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TCC - Paulo André da Silva Borges - FEA - UFPA/Altamira

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁCAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ALTAMIRAFACULDADE DE ENGENHARIA AGRONÔMICACURSO DE AGRONOMIAAVALIAÇÃO DA PRODUTIVIDADE, DA INCIDÊNCIA DEDOENÇAS E CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA DEOITO ACESSOS CLONAIS DE Theobroma cacao L. NOMUNICÍPIO DE ALTAMIRA-PA<strong>Paulo</strong> André <strong>da</strong> <strong>Silva</strong> <strong>Borges</strong><strong>Altamira</strong>-PA2012


<strong>Paulo</strong> André <strong>da</strong> <strong>Silva</strong> <strong>Borges</strong>AVALIAÇÃO DA PRODUTIVIDADE, DA INCIDÊNCIA DEDOENÇAS E CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA DE OITOACESSOS CLONAIS DE Theobroma cacao L. NO MUNICÍPIO DEALTAMIRA-PATrabalho de Conclusão de Curso apresentado àFacul<strong>da</strong>de de Engenharia Agronômica <strong>da</strong>Universi<strong>da</strong>de Federal do Pará, CampusUniversitário de <strong>Altamira</strong>, como requisito parcialpara a obtenção do Título de EngenheiroAgrônomo.Orientador: Prof. Dr. Sebastião Geraldo Augusto<strong>Altamira</strong>-PA2012


Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)<strong>UFPA</strong> – Campus de <strong>Altamira</strong> - Biblioteca<strong>Borges</strong>, <strong>Paulo</strong> André <strong>da</strong> <strong>Silva</strong>Avaliação <strong>da</strong> produtivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> incidência de doenças ecaracterização morfológica de oito acessos clonais de TheobromaCacao L. no município de <strong>Altamira</strong>-PA/ <strong>Paulo</strong> André <strong>da</strong> <strong>Silva</strong><strong>Borges</strong>; orientador, Profº Drº. Sebastião Geraldo Augusto.— 2012.Monografia (Graduação) Universi<strong>da</strong>de Federal do Pará,Facul<strong>da</strong>de de Engenharia Agronômica, 2012.1. Cacau – melhoramento genético. 2. Cacau- doenças.3. Fitossani<strong>da</strong>de.I.Título.CDD. 633.74


<strong>Paulo</strong> André <strong>da</strong> <strong>Silva</strong> <strong>Borges</strong>AVALIAÇÃO DA PRODUTIVIDADE, DA INCIDÊNCIA DEDOENÇAS E CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA DEOITO ACESSOS CLONAIS DE Theobroma cacao L. NOMUNICÍPIO DE ALTAMIRA-PATrabalho de Conclusão de Cursosubmetido à aprovação como requisitoparcial para a obtenção do Título deEngenheiro Agrônomo.Orientador:Prof. Dr. Sebastião Geraldo AugustoFacul<strong>da</strong>de de Engenharia Agronômica, <strong>UFPA</strong>__________________________________________________________Banca Examinadora: Prof. Dr. Miguel Alves JuniorFacul<strong>da</strong>de de Engenharia Agronômica, <strong>UFPA</strong>__________________________________________________________Prof. Dr. Francisco Plácido Magalhães de OliveiraFacul<strong>da</strong>de de Ciências Biológicas, <strong>UFPA</strong>__________________________________________________________<strong>Altamira</strong>, 15 de Fevereiro de 2012


i“Árdua é a missão de defender e desenvolvera Amazônia, porém muito mais difícil foi a denossos antepassados em conquistá-la emantê-la.”Gen. Ex. Rodrigo Otávio


iiDedico à minha mãe (Dona Do Carmo) pelo apoioincondicional a todos os meus projetos e por muitas vezes teracreditado e incentivado, algumas vezes, quando eu mesmo já haviadesistido.Aos meus irmãos Elilde, Jaiane e Johndson por ca<strong>da</strong> palavrade força e apoio proferidos muitas vezes em circunstâncias cruciais eque contribuíram bastante para esta conquista.À família que em <strong>Altamira</strong> me acolheu tornando-me um deseus membros, fornecendo-me todo o suporte físico e emocionalnecessários para que pudesse chegar a este fim (Carlos, Keila, Júlia eMarcelle).


iiiAGRADECIMENTOSGlorifico o nome do Senhor Jesus pela minha vi<strong>da</strong>, pela saúde e por esta grandevitória que deu em minhas mãos.Agradeço a to<strong>da</strong> a minha família pela participação de ca<strong>da</strong> membro em minhaeducação, formação do caráter e por ter me ensinado a escolher caminhos que nem sempreforam os mais fáceis, mas com certeza foram justos e corretos.À Universi<strong>da</strong>de Federal do Pará por ter desenvolvido este curso de EngenhariaAgronômica que procura formar profissionais preparados para trabalhar com pequenos emédios agricultores (familiares), sendo este um diferencial muito importante para to<strong>da</strong> aregião amazônica.Ao meu Orientador Prof. Dr. Sebastião Geraldo Augusto pelo companheirismodurante todo o curso, pelo convite para a realização deste trabalho e pelo exemplo deprofissionalismo que tem servido de modelo para vários acadêmicos de Agronomia.Aos amigos <strong>da</strong> turma de Engenharia Agronômica 2006 em <strong>Altamira</strong> que tão bemme receberam.Aos amigos que estiveram diretamente envolvidos na pesquisa de campo queculminou com o desenvolvimento deste trabalho, sendo: Caroline Brito, Edna Souza, ÂngelaEugênio, Andréia Portugal, Elison Freitas (Francês), Mário Vitorino, Éder Felizardo, <strong>Paulo</strong>Matheus, Fernan<strong>da</strong> Poan, Gleidiane Ferreira, Terezinha Perna, Nágila Ribeiro, Wilks Barreto,Rogério Brito, Thiago Oliveira, Edilane Caetano, Érick Morais, Ricardo Lima, Danilo Dantas,Eliézer Valente (Brito Júnior), Gustavo <strong>Silva</strong>, Felipe Martenexen, Edione Gouveia (Sumano)e Josué <strong>Silva</strong>.Aos Docentes <strong>da</strong> Facul<strong>da</strong>de de Engenharia Agronômica, Campus de <strong>Altamira</strong>,pelo apoio e incentivos.Enfim, agradeço a todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para arealização deste sonho.


ivSUMÁRIOPágina1 – INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 012 – REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 032.1 – CLASSIFICAÇÃO BOTÂNICA E CARACTERÍSTICAS FENOLÓGICAS DOCACAUEIRO .................................................................................................................... 032.2 – EXIGÊNCIAS EDAFOCLIMÁTICAS DO CACAUEIRO .................................... 052.3 – IMPORTÂNCIA ECONÔMICA ............................................................................. 062.4 – PRINCIPAIS DOENÇAS ........................................................................................ 082.4.1 – Vassoura-de-bruxa .............................................................................................. 082.4.2 – Podridão-par<strong>da</strong> .................................................................................................... 102.5 – MELHORAMENTO GENÉTICO DO CACAUEIRO ............................................ 122.5.1 – Histórico dos programas de conservação de recursos genéticos do cacaueirono Brasil ............................................................................................................................ 122.5.2 – Melhoramento genético do cacaueiro no Brasil ................................................ 132.6 – COMPATIBILIDADE GENÉTICA NO CACAUEIRO ......................................... 172.7 – CARACTERIZAÇÃO DE FRUTOS E SEMENTES .............................................. 183 – MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 213.1 – CARACTERIZAÇÃO E LOCALIZAÇÃO DA ÁREA EXPERIMENTAL ........... 213.2 – TRATOS CULTURAIS E CONTROLE FITOSSANITÁRIO ................................ 223.3 – CALAGEM E ADUBAÇÃO ................................................................................... 233.4 – DELINEAMENTO EXPERIMENTAL E DISTRIBUIÇÃO DE CLONES ........... 233.5 – PRODUTIVIDADE DE AMÊNDOAS SECAS ...................................................... 243.6 – CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA DE FRUTOS E SEMENTES ............... 243.7 – PRODUÇÃO ANUAL DE FRUTOS E ÍNDICES DE VASSOURA-DE-BRUXA E PODRIDÃO-PARDA EM FRUTOS .............................................................. 253.8 – ANÁLISE ESTATÍSTICA ....................................................................................... 254 – RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................. 274.1 – ANÁLISE DA PRODUTIVIDADE DE AMÊNDOAS SECAS ............................. 274.2 – NÚMERO MÉDIO DE SEMENTES E PESO MÉDIO DE SEMENTESÚMIDAS POR FRUTO .................................................................................................... 334.3 – PESO MÉDIO DE AMÊNDOA SECA E PESO MÉDIO DE COTILÉDONESECO ................................................................................................................................. 364.4 – PESO MÉDIO DE FRUTOS E PESO MÉDIO DE CASCAS ................................ 41


v4.5 – PRODUÇÃO ANUAL DE FRUTOS E ÍNDICES DE VASSOURA-DE-BRUXA E PRODRIDÃO-PARDA EM FRUTOS ........................................................... 445 – CONCLUSÃO ........................................................................................................... 496 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 50APÊNDICE ...................................................................................................................... 56


viLISTA DE FIGURASPáginaFigura 01. Variação média mensal <strong>da</strong> floração de cacaueiros em Medicilândia-PA(1976-1991), Ouro Preto D’Oeste-RO (1977-1988), Manaus-AM (1980-1988) e AltaFloresta-MT (1980-1988) .................................................................................................. 05Figura 02. Localização <strong>da</strong> área experimental .................................................................... 21Figura 03. Peso médio de amêndoas secas por planta por acesso em 2010 e 2011 ......... 28Figura 04. Produtivi<strong>da</strong>de de amêndoas secas por clone (kg.ha -1 ) nos anos 2010 e2011 ................................................................................................................................... 29Figura 05. Detalhes <strong>da</strong>s 10 plantas com melhor desempenho de produtivi<strong>da</strong>de deamêndoas secas (kg.planta -1 ) no ano de 2010 ................................................................... 31Figura 06. Detalhes <strong>da</strong>s 10 plantas com melhor desempenho de produtivi<strong>da</strong>de deamêndoas secas (kg.planta -1 ) no ano de 2011 ................................................................... 32Figura 07. Valores médios de número de sementes e peso médio de sementes úmi<strong>da</strong>spor fruto ............................................................................................................................. 35Figura 08. Valores médios de peso de amêndoa seca e peso de cotilédone seco porclone .................................................................................................................................. 39Figura 09. Valores médios de peso de frutos e peso de cascas ........................................ 42Figura 10. Valores percentuais de frutos sadios, percentuais de frutos com vassoura-debruxae percentuais de frutos com podridão-par<strong>da</strong> em 2010 ............................................. 47Figura 11. Valores percentuais de frutos sadios, percentuais de frutos com vassoura-debruxae percentuais de frutos com podridão-par<strong>da</strong> em 2011 ............................................. 48Figura 01A. Distribuição mensal <strong>da</strong> produção de frutos em 2010 ................................... 58Figura 02A. Distribuição mensal <strong>da</strong> produção de frutos em 2011 ................................... 59


viiLISTA DE TABELAS E QUADROSPáginaQuadro 01. Valores aproximados de algumas características físicas do fruto docacaueiro maduro e seus componentes .............................................................................. 20Quadro 02. Proprie<strong>da</strong>des físico-químicas em amêndoas de cacau, por região ................ 20Tabela 01. Resultados <strong>da</strong>s análises de solo em 2010 e 2011, profundi<strong>da</strong>de de 0,0 a20,0cm ............................................................................................................................... 23Tabela 02. Dados <strong>da</strong> produtivi<strong>da</strong>de de amêndoas secas de cacau no ano 2010 ............... 27Tabela 03. Dados de produtivi<strong>da</strong>de de amêndoas secas de cacau no ano 2011 ............... 28Tabela 04. Número médio de sementes por fruto, desvio padrão e coeficiente devariação ............................................................................................................................ 34Tabela 05. Peso médio de sementes úmi<strong>da</strong>s por fruto nos períodos chuvoso e seco,média geral, desvio padrão e coeficiente de variação ....................................................... 36Tabela 06. Peso médio de amêndoa seca nos períodos chuvoso e seco, média geral,desvio padrão e coeficiente de variação ............................................................................ 38Tabela 07. Peso médio de cotilédone seco nos períodos chuvoso e seco, médiageral, desvio padrão e coeficiente de variação .................................................................. 40Tabela 08. Valores médios de peso de frutos (g), desvio padrão e coeficiente devariação ............................................................................................................................ 42Tabela 09. Valores médios de peso de cascas (g), desvio padrão e coeficiente devariação ............................................................................................................................. 43Tabela 10. Número médio de frutos colhidos (FC), de frutos sadios (FS), de frutoscom vassoura-de-bruxa (FVB) e de frutos com podridão-par<strong>da</strong> (FPP) por planta, poracesso clonal e relação percentual no ano de 2010 ........................................................... 45Tabela 11. Número médio de frutos colhidos (FC), de frutos sadios (FS), de frutoscom vassoura-de-bruxa (FVB) e de frutos com podridão-par<strong>da</strong> (FPP) por planta, poracesso clonal e relação percentual no ano de 2011 ........................................................... 45Tabela 01A. Dados de produção por planta dos oito clones em 2010 e 2011 .................. 56Quadro 01A. Dados de precipitação pluviométrica em <strong>Altamira</strong>-PA de 2008 a 2011 .... 58


viiiRESUMOAVALIAÇÃO DA PRODUTIVIDADE, DA INCIDÊNCIA DE DOENÇAS ECARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA DE OITO ACESSOS CLONAIS DETheobroma cacao L. NO MUNICÍPIO DE ALTAMIRA-PAA partir <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 50 o Brasil, oficialmente, iniciou suas pesquisasrelaciona<strong>da</strong>s a melhoramento genético de Theobroma cacao L. por meio de expedições deprospecção de material genético na região amazônica, criação de bancos ativos degermoplasma, avaliação de características agronômicas de distintos genótipos edesenvolvimento de varie<strong>da</strong>des híbri<strong>da</strong>s melhora<strong>da</strong>s, entre outros. Em função <strong>da</strong> grande crise<strong>da</strong> lavoura cacaueira, ocorri<strong>da</strong> ao final dos anos 80, provoca<strong>da</strong> pela epidemia <strong>da</strong> doençavassoura-de-bruxa no Sul <strong>da</strong> Bahia, a CEPLAC, órgão responsável por políticas relaciona<strong>da</strong>sà lavoura cacaueira, redirecionou suas pesquisas em melhoramento genético para odesenvolvimento de varie<strong>da</strong>des clonais altamente produtivas e resistentes à vassoura-debruxa,porém, direciona<strong>da</strong>s somente para aquele agrossistema. No entanto, na Amazônia,região que abriga o segundo maior pólo produtor do Brasil, onde a lavoura tem crescido tantoem área quanto em produção, essas pesquisas ain<strong>da</strong> são incipientes. Neste trabalho foramavalia<strong>da</strong>s a produtivi<strong>da</strong>de, a incidência de vassoura-de-bruxa e podridão-par<strong>da</strong> e realiza<strong>da</strong> acaracterização morfológica de frutos e de sementes em oito acessos clonais de cacaueirosselecionados no município de <strong>Altamira</strong>-PA. As avaliações foram conduzi<strong>da</strong>s em delineamentointeiramente casualizado com oito repetições para ca<strong>da</strong> acesso clonal no quinto e sexto anosde vi<strong>da</strong>. As análises estatísticas evidenciaram diferença significativa nos dois anos, sendocomprovado que os acessos clonais C5, C1 e C3 destacaram-se na produtivi<strong>da</strong>de de amêndoassecas, principalmente no segundo ano de pesquisa com valores superiores a 3.000 Kg.ha -1 . Osíndices de doenças em frutos foram considerados baixos, pois os maiores valores verificadosforam de 6,0% para vassoura-de-bruxa e 14,3% para podridão-par<strong>da</strong> no primeiro ano depesquisa e, no segundo de 2,0% e 7,4%, respectivamente. Apenas os acessos C6 e C8 tiverammédia menor que 40 sementes por fruto. Os clones C5, C1 e C3 em conjunto, apresentaram asmelhores médias de peso de sementes úmi<strong>da</strong>s por fruto, de peso de amêndoa seca e peso decotilédone seco. Em todos os acessos houve diferença altamente significativa em relação àépoca do ano para os descritores peso de amêndoa seca e peso de cotilédone seco, sendo quede C1 a C7 as médias foram maiores na época chuvosa e para C8 na época de estiagem.Palavras-chave: Cacaueiro, Clone, Melhoramento genético, Produtivi<strong>da</strong>de, Fitossanide.


11 – INTRODUÇÃOApesar de a Região Amazônica ter sido líder nacional na produção do cacau, e sero “berço” de sua origem, esta fruta conquistou o mundo como produto <strong>da</strong> Bahia, Estado quechegou a ser responsável por 95% <strong>da</strong> produção nacional, com área total planta<strong>da</strong> superior a600 mil hectares (MENDES, 2007).A lavoura cacaueira foi introduzi<strong>da</strong> no território <strong>da</strong> Transamazônica na déca<strong>da</strong> de70, com incentivos do Governo Federal, por intermédio <strong>da</strong> Comissão Executiva do Plano <strong>da</strong>Lavoura Cacaueira (CEPLAC), como alternativa de expansão <strong>da</strong> fronteira agrícola para estaregião, onde foi identifica<strong>da</strong> uma grande mancha de Nitossolo Roxo (Terra RoxaEstrutura<strong>da</strong>), solo de alta fertili<strong>da</strong>de natural (MARTINS et al., 2001; FALESI, 1972).No decorrer <strong>da</strong> colonização ao longo <strong>da</strong> Rodovia Transamazônica, especialmenteem Medicilândia e municípios vizinhos, diversos cultivos obtiveram incentivosgovernamentais. Com a descontinui<strong>da</strong>de dos programas e ausência de políticas públicassequencia<strong>da</strong>s que assegurassem aos agricultores assistência técnica qualifica<strong>da</strong> edisponibili<strong>da</strong>de de recursos, no final <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 90 e início dos anos 2000 o cacaueiropassou a substituir lavouras decadentes de cana-de-açúcar (Saccharum officinarum L.), caféconilon (Coffea canephora) e pimenta-do-reino (Piper nigrum L.), como única cultura que,naquele momento, despertava a confiança dos agricultores como geradora de ren<strong>da</strong> eemprego, <strong>da</strong>do o histórico de sucesso na região (NOGUEIRA, 2009).No ano de 2002 teve início uma grande evolução na lavoura cacaueira <strong>da</strong> regiãono que diz respeito à área planta<strong>da</strong>, pois, a grande elevação do preço de amêndoas secas decacau, ocorri<strong>da</strong> naquele ano, quando houve alta de 375%, chegando a atingir picos de 1.000%de aumento a partir do preço de pauta de R$ 1,20 para R$ 4,50, atingindo algumas vezes R$12,00 por quilo de amêndoas secas, alavancou essa evolução (NOGUEIRA, 2009). Avalorização no mercado provocou um “boom” na área planta<strong>da</strong> do território <strong>da</strong>Transamazônica que, de acordo com <strong>da</strong>dos de IBGE (2011), passou de 24.429 hectares em2002 para 46.349 hectares em 2009, sendo que o município de Medicilândia, neste mesmoperíodo, apresentou acréscimo de 100% na área planta<strong>da</strong>, o que posteriormente lhe rendeu otítulo de maior produtor do país com 18.333 tonela<strong>da</strong>s de amêndoas secas em 2009.Após a crise <strong>da</strong> cacauicultura brasileira, provoca<strong>da</strong> pela epidemia de vassoura-debruxanos cacauais do Sul <strong>da</strong> Bahia, principal região produtora do país, o programa brasileirode melhoramento genético do cacaueiro passou a buscar genótipos que apresentassem genes


2de resistência à doença, com o objetivo de desenvolver varie<strong>da</strong>des clonais resistentes e comcaracterísticas agronômicas desejáveis para renovar a lavoura cacaueira no Brasil.As pesquisas com varie<strong>da</strong>des clonais de cacaueiros no país, de forma geral, vêmapresentando bons resultados como ganho de produtivi<strong>da</strong>de e tolerância à doença, inclusivecom a recomen<strong>da</strong>ção de algumas varie<strong>da</strong>des pela CEPLAC. Contudo, de acordo com Pereira(2001), para as regiões produtoras <strong>da</strong> Amazônia brasileira as discussões sobre prós e contras<strong>da</strong> utilização destas varie<strong>da</strong>des clonais estão apenas começando, de modo que ain<strong>da</strong> não hánenhuma varie<strong>da</strong>de clonal indica<strong>da</strong> para a região. Desta forma, considerando-se o imensopotencial <strong>da</strong> região e a grande deman<strong>da</strong> mundial por cacau, mais que uma necessi<strong>da</strong>de, tornaseum dever para o Estado brasileiro incentivar pesquisas que busquem o desenvolvimento devarie<strong>da</strong>des clonais resistentes a doenças e de alto padrão produtivo para a Amazôniabrasileira.Este trabalho teve como objetivo avaliar oito clones de cacaueiros selecionadosem uma proprie<strong>da</strong>de rural na comuni<strong>da</strong>de Traíras, município de <strong>Altamira</strong>-PA, quanto aopotencial de produção de amêndoas secas, incidência de vassoura-de-bruxa e podridão-par<strong>da</strong>nos frutos colhidos no quinto e sexto anos de campo e caracterizar morfologicamente osfrutos e amêndoas desses acessos genéticos.


32 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA2.1 – CLASSIFICAÇÃO BOTÂNICA E CARACTERÍSTICAS FENOLÓGICAS DOCACAUEIROO cacaueiro (Theobroma cacao L.), planta tropical <strong>da</strong> família Sterculiaceae, énativo do continente americano, podendo ser encontrado em plantações comerciais desde alatitude 23º N até 25º S, sendo uma espécie altamente exigente em nutrientes e em água, porisso, recomen<strong>da</strong>do para solos de média a alta fertili<strong>da</strong>de natural e com boas característicasfísicas (ARCE, 2004; MARTINS, 2001; SILVA NETO, 2001).Almei<strong>da</strong> et al. (1987) comentando Barriga et al. (1985), ressalta que há umagrande variabili<strong>da</strong>de fenotípica de diversos caracteres entre e dentro de populações decacaueiros <strong>da</strong> Amazônia brasileira, dentre os quais elenca o tamanho de frutos, textura eespessura de casca, tamanho de semente e coloração de cotilédone.O cacaueiro tem características de pereni<strong>da</strong>de, podendo viver de forma produtivapor mais de cem anos. Quando de origem seminal mede entre cinco e oito metros de alturapodendo sofrer forte variação a depender do ambiente, com altura reduzi<strong>da</strong> quando a pleno solou mais de 20 metros quando em condições de floresta. O diâmetro de copa atinge de quatro aseis metros. No cacaueiro, o sistema radicular caracteriza-se pela presença de uma raizpivotante que varia de comprimento em função <strong>da</strong>s características físicas do solo, havendoexemplares que atingiram dois metros de profundi<strong>da</strong>de, em contraparti<strong>da</strong>, as raízessecundárias concentram-se principalmente nos primeiros 30 centímetros do solo, formandoum raio de 2,5 a 3,0 metros (SILVA NETO, 2001).O caule do cacaueiro é ereto e desenvolve-se até cerca de 1,00 m a 1,50 m dealtura, quando normalmente cessa a dominância do ramo de crescimento principal e abre-se ofust, coroa composta por quatro ou cinco ramos plageotrópicos. To<strong>da</strong>via, em ambientessilvestres pode ocorrer entouceiramento <strong>da</strong> planta, observando-se vários troncos que sedesenvolvem de forma inclina<strong>da</strong> em relação ao solo (SILVA NETO, 2001; ALMEIDA,2001).A flor do cacaueiro é hermafrodita e se constitui de cinco sépalas, cinco pétalas,cinco estaminóides, cinco estames, capazes de produzir cerca de 14.000 grãos de pólen, e, porúltimo, um pistilo com ovário subdividido em cinco lojas, as quais apresentam de 35 a 70óvulos ca<strong>da</strong>. Elas nascem a partir de almofa<strong>da</strong>s florais que se originam nas axilas <strong>da</strong>s folhas,


4porém, somente se desenvolvem de um a três anos após a que<strong>da</strong> <strong>da</strong> folha, sendo distribuí<strong>da</strong>spelo tronco e ramos lenhosos <strong>da</strong> planta (FIGUEIREDO, 1986; CARLETTO, 1946 apudSCERNE et al., 1998).O intervalo de tempo entre o lançamento dos botões florais e a abertura <strong>da</strong>s floresgira em torno de 39 dias em média, sendo que o processo de abertura <strong>da</strong> flor inicia-se porvolta <strong>da</strong>s dezesseis horas e se estende até a manhã do dia seguinte, partindo <strong>da</strong> abertura <strong>da</strong>ssépalas, pétalas, estames e estaminóides, respectivamente, concluindo-se com a deiscência <strong>da</strong>santeras próximo <strong>da</strong>s cinco horas. Depois de poliniza<strong>da</strong> a flor leva em torno de seis horas atéser fertiliza<strong>da</strong>, caso a fertilização não ocorra, a flor se desprenderá <strong>da</strong> planta em no máximo24 horas, quando a flor não é poliniza<strong>da</strong> seu desprendimento ocorre em até 48 horas após aabertura (CARLETTO, 1946 apud SCERNE et al., 1998; SILVA NETO, 2001).O cacaueiro produz até 125.000 flores.planta -1 ao ano, quando a pleno sol, eacredita-se que esta grande produção de flores seja para assegurar a atração de polinizadores,contudo, por meio de polinização natural apenas 5% delas serão fertiliza<strong>da</strong>s e somente 0,1%atingirão a forma de fruto maduro (ALMEIDA, 2001).Na Amazônia brasileira há ocorrência de dois picos de floração, o principal ocorrena época de transição período seco/período chuvoso, o menor ocorre no início do período seco(SILVA NETO, 2001). Contudo, pesquisas têm mostrado que há consideráveis variações emdiferentes pontos <strong>da</strong> Amazônia: Medicilândia-PA teve picos de floração no mês de janeiro;Ouro Preto D’Oeste-RO, em setembro; Manaus-AM, em outubro, e Alta Floresta-MT, no mêsde janeiro, conforme ilustrado na Figura 01 (SCERNE et al., 1998).Aderido à planta por um pedúnculo lenhoso, o fruto é indeiscente, necessitandoser colhido para dispersão. Possui pericarpo carnoso, apresenta coloração verde ou roxaquando em desenvolvimento e amarela ou laranja quando maduro, sendo que o período entrea polinização e a maturação transcorre em média em 167 dias. Na Amazônia brasileira hárelatos de cacaueiros com mais de 100 frutos em apenas uma colheita, e frutos com 67sementes em perfeitas condições para germinação (FIGUEIREDO, 1986; SILVA NETO,2001).O advento <strong>da</strong> forte ocorrência de polinização cruza<strong>da</strong> em cacaueiro contribuiuexpressivamente para a redução de diferenças entre populações adjacentes através do grandefluxo gênico entre si. As populações de cacaueiros <strong>da</strong> Amazônia brasileira apresentam comocaracterísticas mais comuns frutos de tamanho pequeno a médio, forma elíptica, rugosi<strong>da</strong>deleve, constrição basal leve e forma do ápice obtusa. No entanto, há características que talvezpor motivo de isolamento geográfico de populações são pouco ou nunca observados em


5plantações comerciais como a coloração azula<strong>da</strong> do “cacau azul” encontrado em populaçõesdo rio Içá-AM ou a ocorrência de casca fina e quebradiça de frutos observados em populaçõesàs margens do rio Javari e afluentes (ALMEIDA, 2001).1.2001.0001.0491.072Nº de Flores caí<strong>da</strong>s/m²8006004005713438454968183282000Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov DezMêsMedicilândia-PA Ouro Preto D'Oeste-RO Manaus-AM Alta Floresta-MTFigura 01. Variação média mensal <strong>da</strong> floração de cacaueiros em Medicilândia-PA (1976-1991), Ouro Preto D’Oeste-RO (1977-1988), Manaus-AM (1980-1988) e Alta Floresta-MT(1980-1988). A<strong>da</strong>ptado de Scerne et al. (1998).2.2 – EXIGÊNCIAS EDAFOCLIMÁTICAS DO CACAUEIROAssim como qualquer outro vegetal, o cacaueiro necessita de condiçõesambientais favoráveis para que possa ter um bom desenvolvimento vegetativo e expressartodo o seu potencial genético através de sua produção. Devido ser uma planta originária dotrópico úmido, recomen<strong>da</strong>-se que o cacaueiro seja cultivado comercialmente entre as latitudes15º N e 15º S em relação à linha do Equador, porém, é possível encontrar plantaçõescomerciais desde a latitude 23º N até aproxima<strong>da</strong>mente à latitude 25º S, onde se observaclima do tipo subtropical (ARCE, 2004).O cacaueiro é considerado uma planta extremamente exigente em água. Necessitade precipitação anual de pelo menos 1.250 mm, com boa distribuição ao longo de todo o ano.Contudo, de forma geral, na Amazônia brasileira adota-se como nível ótimo para a produção


6comercial de cacau precipitações entre 1.800 mm e 2.500 mm anuais, com mínimas mensaisnão inferiores a 100 mm (SCERNE, 2001).Outro fator de relevante importância para a cultura diz respeito à faixa detemperatura ideal, pois o cacaueiro requer temperaturas relativamente altas para seu bomdesenvolvimento e produção, as quais ficam em torno de 15ºC a 30ºC, sendo estabeleci<strong>da</strong> atemperatura de 10ºC como limite mínimo e a média anual de 25ºC (HARDY apud MORAISet al., 1981).O cultivo do cacaueiro necessita de solos com profundi<strong>da</strong>de em torno de 1,20 mcom boa drenagem e textura que permita o bom desenvolvimento do sistema radicular esatisfatória retenção de água. Solos com média ou alta fertili<strong>da</strong>de natural são os maisrecomen<strong>da</strong>dos para a prática <strong>da</strong> cultura e o pH ótimo oscila entre 6,0 e 6,5 (BARBOSA,2001).Os solos mais recomen<strong>da</strong>dos para o cultivo do cacaueiro em <strong>Altamira</strong> emunicípios circunvizinhos são os Nitossolos (Terra Roxa Estrutura<strong>da</strong> Eutrófica) que, deacordo com Falesi (1972), são solos profundos, com altas taxas de saturação de bases (60% a80%), pH variando de 5,2 a 5,9, o teor de alumínio (Al) é zero, o que descarta a necessi<strong>da</strong>dede calagem. Porém, de acordo com o autor, possuem baixos níveis de fósforo assimilável,fazendo-se necessária a utilização de adubação fosfata<strong>da</strong>.Os Nitossolos ocorrem às margens <strong>da</strong> rodovia BR-230, “Transamazônica”, empequenas manchas desde o km 45 no sentido <strong>Altamira</strong>-Marabá até o km 54 no sentido<strong>Altamira</strong>-Itaituba. Porém, a partir do km 62 forma-se uma grande mancha contínua de “TerraRoxa Estrutura<strong>da</strong>, indo até o km 112, sendo considera<strong>da</strong> até a déca<strong>da</strong> de 1970, como a maiorextensão de solos de boa fertili<strong>da</strong>de que se tinha conhecimento existente na Amazônia(FALESI, 1972).2.3 – IMPORTÂNCIA ECONÔMICAA cacauicultura tem uma grande importância em mais de cinco milhões dedomicílios no mundo inteiro, onde ocupa uma área de cerca de sete milhões de hectares einfluencia social e economicamente a vi<strong>da</strong> de aproxima<strong>da</strong>mente 25 milhões de pessoas(SOMARRIBA, 2006). Geograficamente a produção mundial de cacau tem como base trêsregiões bastante distintas localiza<strong>da</strong>s em três continentes diferentes. Tais regiões sãocompreendi<strong>da</strong>s por países <strong>da</strong> costa Oeste africana como Costa do Marfim, maior produtor


7mundial, Nigéria, Gana e Camarões; Na América com ênfase para o Brasil; e no Sudesteasiático, que surge como uma nova região produtora, com Malásia e Indonésia (DIAS, 2001B).A produção cacaueira no Brasil passou por um longo processo de evolução desdea criação <strong>da</strong> CEPLAC, e assumiu um lugar de destaque no agronegócio brasileiro. A produçãona região sul <strong>da</strong> Bahia passou de 162.000 tonela<strong>da</strong>s nas safras de 1956 a 1967 para mais de448.000 tonela<strong>da</strong>s em 1987. Na déca<strong>da</strong> de 70 a Bahia chegou a arreca<strong>da</strong>r para as finançasnacionais cerca de um bilhão de dólares por ano com a produção de cacau, sendo que orecorde de divisas oriun<strong>da</strong>s <strong>da</strong> produção cacaueira foi o valor de 2,4 bilhões de dólares nociclo 1976/1977 (CEPLAC, 2009).O cacau tornou-se tão importante para a Bahia que sua participação na formaçãode receita por hectare e sua contribuição no Valor Bruto <strong>da</strong> Produção Agrícola em 2002naquele Estado, foi responsável por 66% do valor gerado por to<strong>da</strong>s as culturas perenes<strong>da</strong>quele ano (CUENCA, 2004).O agronegócio do cacau consolidou-se de tal forma no Brasil que temosreconheci<strong>da</strong>mente o mais moderno complexo agroindustrial e o maior parque deprocessamento de amêndoas de cacau dentre os países exportadores (MENEZES e CARMONETO, 1993).O Governo Federal, a partir <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 1970, através do Programa Nacional deExpansão <strong>da</strong> Cacauicultura (PROCACAU) almejava implantar na Amazônia cerca de 160.000hectares com a espécie, sendo que destes foram destinados 51.000 hectares ao Pará. A regiãoTransamazônica, que compreende o maior pólo cacaueiro <strong>da</strong> Amazônia, recebeu sozinha30.000 hectares (MENDES, 2009).Desde o ano de 1979, auge <strong>da</strong>s exportações brasileiras de cacau, ocasião em queforam exportados cerca de US$ 922 milhões, o país passou por uma drástica que<strong>da</strong> nasexportações em virtude <strong>da</strong> diminuição <strong>da</strong> produção brasileira, em função <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> deMoniliophthora perniciosa na principal região produtora, ao final <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 1980,passando no ano 2000 a exportar apenas US$ 161 milhões, o que representou um decréscimode mais de 80%. Contudo, em 2004, após o início <strong>da</strong> recuperação de grandes áreas, o valorexportado passou para aproxima<strong>da</strong>mente US$ 317 milhões, configurando o princípio de umapossível reação <strong>da</strong> cacauicultura brasileira (LIMA, 2007).Em 2008, o Brasil produziu 216.749 tonela<strong>da</strong>s de cacau representando umaumento de 7,5% em relação ao ano anterior. Neste mesmo período o Pará apresentou a maiortaxa de aumento <strong>da</strong> produção no país, com 5,1%, seguido por Rondônia com 2,2% e Espírito


8Santo com 0,7%, enquanto que a Bahia manteve-se sem aumentos. A produção brasileira teveum incremento de 19.961 tonela<strong>da</strong>s e o Pará aumentou sua produção em 34.301 tonela<strong>da</strong>s nomesmo período (MENDES e LIMA, 2009).Mendes e Lima (2007), explanando <strong>da</strong>dos de IBGE (2005), afirmam que no Paráeste crescimento tem-se mostrado muito positivo, tanto que no município de Medicilândia,maior produtor nacional, o valor total bruto <strong>da</strong> produção de cacau representou cerca de 70%de to<strong>da</strong>s as receitas oriun<strong>da</strong>s do setor agrícola do município, advertindo ain<strong>da</strong>, que mesmoenfrentando diferenciais de preço de até 60% menos, o município consegue ser competitivo,em virtude dos baixos custos de produção.2.4 – PRINCIPAIS DOENÇAS2.4.1 – Vassoura-de-bruxaO fungo Moniliophthora perniciosa, que pertence à classe dos Basidiomicetos,causador <strong>da</strong> doença vassoura-de-bruxa em cacaueiros, foi observado pela primeira vez em1895 no Suriname e em 1918 no Equador, sendo constatado em segui<strong>da</strong> em outros paísescomo Venezuela, Guianas, Colômbia e nas ilhas do Caribe, podendo ser atualmenteencontrado em todos os países produtores de cacau <strong>da</strong> América, continental e insular(COSTA, 1993).Conforme Pegler (1978), citado por <strong>Silva</strong> (1997), o parasita foi descrito pelaprimeira vez por Stahel, como Marasmius perniciosus, em 1915, porém, em 1942 Singer oreclassificou denominando-o Crinipellis perniciosa (Stahel) Singer. To<strong>da</strong>via, Aime e Phillips-Mora (2005) passaram a sugerir sua recolocação, agora como Moniliophithora perniciosa,baseados em comparações de análises filogenéticas deste com outro fungo, o Moniliophithoraroreri.Pegus (1972) desenvolveu uma teoria de que o ciclo vital do fungo éhemibiotrófico, ou seja, possui duas fases completamente diferentes, uma parasítica(biotrófica) e outra saprofítica (necrotrófica), sendo que ambas representam os micéliosprimário e secundário do fungo, respectivamente. Os micélios apresentam diferenças tantomorfológica quanto fisiologicamente, constituindo-se na fase parasítica por micéliomonocariótico, sem grampos de conexão e hifas grossas (5 a 20 mm) que se desenvolvemintercelularmente nos tecidos verdes infectados, e na fase saprofítica por micélio dicariótico,


9com grampos de conexão e hifas finas (1,5 a 3,0 mm) que ocorre intracelularmente nostecidos infectados e necrosados no hospedeiro (EVANS e BASTOS, 1979).Almei<strong>da</strong> (2001) destaca que o fungo ataca os tecidos meristemáticos jovens <strong>da</strong>planta e a sintomatologia pode variar de acordo com o tipo de infecção, além <strong>da</strong> natureza,i<strong>da</strong>de e estágio fisiológico do tecido atacado, sendo que a sintomatologia é caracteriza<strong>da</strong> porhipertrofias de ramos e intensa brotação de gemas laterais com aspecto que lembra umavassoura (vassoura vegetativa). Quando a infecção se dá nas almofa<strong>da</strong>s florais há osurgimento de flores hipertrofia<strong>da</strong>s com pedicelo longo e inchado, que produzirão oschamados frutos “morango”. Segundo o mesmo autor, nas almofa<strong>da</strong>s infecta<strong>da</strong>s tambémpodem se desenvolver vassouras vegetativas, já as infecções de frutos podem produzir frutos“cenoura” (quando infectados ain<strong>da</strong> jovens) ou podem apresentar uma mancha negra externa,além de ter as amêndoas apodreci<strong>da</strong>s e aderi<strong>da</strong>s entre si. Outros frutos poderão apresentarapenas a mancha negra sem, contudo, ter sua parte interna afeta<strong>da</strong>.O fungo M. perniciosa é endêmico <strong>da</strong> região amazônica e parasita espécies dosgêneros Theobroma e Herrania, além de algumas espécies <strong>da</strong> família Solanaceae pertencentesaos gêneros Solanum e Capsicum (LUZ et al., 1997), tem o ar como principal meio dedispersão, devendo-se considerar que a chuva também exerce importante papel neste sentido(ANDEBHRAN, 1988). Portanto, conforme explicam Bastos e Albuquerque (2005)referindo-se a Andebhran (1985), em condições ambientais favoráveis os basidiósporospodem deslocar-se por alguns quilômetros a partir <strong>da</strong> fonte de inóculo, logo, sendo totalmentepossível a infecção de plantas nesta área.A vassoura-de-bruxa é uma doença tão prejudicial ao cacaueiro que pode provocarde 70% a 90% de per<strong>da</strong>s na produção (RUDGARD, et al., 1993), no entanto há casos deper<strong>da</strong> total <strong>da</strong> produção (FALEIRO et al.,2001).<strong>Silva</strong> (1997) comentando CEPLAC (1996) reitera que entre as safras 1989/90,época em que foi verifica<strong>da</strong> pela primeira vez sua presença na região cacaueira <strong>da</strong> Bahia, e1994/95, ou seja, cinco anos após, houve um decréscimo de aproxima<strong>da</strong>mente 30% naprodução de amêndoas secas de cacau naquele Estado. Almei<strong>da</strong> et al. (2002) cita outroexemplo ocorrido em Itajuipe, BA em que a vassoura-de-bruxa provocou per<strong>da</strong>s de 41% <strong>da</strong>produção, ocasionando prejuízos anuais de R$ 5,5 milhões.


102.4.2 – Podridão-par<strong>da</strong>O nome Phytophthora tem suas origens na língua grega e quer dizer “destruidorde plantas”. Este gênero pertence à classe dos Oomicetos, família Pythiaceae e foi descritopor Anton de Bary em 1876 como Phytophthora infestans (Mont.) de Bary (LUZ eMATSUOKA, 1996). Contudo, Bahia (2007) citando Butler (1925), lembra que em 1920Butler fez uma nova descoberta denominando-a como Phytophthora palmivora (Butler)Butler.De acordo com Oliveira e Luz (2005) acreditava-se haver apenas uma espéciedividi<strong>da</strong> em quatro formas morfológicas distintas, porém, a partir de 1979, três destas quatroformas morfológicas foram reclassifica<strong>da</strong>s, tornando-se espécies distintas, sendo a formamorfológica um (MF1), redefini<strong>da</strong> como P. palmivora ‘sensu Butler’ encontrando-semundialmente dispersa; a forma morfológica três (MF3), classifica<strong>da</strong> como Phytophthoramegakarya Brasier e Griffin, que ocorre somente na África, e a forma morfológica quatro(MF4), que foi descrita como Phytophthora capsici Leonian e pode ser encontra<strong>da</strong> nasAméricas Central e do Sul e em Camarões, na África.Phytophthora palmivora é a espécie que possui o maior número de hospedeiros,conseguindo infectar plantas de diversas famílias botânicas, cerca de 41, algumas inclusive degrande importância econômica, podendo afetar várias partes <strong>da</strong> planta como raiz, caule, folhase frutos, tornando-se por estes motivos um dos mais perigosos fitopatógenos de regiões declima quente do mundo (WOOD e LASS, 1985 apud OLIVEIRA e LUZ, 2005).De acordo com Blaha (1995) comentado por Bahia (2007), e Cilas et al. (2004), ogênero Phytophthora apresenta em seu ciclo biológico duas fases distintas, uma assexua<strong>da</strong> eoutra sexua<strong>da</strong>. Na fase assexua<strong>da</strong> órgãos de multiplicação vegetativa, os esporócitos, sãoformados de um talo ou <strong>da</strong> união de dois talos miceliais, que germinam e formam estruturasdenomina<strong>da</strong>s clamidósporos. Na fase sexua<strong>da</strong> o contato de dois talos miceliais produziráestruturas masculinas (anterídeos) e outras femininas (oogônios) que originarão o zigoto.Porém, há fatores conhecidos capazes de influenciar a formação de esporos em Phytophthoraspp., como interação com outros organismos, aeração, umi<strong>da</strong>de, pH, temperatura, luz enutrientes (MEDEIROS, 1977 apud BAHIA, 2007).A podridão-par<strong>da</strong> é uma doença que necessita de altas taxas de precipitaçãopluviométrica ocorrendo picos de infecção quando se concilia com os meses mais frios do ano(LUZ e SILVA, 2001).


11Miran<strong>da</strong> e Cruz (1953), citados por Bahia (2007), informam que temperatura eumi<strong>da</strong>de relativa do ar ideais giram em torno de 20ºC e 85%, respectivamente, que somadoscom as chuvas determinam maior ou menor grau de severi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> doença. To<strong>da</strong>via, para quehaja condições propícias para o desenvolvimento <strong>da</strong> doença, além <strong>da</strong>s condições ambientaisdeve-se considerar a natureza genética do hospedeiro, a espécie e a linhagem do patógeno,bem como sua disseminação e sobrevivência (CILAS et al., 2004).Há várias fontes de inóculo capazes de disseminar a podridão-par<strong>da</strong>, tais comoalmofa<strong>da</strong>s florais, casqueiros, propágulos que ficam sobre o solo, além de fontes secundáriascomo raízes, frutos mumificados, folhas, chupões e cancros (DAKWA, 1974; NEWHOOK eJACKSON, 1977).De acordo com Oliveira e Luz, (2005) a visualização dos sintomas <strong>da</strong> podridãopar<strong>da</strong>torna-se possível a partir <strong>da</strong> trigésima hora após a infecção, apresentando comocaracterística o surgimento de pequenas manchas na superfície dos frutos, as quais nospróximos 10 a 14 dias terão adquirido a cor castanha característica <strong>da</strong> doença e terão cobertoto<strong>da</strong> a superfície do fruto. A infecção, de acordo com esses autores, ocorre nos frutos emqualquer fase de desenvolvimento e qualquer parte <strong>da</strong> superfície do fruto, podendo-seobservar, em situações de alta umi<strong>da</strong>de, três a cinco dias após o aparecimento dos primeirossintomas, um crescimento pulverulento branco, sobre as lesões, formado pelo micélio e pelosesporócitos do fungo.Acreditava-se que na Bahia a espécie que atacava os cacauais era apenas P.palmivora, no entanto, posteriormente se descobriu que naquela região a espécie responsávelpelas infecções que provocavam grandes per<strong>da</strong>s era P. capsici, sendo comum registrarem-seper<strong>da</strong>s de até 80% <strong>da</strong> produção ao final <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 1980 (LUZ et al., 1997). Além disso,mais uma espécie foi encontra<strong>da</strong> atacando cacaueiros no Brasil, a Phytophthora citrophthoraLeonian, considera<strong>da</strong> a mais virulenta dentre as encontra<strong>da</strong>s no país, apresenta tendência decrescimento de sua população na região foco de podridão-par<strong>da</strong> na Bahia (LAWRENCE etal., 1990; LUZ e SILVA, 2001).Por outro lado, estudos comprovaram que na região amazônica o principal agentecausador <strong>da</strong> podridão-par<strong>da</strong> do cacaueiro é a espécie P. palmivora, provocando per<strong>da</strong>s quevariam de 30% a 40% nas regiões produtoras do Pará, como território <strong>da</strong> Transamazônica,Belém e Tomé-Açú, até per<strong>da</strong>s considera<strong>da</strong>s insignificantes no Estado de Rondônia(ALMEIDA, 2001).


122.5 – MELHORAMENTO GENÉTICO DO CACAUEIRO2.5.1 – Histórico dos programas de conservação de recursos genéticos do cacaueiro noBrasilPara Almei<strong>da</strong> et al. (1987), o melhoramento genético tem sua base fun<strong>da</strong>mentalna disponibili<strong>da</strong>de de recursos genéticos que possam ser utilizados nos programas demelhoramento a fim de fazer a incorporação e fixação de genes que proporcionem ganhos emprodutivi<strong>da</strong>de, quali<strong>da</strong>de e resistência ou tolerância a pragas e doenças, entre outros. Paratanto, fazem-se necessários a formação de coleções de germoplasma, bem como odesenvolvimento de pesquisas para conhecimento do potencial genético destes recursos.No Brasil, tomou-se consciência <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong>de de conservação dos recursosgenéticos do cacaueiro somente a partir <strong>da</strong> criação de instituições de pesquisa, como oInstituto Agronômico do Norte (IAN), primeira instituição a formar uma coleção degermoplasma de Theobroma na Amazônia brasileira, com acessos <strong>da</strong> própria região, além de19 clones de elite oriundos de outros países como Trini<strong>da</strong>d, Costa Rica, Peru e Equador(ALMEIDA et al., 1987). De acordo com Lopes (1985) apud Almei<strong>da</strong> et al. (1987), taisrecursos foram propagados por via seminal e originaram os clones CAS 1, 2, 3 e 4,constituindo a primeira coleção organiza<strong>da</strong> do Brasil, <strong>da</strong>ndo origem aos bancos degermoplasma do Instituto Agronômico do Norte, Instituto Agronômico de Campinas (IAC) eCentro de Pesquisas de Cacau (CEPEC).Há notícias de que o início do melhoramento genético do cacau no Brasil ocorreuna déca<strong>da</strong> de 1950 com as primeiras prospecções de populações de Forasteiro do BaixoAmazonas. No entanto, o programa de melhoramento genético propriamente dito iniciou-seapenas depois <strong>da</strong> criação do CEPEC na Bahia, em 1963, que pretendia reunir maiores fontesde variabili<strong>da</strong>de genética a partir <strong>da</strong> introdução de cultivares promissores estrangeiros e coletade cacau silvestre <strong>da</strong> Amazônia brasileira. Daí por diante organizaram-se e executaram-seexpedições de reconhecimento e coleta na Amazônia brasileira (VELLO e ROCHA, 1967apud ALMEIDA et al., 1987; PEREIRA et al., 1999).Com a criação do Departamento Especial <strong>da</strong> Amazônia (DEPEA), a CEPLACpassou a implantar várias estações experimentais na região, entre as quais, deve-se <strong>da</strong>respecial atenção ao Campo de Introdução de Cacau na Amazônia (CICAM), atual Estação deRecursos Genéticos “José Haroldo” (ERJOH), basea<strong>da</strong> no município de Marituba-PA, quepassou a receber e fazer as primeiras implantações no campo, de genótipos não apenas


13silvestres, mas também de lavouras comerciais, áreas experimentais forma<strong>da</strong>s com sementesmelhora<strong>da</strong>s coletados por to<strong>da</strong> a Amazônia e de seleções <strong>da</strong> Bahia, Espírito Santo e de outrospaíses, constituindo assim, o maior acervo genético de cacau do mundo (ALMEIDA et al.,1987).Desde o início <strong>da</strong>s expedições de prospecção de recursos genéticos de cacau ospropágulos de via assexua<strong>da</strong> apresentavam índices muito baixos de pegamento, havendoocasiões de per<strong>da</strong> total de enxertos de inúmeras matrizes, forçando as equipes a mu<strong>da</strong>rem otipo de propágulo coletado, portanto, a partir <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 1980 se passou a coletar borbulhase frutos, quando possível, minimizando per<strong>da</strong>s e elevando a representativi<strong>da</strong>de amostral.Talvez por isso, a facili<strong>da</strong>de de produção de sementes em relação a propágulos vegetativos, oprograma de melhoramento genético brasileiro do cacaueiro, tenha estabelecido grandeslavouras de plantas híbri<strong>da</strong>s, sendo o plantio clonal superado pelo seminal (ALMEIDA et al.,1987; DIAS, 1993).A hibri<strong>da</strong>ção foi, por vários anos, a base do programa de melhoramento genéticodo cacaueiro no Brasil, por meio de cruzamentos entre varie<strong>da</strong>des clonais de altaprodutivi<strong>da</strong>de e de cultivares nacionais para o estabelecimento <strong>da</strong> lavoura cacaueira. Porém,com o advento <strong>da</strong> epidemia de vassoura-de-bruxa ocorri<strong>da</strong> na região produtora <strong>da</strong> Bahia apartir de 1989, a CEPLAC passou a fazer um redirecionamento em seu programa demelhoramento começando a desenvolver e recomen<strong>da</strong>r a substituição <strong>da</strong>s lavouras de híbridospor varie<strong>da</strong>des clonais de alta produtivi<strong>da</strong>de e resistentes ao fungo Moniliophthoraperniciosa, sendo que as primeiras varie<strong>da</strong>des indica<strong>da</strong>s pela CEPLAC para este fim foram‘Theobahia’ em 1994 e TSA, TSH, CEPEC e EET em 1995 (FALEIRO et al., 2001; LIMA,2007).2.5.2 – Melhoramento genético do cacaueiro no BrasilA contribuição do melhoramento genético de plantas para o desenvolvimento <strong>da</strong>agricultura, através <strong>da</strong> criação de inúmeras varie<strong>da</strong>des de interesse agronômico, tem sidorealiza<strong>da</strong> de forma promissora e eficiente que sua aplicabili<strong>da</strong>de se tornou inquestionável.Embora já se tenha alcançado significativos resultados em termos de ganhos genéticos, aexpectativa de progresso genético e desenvolvimento de indivíduos ain<strong>da</strong> melhores é contínua(SANTOS, 2007).Desde a déca<strong>da</strong> de 1950 se utilizavam na América Central, em plantios comerciaisde cacau, genótipos resistentes à vassoura-de-bruxa, enquanto no Brasil, pela facili<strong>da</strong>de de


14produção de sementes estabeleceram-se grandes lavouras de plantas híbri<strong>da</strong>s, sendo o plantioclonal amplamente superado pelo seminal (DIAS, 1993). No entanto há registros de busca pormateriais resistentes à vassoura-de-bruxa no vale amazônico desde 1938 através de coletasseminais, e clonais em 1942. Destes materiais originaram-se os clones <strong>da</strong> série ‘Scavina’,sendo que ‘Scavina 6’ e ‘Scavina 12’, após avaliação, foram considerados altamenteresistentes, enquanto que o genótipo ‘IMC 67’, pesquisado na mesma época, foi consideradomodera<strong>da</strong>mente resistente (POUND, 1938; BARTLEY, 1986).Depois que a vassoura-de-bruxa chegou à Bahia, causando grandes <strong>da</strong>nos àcacauicultura brasileira, o Centro de Pesquisas de Cacau (CEPEC), órgão <strong>da</strong> CEPLAC,procurou fazer novas interações em seu programa de melhoramento genético buscandodesenvolver cultivares que viessem agregar características agronômicas desejáveis como oalto desempenho produtivo, além <strong>da</strong> acumulação de genes de resistência a pragas e doenças,principalmente vassoura-de-bruxa. A resistência genética é aponta<strong>da</strong> como o melhor métodode controle para a vassoura-de-bruxa, sendo o mais econômico, ecológico, eficiente epromissor já desenvolvido, pois o material oriundo deste tipo de pesquisa pode serposteriormente clonado e disponibilizado aos produtores (PEREIRA, 2001; FALEIRO et al.,2001).Rios-Ruiz (2001) abor<strong>da</strong>ndo Luz et al. (1996), reitera que as pesquisas específicasem melhoramento genético do cacaueiro com objetivo de resistência a doenças passaram a serpriori<strong>da</strong>de somente na déca<strong>da</strong> de 1980, quando houve grande intensificação nas pesquisas,sendo que antes os programas <strong>da</strong>vam ênfase a fatores de produção nos critérios de seleção dematrizes.A eficácia <strong>da</strong> resistência a doenças é dependente <strong>da</strong> variabili<strong>da</strong>de genética dopatógeno e <strong>da</strong>s características do hospedeiro, conferindo desta forma uma relação dinâmicaentre patógeno e hospedeiro, o que torna o melhoramento para resistência bem mais complexoque para características agronômicas, sendo, portanto, importante agregar a resistência adoenças como característica agronômica desejável ao cacaueiro mesmo quando a resistênciaalcança<strong>da</strong> for apenas parcial. Porém, para que a co-existência patógeno-hospedeiro sejaestável, ambientalmente equilibra<strong>da</strong>, e principalmente, viável do ponto de vista econômicodeverá haver um bom manejo em campo voltado à diminuição <strong>da</strong> reprodução do inóculo e <strong>da</strong>severi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> patologia (Rios-Ruiz, 2001).Faleiro et al. (2001) citando Monteiro et al. (1995), comentam que no Brasil aprimeira varie<strong>da</strong>de clonal resistente à vassoura-de-bruxa recomen<strong>da</strong><strong>da</strong> foi a ‘Theobahia’ em1994. Subsequentemente, segundo Lima (2007), o CEPEC, em 1995, passou a fazer


15recomen<strong>da</strong>ções para utilização de clones selecionados de TSA, TSH, CEPEC e EET, oriundosde cruzamentos entre os acessos ‘IMC 67’, ‘ICS 1’ e ‘Scavina 6’, após avaliação de suasrespectivas resistências. A produção de clones resistentes à vassoura-de-bruxa vem crescendonos últimos anos, este tipo de propagação foi responsável pela produção de cerca de 6,6milhões de mu<strong>da</strong>s de 1999 a 2004 no Estado <strong>da</strong> Bahia (MARROCOS e SODRÉ, 2004).Deve-se observar que a maioria do material resistente à vassoura-de-bruxadisponível até então é proveniente de uma única fonte, os clones ‘Scavina 6’ e ‘Scavina 12’,por conseguinte, estudos comprovaram uma similari<strong>da</strong>de genética de até 93% entre ambos,tornando-se, portanto, de suma importância a identificação de novas fontes de resistência paraque se possa ampliar a base genética de materiais resistentes à vassoura-de-bruxa e podridãopar<strong>da</strong>(YAMADA et al., 2001; DANTAS NETO et al., 2005).Conforme comenta Zadoks (1999) apud Faleiro et al. (2001), afirmando que paraocorrer a diminuição <strong>da</strong> pressão de inóculo do patógeno e ganho de durabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong>resistência é essencial recomen<strong>da</strong>r-se varie<strong>da</strong>des com grande diversi<strong>da</strong>de genética entre si eque apresentem genes de resistência o mais distintos possível. Caso contrário pode ocorrer omesmo que houve no Equador com clones <strong>da</strong> série ‘Scavina’, que tiveram sua resistência a M.perniciosa rapi<strong>da</strong>mente quebra<strong>da</strong>, provavelmente pela grande variabili<strong>da</strong>de e o alto grau devirulência do fungo naquele país (RIOS-RUIZ, 2001).Há exemplo do ocorrido no Equador, já se observou a quebra de resistência emcondições de campo, na região Sul <strong>da</strong> Bahia, no período de 1995 a 2002, em híbridos <strong>da</strong>varie<strong>da</strong>de Theobahia e em alguns clones <strong>da</strong>s séries EET, TSA e TSH, todos descendentes de‘Scavina’ ou ‘IMC 67’ (ALBUQUERQUE et al., 2005 apud SANTOS, 2007).No ciclo agrícola de 2006/2007 a produção brasileira foi de 160.000 tonela<strong>da</strong>s,suficiente para suprir apenas 70% <strong>da</strong> deman<strong>da</strong> <strong>da</strong> indústria brasileira, que é crescente eaumenta em torno de 15.000 tonela<strong>da</strong>s por ano. Desta forma faz-se necessária a adoção denovas tecnologias para a produção em larga escala de mu<strong>da</strong>s clonais de materialgeneticamente resistente a doenças para que o Brasil possa atingir, brevemente, a autosuficiênciana produção (SODRÉ, 2007).As novas tecnologias juntamente com a utilização de um manejo integrado e acriação de varie<strong>da</strong>des clonais de alta produtivi<strong>da</strong>de e tolerantes a doenças, principalmentevassoura-de-bruxa, poderão recuperar as lavouras e elevar a produtivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> cacauiculturabrasileira, podendo chegar à marca dos 1.500 kg/ha/ano de amêndoas secas (PINTO, 1999).Para os programas de melhoramento de cacau em an<strong>da</strong>mento em to<strong>da</strong> a Américado Sul, uma <strong>da</strong>s priori<strong>da</strong>des é a descoberta imediata de novas fontes de resistência a M.


16perniciosa. Para tanto, novos genótipos têm sido selecionados, tanto entre acessos jáconhecidos e utilizados, como entre acessos silvestres presentes em Bancos Ativos deGermoplasma (BAG), os quais passarão por pesquisas a fim de que neles seja possívelidentificar genes de resistência, além de características agronômicas desejáveis(ANDEBRHAN et al.,1998; FONSECA e ALBUQUERQUE, 2000; RIOS-RUIZ, 2001;SANTOS, 2007).Para a cacauicultura brasileira o programa de melhoramento genético busca,principalmente, <strong>da</strong>r uma resposta à crise provoca<strong>da</strong> pela introdução do fitopatógeno causador<strong>da</strong> vassoura-de-bruxa na Bahia por meio <strong>da</strong> criação de varie<strong>da</strong>des clonais resistentes(PEREIRA, 2001).O programa de melhoramento genético do cacaueiro na Bahia através <strong>da</strong>clonagem de plantas híbri<strong>da</strong>s seleciona<strong>da</strong>s trouxe grandes vantagens para as novas varie<strong>da</strong>descomo: fixação de genótipos em quaisquer etapas do programa de melhoramento; redução doperíodo juvenil, resultando na precoci<strong>da</strong>de <strong>da</strong> planta; aumento de produtivi<strong>da</strong>de; redução decustos em função do porte (menor) e <strong>da</strong> resistência a doenças. Em razão destes resultadostem-se estimulado debates a respeito dos prós e contras <strong>da</strong> implantação de lavouras clonais decacaueiros na Amazônia brasileira (PEREIRA, 2001).Almei<strong>da</strong> et al. (2009 B), compararam as produtivi<strong>da</strong>des de varie<strong>da</strong>des clonais noquinto ano de campo na Bahia e varie<strong>da</strong>des híbri<strong>da</strong>s em Rondônia e no território <strong>da</strong>Transamazônica, no Pará. Os autores observaram que na Bahia a produtivi<strong>da</strong>de atingia 1.500kg.ha -1 , enquanto que os híbridos produziam em torno de 1.200 kg.ha -1 ao ano em plantaçõescomerciais bem maneja<strong>da</strong>s do Estado de Rondônia e ultrapassava a marca de 2.200 kg.ha -1 noterritório <strong>da</strong> Rodovia Transamazônica, no Oeste do Estado do Pará, região detentora dosmaiores níveis de produtivi<strong>da</strong>de de híbridos no Brasil.Com relação aos níveis de produtivi<strong>da</strong>de de amêndoas secas de cacau alcançadosno território <strong>da</strong> Rodovia Transamazônica, no Estado do Pará, Felizardo (2010) e Souza (2011)observaram experimentalmente valores superiores a 3.000 kg.ha -1 ao ano em LatossoloAmarelo Distrófico com textura franco arenosa.


172.6 – COMPATIBILIDADE GENÉTICA NO CACAUEIROAcredita-se que originalmente o cacaueiro tenha sido uma planta autoincompatível,haja vista que as populações naturais na região centro de sua origemapresentam-se desta forma, contudo, a presença de populações naturais autocompatíveis nasregiões marginais a este local leva os pesquisadores a crer que estas populações evoluírampara esta condição em função de uma forte pressão <strong>da</strong> seleção natural exerci<strong>da</strong> pela grandeescassez de agentes polinizadores e pela redução <strong>da</strong> população nestas áreas (KNIGHT eROGERS, 1955; DIAS, 2001 B).Dias (2001 B) citando Nettancourt (1977) e Heiser (1988) corrobora outrahipótese que dá conta de que se deve a ocorrência de populações autocompatíveis decacaueiros aos povos Asteca e Maia em virtude <strong>da</strong> seleção de frutos de amêndoasdespigmenta<strong>da</strong>s que faziam, em cacau Crioulo, para produzir chocolate de melhor quali<strong>da</strong>de,desta forma, estavam inconscientemente selecionando plantas autocompatíveis, posto que, aautocompatibili<strong>da</strong>de é característica predominante nas populações de Crioulos <strong>da</strong> AméricaCentral.A auto-incompatibili<strong>da</strong>de define-se pela incapaci<strong>da</strong>de de uma planta hermafroditaem produzir zigotos por autopolinização, em consequência há a ampliação do fluxo gênico eheterozigose na população, pois 50% a 100% <strong>da</strong>s fecun<strong>da</strong>ções são oriun<strong>da</strong>s de polinizaçãocruza<strong>da</strong>. Concomitantemente, este tipo de sistema reprodutivo pode constituir-se também emfator de restrição de fluxo gênico e de rendimento caso polinizadores forneçam aos estigmasde uma determina<strong>da</strong> planta, misturados aos grãos de pólen de plantas vizinhas, os seuspróprios, inviabilizando a fecun<strong>da</strong>ção (VELLO e NASCIMENTO, 1971; ALMEIDA, 2001;DIAS e RESENDE, 2001).A própria estrutura morfológica <strong>da</strong> flor aponta para a auto-incompatibili<strong>da</strong>de, poisapesar de ser hermafrodita possui barreiras físicas que dificultam a autopolinização, tais comoa presença <strong>da</strong> cógula, que se constitui de um prolongamento <strong>da</strong> pétala formando umaconcavi<strong>da</strong>de análoga a um capuz, revestindo as anteras, outra barreira encontra<strong>da</strong> na flor docacaueiro é o envolvimento do ovário por um círculo de estaminóides estéreis, além do mais,em função de sua viscosi<strong>da</strong>de os grãos de pólen do cacaueiro aderem-se entre si formandomassas, o que inviabiliza o transporte pelo vento (SORIA et al., 1975; DIAS e RESENDE,2001).Para o melhoramento genético a auto-incompatibili<strong>da</strong>de contribui principalmenteno desenvolvimento de varie<strong>da</strong>des híbri<strong>da</strong>s sem a necessi<strong>da</strong>de de polinizações manuais,


18entretanto, sua capaci<strong>da</strong>de de produção dependerá dos genótipos utilizados e <strong>da</strong> eficiência <strong>da</strong>polinização, mas ain<strong>da</strong> que estes dois fatores não interfiram as plantas autocompatíveistendem a produzir mais frutos e amêndoas secas que as auto-incompatíveis, de modo que assementes distribuí<strong>da</strong>s para plantio são constituí<strong>da</strong>s <strong>da</strong> combinação de cinco ou mais híbridospara que se contorne o problema (MORERA et al., 1994).Cope (1962) comentado por Almei<strong>da</strong> (2001), explica que o mecanismo deincompatibili<strong>da</strong>de do cacaueiro é único, pois o fenótipo de incompatibili<strong>da</strong>de condiciona-sepor fatores gametofíticos e esporofíticos ain<strong>da</strong> na microsporogênese, e é conferido pelainfluência dos locos gênicos ‘S’, ‘A’ e ‘B’, responsáveis pela regulagem <strong>da</strong> singamia nasautopolinizações e polinizações cruza<strong>da</strong>s.Complexo e ain<strong>da</strong> pouco entendido, o mecanismo de auto-incompatibili<strong>da</strong>de de T.cacao L. ocorre necessariamente no saco embrionário. O loco ‘S’ é constituído de uma sériepolialélica com interações de dominância e independência entre si (S1 > S2 = S3 > S4 > S5),sendo que interincompatibili<strong>da</strong>de ocorrerá quando no cruzamento plantas auto-incompatíveispossuírem alelos ‘S’ em comum, ou quando uma planta possuir alelos independentes e a outraum alelo dominante. Cruzamentos do tipo ‘S1S2 x S1S3’ e autofecun<strong>da</strong>ções ‘S1S2’ resultam em25% de aborto, autofecun<strong>da</strong>ção de ‘S2S3’ gera 50% de aborto e a autofecun<strong>da</strong>ção de ‘S2S2’ oucruzamento de homozigotos ‘S2S2 x S2S2’ provoca aborto em 100% <strong>da</strong>s flores (DIAS eRESENDE, 2001).Os locos ‘A’ e ‘B’ complementares e independentes do loco ‘S’ e entre si, forampropostos depois que o cruzamento entre clones autocompatíveis gerou híbridos autoincompatíveis.Acredita-se que estes locos atuem antes <strong>da</strong> meiose e que sejam eles osresponsáveis pela expressão de dominância e pela produção de um precursor inespecífico queativa determinados alelos ‘S’ depois <strong>da</strong> meiose (COPE, 1958; 1962 apud DIAS e RESENDE,2001).Porém, diferentes pesquisas utilizando marcadores isoenzimáticos observaramtaxas de autofecun<strong>da</strong>ção em clones auto-incompatíveis que variaram de 3% a 8% e de 0% a89%, enfatizando que o mecanismo de reprodução do cacaueiro é bastante variável e que osfatores ambientais contribuem diretamente para isso (LANAUD et al., 1987: YAMADA,1991).


192.7 – CARACTERIZAÇÃO DE FRUTOS E SEMENTESAs expedições <strong>da</strong> CEPLAC à Amazônia brasileira a partir de 1965 evidenciaramgrande variabili<strong>da</strong>de fenotípica em populações de cacaueiros, a qual foi posteriormenteconfirma<strong>da</strong> através de várias coletas feitas na região. Estudos de características agronômicasde genótipos provenientes destas coletas têm levado pesquisadores a discutir sobre aimportância <strong>da</strong> utilização <strong>da</strong>s descobertas de variabili<strong>da</strong>de no melhoramento <strong>da</strong> espécie(ALMEIDA et al., 1987; ALMEIDA, 2001).A variabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s populações brasileiras restringe-se ao grupo racial ForasteiroAmazônico, com o agravante de as expedições de prospecção terem coberto apenas 20% <strong>da</strong>Amazônia brasileira. Mesmo assim, de acordo com Almei<strong>da</strong> et al. (1987) e Almei<strong>da</strong> (2001),há observação de considerável variabili<strong>da</strong>de para alguns caracteres como presença ou não depigmentos antociânicos em flores, frutos, sementes e folhas e demais características físicoquímicasde frutos e sementes.Kobayashi et al. (2001) pesquisando diferentes materiais genéticos <strong>da</strong> Amazôniabrasileira encontraram acessos clonais com média geral de peso de 582 e 554 gramas/fruto noAmazonas e Pará respectivamente, havendo exemplares que chegaram a ultrapassar 1,0 kg depeso. Os acessos de origem paraense apresentaram média de peso de casca de 419g/fruto,representando cerca de 76% do peso total do fruto.A semente do cacau é o principal produto comercial e suas características estãodiretamente liga<strong>da</strong>s à quali<strong>da</strong>de, é muito sensível a mu<strong>da</strong>nças de temperatura e morrerapi<strong>da</strong>mente ao desidratar-se. Possui formato elipsóide a ovóide, mede de 20 a 30 mm decomprimento, é recoberta por uma polpa mucilaginosa levemente doce e áci<strong>da</strong>, possuindo oembrião formado por dois cotilédones (SILVA NETO, 2001).Kobayashi et al. (2001) observaram em média 44 sementes/fruto, que representamos 24% restantes de peso do fruto, referentes ao peso úmido de sementes. Ain<strong>da</strong> analisando ocacau paraense, os cotilédones secos pesaram em média 1,02 g ca<strong>da</strong>, com 21,83 mm decomprimento; 12,10 mm de largura e 7,61 mm de espessura/cotilédone, constituindo-se destaforma, como os mais pesados, compridos e largos cotilédones de cacau <strong>da</strong> região amazônicabrasileira (KOBAYASHI et al., 2001).Conforme descrito por SUFRAMA (2003), o cacau produzido na regiãoTransamazônica possui padrões físico-químicos desejáveis à indústria, conforme apresentadonos Quadros 01 e 02, além de outros como teor de manteiga de 56% a 58%, menos de 1% deácidos graxos livres e somente cerca de 11% a 12% de teor de testa, conferindo-o, tais


20atributos, superiori<strong>da</strong>de em relação ao produzido na Bahia e na África Ocidental, sendo esteúltimo atualmente utilizado como parâmetro internacional de classificação.Quadro 01. Valores aproximados de algumas características físicas do fruto do cacaueiromaduro e seus componentes.Fruto e ComponentesPeso (kg)% em relação ao Peso deFrutoDensi<strong>da</strong>de(kg/m³)Fruto 0,5000 100,0 500Casca 0,4000 80,0 350Semente 0,1000 20,0 900Grão seco 0,0500 10,0 600Amêndoa 0,0400 8,0 -Testa 0,0075 1,5 -Outros 0,0025 0,5 -Fonte: Freire et al. (1990) apud Pina (2001).Quadro 02. Proprie<strong>da</strong>des físico-químicas em amêndoas de cacau, por região.PadrãoParâmetros Uni<strong>da</strong>de (África Ocidental) Bahia TransamazônicaPeso médio <strong>da</strong> amêndoa g 1 1 1,06Teor de gordura % 56 – 58 54,5 61,7Rendimento % 47,8 44,5 45,2Ponto de fusão ºC - 33,6 34,6Fonte: (MENDES e LIMA, 2001 apud SUFRAMA, 2003).


213 – MATERIAL E MÉTODOS3.1 – CARACTERIZAÇÃO E LOCALIZAÇÃO DA ÁREA EXPERIMENTALA pesquisa foi realiza<strong>da</strong> em proprie<strong>da</strong>de rural localiza<strong>da</strong> na comuni<strong>da</strong>de Traíras,distante 12 quilômetros <strong>da</strong> sede do município de <strong>Altamira</strong>-PA, na estra<strong>da</strong> de acesso àAgrovila Princesa do Xingu. A proprie<strong>da</strong>de possui área total de 9,0 ha e pode ser localiza<strong>da</strong>através <strong>da</strong>s coordena<strong>da</strong>s geográficas 52º 16' 42,19'' W e 3º 10' 0,82'' S, sendo sua ativi<strong>da</strong>deprincipal a produção de cacau. A delimitação do experimento encontra-se indica<strong>da</strong> na Figura02.Figura 02. Localização <strong>da</strong> área experimental.


22No período de 1990 a 2002 <strong>da</strong>dos de precipitação pluviométrica indicam que amédia anual em <strong>Altamira</strong> estabeleceu-se em 2.123 mm, havendo uma concentração de 74%deste total precipitado nos meses de janeiro a maio, constituindo-se o mês de março como omais chuvoso, com média de 379,2 mm, e o mês de agosto como o mais seco, com média deapenas 22,5 mm. A média anual de temperatura no período foi de 27,5ºC, com respectivasmáxima e mínima de 32,4ºC e 22,1ºC (SILVA et al., 2009).O Centro Nacional de Pesquisa de Solos <strong>da</strong> Empresa Brasileira de PesquisaAgropecuária (EMBRAPA) descreve o Latossolo Amarelo Distrófico, textura Franco arenosa,tipo de solo em que está estabeleci<strong>da</strong> a área experimental, como um tipo de solo mineral emavançado estágio de intemperização, que geralmente possui alto grau de acidez, apresentabaixa capaci<strong>da</strong>de de troca de cátions e baixa saturação por bases (SOUZA, 2011).A área experimental foi implanta<strong>da</strong> em fevereiro de 2005, sendo constituí<strong>da</strong> porclones oriundos de oito matrizes seleciona<strong>da</strong>s em lavoura safreira de agricultor vizinho. Osclones foram produzidos a partir de um plantio de cacaueiros híbridos com mais de 20 anos, eforam selecionados pelo próprio agricultor, por serem considerados produtivos e tolerantes avassoura-de-bruxa e podridão-par<strong>da</strong>.Os clones foram produzidos por meio de enxertia de garfagem e borbulhia emabril de 2004. Os clones de ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s oito matrizes foram plantados em filas individuaiscontendo de 8 a 13 plantas, em função do estabelecimento <strong>da</strong>s árvores do sombreamentodefinitivo. As covas que os receberam foram feitas com dimensões de 60 x 60 x 30 cm(comprimento, largura e profundi<strong>da</strong>de, respectivamente), com o aprofun<strong>da</strong>mento de mais 30cm no centro de ca<strong>da</strong> cova, com o objetivo de facilitar a penetração <strong>da</strong> raiz pivotante no solo.Os <strong>da</strong>dos apresentados neste trabalho referem-se aos ciclos agrícolas de janeiro adezembro dos anos de 2010 e de 2011, ou seja, quinto e sexto anos <strong>da</strong> lavoura,respectivamente.3.2 – TRATOS CULTURAIS E CONTROLE FITOSSANITÁRIOO próprio agricultor foi o responsável pela realização de todos os tratos culturais econtrole fitossanitário na área sob pesquisa, conforme costumeiramente executado naproprie<strong>da</strong>de e de acordo com o recomen<strong>da</strong>do por <strong>Silva</strong> Neto et al. (2001) para a lavouracacaueira na região amazônica brasileira. Não tendo havido, portanto, nenhuma interferência<strong>da</strong> pesquisa em quaisquer práticas adota<strong>da</strong>s pelo agricultor.


233.3 – CALAGEM E ADUBAÇÃOO agricultor faz uso de adubação na proprie<strong>da</strong>de em função <strong>da</strong> deman<strong>da</strong>nutricional do cacaueiro, no entanto, to<strong>da</strong>s as plantas receberam as mesmas quanti<strong>da</strong>des defertilizante. Na adubação de plantio foram utilizados 10 litros de esterco bovino e 200g defosfato natural por cova. Já as adubações de cobertura referentes aos anos de 2010 e 2011foram feitas com base em análises químicas de fertili<strong>da</strong>de do solo, exibi<strong>da</strong>s na Tabela 01. Foiutiliza<strong>da</strong> a formulação de NPK 10-28-20 nas quanti<strong>da</strong>des de 480 e 450 g.planta -1 ao ano,respectivamente. Ressalta-se que na área experimental não foi realiza<strong>da</strong> a calagem.Tabela 01. Resultados <strong>da</strong>s análises de solo em 2010* e 2011**, profundi<strong>da</strong>de de 0,0 a20,0cm.Anos pH ÁguaP K Zn Fe Mn Cu Ca 2+ Mg 2+ Al 3+ H+Almg.dm -3 cmolc.dm -32010 4,8 20 16 0,3 126 22 0,9 0,5 0,1 0,6 3,4 0,6 4,0 15,92011 5,1 19 26 0,3 86 21 0,7 0,4 0,1 0,4 3,3 0,6 3,9 14,7*Amostras coleta<strong>da</strong>s em novembro de 2008; **Amostras coleta<strong>da</strong>s em novembro de 2010.SBTV %3.4 – DELINEAMENTO EXPERIMENTAL E DISTRIBUIÇÃO DE CLONESEm virtude de os clones de ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s oito matrizes seleciona<strong>da</strong>s terem sidoplantados em filas individuais contendo de 8 a 13 plantas, foram seleciona<strong>da</strong>s, aleatoriamente,oito plantas de ca<strong>da</strong> matriz para a realização <strong>da</strong>s avaliações objeto deste estudo, constituindoseassim o delineamento inteiramente casualizado com oito repetições. Vale ressaltar queadjacente à área experimental existe plantios com híbridos e outros clones mais jovens decacaueiros não avaliados nessa pesquisa que serviram de bor<strong>da</strong>dura.Ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s oito plantas avalia<strong>da</strong>s por linha constituiu uma repetição o que, deacordo com Man<strong>da</strong>rino e Sena Gomes (2009) caracteriza a pesquisa como uma análisedescritiva, por meio <strong>da</strong> qual se buscou fazer uma comparação dos volumes de produção, tantoem frutos como em peso de amêndoas secas por clone, suas caracterizações morfológicas bemcomo a análise <strong>da</strong> incidência de vassoura-de-bruxa e podridão-par<strong>da</strong> em frutos nos dois anosde pesquisa.


243.5 – PRODUTIVIDADE DE AMÊNDOAS SECASA coleta de <strong>da</strong>dos foi realiza<strong>da</strong> anualmente, no período de janeiro a dezembro dosanos de 2010 e 2011. As colheitas dos frutos foram executa<strong>da</strong>s a ca<strong>da</strong> 21 dias, de acordo comrecomen<strong>da</strong>ção feita por Dias (2001 A). Os <strong>da</strong>dos de produção tomados para este quesitoforam os pesos de amêndoas úmi<strong>da</strong>s por planta, tomados ain<strong>da</strong> na proprie<strong>da</strong>de, os quais foramconvertidos para peso de amêndoas secas utilizando-se o fator de conversão de 0,4recomen<strong>da</strong>do por Pina (2001).3.6 – CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA DE FRUTOS E SEMENTESA caracterização morfológica foi realiza<strong>da</strong> no ano de 2010 em duas situaçõesdistintas, sendo a primeira sob a influência do período chuvoso (julho) e a segun<strong>da</strong> sobinfluência do período seco (outubro). Compuseram o material de pesquisa <strong>da</strong> caracterizaçãomorfológica quantitativa de frutos e sementes dos oito acessos clonais por matriz, sendoestu<strong>da</strong>dos os seguintes caracteres: Peso médio de frutos, peso médio <strong>da</strong> casca dos frutos,número médio de sementes por fruto, peso médio <strong>da</strong>s sementes úmi<strong>da</strong>s por fruto, peso médiode amêndoa seca, peso médio de cotilédone seco.A caracterização foi a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong> <strong>da</strong> metodologia utiliza<strong>da</strong> por Kobayashi et al.(2001), sendo utilizados quatro frutos sadios, obtidos aleatoriamente, <strong>da</strong>s oito plantas de ca<strong>da</strong>acesso clonal, por época de avaliação (julho e outubro), o que totaliza oito frutos por acessoclonal para a caracterização dos descritores peso médio de frutos, peso médio <strong>da</strong> casca dosfrutos, peso médio <strong>da</strong>s sementes úmi<strong>da</strong>s por fruto e número médio de sementes por fruto.O peso médio de frutos foi obtido pela pesagem individual dos quatro frutos poracesso clonal em ca<strong>da</strong> época de avaliação, dividindo-se o somatório dos pesos dos frutos pelonúmero de frutos pesados. Após a quebra desses frutos, <strong>da</strong> mesma forma foi obtido o pesomédio <strong>da</strong>s sementes úmi<strong>da</strong>s por fruto. Já o peso médio <strong>da</strong> casca dos frutos foi obtido peladiferença entre o peso médio de frutos e o peso médio <strong>da</strong>s sementes úmi<strong>da</strong>s por fruto. Aofinal, o número médio de sementes por fruto foi obtido pela contagem <strong>da</strong>s sementes de ca<strong>da</strong>fruto, sendo o somatório <strong>da</strong>s sementes dividido pelo número de frutos avaliados.Para a avaliação do peso médio de amêndoa seca e peso médio de cotilédone secoforam utilizados os mesmos frutos sadios <strong>da</strong> etapa anterior (quatro frutos em julho e quatroem outubro). De ca<strong>da</strong> um dos quatro frutos colhidos por acesso clonal, por época de


25avaliação, foram retira<strong>da</strong>s aleatoriamente 10 sementes úmi<strong>da</strong>s, as quais foram submeti<strong>da</strong>s àsecagem em estufa, entre 55ºC e 60ºC por 48 horas. Após a secagem, ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s 80amêndoas foi pesa<strong>da</strong> individualmente, constituindo 80 repetições para a obtenção do pesomédio por amêndoa seca. Finalmente, para a obtenção do peso médio por cotilédone seco, foiretira<strong>da</strong> a “testa” de ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s 80 amêndoas, as quais foram pesa<strong>da</strong>s individualmente,constituindo, também, 80 repetições.No processo de obtenção dos <strong>da</strong>dos foram utilizados balança eletrônica comum,balança analítica para carga até 250,0 gramas, com precisão de 0,0001 grama e estufa deesterilização comum.3.7 – PRODUÇÃO ANUAL DE FRUTOS E ÍNDICES DE VASSOURA-DE-BRUXA E DEPODRIDÃO-PARDA EM FRUTOSA produção de frutos e a avaliação <strong>da</strong> incidência de doenças nos frutos foirealiza<strong>da</strong> a partir <strong>da</strong> contagem do número total de frutos colhidos, número de frutos sadios,número de frutos com vassoura-de-bruxa e número de frutos com podridão-par<strong>da</strong> por plantapara obtenção <strong>da</strong> média por planta por acesso clonal. O índice de incidência foi avaliado emtermos percentuais de frutos atacados em relação ao total de frutos colhidos.3.8 – ANÁLISE ESTATÍSTICAForam feitas análises estatísticas por meio de análises de variância ao nível de 5%de significância com o objetivo de verificar a existência de diferenças entre os acessos clonaisem relação à produtivi<strong>da</strong>de média de amêndoas secas. As médias anuais de produtivi<strong>da</strong>deforam submeti<strong>da</strong>s ao Teste de Skott-Knott a 5% de significância.Foram analisa<strong>da</strong>s as relações entre o número total de frutos colhidos, número defrutos sadios, número de frutos contaminados pela vassoura-de-bruxa e por podridão-par<strong>da</strong>,bem como a distribuição mensal <strong>da</strong> colheita de frutos. Para observar as médias de produçãode frutos, frutos sadios, frutos com vassoura-de-bruxa e frutos com podridão-par<strong>da</strong> por plantaem ca<strong>da</strong> acesso foram realiza<strong>da</strong>s as análises de variância e aplicado o Teste de Skott-Knott a5% de significância.


26Para a investigação <strong>da</strong>s possibili<strong>da</strong>des de diferenças significativas nas amostrasdos caracteres peso de frutos, peso de cascas de frutos, peso de sementes úmi<strong>da</strong>s por fruto,número de sementes por fruto, peso de amêndoa seca e peso de cotilédone seco foramexecuta<strong>da</strong>s análises de variância e Teste de Skott-Knott ao nível de 5% de significância.A influência <strong>da</strong> época do ano (períodos chuvoso e de estiagem) sobre os valoresmédios dos descritores peso de sementes úmi<strong>da</strong>s por fruto, peso de amêndoa seca e peso decotilédone seco foi analisa<strong>da</strong> através <strong>da</strong> análise de variância e aplicação do Teste de Tukey a5% de significância.Para a realização <strong>da</strong>s análises estatísticas foi utilizado o Software “Assistat”,versão 7.6 beta (SILVA, 2011).


274 – RESULTADOS E DISCUSSÃO4.1 – PRODUTIVIDADE DE AMÊNDOAS SECASA produtivi<strong>da</strong>de de amêndoas secas variou entre os acessos e entre os anosavaliados conforme os resultados <strong>da</strong> Tabela 02, ilustrados na Figura 03. Ao Submeterem-se os<strong>da</strong>dos ao Teste de Skott-Knott em nível de 5% de significância os resultados revelaram quehouve diferença altamente significativa entre as médias de peso de amêndoas secas (p < 0,01),havendo a formação de dois grupos no ano de 2010, onde os clones C5, C3 e C1 sedestacaram no primeiro grupo com médias superiores a 2,00 kg.planta -1 ao ano, enquanto oclone C6, o único a compor o segundo grupo, obteve média inferior a 0,30 kg.planta -1 ao ano.Tabela 02. Dados <strong>da</strong> produtivi<strong>da</strong>de de amêndoas secas de cacau no ano 2010.CloneProdutivi<strong>da</strong>deMédia(kg.ha -1 )*Peso Médio deAmêndoas Secas(kg.planta -1 )*MelhorResultado(kg)PiorResultado(kg)C1 2.233 a 2,01 a 4,96 0,92C2 2.166 a 1,95 a 4,42 0,62C3 2.344 a 2,11 a 2,94 1,46C4 1.733 a 1,56 a 2,49 0,76C5 2.866 a 2,58 a 3,97 1,34C6 322 b 0,29 b 0,74 0,02C7 1.966 a 1,77 a 2,58 0,82C8 1.955 a 1,76 a 2,62 0,51*Médias segui<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s mesmas letras nas colunas não diferem entre si pelo Teste de Skott-Knott a 5% designificância; CV=48%No ano de 2011 a diferença entre as médias de produtivi<strong>da</strong>de dos clones tambémfoi altamente significativa. Os <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> Tabela 03 indicam que houve a formação de trêsgrupos distintos e os acessos C5, C1 e C3, assim como no ano anterior, destacaram-se dentreos demais, porém, desta vez, compondo sozinhos o primeiro grupo, com médias de 3,05, 2,97e 2,83 kg.planta -1 ao ano, respectivamente. Destacou-se negativamente pela segun<strong>da</strong> vez oclone C6, o menos produtivo, com apenas 0,448 kg.planta -1 ao ano.


283,50Peso de Amêndoas Secas (kg)3,002,502,001,501,000,500,00C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8Acessos clonais2010 2011Figura 03. Peso médio de amêndoas secas por planta por acesso em 2010 e 2011.Tabela 03. Dados de produtivi<strong>da</strong>de de amêndoas secas de cacau no ano 2011.CloneProdutivi<strong>da</strong>deMédia(kg.ha -1 )*Peso Médio deAmêndoas Secas(kg.planta -1 )*MelhorResultado(kg)PiorResultado(kg)C1 3.300 a 2,97 a 5,16 0,85C2 2.366 b 2,13 b 3,46 1,10C3 3.144 a 2,83 a 4,92 1,62C4 1.955 b 1,76 b 3,28 0,68C5 3.377 a 3,04 a 5,84 1,46C6 500 c 0,45 c 1,14 0,07C7 1.911 b 1,72 b 2,80 0,74C8 1.855 b 1,67 b 3,49 0,66*Médias segui<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s mesmas letras nas colunas não diferem entre si pelo Teste de Skott-Knott a 5% designificância; CV=51%.Com exceção do clone C6, a produtivi<strong>da</strong>de média dos demais clones no quintoano de campo foram superiores ao observado na Bahia por Man<strong>da</strong>rino e Sena Gomes (2009)em clones <strong>da</strong> mesma i<strong>da</strong>de. Esses autores observaram produtivi<strong>da</strong>des que variaram de 0,439 a


291,377 kg.planta -1 ao ano. Considerando esses resultados e que no ano <strong>da</strong> avaliação os clonesencontravam-se na fase juvenil, período que segundo Dias et al. (2003) vai dos três aos cincoanos de i<strong>da</strong>de, os clones avaliados podem ser considerados promissores.Dentre os oito acessos avaliados, seis obtiveram evolução positiva no peso médiode amêndoas secas por planta de um ano para outro, porém os acessos C7 e C8 apresentaramligeira que<strong>da</strong> de suas médias em 2011, conforme ilustra a Figura 03.Após a obtenção dos valores de produção média em peso de amêndoas secas porplanta, por acesso clonal, foi possível estimar as produtivi<strong>da</strong>des médias por hectare para osdois anos, conforme disposto nas Tabelas 02 e 03 e ilustrado na Figura 04. No ano de 2010 osclones C5, C3, C1 e C2 destacaram-se dentre os demais com respectivas produtivi<strong>da</strong>des de2.866, 2.344, 2.233 e 2.166 Kg.ha -1 , sendo que os quatro juntos foram responsáveis por 62%do total produzido no ano. No ano seguinte, três destes quatro acessos clonais foram os maisprodutivos, havendo, porém, uma inversão de posição entre eles C5, C1 e C3, comprodutivi<strong>da</strong>des médias de 3.377, 3.300 e 3.144 Kg.ha -1 , respectivamente. As produções dessestrês acessos representaram aproxima<strong>da</strong>mente 53% do produzido em to<strong>da</strong> a área experimentalno ano de 2011.3.5003.000Produtivi<strong>da</strong>de (kg/ha)2.5002.0001.5001.0005000C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8Acessos Clonais2010 2011Figura 04. Produtivi<strong>da</strong>de de amêndoas secas por clone (kg.ha -1 ) nos anos 2010 e 2011.


30Estes resultados tornam-se bastante interessantes quando comparados comresultados obtidos por Souza (2011) em lavoura de híbridos na mesma proprie<strong>da</strong>de rural. Aautora observou produtivi<strong>da</strong>des de 2.765 a 3.377 Kg.ha -1 ao ano em lavoura com nove anos dei<strong>da</strong>de submeti<strong>da</strong> à prática de calagem e adubação com macro e micronutrientes desde os cincoanos de i<strong>da</strong>de. Logo, ao considerar que os acessos clonais pesquisados se encontram comapenas seis anos de i<strong>da</strong>de, torna-se possível levantar a hipótese de precoci<strong>da</strong>de e altapotenciali<strong>da</strong>de produtiva dos mesmos, com exceção do clone C6.Os altos coeficientes de variação, 48% e 51%, em 2010 e 2011, respectivamente,são indicativos <strong>da</strong> grande variabili<strong>da</strong>de genética entre os oito acessos, o que pode explicar asdistintas respostas dos acessos na interação com o fator ambiente, pois apesar de seis dos oitoclones terem apresentado incremento de produtivi<strong>da</strong>de de um ano para outro, os valores forammuito diferentes, oscilando de 9% a 55% de ganhos em produtivi<strong>da</strong>de de amêndoas secas. Jáos acessos C7 e C8 tiveram respectivas per<strong>da</strong>s de 3% e 5%.Outro fator importante é a compatibili<strong>da</strong>de genética. Avaliando esse quesitonestes mesmos oito acessos, Oliveira (2012) observou que todos eles são autoincompatíveis.Porém, o autor notou que os clones C1 e C2, C1 e C3, C2 e C3, C3 e C4, C4 e C5, C5 e C6,C7 e C8 são compatíveis entre si e apenas os clones C6 e C7 são interincompatíveis.Apesar de a maior média de peso de amêndoas secas por planta ter sido de 3,05Kg.planta -1 , como consta na Tabela 03, muitas plantas apresentaram valores de produçãomuito acima ou muito abaixo <strong>da</strong>s médias dos acessos clonais de que fazem parte, podendo-severificar amplitudes de até 4,38 Kg entre plantas do mesmo acesso (Tabela 03). Esse é umproblema típico em clones autoincompatíveis, pois ficam dependentes <strong>da</strong>s característicasbotânicas dos clones adjacentes, logo, mesmo sendo intercompatíveis, dependem, porexemplo, de florescerem ao mesmo tempo para que ocorra a troca de pólen.As produções de ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s oito plantas dos oito acessos clonais nos dois anosde avaliação podem ser observa<strong>da</strong>s na Tabela 01A (Apêndice). Os valores ilustrados nessatabela demonstram que plantas genotipicamente idênticas responderam de forma muitodiferente à influência dos fatores ambiente e compatibili<strong>da</strong>de genética no que diz respeito àprodução de amêndoas secas, demonstrando assim a instabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> produção quando seusam plantas reproduzi<strong>da</strong>s assexua<strong>da</strong>mente e que sejam autoincompatíveis, mesmo que asadjacentes sejam intercompatíveis, pois tão logo sendo intercompatíveis, os clones dependemde flores uns dos outros, ou seja, que os clones floresçam simultaneamente, o que nem sempreocorre em condições de campo.


31Nos trabalhos com clones de cacaueiros, é muito importante a questão <strong>da</strong>compatibili<strong>da</strong>de sexual, pois, de acordo com Dias (2003), na espécie avalia<strong>da</strong> podem ocorreras quatro situações de compatibili<strong>da</strong>de, ou seja, plantas autocompatíveis, autoincompatíveis,intercompatíveis e interincompatíveis.Ao se constatar a grande heterogenei<strong>da</strong>de ocorri<strong>da</strong> nos resultados de produção deamêndoas secas por planta tornou-se importante fazer menção àquelas plantas que derammelhor resposta à influência ambiental e destacaram-se dentre as demais.Nas Figuras 05 e 06 pode ser visualizado o comportamento <strong>da</strong>s 10 plantas maisprodutivas dentre as 64 avalia<strong>da</strong>s nos dois anos. Nota-se que estas plantas têm conseguidoexpressar o potencial produtivo dos acessos clonais, no entanto considerando-se que to<strong>da</strong>selas foram submeti<strong>da</strong>s às mesmas condições ambientais, novamente fica evidente o efeito <strong>da</strong>compatibili<strong>da</strong>de sexual na produção de amêndoas em plantas de mesmo genótipo emTheobroma cacao L.1506,00Frutos Colhidos (Unid.)1351201059075604530154,964,423,973,413,172,942,812,622,602,585,004,003,002,001,00Peso de Amêndoas Secas (kg)0C1P1 C2P1 C5P1 C5P2 C5P5 C3P6 C3P1 C8P8 C3P7 C7P3PlantasTFC* TFVB** TFPP*** PAS****0,00*Total de Frutos Colhidos;**Total de Frutos Infectados por Vassoura-de-bruxa;***Total de Frutos Infectadospor Podridão-par<strong>da</strong>;****Peso de Amêndoas Secas.Figura 05. Detalhes <strong>da</strong>s 10 plantas com melhor desempenho de produtivi<strong>da</strong>de de amêndoassecas (kg.planta -1 ) no ano de 2010.


321607,00Frutos Colhidos (Unid.)140120100806040205,845,164,924,664,293,743,503,493,463,366,005,004,003,002,001,00Peso de Amêndoas Secas (kg)0C5P1 C1P1 C3P7 C1P5 C3P6 C3P8 C5P5 C8P4 C2P8 C1P6PlantaTFC* TFVB** TFPP*** PAS****0,00*Total de Frutos Colhidos;**Total de Frutos Infectados por Vassoura-de-bruxa;***Total de Frutos Infectadospor Podridão-par<strong>da</strong>;****Peso de Amêndoas Secas.Figura 06. Detalhes <strong>da</strong>s 10 plantas com melhor desempenho de produtivi<strong>da</strong>de de amêndoassecas (kg.planta -1 ) no ano de 2011.Os resultados até então obtidos indicam que o planejamento de plantios comclones de cacaueiros deve ser realizado respeitando-se o critério <strong>da</strong> compatibili<strong>da</strong>de sexualcom a devi<strong>da</strong> observação <strong>da</strong> disposição dos clones no campo, colocando lado a lado clonesintercompatíveis de florescimento simultâneo, mesmo que sejam autoincompatíveis.É possível, por exemplo, compor arranjos produtivos com os clones C5, C1 e C3,os quais, apesar de serem autoincompatíveis, sendo, porém, intercompatíveis com seusrespectivos acessos adjacentes, alcançaram produtivi<strong>da</strong>des médias por planta de 2,58; 2,01 e2,11 kg, com máximos de 3,97; 4,96 e 2,94 kg, respectivamente, aos cinco anos de campo, emédias de 3,04; 2,97 e 2,83 kg, com máximos de 5,84; 5,16 e 4,92, respectivamente, no sextoano (Tabelas 02 e 03), o que habilita tais acessos a serem considerados como altamentepromissores, uma vez que as plantas encontravam-se ain<strong>da</strong> na fase juvenil (DIAS, 2003).Considerando as 10 plantas mais produtivas no ano de 2010, observa-se na Figura05 que elas produziram entre 55 e 126 frutos, e que plantas dos acessos clonais C5, C1 e C3,principalmente, foram mais produtivas que acessos avaliados por Pires (2003), que


33contabilizaram médias de 37 a 65 frutos, e Almei<strong>da</strong> et al. (2009 A) com 70 a 108 frutos namesma i<strong>da</strong>de.Com relação ao índice de doenças em frutos (vassoura-de-bruxa e podridão-par<strong>da</strong>)<strong>da</strong>s 10 plantas mais produtivas no ano de 2010 (Figura 05), verificou-se variação de 0% a3,5% para vassoura-de-bruxa e de 0% a 7,7% para podridão-par<strong>da</strong>, índices consideradosbaixos e interessantes para programas de melhoramento de acordo com Machado et al. (2004),sendo que <strong>da</strong>s dez plantas, seis não registraram sintomas de vassoura-de-bruxa em frutos.Analisando os <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> Figura 06, comparativamente com os <strong>da</strong> Figura 05, seobservou que as plantas C5P1, C1P1, C3P7, C3P6 e C5P5 permaneceram entre as dez maisprodutivas no ano de 2011, com considerável incremento de produtivi<strong>da</strong>de, destaca<strong>da</strong>mente asplantas C5P1, C1P1 e C3P7 com mais de 4,9 kg de amêndoas secas por planta no sexto anode campo.No ano de 2011 o índice de doença em frutos variou de 0% a 2,4% para vassourade-bruxae 0% a 11,6% para podridão-par<strong>da</strong> (Figura 06). Nesse ano cinco plantas nãoapresentaram sintomas de vassoura-de-bruxa, <strong>da</strong>s quais duas também não apresentaramsintomas <strong>da</strong> doença em frutos no ano anterior (C5P1 e C5P5), e em uma planta, a C1P1, nãose verificou sintomas de nenhuma <strong>da</strong>s duas enfermi<strong>da</strong>des. Embora sejam preliminares, essesresultados são promissores com relação à tolerância <strong>da</strong>s plantas às duas mais importantesenfermi<strong>da</strong>des <strong>da</strong> lavoura cacaueira no Brasil, principalmente para os programas demelhoramento genético. É importante que os acessos clonais sejam avaliados pelo menos atéo décimo ano de campo, quando as plantas são considera<strong>da</strong>s fisiologicamente adultas (DIAS,2003).4.2 – NÚMERO MÉDIO DE SEMENTES E PESO MÉDIO DE SEMENTES ÚMIDAS PORFRUTOOs valores para o descritor número médio de sementes por fruto apresentaramdiferença altamente significativa (p < 0,01) pelo Teste de Skott-Knott a 5% de significância,havendo formação de dois grupos, conforme exposto na Tabela 04. A Figura 07 expõe osvalores médios do número de sementes e peso de sementes úmi<strong>da</strong>s por fruto, por acessoclonal. Os acessos C6 e C8 foram incluídos no mesmo grupo, com as menores médias desementes por fruto, 34 e 38, respectivamente, médias estas correspondentes às obti<strong>da</strong>s porKobayashi et al. (2001) em acessos de cacaueiros silvestres originários do Estado de


34Rondônia (33 sementes.fruto -1 ), porém menores que as dos acessos originários do Estado doPará (44 sementes.fruto -1 ), a maior média dentre os acessos de origem amazônica. Os demaisacessos apresentaram médias estatisticamente iguais que variaram de 43 a 51 sementes porfruto, sendo que os clones C1 e C5 obtiveram médias iguais à média encontra<strong>da</strong> porKobayashi et al. (2001) para clones de matrizes originárias do Estado do Pará e os clones C3 eC4 médias superiores.Tabela 04. Número médio de sementes por fruto, desvio padrão e coeficiente de variação.CloneMédia*MaiorValorMenorValorDesvioPadrãoCoef.Var.(%)C1 44 a 51 34 5,5918 12,67C2 45 a 51 35 5,7306 12,63C3 48 a 55 45 3,3139 6,89C4 51 a 61 35 8,5524 16,61C5 44 a 50 32 5,7009 12,88C6 35 b 47 17 10,794 31,06C7 43 a 50 31 6,1876 14,22C8 38 b 49 21 8,6839 22,63*Médias segui<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s mesmas letras não diferem estatisticamente entre si pelo Teste de Skott-Knott a 5% designificância.


3560140,0050120,87111,12120,00118,12128,37107,12115,50120,00Sementes (Unid.)40302076,62100,0080,0060,0040,00Sementes Úmi<strong>da</strong>s (g)1020,000C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8Acessos Clonais0,00Número de Sementes por frutopeso de sementes úmi<strong>da</strong>s por frutoFigura 07. Valores médios de número de sementes e peso médio de sementes úmi<strong>da</strong>s porfruto.O coeficiente de variação médio foi de 16% para o quesito número médio desementes por fruto, valor que segundo Kobayashi et al. (2001) é considerado normal para estecaráter. A Tabela 04 exibe os coeficientes de variação individuais dos acessos, os quais foramconsiderados satisfatórios (baixos), com exceção do acesso C6, que obteve coeficiente devariação superior a 30%. O acesso clonal C6 foi autoincompatível como os demais, porém,segundo Oliveira (2012) ele foi também interincompatível com um dos acessos clonaisadjacentes, o que pode ter influenciado no aumento <strong>da</strong> variabili<strong>da</strong>de desse quesito.Na média geral, o Teste de Skott-Knott indicou que houve diferença significativaentre os pesos médios de sementes úmi<strong>da</strong>s por fruto (0,01 ≤ p < 0,05) com a formação de doisgrupos (Tabela 05). O pior desempenho foi o do acesso clonal C6 com média geral de 76,62g.fruto -1 . Os demais acessos tiveram médias considera<strong>da</strong>s estatisticamente iguais, porém sefaz importante observar que os acessos C5, C1 e C3 obtiveram valores médios iguais ousuperiores a 120 g.fruto -1 , como pode ser observado na Figura 07. Vale ressaltar que somenteo acesso C6 não alcançou a média de peso de sementes úmi<strong>da</strong>s (100 g.fruto -1 ) menciona<strong>da</strong> porPina (2001).


36Tabela 05. Peso médio de sementes úmi<strong>da</strong>s por fruto nos períodos chuvoso e seco, médiageral, desvio padrão e coeficiente de variação.CloneMédia1*Peso Médio de Sementes Úmi<strong>da</strong>s por Fruto (g)Média2**MédiaGeral***MaiorValorMenorValorDesvioPadrãoCoef.Var.(%)C1 125,00 A 116,75 A 120,87 a 154 101 15,1699 12,55C2 129,50 A 92,75 B 111,12 a 153 88 22,7875 20,51C3 133,50 A 106,50 B 120,00 a 138 95 17,6068 14,67C4 142,75 A 93,50 A 118,12 a 243 87 52,3599 44,33C5 132,75 A 124,00 A 128,37 a 171 97 23,1636 18,04C6 92,50 A 60,75 A 76,62 b 118 40 26,624 34,75C7 123,00 A 91,25 A 107,12 a 155 76 26,3571 24,6C8 97,25 A 133,75 A 115,50 a 168 73 28,5056 24,68*Médias do período chuvoso; **Médias do período seco e ***Médias gerais. Médias segui<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s mesmas letrasmaiúsculas nas linhas e segui<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s mesmas letras minúsculas nas colunas, não diferem estatisticamente entre sipelos Testes de Tukey e de Skott-Knott a 5% de probabili<strong>da</strong>de, respectivamente.O peso <strong>da</strong>s amêndoas úmi<strong>da</strong>s por fruto foi avaliado em duas épocas do ano (finaldo período chuvoso e pleno período de estiagem) para verificar o efeito do clima sobre essequesito (Tabela 05). Os <strong>da</strong>dos de ca<strong>da</strong> acesso clonal foram submetidos ao Teste de Tukey a5% de significância. Os resultados revelaram que apenas os acessos C2 e C3 apresentarammédias estatisticamente diferentes, com considerável que<strong>da</strong> na quanti<strong>da</strong>de de polpa noperíodo seco do ano.4.3 – PESO MÉDIO DE AMÊNDOA SECA E PESO MÉDIO DE COTILÉDONE SECOA amêndoa é o principal produto comercializável <strong>da</strong> lavoura cacaueira, sendo estenecessariamente, o produto que sai <strong>da</strong>s fazen<strong>da</strong>s de cacau rumo à indústria, e pelo qual oagricultor é remunerado. Logo, dentre as características mais importantes a serem observa<strong>da</strong>sencontra-se o Peso Médio <strong>da</strong> Amêndoa Seca. Mendes e Lima (2001) comentados porSUFRAMA (2003) evidenciaram a vantagem do cacau produzido no território <strong>da</strong>Transamazônica sobre as demais regiões produtoras em peso médio de amêndoa seca, sendo opadrão internacional (África Ocidental) de 1,00 g, na Bahia também de 1,00 g e no território<strong>da</strong> Transamazônica 1,06 g por amêndoa seca.


37O item peso de amêndoa seca foi avaliado também em duas épocas no ano de2010 (julho e outubro), para verificar o efeito do clima sobre esse quesito. Em valores médiosgerais (<strong>da</strong>s duas épocas) os resultados indicaram diferença altamente significativa (p < 0,01)pelo Teste de Skott-Knott (Tabela 06). Houve formação de quatro grupos estatísticosdiferentes, com destaque para o acesso C5 que compôs sozinho o primeiro grupo, com médiade 1,07 g.amêndoa -1 , valor este que se enquadra no padrão médio <strong>da</strong> Transamazônicamencionado por Mendes e Lima (2001) apud SUFRAMA (2003). Esses resultados estãoilustrados na Figura 08.Pelos resultados <strong>da</strong> Tabela 06, exceto o acesso C5, nenhum atingiu a médiainternacional de 1,00 grama por amêndoa seca, embora os acessos clonais C3, C6, C1 e C7com 0,99; 0,99; 0,98 e 0,97 g.amêndoa -1 , respectivamente, tenham se aproximado do valorpadrão internacional. A menor média de peso de amêndoa seca foi obti<strong>da</strong> pelo acesso C4, com0,82 g.amendoa -1 . Nas avaliações individuais, foram encontra<strong>da</strong>s amêndoas secas com pesosvariando entre 0,36 e 1,44 g, representando uma amplitude de 1,08 g. O coeficiente devariação médio geral foi de 17%, valor este considerado normal por Kobayashi et al. (2001)para o caráter.Tabela 06. Peso médio de amêndoa seca nos períodos chuvoso e seco, média geral, desviopadrão e coeficiente de variação.Peso Médio de Amêndoa Seca (g)Clone Média1*Média2**MédiaGeral***MaiorValorMenorValorDesvioPadrãoCoef.Var.(%)C1 1,04 A 0,93 B 0,98 b 1,25 0,66 0,13467 13,68C2 1,03 A 0,81 B 0,92 c 1,22 0,61 0,14738 15,94C3 1,07 A 0,92 B 0,99 b 1,29 0,65 0,14594 14,68C4 0,88 A 0,77 B 0,82 d 1,20 0,50 0,14905 18,13C5 1,19 A 0,95 B 1,07 a 1,44 0,62 0,18412 17,17C6 1,08 A 0,89 B 0,99 b 1,30 0,57 0,17041 17,28C7 1,06 A 0,87 B 0,97 b 1,33 0,49 0,20032 20,67C8 0,85 B 1,00 A 0,92 c 1,18 0,36 0,17407 18,89*Médias do período chuvoso; **Médias do período seco e ***Médias gerais. Médias segui<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s mesmas letrasmaiúsculas nas linhas e segui<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s mesmas letras minúsculas nas colunas, não diferem estatisticamente entre sipelos Testes de Tukey e de Skott-Knott a 5% de probabili<strong>da</strong>de, respectivamente.


38Quando analisados de acordo com a época do ano (chuvosa e estiagem), todos osoito acessos apresentam diferença altamente significativa (Tukey, p < 0,01), com maioresmédias na época de chuvas e menores na época de estiagem (Tabela 06). A única exceção foio acesso clonal C8, que apresentou peso médio maior no período de estiagem, atingindoinclusive a média padrão internacional. As per<strong>da</strong>s de peso no período de estiagem variaram de11% a 21% para os acessos C1 a C7. Contudo, no acesso C8, que houve a inversão dessequadro, ocorreu ganho de 18% no peso <strong>da</strong> amêndoa seca. Esta característica pode indicara<strong>da</strong>ptação ou maior tolerância deste acesso clonal a ambientes com menor disponibili<strong>da</strong>de deágua.Com relação às médias obti<strong>da</strong>s na estação chuvosa, apenas os acessos C4 e C8tiveram médias inferiores a 1,00 g (Tabela 06), enquanto na época de estiagem apenas oacesso C8 atingiu a média de 1,00 g.Segundo Scerne (2001) a quanti<strong>da</strong>de de precipitação ideal para o cacaueiro naregião Oeste do Estado do Pará oscila entre 150 mm e 208 mm mensais. Conforme exibe oQuadro 01A (Apêndice), precipitações pluviométricas mensais próximas às menciona<strong>da</strong>s porScerne (2001), em 2010 e 2011, somente ocorreram nos meses de janeiro a maio, portanto, asmédias obti<strong>da</strong>s neste período, caso haja disponibili<strong>da</strong>de de nutrientes no solo, podem serconsidera<strong>da</strong>s as médias normais destes acessos clonais. Uma vez constata<strong>da</strong> a influênciadireta <strong>da</strong> quanti<strong>da</strong>de de água disponível sobre o peso <strong>da</strong> amêndoa, estes resultados podemservir de subsidio para discussões sobre a importância <strong>da</strong> irrigação na lavoura cacaueira,principalmente para solos de textura média a arenosa, abun<strong>da</strong>ntes na Amazônia, como osLatossolos.


391,201,000,80Peso (g)0,600,400,200,00C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8Acessos ClonaisPeso de Amêndoa SecaPeso de Cotilédone SecoFigura 08. Valores médios de peso de amêndoa seca e peso de cotilédone seco por clone.O cotilédone seco e limpo ou nibs é a parte do cacau beneficia<strong>da</strong> pela indústriachocolateira para a fabricação do chocolate e, de acordo com CEPLAC (2011), os cotilédonesrepresentam somente 8% do peso do fruto, contudo, ain<strong>da</strong> assim com este baixo percentual deaproveitamento a lavoura cacaueira mostra-se altamente viável, justificando o fruto docacaueiro ser chamado de “fruto de ouro”.Segundo Kobayashi et al. (2001) os cotilédones de cacau devem atender aospadrões de quali<strong>da</strong>de que a indústria exige e o tamanho <strong>da</strong> semente é uma <strong>da</strong>s característicasmais importantes, podendo influenciar diretamente no rendimento, pois quanto menor asemente maior a proporção de casca (testa), fator que provoca menor aceitação comercial doproduto por diminuir o rendimento de um lote de cacau para a indústria.Conforme demonstrado na Figura 08 e Tabela 07, para o descritor peso médio decotilédone seco, nenhum clone apresentou peso médio anual igual ou superior a 1,00 gramapor cotilédone. No entanto, pelo Teste de Skott-Knott (P < 0,01) o melhor desempenho foiobtido pelo acesso clonal C5, com 0,95 g por cotilédone. Nas análises individuais doscotilédones desse acesso, foi observado que mais de 40% de seus cotilédones possuíram pesosuperior a 1,00 g.


40Tabela 07. Peso médio de cotilédone seco nos períodos chuvoso e seco, média geral, desviopadrão e coeficiente de variação.CloneMédia1*Média2**Peso Médio de Cotilédone Seco (g)MédiaGeral***MaiorValorMenorValorDesvioPadrãoCoef.Var.(%)C1 0,91 A 0,81 B 0,86 b 1,1 0,56 0,12163 14,11C2 0,92 A 0,68 B 0,80 c 1,1 0,48 0,1487 18,55C3 0,96 A 0,79 B 0,87 b 1,15 0,54 0,14051 16,04C4 0,77 A 0,67 B 0,72 d 1,08 0,44 0,13384 18,51C5 1,07 A 0,82 B 0,95 a 1,31 0,52 0,18304 19,31C6 0,88 A 0,78 B 0,83 c 1,06 0,4 0,14008 16,86C7 0,90 A 0,75 B 0,83 c 1,12 0,4 0,16672 20,13C8 0,76 B 0,87 A 0,81 c 1,06 0,31 0,15884 19,54*Médias do período chuvoso; **Médias do período seco e ***Médias gerais. Médias segui<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s mesmas letrasmaiúsculas nas linhas e segui<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s mesmas letras minúsculas nas colunas, não diferem estatisticamente entre sipelos Testes de Tukey e de Skott-Knott a 5% de probabili<strong>da</strong>de, respectivamente.Assim como em outras características morfológicas, na Tabela 07 também seobserva que os acessos C1 e C3, componentes do segundo grupo estatístico (Skott-Knott,p


41As médias de peso de cotilédone na época de estiagem reduziram de 11% a 26%em relação às <strong>da</strong> estação chuvosa, porém, o acesso C8 no mesmo período apresentouincremento de 13% no peso de cotilédone seco.4.4 – PESO MÉDIO DE FRUTOS E PESO MÉDIO DE CASCASO fruto do cacaueiro divide-se basicamente em casca e sementes, que representamrespectivamente 80% e 20% do peso do fruto, conforme menciona Pina (2001). O estudodesta relação tem demonstrado que nem sempre frutos com maior peso apresentam maiorpercentual em peso de sementes, como demonstrado por Kobayashi et al. (2001) emcacaueiros silvestres <strong>da</strong> Amazônia brasileira, dentre os quais, o acesso que apresentou frutosmais pesados obteve rendimento de apenas 20,79% e o acesso de frutos menos pesadosrendeu em média 37,30% em peso de sementes.Para a característica Peso de Fruto (Tabela 08), dentre todos os analisados nos oitoacessos o fruto mais pesado encontrado foi de 713 g e o mais leve foi de 205 g pertencentesaos acessos C8 e C6, respectivamente, correspondendo a uma amplitude de 508 g, e variaçãode 71%, valor considerado bastante alto comparativamente aos resultados obtidos porKobayashi et al. (2001), permitindo a observação de grande variabili<strong>da</strong>de entre os acessospara esta característica.Na avaliação <strong>da</strong>s médias de peso de fruto (Tabela 08) houve a identificação dediferença altamente significativa de acordo com o Teste de Skott-Knott (p < 0,01), comformação de dois distintos grupos. Na Figura 09 está conti<strong>da</strong> a representação dos valoresmédios de peso de frutos por acesso, onde as menores médias foram encontra<strong>da</strong>s nos acessosC4 e C6, com 353 e 299 g.fruto -1 . Todos os acessos obtiveram valores médios abaixo dosobservados por Kobayashi et al. (2001) para acessos do Estado do Pará (554 g.fruto -1 ).


42Tabela 08. Valores médios de peso de frutos (g), desvio padrão e coeficiente de variação.CloneMédia*MaiorValorMenorValorDesvioPadrãoCoef.Var.(%)C1 503 a 630 364 85,11410 16,92C2 453 a 640 300 127,71781 28,19C3 482 a 661 333 93,72909 19,44C4 353 b 448 272 60,42099 17,11C5 429 a 643 309 104,17353 24,27C6 299 b 445 205 88,52270 29,64C7 414 a 681 280 135,14965 32,60C8 449 a 713 320 134,17686 29,88*Médias segui<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s mesmas letras não diferem entre si pelo Teste de Skott-Knott a 5% de significância.550500450400350Peso (g)300250200150100500C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8Acessos ClonaisPeso Médio de FrutosPeso Médio de CascasFigura 09. Valores médios de peso de frutos e peso de cascas.O descritor peso de frutos apresentou coeficiente de variação médio de 25%. Entreos acessos os coeficientes de variação ocorreram entre 16,92% e 32,60%, sendo que Engels(1981) comentado por Kobayashi et al. (2001) corrobora que valores de coeficiente devariação acima de 20% considerados altos estatisticamente, possivelmente são característicos


43deste caráter. Alguns valores de desvio padrão informados na Tabela 08, são consideradosaltos e segundo Pimentel Gomes (1987) citado por Kobayashi et al. (2001) valores de desviopadrão elevados indicam que os <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> pesquisa são heterogêneos e valores baixosrepresentam maior homogenei<strong>da</strong>de.No descritor Peso de Casca, o Teste de Skott-Knott (p< 0,01) atestou que asdiferenças foram altamente significativas com dois grupos estatísticos distintos. A ordem deposicionamento <strong>da</strong> maior à menor média foi a mesma apresenta<strong>da</strong> para peso de frutos, sendoque os acessos C1, C3 e C2 obtiveram as maiores médias conforme se pode notar na Figura09. No entanto, de acordo com a observação feita por Kobayashi et al. (2001) em função de acasca não ter valor comercial deverá se considerar como melhores aquelas médias queapresentaram os menores valores, desta forma, os acessos C4 e C6, de acordo com o que seobserva na Tabela 09, encaixam-se neste perfil.Tabela 09. Valores médios de peso de cascas (g), desvio padrão e coeficiente de variação.Maior Menor Desvio Coef.Clone Média*Valor Valor Padrão Var.(%)C1 383 a 457 310 55,58744 14,53C2 333 a 492 207 103,73017 31,15C3 347 a 492 229 72,79501 20,97C4 227 b 275 177 35,72114 15,73C5 289 a 450 197 79,60700 27,57C6 216 b 344 139 68,72179 31,79C7 299 a 511 194 110,02144 36,85C8 322 a 528 221 103,76700 32,19*Médias segui<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s mesmas letras não diferem entre si pelo Teste de Skott-Knott a 5% de significância.Este descritor teve coeficiente de variação igual a 27%. Foram verifica<strong>da</strong>s grandesdiferenças entre os coeficientes de variação dos acessos, que variaram de 14,53% a 36,85%.Os desvios padrão observados são muitos altos (35,72114 a 110,02144), o que representagrande dispersão também para este item.Na análise <strong>da</strong> relação entre peso de fruto e peso de casca observou-se que, para osacessos avaliados, a casca representou C1 (76%), C2 (73%), C3 (72%), C4 (64%), C5 (67%),C6 (72%), C7 (72%) e C8 (72%) do peso do fruto. A partir deste caráter, pode-se observar


44que todos os acessos obtiveram rendimento em peso de sementes úmi<strong>da</strong>s superiores aomencionado como padrão (20%) por Pina (2001). Porém, se devem notar os altos rendimentosapresentados pelos acessos C4 e C5, 36% e 33% em peso de sementes úmi<strong>da</strong>s,respectivamente, o que se traduz em maior rendimento de polpa, que é um produto com valorcomercial estimável para as indústrias desse segmento.Considerando o fator de conversão de peso de sementes úmi<strong>da</strong>s em peso deamêndoas secas (0,4) estabelecido por Pina (2001) e relacionando-o com os respectivosrendimentos obtidos pelos oito acessos clonais, pode-se observar que serão necessáriasdiferentes quanti<strong>da</strong>des de frutos para obtenção de um quilo de amêndoas secas. Logo,analisando as médias de peso de sementes úmi<strong>da</strong>s de ca<strong>da</strong> acesso em função do fator deconversão (0,4), foi possível verificar que para obtenção de um quilo de amêndoas secas osacessos clonais produziram em média as seguintes quanti<strong>da</strong>des de frutos: C1 (20,7), C2(22,5), C3 (20,8), C4 (21,2), C5 (19,5), C6 (32,6), C7 (23,3) e C8 (21,6).4.5 – PRODUÇÃO ANUAL DE FRUTOS E ÍNDICES DE VASSOURA-DE-BRUXA EPRODRIDÃO-PARDA EM FRUTOSDe acordo com CEPLAC (2011), um dos pré-requisitos necessários para a seleçãode plantas em campo para inclusão em programas de melhoramento é a produção média de 50a 80 frutos anuais por planta.Os <strong>da</strong>dos de produção de frutos dos dois anos de pesquisa indicaram que houvediferença altamente significativa nas médias dos acessos clonais (Skott-Knott, p< 0,01). Osresultados <strong>da</strong>s Tabelas 10 e 11 indicam que o acesso clonal C6 nos dois anos e o acesso C8 noano de 2011 se enquadraram no segundo grupo, com os piores desempenhos. Os demaisacessos foram estatisticamente iguais nesse quesito, com destaque para o acesso C3 no ano de2010, que produziu mais de 60 frutos por planta no quinto ano de campo, e os acessos C3 eC5 no ano de 2011, que produziram mais de 70 frutos por planta.Excetuando-se o acesso clonal C6, as médias de produção de frutos de 2010 foramsemelhantes às médias obti<strong>da</strong>s por Pires (2003), 37,6 a 65,6 frutos em 50 genótipos na Bahia,médias estas considera<strong>da</strong>s boas para a i<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s plantas, segundo Almei<strong>da</strong> et al. (2009 A).


45Tabela 10. Número médio de frutos colhidos (FC), de frutos sadios (FS), de frutos comvassoura-de-bruxa (FVB) e de frutos com podridão-par<strong>da</strong> (FPP) por planta, por acesso clonale relação percentual no ano de 2010.Clone2010FC* FS* FVB* FPP*C1 48,7 (100,0%) a 46,5 (95,4%) a 0,7 (1,5%) b 1,5 (3,1%) bC2 51,6 (100,0%) a 46,9 (90,7%) a 1,9 (3,7%) a 2,9 (5,6%) bC3 61,9 (100,0%) a 58,4 (93,9%) a 1,1 (2,2%) b 2,4 (3,9%) bC4 43,7 (100,0%) a 34,9 (79,7%) a 2,6 (6,0%) a 6,2 (14,3%) aC5 57,5 (100,0%) a 52,4 (91,1%) a 0,4 (0,6%) b 4,7 (8,3%) aC6 11,9 (100,0%) b 11,1 (93,7%) b 0,6 (5,3%) b 0,1 (1,0%) bC7 52,6 (100,0%) a 50,7 (96,4%) a 0,2 (0,5%) b 1,6 (3,1%) bC8 38,9 (100,0%) a 36,1 (93,0%) a 0,2 (0,5%) b 2,5 (6,4%) b*Médias segui<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s mesmas letras nas colunas não diferem estatisticamente entre si pelo Teste de Skott-Knotta 5% de significância.Tabela 11. Número médio de frutos colhidos (FC), de frutos sadios (FS), de frutos comvassoura-de-bruxa (FVB) e de frutos com podridão-par<strong>da</strong> (FPP) por planta, por acesso clonale relação percentual no ano de 2011.Clone2011FC* FS* FVB* FPP*C1 69,4 (100,0%) a 66,1 (95,4%) a 0,2 (0,3%) b 3,0 (4,3%) aC2 52,0 (100,0%) a 47,7 (91,8%) a 1,1 (2,2%) b 3,1 (6,0%) aC3 74,9 (100,0%) a 72,0 (96,2%) a 0,7 (1,0%) b 2,1 (2,8%) bC4 55,5 (100,0%) a 48,2 (87,0%) a 3,1 (5,6%) a 4,1 (7,4%) aC5 72,2 (100,0%) a 67,5 (93,4%) a 0,6 (0,9%) b 4,1 (5,7%) aC6 19,5 (100,0%) b 18,5 (94,9%) b 0,0 (0,0%) b 1,0 (5,1%) bC7 56,4 (100,0%) a 55,0 (97,6%) a 0,2 (0,4%) b 1,1 (2,0%) bC8 38,9 (100,0%) b 37,7 (97,1%) b 0,0 (0,0%) b 1,1 (2,9%) b*Média segui<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s mesmas letras nas colunas não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Skott-Knott a5% de significância.No ano de 2011, conforme se pode constatar na Tabela 11, os acessos clonais C3,C5 e C1 obtiveram médias superiores a 60 frutos sadios por planta por ano, médias queFonseca (2009) considerou altas para cacaueiros jovens em pesquisa semelhante feita nascondições ambientais <strong>da</strong> Estação Recursos Genéticos José Haroldo (ERJOH) em Marituba-PA.As médias de frutos infectados pelas principais doenças <strong>da</strong> lavoura tiveramvalores bastante moderados para todos os acessos (Tabelas 10 e 11). No caso <strong>da</strong> vassoura-de-


46bruxa variou em média entre zero e três frutos infectados por planta em 2010 e 2011, comdestaque para os acessos C1, C5, C6, C7 e C8 que apresentaram médias inferiores a um frutoinfectado por planta nos dois anos. Para podridão-par<strong>da</strong> houve oscilação média de 0,1 a 6,2frutos em 2010 e de 1,0 a 4,1 frutos infectados por planta, em 2011, com destaque novamentepara os acessos C6, C7 e C8.Ao se relacionar as médias <strong>da</strong>s doenças com as médias de produção de frutospode-se considerar que em 2010 e 2011 ocorreu um elevado nível de tolerância dos acessos avassoura-de-bruxa e podridão-par<strong>da</strong>, com exceção do clone C4, que necessita maioresobservações. Vale ressaltar que as plantas estão ain<strong>da</strong> na fase juvenil, o que indica anecessi<strong>da</strong>de de que as observações se esten<strong>da</strong>m pelo menos até a maturação fisiológica <strong>da</strong>splantas.Ain<strong>da</strong> com relação às duas principais doenças, as Figuras 10 e 11 ilustram asfrequências <strong>da</strong> produção de frutos sadios, infectados por vassoura-de-bruxa e infectados porpodridão-par<strong>da</strong>. Como se pode notar apenas o clone C4 obteve menos de 90% dos frutossadios nos dois anos, porém de forma geral percebeu-se uma diminuição na frequência deincidência destas doenças nos frutos.Os índices percentuais de frutos sadios dos clones avaliados variaram de 79,7% a96,4% e de 87,0% a 97,6% em 2010 e 2011, respectivamente, e foram equivalentes com osobservados por Almei<strong>da</strong> et al. (2009 A) e por Man<strong>da</strong>rino e Sena Gomes (2009) em clonescom quatro anos de i<strong>da</strong>de (93%), quando afirmaram serem estes valores muito expressivospara melhoramento de plantas. O acesso com maior índice de frutos sadios foi o C7 e o queapresentou o menor foi C4.A distribuição <strong>da</strong> produção de frutos ao longo dos anos está ilustra<strong>da</strong> nas Figuras01A e 02A (Apêndice). Em 2010 observou-se um baixo desempenho nos cinco primeirosmeses com produções que variaram de zero a 21 frutos por acesso apenas, em segui<strong>da</strong> operíodo de pico que ocorreu nos meses de junho a agosto, período que de acordo com Dias(2001 A), corresponde à safra principal na região amazônica. Após o período de pico houvebrusca que<strong>da</strong> de produção no mês de setembro e posteriormente, pequena ascensão que seguiuaté o mês de dezembro.No ano de 2011, com exceção do acesso C3, não foi observado pico definido deprodução, pois alguns meses, como janeiro, março, maio, junho, julho e dezembroapresentaram índices de frutos relativamente parecidos, caracterizando uma melhordistribuição <strong>da</strong> produção ao longo do ano.


47100%90%80%Frequência (%)70%60%50%40%30%20%10%0%PFS* PFVB** PFPP***C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8Figura 10. Valores percentuais de frutos sadios*, percentuais de frutos com vassoura-debruxa**e percentuais de frutos com podridão-par<strong>da</strong>*** em 2010.Os índices de vassoura-de-bruxa oscilaram entre 0,5% (C7 e C8) e 6,0% (C4) em2010 e de zero (C6 e C8) a 5,6% (C4) em 2011, podendo-se verificar uma sutil redução noíndice de frutos infectados (Tabelas 10 e 11), além de que segundo Machado et al. (2004)estes índices indicam bom nível de tolerância a vassoura-de-bruxa. Os meses em que mais severificou infecção em frutos foram junho, julho, agosto e outubro somando 86% <strong>da</strong>s 65infecções de frutos observa<strong>da</strong>s em todo o ano de 2010, já em 2011 observou-se 49 frutosinfectados com picos em maio, junho e julho que representaram 75% <strong>da</strong>s infecções. Estesresultados condizem com as afirmações de Oliveira e Luz (2005) sobre a maior pressão deinóculo no período chuvoso, posto que, os frutos colhidos nestes meses iniciam seudesenvolvimento do início ao meio do período de chuvas de acordo com <strong>Silva</strong> Neto (2001).


48100%90%80%Frequência (%)70%60%50%40%30%20%10%0%PFS* PFVB** PFPP***C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8Figura 11. Valores percentuais de frutos sadios*, percentuais de frutos com vassoura-debruxa**e percentuais de frutos com podridão-par<strong>da</strong>*** em 2011.De maneira geral, como indicam as Figuras 10 e 11, em ambos os anos os clonesforam mais susceptíveis à podridão-par<strong>da</strong> que à vassoura-de-bruxa, no entanto, os índices depodridão-par<strong>da</strong>, com exceção de C4 (14,3%) em 2010, podem ser considerados comomoderados e interessantes para melhoramento genético conforme Machado et al. (2004).Esses índices para os demais acessos, no mesmo ano, variaram de 1,0% (C6) a 8,3% (C5). Noano seguinte os índices ficaram entre 2,0% (C7) e 7,4% (C4). Como se pode notar houve umapequena diminuição no índice <strong>da</strong> doença em frutos, que se mostrou bastante significativa parao clone C4, o qual apresentou cerca de 50% de redução do índice em relação ao ano anterior.Os períodos de pico de podridão-par<strong>da</strong> em frutos estenderam-se de junho a agostoem 2010 e de maio a julho em 2011, representando 77% e 69% dos frutos infectados nosrespectivos anos. Os altos índices de infecção nestes períodos podem ser relacionados àcoincidência com o período de maior produção de frutos, pois segundo Medeiros (1967)comentado por Oliveira e Luz (2005), a incidência <strong>da</strong> doença é diretamente proporcional àprodução de frutos e à pluviosi<strong>da</strong>de, e Miran<strong>da</strong> e Cruz (1953) citados por Oliveira e Luz(2005) relacionam o aparecimento <strong>da</strong> podridão-par<strong>da</strong> a fatores meteorológicos favoráveiscomo temperatura baixa e eleva<strong>da</strong> umi<strong>da</strong>de relativa do ar, que no território <strong>da</strong>Transamazônica ocorrem principalmente nos meses de março e abril (SILVA et al. 2009).


495 – CONCLUSÃOOs acessos clonais C5, C1 e C3 foram os mais promissores, com padrões deprodutivi<strong>da</strong>de muito superiores aos demais, principalmente no sexto ano de i<strong>da</strong>de, sendo osúnicos a atingir médias de produtivi<strong>da</strong>de de amêndoas secas maiores que 3.000 Kg.ha -1 .O acesso clonal C6 foi o menos produtivo, único com média de amêndoas secaspor planta inferior a 1 Kg, foi o que obteve a maior evolução de incremento de um ano aoutro.Com exceção dos clones C6 e C8, os demais obtiveram número médio desementes por fruto maior que 40.Os acessos clonais C5, C1 e C3 têm as melhores médias nos principais descritores<strong>da</strong> caracterização morfológica: peso de sementes úmi<strong>da</strong>s por fruto, peso de amêndoas secas,peso de cotilédones secos.Os clones C4 e C5 detiveram os melhores rendimentos em peso de sementesúmi<strong>da</strong>s por fruto.Os descritores peso de amêndoa seca e peso de cotilédone seco foram maiores noperíodo chuvoso, com exceção apenas do clone C8, para o qual foram maiores no períodoseco do ano.Com exceção do clone C4, os demais tiveram índices de frutos sadios superiores a90% nos dois anos.Os índices de incidência de doenças foram considerados baixos, principalmentedos clones C1 e C7. Apenas o clone C5 não apresentou decréscimo no índice de vassoura-debruxae C1, C2 e C6 tiveram aumento nos índices de podridão-par<strong>da</strong>.


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56APÊNDICETabela 01A. Dados de produção por planta dos oito clones em 2010 e 2011.CloneC1C2C3C4Planta2010 2011TFC 1 TFVB 2 TFPP 3 PAS 4 (Kg) TFC 1 TFVB 2 TFPP 3 PAS 4 (Kg)P1 125 1 2 4,96 136 0 0 5,16P2 59 3 7 2,47 73 1 4 3,16P3 29 0 1 1,31 19 0 1 0,85P4 35 0 0 1,28 32 1 2 1,20P5 60 0 1 2,46 113 0 2 4,66P6 30 1 0 1,42 69 0 8 3,36P7 28 0 1 1,24 65 0 5 3,09P8 24 1 0 0,92 48 0 2 2,30P1 126 2 4 4,42 75 0 5 2,72P2 41 3 3 1,45 36 2 0 1,22P3 18 1 0 0,62 27 0 2 1,16P4 38 2 3 1,44 27 0 5 1,10P5 32 2 1 1,21 51 2 3 1,93P6 53 0 1 2,35 67 4 2 3,06P7 50 4 9 1,94 50 0 4 2,36P8 55 1 2 2,14 83 1 4 3,46P1 86 3 1 2,81 46 0 0 1,66P2 49 1 3 1,70 54 0 2 1,63P3 54 1 3 1,72 44 0 1 1,62P4 61 1 4 1,91 49 0 1 1,83P5 49 2 3 1,72 82 1 3 2,96P6 76 1 1 2,94 105 1 1 4,29P7 71 0 3 2,60 124 3 6 4,92P8 49 0 1 1,46 95 1 3 3,74P1 29 1 7 0,90 25 0 1 0,68P2 25 0 13 0,76 18 2 1 0,70P3 52 0 11 1,74 49 0 2 1,45P4 49 6 5 1,72 46 1 13 1,23P5 32 1 4 1,22 51 0 3 1,71P6 66 4 6 2,49 94 6 5 3,28P7 53 7 3 2,12 96 10 4 2,96P8 44 2 1 1,52 65 6 4 2,061 Total de frutos colhidos; 2 Total de frutos com vassoura-de-bruxa; 3 Total de frutos com podridão-par<strong>da</strong>; 4 Peso deamêndoas secas.Continua...


57...ContinuaçãoClone PlantaC5C6C7C82010 2011TFC 1 TFVB 2 TFPP 3 PAS 4 (Kg) TFC 1 TFVB 2 TFPP 3 PAS 4 (Kg)P1 93 0 6 3,97 150 0 3 5,84P2 78 0 6 3,41 65 1 1 2,75P3 50 1 2 2,38 49 0 3 1,93P4 43 0 0 1,95 58 0 2 2,76P5 67 0 5 3,17 74 0 7 3,50P6 47 0 3 2,20 76 2 4 3,26P7 31 1 8 1,34 32 1 2 1,46P8 51 1 8 2,24 74 1 11 2,88P1 14 0 0 0,50 44 0 2 1,14P2 1 0 0 0,05 12 0 1 0,26P3 4 0 0 0,09 4 0 0 0,07P4 12 0 0 0,26 10 0 1 0,29P5 23 2 0 0,56 27 0 2 0,60P6 6 1 0 0,09 32 0 1 0,71P7 33 2 1 0,74 21 0 0 0,44P8 2 0 0 0,02 6 0 1 0,08P1 45 0 1 1,16 51 0 2 1,50P2 35 0 0 1,20 55 0 0 1,58P3 66 0 2 2,58 64 0 2 2,04P4 55 0 1 2,04 40 0 0 1,23P5 73 0 2 2,42 98 0 0 2,80P6 53 0 2 1,96 68 1 1 2,25P7 29 1 5 0,82 28 0 3 0,74P8 65 1 0 1,98 47 1 1 1,66P1 24 0 4 1,04 39 0 0 1,61P2 12 0 0 0,51 17 0 0 0,66P3 30 0 2 1,29 19 0 0 0,85P4 52 2 3 2,50 72 0 3 3,49P5 44 0 3 2,12 26 0 1 1,14P6 56 0 2 2,48 51 0 3 1,87P7 38 0 5 1,52 40 0 1 1,68P8 55 0 1 2,62 47 0 1 2,031 Total de frutos colhidos; 2 Total de frutos com vassoura-de-bruxa; 3 Total de frutos com podridão-par<strong>da</strong>; 4 Peso deamêndoas secas.


58Quadro 01A. Dados de precipitação pluviométrica em <strong>Altamira</strong>-PA de 2008 a 2011.Precipitação Pluviométrica (mm)AnoMesesJan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez.Total2008 219 332 530 448 258 97 54 50 41 129 90 265 2.5132009 278 306 401 561 429 246 56 5 7 27 38 160 2.5112010 341 265 212 339 291 78 54 45 22 14 127 169 1.9562011 412 324 272 403 223 78 41 39 3 33 90 9 1.927Fonte: INMET – Estação Climatológica Principal de <strong>Altamira</strong>.210180Frutos Colhidos (Unid.)1501209060300JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZMêsC1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8Figura 01A. Distribuição mensal <strong>da</strong> produção de frutos em 2010.


59210180Frutos Colhidos(Unid.)1501209060300JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZMêsC1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8Figura 02A. Distribuição mensal <strong>da</strong> produção de frutos em 2011.

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