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Discurso de Homenagem Póstuma ao Acad. Gerson Cotta - Pereira ...

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afetos. De fato, só agora, pelas mãos <strong>de</strong> sua esposa, saem pela primeira vezdo castelo interior <strong>de</strong> sua timi<strong>de</strong>z, alguns <strong>de</strong>sses vestígios. Lá está, porexemplo, a revista que permitiu <strong>de</strong>clarar seu amor e interesse por Eliana,guardada como que secretamente <strong>ao</strong> longo <strong>de</strong>sses muitos anos.Por outro lado, quem privou <strong>de</strong> sua amiza<strong>de</strong> sabe que <strong>Gerson</strong> <strong>de</strong>tinhaprincípios rígidos que o levavam a buscar a observância rigorosa da verda<strong>de</strong> eo faziam um apaixonado da exatidão. Esses mesmos princípios o levavam, porvezes, a ser inflexível. Por outro lado, lhe conferiam a firmeza nas <strong>de</strong>cisões e aconstância nas afeições e sentimentos. Assim compreendido, se manifestacom clareza a razão maior pela qual foi fiel e leal <strong>ao</strong>s seus amigos. Mais queisso, o fato <strong>de</strong> ter sido cristalino e verda<strong>de</strong>iro, revelando-se sempre aquilo que<strong>de</strong> fato era.Só o amor e a amiza<strong>de</strong> dão a coragem necessária para <strong>de</strong>spojar aimagem gerada e mantida pelas forças da auto-estima, da vaida<strong>de</strong> e doorgulho. Só quando revelado na essência daquilo que <strong>de</strong> fato se é, vencida avergonha das limitações, <strong>de</strong>feitos e feiúras – <strong>de</strong>snudado à luz da verda<strong>de</strong> – épossível atingir esse patamar mais alto on<strong>de</strong> imperam a confiança e afi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong>, pilares da segurança, da serenida<strong>de</strong> e da paz. O amor e a amiza<strong>de</strong>não só permitem que um se revele <strong>ao</strong> outro, mas levam <strong>ao</strong> autoconhecimento.O aforismo “cogito, ergo sum” (penso, logo existo) <strong>de</strong> Descartes per<strong>de</strong> seusentido quando se po<strong>de</strong> proclamar “diligo, ergo sum” (amo, logo existo).Quem privou com Gérson não necessita <strong>de</strong> muitas palavras parahomenageá-lo ou louvá-lo. Basta chamá-lo pelo substantivo maior: Amigo.Eliana, sua esposa por um tempo que o amor fez contraditoriamente sereterno e tão curto, <strong>de</strong>ve compreen<strong>de</strong>r bem o que acabo <strong>de</strong> dizer, pois Gérsonnão foi só seu esposo, mas foi seu amigo. Em outros graus e dimensões, nósque aqui hoje viemos, temos em comum a amiza<strong>de</strong> que nos une a Gérson.Se por um lado, todos nós vivemos sua amiza<strong>de</strong>, poucos tiveram apossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> privar seu processo <strong>de</strong> morrer e sua morte. Como amigo esacerdote tive essa verda<strong>de</strong>ira graça e sou testemunha <strong>de</strong> que poucas vezes vialguém reconhecer sem temor a insinuação da morte e acolhê-la com tal5

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