Foi a partir <strong>de</strong> então que iniciamos um processo <strong>de</strong> reestruturaçãodo trabalho e optamos por adotar esse dispositivo <strong>de</strong> atendimento comológica central, o que veio trazer diferenças significativas.O Plantão Institucional, entendido como trabalho interdisciplinar,constitui-se como dispositivo <strong>de</strong> atendimento privilegiado <strong>de</strong> análise das<strong>de</strong>mandas en<strong>de</strong>reçadas pela equipe das escolas à RPE, visando proporcionarum espaço <strong>de</strong> acolhimento, <strong>de</strong> escuta, <strong>de</strong> reflexão das práticas etambém <strong>de</strong> problematização das <strong>de</strong>mandas trazidas pela escola.Ao acolher a <strong>de</strong>manda que chega, ao invés <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r a ela, favorecemosque aquilo que aparece como queixa, como impossibilida<strong>de</strong>,surja como um novo “saber-fazer” já existente no grupo <strong>de</strong> educadores.A i<strong>de</strong>ia do plantão, para a equipe <strong>de</strong> psicólogos da 6ª CRE, é que a equipeesteja sempre disponível a aten<strong>de</strong>r às <strong>de</strong>mandas, construindo junto coma escola ações e estratégias pertinentes.O funcionamento do Plantão Institucional estruturado por nós dáseda seguinte forma: a partir <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>manda da escola, que nos chega<strong>de</strong> diferentes maneiras (via relatório, contato telefônico, encontrosfortuitos no espaço da CRE, entre outras), agendamos um horário comela. O encontro acontece fora do espaço escolar, no momento, na salada Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Proteção ao Educando localizada na 6ª CRE (espaço esteconquistado recentemente).A partir do primeiro encontro RPE-Escola são agendados outrosatendimentos e, também, quando necessário, combinadas ações que envolvama nossa ida à unida<strong>de</strong> escolar. Trata-se, porém, <strong>de</strong> um atendimentoque não mais está calcado nos especialismos, no sentido <strong>de</strong> que aqueixa será formulada pela escola e a nós (psicólogos) caberá a proposição<strong>de</strong> estratégias para lidar com o que se apresenta como embaraçosonaquela (e para aquela) instituição.Essa outra configuração do trabalho da RPE tem possibilitado que,<strong>de</strong> fato, aconteça uma construção coletiva, que abra brechas para quea partir <strong>de</strong> uma situação particular (seja a <strong>de</strong> um aluno, seja a <strong>de</strong> umprofessor, bem como <strong>de</strong> outros atores) possa emergir o que diz respeitoà instituição, isto é, o modo <strong>de</strong> funcionamento institucional. Nessa perspectivafaz-se <strong>de</strong> extrema relevância explorar a relação entre esse modo<strong>de</strong> funcionamento institucional e o lugar que é reservado para os laços,para os diferentes modos <strong>de</strong> subjetivação e relação com o outro.44
Ao falarmos <strong>de</strong> uma construção coletiva é preciso operar na direção<strong>de</strong> manter aberta a interlocução com outros atores que não apenasa escola (incluindo aqui alunos e família), mas também no apostar emuma articulação intersetorial. É preciso convocar os parceiros e produzirencontros/coletivida<strong>de</strong>.Para discussão mais <strong>de</strong>talhada dos atravessamentos do trabalho,bem como das interlocuções que se fazem necessárias, traremos fragmentos<strong>de</strong> duas atuações da equipe da Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Proteção ao Educando/6ªCRE, a partir do Plantão Institucional.A escola a partir do casoCuriosamente a discussão que trazemos à cena não nos chegoupelo campo da educação (escola, CRE), mas a partir <strong>de</strong> um dispositivo<strong>de</strong> atendimento em saú<strong>de</strong> mental a crianças e adolescentes, no caso,um CAPSi (Centro <strong>de</strong> Atenção Psicossocial Infanto-Juvenil). O caso doadolescente nos foi apresentado por esse serviço em uma reunião comtoda a equipe da instituição e trouxe para a equipe da RPE a questãoda educação inclusiva e da construção <strong>de</strong> uma atuação intersetorial.Apesar <strong>de</strong> a situação parecer insuportável, tanto para a escolaquanto para o adolescente, em nenhum momento foi en<strong>de</strong>reçado qualquerpedido à equipe da RPE. Pelo contrário, para a escola só era possívellidar com a questão <strong>de</strong> modo disciplinar: a <strong>de</strong>núncia do adolescenteà polícia. Aqui cabem algumas poucas consi<strong>de</strong>rações a respeito domodo como este se apresentava e se relacionava no espaço escolar.A situação era a seguinte: P., um adolescente <strong>de</strong> 17 anos, que encontravana escola em que frequentava sérias dificulda<strong>de</strong>s em relação à sua permanência.Em tratamento intensivo no CAPSi, com histórico <strong>de</strong> internações psiquiátricas ediagnóstico <strong>de</strong> esquizofrenia, era ali, naquela instituição escolar, que encontravauma via possível <strong>de</strong> relação com o que não era da or<strong>de</strong>m do patológico. No entanto,a escola − sem qualquer suporte − tendia a enten<strong>de</strong>r suas manifestaçõesnão como sintomas <strong>de</strong> seu modo <strong>de</strong> organização e funcionamento subjetivo,e sim como problemas <strong>de</strong> indisciplina, <strong>de</strong> caráter, o que produzia intervençõesda or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> um registro moral e legal. Intervenções essas que o afetavam <strong>de</strong>tal maneira, que chegava a interferir em seu trabalho subjetivo <strong>de</strong> estabilização,culminando em frequentes <strong>de</strong>sorganizações e crises.45
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