77pesquisa exige dos professores um esforço para aprender a registrar <strong>sua</strong>s práticas e areformular seus próprios discursos, a fim de se tornarem realmente atores capazes deatender tanto às necessidades individuais, como coletivas do seu ofício.Muitos professores e investigadores nas universidades desenvolvem experiênciasdiferenciadas que[...] constituem subsídios para a própria metodologia de desenvolvimentoda pesquisa, e não para formulação de um discurso etéreo e cheio de“deveu, devia, deve, deveria ser” repetindo idéias escritas em livros, semcomprometerse ou sem desenvolver realmente uma alternativa para asituação criticada (ALVARADO PRADA, 1998, p.14).Conforme explica Minayo (1994, p.11), “a cientificidade não pode ser reduzida auma forma determinada de conhecer; ela précontém, por assim dizer, diversas maneirasconcretas e potenciais de realização”. Segundo a autora, existem numerososquestionamentos sobre a cientificidade da pesquisa social, por vários motivos: em primeirolugar, porque se trata de uma realidade da qual o pesquisador também é agente e este fatopoderia impedir a possibilidade de objetivação; em segundo lugar porque, ao buscar aobjetivação, que é própria das ciências naturais, poderia ocorrer a descaracterização do quehá de essencial nos fenômenos e processos sociais, a subjetividade; em terceiro lugar,existe a dificuldade de se estabelecer um método capaz de apreender de uma realidade queé marcada sobretudo pela especificidade e pela diferenciação.A cientificidade [...] tem que ser pensada como uma idéia reguladora dealta abstração e não como sinônimo de modelos e normas a seremseguidos. Poderíamos dizer, neste sentido, que o labor científico caminhasempre em duas direções: numa, elabora <strong>sua</strong>s teorias, seus métodos, seusprincípios e estabelece seus resultados; noutra inventa, ratifica seucaminho, abandona certas vias e encaminhase para certas direçõesprivilegiadas. E ao fazer tal percurso, os investigadores aceitam oscritérios da historicidade, da colaboração e, sobretudo, imbuemse dahumildade de quem sabe que qualquer conhecimento é aproximado, éconstruído (MINAYO, 1994, p.1213).Portanto, pesquisar a escola e seus protagonistas significa enfrentar a“provisoriedade, o dinamismo e a especificidade” conforme Minayo, que ao tratar dascaracterísticas da pesquisa em Ciências Sociais, explicita: o objeto de estudo possuiconsciência histórica no sentido de que, não só o pesquisador, mas os seres humanosenvolvidos é que vão dar sentido à investigação; existe entre os participantes da pesquisauma identidade que os torna comprometidos e solidários no processo investigativo; apesquisa é essencialmente qualitativa.
78A realidade social é o próprio dinamismo da vida individual e coletivacom toda a riqueza de significados dela transbordante.Essa mesmarealidade é mais rica que qualquer teoria, qualquer pensamento equalquer discurso que possamos elaborar sobre ela”. (MINAYO, 1994,p.15)Investigar o processo de formação dos <strong>aluno</strong>s<strong>docente</strong>s, <strong>sua</strong>s práticas pedagógicasnas escolas e as influências desta formação nas <strong>sua</strong>s práticas como <strong>docente</strong>s, através dosseus próprios discursos, constituiuse em uma tarefa em que se pode sentir sobretudo adinamicidade e a provisoriedade dos dados levantados. Isto porque, ao retomar asdiscussões das sínteses dos dados recolhidos e retrabalhálas nas oficinas, foi ocorrendogradativamente a construção de uma voz coletiva que não era apenas a somatória dasvárias vozes individuais dos <strong>aluno</strong>s mas que se caracterizava por uma nova expressão depensamentos e sentimentos, “novos sinais que a realidade, ao ser investigada, vai dando”(GARCIA, 2003, p.11) e que anteriormente não eram percebidos.O “locus” da pesquisa: FEU — uma escola cidadãA Faculdade de Educação de Uberaba (FEU) surgiu dentro de um contexto maisamplo de construção, em Uberaba, de uma escola pautada nos princípios educativos doeducador Paulo Freire, tendo como marca principal, a criticidade, a perspectiva damudança dentro da tendência pedagógica chamada progressista, que defende a finalidadesociopolítica da educação e propõe a construção de uma escola democrática. Nestaperspectiva, a intenção é resgatar a escola dirigida a todos, sem nenhuma discriminação,uma escola comunitária.O pensamento freireano se sustenta em distintas vertentes filosóficas que sãocomplementares e por vezes até mesmo opostas mas que se constituem em uma síntesesobre a qual ele erigiu seus princípios filosóficos. Carlos Alberto Torres (1970) estudandoa obra de Paulo Freire apresentou um trabalho que teve por objetivo explicitar a filosofiada educação que está subjacente no pensamento freireano. Segundo este autor[...] em Freire confluem, num rico amálgama filosófico, o pensamentoexistencial (o homem como ser em construção), a fenomenologia (ohomem que constrói <strong>sua</strong> consciências enquanto intencionalidade), omarxismo (o homem vive o drama do condicionamento econômico dainfraestrutura e o condicionamento ideológico da superestrutura, ou empalavras do mesmo Freire [...] “para entender os níveis de consciência, é
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