lembranças do paulistanoMurillo PessoaFoto: Fábio Figueiredo70 anos de históriasJosé Meiches relembra capítulos do antigo <strong>Paulistano</strong>Para conhecer umahistória, nada melhor doque perguntar a alguémque tenha sido testemunha epersonagem dela. Para sabero que aconteceu no <strong>Club</strong>e nosúltimos 70 anos, basta uma boaconversa com José Meiches.“Quando minha famíliamudou-se para os Jardins, em1941, meu irmão e eu, quegostávamos muito de esporte,viemos para o <strong>Paulistano</strong>”, lembra.“Eu tinha 15 anos e entrei comojuvenil”, completa.Os jovens associados dos anos1940 tinham sorte. Frequentaramo CAP na época em que grandesatletas, já veteranos, como MárioFerla, Hélio Bianchini e MarcelloBorba, ainda estavam na ativa ese preocupavam em incentivaros esportes. “Eles apadrinhavamos jovens, nos chamavam ecomeçamos a jogar basquete evôlei com o grupo”, recorda.Meiches testemunhou uma faseem que as modalidades esportivaseram vistas de forma bemdiferente da atual. “Só quandochegava o fim do ano, nas férias,é que permitiam a prática dofutebol no <strong>Paulistano</strong>”, revela.“O campo já era no meio dapista de atletismo, mas tínhamosde enfrentar obstáculos como otanque de saltos, que permaneciano local”, detalha. Eram os anosda presidência de Antônio PradoJúnior. “Ele era bem rígido, mas suamaior característica era o amorpelo <strong>Club</strong>e”, opina.Desse tempo, JoséMeiches guardamuitas lembrançasna memória e umano bolso. Em 31 dejaneiro de 1944,enfrentou o seguintedilema: disputo afinal do campeonatointerno de basqueteou descanso paraa prova de desenhoda Poli? O teste seriana manhã seguinte, masMeiches não resistiu e foijogar. Campeão, prestou aprova com a medalha conquistadano bolso. “Deu tudo certo, fiz bema prova e fui aprovado, mas e secaio e machuco o braço, comodesenharia?”, questiona. E, desde1° de fevereiro de 1944, o sócioleva a medalhinha para ondequer que vá. “Não é umasuperstição, é um lembrete quecarrego há quase 70 anos, paraparar e pensar bem antes de tomaruma decisão”, explica.Meiches também ficou conhecidopela prática do deck-tennis,“No final da década de 1940, odiretor Gilberto Pereira do Valle viupessoas jogando em um cruzeiroe trouxe a modalidade para o<strong>Club</strong>e”, conta. “Joguei por muitotempo, até poucos anos atrás. Éum esporte dinâmico, um exercícioexcelente, tanto é que os técnicosdo <strong>Paulistano</strong> usavam o deck-tenniscomo forma de aquecimentodos atletas antes dos treinos”,afirma. “Por isso, nossos grandescompetidores do passado eramcampeões do deck-tennis e, hoje,tento fazer com que a modalidadevolte a ganhar praticantes no<strong>Paulistano</strong>”, completa.O tempo passou e o sóciocomeçou a ajudar a conservaro local que tanto amava. Hoje,é conselheiro vitalício e tem emsua vida capítulos de dedicação,como o planejamento eacompanhamento de obras comoa piscina coberta e a garagem.Por mais que tenha essas e outrascentenas de histórias de um CAPque não existe mais, não vive dopassado. “Assim como construíminha vida, o <strong>Club</strong>e passou poruma evolução natural”, comparao associado, cuja família, comesposa, dois filhos, noras e cinconetos, é toda frequentadorado CAP. “O <strong>Paulistano</strong> é parteintrínseca de nossas vidas”, finaliza.22
ação socialInglêsnas comunidadesIdioma é ensinado a jovens carentese ajuda a melhorar autoestimaDenise DöbbeckFoto: Fábio FigueiredoEnsinar inglês em comunidadescarentes de São Paulo é oobjetivo da ONG CidadãoPró-Mundo, presidida pela sóciaLucia Barros. O trabalho daorganização iniciou-se em 1997,quando um grupo de amigosteve a ideia de, voluntariamente,ensinar o idioma para adolescentesno bairro do Capão Redondo.O grupo cresceu e acabou setransformando numa ONG.Hoje são cerca de 100 voluntários– alguns deles sócios do <strong>Paulistano</strong>– que ensinam inglês em quatrocomunidades carentes da cidade:Capão Redondo, Real Parque,Monte Azul e João XXIII. Osalunos já somam mais de 200,em sua maioria adolescentes.“Os jovens valorizam muitoesse aprendizado. Sabem queé uma boa oportunidade deconseguir empregos melhores”,afirma Lucia. “Além disso, é umaferramenta eficaz para aumentarCrianças discutem, em inglês, suas impressõesdurante visita à exposição no Itaú Culturala autoestima. Ao aprenderemo idioma, eles se sentem maisconfiantes.” Segundo ela, ospróprios alunos divulgam ocurso na comunidade e levamos amigos e a família. “Muitasvezes, os pais incentivam osfilhos a estudar, já pensando nofuturo”, completa.A metodologia e o materialdidático são fornecidos peloYázigi, graças a uma parceriada escola com a ONG, iniciadaem 1999. As turmas são divididas emníveis, conforme os livros didáticose, a cada semestre, os estudantesavançam um nível. As aulasacontecem semanalmente, mas,para os voluntários, há um rodízioem que cada um ministra uma aulapor mês.Para ser voluntário não é precisoser professor ou possuir experiênciaanterior. Basta ter conhecimentoavançado de inglês e disponibilidadede um dia por mês. Antes decomeçarem a trabalhar, todos osprofessores passam por treinamentona própria organização, em queaprendem metodologia, técnicaspara dar aulas e conhecem omaterial didático. “Os professoresrecebem todo o suporte necessáriode uma equipe de apoio formadapor voluntários mais experientes”,explica a presidente. “As pessoassempre têm um tempo que podemdoar, afinal é apenas uma vez aomês. Por outro lado, é uma trocamuito rica de experiências entreprofessores e alunos.” SegundoLucia, a ONG depende de doaçõese é exclusivamente formada egerenciada por voluntários.As pessoas interessadas em fazerparte podem atuar tanto ematividades de gestão, trabalhando naprópria casa, já que a organizaçãonão tem um escritório, quantoministrar aulas em comunidades.No início do ano a ONG lançou acampanha Adote um Aluno, emque os interessados podem ajudardoando R$ 30,00, valor relativo aolivro didático cobrado, a preço decusto, de cada aluno.23