<strong>info</strong> ENTREVISTAPágina 15Projecto do Sabor é também uma opção ambiental exemplare que não pode esperar mais. E, para além do Sabor, énecessário pensar com urgência no resto.Foi por duas vezes presidente da Comissão de Coordenação da<strong>Região</strong> <strong>Norte</strong>. Como comenta o Quadro de ReferênciaEstratégico Nacional? Mais de um terço das verbascomunitárias destinam-se a programas regionais centra<strong>dos</strong> no<strong>Norte</strong> do País?A CCRN terá sido o período da minha vida em que o trabalhomais me motivou. Beneficiei de uma equipa muito bempreparada, que fazia das questões do desenvolvimentoregional uma ilusão. Depois de vários perío<strong>dos</strong> deprogramação estamos perante uma nova oportunidade. Porforça de um atraso relativo persistente, no <strong>Norte</strong> de Portugaliremos mais uma vez ter acesso a avulta<strong>dos</strong> recursos, o queé positivo. Porém, a preocupação pela boa utilização dofun<strong>dos</strong> estruturais é desta vez mais crítica. Por um lado,pode ser a última vez que esta ajuda é tão abonada, dada arecente adesão de novos esta<strong>dos</strong> membros, com um grau derendimento inferior ao nosso, que também disputam osfun<strong>dos</strong>. Mas, além disso, também a tipologia <strong>dos</strong> projectosque podem ser apoia<strong>dos</strong> é agora mais restritiva. O nossopotencial de crescimento está mais dependente daqualificação <strong>dos</strong> recursos humanos e da capacidade devalorização da função empresarial e menos do efeito de infraestruturashabituais. Temos de ter isto em muito boa conta.Como acha que o país deve aproveitar esta últimaoportunidade de desenvolvimento?Sendo muito mais selectivo nas escolhas. Tendo consciênciaque as ajudas se irão orientar de preferência para acções denatureza imaterial, temos de nos saber preparar para essaexigência. Quanto aos projectos municipais, têm de terimpacto a uma escala regional, devendo ser explorado onível de entendimento intermunicipal, contrariandotendências para actuações isoladas ou individualistas.Teve igualmente várias funções administrativas e degestão. Entre elas, foi presidente da Fundação Rei AfonsoHenriques, em Zamora. Como sabe, os grandesportugueses estão em voga. Para o engenheiro Braga daCruz, Afonso Henriques é o Grande Português?A FRAH corresponde a uma ambição justa de conferirmaior coesão aos territórios da grande bacia hidrográficado Douro. Trata-se de um espaço dividido entre dois países,mas com traços físicos com alguma proximidade, mas quea história antagonizou. Acredito que é possível neledesenvolver projectos de cooperação, com vantagens paraos dois la<strong>dos</strong>. Na relação de Portugal com Zamora houveuma outra figura com grande sentido estratégico que usouaqueles territórios para ter ganhos decisivos para Portugal.Falo de D. Dinis que, aproveitando alguma fraqueza deCastela, fez avanços significativos em território castelhano.Em posição de força levou o adversário a assinar o tratadode Alcañices (1297), pelo qual a nossa fronteira adquiriu aconfiguração que praticamente tem hoje.Um bom e um mau exemplo de Engenharia…Citando apenas exemplos recentes. Como bom exemplo: anova Ponte do Infante, sobre o Douro. Antes de maisconseguiu demonstrar que é possível conceber novosatravessamentos, entre Porto e Gaia, de carácter urbano,sem gastar muitos milhões. Além disso representa umaboa conciliação entre aspectos fundamentais: garantiuuma boa solução estética, conseguiu uma inserçãocorrecta numa zona urbana difícil, tem elegância equalidade como solução estrutural. Um mau exemplo: ada nova ponte de Entre-os-Rios (IC 35), no que dizrespeito à implantação <strong>dos</strong> acessos na margem esquerdado Douro, que tem um impacto visual inaceitável, comtaludes de escavação de algumas dezenas de metros,constituindo uma solução incompatível com a qualidadevisual do cenário paisagístico do Douro. Não importa queum engenheiro faça apenas bem os cálculos e consigasoluções confortáveis para o utilizador, é necessário tersensibilidade para o impacto visual das suas obras e quesaiba respeitar os valores da paisagem.O futuro da Engenharia, em geral, e da Engenharia Civil, emparticular, passa por onde?Por uma formação exigente <strong>dos</strong> novos profissionais, o quesignifica ter disponíveis critérios de valorização relativa decada escola e de acreditação <strong>dos</strong> seus cursos. Mas passatambém por poder dignificar a profissão e defender o acto doengenheiro. Ser engenheiro não é o mesmo que serlicenciado em engenharia e isso implica reconhecer umimportante papel de vigilância sobre a produção legislativa eregulamentar que define quem pode fazer o quê. Essavigilância cabe à <strong>Ordem</strong> <strong>dos</strong> <strong>Engenheiros</strong> e também aosengenheiros que são chama<strong>dos</strong> a elaborar as regras técnicasem que assentam as referidas normas.Quais são os seus hobbies?Ao longo da vida, o tempo disponível torna-se cada vez maisuma variável escassa. Assim os hobbies também vãomudando. Já andei por muitas tarefas que entretinham a partedita livre da minha vida desde a numismática romana até àagricultura e jardinagem. Emprestei um pouco da minhadisponibilidade a obras sociais e culturais. Em matéria dedesporto limito-me a algum jogging. Hoje, posso dizer que ohooby mais intensivo será a leitura, em especial o que dizrespeito à História.Tem algum lema de vida?Aos meus filhos, quando eram pequenos costumavaperguntar: então o que é que aprendeste hoje? Não seria umlema, mas foi uma atitude que sempre procurei reter.
Página 16DESTAQUE<strong>info</strong><strong>Ordem</strong> <strong>dos</strong> <strong>Engenheiros</strong> – <strong>Região</strong> <strong>Norte</strong>Depois das eleições para os novos órgãos directivosregionais da <strong>Ordem</strong> <strong>dos</strong> <strong>Engenheiros</strong>, a Info deixa aquialguns testemunhos sobre o balanço do primeiro mandatoe as perspectivas de futuro <strong>dos</strong> próximos três anos dainstituição. Testemunhos em prol do progresso daEngenharia e com enfoque particular sobre cada uma dasespecialidades.CONSELHO DISCIPLINARO que me apraz dizer é quesempre encontrei, naqualidade de presidente doConselho Disciplinar da<strong>Região</strong> <strong>Norte</strong>, o apoioessencial <strong>dos</strong> serviços, porparte <strong>dos</strong> colegas Paes eFigueiredo, o que se deve àorientação do engenheiroGerardo Saraiva de Menezes.Acresce que, logo no início donosso mandato, me propôspara assessorar o Conselho Disciplinar um colega eadvogado Barreto Archer que nos prestou uma ajudainestimável. A melhor prova disso é que dois colegas (oLuíz Almeida e o Maciel Barbosa), que me acompanharam,decidiram recandidatar-se para o próximo triénio, nãoobstante o elevado número de trabalhos que os espera.Há ainda um aspecto para o qual pretendo chamar aatenção <strong>dos</strong> colegas, especialmente os engenheiros civisque estão mais sujeitos às reinvindicações por parte dascâmaras e <strong>dos</strong> clientes. E, infelizmente, alguns colegas sãodemasiado confiantes nas <strong>info</strong>rmações que os empreiteirose os encarrega<strong>dos</strong> lhes fornecem, assinando termos deconformidade das obras com os projectos que, em algunscasos, não se verificam.No triénio, de 39 participações apresentadas contraengenheiros, só 12 processos seguiram para a faseacusatória: 2 terminaram com a absolvição; 4 com a penade advertência; e 6 com a pena de censura registada.Engenheiro Aristides Guedes CoelhoDELEGAÇÃO DISTRITALDE BRAGANÇAO engenheiro GerardoSaraiva de Menezes é umexcelente gestor. O trabalhopor si realizado resulta numbalanço muito positivo,traduzido numa eficazorganização administrativa,num proveitoso programa deformação e apoio aosmembros e na defesa doreconhecimento da profissão.Os colégios deverão pugnarpela melhoria de qualidade do desempenho <strong>dos</strong> membros edesenvolver a discussão interprofissional sobre osproblemas que se colocam aos engenheiros.Espera-se que a <strong>Ordem</strong> <strong>dos</strong> <strong>Engenheiros</strong> tenha maiorprotagonismo na sociedade, seja uma instituição cada vezmais forte e zeladora <strong>dos</strong> interesses <strong>dos</strong> seus associa<strong>dos</strong> econtribua para a divulgação e promoção da Engenhariaportuguesa, nas suas diversas áreas.Engenheira Maria Conceição BaixinhoAGRONÓMICAConsidero que o balanço do mandato que agora termina émanifestamente positivo, por razões de diversa ordem. Deuma forma sintética, saliento o trabalho desenvolvido noplano financeiro e as acções de promoção da Engenharia naZona <strong>Norte</strong>.Num primeiro momento, considero que deve ser dada acontinuidade à actividade que tem vindo a ser desenvolvidasobre as competências do engenheiro, no domínioagronómico. Deve ser consolidada a especialidade deEngenharia Agronómica, mediante a definição das áreas deintervenção e competência, <strong>dos</strong> requisitos e <strong>dos</strong> critérios dequalificação para o exercício da profissão, contribuindo paraa definição <strong>dos</strong> critérios de mobilidade profissionaleuropeia. Deverá merecer particular relevância oestabelecimento de interfaces entre as associações deestudantes, os gabinetes de saídas profissionais das