Stress de empreendedores

Outras tendências também merecem destaque, embora não haja associaçõessignificativas entre as variáveis: O stress é mais freqüente nos empreendedores com pósgraduação,que não têm vínculo com outras instituições (78,9%), e têm experiência anterior(52,6%). E esses empreendedores gerenciam empresas na fase de consolidação (47,4%) eavaliam o tempo estabelecido para a incubação como insuficiente (57,9%).C- Stress percebidoNo que se refere à avaliação do nível de stress percebido, 93,9% dos entrevistadosconsideraram a sua atuação como empreendedor estressante. Sendo que, desses, a maioria aconsiderou "muito estressante" (55, I%) (Gráfico 3).A análise quantitativa dos dados revelou que o nível de stress percebido está associadosignificativamente à experiência anterior (U=213,0; p=0,053); ao fato de não receberemfinanciamento (U= 151,00; p=0,012); e à incidência de stress (U=132,0; p=O,OOO).Observou-se, também, embora sem diferenças significativas, que os que avaliaram aatuação sem stress ("nem um pouco") tem o seguinte perfil: todos têm mais de 45 anos, cursosuperior, são casados, com renda superior à 20 salários mínimos, gerenciam empresas querecebem financiamento e não estão estressados. Em relação a outros aspectos avaliados,constatou-se que 66,7% desses empreendedores avaliam o tempo estabelecido para incubaçãocomo suficiente; estão em empresas não estressadas e na fase de implantação; têm pósgraduação;têm vínculo com outras instituições; e não tem experiência anterior.No outro extremo, todos os que avaliaram como "muitíssimo estressante" estãoestressados. 80% deles não têm vínculo com outras instituições e atuam em presas que estãoestressadas, na fase de consolidação ou liberação, e não recebem financiamento. Observa-se,ainda que os empreendedores que fizeram essa avaliação são em 60% dos casos, mais jovens,com menos de 35 anos; solteiros; com renda de até 15 salários e com experiência anterior.Complementando a análise quantitativa, os dados da questão foram avaliados atravésda Análise Categorial de Conteúdo (Bardin, 1977). A partir das respostas foram criadas asseguintes categorias abrangentes e excludentes: 1) fatores individuais (relativos ao próprioempreendedor); b) fatores organizacionais (referentes à empresa); c) fatores externos (ligadosao ambiente externo à empresa, incluindo as relações com o governo e as influências domercado); d) fatores profissionais (incluindo situações inerentes à atuação do empreendedor),das quais obteve-se a freqüência de evocação (número de vezes em que a idéia foimencionada pelos participantes). Dos 48 depoimentos (um dos empreendedores nãorespondeu) obteve-se 55 evocações, as quais foram avaliadas no total e divididas em estratosde acordo com o nível de stress percebido. Assim, foram estabelecidos quatro estratos: l-nemum pouco; 2-um pouco; 3-muito; e 4-muitíssimo, conforme pode-se visualizar na Tabela 3.Os dados denotam que as evocações dos que percebem a atuação como "nem umpouco" estressante (n=3) referem-se ao prazer de ser empreendedor, pois "...está no sangue".Eles avaliam que esta atividade permite conciliar os aspectos profissionais e familiares.Os que avaliaram como estressante (n=45), evocaram, principalmente, fatores ligadosà própria atuação como empreendedor e aos fatores externos, sempre com o sentido negativodo stress, como justificativa. Para ilustrar, destacam-se, os seguintes depoimentos:"...responsabilidades com a empresa e com terceiros. "; e "...devido a dificuldade em lidarcom a burocracia governamental. em termos dos prazos para liberação das documentaçõesexigidas para o funcionamento da empresa. ".O maior percentual de respostas quanto ao nível de stress percebido foi referente àopção "muito" estressante. Em relação aos motivos para tal avaliação, os empreendedoresexpressam suas dificuldades para enfrentar a atual política econômica, que se traduz emescassez de recursos e de financiamentos para os projetos, além de alta carga tributária. Eles