93Foram explicitadas as várias dificuldades encontradas no contexto escolar ondetrabalham pois o professor hoje se sente “acuado” por inúmeras pressões que ocorrem nocotidiano da escola. Tais dificuldades foram traduzidas pelo grupo de <strong>aluno</strong>s da seguinteforma:"... mudanças constantes nas propostas educacionais”; “falta de um assessoramentocompetente nas escolas e de apoio das equipes pedagógicas”; “falta de incentivo paracriar coisas novas”; “falta de materiais (recursos) adequados para desenvolver asatividades planejadas”; “burocracia”; “má remuneração"...Como em qualquer outro trabalho profissional, existem muitas situações apontadaspelo grupo que se tornam desconfortáveis e que o professor precisa enfrentar no seucotidiano:"... resistência de muitos preferindo continuar usando metodologias arcaicas muitas vezespor falta de esclarecimento, porque temem o novo ou por simples comodismo”;“superiores poucos capacitados, donos da verdade e da razão” ; “às vezes nos sentimosobrigados a fazer aquilo que não queremos, que não gostamos, em que não acreditamos ouque sabemos que o certo não é daquele jeito”; “muitas vezes você quer ajudar em todos ossentidos dentro da entidade mas nos deixam bem claro que não é preciso e que as coisasdevem ficar como estão; isso deixa o profissional meio impotente."A estas colocações foi contraposta a posição de Basso (1995) que trata da questãodo poder que o professor tem e que, de alguma forma, lhe garante uma autonomia relativana escola. Segundo o autor, o professor consegue manter uma autonomia relativa naescolha das metodologias, na seleção de conteúdos e de atividades pedagógicas, maiscoerentes com os interesses e necessidades de seus <strong>aluno</strong>s. Esta autonomia, garantida pelaprópria especificidade do trabalho <strong>docente</strong>, indica que os professores também podemdificultar as ações dos especialistas, do Estado etc., enfim, daqueles que pretendamcontrolar o seu trabalho em sala de aula.Discutiuse, a partir destas colocações, que, embora o professor se sinta meioimpotente, o espaço da sala de aula é do professor; aí ele exerce a <strong>sua</strong> autonomia nasopções metodológicas que faz, na seleção de conteúdos, nas formas de avaliação, nasrelações que estabelece com seus <strong>aluno</strong>s. Quem determina fundamentalmente asocorrências do espaço da sala de aula é o professor e <strong>sua</strong>s condições subjetivas. O controle,que provoca a falta de autonomia para agir, pode ocorrer quando, não tendo uma formaçãosólida, por falta de conhecimentos mais profundos sobre os conteúdos e metodologias que
94desenvolve, o professor se torna refém dos modismos, de propostas pedagógicasdescomprometidas com a qualidade de ensino, defendidas, ora pela instituição escolarcomo um todo, ora por grupos de professores ou especialistas, ou ainda por pressão dospais.Segundo Catani (l997, p.3334),[...] o que se observa é que há, por parte dos professores, umacompreensão muito ambígua e difusa quanto à natureza e ao papel dasteorias pedagógicas, entre outras razões, pela dificuldade que eles têm dedesenvolver formas de incorporar esse tipo de conhecimento,especialmente às <strong>sua</strong>s práticas de ensino.Por isto é muito importante que a escola oportunize uma sólida formação científicae vivências curriculares, para além dos conteúdos disciplinares. Sem desprezar taisconteúdos, precisa preocuparse com o desenvolvimento das interfaces entre eles,possibilitando a interdisciplinaridade. Assim a escola possibilita o entendimento dadimensão indissociável entre teoria e prática.Mas, para além do compromisso científico, a escola precisa abrir espaços pararealização de outros compromissos imprescindíveis à formação humana: o compromissocom valores e com a dimensão afetiva que está estreitamente ligada à capacidade derelação interpessoal.Muitas situações apontadas demonstraram dificuldades no estabelecimento derelações com o outro nas escolas: “a convivência com pessoas indesejáveis”, “a inveja,maldade, fofocas”, “injustiças”, “conflitos (divergências de idéias)”, “incompetência”,“rotina”, “profissionais descomprometidos com a prática educativa”.Outras vezes, o sentimento de frustração vem “da falta de motivação e incentivo,da falta de reconhecimento de um trabalho bem feito”, “da pouca divulgação dotrabalho”; “da agressividade de certos <strong>aluno</strong>s”, “de preconceitos frente a eles”; “dopróprio espaço físico que cerceia as iniciativas dos professores” o que repercute noprocesso ensino/aprendizagem.A discussão destes problemas tornou mais visível para cada um que, as situaçõesvividas por eles nas salas de aula, são preocupações de muitos. E mais ainda: que a ação<strong>docente</strong>, além do fundamento teórico metodológico e do exercício da criticidade, abrangetambém a dimensão do afeto, da sensibilidade, das emoções e que o saber lidar com asfrustrações faz parte do processo vivido na escola.
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