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Gestão Ambiental no Município de Altamira - FEA - UFPA/Altamira

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5COMTUR- Conselho Municipal <strong>de</strong> TurismoCONAMA- Conselho Nacional <strong>de</strong> Meio AmbienteCONSAMA- Conselho Estadual <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, Saneamento e Meio AmbienteDAB- Departamento <strong>de</strong> Ações BásicasDABC- Departamento <strong>de</strong> Ações Básicas e ComplementaresELETRONORTE- Centrais Elétricas do NorteFAG21- Fórum da Agenda 21 Local <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong>FGAM- Projeto Gestão <strong>Ambiental</strong> CompartilhadaFMA- Fundo Municipal <strong>de</strong> Meio AmbienteFNMA- Fundo Nacional <strong>de</strong> Meio AmbienteFNO- Fundo Constitucional para o Desenvolvimento do NorteIBAMA- Instituto Brasileiro dos Recursos Naturais Re<strong>no</strong>váveisIBGE- Instituto Brasileiro <strong>de</strong> Geografia e EstatísticaINCRA- Instituto Nacional <strong>de</strong> Colonização e Reforma AgráriaMAPA – Ministério da Agricultura, pecuária e AbastecimentoMMA- Ministério do Meio AmbientePARATUR- Companhia Paraense <strong>de</strong> TurismoPEMA- Política Estadual <strong>de</strong> Meio AmbientePGAI- Programa <strong>de</strong> Gestão <strong>Ambiental</strong> IntegradaPIB- Produto Inter<strong>no</strong> BrutoPIC- Pla<strong>no</strong> Integrado <strong>de</strong> ColonizaçãoPMA- Prefeitura Municipal <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong>PNMA- Política Nacional <strong>de</strong> Meio AmbientePPG7- Programa Piloto para Florestas Tropicais do BrasilSECTAM- Secretaria Executiva <strong>de</strong> Ciência, Tec<strong>no</strong>logia e Meio AmbienteSEMA- Secretaria <strong>de</strong> Estado <strong>de</strong> Meio AmbienteSEMAGRI- Secretaria Municipal <strong>de</strong> Agricultura e AbastecimentoSEMAT- Secretaria Municipal da Gestão do Meio Ambiente e TurismoSESPA- Secretaria <strong>de</strong> Estado <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> PúblicaSISMUMA- Sistema Municipal <strong>de</strong> Meio AmbienteSISNAMA- Sistema Nacional <strong>de</strong> Meio AmbienteSPRN- Subprograma <strong>de</strong> Políticas <strong>de</strong> Recursos naturaisSUDAM- Superintendência <strong>de</strong> Desenvolvimento da AmazôniaZEE- Zoneamento Ecológico-EconômicoZEEp- Zoneamento Ecológico-Econômico participativoSumárioLISTA DE ILUSTRAÇÕES .......................................................................................... 101 – INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 11


71 – INTRODUÇÃOMuitas discussões ambientais po<strong>de</strong>m ser i<strong>de</strong>ntificadas a partir da década <strong>de</strong> 70do século passado, em vários países do mundo, resultando em diversos <strong>de</strong>bates, acordose tratados que possibilitaram a criação <strong>de</strong> importantes instrumentos, os quais propõemgarantir uma socieda<strong>de</strong> mais justa em seus aspectos social, econômico e ambiental.A Conferência <strong>de</strong> Estocolmo na Suécia, em 1972, po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada um<strong>de</strong>sses <strong>de</strong>bates (<strong>de</strong> repercussão internacional), que contribuiu gran<strong>de</strong>mente para aconsolidação da atual Política Nacional <strong>de</strong> Meio Ambiente (PNMA) 1 <strong>de</strong> <strong>no</strong>sso país. E,precisamente 20 a<strong>no</strong>s <strong>de</strong>pois, aconteceu, na cida<strong>de</strong> do Rio <strong>de</strong> Janeiro, a Conferência dasNações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que ficou conhecida comoECO-92 ou Rio-92. Nessa conferência foi feito um balanço do que já tinha sidoalcançado acerca das discussões anteriores sobre meio ambiente, e foram elaboradosdocumentos importantes que serviram para <strong>no</strong>rtear diretrizes e metas para as próximasdécadas. Dentre elas a elaboração da Agenda 21 Global, on<strong>de</strong> consta um conjunto <strong>de</strong>princípios e objetivos <strong>no</strong> contexto do <strong>de</strong>senvolvimento sustentável.Diante disso, assim como em muitos países do mundo tais acontecimentosaceleraram em muito a consolidação <strong>de</strong> políticas públicas que trouxessem em suasroupagens um <strong>no</strong>vo olhar (contemplando, principalmente, a <strong>no</strong>ção <strong>de</strong> um meio ambiente1 A este respeito, ver Souza, R.S. (2000).


8equilibrado), <strong>no</strong> sentido <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r as necessida<strong>de</strong>s do presente sem comprometer asnecessida<strong>de</strong>s das gerações futuras.Baseado em um <strong>no</strong>vo <strong>de</strong>senvolvimento ou <strong>de</strong>senvolvimento sustentável, é quevem sendo proposta, nas últimas décadas, a construção <strong>de</strong> um <strong>no</strong>vo paradigma quesugere maior sustentabilida<strong>de</strong> aos aspectos econômicos, culturais, ambientais e pensartambém maneiras <strong>de</strong> trabalhar a superação do paradigma vigente, o qual <strong>de</strong>monstra serinsustentável com a intensificação da industrialização e do consumo excessivo <strong>de</strong> bens,além <strong>de</strong> explorar sobremaneira os recursos naturais, dando gran<strong>de</strong> ênfase ao contextoeconômico. Isso <strong>de</strong>monstra, por exemplo, uma conseqüência negativa para os dadosatuais, on<strong>de</strong> apontam para uma polarização da distribuição <strong>de</strong> riquezas <strong>no</strong> mundo, on<strong>de</strong>os pobres se utilizam <strong>de</strong> um percentual cada vez me<strong>no</strong>r <strong>de</strong>sses recursos, enquanto osricos se apropriam <strong>de</strong> um percentual cada vez maior (MAURO et al, 2007).No caso do Brasil, <strong>no</strong>s últimos a<strong>no</strong>s, existiram algumas ações que permearam a<strong>no</strong>ção <strong>de</strong> um <strong>no</strong>vo <strong>de</strong>senvolvimento, e o início <strong>de</strong>las se tornaram mais nítidas com aconsolidação e impulso da Política Nacional <strong>de</strong> Meio Ambiente (PNMA), instituídacom a Lei Fe<strong>de</strong>ral nº 6.938/81 que, inicialmente prevê sua execução Pelo SistemaNacional <strong>de</strong> Meio Ambiente (SISNAMA). Esse arcabouço Legal <strong>de</strong>manda anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se acionar políticas <strong>de</strong> <strong>de</strong>scentralização, e <strong>de</strong> se evocar o cumprimentodo Artigo 23 da Constituição Fe<strong>de</strong>ral (CF) <strong>de</strong> 1988, através <strong>de</strong> regulamentos específicos(BRASIL, 2004, apud MAURO et al, 2007).No estado do Pará, o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento da gestão ambiental segueuma proposta <strong>de</strong> <strong>no</strong>rmatização das políticas ambientais muito parecida com o contexto<strong>no</strong>rmativo nacional. A nível estadual foi proposta a execução <strong>de</strong> ações paralelasrelacionadas às políticas <strong>de</strong> meio ambiente nacional, <strong>de</strong>ntre elas a criação <strong>de</strong> algunsinstrumentos <strong>de</strong> gestão ambiental e secretarias específicas, como a Secretaria <strong>de</strong> Estado<strong>de</strong> Ciência, Tec<strong>no</strong>logia e Meio Ambiente (SECTAM), hoje Secretaria Estadual <strong>de</strong> MeioAmbiente (SEMA), que é o órgão responsável pela execução do Sistema Estadual <strong>de</strong>Meio Ambiente do estado do Pará (BORDALO et al, 2007).É nesse contexto que o município <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong> inicia seu processo <strong>de</strong>municipalização da gestão ambiental, através das políticas <strong>de</strong> <strong>de</strong>scentralização jásinalizadas nas esferas fe<strong>de</strong>ral e estadual.Esse trabalho tem o objetivo <strong>de</strong> fazer um resgate histórico-institucional doprocesso <strong>de</strong> municipalização da gestão ambiental <strong>no</strong> município <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong>-Pará,


9buscando dar resposta às seguintes indagações: como ocorreu a articulação inicial parainstrumentalização do órgão <strong>de</strong> meio ambiente do município <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong>? Quais fatoresforam <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>adores para dá início ao processo <strong>de</strong> gestão ambiental local? Quais osprincipais entraves para a implementação da gestão ambiental neste município?2. REFERENCIAL TEÓRICO2.1. GESTÃO AMBIENTALA expressão gestão ambiental tem vários significados, um <strong>de</strong>les está relacionadoàs várias formas <strong>de</strong> gerir os recursos naturais. De maneira geral tal gestão ambiental seconfigura <strong>no</strong> sentido <strong>de</strong> manter o bom funcionamento dos recursos naturais comrendimento, garantindo sua perenida<strong>de</strong>. Para Godard (2002), o conceito original <strong>de</strong>gestão nasce <strong>no</strong> processo <strong>de</strong> domínio privado, on<strong>de</strong> os bens <strong>de</strong> um proprietário sãoadministrados por ele, surgindo uma relação <strong>de</strong> sujeito (proprietário) e objeto (bempossuído), significando que, “o vir-a-ser do objeto, incluindo aqui sua exploraçãopredatória ou não, submete-se aos projetos, usos e preferências do sujeito”. Issopressupõe o caráter <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> privada, ou seja, a garantia do direito <strong>de</strong> <strong>de</strong>struir oupreservar, e essa condição possivelmente seja responsável para que se evoque anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gerir os recursos naturais, tidos como direitos difusos.Existem algumas “significações” iniciadas na França, a partir <strong>de</strong> 1950, acerca <strong>de</strong>gestão ambiental: a primeira <strong>de</strong>las é <strong>de</strong> caráter técnico e econômico pautado nas açõesadministrativas e profissionais do regime <strong>de</strong> gestão por parte do Estado, ou seja, a“exploração <strong>de</strong> florestas submetidas a um regime jurídico particular” tendo objetivosclaros a serem alcançados a médio e longo prazo. A segunda, em caráter <strong>de</strong> extensão, seampliada para outros espaços (pânta<strong>no</strong>s, áreas litorâneas), até aglutinar em umsignificado mais recente, on<strong>de</strong> os franceses começaram consi<strong>de</strong>rar a <strong>no</strong>ção <strong>de</strong> “gestãodo território” (GODARD, 2002, p.204).


10No Brasil, o conceito <strong>de</strong> gestão ambiental faz parte, principalmente, dasdiretrizes e planejamento <strong>no</strong> domínio público, estando inserido em programas piloto queem suas metas e objetivos contemplam tal conceito. E nesse processo, a gestão tambémsignifica administração dos recursos naturais tendo o objetivo <strong>de</strong> realizar a aplicação <strong>de</strong>técnicas necessárias para garantir maiores benefícios e esforço mínimo (CARLO, 2006).A <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> Milaré (2005 apud CARLO, 2006, p. 43) é bem abrangentequando consi<strong>de</strong>ra que gestão ambiental é:A condução do processo <strong>de</strong> manutenção e a garantia da qualida<strong>de</strong> ambientalem face da utilização dos recursos naturais (re<strong>no</strong>váveis e não-re<strong>no</strong>váveis) eda produção <strong>de</strong> quaisquer resíduos, fatores estes capazes <strong>de</strong> alterar oequilíbrio e fatores essenciais do meio natural e dos assentamentos huma<strong>no</strong>s.A gestão ambiental trabalha com elementos <strong>de</strong> ciências e técnicas variadas,supondo a interdisciplinarida<strong>de</strong>. Atualmente é consensual que não se po<strong>de</strong>fazer uma gestão ambiental sem implementação <strong>de</strong> políticas públicas comparticipação comunitária.Diante disso, o autor consi<strong>de</strong>ra em sua <strong>de</strong>finição os principais elementos levadosem consi<strong>de</strong>ração para uma abordagem recente da <strong>no</strong>ção <strong>de</strong> gestão ambiental. Para Carlo(2006, p. 47), à luz da literatura atual, “o processo <strong>de</strong> gestão ambiental é iniciado apartir do momento em que se promovem adaptações ou modificações <strong>no</strong> meio natural”.Essa configuração é bastante <strong>no</strong>tória à medida que se intensificam, por exemplo,levando-se em consi<strong>de</strong>ração o <strong>no</strong>sso país, as gran<strong>de</strong>s obras <strong>de</strong> infra-estrutura naAmazônia Legal e nas gran<strong>de</strong>s aglomerações urbanas <strong>no</strong> Centro-Sul do Brasil.A gestão ambiental também se insere em um elemento conceitual, o qual <strong>de</strong>fineas recentes características <strong>de</strong> planejamento das instituições e/ou órgãos públicos eprivados, <strong>no</strong> tocante ao mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> gestão adotada para o <strong>de</strong>senvolvimento econômicocom sustentabilida<strong>de</strong> socioambiental. E sua importância se consolida juntamente com oscrescentes questionamentos ao mo<strong>de</strong>lo atual <strong>de</strong> exploração dos recursos naturais,imposto pelo capitalismo, que se apresenta insustentável do ponto <strong>de</strong> vista social,econômico e ambiental (TOZI, 2007).2.2. – DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVELPara conceituar Desenvolvimento Sustentável é sabido que existe uma vastaliteratura sobre o assunto, on<strong>de</strong> diversos autores o discutem seu conceito sob diferentesolhares. Diante <strong>de</strong> autores mais consagrados, on<strong>de</strong> seus conceitos são universalmenteaceito é compreensível que tanto o conceito <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, quanto o <strong>de</strong>sustentabilida<strong>de</strong> são <strong>no</strong>toriamente complexos, quando se intenciona construir um aporte


11conceitual para ambos. Não é pretensão <strong>de</strong>ste <strong>de</strong>talho discutir esses conceitos porcompleto. No entanto será consi<strong>de</strong>rado aqui o enfoque mais recente <strong>de</strong>sses conceitos, osquais são discutidos, principalmente <strong>no</strong> âmbito da formulação <strong>de</strong> políticas públicasparticipativas e <strong>de</strong> caráter mais <strong>de</strong>mocrático, conforme o citado acima (CARLO, 2006).O <strong>de</strong>senvolvimento po<strong>de</strong> se referir tanto às questões macro, relacionadas àeco<strong>no</strong>mia mundial, quanto às questões regionais e locais, melhorando, por exemplo,seus índices <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong>. Além disso, em um contexto que <strong>de</strong>fine suas dimensões,tal <strong>de</strong>senvolvimento interfere, também, nas transformações relacionadas às “estruturassociais, intelectuais e culturais” <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada nação. Já a <strong>no</strong>ção <strong>de</strong>sustentabilida<strong>de</strong> também envolve assuntos <strong>de</strong> escala global, nacional e local, mas nemsempre tem uma relação direta com <strong>de</strong>senvolvimento, ou seja, a eco<strong>no</strong>mia <strong>de</strong> uma dadaregião po<strong>de</strong> apresentar-se <strong>de</strong>senvolvida, utilizando-se <strong>de</strong> tec<strong>no</strong>logias <strong>de</strong> ponta sem que,necessariamente possa ser sustentável, principalmente, do ponto <strong>de</strong> vista ambiental(SILVA, 2005).Essas consi<strong>de</strong>rações ganham força a partir da década <strong>de</strong> 70 do século XX, asquais representam um marco importante <strong>no</strong> que se refere ao <strong>de</strong>spertar da consciênciamundial sobre os problemas ambientais <strong>de</strong> <strong>no</strong>sso planeta, e passam a fazer parte das<strong>de</strong>liberações produzidas pelas conferências que tinham em suas pautas as questõesambientais e, a partir disso, houve um fomento, <strong>de</strong> maneira substancial, daimplementação <strong>de</strong> um <strong>no</strong>vo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento com enfoque na <strong>no</strong>ção <strong>de</strong>sustentabilida<strong>de</strong> (TOZI, 2007).A respeito disso é visto <strong>no</strong> relatório Nosso Futuro Comum, da Comissão Mundialsobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (também chamada <strong>de</strong> Brundtland Comission),instituída em 1983, na Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas – ONU, ofechamento do documento oficial on<strong>de</strong> se preconiza o Desenvolvimento Sustentável e o<strong>de</strong>fine como: “garantir os meios <strong>de</strong> atendimento das necessida<strong>de</strong>s e exigências atuaissem comprometer a sobrevivência das gerações futuras”. A partir daí o conceito <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento sustentável ganha reconhecimento universal, e em <strong>no</strong>sso país, semanifesta claramente <strong>no</strong> artigo 225 da Constituição Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> 1988, que trataespecificamente da pauta <strong>de</strong> meio ambiente (MIRANDA e CALÇA, 2008).Desta forma, é visto que <strong>de</strong>senvolvimento sustentável implica em consi<strong>de</strong>rar osdiferentes aspectos da vida, nas suas múltiplas faces, <strong>no</strong> sentido <strong>de</strong> garantir as condições<strong>de</strong> vida com dignida<strong>de</strong> às gerações futuras sem que, com isso, seja inviabilizado oprocesso <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento do sistema econômico atual, garantindo os recursos paraaten<strong>de</strong>r as necessida<strong>de</strong>s básicas das gerações presentes. Tendo essas preocupações, é


12possível estabelecer melhor compreensão para o <strong>no</strong>vo enfoque dado ao<strong>de</strong>senvolvimento, ou seja, que ele aconteça, mas <strong>de</strong> forma sustentável (SILVA, 2005).2.3. – PRINCIPAIS INSTRUMENTOS DE GESTÃO AMBIENTAL LOCALA gestão ambiental municipal não se limita apenas ao licenciamento, existemvários instrumentos que possibilitam a execução <strong>de</strong> uma gestão abrangente calcada nasnecessida<strong>de</strong>s locais. Com base nisso, Carlo (2006, p. 125) aponta os argumentos <strong>de</strong>alguns autores, <strong>de</strong>ntre eles Goldmeir (2004), Philippi e Zalauf (1999), quanto ànecessida<strong>de</strong> que os municípios têm <strong>de</strong> se apropriarem <strong>de</strong> instrumentos <strong>de</strong> gestão quecertamente irão contribuir para o cumprimento da política ambiental a nível local. Eapropriar-se <strong>de</strong>sses instrumentos, significa ter como priorida<strong>de</strong> a formulação <strong>de</strong> umapolítica ambiental mais apropriada para o município. Dentre eles, serão citados abaixoos principais apontados por esses autores:- Lei Orgânica: equivale à constituição municipal, organiza o gover<strong>no</strong> local e discutesobre atribuição, estrutura e funcionamento do executivo e legislativo.- Pla<strong>no</strong> Diretor Municipal: refere-se à política <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento e expansão urbanado município. É obrigatório para cida<strong>de</strong>s com mais <strong>de</strong> 20 mil habitantes, sendonecessário ser revisado a cada <strong>de</strong>z a<strong>no</strong>s e tem fundamentação legal <strong>no</strong> Art. 182 daConstituição Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> 1988 e Estatuto da Cida<strong>de</strong>.- Uso e ocupação do solo municipal: estabelece localização, finalida<strong>de</strong> e dimensão dasconstruções para garantir as funções sociais e <strong>de</strong> direito da proprieda<strong>de</strong> privada. Além<strong>de</strong> <strong>de</strong>finir o controle do uso do solo em todos os aspectos <strong>de</strong>finidos em legislaçãorelacionada.-Lei <strong>de</strong> Parcelamento do solo: trata do or<strong>de</strong>namento e divisão do solo para finsurba<strong>no</strong>s, <strong>de</strong>finindo o tamanho e localização <strong>de</strong> espaços públicos.- Pla<strong>no</strong> Plurianual: trata do planejamento estratégico do município para um período <strong>de</strong>quatro a<strong>no</strong>s, <strong>de</strong>vendo ser compatível com a disponibilida<strong>de</strong> financeira e operacional domunicípio.- Código Tributário Municipal: nele é possível prever arranjos que possibilitem, <strong>no</strong>processo <strong>de</strong> arrecadação, canalizar recursos para promover ações <strong>de</strong> proteção do meioambiente.A partir disso, é importante que as esferas municipais iniciem um processo <strong>de</strong>construção e instituam o Sistema Municipal <strong>de</strong> Meio Ambiente (SISMUMA). Pois apartir <strong>de</strong>le se estabelece toda a estrutura burocrática para se trabalhar o processo <strong>de</strong>


13gestão ambiental. O Código Municipal <strong>de</strong> Meio Ambiente, Conselho Municipal <strong>de</strong> MeioAmbiente e Fundo Municipal <strong>de</strong> Meio Ambiente são mecanismos <strong>de</strong> gestão previstos <strong>no</strong>SISMUMA. Toda essa estrutura <strong>de</strong>ve ser pautada com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> promoverestratégias que pressupõe implicar aos gestores municipais, a adoção <strong>de</strong> uma <strong>no</strong>va visão<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, em que a <strong>de</strong>scentralização e a interlocução entre os órgãosadministrativos, e a participação social na sistematização das propostas e programassejam consi<strong>de</strong>radas prioritárias e indispensáveis, para a promoção do <strong>de</strong>senvolvimentosustentável e a conseqüente melhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida da população local(PHILIPPE et al, 2006).2.4. DESCENTRALIZAÇÃO DA GESTÃO AMBIENTALCom base na elaboração <strong>de</strong> políticas públicas pautadas <strong>no</strong> <strong>de</strong>senvolvimentosustentável, por conta das variáveis econômica, social, cultural e ambiental é que há,através <strong>de</strong> seu caráter transdisciplinar, o aprimoramento <strong>de</strong> ações <strong>de</strong> <strong>de</strong>scentralização <strong>no</strong>exercício da gestão, que tem como premissa básica estabelecer uma co-gestão entre asdiferentes esferas <strong>de</strong> gover<strong>no</strong> (fe<strong>de</strong>ral estadual e municipal).2.4.1. Políticas PúblicasAs políticas públicas são ferramentas para arregimentar a ação governamental,com base em metas e objetivos claros <strong>no</strong> sentido <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r as <strong>de</strong>mandas da população.Para Rua (1998, apud CARLO 2006, p. 59), política pública é um processo que passapor várias etapas articuladas para que, <strong>de</strong> fato possa aten<strong>de</strong>r as reivindicações dasocieda<strong>de</strong>, que em geral são: a) mobilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atores políticos (públicos ou privados),on<strong>de</strong> <strong>de</strong>batem e <strong>de</strong>finem as priorida<strong>de</strong>s; b) formulação <strong>de</strong> alternativas com espera <strong>de</strong>resultados favoráveis; c) implementação e d) acompanhamento e controle, on<strong>de</strong>geralmente envolve as etapas <strong>de</strong> fiscalização e avaliação.É possível que na etapa <strong>de</strong> formulação <strong>de</strong> alternativas <strong>de</strong> políticas públicas tenhasurgido a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se discutir, compreen<strong>de</strong>r e planejar ações que contemplem a<strong>no</strong>ção <strong>de</strong> <strong>de</strong>scentralização <strong>de</strong>ssas políticas, po<strong>de</strong>ndo ser até mesmo um imperativoconstitucional <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância para a <strong>de</strong>mocracia na qual vivemos hoje em <strong>no</strong>ssopaís. Para tanto, tratando-se da <strong>de</strong>scentralização da gestão ambiental, esta vem sendoefetivada <strong>de</strong>ntro dos programas e sistemas <strong>de</strong> meio ambiente, os quais valorizam oamplo conhecimento da realida<strong>de</strong> local antes <strong>de</strong> qualquer intervenção, <strong>no</strong> sentido <strong>de</strong>consi<strong>de</strong>rar as especificida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada região ou município (ABRUCIO, 2006).


14Enten<strong>de</strong>-se que está em discussão a preocupação em formular políticas públicasambientais que possam garantir as exigências previstas na Constituição Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> 1988,que evoca, por exemplo, o direito <strong>de</strong> todos a um meio ambiente ecologicamenteequilibrado e reconhece a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> diminuição das <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s sociais. ParaLittle (2003, apud CARLO 2006, p.61), há um sério problema <strong>no</strong> momento <strong>de</strong> execuçãodas políticas públicas voltadas para a questão ambiental, que é a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atoresenvolvidos <strong>no</strong> processo, sendo necessária a ampliação do conceito <strong>de</strong> “política” e doconceito <strong>de</strong> “público” para que mais atores, <strong>no</strong>rmas e procedimentos sejamcontemplados, <strong>de</strong>ntro do planejamento previsto que, a priori, se configura em umprocesso heterogêneo e complexo, dificultando a lisura do processo.2.4.2- Processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>scentralizaçãoÉ importante perceber como se dá o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>scentralização <strong>de</strong>ssaspolíticas e como isso reflete até chegar às esferas locais. Em primeiro lugar é sabido queelas po<strong>de</strong>m ocorrer, quanto à distribuição administrativa e, quanto às esferas <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r,<strong>de</strong> forma centralizada ou <strong>de</strong>scentralizada. Em segundo lugar <strong>de</strong>ve ser observado o grau<strong>de</strong> efetivida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse processo <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r (<strong>de</strong>legação <strong>de</strong> atribuições <strong>de</strong>esferas <strong>de</strong> gover<strong>no</strong> mais centrais para os níveis mais localizados), o que vai <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rdas diferentes formas <strong>de</strong> <strong>de</strong>scentralização e do grau <strong>de</strong> apoio dado pela esfera <strong>de</strong>gover<strong>no</strong> que está na função <strong>de</strong> distribuir responsabilida<strong>de</strong>s e/ou <strong>de</strong>legar funções(ABRUCIO, 2006).Baseada em uma rica investigação na literatura, Carlo (2006) apresenta doisimportantes pontos acerca da <strong>de</strong>scentralização da gestão ambiental em <strong>no</strong>sso país. Aprimeira diz respeito aos tipos <strong>de</strong> <strong>de</strong>scentralização que po<strong>de</strong>m ser, conforme Rondinelli(1981), “<strong>de</strong>sconcentração, <strong>de</strong>legação e <strong>de</strong>scentralização <strong>de</strong>mocrática”, sendo que umanão exclui a outra e po<strong>de</strong>m ocorrer mutuamente <strong>no</strong> <strong>de</strong>correr do processo. E a segundarefere-se aos principais argumentos favoráveis à implantação da <strong>de</strong>scentralização <strong>de</strong>políticas públicas, com base <strong>no</strong>s citações <strong>de</strong> Abrucio e Soares (2001), que apontam trêsimportantes vantagens: “maior eficácia e eficiência das ações governamentais, po<strong>de</strong>rlocal mais <strong>de</strong>mocrático e maior incentivo às i<strong>no</strong>vações administrativas”.- Desconcentração: ocorre com pouca freqüência, envolvendo apenas a transferência<strong>de</strong> recursos e po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão para escritórios locais <strong>de</strong> órgãos que pertencem àsesferas <strong>de</strong> gover<strong>no</strong> central. Geralmente esse tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>scentralização constitui operaçõesa nível <strong>de</strong> estados e municípios.


15- Delegação: envolve a transferência ou criação <strong>de</strong> instituições para <strong>de</strong>sempenhar ações<strong>de</strong> caráter mais específico. A maior parte dos casos ocorre <strong>no</strong> contexto <strong>de</strong> agências <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento e, <strong>no</strong> processo <strong>de</strong>cisório, não há participação do município.- Descentralização Democrática: vem ocorrendo com bastante freqüência nas políticasambientais e seu caráter consiste em transferir responsabilida<strong>de</strong>s e po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisõespara instituições locais legalmente constituídas <strong>no</strong> município, valorizando forterepresentativida<strong>de</strong> e processo paritário nas <strong>de</strong>cisões.Diante do processo <strong>de</strong> execução das políticas públicas, a <strong>de</strong>scentralização tem setornado importante ferramenta para que, conforme citado acima, ocorram i<strong>no</strong>vaçõestanto institucional quanto comportamental dos próprios atores locais envolvidos. Alémdisso, faz-se necessário perceber que esse processo emana da necessida<strong>de</strong> que os entesfe<strong>de</strong>rativos têm <strong>de</strong> compartilhar tarefas e objetivos, e isso significa um dilemacomplexo, estando presentes jogos <strong>de</strong> interesses, “cooperação, competição, acordosvetos e <strong>de</strong>cisões” que <strong>no</strong> final po<strong>de</strong> garantir maior ou me<strong>no</strong>r sucesso <strong>no</strong> <strong>de</strong>senvolver <strong>de</strong>tais políticas, <strong>no</strong> sentido <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r as aspirações e <strong>de</strong>mandas da socieda<strong>de</strong> (ABRUCIO2006, p.93).2.5. PACTO FEDERATIVOO pacto fe<strong>de</strong>rativo se apresenta como um arranjo entre os entes da fe<strong>de</strong>raçãopara promover a <strong>de</strong>scentralização da Política Nacional <strong>de</strong> Meio Ambiente (PNMA) ou,mais especificamente, da gestão ambiental. Essa necessida<strong>de</strong> surge da ausência <strong>de</strong>regulamentação do artigo 23 da Constituição Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> 1988, que prevê a criação <strong>de</strong>leis complementares para regulamentar a cooperação entre União, Estados, DistritoFe<strong>de</strong>ral e Municípios. A partir <strong>de</strong> 2004 o Ministério do Meio Ambiente (MMA) passoua formar as Comissões Técnicas Tripartites. Dentre essas ações, estava previsto ofortalecimento do SISNAMA com a incorporação <strong>de</strong> políticas <strong>de</strong> <strong>de</strong>scentralização dagestão ambiental, através <strong>de</strong> um processo compartilhado e compactuado entre as esferas<strong>de</strong> gover<strong>no</strong> e socieda<strong>de</strong> civil organizada. (MAURO, 2007).Para Mauro (2007), essas comissões se fundamentam em importantes espaçospara promover a gestão ambiental compartilhada entre os diferentes órgãos dafe<strong>de</strong>ração. Porém o mais importante para esse processo se <strong>de</strong>fine na capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>articulação <strong>no</strong>s mol<strong>de</strong>s da ação pública e isso po<strong>de</strong> ser agilizado por uma ação já emandamento, que é o processo <strong>de</strong> capacitação <strong>de</strong> gestores locais que atuam na área <strong>de</strong>meio ambiente nas diversas linhas <strong>de</strong> atuação previstas na PNMA, <strong>de</strong>ntre elas:capacitação para elaboração, execução e prestação <strong>de</strong> contas <strong>de</strong> projetos (geralmente


16custeados pelo Fundo Nacional <strong>de</strong> Meio Ambiente – FNMA), e capacitação parapreparação e elaboração <strong>de</strong> Agendas 21Locais.2.6. - BASE LEGAL DA GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPALÉ possível consi<strong>de</strong>rar que, para contextualizar a base legal da gestão ambiental<strong>no</strong> município, seja imprescindível consi<strong>de</strong>rar que a partir da Lei Fe<strong>de</strong>ral 6.938/81, aqual instituiu a Política Nacional <strong>de</strong> Meio Ambiente, tenha havido um “<strong>de</strong>scompassojurídico” <strong>no</strong> que se refere aos limites <strong>de</strong> competência entre os três entes da Fe<strong>de</strong>ração(União, Estado e Municípios). Isso se percebe, por exemplo, <strong>no</strong> Artigo 10, on<strong>de</strong>estabelece competências suplementares para o prévio licenciamento ambiental entreórgãos estaduais competentes e União.Com base <strong>no</strong> Artigo 23 da Constituição Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> 1988, além do Estado eUnião, são <strong>de</strong>terminadas, respectivamente, as competências comuns administrativas elegislativas entre União, Estado, Distrito Fe<strong>de</strong>ral e Municípios: “Art. 23. É competênciacomum da União, dos Estados, do Distrito Fe<strong>de</strong>ral e dos Municípios: VI – Proteger omeio ambiente e combater a poluição em qualquer <strong>de</strong> suas formas; VII – Preservar asflorestas, a fauna e a flora” (BRASIL, 1988).Diante <strong>de</strong>sse arcabouço Legal, significa dizer que o sistema <strong>de</strong> licenciamentoambiental passava a ser <strong>de</strong> caráter cumulativo, ou seja, todas as esferas <strong>de</strong> gover<strong>no</strong>po<strong>de</strong>riam operacionalizar as etapas <strong>de</strong> licenciamento (Licença Prévia- LP, Licença <strong>de</strong>Instalação – LI e Licença <strong>de</strong> Operação – LO) previstas <strong>no</strong> Artigo 19 da Lei nº. 6.938/81,po<strong>de</strong>ndo haver ação supletiva por parte dos entes fe<strong>de</strong>rados, o que parece ser “poucoracional” para uma política mais efetiva <strong>no</strong> monitoramento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s “efetiva epotencialmente poluidoras, bem como as capazes, sob qualquer forma, <strong>de</strong> causar<strong>de</strong>gradação ambiental” (CALÇA e MIRANDA, 2008).Com o objetivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir maior clareza quanto às competências <strong>de</strong> cada esfera<strong>de</strong> gover<strong>no</strong> e dar coerência jurídica acerca do licenciamento ambiental, foi instituída aResolução CONAMA nº. 237/97, que estabeleceu um único nível <strong>de</strong> competência para olicenciamento ambiental, conforme está previsto <strong>no</strong> Artigo 7º: “Os empreendimentos eativida<strong>de</strong>s serão licenciados em um único nível, conforme estabelecido <strong>no</strong>s artigosanteriores”. E isso configurou o marco legal para a celebração <strong>de</strong> convênios e acordosentre as diferentes esferas <strong>de</strong> gover<strong>no</strong>, com respeito à <strong>de</strong>legação <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>s,principalmente, para as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> licenciamento ambiental.


17Essas condições conferem ao município a competência suplementar em relaçãoao Estado e União <strong>no</strong> que se refere a legislar e conduzir suas políticas ambientais a nívellocal. Isso pressupõe concorrência, mas não exclui a idéia <strong>de</strong> consonância com as leisestaduais e fe<strong>de</strong>rais, ou seja, as leis municipais precisam estar <strong>de</strong> comum acordo com asleis das <strong>de</strong>mais instâncias superiores <strong>de</strong> gover<strong>no</strong> (PHILIPPE et al, 2006).


183. METODOLOGIA3.1. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO.O município <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong> é consi<strong>de</strong>rado pelo Instituto Brasileiro <strong>de</strong> Geografia eEstatística (IBGE), um dos maiores municípios do Brasil em extensão territorial, com160.755 km 2 e sua população atual é <strong>de</strong> 92.105 habitantes (IBGE, 2008a).Diante disso, aliado ao fato <strong>de</strong> estar incluído em um dos importantes biomas brasileiros(Bioma Amazônico), consi<strong>de</strong>rando toda a superfície do município, o mesmo seapresenta em um meio ambiente <strong>de</strong> características singulares. Essas características seapresentam, principalmente, em dois importantes patrimônios naturais, um <strong>de</strong>lespautado na mega-biodiversida<strong>de</strong> da floresta, constantemente ameaçada pelo<strong>de</strong>smatamento predatório (Figura 4). O outro se apresenta contemplado pela belezainconfundível do rio Xingu (Figura 5), também merecendo ações mais eficazes paramelhor gerir os impactos causados pelas ações antrópicas em suas bordas e leito.Fonte: Galdi<strong>no</strong> Xavier/IPAM


19Figura - Rio Xingu próximo da se<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong>Fonte: Lindomar Andra<strong>de</strong>/SEMAT3.1.1. LocalizaçãoO município <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong> está localizado na região do vale do Xingu, namesorregião do Sudoeste paraense, pertencente à microrregião <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong> e sua se<strong>de</strong> éa cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong>, localizada à margem esquerda do Rio Xingu (ver Figura 6).Limita-se ao Norte com o município <strong>de</strong> Vitória do Xingu; ao Sul com o Estado do MatoGrosso; a Nor<strong>de</strong>ste, Leste e Su<strong>de</strong>ste com os municípios <strong>de</strong> Senador José Porfírio e SãoFélix do Xingu; a Noroeste, Oeste e Sudoeste com os municípios <strong>de</strong> Brasil Novo,Medicilândia, Uruará, Placas, Rurópolis, Trairão, Itaituba e Novo Progresso, conformeconsi<strong>de</strong>rações <strong>de</strong> Umbuzeiro (1999), Barbosa e Rocha (2003).


20Figura - Mapa <strong>de</strong> localização da se<strong>de</strong> do município <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong>Fonte: CD Brasil visto do espaço/MAPA, adaptado pelo autor3.1.2. Aspectos físicos e naturaisO complexo geológico do município se apresenta predominantemente,constituído por rochas cristalinas e metassedimentares <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> Pré-Cambriana, as quaisconstituem as unida<strong>de</strong>s: Complexo Xingu, <strong>de</strong> natureza granito-gnáissica-migmatítica;grupo Grão-Pará, <strong>de</strong> natureza vulca<strong>no</strong>-sedimentar; Super grupo Uatumã, <strong>de</strong> naturezavulca<strong>no</strong>-plutônica e sedimentar, sendo seus principais componentes a Formação Iriri (<strong>de</strong>natureza vulcânica), Formação Sobreiro, também vulcânica, Formação rio Fresco (comseus membros Naja e Azul) <strong>de</strong> natureza vulcânica; Granito Vermelho Guilherme,magmática intrusiva e, finalmente, a seqüência <strong>de</strong> cobertura <strong>de</strong> plataforma, representadapelas formações Gorotire e Triunfo (ALTAMIRA, 2007a).O rio Xingu, um dos principais tributários da margem direita do rio Amazonas, éo principal corpo hídrico do município. Sua nascente está localizada na Chapada doRoncador <strong>no</strong> Mato Grosso pela junção dos rios Batovi e Coliseu e <strong>de</strong>ságua <strong>no</strong> RioAmazonas, nas proximida<strong>de</strong>s da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Porto <strong>de</strong> Moz. Seus principais afluentes sãoos rios Iriri (seu maior afluente), Curisevo, Tamitatoala ou Batovi, Ronuro, Manissauámiçu,Acaraí e Jarauçu, pela margem esquerda, e os rios Sete <strong>de</strong> Setembro, Suiá-miçu


21ou Suiazão, Comandante Fontoura, Fresco e Bacajá, pela margem direita(UMBUZEIRO, 1999).Segundo a classificação Köppen, o clima do município <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong> é do tipoequatorial Am e Aw. O primeiro, predominante na parte <strong>no</strong>rte do município, apresentatemperaturas médias <strong>de</strong> 26ºC. A média anual das temperaturas máximas chega a 31ºC ea média das mínimas a 21,90 ºC. A precipitação anual, gira em tor<strong>no</strong> <strong>de</strong> 1.680 mm. Comalto volume <strong>de</strong> precipitações mensais, a umida<strong>de</strong> relativa média é alta, 84%. O período<strong>de</strong> me<strong>no</strong>r umida<strong>de</strong> relativa, com significativa diminuição das chuvas, vai <strong>de</strong> julho a<strong>no</strong>vembro, já o exce<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> água ocorre entre fevereiro e abril.Predominam várias classes <strong>de</strong> solo. Po<strong>de</strong>ndo ser encontradas Gran<strong>de</strong>s manchas<strong>de</strong> Latossolo Amarelo <strong>de</strong> texturas média e argilosa; Latossolo Vermelho-Amarelo <strong>de</strong>texturas média e argilosa; Podzólico Vermelho-Amarelo texturas média e argilosa eequivalente eutrófico Terra Roxa Estruturada (TRE). Em me<strong>no</strong>r ocorrência, aparecemos solos Litólicos distróficos e Gleis e Aluvial eutróficos e distróficos (ALTAMIRA,2007a).3.1.3. Histórico <strong>de</strong> ocupação e configuração espacial <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong>O histórico <strong>de</strong> ocupação do município <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong> pelo homem branco se <strong>de</strong>finebasicamente a partir das <strong>no</strong>vas <strong>de</strong>scobertas da região, hoje <strong>de</strong><strong>no</strong>minada <strong>de</strong> Baixo Xingu,entre 1636 e 1758. A <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong>ssas <strong>no</strong>vas terras se <strong>de</strong>u por padres jesuítas com doisprincipais objetivos: catequizar e ocupar o território, <strong>no</strong> sentido <strong>de</strong> impedir invasão <strong>de</strong>estrangeiros. Já na região do Médio Xingu, há a citação do jesuíta Roque Hun<strong>de</strong>nfund,como “primeiro homem branco a subir o rio Xingu, ultrapassando a gran<strong>de</strong> volta” efundando um al<strong>de</strong>amento próximo do igarapé Panelas (UMBUZEIRO, 1999).Em 1868 os capuchinhos italia<strong>no</strong>s (Frei Loudovico Mazari<strong>no</strong> e Carmelo <strong>de</strong>Mazari<strong>no</strong>) iniciaram um trabalho <strong>de</strong> abertura <strong>de</strong> picadas interligando o Baixo Xingu e oMédio Xingu. Essas picadas se projetavam a partir da região, on<strong>de</strong> hoje pertence à se<strong>de</strong>do município <strong>de</strong> Vitória do Xingu-PA até as proximida<strong>de</strong>s da foz do igarapé Ambé.Essas picadas iniciadas pelas antigas missões serviam para escoar produtos extrativistascoletados na região, além <strong>de</strong> encurtar a distância entre o baixo e médio Xingu. Essepercurso passou a ser importante rodovia a partir da década <strong>de</strong> 40 do século passado erecebeu o <strong>no</strong>me <strong>de</strong> rodovia Ernesto Acioly (PA-415), tornando-se importante corredorrodoviário que interliga as cida<strong>de</strong>s da micro-região <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong> ao Porto <strong>de</strong> Vitória doXingu.


22A partir <strong>de</strong> 1970, ocorreu um intenso processo migratório para a região, quemudaria ate os dias atuais a dinâmica populacional do município <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong>. Tratavasedo Pla<strong>no</strong> Integrado <strong>de</strong> Colonização (PIC) criado pelo Gover<strong>no</strong> Fe<strong>de</strong>ral, o qual tinhacomo objetivo povoar a região, após a abertura da Rodovia Transamazônica (BR-230),através da vinda <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> famílias <strong>de</strong> outras regiões do país, sobretudo aquelasque vinham passando por conflitos fundiários, <strong>no</strong> Sul, Centro-Oeste e Nor<strong>de</strong>ste doBrasil. Ocorreu, portanto, um significativo aumento populacional em <strong>Altamira</strong>, tanto naárea urbana como na área rural. Para Umbuzeiro (1999: p. 33), houve uma “explosão<strong>de</strong>mográfica” em um período <strong>de</strong> 20 a<strong>no</strong>s, ou seja, uma população que era <strong>de</strong> 15.428habitantes em 1970, saltou para 72.408 em 1991 (ver Tabela 1).Tabela - População, área e <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mográficaA<strong>no</strong> População Área (km²) Densid. (hab./km²)1970 15.428 153.862,00 0,101980 48.489 153.862,00 0,311991 72.408 149.411,97 0,481996 78.782 161.445,90 0,492000 77.439 160.755,00 0,482005 84.399 160.755,00 0,532006 85.649 160.755,00 0,532007 86.888 160.755,00 0,54Fonte: SEPOF e IBGE (2007).Nota: dados apresentados pelo ZEEp <strong>Altamira</strong>, fase preliminar.Apesar <strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado um dos maiores municípios brasileiros, <strong>Altamira</strong> jápassou por várias re<strong>de</strong>finições em seu território, até ser <strong>de</strong>finido em suas dimensõesatuais.O município <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong>, localizado na região do vale do Rio Xingu,foi <strong>de</strong>smembrado do município <strong>de</strong> Souzel e teve sua se<strong>de</strong> instalada navila <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong> por meio do Decreto Legislativo nº 1.234, <strong>de</strong> 6 <strong>de</strong><strong>no</strong>vembro <strong>de</strong> 1911. Des<strong>de</strong> sua constituição, <strong>Altamira</strong> passou por váriasfragmentações territoriais [...], em 1991, teve <strong>no</strong>vamente seu território<strong>de</strong>smembrado juntamente com parte dos territórios <strong>de</strong> Medicilândia ePorto <strong>de</strong> Moz, para forma o município <strong>de</strong> Brasil Novo, também, nessemesmo a<strong>no</strong>, emergiram <strong>de</strong> seu território os municípios <strong>de</strong> Vitória doXingu e Placas (ALONSO e CASTRO, 2006).Na configuração espacial do município <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong> encontramos a se<strong>de</strong>principal que possui o <strong>no</strong>me do município (<strong>Altamira</strong>), um distrito <strong>de</strong><strong>no</strong>minado Castelodos Sonhos, a sudoeste do município, on<strong>de</strong> funciona uma subprefeitura. Há tambémuma extensa zona rural dividida em áreas <strong>de</strong> colonização agrícola, terras indígenas,áreas <strong>de</strong> conservação e áreas <strong>de</strong>volutas. Nos últimos a<strong>no</strong>s, possivelmente por influência<strong>de</strong> pressões nacionais e internacionais acerca da preservação da floresta amazônica, têm


23aumentado as áreas <strong>de</strong>stinadas às Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação, com <strong>de</strong>staque para acriação <strong>de</strong> duas Reservas Extrativistas (Riozinho do Anfrísio e Iriri), a partir <strong>de</strong> 2004.As terras indígenas somam mais <strong>de</strong> 50% do território do município. Já as áreas <strong>de</strong>colonização do PIC <strong>Altamira</strong>-Transamazônica, as chamadas áreas <strong>de</strong> colonização maisantiga, encontram-se próximas da se<strong>de</strong>, com <strong>de</strong>staque para Princesa do Xingu (extremo<strong>no</strong>rte do município). Além das áreas <strong>de</strong> assentamentos espontâneos (tipo <strong>de</strong> ocupaçãonão oficial), originados a partir <strong>de</strong> 1980, com <strong>de</strong>staque para a Gleba Assurini(BARBOSA e ROCHA, 2003).O atual or<strong>de</strong>namento territorial do município <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong> esta <strong>de</strong>finido pelo seuPla<strong>no</strong> Diretor, aprovado com a Lei 1.515, <strong>de</strong> 16 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2002. Nele estão<strong>de</strong>finidas diferentes zonas, as quais formam um dos maiores mosaicos <strong>de</strong> áreasprotegidas do país. Conforme Relatório do Diagnóstico Preliminar do ZoneamentoEcológico-Econômico participativo (ZEEp) <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong> (2007), reportando-se ao Pla<strong>no</strong>Diretor, conteúdo da Lei acima citada, as Zonas <strong>de</strong> Interesse <strong>Ambiental</strong> (ZIA) e asZonas <strong>de</strong> Interesse Sociocultural (ZISC) do município <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong> são classificadas em:-Zonas <strong>de</strong> Interesse <strong>Ambiental</strong> <strong>de</strong> Proteção Integral (ZIA PI);-Zonas <strong>de</strong> Interesse <strong>Ambiental</strong> <strong>de</strong> Uso Sustentável 1 (ZIA US1);-Zonas <strong>de</strong> Interesse <strong>Ambiental</strong> <strong>de</strong> Uso Sustentável 2 (ZIA US 2);-Zona <strong>de</strong> Interesse Sociocultural 1 (ZISC 1);-Zona <strong>de</strong> Interesse Sociocultural 2 (ZISC 2);-Zona Urbana (ZUR);-Zona Rural (ZRUR).Na Figura 1 é possível i<strong>de</strong>ntificar as diferentes zonas estabelecidas em Lei quesegue o or<strong>de</strong>namento já <strong>de</strong>finido, baseado em legislação anterior para o município.


24Figura - Mapa do município <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong> com suas respectivas Zonas <strong>de</strong> InteresseFonte: (ALTAMIRA, 2007a).3.1.4. Aspectos socioeconômicosA partir <strong>de</strong> 1970, com a construção da rodovia Transamazônica (BR-230), omunicípio passou por uma significativa transformação em sua dinâmica econômica,populacional e espacial. Isso <strong>de</strong>vido a <strong>de</strong>terminadas ações do Estado <strong>no</strong> sentido <strong>de</strong>dinamizar a região rumo a um <strong>de</strong>sejado “<strong>de</strong>senvolvimento” econômico. O InstitutoNacional <strong>de</strong> Colonização e Reforma Agrária (INCRA) <strong>de</strong>senvolveu um sistemaplanejado <strong>de</strong> ocupação do território, baseado <strong>no</strong> transporte rodoviário, on<strong>de</strong> aTransamazônica teve papel prepon<strong>de</strong>rante. Com isso a Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong> começou arevigorar e se tor<strong>no</strong>u o centro polarizador do conjunto <strong>de</strong> <strong>no</strong>vos núcleos urba<strong>no</strong>sregionais, planejados ou espontâneos (ALTAMIR, 2006a).A partir daí, a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong> passou a ser um pólo irradiador <strong>de</strong> serviços e<strong>de</strong> toda uma estrutura urbana (ver Figura 2) para os <strong>de</strong>mais municípios da Micro-região<strong>de</strong> <strong>Altamira</strong>. Deve-se a isso, várias condicionantes que possam estabelecer uma relação,referente ao fato <strong>de</strong> o município passar a ser pólo. Um <strong>de</strong>les está relacionado às políticas<strong>de</strong> incentivo do Gover<strong>no</strong> Fe<strong>de</strong>ral, através <strong>de</strong> um programa <strong>de</strong><strong>no</strong>minado Polamazôniaque, <strong>no</strong> caso do estado do Pará, foram projetados 15 pólos, sendo a região <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong>um dos contemplados. Uma das linhas <strong>de</strong> ação <strong>de</strong>sse programa era repassar “subsídios


25públicos para o setor produtivo voltado à exportação”, principalmente <strong>no</strong> ramo dapecuária, mineração e ma<strong>de</strong>ira (ALONSO e CASTRO, 2006).Fonte: Adaptado <strong>de</strong> Revista AMATANo entanto, o que se percebeu da década <strong>de</strong> 90 do século XX até os dias atuais,foram gran<strong>de</strong>s “frustrações”, a partir do momento em que se iniciou um processo <strong>de</strong>monitoramento e avaliação da aplicabilida<strong>de</strong> da gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recursos injetadosna região, sobretudo as aplicações feitas pela Superintendência Para o Desenvolvimentoda Amazônia (SUDAM) e pelo Fundo Constitucional para o Desenvolvimento do Norte(FNO), ocorrendo, portanto, um <strong>de</strong>clínio do dinamismo da eco<strong>no</strong>mia municipal a partir<strong>de</strong> 2001. Um dos parâmetros que po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado para confirmar esse me<strong>no</strong>rdinamismo econômico, foi a participação do Produto Inter<strong>no</strong> Bruto (PIB) municipal <strong>no</strong>BIP estadual que, <strong>no</strong> a<strong>no</strong> <strong>de</strong> 2004, contribuiu com apenas 2% para a formação do PIBestadual, consi<strong>de</strong>rado baixo se comparado com outros a<strong>no</strong>s (ALTAMIRA, 2007a).Diante <strong>de</strong>sse cenário, percebe-se que o município <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong>, com todas as suaspotencialida<strong>de</strong>s ainda não ocupa, <strong>no</strong> cenário estadual, uma posição confortável, tendocomo base seu PIB, sendo importante esclarecer que outros parâmetros <strong>de</strong>vem serlevados em consi<strong>de</strong>ração quando se analisa a dinâmica econômica <strong>de</strong> uma região,conforme comentado anteriormente acerca do Desenvolvimento Sustentável.Salientamos que não é intenção <strong>de</strong>ste trabalho <strong>de</strong>screver esses <strong>de</strong>mais parâmetros, nemtão pouco estabelecer conclusões a partir <strong>de</strong> comparações do PIB municipal em relaçãoao estadual, mas complementar as consi<strong>de</strong>rações feitas ao dinamismo econômico para operíodo acima citado.


26A partir <strong>de</strong> 2005, a região e o município sofreram fortes intervenções do Estado,em sua maioria coercitivas e <strong>de</strong> controle, intensificando os processos <strong>de</strong> fiscalização,com exigências <strong>de</strong> licenciamento, investigação <strong>de</strong> irregularida<strong>de</strong>s fundiárias ei<strong>no</strong>perância <strong>de</strong> órgãos públicos. Essas ações eram geralmente executadas em conjuntocom Polícia Fe<strong>de</strong>ral, Ministério Público Fe<strong>de</strong>ral, Instituto Brasileiro do Meio Ambientee dos Recursos Naturais Re<strong>no</strong>váveis (IBAMA), apoiados pela socieda<strong>de</strong> civilorganizada. As mesmas se intensificaram, principalmente, após o assassinato damissionária americana Dorothy Stang 2 , em março <strong>de</strong> 2005 <strong>no</strong> PDS Esperança emAnapu-PA.Essas ações resultaram <strong>no</strong> embargo e fechamento <strong>de</strong> <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong>empreendimentos ligados ao setor ma<strong>de</strong>ireiro que, segundo as representações <strong>de</strong> classe<strong>de</strong>sse setor, ocasio<strong>no</strong>u um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego, culminando em inúmerosoutros problemas para a população local, <strong>de</strong>ntre eles aumento da criminalida<strong>de</strong>. Paraagravar mais ainda o cerco, <strong>Altamira</strong> passou a fazer parte, a partir do primeiro semestre<strong>de</strong> 2008, da lista dos 36 municípios que mais <strong>de</strong>smataram naquele período,compreen<strong>de</strong>ndo uma região da Amazônia Legal <strong>de</strong><strong>no</strong>minada <strong>de</strong> “arco do<strong>de</strong>smatamento”. Após isso, foram intensificadas as operações do IBAMA e PolíciaFe<strong>de</strong>ral na região, <strong>de</strong>flagrando uma ação <strong>de</strong><strong>no</strong>minada <strong>de</strong> “Operação Arco <strong>de</strong> Fogo”,sendo <strong>Altamira</strong> uma das bases <strong>de</strong> operação. Essas ações tinham como meta coibirdiversas ações fraudulentas na região, mas seu foco principal <strong>de</strong> atuação estava <strong>no</strong>controle do <strong>de</strong>smatamento e da exploração ilegal <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira.Em oposição a essas ações, várias representações da socieda<strong>de</strong> local, <strong>de</strong>ntre elaso sindicato que representa o setor ma<strong>de</strong>ireiro, promoveu um manifesto <strong>de</strong> repúdio àoperação Arco <strong>de</strong> Fogo (ver Figura 3).Mais <strong>de</strong> cinco mil pessoas lotaram na manhã <strong>de</strong> terça-feira, 10/06/08,<strong>no</strong> cais da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong>, em um protesto contra a operação Arco<strong>de</strong> Fogo. Os manifestantes se vestiram <strong>de</strong> preto, usaram fitas eban<strong>de</strong>iras pretas e levaram <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> faixas e cartazes <strong>de</strong>monstrandoindignação com a ação do gover<strong>no</strong> fe<strong>de</strong>ral, que já havia causado ofechamento <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> três mil postos <strong>de</strong> trabalho <strong>no</strong> município. Ocomércio da cida<strong>de</strong> também a<strong>de</strong>riu à manifestação e fechou as portas.Somente os bancos funcionaram na manhã <strong>de</strong> ontem. A manifestaçãofoi pacífica e não foi registrado nenhum inci<strong>de</strong>nte durante os protestos(ECOAMAZÔNIA, 2008).2 Sauer (2005).


27Fonte: Julio Kalb/Prefeitura <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong>Contrapondo à Operação Arco <strong>de</strong> Fogo, o Gover<strong>no</strong> Fe<strong>de</strong>ral lançou uma <strong>no</strong>vaoperação na Amazônia, a operação Arco Ver<strong>de</strong>, uma vez que a região tinha acabado <strong>de</strong>sofrer um “engessamento” econômico após as intensas ações <strong>de</strong> fiscalização e controle.A operação Arco Ver<strong>de</strong> está pautada em ações emergenciais e <strong>de</strong>crédito que vai aten<strong>de</strong>r <strong>de</strong>mandas <strong>no</strong>s 36 municípios apontados comoos que se encontram em estágio crítico em matéria <strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamento,é um complemento ao Pla<strong>no</strong> Amazônia Sustentável (PAS). A operaçãoprocurará trazer as ativida<strong>de</strong>s agropecuárias e florestais da região paraa legalida<strong>de</strong>. Uma das ações previstas na operação é uma linha <strong>de</strong>crédito voltada para a recuperação ambiental <strong>de</strong> imóveis rurais. Essalinha terá prazo <strong>de</strong> carência <strong>de</strong> até 12 a<strong>no</strong>s, com prazo total <strong>de</strong>pagamento <strong>de</strong> até 20 a<strong>no</strong>s. A taxa <strong>de</strong> juros passa para 4% paraprojetos florestais (reflorestamento e manejo) <strong>no</strong> âmbito dos fundosconstitucionais (JORNAL AMAZÔNIA, 2008).3.1.5. Aspectos Culturais<strong>Altamira</strong> apresenta-se como um município <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> cultural,resultado <strong>de</strong> uma característica marcante, a fixação dos migrantes das várias regiões dopaís, sobretudo Sul e Nor<strong>de</strong>ste brasileiro, os quais se sujeitaram a <strong>de</strong>sbravar a floresta.Além dos índios, tidos como os nativos e os verda<strong>de</strong>iros do<strong>no</strong>s da terra, marcados porvárias atrocida<strong>de</strong>s vindas do homem branco (quando das primeiras fases <strong>de</strong> ocupação),responsável em gran<strong>de</strong> parte por dizimar a vida dos nativos em troca <strong>de</strong> inúmerascobiças advindas da cultura européia, existe também o xinguara.O Xinguara – habitante das margens do rio Xingu e seus afluentesnãoescapou à regra dos outros povos e viveu tentando o


28reconhecimento da “Ilha <strong>de</strong> Patmos”. Com ela manteve estreita eefetiva relação e <strong>de</strong>la extraiu o necessário à sua sobrevivência [...] OXinguara nato, à mercê das intempéries inerentes à rusticida<strong>de</strong> doespaço, isolado, não participou do <strong>de</strong>senvolvimento que eclodiu <strong>no</strong>soutros centros, ficou como mero espectador (UMBUZEIRO, 1999: p.65).As consi<strong>de</strong>rações do autor sugerem que há um povo nato, não importando semigrantes <strong>de</strong> outras regiões ou nativos, e que a muito se fazem presentes num lugar <strong>de</strong>sonhos, esperançosos por dias melhores. Mas ao longo das décadas, ficaram a mercê do<strong>de</strong>senvolvimento que acontecia em outras regiões do país, mas <strong>no</strong> <strong>no</strong>vo espaço, sesentiam isolados e impossibilitados <strong>de</strong> acompanhar as gran<strong>de</strong>s transformações <strong>de</strong> seumundo (meio geográfico), sem que recebessem o básico <strong>de</strong> infra-estrutura, assistênciasocial, saú<strong>de</strong> e educação.Na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong> existem várias manifestações que i<strong>de</strong>ntificam o padrãocultural da população e que po<strong>de</strong>m está relacionados com a dinâmica sócio-política queocorreu na região, nas últimas décadas, sobretudo nas formas <strong>de</strong> expansão dos bairrosda cida<strong>de</strong> a “oeste (ocupados por população <strong>de</strong> me<strong>no</strong>r po<strong>de</strong>r aquisitivo) e a lesteacompanhando o rio Xingu (ocupado por população <strong>de</strong> maior po<strong>de</strong>r aquisitivo)”. Umexemplo disso se percebe na realização <strong>de</strong> práticas (por parte <strong>de</strong> empreen<strong>de</strong>dores egestores) que visam <strong>de</strong>terminar um “mundo através da eficácia simbólica” exercida em<strong>de</strong>terminados eventos festivos, principalmente festa <strong>de</strong> natal na orla do cais, on<strong>de</strong> sereproduz a idéia <strong>de</strong> “cultura comum”, o que sugere uma manifestação <strong>de</strong> reproduçãosocial (ALONSO e CASTRO, 2006).A i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> local do município se expressa, <strong>de</strong> forma significativa, nas crenças,na <strong>de</strong>voção ao santo padroeiro (São Sebastião), na culinária e <strong>no</strong>s festejos religiosos.Atualmente as principais manifestações culturais do município se traduzem nas festasjuninas (manifestações folclóricas em homenagem a São João e São Pedro) e <strong>de</strong>maisfestas religiosas, envolvendo a dimensão da vida individual e comunitária doshabitantes, on<strong>de</strong> os moradores enten<strong>de</strong>m tais manifestações como um momento sagrado,lúdico e social (ALTAMIRA, 2006a).3.2. CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISADurante a esse trabalho buscou-se apropriar-se das ferramentas disponíveis, doponto <strong>de</strong> vista metodológico, para esclarecer e proporcionar respostas coerentes às


29indagações sinalizadas acima. Para Gil (1991), a pesquisa se apresenta como um“procedimento racional e sistêmico que tem como objetivo proporcionar respostas aosproblemas”. Com base nisso, enten<strong>de</strong>-se que é <strong>de</strong> fundamental importância umaapropriação dos preceitos teórico/metodológicos que são exigidos na pesquisa.A metodologia, na concepção <strong>de</strong> Deslan<strong>de</strong>s (1994), é “o caminho do pensamentoe a prática exercida na abordagem da realida<strong>de</strong>”. Diante <strong>de</strong>sse conceito já é possível setrabalhar um marco <strong>de</strong> <strong>de</strong>limitação para o tipo <strong>de</strong> pesquisa a ser <strong>de</strong>senvolvida naproblemática em questão. Diante da realida<strong>de</strong> a ser abordada, a qual se caracteriza<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um contexto sócio-ambiental, será adotada, como base metodológica, apesquisa qualitativa, pois o objeto <strong>de</strong> estudo se apresenta com um universo significativo<strong>de</strong> variáveis a ser consi<strong>de</strong>radas, constituído, em gran<strong>de</strong> parte, <strong>de</strong> natureza subjetiva.Trata-se da análise <strong>de</strong> um processo i<strong>no</strong>vador (para o município em estudo) <strong>de</strong> políticaspúblicas, logo pressupõe a consi<strong>de</strong>rar a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atores envolvidos, com suascrenças, valores e atitu<strong>de</strong>s, vindo a formar esse cenário (o município), resultando emuma maior dinâmica <strong>de</strong> relações que não po<strong>de</strong>m ser reduzidas apenas a umaoperacionalização quantitativa.O trabalho foi <strong>de</strong>senvolvido em três principais fases: exploratória, trabalho <strong>de</strong>campo (coleta <strong>de</strong> dados), sistematização e tratamento dos dados. A fase exploratóriatratou-se da investigação <strong>de</strong> material teórico correlato ao tema, documentos,interrogações iniciais sobre o objeto, leituras exploratórias e <strong>de</strong>limitação do foco <strong>de</strong>estudo para posterior formatação da pesquisa ora <strong>de</strong>senvolvido.A partir da elaboração <strong>de</strong> questionários qualitativos ambientais semiestruturadosforam entrevistados três diferentes grupos <strong>de</strong> atores, conforme estabelecidoabaixo:a) Grupo Administração Pública: formado por 3 (três) funcionários da SEMAGRIe SEMAT, a intenção foi trabalhar um resgate histórico-institucional <strong>de</strong>ssas duasSecretarias para melhor compreensão do processo <strong>de</strong> criação da SEMAT;b) Grupo Formadores <strong>de</strong> Opinião: formado por ex-funcionários públicos,ocupantes <strong>de</strong> cargos em empresas e instituições e pessoas ligadas aosmovimentos sociais da região, totalizando 7 (sete) pessoas. Com esse grupo foipriorizado um resgate da forma do nível <strong>de</strong> participação das instituiçõesgovernamentais e não-governamentais <strong>no</strong>s Conselhos e Fóruns que discutemsobre meio ambiente <strong>no</strong> município;


30c) Grupo Cidadão(ã) Altamirense: formado por <strong>de</strong>z cidadãos (ãs), incluindoestudantes, feirantes, comerciantes, dona-<strong>de</strong>-casa, etc. Os mesmos foramabordados e entrevistados nas ruas <strong>de</strong> forma aleatória e questionados,principalmente, sobre os atuais problemas ambientais <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong>.A intenção <strong>de</strong>ste trabalho não foi <strong>de</strong>senvolver uma analisa quantitativa a partir dosgrupos entrevistados, como forma <strong>de</strong> representar toda a população do município. Mas<strong>de</strong>senvolver, através <strong>de</strong>ssas entrevistas, um complemento das informações oraapreendidas nas outras fontes (relatórios, leis, <strong>de</strong>cretos, etc.), com vistas a <strong>de</strong>senvolveruma melhor compreensão do objeto <strong>de</strong> estudo.4. RESULTADOS E DISCUSSÕES4.4. A DESCENTRALIZAÇÃO DA GESTÃO AMBIENTAL NO ESTADO DOPARÁ4.4.1. Arranjos institucionais <strong>no</strong> processo <strong>de</strong> gestão


31O Estado do Pará se configura em segundo lugar em extensão territorial <strong>no</strong>Brasil, com uma área <strong>de</strong> 1.247.689 km² e 143 municípios, dos 5.574 existentes em todoo país. Os municípios também se apresentam com gran<strong>de</strong>s extensões territoriais, <strong>de</strong>ntreeles: <strong>Altamira</strong>, Jacareacanga, São Félix do Xingu e Oriximiná. Suas se<strong>de</strong>s e seusdistritos estão em regiões <strong>de</strong> difícil acesso <strong>de</strong>vido a pouca existência <strong>de</strong> rodovias equando existem são precárias, porém possuem um uso significativo <strong>de</strong> re<strong>de</strong>shidroviárias, <strong>de</strong>vido ao forte potencial hidrográfico da região (MAURO, 2007).É possível que as características acima possam contribuir para a conformação <strong>de</strong>um processo lento e ainda apresentando-se <strong>de</strong> forma incipiente <strong>no</strong> que se refere aosaspectos institucionais da gestão ambiental <strong>no</strong> estado do Pará. Para Bordalo (2005), esseprocesso <strong>de</strong> institucionalização tem início <strong>no</strong> final da década <strong>de</strong> 70 do século passado,“marcado pela influência do mo<strong>de</strong>lo conservacionista”, on<strong>de</strong> o autor aponta três fasesdistintas.-Fase “embrionária” ou inicial: inicia a partir <strong>de</strong> 1970 e termina <strong>no</strong> final dos a<strong>no</strong>s 80do século XX, com influência da PNMA e das Resoluções do CONAMA;-Fase <strong>de</strong> consolidação: acontece durante a década <strong>de</strong> 90, marcada pela criação doConselho Estadual <strong>de</strong> Meio Ambiente e implementação da Secretaria Executiva <strong>de</strong>Ciência, Tec<strong>no</strong>logia e Meio Ambiente do Pará (SECTAM), hoje Secretaria <strong>de</strong> Estado <strong>de</strong>Meio Ambiente (SEMA). Nesta fase, teve início um trabalho que <strong>no</strong>rteava a política <strong>de</strong>gestão <strong>de</strong>scentralizadora, influenciada pele Lei <strong>Ambiental</strong> do Estado do Pará,promulgada em 1995 (Lei nº 5.887 <strong>de</strong> 9 <strong>de</strong> maio 1995).- Fase <strong>de</strong> institucionalização: acontece a partir <strong>de</strong> 2000 e se caracteriza pelo início dainstitucionalização da gestão ambiental local em seis municípios paraenses: Belém,Barcarena, Itaituba, Marabá, Parauapebas e Santarém.Na década <strong>de</strong> 70 do século XX, foi promulgado o Decreto Lei nº 10.068 <strong>de</strong> 27<strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1977, criando o Departamento <strong>de</strong> Ações Básicas e Complementares(DABC), a partir do orga<strong>no</strong>grama institucional da Secretaria <strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>Pública (SESPA). Em 1983 o antigo DABC é transformado em Departamento <strong>de</strong> AçõesBásicas (DAB) pela Portaria nº 409/83 e, em 1987, outro acontecimento <strong>de</strong> significativaimportância nessa fase embrionária pô<strong>de</strong> ser celebrado, a Lei nº 5.408/87 que dispõesobre a transformação do já criado Conselho Estadual <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (CES) para ConselhoEstadual <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, Saneamento e Meio Ambiente (CONSAMA). Porém Sua atuação naárea ambiental se <strong>de</strong>u <strong>de</strong> forma lenta, sem ações relevantes (BORDALO, 2005).Na fase <strong>de</strong> consolidação da gestão ambiental <strong>no</strong> estado do Pará, teve gran<strong>de</strong>importância o funcionamento do Conselho Estadual <strong>de</strong> Meio Ambiente (COEMA),


32instituído pela Lei nº 5.610/90, além da criação da SECTAM, conforme citado acima.Para Bordalo (2005), a criação em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1996 do Pla<strong>no</strong> Estadual <strong>Ambiental</strong>, uma<strong>no</strong> <strong>de</strong>pois da criação da Lei ambiental do estado, foi um passo importante para aconsolidação da gestão ambiental <strong>no</strong> estado, pois passou a “<strong>no</strong>rtear as diretrizes e osprincípios” pautados na <strong>no</strong>ção <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento sustentável.Diante <strong>de</strong>ssa perspectiva é possível consi<strong>de</strong>rar que o Pla<strong>no</strong> Estadual <strong>Ambiental</strong>da SECTAM foi importante para dar início a uma série <strong>de</strong> ações <strong>de</strong> cunho institucionalpara que, <strong>de</strong> fato, ocorresse a intervenção pública e/ou privada do que o autor citadoacima chamou <strong>de</strong> “ativida<strong>de</strong>s realizadas <strong>no</strong> território do Pará” <strong>no</strong> sentido <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolveriniciativas <strong>de</strong> gestão ambiental integrada e participativa. É diante <strong>de</strong>sse cenário que seinicia a efetiva execução do chamado Pacto Fe<strong>de</strong>rativo <strong>no</strong> Estado, processo <strong>de</strong>fundamental importância para estabelecer uma relação mais amistosa entre os diferentesentes da Fe<strong>de</strong>ração e, <strong>no</strong> caso do estado do Pará, ao processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>scentralização dagestão ambiental entre SECTAM e os municípios paraenses (Belém, Barcarena,Itaituba, Marabá, Parauapebaas e Santarém) que saíram na frente, quanto à consolidação<strong>de</strong> suas políticas ambientais municipais (MAIA, 2007, p. 09).O processo <strong>de</strong> gestão ambiental <strong>no</strong> estado do Pará, assim como o processo <strong>de</strong>institucionalização dos órgãos estaduais <strong>de</strong> meio ambiente acima mencionados, sãoassim i<strong>de</strong>ntificados por Tozi (2007).No que concerne à gestão ambiental, o Estado do Pará atravessou duasfases. A primeira fase começou em 1977 sob coor<strong>de</strong>nação daSuperintendência <strong>de</strong> Desenvolvimento da Amazônia – SUDAM, atualADA, e, através <strong>de</strong>sta os Pla<strong>no</strong>s <strong>de</strong> Desenvolvimento da Amazônia –PDA’s foram colocados em prática por meio <strong>de</strong> projetosagropecuários; rodoviários; ma<strong>de</strong>ireiros; hidrelétricos e minerometalúrgicos.[...] A criação e funcionamento do Conselho Estadual <strong>de</strong>Meio Ambiente – COEMA, em 1990 <strong>de</strong>u início a Segunda fase dagestão <strong>no</strong> Estado; e a implantação <strong>de</strong> fato da SECTAM em 1991, estaincorporando todo o Departamento <strong>de</strong> Meio Ambiente da SESPA.Porém, só em 1995 é que foi promulgada a Lei <strong>Ambiental</strong> do Estado,nº 5.887, dispondo sobre a Política Estadual <strong>de</strong> Meio Ambiente –PEMAUm marco importante para um contexto mais recente da gestão ambiental <strong>no</strong>estado do Pará foi a criação da Resolução COEMA, nº 021 <strong>de</strong> 13 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2002.Nela, estão <strong>de</strong>finidas Diretrizes e Estratégias para a <strong>de</strong>scentralização da gestãoambiental, além <strong>de</strong> estabelecer elementos <strong>de</strong> valorização <strong>de</strong> uma política <strong>de</strong><strong>de</strong>scentralização <strong>de</strong> algumas ativida<strong>de</strong>s sujeitas ao Licenciamento <strong>Ambiental</strong> e que estãoem conformida<strong>de</strong> com a Resolução CONAMA nº 237/97.


334.4.2. As iniciativas <strong>de</strong> programas e projetos para as políticas ambientaisDiante da urgente necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> traçar as soluções para os inúmeros problemasambientais que já se apresentavam <strong>no</strong> estado, e da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se planejar ummo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> gestão ambiental, conforme preconizado <strong>no</strong> arcabouço legislativo estadual jácriado, o estado do Pará priorizou ações que já estavam sendo <strong>de</strong>senvolvidas a nívelnacional através dos Pactos Fe<strong>de</strong>rativos. E uma das estratégias escolhidas foi atuar <strong>no</strong>âmbito <strong>de</strong> prerrogativas <strong>de</strong> integração com outros níveis <strong>de</strong> gover<strong>no</strong>, porém, <strong>de</strong> início,sem <strong>de</strong>legar ou receber atribuições <strong>de</strong> outro ente fe<strong>de</strong>rado. Para Maia (2007), o Estado<strong>de</strong>finiu critérios e estratégias baseadas em experiências com municípios consi<strong>de</strong>radosprioritários pelo Projeto <strong>de</strong> Gestão <strong>Ambiental</strong> Integrada (PGAI/PA), ou seja, para que seiniciassem essas ações <strong>de</strong>scentralizadoras, esse projeto <strong>de</strong>finiu alguns municípios comoprioritários para que se iniciassem, <strong>de</strong> fato, tais ações.É importante frisar que os PGAI’s se configuraram a partir <strong>de</strong> 1997 <strong>no</strong>s <strong>no</strong>veestados do Norte do Brasil e fizeram parte do contexto <strong>de</strong> atuação do Subprograma <strong>de</strong>Políticas <strong>de</strong> Recursos Naturais (SPRN), <strong>no</strong> âmbito do Programa Piloto para FlorestasTropicais do Brasil (PPG7). E o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>scentralização da gestão ambiental é umdos principais temas <strong>de</strong> atuação do SPRN que, para Alencar (2007) tem como objetivogeral, “contribuir para a <strong>de</strong>finição e implementação <strong>de</strong> um a<strong>de</strong>quado mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> gestãoambiental integrado para a Amazônia Legal”, com vistas ao uso sustentável dos recursosnaturais.A partir <strong>de</strong> 2003 o SPRN utilizou como ferramenta principal, com vistas acarrear recursos para <strong>de</strong>senvolver suas ações, os editais do Fundo Nacional <strong>de</strong> MeioAmbiente (FNMA), com a celebração <strong>de</strong> convênios em diferentes áreas <strong>de</strong> atuação. Issojustificou a possibilida<strong>de</strong> dos municípios inseridos <strong>no</strong>s PGAI’s serem contempladoscom recursos (a fundo perdido) para <strong>de</strong>senvolver projetos pontuais que dispunham,entre suas metas, do fortalecimento da gestão ambiental <strong>no</strong>s municípios e,consequentemente, do processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>scentralização.Esses editais foram formulados <strong>no</strong> âmbito da Linha <strong>de</strong> “Ação 3.2 da Diretriz 3.0e seus respectivos meios <strong>de</strong> implementação, que previa apoio aos municípios <strong>no</strong>s <strong>no</strong>veestados da região Norte do país, conforme citado acima, e consi<strong>de</strong>rava comobeneficiários as seguintes categorias <strong>de</strong> órgãos: órgãos governamentais fe<strong>de</strong>rais,estaduais, municipais e organizações da socieda<strong>de</strong> civil <strong>de</strong> atuação <strong>no</strong> âmbito municipale setores produtivos. Os quais suas linhas <strong>de</strong> atuação visavam:-Consolidar o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>scentralização em nível municipal;


34-Apoio à assessoria técnica e capacitação local a prefeituras municipais para execução<strong>de</strong> políticas públicas ambientais;-Apoio à elaboração e implementação <strong>de</strong> pla<strong>no</strong>s municipais <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimentosustentável;-Apoio à estruturação e implementação <strong>de</strong> sistema municipal <strong>de</strong> meio ambiente(ALENCAR, 2007).4.5. AS QUESTÕES AMBIENTAIS NO MUNICÍPIO DE ALTAMIRA - PARÁ4.5.1 Os principais avanços a respeito das questões ambientais <strong>no</strong> município <strong>de</strong><strong>Altamira</strong>.A forma <strong>de</strong> ocupação urbana do município <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong>, sobretudo a partir dadécada <strong>de</strong> 90 do século passado calcada pelo êxodo rural e intenso fluxo migratório,po<strong>de</strong> ter contribuído significativamente para que a população local iniciasse umprocesso reivindicatório <strong>de</strong> legitimação <strong>de</strong> seu arcabouço <strong>no</strong>rmativo, frente aosproblemas ambientais que ora se manifestavam. O crescimento urba<strong>no</strong> <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nado àsmargens dos igarapés <strong>Altamira</strong> e Ambé e os processos <strong>de</strong> extração predatória <strong>de</strong>minerais e recursos pesqueiros <strong>no</strong> leito do rio Xingu, certamente foram os primeirosimpactos ambientais, em um contexto urba<strong>no</strong> mais recente do município, quemotivaram a população local a buscar solução para mitigar esses impactos ambientais.Entretanto, fora a partir da promulgação da Constituição Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> 1988, que ospo<strong>de</strong>res locais, diante da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> elaboração da Lei Orgânica do Município,assinalaram preocupação com a preservação do meio ambiente.Uma primeira sinalização ocorreu com a promulgação da Lei Orgânica doMunicípio <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong> <strong>de</strong> 30 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1990 que, em seu capítulo II, Título VII, tratada preservação do meio ambiente.Art. 159 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamenteequilibrado, bem <strong>de</strong> uso comum do povo e essencial à a<strong>de</strong>quadaqualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, cabendo a todos e, em especial ao públicomunicipal, o <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> <strong>de</strong>fendê-lo, preservá-lo para o benefício dasgerações atuais e futuras.Art. 160 – É <strong>de</strong>ver do po<strong>de</strong>r público do município elaborar eimplantar, através <strong>de</strong> lei, um Pla<strong>no</strong> Municipal <strong>de</strong> Preservação do Maioambiente e Recursos Naturais que contemplará a necessida<strong>de</strong> doconhecimento das características e recursos do meio físico e biofísico,<strong>de</strong> diagnóstico <strong>de</strong> sua utilização e <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> diretrizes para o seu


35aproveitamento racional <strong>no</strong> processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento sócioeconômico.Art. 161 – São áreas <strong>de</strong> proteção permanente:- os manguezais, mananciais e igarapés;-as margens do rio Xingu e seus braços;-as áreas que abriguem exemplares raros da fauna e da flora, bemcomo aquelas que sirvam como local <strong>de</strong> pouso e reprodução <strong>de</strong>espécies migratórias;- os açaizais.Art. 162 – O Po<strong>de</strong>r Público Municipal <strong>de</strong>verá dar a<strong>de</strong>quadotratamento e <strong>de</strong>sti<strong>no</strong> final aos resíduos sólidos e aos fluentes dosesgotos <strong>de</strong> origem doméstica, exigindo o mesmo procedimento aosresponsáveis pela produção <strong>de</strong> resíduos sólidos e fluentes industriais(ALTAMIRA, 1990).A partir <strong>de</strong>sses quatro artigos, se discute a melhor forma <strong>de</strong> garantir aosmunícipes <strong>de</strong>finições importantes para a busca <strong>de</strong> um meio ambiente mais equilibrado,<strong>no</strong> que se refere a um respaldo legal a partir <strong>de</strong>ssa Lei. E isso significou aosrepresentantes dos po<strong>de</strong>res executivo, legislativo e representantes da socieda<strong>de</strong> civilorganizada da época, uma forma <strong>de</strong> expressarem suas preocupações em garantir amelhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida da população local e preservar a fauna e a flora domunicípio, conforme estabelecido <strong>no</strong> Capitulo II, da Lei Orgânica Municipal.4.5.2. Gestão ambiental em <strong>Altamira</strong> a partir dos a<strong>no</strong>s 90Os poucos instrumentos e mecanismos <strong>de</strong> gestão ambiental <strong>no</strong> município <strong>de</strong><strong>Altamira</strong> só começaram a se estruturar a partir <strong>de</strong> meados da década <strong>de</strong> 90. Já não eramais possível compatibilizar o crescimento da cida<strong>de</strong> com a falta <strong>de</strong> uma estruturatécnica/administrativa que subsidiasse as ações em prol da conservação do meioambiente local. Mas fica a pergunta: por que a municipalização da gestão ambientalveio <strong>de</strong> forma tão tardia para o município? Essa pergunta <strong>no</strong>s remete a dois principaiscampos <strong>de</strong> observação para tentar respondê-la. O primeiro tem haver com o própriocontexto e dinamismo que se apresenta na esfera estadual, com a instituição da PolíticaEstadual <strong>de</strong> Meio Ambiente e <strong>de</strong>mais instrumentos, que também se apresentam <strong>de</strong>forma tardia, se comparado com outras regiões do país. E o segundo po<strong>de</strong> estarrelacionado à forma <strong>de</strong> articulação local, com base <strong>no</strong> “interesse” dos órgãos <strong>de</strong> gover<strong>no</strong>e/ou <strong>de</strong>mais entida<strong>de</strong>s governamentais e não-governamentais <strong>de</strong>, a qualquer custo,acessar as políticas públicas voltadas para a questão ambiental.No contexto do estado do Pará, foi mostrada em tópicos anteriores a ResoluçãoCOEMA nº 021/02, que trata da <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> diretrizes para as políticas <strong>de</strong><strong>de</strong>scentralização da gestão ambiental entre estado e município, ou seja, só a partir <strong>de</strong>


362002 que esses instrumentos legais passam a ganhar dinamismo e serem legitimados anível <strong>de</strong> estado.4.6. PROCESSO DE CRIAÇÃO DA SEMATPoucas ações eram feitas com vistas ao cumprimento da Lei OrgânicaMunicipal, até 1996. Ao contrário, o que se presenciou foi o aumento significativo da<strong>de</strong>vastação do meio ambiente, com <strong>de</strong>staque para o aumento do <strong>de</strong>smatamentopredatório, tendo como conseqüência o assoreamento <strong>de</strong> rios e igarapés. Em 1997,através da Lei nº 1.374, foi criada a Coor<strong>de</strong>nadoria <strong>de</strong> Meio Ambiente composta <strong>de</strong> umaDivisão <strong>de</strong> Fiscalização do Meio Ambiente e uma Divisão <strong>de</strong> Turismo. EssaCoor<strong>de</strong>nadoria permaneceu formalmente vinculada à SEMAGRI até <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2001,quando fora sancionada a Lei <strong>de</strong> Criação da SEMAT.Em entrevista com a atual secretária da SEMAT, foi possível contextualizarmelhor a trajetória <strong>de</strong> institucionalização do atual Órgão Municipal <strong>de</strong> Meio Ambiente<strong>de</strong> <strong>Altamira</strong>.O processo <strong>de</strong> Institucionalização do órgão <strong>de</strong> meio ambiente em<strong>Altamira</strong> nasceu <strong>no</strong> gover<strong>no</strong> do então Prefeito Claudomiro Gomes,que instituiu a Lei nº 1.374/97, criando a Coor<strong>de</strong>nadoria <strong>de</strong> MeioAmbiente e Turismo. Nesse mesmo gover<strong>no</strong>, houve o ConcursoPúblico Municipal e efetivação <strong>de</strong> Agentes <strong>de</strong> Fiscalização <strong>Ambiental</strong>,culminando na formação <strong>de</strong> uma equipe com maioria <strong>de</strong> concursados.Nesse período foi feita também uma a<strong>de</strong>quação <strong>de</strong> toda legislaçãoexistente sobre meio ambiente <strong>no</strong> município. Na próxima gestão,<strong>de</strong>vido à abrangência, a nível mundial sobre meio ambiente, foiinstituída a Lei nº 1.483/01, criando a SEMAT e instituiu o Fórum daAgenda 21, Conselho <strong>de</strong> Meio Ambiente, etc. Isso tudo <strong>de</strong>vido a umapressão a nível <strong>de</strong> país para sistematizar uma pasta <strong>de</strong> meio ambiente<strong>no</strong> município, com vistas à captação <strong>de</strong> recursos e organizar um poucoas questões ambientais pelo fato do município viver à dispensa daimplantação do projeto <strong>de</strong> aproveitamento hidroelétrico do complexoBelo Monte. Porém, só <strong>no</strong> gover<strong>no</strong> posterior (primeiromandato/Odileida Sampaio), foi que houve a efetivação dos trabalhosda SEMAT, quando <strong>no</strong> dia 2 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2005 é baixado Portaria <strong>de</strong><strong>no</strong>meação <strong>de</strong> um Secretário à luz da lei <strong>de</strong>flagrada pelo gover<strong>no</strong>anterior (Z. L. S. C. <strong>Altamira</strong>, maio <strong>de</strong> 2009).Apesar <strong>de</strong> ser sancionada em Lei a criação da SEMAT, a mesma permaneceuvinculada à SEMAGRI até maio <strong>de</strong> 2005, funcionando apenas como Coor<strong>de</strong>nadoria. Éimportante salientar que foram implementadas algumas ações pontuais, porém poucosignificativas diante das <strong>de</strong>mandas existentes para aquele período. Segundo a Secretária,<strong>de</strong>ntre as ações executadas entre 1998 e 2005 as mais importantes foram: a)


37or<strong>de</strong>namento da coleta <strong>de</strong> resíduos sólidos da cida<strong>de</strong>; b) Fiscalização da <strong>de</strong>sova <strong>de</strong>quelônios, junto com IBAMA e 51º Batalhão <strong>de</strong> Infantaria e Selva; c) Trabalho <strong>de</strong>fiscalização na época do <strong>de</strong>feso; d) Trabalho <strong>de</strong> Educação <strong>Ambiental</strong> nas praias (<strong>no</strong>veraneio) junto com o movimento <strong>de</strong> escoteiros da cida<strong>de</strong> e, e) Os trabalhos <strong>de</strong>Educação <strong>Ambiental</strong> nas escolas.No caso <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong>, havia duas intenções claras por parte do gestor entre osa<strong>no</strong>s <strong>de</strong> 2000 e 2003: a primeira relacionada à captação <strong>de</strong> recursos via editaiscelebrados pelo FNMA/MMA com vistas à instrumentalização da SEMAT, <strong>no</strong> qual omunicípio vem a ser contemplado com o “Projeto Gestão <strong>Ambiental</strong> Compartilhada em<strong>Altamira</strong>” (FGAM); A segunda está relacionada com a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> organização doarcabouço legal, referente à pasta ambiental <strong>no</strong> município para se apresentar com maiorrespaldo por ser um município pertencente à área <strong>de</strong> influência do projeto que trata doaproveitamento hidroelétrico <strong>de</strong> Belo Monte 3 .Isso significa dizer que os fatores que <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>aram a ações <strong>de</strong> proteçãoambiental <strong>no</strong> município não estão relacionados, apenas, com a sensibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>munícipes e gestores, mas também com outros fatores relacionados à contextualizaçãodas políticas ambientai a nível estadual e fe<strong>de</strong>ral, calcadas principalmente <strong>no</strong>fortalecimento do SISNAMA (a nível fe<strong>de</strong>ral) e nas ações do PGAI-PA em um contexto<strong>de</strong> atuação <strong>no</strong> âmbito <strong>de</strong> estado, o qual será <strong>de</strong>talhado <strong>no</strong> tópico seguinte.4.6.1. Estrutura Física e Recursos Huma<strong>no</strong>sEm março <strong>de</strong> 2006, foi realizado o primeiro repasse <strong>de</strong> recurso (R$ 95.000,00)do FNMA para a Prefeitura Municipal <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong>. Parte <strong>de</strong>sse recurso foi <strong>de</strong>stinadopara equipar a Secretaria <strong>de</strong> computadores, motocicletas, televisor e outros materiaispara escritório e para trabalho <strong>de</strong> campo. As instalações da SEMAT eram localizadas <strong>no</strong>mesmo prédio que funcionava a SEMAGRI, só <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> dois a<strong>no</strong>s a Prefeitura alugouum espaço para funcionamento exclusivo da Secretaria da gestão <strong>de</strong> Meio Ambiente eTurismo.Em 2005 o quadro <strong>de</strong> pessoal do setor <strong>de</strong> meio ambiente da prefeitura erabastante reduzido diante <strong>de</strong> suas <strong>de</strong>mandas, composto apenas pelo Secretário, uma3 Há mais <strong>de</strong> 30 a<strong>no</strong>s vem sendo estudada a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se construir uma usina hidrelétrica na baciado rio Xingu. Os estudos <strong>de</strong> viabilida<strong>de</strong> do Aproveitamento Hidrelétrico <strong>de</strong> Belo Monte (AHE) foramconcluídos em 2002. A partir <strong>de</strong> 2005, o Congresso Nacional autorizou que se fizesse um complemento eatualização dos Estudos <strong>de</strong> Impacto <strong>Ambiental</strong> – EIA, o qual ainda está em fase <strong>de</strong> elaboração (BRASIL,2009).


38Coor<strong>de</strong>nação, um motorista (cedido pela Câmara Municipal <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong>), umaSocióloga, uma Engenheira Florestal e dois Agentes <strong>de</strong> Fiscalização <strong>Ambiental</strong>. Com aconvocação dos <strong>no</strong>vos concursados foram admitidos mais dois Agentes <strong>de</strong> Fiscalização<strong>Ambiental</strong>, três Auxiliares Administrativos e dois Auxiliares <strong>de</strong> Serviços Gerais. Porémpor questões política, possivelmente relacionada à divergência partidária, a Socióloga ea Engenheira Florestal saíram do quadro <strong>de</strong> funcionários <strong>de</strong>ixando uma lacunasignificativa <strong>de</strong> funcionários naquela Secretaria. Tudo leva a crer naquele momento, queas divergências político partidárias “falaram mais alto” do que o <strong>de</strong>vido compromisso<strong>de</strong> administrar para o bem da coletivida<strong>de</strong>.Atualmente existem 31 (trinta e um) funcionários na composição do quadro <strong>de</strong>pessoal da SEMAT. Entretanto, é um quadro que ainda se apresenta instável em suacomposição e incipiente para que possa aten<strong>de</strong>r as <strong>de</strong>mandas da pasta <strong>de</strong> meio ambiente<strong>no</strong> município, uma vez que, do universo <strong>de</strong> 31 funcionários, me<strong>no</strong>s da meta<strong>de</strong> está, <strong>de</strong>fato, trabalhando nas <strong>de</strong>mandas <strong>de</strong> meio ambiente (os <strong>de</strong>mais atuam nas <strong>de</strong>mandas <strong>de</strong>turismo e <strong>no</strong> setor <strong>de</strong> artesanato) e os que representam o quadro efetivo somam 6 (seis),cerca <strong>de</strong> 19% do universo <strong>de</strong> funcionários do quadro atual. Isso ainda é muito poucopara um município do porte <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong>, frente aos <strong>de</strong>safios ambientais que o mesmoprecisa enfrentar <strong>de</strong> agora em diante, principalmente, nas sub-pastas <strong>de</strong> licenciamento,fiscalização e monitoramento ambiental, resíduos sólidos e educação ambiental.4.7. PRINCIPAIS INSTRUMENTOS DE GESTÃO, PLANEJAMENTO ECONTROLE DO MUNICÍPIOO papel da Gestão <strong>Ambiental</strong> Municipal é extremamente relevante para a<strong>de</strong>finição <strong>de</strong> Políticas Públicas que promovam a mudança da mentalida<strong>de</strong> coletiva,indispensável para a implementação <strong>de</strong> ações capazes <strong>de</strong> promover uma melhor gestãodos recursos naturais a nível local, através <strong>de</strong> instrumentos capazes <strong>de</strong> garantir açõesequilibradas na área econômica, social e ambiental. Esses mecanismos <strong>de</strong> gestão já seapresentam <strong>de</strong> alguma forma <strong>no</strong> município <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong>, mesmo que ainda sejanecessário um contínuo processo <strong>de</strong> fortalecimento e rea<strong>de</strong>quação dos mesmos. Nessetópico serão abordados os principais instrumentos <strong>de</strong> gestão existentes em <strong>Altamira</strong>.4.7.1. Pla<strong>no</strong> Diretor Municipal


39Foi instituído pela Lei nº 1.515 <strong>de</strong> 16 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2003, como Pla<strong>no</strong> Diretor <strong>de</strong>Desenvolvimento e Expansão Urbana do Município <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong>.Conforme o seu artigo primeiro tem como finalida<strong>de</strong>: promover o<strong>de</strong>senvolvimento e a expansão urbana <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong> com a melhoria daqualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> seus habitantes, cumprindo o que <strong>de</strong>terminam aConstituição Fe<strong>de</strong>ral e Estadual e a Lei Orgânica do Município <strong>de</strong><strong>Altamira</strong>, mediante o <strong>de</strong>senvolvimento das funções sociais da cida<strong>de</strong> eda proprieda<strong>de</strong> urbana, da preservação ambiental, do fortalecimento<strong>de</strong> sua base econômica, da organização do espaço urba<strong>no</strong> e do sistema<strong>de</strong> planejamento e gestão <strong>de</strong>mocrática por meio da participaçãopopular e <strong>de</strong> associações representativas (ALTAMIRA, 2007a).Atualmente o Pla<strong>no</strong> Diretor <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong> está sendo reformulado para que possaaten<strong>de</strong>r os requisitos mínimos exigidos em Lei e às atuais mudanças ocorridas <strong>no</strong>município, <strong>no</strong>s últimos cinco a<strong>no</strong>s. Possivelmente na primeira etapa <strong>de</strong> elaboração tenhaapresentado falhas <strong>de</strong> informações ou necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser reformulado. E pelo fato <strong>de</strong> serum documento formalmente obrigatório para municípios que tenham acima <strong>de</strong> 20 milhabitantes, conforme estabelecido na Lei nº 10.257/2001 (Estatuto da Cida<strong>de</strong>), a PMA<strong>no</strong>vamente foi obrigada a reformular este documento. Segundo informação obtidas nasentrevistas, já foi gasto um montante <strong>de</strong> recursos significativo <strong>de</strong> 2005 para cá, comconsultoria e os trabalhos nunca foram concluídos até a presente data.4.7.2 Licenciamento <strong>Ambiental</strong> (LA)O Licenciamento <strong>Ambiental</strong> é um dos instrumentos <strong>de</strong> controle que já vemsendo realizado <strong>no</strong> município a partir do primeiro semestre <strong>de</strong> 2008, conforme estáprevisto <strong>no</strong> Capítulo III do Código <strong>de</strong> Meio Ambiente <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong>.Art. 32 – A construção, instalação, ampliação, reforma efuncionamento <strong>de</strong> empreendimentos e ativida<strong>de</strong>s utilizadoras eexploradoras <strong>de</strong> recursos naturais, consi<strong>de</strong>rados efetiva oupotencialmente poluidores, bem como, os capazes <strong>de</strong> causarsignificativa <strong>de</strong>gradação ambiental, sob qualquer forma, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rão<strong>de</strong> prévio licenciamento do órgão ambiental municipal [...].Art. 33 – Para efeito do disposto <strong>no</strong> artigo anterior, o licenciamentoobe<strong>de</strong>cerá às seguintes etapas:Licença Prévia (LP) – emitida na fase preliminar da ativida<strong>de</strong> [...];Licença <strong>de</strong> Instalação (LI) – emitida após a fase anterior [...];Licença <strong>de</strong> Operação (LO) – emitida após a fase anterior, a qualautoriza a implantação da ativida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> acordo com as especificaçõesconstantes do projeto executivo aprovado (ALTAMIRA, 2007b).A efetivação do LA <strong>no</strong> município <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong> é resultado <strong>de</strong> uma das açõesprevistas <strong>no</strong> Pacto Fe<strong>de</strong>rativo, ou seja, o licenciamento viria a ser a primeira ativida<strong>de</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>scentralização ambiental <strong>no</strong> município. A primeira articulação <strong>no</strong> município para olicenciamento ambiental surgiu a partir <strong>de</strong> 2007, com a elaboração dos manuais <strong>de</strong>


40licenciamento e fiscalização, os quais dariam todo suporte técnico/administrativo paraque a SEMAT pu<strong>de</strong>sse realizar as ações <strong>de</strong> licenciamento e fiscalização ambiental.4.7.3. Zoneamento Ecológico-Econômico participativo (ZEEp) <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong>Sua elaboração foi iniciada em Abril <strong>de</strong> 2007 – fases <strong>de</strong> articulação, passandopela fase <strong>de</strong> diagnóstico e prognóstico, com encerramento em Dezembro <strong>de</strong> 2008,conforme citado anteriormente. O ZEEp <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong> é hoje um importante instrumento<strong>de</strong> planejamento participativo para o or<strong>de</strong>namento territorial e da gestão do processo <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento sustentável para o município. E tem seu embasamento legal <strong>no</strong>sartigos 21, 23 e 30 da CF e, a partir <strong>de</strong> 2000 o MMA passou a coor<strong>de</strong>nar iniciativas,com diversos organismos governamentais, <strong>no</strong> sentido <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver metodologias paraelaboração <strong>de</strong> ZEE’s nas regiões e estados brasileiros. O Decreto nº 4.297 <strong>de</strong> 10 <strong>de</strong>julho <strong>de</strong> 2002, <strong>de</strong>fine o ZEE como instrumento da PNMA, e servindo <strong>de</strong> marcoreferencial para o “planejamento e organização do processo <strong>de</strong> ocupação sócioeconômica(SOUZA, E.C.B. et al, 2003).No município <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong>, o ZEE é previsto <strong>no</strong> artigo vinte e quatro da Lei nº1.765/07 (Código <strong>de</strong> Proteção do Meio Ambiente <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong>), e, por fazer parte dasegunda meta do Projeto FGAM, sua elaboração foi iniciado <strong>no</strong> mesmo a<strong>no</strong> <strong>de</strong> criaçãoda referida lei.Art. 24 – O Po<strong>de</strong>r Público elaborará o Zoneamento Ecológico-Econômico, respeitando as diretrizes fe<strong>de</strong>rais, estaduais, e quandoconcluído, <strong>de</strong>verá servir <strong>de</strong> base para o planejamento municipal <strong>no</strong>estabelecimento <strong>de</strong> políticas, programas e projetos, visando àor<strong>de</strong>nação do território e à melhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida daspopulações urbanas e rurais.Parágrafo Único – A Política Municipal do Meio Ambiente <strong>de</strong>verá serajustada às conclusões e recomendações do Zoneamento Ecológico-Econômico.4.7.4. Conselho Municipal <strong>de</strong> Meio Ambiente (COMAM)O Conselho Municipal <strong>de</strong> Meio Ambiente e um dos espaços <strong>de</strong> participaçãosocial, on<strong>de</strong> se discute as questões <strong>de</strong>mandadas referente ao meio ambiente. SegundoSouza et al, (2003), sua natureza é <strong>de</strong> um órgão consultivo, <strong>de</strong>liberativo e po<strong>de</strong>apresentar-se também como <strong>de</strong>tentor <strong>de</strong> recursos e, em algumas situações, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndoda capacida<strong>de</strong> técnica dos conselheiros, emitirem parecer técnico, sobre alguma


41<strong>de</strong>manda que se apresente como urgente, necessitando <strong>de</strong> um respaldo imediato doconselho. Em sua formação, geralmente a representação é paritária entre as instituiçõesque o representam, logo sua representação se consolida entre o gover<strong>no</strong> municipal eSocieda<strong>de</strong> Civil Organizada.O Conselho Municipal <strong>de</strong> Meio Ambiente <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong> (COMAM) foi instituído,através da Lei nº 1.528, <strong>de</strong> 26 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2004, conforme se prescreve abaixo:Art. 1º - Fica criado com atuação na área do Município <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong> –Pará, o Conselho Municipal <strong>de</strong> Meio Ambiente (COMAM), órgão<strong>de</strong>liberativo, <strong>no</strong>rmativo, consultivo e <strong>de</strong> assessoramento do Po<strong>de</strong>rPúblico, referente ao planejamento, <strong>de</strong>senvolvimento das questõesambientais <strong>no</strong> âmbito <strong>de</strong> suas atribuições (ALTAMIRA, 2004).No município <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong>, os procedimentos adotados para a criação efuncionamento do Conselho não foge à regra dos já constituídos em outros municípiosbrasileiros. No Regimento Inter<strong>no</strong> do COMAM, <strong>de</strong> 15 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2006, é <strong>de</strong>finida asua composição <strong>no</strong> artigo terceiro que diz: “Art. 3º. – O COMAM terá composiçãoparitária, sendo cinco representantes do po<strong>de</strong>r público e cinco da comunida<strong>de</strong> [...]” e <strong>no</strong>artigo décimo quarto trata da periodicida<strong>de</strong> das reuniões.Art. 14º - A plenária do COMAM reunir-se-á em <strong>de</strong>pendências queforem <strong>de</strong>stinadas pela presidência do COMAM, ou, supletivamente,pela Diretoria, em reuniões ordinárias com periodicida<strong>de</strong> mensal.Parágrafo Único – As reuniões ordinárias do COMAM dar-se-ão nasúltimas sextas-feiras <strong>de</strong> cada mês (ALTAMIRA, 2006c).De maneira geral os Conselhos Municipais <strong>de</strong> Meio Ambiente <strong>de</strong>sempenhamfundamental importância na condução das Políticas Ambientais dos municípios.Segundo o IBGE (2008), os COMAM’s assumem também importância econômica paraos mesmos, uma vez que precisam regularizar seus conselhos para po<strong>de</strong>rem exercer asativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> fiscalização e licenciamento ambiental, conforme preconiza a ResoluçãoCONAMA nº 237/97. Por conta disso, houve <strong>no</strong>s últimos a<strong>no</strong>s um significativoaumento <strong>de</strong>sses conselhos <strong>no</strong>s municípios brasileiro, chegando a 47,6% (2.650municípios), sendo que <strong>no</strong> a<strong>no</strong> em que se iniciou essa contagem (a<strong>no</strong> <strong>de</strong> 1999), essepercentual representava apenas 21,4% (1.177 municípios) com Conselhos Municipais<strong>de</strong> Meio Ambiente, significando um aumento <strong>de</strong> 125% <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1999, conforme a tabelaabaixo.


42Tabela - Percentual <strong>de</strong> municípios com Conselhos Municipais <strong>de</strong> Meio Ambiente por gran<strong>de</strong>sregiões-1999/2008.Fonte: IBGE/Perfil dos municípios brasileiros (2008).4.7.5. Fundo Municipal <strong>de</strong> Meio Ambiente (FMA)Com o dinamismo e consolidação das políticas municipais <strong>de</strong> meio ambiente, houvea necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um fundo específico para a área <strong>de</strong> meio ambiente. Essa necessida<strong>de</strong>se caracteriza, principalmente, pela estrutura administrativa <strong>de</strong> arrecadação do órgão. Acriação do FMA <strong>de</strong>ve ser autorizada por lei municipal e suas receitas <strong>de</strong>vem serrevertidas para o aperfeiçoamento dos mecanismos <strong>de</strong> gestão ambiental. Um dosinstrumentos jurídicos que evoca claramente a função do FMA é a Lei <strong>de</strong> CrimesAmbientais (Lei nº 9.605 <strong>de</strong> 12 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1998), conforme o Artigo setenta e três.Art. 73. Os valores arrecadados em pagamentos <strong>de</strong> multas por infraçãoambiental serão revertidos ao Fundo Nacional <strong>de</strong> Meio Ambiente, criado pelaLei nº7. 797, <strong>de</strong> 9 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1989, Fundo Naval, criado pelo Decreto nº20.923, <strong>de</strong> 8 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1932, fundos estaduais ou municipais <strong>de</strong> meioambiente, ou correlatos, conforme dispuser o órgão arrecadador (BRASIL,2005).O FMA do município <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong> foi instituído em seu Código <strong>de</strong> Proteção doMeio Ambiente, pela Lei nº 1.765/07, conforme o estabelecido em seu artigo décimosétimo.Art. 17. Fica instituído o Fundo Municipal <strong>de</strong> Meio Ambiente (FMA)vinculado à SEMAT, <strong>de</strong> natureza contábil, que tem por finalida<strong>de</strong> criarcondições financeiras e <strong>de</strong> gerência dos recursos <strong>de</strong>stinados ao<strong>de</strong>senvolvimento das ações e serviços relativos ao meio ambiente como umtodo, visando a melhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida da população do município <strong>de</strong><strong>Altamira</strong>, competindo a sua administração ao COMAM, através <strong>de</strong> suasecretaria executiva (ALTAMIRA, 2007b).No Artigo seguinte (Art. 18), são <strong>de</strong>finidas as receitas a serem repassadas aoFMA, <strong>de</strong>ntre elas a previsão mínima <strong>de</strong> 0,05% da dotação orçamentária do município,


43em receita corrente líquida. São previstos também recursos provenientes <strong>de</strong> doações emdinheiro, bens móveis e imóveis, <strong>de</strong> multas, advindas <strong>de</strong> infrações ambientais, além <strong>de</strong>taxas cobradas <strong>no</strong> processo <strong>de</strong> Licenciamento <strong>Ambiental</strong> <strong>de</strong> empreendimentos queexploram os recursos naturais e outros.Atualmente gran<strong>de</strong> parte do volume <strong>de</strong> recursos do FMA está orçado parapagamento <strong>de</strong> consultoria, aproximadamente R$ 34 mil reais, aprovado pelo COMAM<strong>no</strong> segundo semestre <strong>de</strong> 2008, para o pagamento <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> consultoria paratrabalhar na elaboração da Agenda 21 Local <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong>. Essas Ações são válidas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong>que respeitadas as especificações previstas em lei, cabendo ao COMAM, acompanhar,avaliar e monitorar todas as etapas do processo, estabelecendo princípios <strong>de</strong>transparência quanto à <strong>de</strong>stinação dos recursos aplicados.4.7.6. Fórum da Agenda 21 Local (FAG 21)Com base na Agenda 21 Global e <strong>no</strong> Brasil a Agenda 21 brasileira, iniciaram asdiscussões envolvendo a <strong>no</strong>ção <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong> permeando as várias dimensões dasocieda<strong>de</strong>: política, econômica, social, ambiental, cultural, etc, com vistas a umaconsciência <strong>de</strong> diálogo <strong>no</strong>s processos <strong>de</strong> transformação, superação <strong>de</strong> conflitos ecooperação entre os diversos atores (BRASIL, 2006a).Além da nacional, há também a construção das Agendas 21 Locais, que seconfiguram como instrumentos locais <strong>de</strong> planejamento <strong>de</strong> políticas públicas comenfoque em um processo amplo e participativo entre gover<strong>no</strong> e Socieda<strong>de</strong> Civilorganizada. A partir <strong>de</strong> 2005 foi iniciada a constituição da Re<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Agenda 21Local, elaborada pela Secretaria Executiva do Fórum Brasileiro <strong>de</strong> ONG’s eMovimentos Sociais (FBOMS), com apoio do MMA e com o “objetivo geral <strong>de</strong>promover o engajamento <strong>de</strong> diversos setores da socieda<strong>de</strong> na implementação <strong>de</strong>políticas públicas” voltadas para o <strong>de</strong>senvolvimento sustentável (BRASIL, 2006a).Agenda 21 Local <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong> começa a ser discutido a partir do a<strong>no</strong> <strong>de</strong> 2003,através do Decreto Municipal nº 648 <strong>de</strong> 24 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2003, o qual institui o FAG 21Local <strong>no</strong> âmbito do município, conforme prescreve os artigos abaixo.Art. 1º - Fica instituído <strong>no</strong> âmbito do município <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong> o Fórum daAgenda 21 Local, com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> facilitar e integrar as ações necessáriasàs políticas públicas voltadas para o <strong>de</strong>senvolvimento sustentável domunicípio.Art. 4º - O Fórum da Agenda 21 Local <strong>de</strong>verá contemplar representantes dasentida<strong>de</strong>s legalmente constituídas e em atuação <strong>no</strong> município <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong>,observando a parida<strong>de</strong> entre as organizações governamentais e nãogovernamentais[...]


44Art. 7º - O Fórum da Agenda 21 Local <strong>de</strong>verá reunir-se em assembléiasordinárias, <strong>no</strong> mínimo quatro vezes por a<strong>no</strong> e, extraordinariamente sempreque julgar necessário (ALTAMIRA, 2003).Com isso, há uma <strong>de</strong>finição clara da legitimação do FAG 21 em <strong>Altamira</strong>, além<strong>de</strong> <strong>de</strong>finir outras duas questões importantes que é a respeito da composição paritária edo período mínimo <strong>de</strong> reuniões. Atualmente está sendo elaborado, com apoio <strong>de</strong>consultoria (contratada com recursos do FMA, conforme citado acima) e da equipetécnica da SEMAT, o produto Agenda 21 Local <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong>, o qual prever umplanejamento sistêmico, participativo e integralizador com as <strong>de</strong>mais políticas públicasmunicipais, <strong>de</strong>finido em curto e médio prazo, o que significa um planejamento <strong>de</strong>, <strong>no</strong>mínimo, <strong>de</strong>z a<strong>no</strong>s. É importante salientar que esse planejamento estratégico contempla,em um <strong>de</strong> seus principais eixos <strong>de</strong> atuação, o fortalecimento da Política Municipal <strong>de</strong>Meio Ambiente do município <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong> e cumprimento do Pla<strong>no</strong> <strong>Ambiental</strong>Municipal.4.8. AS PRINCIPAIS AÇOES DA SEMATAtualmente, o Órgão Central que coor<strong>de</strong>na, controla e executa a PolíticaMunicipal <strong>de</strong> Meio Ambiente e <strong>de</strong> Turismo <strong>no</strong> município <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong> é a SEMAT,conforme o Art. 14º da Lei Municipal nº 1.765 <strong>de</strong> 19 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 2007. É importanteperceber que essa Secretaria atualmente, também coor<strong>de</strong>na, controla e executa as açõesreferentes às políticas públicas municipais relacionadas ao turismo, porém não está <strong>no</strong>sobjetivos <strong>de</strong>sse trabalho <strong>de</strong>screvê-las <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>talhada. Sendo importante frisar,também, que o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> políticas públicas <strong>de</strong> apoio ao turismo <strong>no</strong> municípiosão tão importantes quanto as políticas <strong>de</strong> meio ambiente e das políticas das <strong>de</strong>maisesferas da socieda<strong>de</strong>.Nos últimos quatro a<strong>no</strong>s algumas ações foram <strong>de</strong>senvolvidas pela SEMAT naárea <strong>de</strong> turismo com apoio da Companhia Paraense <strong>de</strong> Turismo (PARATUR). Dentreessas ações a realização do Programa <strong>de</strong> Regionalização do Turismo/Roteiros para oBrasil, que contribuiu para que, a partir <strong>de</strong> 2006, com base <strong>no</strong> Pla<strong>no</strong> Nacional <strong>de</strong>Turismo, fosse criado o VI Pólo Regional <strong>de</strong> Turismo <strong>no</strong> estado do Pará, <strong>de</strong><strong>no</strong>minado <strong>de</strong>Pólo Xingu. Isso teoricamente significa um ganho para o município à medida que passaa fazer parte das unida<strong>de</strong>s regionais <strong>de</strong> turismo, as quais po<strong>de</strong>m ser melhor direcionadasas políticas públicas voltadas para turismo na região (BRASIL, 2004).


45Atualmente o município dispõe <strong>de</strong> um Conselho, on<strong>de</strong> congregam empresáriosda re<strong>de</strong> hoteleira, bares e restaurantes, sindicato dos taxistas, sindicatos dos artesãos e<strong>de</strong>mais empresários <strong>de</strong> empreendimentos turísticos, além dos representantes do po<strong>de</strong>rpublico local. O Conselho Municipal <strong>de</strong> Turismo (COMTUR) <strong>de</strong>senvolve diversasações <strong>de</strong> apoio ao turismo, <strong>de</strong>ntre elas a realização, a partir <strong>de</strong> 2007 do DiagnósticoTurístico <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong>, também, com apoio da PARATUR, além das reuniões mensais doConselho. Porém ainda precisa <strong>de</strong> maior dinamismo em suas ações para que possaalcançar, <strong>de</strong> fato, os objetivos que originaram sua criação: articular e dinamizar oturismo na região, valorizando um processo continuado e participativo.4.8.1. As ações do Projeto FGAM, firmado através do Convênio 108/2005A Prefeitura Municipal <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong> (PMA), em parceria com o Consórcio BeloMonte 4 , trabalharam a elaboração <strong>de</strong> um projeto com o objetivo <strong>de</strong> acessar os recursos(a fundo perdido) disponíveis <strong>no</strong> FNMA/MMA. Com isso, foi firmado um Convênio(108/2005) <strong>de</strong> repasse <strong>de</strong> recurso para a PMA em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2005, algo entor<strong>no</strong> <strong>de</strong>R$ 250 mil reais, para celebração do projeto FGAM, com vista a instrumentalizar aSEMAT, principalmente, na aquisição <strong>de</strong> materiais permanentes, equipamentosdiversos, além <strong>de</strong> capacitação para funcionários e representantes <strong>de</strong> instituiçõesgovernamentais e não-governamentais, com enfoque <strong>no</strong> princípio <strong>de</strong> Gestão <strong>Ambiental</strong>Compartilhada.O convênio firmado previa a execução <strong>de</strong> quatro gran<strong>de</strong>s metas através doProjeto FGAM, as quais são apresentadas abaixo.- Promover o Fortalecimento da Gestão <strong>Ambiental</strong> Local;-Implementar Instrumentos <strong>de</strong> Gestão <strong>Ambiental</strong>;-Construir a Gestão <strong>Ambiental</strong> Participativa;-Divulgar os resultados alcançados pelo projeto.Em março <strong>de</strong> 2006, foi realizado o primeiro repasse <strong>de</strong> recursos do FNMA paraa Prefeitura. A partir daí começaram a ser realizados os trabalhos e compras <strong>de</strong>equipamentos para a Secretaria, conforme previsto na primeira meta. Além <strong>de</strong> todo umtrabalho exaustivo <strong>de</strong> revisão e consolidação <strong>de</strong> Legislação <strong>Ambiental</strong> existente <strong>no</strong>município, paralelamente a isso, houve a ativação do Conselho Municipal <strong>de</strong> MeioAmbiente (COMAM) e do Fórum da Agenda 21 Local <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong> (FAG 21),4 Instituição que representa o consórcio <strong>de</strong> municípios do entor<strong>no</strong> <strong>de</strong> Belo Monte. Foi criado com afinalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> intermediar as discussões entre ELETRONORTE e a socieda<strong>de</strong> local, acerca do AHE <strong>de</strong>Belo Monte.


46principalmente com a realização <strong>de</strong> reuniões periódicas e elaboração <strong>de</strong> seus respectivosEstatutos e Regimentos Inter<strong>no</strong>s.Na segunda gran<strong>de</strong> meta estavam previstas três principais ativida<strong>de</strong>s: elaboraçãodo Zoneamento Ecológico-Econômico participativo (ZEEp), promover ações <strong>de</strong>Educação <strong>Ambiental</strong> e realizar o Pacto Fe<strong>de</strong>rativo entre IBAMA, SEMA-PA e PMA. OZEEp foi realizado em uma área <strong>de</strong><strong>no</strong>minada <strong>no</strong>s estudos <strong>de</strong> Área Prioritária 5 ,correspon<strong>de</strong>ndo aproximadamente 12% <strong>de</strong> todo o território do município, localizandose<strong>no</strong> extremo <strong>no</strong>rte do mesmo, abrangendo, principalmente as áreas <strong>de</strong> colonizaçãoantiga (lado esquerdo do rio Xingu, com <strong>de</strong>staque para a Princesa do Xingu) e área <strong>de</strong>colonização mais recente (lado direito do rio Xingu, com <strong>de</strong>staque para a GlebaAssurini), uma vez que as <strong>de</strong>mais áreas do município estão <strong>de</strong>finidas como Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>Conservação ou como terras indígenas.As ações <strong>de</strong> educação ambiental aconteceram à medida que a SEMAT ia seestruturando. Até hoje são <strong>de</strong>senvolvidas em escolas e nas praias, por técnicos daSecretaria em parceria com alu<strong>no</strong>s das escolas da re<strong>de</strong> pública. Já o Pacto Fe<strong>de</strong>rativo,por ser consi<strong>de</strong>rado um processo lento e gradual para aqueles que buscam suaefetivação, foi sendo formalizado aos poucos, culminando com a assinatura do Termo<strong>de</strong> Descentralização nº 003/2008, entre SEMA-PA e PMA, celebrado em março <strong>de</strong>2008, o qual transferira a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> licenciamento, fiscalização emonitoramento <strong>de</strong> 53 (cinqüenta e três) tipos diferentes <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s empreen<strong>de</strong>doras,consi<strong>de</strong>radas efetiva ou potencialmente poluidoras, ou que <strong>de</strong> qualquer forma possamcausar impacto ambiental, consi<strong>de</strong>rando as disposições regulamentares, <strong>no</strong> âmbito domunicípio, nas seguintes ares por ativida<strong>de</strong>: Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Infra-estruturas, Comércio eServiços; Ativida<strong>de</strong>s Industriais e Oficinas; Ativida<strong>de</strong>s Agropecuárias e Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>Extração Mineral (ALTAMIRA, 2006b).A terceira meta é possível que tenha sido a meta mais difícil <strong>de</strong> ser executada,pois previa em suas ativida<strong>de</strong>s promover a participação efetiva, principalmente, dasinstituições representantes do COMAM e FAG 21, algo que até os dias atuais ainda nãoaconteceu, conforme preconiza os princípios <strong>de</strong> participação <strong>de</strong>sses espaços. Na quartae última meta foi trabalhado o processo <strong>de</strong> divulgação dos resultados do Projeto e arealização <strong>de</strong> intercâmbio. É claro que essas mete-ativida<strong>de</strong>s já vinham acontecendosimultaneamente às outras metas, com a realização <strong>de</strong> três intercâmbios em trêsdiferentes cida<strong>de</strong>s (Marabá, Santarém e Belém) do Pará.5 Ver <strong>Altamira</strong>, (2007a).


474.8.2. As ações pontuais com base <strong>no</strong> Código <strong>de</strong> Proteção ambientalEntre 2005 e 2007, o trabalho da SEMAT foi, principalmente, o <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolveras metas do projeto FGAM, que se resumiam em oficinas <strong>de</strong> capacitação e estruturaçãodo arcabouço jurídico ambiental do município <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong>. E isso significou um árduotrabalho para fazer com que os dois Conselhos (COMAM, COMTUR) e o FAG 21pu<strong>de</strong>ssem funcionar. Após a aprovação do Código <strong>de</strong> Proteção do Meio Ambiente domunicípio <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong>, em 19 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 2007, através da Lei nº 1.765, as ações naSEMAT ganharam maior dinamismo, uma vez que esse Código abriria um leque <strong>de</strong>atribuições para que, a partir <strong>de</strong> então a SEMAT pu<strong>de</strong>sse, <strong>de</strong> fato coor<strong>de</strong>nar, controlar eexecutar a PMMA prevista <strong>no</strong> referido Código <strong>Ambiental</strong>.Atualmente a SEMAT <strong>de</strong>senvolve um número significativo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s queestão previstas nas atuais políticas <strong>de</strong> fortalecimento do SISNAMA, apoiadas peloGover<strong>no</strong> Fe<strong>de</strong>ral via MMA e que, também fazem parte da política <strong>de</strong> <strong>de</strong>scentralizaçãoda gestão ambiental <strong>de</strong>senvolvidas <strong>no</strong> estado do Pará com o apoio da SEMA-PA,através dos PGAI’s.Dentre as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvidas na SEMAT <strong>de</strong> dois a<strong>no</strong>s para cá, serãovisualizadas abaixo as principais.Licenciamento <strong>Ambiental</strong> – a partir <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2007, a SEMAT, juntamente com12 (doze) estagiários do curso técnico profissionalizante em Saneamento Urba<strong>no</strong>,realizou um trabalho <strong>de</strong> cadastramento <strong>de</strong> aproximadamente 500 (quinhentos)empreendimentos que, <strong>no</strong> a<strong>no</strong> seguinte passariam a fazer parte das ativida<strong>de</strong>s efetiva oupotencialmente poluidoras, capazes <strong>de</strong> causar impacto ambiental, a serem licenciadaspela SEMAT, conforme Termo <strong>de</strong> Descentralização nº 003/2008 da SEMA-PA. E <strong>no</strong>final <strong>de</strong> 2008, aproximadamente 120 processos <strong>de</strong> licenciamento já tramitavam <strong>no</strong> setoradministrativo daquela Secretaria. Atualmente são 600 processos em andamento e cerca<strong>de</strong> 130 já licenciados e agendados para a etapa <strong>de</strong> fiscalização, segundo informação daatual secretária da SEMAT.Fiscalização <strong>Ambiental</strong> – o trabalho <strong>de</strong> fiscalização vem logo após as etapas <strong>de</strong>licenciamento (Licença Prévia - LP, Licença <strong>de</strong> Instalação - LI e Licença <strong>de</strong> Operação –LO), e são obrigatórios para os empreendimentos em operação. Com isso, a SEMAT,ainda <strong>no</strong> a<strong>no</strong> <strong>de</strong> 2008, iniciou seus trabalhos <strong>de</strong> fiscalização ambiental.Educação <strong>Ambiental</strong> – Os trabalhos <strong>de</strong> Educação <strong>Ambiental</strong> (EA) continuam sendo<strong>de</strong>senvolvido nas escolas, com realização <strong>de</strong> palestras, além do trabalho realizado naspraias na época do veraneio, através do Programa Cidadão Consciente em parceria com


48as Centrais Elétricas do Norte (ELETRONORTE), alu<strong>no</strong>s secundaristas da re<strong>de</strong>municipal e estadual da se<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong> e grupos <strong>de</strong> escoteiros da cida<strong>de</strong>.As <strong>de</strong>mais ativida<strong>de</strong>s são distribuídas em capacitação dos técnicos, serviçosadministrativos referentes aos processos <strong>de</strong> licenciamento ambiental e as <strong>de</strong>mandas quesurgem <strong>no</strong>s dois conselhos e <strong>no</strong> Fórum da Agenda 21.4.9. A VISÃO DOS ATORES LOCAIS SOBRE A GESTÃO AMBIENTAL.<strong>Altamira</strong> guarda em seu território uma boa representação do que seria o biomaamazônico em sua conformação completa, ou seja, encontra-se com um e<strong>no</strong>rmepatrimônio composto <strong>de</strong> uma rica biodiversida<strong>de</strong>, compreendida por importantes rios eáreas significativas <strong>de</strong> florestas ainda preservadas. Porém, não <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> apresentartambém suas fragilida<strong>de</strong>s, que são nitidamente perceptíveis, quando o homem, em posse<strong>de</strong> seus métodos “mo<strong>de</strong>r<strong>no</strong>s” <strong>de</strong> extração dos recursos naturais e seus sistemas <strong>de</strong>produção, geralmente age <strong>de</strong> forma predatória, on<strong>de</strong> o fator econômico sobrepõe oambiental.Atualmente são significativos os problemas que se apresentam na se<strong>de</strong> domunicípio, embora saibamos da existência dos distritos <strong>de</strong> Castelo <strong>de</strong> Sonhos eCachoeira Seca que estão distantes da se<strong>de</strong>, os quais <strong>de</strong>mandam, principalmente, asativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> extração mineral para serem licenciados e monitorados pela SEMAT.Dentre esses problemas existem aqueles <strong>de</strong> maior <strong>de</strong>staque, como o sério problema dolixão <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong>, que está a me<strong>no</strong>s <strong>de</strong> três quilômetros do centro da cida<strong>de</strong> e próximo<strong>de</strong> cursos <strong>de</strong> água, o assoreamento e ocupação irregular <strong>no</strong> leito dos igarapés Panelas e<strong>Altamira</strong>, emissão <strong>de</strong> esgotos não tratados <strong>no</strong> rio Xingu e outros. Por conta disso,procuraremos trabalhar neste tópico as consi<strong>de</strong>rações dos três grupos <strong>de</strong> atores (CidadãoAltamirense, Formadores <strong>de</strong> Opinião e da Administração Pública), conforme sinalizadona metodologia <strong>de</strong>ste trabalho.4.9.1 Contexto inicial <strong>de</strong> criação da SEMATQuando perguntados sobre o que motivou a criação da SEMAT, 70% (setenta)por cento respon<strong>de</strong>ram que foi <strong>de</strong>vido às pressões ambientais assinaladas pelas políticasambientais a nível fe<strong>de</strong>ral e estadual; 20% (vinte) por cento afirmaram ser <strong>de</strong>vido osproblemas ambientais que vinham ocorrendo <strong>no</strong> município e 10% (<strong>de</strong>z) por centodisseram ser <strong>de</strong>vido à onda ecológica a nível mundial. Diante das observações empíricas


49e análises do contexto institucional, a nível <strong>de</strong> município, é compreensível afirmar que oque realmente teve maior influência foram os fatores exter<strong>no</strong>s relacionados com aspolíticas ambientais nas <strong>de</strong>mais esferas <strong>de</strong> gover<strong>no</strong>.4.9.2. Nível <strong>de</strong> participação do COMAM e FAG21 <strong>no</strong> processo <strong>de</strong> construção dagestão ambientalA opinião dos entrevistados acerca do nível <strong>de</strong> participação do COMAM e FAG21 <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong>, quanto às discussões relacionadas ao processo <strong>de</strong> gestão ambiental <strong>no</strong>município estão <strong>de</strong>scritas <strong>no</strong> Gráfico 1.Figura - Nível <strong>de</strong> participação do COMAM e FAG21 nas discussões <strong>de</strong> gestão ambientalNeste caso, 70% (setenta) por cento disseram não haver uma participação efetiva<strong>de</strong>ssas duas entida<strong>de</strong>s sobre as questões <strong>de</strong> gestão ambiental; 20% (vinte) por centodisseram haver participação, porém há pouco envolvimento com a socieda<strong>de</strong> e 10%(<strong>de</strong>z) por cento se abstiveram <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r ou não souberam respon<strong>de</strong>r.O partido político da situação (PSDB) está na Administração municipal <strong>de</strong>s<strong>de</strong>2005. Essa conjuntura política, <strong>de</strong> certo modo, travou e/ou impossibilitou umaparticipação mais ativa das entida<strong>de</strong>s que compõem a maioria dos movimentos sociais<strong>de</strong> oposição, geralmente ligados ao Partido dos Trabalhadores (PT) e PSol, e que vêem<strong>no</strong> atual gover<strong>no</strong> certa falta <strong>de</strong> sensibilização com as questões ambientais <strong>no</strong> município.Isso se percebe <strong>de</strong>ntro dos próprios Conselhos e Fóruns, pois, segundo consta nasentrevistas, os encaminhamentos formalizados em plenário e que não agradam aosanseios do gestor municipal, não são cumpridos. A esse respeito temos o <strong>de</strong>poimento darepresentante do Grupo <strong>de</strong> Trabalho Amazônico (GTA), regional <strong>Altamira</strong>, a qualrepresentou a Fundação Viver Produzir e Preservar (FVPP) <strong>no</strong> COMAM em 2005 e2006.O que percebi, enquanto representante do Conselho, foi que muitas <strong>de</strong>cisõeseram tiradas do plenário do Conselho e essas <strong>de</strong>cisões não eramencaminhadas. [...] quando fui conselheira, diante da falta <strong>de</strong> arborização dacida<strong>de</strong> e a forma como os órgãos e até mesmo a população tratava <strong>de</strong>ssaquestão ambiental na cida<strong>de</strong>, apresentei, na época, uma proposta <strong>no</strong> plenáriodo COMAM, pedindo que a Prefeitura apresentasse todo o patrimônio urba<strong>no</strong>em terras <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong>, <strong>no</strong> sentido <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir as áreas <strong>de</strong> APP’s e áreas <strong>de</strong>arborização, etc. Passei mais <strong>de</strong> um a<strong>no</strong> cobrando isso <strong>no</strong> Conselho, sai porque fiquei <strong>de</strong>cepcionada e nunca o Secretário da época levou a pessoaresponsável do município para fazer uma apresentação. Enfim essas <strong>de</strong>cisões<strong>no</strong> plenário do COMAM não eram encaminhadas (A.M. S., ALTAMIRA,27/05/2009).


504.9.3. Os problemas ambientais <strong>no</strong> município e os fatores que contribuem para queeles ocorramNa sequência, procuramos saber, qual seria a avaliação acerca dos problemasambientais em <strong>Altamira</strong>, quanto ao seu grau <strong>de</strong> impacto ao meio ambiente, o qual émostrado com mais <strong>de</strong>talhe <strong>no</strong> Gráfico 2.Figura - Os problemas ambientais <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong>, quanto ao seu grau <strong>de</strong> impacto, <strong>no</strong> entendimentodos atores locaisA gran<strong>de</strong> maioria (60%) (sessenta) por cento, assinalaram que são gravíssimos eestão totalmente fora <strong>de</strong> controle; 20% (vinte) por cento, assinalaram que são graves,porém po<strong>de</strong>m ser controlados; 15% (quinze) por cento, assinalaram que existem, porémnão são significativos; 5% (cinco) por cento, assinalaram não existem problemasambientais.Quanto aos fatores que são estimuladores da <strong>de</strong>gradação ambiental <strong>no</strong>município, 50 % (cinquenta) por cento, assinalaram a ausência <strong>de</strong> políticas públicasmunicipais voltadas para a preservação ambiental e o baixo nível <strong>de</strong> conscientizaçãopopular; 30 % (trinta) por cento, acrescentaram ser <strong>de</strong>vido à falta <strong>de</strong> or<strong>de</strong>namentofundiário do território; 15% (quinze) por cento disseram ser impunida<strong>de</strong> e falta <strong>de</strong>interesse político; 5% (cinco) por cento assinalara pouca participação das entida<strong>de</strong>s nastomadas <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões.Quanto aos principais problemas ambientais do município em questão, o Gráfico3 <strong>de</strong>talha em percentual quais aqueles que são mais visíveis e que precisam serresolvidos com urgência.Figura - Os principais problemas ambientais <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong> <strong>no</strong> entendimento dos atores locaisUm número significativo dos entrevistados, 70 % (setenta) por cento,apontaram: a coleta, transporte e <strong>de</strong>stinação final do lixo urba<strong>no</strong>, a falta <strong>de</strong> saneamentobásico, e o <strong>de</strong>smatamento predatório <strong>de</strong> florestas; 20 % (vinte) por cento o crescimentourba<strong>no</strong> <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nado, falta <strong>de</strong> saneamento básico e as queimadas, e 10 % (<strong>de</strong>z) por centoapontaram assoreamento dos igarapés que banham a cida<strong>de</strong> e poluição so<strong>no</strong>ra.


51Tratamento <strong>de</strong> resíduos sólidos é um problema que se apresenta em muitascida<strong>de</strong>s brasileiras e, <strong>no</strong> caso <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong>, torna-se preocupante o fato <strong>de</strong> termos umlixão a céu aberto (ver Figura 7) próximo do centro da cida<strong>de</strong> e próximo <strong>de</strong> cursosd’água sem nenhum critério <strong>de</strong> tratamento, em um município com quase cem milhabitantes.Fonte: Julio Kalb/Prefeitura <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong>Quanto à competência das ações <strong>de</strong> meio ambiente, muitos ainda não têmclareza <strong>de</strong> quem <strong>de</strong>ve assumir tal responsabilida<strong>de</strong>. Porém o mais importante é perceberque a maioria tem compreensão da emergência <strong>de</strong> ações voltadas para a preservaçãoambiental, muito embora não tenham a iniciativa <strong>de</strong> se organizar para fazer frente aosgraves problemas apontados. Quando indagados sobre o que consi<strong>de</strong>ram importantepara a implementação da gestão ambiental <strong>no</strong> município, a maioria respon<strong>de</strong>u ser anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> políticas públicas que priorizem tal processo.


525. CONSIDERAÇÕES FINAISConcluiremos este trabalho apontando alguns caminhos e possíveis estratégiasque po<strong>de</strong>m ser apreciadas pelo po<strong>de</strong>r público local para dar prosseguimento ao processo<strong>de</strong> elaboração e implementação das políticas públicas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento sustentável<strong>no</strong> âmbito Local. Pois trata-se <strong>de</strong> um município <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> extensão territorial,consi<strong>de</strong>rando também as suas especificida<strong>de</strong>s <strong>no</strong> contexto <strong>de</strong> sua formação sócioambiental,além <strong>de</strong> município pólo da microrregião <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong>, marcado pelasdificulda<strong>de</strong>s inerentes à própria mentalida<strong>de</strong> local, ainda pautado nas relações <strong>de</strong>favorecimento.Mas para isso acontecer <strong>no</strong> formato que se espera, é necessário um esforço sistemático econtínuo do po<strong>de</strong>r público local para favorecer os processos agendados e planejados acurto e médio prazo, principalmente <strong>no</strong> que se refere ao cumprimento <strong>de</strong> uma gestãocompartilhada, princípio pautado pelas políticas <strong>de</strong> <strong>de</strong>scentralização, conforme vimosanteriormente. Os atores envolvidos precisam conviver com as diferenças (políticas,culturais, econômicas, etc.), e participarem dos processos <strong>de</strong>cisórios em prol dointeresse coletivo, sem perca <strong>de</strong> objetivida<strong>de</strong>, mesmo que haja os interesses grupais oupessoais. Pois esses espaços são <strong>de</strong>stinados aos <strong>de</strong>bates coletivos criados para aformulação, criação, planejamento e execução <strong>de</strong> políticas públicas.. Certamente o que está faltando é coor<strong>de</strong>nar os instrumentos existentes com aequipe <strong>de</strong> gover<strong>no</strong> local, em parceria com as <strong>de</strong>mais instituições e socieda<strong>de</strong> civilorganizada, ou seja, o que falta não é criar os instrumentos, nem tão pouco legitimá-los,mas sim dar cumprimento ao que já foi implantado. Essa etapa <strong>de</strong> legitimação eestruturação do arcabouço jurídico legal para implementar as principais ações <strong>de</strong> gestãoambiental já foi cumprida, entre 2005 e 2008 com a execução do projeto FGAM.Além <strong>de</strong>ssas reflexões acima, é preciso que sejam valorizado e colocado emprática tantos outros mecanismos <strong>de</strong> gestão que po<strong>de</strong>m contribuir significativamentepara dinamizar tal processo, como, por exemplo, as ações <strong>de</strong> educação ambiental <strong>no</strong>ssegmentos formal, não-formal e informal; a capacitação <strong>de</strong> equipe técnica; firmarparcerias com os municípios circunvizinhos através dos consócios intermunicipais;promover campanhas permanentes <strong>de</strong> conscientização ambiental; firmar convênios <strong>de</strong>cooperação técnica administrativa com instituições afins na elaboração e/ouimplementação das políticas públicas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento sustentável e estimular a


53diversificação do sistema produtivo e o manejo sustentado do ambiente natural, comcriação <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> conservação.As recomendações e reflexões acima significam apenas mecanismos <strong>de</strong> gestãoque constituem um <strong>no</strong>rte, quando se preten<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver um bom processo <strong>de</strong> gestãoambiental diante do que preconiza as atuais políticas <strong>de</strong> meio ambiente. Pois é sabidoque esse processo é dinâmico e complexo, carecendo <strong>de</strong> ajustes e do complemento <strong>de</strong>muitos outros mecanismos que possam representar peças importantes para o produtoesperado- uma gestão ambiental sustentável para o município <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong>.6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASABRÚCIO, Fernando Luiz. Para além da <strong>de</strong>scentralização: os <strong>de</strong>safios dacoor<strong>de</strong>nação fe<strong>de</strong>rativa do Brasil. In: FLEURY, Sonia. Democracia, <strong>de</strong>scentralização e<strong>de</strong>senvolvimento: Brasil e Espanha. - Rio <strong>de</strong> Janeiro: Editora FGV, 2006. 508 p.ALENCAR, Taiguara Raiol. Relatório Técnico <strong>de</strong> Sistematização <strong>de</strong> Experiências <strong>de</strong>Descentralização Municipal do SPRN/Editais FNMA. Brasília, 2007. 143p.ALTAMIRA, Prefeitura Municipal/SEMAT. O Município <strong>no</strong> DesenvolvimentoRegional Sustentável. <strong>Altamira</strong>-PA, [s.n], 2006.______. Decreto nº 648 <strong>de</strong> 24 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2003. Institui o Fórum da Agenda 21Local <strong>no</strong> âmbito do município. <strong>Altamira</strong>-PA, 2003.______. Lei nº 1.528 <strong>de</strong> 26 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2004. Institui o Conselho Municipal <strong>de</strong> MeioAmbiente.______. Lei nº 1.765 <strong>de</strong> 19 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 2007. Institui o Código <strong>de</strong> Proteção doMeio Ambiente do município <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong>, dispõe sobre a Política e o SistemaMunicipal <strong>de</strong> Meio Ambiente, o uso a<strong>de</strong>quado e Sustentável dos Recursos Naturais, e dáoutras providências. <strong>Altamira</strong>-PA, 2007b.______. Lei Orgânica do Município <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong>. <strong>Altamira</strong>-PA, 1990.______. Manual <strong>de</strong> Licenciamento <strong>Ambiental</strong>. <strong>Altamira</strong>-PA: [s.n], 2006b.______. Prognóstico do Zoneamento Ecológico-Econômico Participativo <strong>de</strong><strong>Altamira</strong>. <strong>Altamira</strong>-PA: [s.n], 2008.


54______. Regimento Inter<strong>no</strong> do Conselho Municipal <strong>de</strong> Meio Ambiente. <strong>Altamira</strong>,2006c.______. Zoneamento Ecológico-Econômico Participativo <strong>de</strong> <strong>Altamira</strong>, DiagnósticoPreliminar. <strong>Altamira</strong>-PA: [s.n], 2007.BORDALO, Carlos Alexandre Leão. Gestão <strong>Ambiental</strong> <strong>no</strong> Estado do Pará. In: ROCHA,Gilberto <strong>de</strong> Miranda (org.). Gestão <strong>Ambiental</strong>: <strong>de</strong>safios e experiências municipais <strong>no</strong>Estado do Pará. Belém: NUMA/<strong>UFPA</strong>, ED<strong>UFPA</strong>, 2007. (p. 117 a 126).BRASIL, Constituição Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> 1988. In: SECRETARIA DE ESTADO DE MEIOAMBIENTE (SEMA-PA). Meio Ambiente/Legislação. Belém, 2007. Disponível em: 9 jun. 2009.BRASIL: Ministério do Meio Ambiente. Re<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Agendas 21 Locais.Brasília-DF, 2006a. 40 p.______. Ministério do Turismo: Programa <strong>de</strong> Regionalização do Turismo: roteiros doBrasil. Brasília, 2004. 32P.______. Ministério do Meio Ambiente. Lei nº 9.605, <strong>de</strong> 12 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1988. Leida Vida/Lei dos Crimes Ambientais. Brasília, 2005. 44p.______. Ministério da Integração Nacional. Pla<strong>no</strong> Amazônia Sustentável (PAS):cenários propostos para um <strong>no</strong>vo <strong>de</strong>senvolvimento regional. Brasília, 2006b.______. Ministério <strong>de</strong> Minas e Energia. Aproveitamento Hidrelétrico Belo Monte:Relatório <strong>de</strong> Impacto <strong>Ambiental</strong> (RIMA). Maio <strong>de</strong> 2009. Disponível em: . 16 jul. 2009.CARLO, Sandra <strong>de</strong>. Gestão <strong>Ambiental</strong> <strong>no</strong>s Municípios Brasileiros: impasses eheterogeneida<strong>de</strong>. Brasília: Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Brasília (UnB) / Centro <strong>de</strong>Desenvolvimento Sustentável (CDS), 2006. (tese <strong>de</strong> doutorado) Disponível em: Acesso em: 12 fev. 2009.CASTRO, Edna; ALONSO, Sara. CARDOSO, Ana Cláudia Duarte (org.). Processo <strong>de</strong>transformação e representações do rural-urba<strong>no</strong> em <strong>Altamira</strong>. In: CARDOSO, AnaCláudia Duarte (org.). O Rural e o Urba<strong>no</strong> na Amazônia: diferentes olhares emperspectivas. Belém: ED<strong>UFPA</strong>, 2006. 215p.DESLANDES, Suely Ferreira. A construção do projeto <strong>de</strong> pesquisa. In: MINAYO,Maria Cecília <strong>de</strong> Souza (org.). Ciência Técnica e Arte: o <strong>de</strong>safio da pesquisa social. –Petrópolis, RJ: Vozes, 1994. (p. 31-50).


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