanto, F 0 = 7,5P 0 – 4455. Se P 0 = 1000, F 0 = 3045.Para achar o preço crítico P 0 *, seja:∞*V 0 – I = F 0 ∑( 0 − C) ( 1,1)t0P – 3200 = 7,5 P * 0 – 445511 P * 0 – 6600 – 3200 = 7,5 P * 0 – 4455 P * 0 = 1527.2.3.3. O Custo do InvestimentoSeguindo os mesmos passos anteriores e consi<strong>de</strong>rando um portfólio formado poruma opção <strong>de</strong> investir e n produtos:Φ 1 = F 1 – nP 1Se P 1 = 1200,∞tF 1 = ∑ ( 1200 − 600) ( 1,1 )0e Φ 1 = 6600 – I – 1200n– I = 6600 – ISe P 1 = 800, F 1 = 0 e Φ 1 = – 800n.28


Para escolher n <strong>de</strong> modo que o portfólio tenha risco zero, as duas expressões paraΦ 1 <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser iguladas:6600 – I – 1200n = – 800nEntão, n = 16,5 – 0,0025I e Φ 1 = – 13200 + 2I.O retorno do portfólio é igual a:Φ 1 – Φ 0 – 0,1.n.P 0 = Φ 1 – (F 0 – nP 0 ) – 1650 + 0,25I == – 13200 + 2I – F 0 – 2,5I + 16500 – 1650 + 0,25I == 1650 – 0,25I – F 0Como o retorno é s<strong>em</strong> risco, ele <strong>de</strong>ve ser igual a 0,1 (taxa <strong>de</strong> juros do ativo s<strong>em</strong>risco) vezes o valor inicial do portfólio, Φ 0 :1650 – 0,25I – F 0 = 0,1(F 0 – nP 0 )1650 – 0,25I – F 0 = 0,1 F 0 – 1650 + 0,25I1,1F 0 = 3300 – 0,5IPortanto, F 0 = 3000 – 0,455I.A firma <strong>de</strong>verá investir imediatamente se o valor presente do projeto, V 0 , for maiordo que o seu custo total, I + F 0 :∞tV 0 = ∑ ( 1000 − 600) ( 1,1 )04400 > I + 3000 – 0,455I= 11(1000 – 600) = 4400Logo, I <strong>de</strong>verá ser menor do que 2569 para a firma investir imediatamente.Apêndice 2O Mo<strong>de</strong>lo(1) dP = α P dt + σ P dz(2) dz = ε t dt(3) µ = r + φ ρ σpm(4) δ = µ -α(5) π ( P)= max[ P − C,0]β 1(6) V(P) = K 1 P + B , se P < Cβ 2(7) V(P) = B P + P ( δ + λ ) − C ( r + λ ) + B(8) V(P) = ( − ) ( r + λ)2 , se P > CP C , se σ = 02211 ⎡ 1δδ2 ⎤r r+2⎢⎣ 2⎥⎦r2(9) β = − ( − ) σ + ( − ) σ − σ229


1 ⎡δδ 2 1⎤r r+ 222⎢⎣ 2⎥⎦r1−β 1C ⎛ β β −12 2 ⎞(11) K1= ⎜ − ⎟β − β ⎝ r δ1 2⎠1−β 2C ⎛ β β −11 1 ⎞(12) B2= ⎜ − ⎟β − β ⎝ r δ ⎠2(10) β = − ( − ) σ − ( − ) σ − σ12(13) F(P) = A Pβ 11(14) ( − ) ββ ( *) 22 + ( −1)* ( + ) − [ ( + ) + − ] = 01βPC r I E2 B P β δ λλ1β1(15) A β −11 ( *) 2β−1β−( *) 1 ( ) ( *) 1 ( ) ( *) 1 ( *) 1B2 P PC β−δ λ P r λ I β−=++ −+ − P + E βP2Na equação (1), o preço P é uma variável aleatória que segue um movimentobrowniano geométrico, com tendência α e <strong>de</strong>svio-padrão σ . dz, o incr<strong>em</strong>ento <strong>de</strong> umprocesso <strong>de</strong> Wiener <strong>em</strong> t<strong>em</strong>po contínuo, é dado pelo produto <strong>de</strong> ε t , uma variávelaleatória retirada <strong>de</strong> uma distribuição normal padrão, não correlacionada serialmente, eda raiz quadrada <strong>de</strong> dt, o diferencial do t<strong>em</strong>po (ver equação 2). Isso faz com que asvariações dz sejam in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, normalmente distribuídas e com uma variância queaumenta linearmente com o t<strong>em</strong>po.Para investir no projeto, a firma requer uma taxa <strong>de</strong> retorno pelo menos igual à taxa<strong>de</strong> <strong>de</strong>sconto µ . Na equação (3), µ é <strong>de</strong>finida como a soma da taxa <strong>de</strong> juros do ativo s<strong>em</strong>risco (r) e <strong>de</strong> um prêmio <strong>de</strong> risco que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do preço <strong>de</strong> mercado do risco (ϕ ), dacorrelação do valor do projeto com o portfólio <strong>de</strong> mercado ( ρ pm) e do <strong>de</strong>svio-padrão σ . 27µ também é igual à soma dos ganhos <strong>de</strong> capital (α ) e da taxa <strong>de</strong> divi<strong>de</strong>ndos (δ ) [verequação (4)].As unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> medida são escolhidas <strong>de</strong> modo que o projeto, uma vez concluído,produza uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produto por ano, a um custo operacional anual C. Por hipótese,a produção po<strong>de</strong>rá ser t<strong>em</strong>porariamente suspensa, s<strong>em</strong> custos, se P ficar abaixo <strong>de</strong> C, ereativada posteriormente, igualmente s<strong>em</strong> custos, quando P voltar a ultrapassar C.Conseqüent<strong>em</strong>ente, o lucro do projeto <strong>em</strong> cada instante t (π ) é dado pela equação (5).As equações (6) e (7) mostram o valor do projeto, V, nas regiões <strong>de</strong> lucro zero (P C). A função V é continuamente diferenciável no ponto P = C e,portanto, ambas as equações são válidas nesse ponto. Na equação (6), V é uma função<strong>de</strong> P, o preço do produto, <strong>de</strong> B, o valor presente criado pela introdução dosfinanciamentos <strong>de</strong> longo prazo, e <strong>de</strong> uma combinação <strong>de</strong> parâmetros. 28 Na região <strong>de</strong>lucro zero, uma parte do valor do projeto ( K Pβ 11 ) se <strong>de</strong>ve inteiramente à possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>227 Nos estudos <strong>de</strong> caso, ϕ e ρ pmforam tratados como parâmetros estruturais dados pelo mercado. Desse modo, nãohouve a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecê-los separadamente. Para maiores <strong>de</strong>talhes sobre a taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconto e sua <strong>de</strong>terminação<strong>de</strong> acordo com a teoria do Capital Asset Pricing Mo<strong>de</strong>l (CAPM), ver Dixit e Pindyck (1994), Brealey e Myers (1992) eBlanchard e Fischer (1989).28 O valor <strong>de</strong> B <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> das condições dos financiamentos <strong>em</strong> cada projeto e, portanto, é calculado separadamente.30


eativar a produção no futuro. 29 As expressões dos parâmetros β 1e K 1 , necessários paracalcular V, estão explicitadas, respectivamente, nas fórmulas (9) e (11).Na equação (7), V é igual à soma dos lucros futuros <strong>de</strong>scontadosP ( δ + λ ) − C ( r + λ ) (“solução fundamental”), do valor presente criado pelosfinanciamentos (B) e do valor da opção <strong>de</strong> suspen<strong>de</strong>r a produção ( B Pβ 22 ). As expressõesdos parâmetros β 2e B 2 , necessários para calcular V, estão <strong>de</strong>scritas, respectivamente,nas fórmulas (10) e (12).S<strong>em</strong> incerteza (σ = 0), V é igual aos lucros futuros <strong>de</strong>scontados pela taxa <strong>de</strong> jurosdo ativo s<strong>em</strong> risco (r) (ver equação 8).O parâmetro λ , que aparece nas expressôes dos lucros futuros <strong>de</strong>scontados – verequações (7) e (8) –, é um artifício que permite tratar projetos <strong>de</strong> horizonte finito como sefoss<strong>em</strong> <strong>de</strong> horizonte infinito. Em Dixit e Pindyck (1994), ele é apresentado como uma taxa<strong>de</strong> <strong>de</strong>preciação capaz <strong>de</strong> igualar os valores presentes do projeto sob as hipóteses <strong>de</strong>horizonte finito ou infinito. Com λ incorporado na taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconto, o mo<strong>de</strong>lo se aplicaintegralmente à análise <strong>de</strong> projetos com horizonte finito.Finalmente, as equações (13) a (15) <strong>de</strong>fin<strong>em</strong> o valor da opção <strong>de</strong> investir e a regra<strong>de</strong> investimento ótima. Na equação (13), o valor da opção <strong>de</strong> investir F é uma função <strong>de</strong>P, o preço do produto, e <strong>de</strong> uma combinação <strong>de</strong> parâmetros. A equação (14) é a regra <strong>de</strong>investimento ótima. Ela permite calcular o preço crítico P* como uma função implícita dovalor do investimento I, do custo operacional C, dos financiamentos (E), da taxa <strong>de</strong> juros re <strong>de</strong> uma combinação <strong>de</strong> parâmetros. Dado P*, a equação (15) <strong>de</strong>fine o valor doparâmetro A 1 , necessário para calcular a trajetória <strong>de</strong> F.Referências BibliográficasABEL, Andrew B. Consumption and investment. In: FRIEDMAN, Benjamin e HAHN, Frank(eds.). Handbook of monetary economics. New York: North-Holland, 1990.BLANCHARD, Olivier e FISCHER, Stanley. Lectures on macroeconomics. MIT Press, 1989.BREALEY, Richard A. e MYERS, Stewart C. Principles of corporate finance. New York:McGraw-Hill, 1992.DIXIT, Avinash K. e PINDYCK, Robert S. Investment un<strong>de</strong>r uncertainty. New Jersey:Princeton University Press, 1994.TOBIN, James. A general equilibrium approach to monetary theory. Journal of Money,Credit and Banking, n. 1, p. 15-29, 1969.29 Na verda<strong>de</strong>, a firma t<strong>em</strong> uma seqüência infinita <strong>de</strong> opções à sua disposição. Se P < C, há s<strong>em</strong>pre uma opção <strong>de</strong>reativar a produção suspensa. Se P > C, há s<strong>em</strong>pre uma opção <strong>de</strong> suspen<strong>de</strong>r a produção. Evi<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente, essas opçõessão valorizadas, mas o seu valor é calculado nas expressões para V, o valor do projeto. Para uma discussão maispormenorizada <strong>de</strong>sse ponto, ver Dixit e Pindyck (1994).31

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