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V - Jornal de Leiria

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| V | I | V | E | R | 3 |comissão <strong>de</strong> praxes e da Associação<strong>de</strong> Estudantes da ESTG,explica que “<strong>de</strong>pois da recepçãoao caloiro per<strong>de</strong>-se um poucoo espírito da praxe, porqueos estudos a isso obrigam” eporque o objectivo principal <strong>de</strong>enquadrar os caloiros no espíritoacadémico da cida<strong>de</strong>, já estácumprido. “Há alguns caloirosque na primeira semana entramem pânico, mas a partir daí começama perceber que não estamosaqui para lhes fazer mal”,conclui.MOVIMENTOANTI-PRAXETalvez por <strong>de</strong>sconhecimentodo código, ou com receio <strong>de</strong> estara cometer algum exagero, quem<strong>de</strong> facto entrou em pânico com apresença do JORNAL DE LEIRIAfoi um dos membros da comissão<strong>de</strong> praxes da Escola Superior <strong>de</strong>Saú<strong>de</strong>. Os rumores <strong>de</strong> que, no diaanterior, uma caloira <strong>de</strong> outra escolateria partido um braço, terãoassustado o jovem. E, afinal <strong>de</strong>contas, até nem houve braço partido.Luciano <strong>de</strong> Almeida, presi<strong>de</strong>nte do Instituto Politécnico <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>Concorda com espírito da praxe?A praxe <strong>de</strong>ve ser um ritual <strong>de</strong> integração docaloiro - novo aluno – na comunida<strong>de</strong> académica.Visto nesta perspectiva merece o meu completoacordo.Consi<strong>de</strong>ra que, por vezes, se cometem excessos?Sempre que se cometem excessos, em minhaopinião <strong>de</strong>ixamos <strong>de</strong> estar perante actos <strong>de</strong> praxeacadémica. Os excessos, conforme a sua natureza,<strong>de</strong>vem responsabilizar disciplinar ou criminalmenteos seus autores. Foi por reconhecer que hápossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> existirem excessos que o IPL criouo Provedor do Caloiro. O Provedor do Caloiro é,<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sua criação em 2002, Vítor Faria, prestigiadoadvogado, que prontamente aceitou o conviteque lhe fiz para o efeito.“Os excessos <strong>de</strong>vem responsabilizarcriminalmente os seus autores”Tem conhecimento <strong>de</strong> algum caso mais graveocorrido este ano?Não tenho conhecimento <strong>de</strong> nenhum acontecimentograve que tenha ocorrido nos últimos trêsanos. O IPL, as escolas e as associações <strong>de</strong> estudantestêm procurado reconduzir as praxes à suaverda<strong>de</strong>ira função: função integradora.Tem alguma história engraçada dos seus tempos<strong>de</strong> caloiro?Confesso que não. Talvez o facto <strong>de</strong> ter feito omeu curso em regime nocturno, como estudantetrabalhador, me tenha resguardado um pouco. Aspraxes na Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Direito <strong>de</strong> Lisboa, no meutempo <strong>de</strong> estudante, cumpriam muito mal a função<strong>de</strong> integração.RRREste rumor e alguns supostosabusos cometidos em anos anteriorespelas trupes (grupos <strong>de</strong> veteranosque andam à noite em busca<strong>de</strong> caloiros), contribuirão paraque haja quem não queira ser praxado.Os anti-praxe exercem odireito <strong>de</strong> recusarem ser praxadose, como tal, per<strong>de</strong>m a hipótese <strong>de</strong>po<strong>de</strong>r vir a fazê-lo no futuro. CátiaCampos, membro da associação<strong>de</strong> estudantes da Escola Superior<strong>de</strong> Educação (ESE) <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>, diz,em tom <strong>de</strong> brinca<strong>de</strong>ira, que “elesnão sabem o que per<strong>de</strong>m”. E realmenteem nenhuma escola <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>encontrámos algum exemplo.É na ESE que estão os maiores fãsda praxe. Bruno Carmo, <strong>de</strong> Aveiro,rejeita qualquer abuso e dizque as praxes “não têm nada <strong>de</strong>exagerado”. Tânia Dias, <strong>de</strong> Viseu,confessa que “estava à espera <strong>de</strong>bem pior”.Depois da tempesta<strong>de</strong>, a bonançae, no fim <strong>de</strong> um dia sofrido,nada melhor que uns copos noTerreiro. Na Escola Superior <strong>de</strong>Saú<strong>de</strong> foi isso que pu<strong>de</strong>mos constatar.No final da cerimónia, ocaloiro é convidado a aparecernuma festa, a realizar num bardo centro histórico. E, à noite,cinco minutos bastampara os encontrar em confraternizaçãocom aquelesque durante o dia lhes fizerama “vida negra”.Ricardo Rosenheim Rodriguescom Pedro FonsecaA históriada praxeA história da praxeremonta ao século XIV,praticada na altura pelosclérigos monásticos. Maso seu contexto maisconhecido aparece noséculo XVI, sob o nome<strong>de</strong> “Investidas”. A praxe,na época, era na realida<strong>de</strong>bastante dura paracom os caloiros, o quea levou a ser consi<strong>de</strong>rada“selvagem” pela população,nos finais do séculoXIX. A praxerevestiu-se historicamente<strong>de</strong> diversas formas,sofreu inúmerastransformações e chegoumesmo a estar proibidae suspensa. Após o25 <strong>de</strong> Abril <strong>de</strong> 1974, auniversida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixou sever vista como um lugarsagrado, <strong>de</strong>stinado a poucos,e assim, com a sua<strong>de</strong>mocratização, voltou--se a implantar comotradição.JORNAL DE LEIRIA | 13 DE OUTUBRO DE 2005

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