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Saber e Tradição na Utilização de Plantas Medicinais na Cidade de ...

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IIIDedico, unicamente, este trabalho aMulher mais importante da minha vida, aesta que me gerou <strong>na</strong> forma huma<strong>na</strong><strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> seu ventre e humano fora <strong>de</strong>le.A Mulher guerreira, exemplo <strong>de</strong> mãeverda<strong>de</strong>ira que doa sozinha, suor e sanguepara criar e educar seus quatros filhos. AMulher humil<strong>de</strong> que além <strong>de</strong> alimentarsua prole, ajudava quando podia a quemprecisava (e ainda ajuda). A Mulherprotetora e preocupada, que em muitasnoites tirei-lhe o sono e através <strong>de</strong>la recebivárias orações. O ser terreno que me <strong>de</strong>ixamais próximo <strong>de</strong> Deus. Dedico não só estetrabalho, mas todas as minhas vitórias, asque conquistei e que irei conquistar.Dedico a minha mãe, Helia<strong>na</strong> MaiaCarvalho, meu anjo da guarda, minha mãelinda.


VSumárioINTRODUÇÃO .................................................................................................................... 11- CAPÍTULO I: REFERÊNCIAS LITERÁRIAS SOBRE PLANTAS MEDICINAIS .......... 41.1- Do surgimento das plantas medici<strong>na</strong>is: a etnobotânica .................................................... 42- CAPITULO II: RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................ 102.1 – As entrevistas realizadas ............................................................................................. 102.2 – Análise socioeconômica dos entrevistados .................................................................. 112.2.1 – Faixa Etária ............................................................................................................. 112.2.2 – Renda Familiar e Profissão ...................................................................................... 122.2.3 – Religião ................................................................................................................... 142.2.4 – Escolarida<strong>de</strong> ............................................................................................................ 152.2.5 – Origem .................................................................................................................... 152.3 – Dados etnobotânicos e etnofarmacológicos ................................................................. 16CONCLUSÕES .................................................................................................................. 25BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ..................................................................................... 26APÊNDICE ........................................................................................................................ 28Roteiro da entrevista socioeconômica .................................................................................. 28Roteiro da entrevista etnobotânica e etnofarmacológica. ...................................................... 28


VIÍndice <strong>de</strong> Figuras e TabelaFigura 1: Casa do(a) entrevistado(a) (frente), Altamira-PA, 2010. ........................................... 10Figura 2: Casa do (a) entrevistado(a) (lateral), Altamira-PA, 2010. .......................................... 11Figura 3: Faixa Etária dos entrevistados, Altamira-Pará, 2010. ................................................ 12Figura 4: Renda dos entrevistados, Altamira-Pará, 2010. ......................................................... 13Figura 5: Profissão dos entrevistados, Altamira-Pará, 2010. ..................................................... 14Figura 6: Religião dos entrevistados, Altamira-Pará, 2010. ...................................................... 14Figura 7: Escolarida<strong>de</strong> dos entrevistados, Altamira-Pará, 2010. ............................................... 15Figura 8: Origem dos entrevistados, Altamira-Pará, 2010. ....................................................... 16Figura 9: Cultivo <strong>de</strong> babosa em quintal medici<strong>na</strong>l, Altamira-Pará, 2010. ................................. 17Figura 10: Cultivo <strong>de</strong> capim santo em quintal medici<strong>na</strong>l, Altamira-Pará, 2010. ........................ 17Figura 11: Cultivo <strong>de</strong> folha santa em quintal medici<strong>na</strong>l, Altamira-Pará, 2010. ......................... 18Figura 12: Cultivo <strong>de</strong> malva grossa em quintal medici<strong>na</strong>l, Altamira-Pará, 2010. ...................... 18Figura 13: Cultivo <strong>de</strong> mastruz em quintal medici<strong>na</strong>l, Altamira-Pará, 2010. .............................. 18Tabela 01: Uso das plantas medici<strong>na</strong>is mencio<strong>na</strong>dos pelos entrevistados e usos encontrados <strong>na</strong>literatura....................................................................................................................................... 19


VIIRESUMOOs conhecimentos etnobotânico e etnofarmacológico transmitidos <strong>de</strong> gerações para asgerações têm gran<strong>de</strong> importância para as pesquisas farmacológicas que buscami<strong>de</strong>ntificar novas drogas medici<strong>na</strong>is. No Brasil, os estudos sobre plantas medici<strong>na</strong>isainda é pequeno em relação à vasta e diversificada flora medici<strong>na</strong>l <strong>de</strong> seu território. EsteTrabalho <strong>de</strong> Conclusão <strong>de</strong> Curso, objetiva resgatar o saber etnobotânico eetnofarmacológico sobre as plantas medici<strong>na</strong>is dos entrevistados comparando-os comalgumas literaturas farmacobotânicas. Objetiva-se também, <strong>de</strong>monstrar a importância<strong>de</strong>sta prática como uma alter<strong>na</strong>tiva <strong>de</strong> prevenção e cura, além do aspecto cultural do usoe transmissão <strong>de</strong>ste saber. Para coleta dos dados socioeconômicos, etnobotânicos eetnofarmacológicos utilizou-se a técnica <strong>de</strong> entrevistas semi-estruturadas, para vinte ecinco (25) infromantes, distribuídas em quatro bairros da área urba<strong>na</strong> do Município <strong>de</strong>Altamira-PA: Mutirão, Brasília, Liberda<strong>de</strong> e Bela Vista. Os dados mostraram que amaioria dos entrevistados apresenta baixa renda familiar, nível <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> baixa, eoriunda principalmente da região Nor<strong>de</strong>ste. Os entrevistados acreditam <strong>na</strong> eficácia dasplantas medici<strong>na</strong>is <strong>na</strong> cura <strong>de</strong> doenças, e para muitos é o único recurso <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, dada aineficácia do sistema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública. Os dados mostram ainda uma gran<strong>de</strong>diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> plantas medici<strong>na</strong>is utilizadas no dia a dia pelos entrevistados,apresentando o total <strong>de</strong> cento e trinta e oito (138) espécies nos vinte e cinco (25)quintais medici<strong>na</strong>is dos bairros selecio<strong>na</strong>dos.Palavras chave: Etnobotânico, Etnofarmacologia, Conhecimento popular


INTRODUÇÃOO uso das plantas medici<strong>na</strong>is constitui-se em uma das mais antigas práticascurativas empregadas pela humanida<strong>de</strong> no tratamento <strong>de</strong> enfermida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> todos ostipos. O seu cultivo resiste, mesmo diante dos gran<strong>de</strong>s avanços tecnológicos, <strong>na</strong> busca<strong>de</strong> melhorias das técnicas curativas e no surgimento <strong>de</strong> novas drogas alopáticas eficazespara a saú<strong>de</strong> huma<strong>na</strong>. Esse reconhecimento da importância medici<strong>na</strong>l das plantas éantigo e vários são os progressos alcançados principalmente no que diz respeito aoconhecimento dos princípios ativos e sua importância científica. Contudo, há um riscoiminente da perda total <strong>de</strong> tais conhecimentos empíricos em virtu<strong>de</strong> principalmente darápida mudança do modo <strong>de</strong> vida das socieda<strong>de</strong>s e da medici<strong>na</strong> popular, que se apóiaquase sempre em floras muito importantes a exemplo da babosa (Aloe vera), usada paravários tipos <strong>de</strong> tratamento da saú<strong>de</strong> e estética e da andiroba (Carapa guianensis), usadacomo repelente <strong>na</strong>tural <strong>de</strong> insetos, além <strong>de</strong> bom cicatrizante e antiinflamatório.Nesse sentido, há uma preocupação com o resgate <strong>de</strong>ssas informaçõesmedici<strong>na</strong>is empíricas, levando países como a Chi<strong>na</strong>, a Coréia do Norte, o Japão eoutros, a um esforço significativo <strong>na</strong> investigação dos fármacos <strong>de</strong> uso tradicio<strong>na</strong>l, oqual tem conduzido a importantes resultados sob o ponto <strong>de</strong> vista terapêutico, evitando<strong>de</strong>ssa forma a perda <strong>de</strong>ssas informações.Este Trabalho <strong>de</strong> Conclusão <strong>de</strong> Curso tem como campo <strong>de</strong> análise uma área <strong>de</strong>conhecimento ainda pouco estudada <strong>na</strong>s Ciências Agrárias que refere-se aos saberes etradições <strong>de</strong> grupos sociais que utilizam plantas para uso medici<strong>na</strong>l. Refiro-me aqui aosestudos e registros sobre a utilização das plantas <strong>na</strong> medici<strong>na</strong> popular e sua relação comum sistema <strong>de</strong> regras e cultura que se transformam ao longo <strong>de</strong> décadas.O saber popular sobre plantas medici<strong>na</strong>is é um importante meio para aspesquisas dos laboratórios farmacológicos que estudam o <strong>de</strong>scobrimento <strong>de</strong> novasdrogas fitoterápicas. A Organização Mundial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (OMS) tem-se mostrado muitointeressada nos sistemas terapêuticos indíge<strong>na</strong>s, especialmente nos que usammedicamentos vegetais. Este dado revela o quanto é importante o estudo e o resgate dossaberes e tradições sobre as plantas medici<strong>na</strong>is.A utilização <strong>de</strong> plantas medici<strong>na</strong>is é uma prática muito comum no território daTransamazônica, principalmente pela precarieda<strong>de</strong> dos serviços públicos prestados empostos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e hospitais, bem como pela ausência <strong>de</strong> profissio<strong>na</strong>is <strong>de</strong>ssa área quepossam aten<strong>de</strong>r aos diversos municípios – comunida<strong>de</strong>s urba<strong>na</strong>s, rurais e “beira<strong>de</strong>iros”,nome utilizado para as pessoas que resi<strong>de</strong>m às margens dos rios.


2Várias são as comunida<strong>de</strong>s que cultivam plantas medici<strong>na</strong>is, cada qual com suahistória, origem e cultura e que <strong>de</strong>senvolveram ao longo <strong>de</strong> suas vidas os chamados“remédios caseiros” para a cura às suas enfermida<strong>de</strong>s. Porém, é incontestável quemuitas <strong>de</strong>stas culturas foram se transformado, adaptando e modificando.Neste trabalho, a contribuição da Sociologia e da Antropologia, foramimportantes para uma investigação que tem como base o conhecimento etnobotânico 1 eetnofarmacológico 2 dos entrevistados, tor<strong>na</strong>ndo a análise mais interessante do ponto <strong>de</strong>vista multidiscipli<strong>na</strong>r, registrando as espécies, valorizando os elementos culturais quecompõe as origens dos grupos familiares estudados e seus saberes tradicio<strong>na</strong>is <strong>na</strong>utilização <strong>de</strong> plantas terapêuticas. Segundo Patzlaff & Peixoto (2009), a etnobotânicaaplicada ao estudo <strong>de</strong> plantas medici<strong>na</strong>is trabalha em estreita cumplicida<strong>de</strong> com aetnofarmacologia.Em virtu<strong>de</strong> das constatações elencadas, o objetivo geral <strong>de</strong>ste trabalhoprimeiramente é resgatar o conhecimento etnobotânico e etnofarmacológico sobre asplantas medici<strong>na</strong>is a partir dos usos que são mencio<strong>na</strong>dos pelos entrevistados fazendoum paralelo com os usos mencio<strong>na</strong>dos <strong>na</strong> literatura especializada, ressaltando assim aimportância do conhecimento popular aliado ao conhecimento científico. Além disso,objetiva-se também <strong>de</strong>monstrar a importância <strong>de</strong>ssa prática como uma alter<strong>na</strong>tiva <strong>de</strong>prevenção e cura, além do aspecto cultural do uso e transmissão <strong>de</strong>ste saber.Nos procedimentos metodológicos, utilizou-se a técnica das entrevistas semiestruturadas,organizadas a partir <strong>de</strong> perguntas gerais para todos os entrevistados:origem, renda, ida<strong>de</strong>, escolarida<strong>de</strong>, religião. Por se tratar do resgate etnobotânico eetnofarmacológico <strong>de</strong> plantas medici<strong>na</strong>is, tornou-se necessário para a pesquisa a análisequalitativa, baseada nos valores, crenças, representações, hábitos, atitu<strong>de</strong>s, opiniões,procurando aprofundar-se <strong>na</strong> complexida<strong>de</strong> dos fenômenos sociais (May, 2004). Foramaplicados questionários para vinte e cinco (25) moradores da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Altamira, noEstado do Pará, que cultivam plantas medici<strong>na</strong>is, distribuídos nos bairros Mutirão,Brasília, Liberda<strong>de</strong> e Bela Vista.1 A etnobotânica é ciência que estuda a morfologia dos vegetais com base no conhecimento popular ou <strong>de</strong>diferentes grupos sociais. Neste caso, este trabalho é engendrado sob a ótica do entendimento popularsobre plantas medici<strong>na</strong>is.2 A etnofarmacologia é uma ciência que procura enten<strong>de</strong>r o universo dos recursos <strong>na</strong>turais (plantas,animais e minerais) utilizados como drogas terapêuticas sob a ótica <strong>de</strong> grupos sociais (Schultes, 1962;Rao & Hajra, 1987 apud Rodrigues & Carlini, 2003).


41- CAPÍTULO I: REFERÊNCIAS LITERÁRIAS SOBRE PLANTASMEDICINAISO objetivo <strong>de</strong>ste capítulo é apresentar alguns autores e literaturas que discutem ea<strong>na</strong>lisam as plantas medici<strong>na</strong>is a partir <strong>de</strong> uma visão etnobotânica e etnofarmacológica.1.1- Do surgimento das plantas medici<strong>na</strong>is: a etnobotânicaO surgimento das plantas dá-se durante o período da Era Paleozóica, entre operíodo Cambriano e Siluriano, partindo do princípio da evolução a partir dosorganismos eucariontes fotossintetizantes ou algas ver<strong>de</strong>s primitivas há cerca <strong>de</strong> 550milhões <strong>de</strong> anos (RIDLEY, 2006). Desta forma, as plantas são alguns milhões <strong>de</strong> anosmais velhas do que o homem. Cerca <strong>de</strong> 50 mil anos atrás o homem, Homo sapiens emsua ple<strong>na</strong> formação 3 , <strong>de</strong> acordo com suas necessida<strong>de</strong>s e bem estar começou a usar asplantas para fins alimentícios, ritualísticos e medici<strong>na</strong>is.O <strong>de</strong>scobrimento das proprieda<strong>de</strong>s curativas das plantas ocorreu no início <strong>de</strong>maneira meramente intuitiva, bem como pela observação dos animais que quandodoentes buscavam <strong>na</strong>s ervas a cura para as suas afecções. O animal doenteinstintivamente procura as ervas e o homem lhe observa e <strong>de</strong>duz que elas possuempo<strong>de</strong>r <strong>de</strong> cura. A <strong>na</strong>tureza então se apresenta como o primeiro sistema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> ao qualo homem recorreu (Balbachas, 1960; Oliveira & Silva, 1994 apud Marinho et al, 2007).Cunha (2005), baseando-se <strong>na</strong>s informações transmitidas pelas escrituras<strong>de</strong>ixadas pelas primeiras civilizações, <strong>de</strong>fine o surgimento do conhecimento sobreplantas que possuem po<strong>de</strong>r curativo.O conhecimento sobre as plantas sempre tem acompanhado a evolução dohomem através dos tempos. As primitivas civilizações cedo se aperceberam daexistência, ao lado das plantas comestíveis, <strong>de</strong> outras dotadas <strong>de</strong> maior oumenor toxicida<strong>de</strong> que, ao serem experimentadas no combate à doença,revelaram, embora empiricamente, o seu potencial curativo (CUNHA, 2005, p.1).Dos primórdios da utilização medici<strong>na</strong>l das plantas aos dias <strong>de</strong> hoje, o seu usoevoluiu bastante, passando pela cultura medici<strong>na</strong>l e religiosa das tradições populares domundo até o seu beneficiamento industrial. Sendo assim, Lorenzi & Matos apresentamduas formas <strong>de</strong> uso <strong>de</strong> plantas medici<strong>na</strong>is.(...) a <strong>de</strong> uso popular oriunda da etnocultura dos primeiros povos, geralmenteapresentada sob forma <strong>de</strong> chás, garrafadas, tinturas, banhos, pós e/ou uso3 Formação física, estrutura corpórea segundo a evolução huma<strong>na</strong>, do Homonean<strong>de</strong>rthalensis ao Homosapiens (RIDLEY, 2006).


5imediato <strong>de</strong> plantas frescas; a outra provém da indústria farmacológica, aforma tecnológica <strong>de</strong> fabricação utilizada pelo homem mo<strong>de</strong>rno, que seapresenta, a partir da substância pura isolada ou principio ativo da planta, sobforma <strong>de</strong> cápsula, comprimidos, pomadas e em soluções concentradas(LORENZI & MATOS, 2002, p. 12)O uso <strong>de</strong> plantas medici<strong>na</strong>is como arte <strong>de</strong> curar 4 é uma forma <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong>origens muito antigas e, graças aos primeiros documentos <strong>de</strong>ixados pelas civilizaçõesantigas, po<strong>de</strong> ser vista como a base da farmacologia <strong>de</strong> hoje. Cunha (2005), em estudodos aspectos históricos sobre plantas medici<strong>na</strong>is, faz um relato em or<strong>de</strong>m cronológica, apartir do surgimento da escrita, o surgimento dos primeiros documentos que <strong>de</strong>screvemas plantas com po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> cura. Essas informações eram passadas e documentadas para asgerações posteriores <strong>de</strong> uma civilização e/ou entre civilizações contemporâneas.Consi<strong>de</strong>ram-se como primeiros documentos escritos as placas <strong>de</strong> barro,atualmente conservadas no “British Museum”, on<strong>de</strong> se encontram copiados,em caracteres cuneiformes, por or<strong>de</strong>m do rei assírio Ashurbanipal, documentossuméricos e babilônicos, datando alguns mais <strong>de</strong> 3000 anos antes da era cristã.De referir que no conhecido código <strong>de</strong> Hamurabi já se <strong>de</strong>screve o ópio, ogálbano, a assafétida, o meimendro e muitos outros produtos vegetais.(CUNHA, 2005, p. 1).Esses documentos são <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância para estudos científicos sobre usomedici<strong>na</strong>l das plantas, aliados também ao conhecimento popular. A partir <strong>de</strong>sta relaçãoconhecimento cientifico e conhecimento popular, obtêm-se sucesso em pesquisas <strong>na</strong>área <strong>de</strong> plantas medici<strong>na</strong>is.A transmissão <strong>de</strong> conhecimentos <strong>de</strong> uma civilização a outra e sua importânciapara as pesquisas científicas <strong>na</strong> medici<strong>na</strong>, po<strong>de</strong> ser observada em Camargo (1999), queressalta o quanto a medici<strong>na</strong> não teria conhecido os curares 5 se não fosse pelos índiosterem transmitido esses saberes para os caboclos, e estes à comunida<strong>de</strong> científica empesquisas sobre etnobotânicos. Nesse sentido, a relação do conhecimento popular com oconhecimento científico evi<strong>de</strong>ncia a importância da etnocultura 6 no uso das plantasmedici<strong>na</strong>is para as pesquisas farmacológicas. O uso do conhecimento empírico popularfacilita a confirmação científica <strong>de</strong> novos produtos fitoterápicos e o aproveitamento<strong>de</strong>sse laboratório etnocultural reduziria consi<strong>de</strong>ravelmente as <strong>de</strong>masiadas quantida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> testes laboratoriais para comprovação dos produtos fi<strong>na</strong>is. Isso porque,4 Para Vilas Boas (2004) a arte <strong>de</strong> cura das antigas civilizações era caracterizada pela mistura <strong>de</strong> religião,magia e drogas, e a pessoa que domi<strong>na</strong>va tais práticas adquiria gran<strong>de</strong> prestigio dos <strong>de</strong>mais.5 Os curares são extratos vegetais extraídos <strong>de</strong> certos cipós <strong>de</strong> extrema ação paralisante, que alguns povosindíge<strong>na</strong>s usavam para caçar levando suas flechas; estes extratos vegetais possuem vários alcalói<strong>de</strong>s(Ferreira, 2009)6 Enten<strong>de</strong>-se etnocultura como sendo uma a<strong>na</strong>lise ou estudo sobre a história dos povos e suas culturas,aqui sob a ótica do uso <strong>de</strong> plantas medici<strong>na</strong>is.


6A fitoterapia explica, cientificamente, (...) as tradicio<strong>na</strong>is plantas medici<strong>na</strong>is,utilizadas há milênios por todos os povos da terra, curam, completando, <strong>de</strong>staforma, o valioso conhecimento cultural sobre tão importante alter<strong>na</strong>tivaterapêutica <strong>na</strong>tural (VIEIRA, 1992 p. 5)O significado da palavra Fitoterapia vem do grego phyto que significa vegetal,planta e terapia do grego therapeia que quer dizer ato <strong>de</strong> aliviar ou curar doentes(tratamento), sendo assim, a fitoterapia é o tratamento mediante o uso <strong>de</strong> plantas(Oliveira & Akisue, 1997). Consi<strong>de</strong>ra-se planta medici<strong>na</strong>l ou fitoterápica toda espécievegetal que possui proprieda<strong>de</strong>s benéficas à saú<strong>de</strong> huma<strong>na</strong>. Os medicamentospreparados utilizando-se exclusivamente plantas ou parte <strong>de</strong>las – cascas, raízes, folhas,frutos, flores ou sementes – e que possuem proprieda<strong>de</strong>s reconhecidas <strong>de</strong> cura,prevenção, diagnóstico ou tratamento sintomático <strong>de</strong> doenças são chamados <strong>de</strong>fitoterápicos (Brasil, 2000). A fitoterapia é ainda pouco conhecida diante da gran<strong>de</strong>diversida<strong>de</strong> dos recursos vegetais do planeta e menosprezada pela supremacia damedici<strong>na</strong> alopática, porém, alguns profissio<strong>na</strong>is da área da saú<strong>de</strong>, principalmente osfarmacologistas, têm gran<strong>de</strong> crença <strong>na</strong> importância <strong>de</strong>sta nos cuidados e no bem estar dasaú<strong>de</strong> huma<strong>na</strong>.A Agência Nacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Vigilância Sanitária – ANVISA, preocupada com o usosem controle e ao <strong>de</strong>sconhecimento das procedências dos medicamentos fitoterápicos,emprega, no Regulamento Técnico sobre Registro <strong>de</strong> Medicamentos Fitoterápicos noAnexo I, da Resolução –RDC nº 17, <strong>de</strong> 24 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2000 que dispõe sobre oregistro <strong>de</strong> medicamentos fitoterápico, quatro diferentes tipos <strong>de</strong> apresentação: omedicamento fitoterápico industrial, o medicamento fitoterápico novo, o medicamentofitoterápico tradicio<strong>na</strong>l e o medicamento fitoterápico similar. A saber que,O medicamento fitoterápico é todo medicamento farmacêutico obtido porprocessos tecnologicamente a<strong>de</strong>quados, empregando-se exclusivamentematérias-primas vegetais, com fi<strong>na</strong>lida<strong>de</strong> profilática, curativa, paliativa ou parafins <strong>de</strong> diagnóstico. É caracterizado pelo conhecimento da eficácia e dos riscos<strong>de</strong> seu uso, assim como pela reprodutibilida<strong>de</strong> e constância <strong>de</strong> sua qualida<strong>de</strong>(...) (BRASIL, 2000).Medicamento fitoterápico novo é aquele cuja eficácia, segurança e qualida<strong>de</strong>,sejam comprovadas cientificamente junto ao órgão fe<strong>de</strong>ral competente, porocasião do registro, po<strong>de</strong>ndo servir <strong>de</strong> referência para o registro <strong>de</strong> similares(BRASIL, 2000).Medicamento fitoterápico tradicio<strong>na</strong>l é aquele elaborado a partir <strong>de</strong> plantamedici<strong>na</strong>l <strong>de</strong> uso alicerçado <strong>na</strong> tradição popular, sem evidências, conhecidasou informadas, <strong>de</strong> risco à saú<strong>de</strong> do usuário, cuja eficácia é validada através <strong>de</strong>levantamentos etnofarmacológicos e <strong>de</strong> utilização, documentaçõestecnocientíficas ou publicações in<strong>de</strong>xadas (BRASIL, 2000).Medicamento fitoterápico similar: aquele que contém as mesmas matériasprimasvegetais, <strong>na</strong> mesma concentração <strong>de</strong> princípio ativo ou marcadores,


7utilizando a mesma via <strong>de</strong> administração, forma farmacêutica, posologia eindicação terapêutica <strong>de</strong> um medicamento fitoterápico consi<strong>de</strong>rado comoreferência (BRASIL, 2000).Essa organização da nomenclatura para fitoterápicos é mais para informar aosconsumidores interessados, esclarecendo-lhe a classificação <strong>de</strong> acordo com aprocedência dos medicamentos que são ou serão distribuídos nos centros ou postos <strong>de</strong>saú<strong>de</strong> públicos.Lorenzi & Matos (2002) citam que a Organização Mundial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, ao <strong>de</strong>finirque 80% da população mundial faz uso <strong>de</strong> medicamentos fitoterápicos e visando adistribuição <strong>de</strong>sses medicamentos para as classes <strong>de</strong>sfavorecidas, passa a orientar osórgãos responsáveis pela saú<strong>de</strong> pública <strong>de</strong> cada país que: procedam a levantamentosregio<strong>na</strong>is das plantas medici<strong>na</strong>is da cultura popular e i<strong>de</strong>ntifique-as botanicamente;estimulem o uso dos medicamentos fitoterápicos após sua comprovação; <strong>de</strong>saconselhamo uso <strong>de</strong> medicamentos sem o conhecimento <strong>de</strong> sua procedência; procedam a programascom certificação <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cultivos <strong>de</strong> plantas <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>s curativas.No Brasil, além da gran<strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong> plantas com po<strong>de</strong>r curativoem todo seu território, existem também a diversida<strong>de</strong> e a construção do conhecimentosobre cultivo e formas <strong>de</strong> uso <strong>de</strong>ssas plantas em rituais religiosos, em virtu<strong>de</strong> damiscige<strong>na</strong>ção <strong>de</strong> raças – o encontro do homem branco europeu com índios brasileiros eescravos africanos – <strong>de</strong>corrente da colonização do país a partir do século XV.Esse encontro <strong>de</strong> raças, segundo Lorenzi & Matos (2002), estabeleceu o alicerce<strong>de</strong> toda a tradição <strong>de</strong> uso <strong>de</strong> plantas medici<strong>na</strong>is no Brasil. Os europeus, principalmenteos jesuítas da medici<strong>na</strong> <strong>na</strong>turalista, foram os primeiros médicos que exerceram aspraticas da medici<strong>na</strong> vegetal, aperfeiçoando técnicas a partir do saber indíge<strong>na</strong> dos<strong>na</strong>tivos (Siqueira, 2006 apud Matos, 2008).Lorenzi e Matos (2002) <strong>de</strong>screvem também que os escravos africanos ajudaram<strong>na</strong> construção <strong>de</strong>sse conhecimento no uso <strong>de</strong> plantas trazidas da África utilizadas pararituais religiosos e curativos.Muitas outras plantas (...), são empregadas <strong>na</strong>s mais diferentes situaçõesritualísticas dos sistemas <strong>de</strong> crenças <strong>de</strong> influência africa<strong>na</strong> no Brasil, a fim <strong>de</strong>aten<strong>de</strong>r aos objetivos requeridos pelos rituais, tanto <strong>de</strong> cura como dascerimônias religiosas propriamente ditas (CAMARGO, 1999, p. 1)Na região amazônica, o conhecimento fitoterápico se estruturou entre os séculosXVI e XIX, a partir da congregação dos saberes dos povos <strong>na</strong>tivos amazônicos com aspraticas da medici<strong>na</strong> européia <strong>na</strong>turalista dos jesuítas, fundindo-se mais adiante, no


8gran<strong>de</strong> movimento do ciclo da borracha, com o saber nor<strong>de</strong>stino com forte influênciadas tradições africa<strong>na</strong>s (SANTOS, 2000).Essa fusão etnográfica 7As populações acostumadas a enfrentar, com seus próprios recursos,enfermida<strong>de</strong>s que às vezes <strong>de</strong>sconheciam, criaram novas técnicas <strong>de</strong> uso,<strong>de</strong>scobrindo novas fi<strong>na</strong>lida<strong>de</strong>s para as plantas que já conheciam, a partir dosdados recém-incluídos no seu dia-a-dia (SANTOS, 2000, p. 8).<strong>de</strong>fine a pajelança cabocla ou medici<strong>na</strong> popularamazônica, com uma relação entre religião e medici<strong>na</strong>. Segundo Henrique (2009), aeficácia <strong>de</strong>sses rituais está em organizar simbolicamente baseado em um sistema <strong>de</strong>crenças, dando respostas aos problemas dos indivíduos e que possibilitem às pessoas adar sequência no curso <strong>de</strong> suas vidas. Esses rituais são fortemente caracterizados nointerior amazônico, principalmente em comunida<strong>de</strong>s ribeirinhas, localida<strong>de</strong>s on<strong>de</strong> oacesso às drogas alopáticas é restrito. Dessa forma, os domi<strong>na</strong>ntes <strong>de</strong>sses rituais seconfiguram <strong>na</strong> forma <strong>de</strong> benzedor, pajé e/ou experiente, segundo a linguagem cabocla(MAUÉS, 1990).Oliveira & Bartholo Jr (2008), sob um olhar mais holístico, <strong>de</strong>fine a pajelança 8como a representação que atua <strong>de</strong> forma sincrética sobre o corpo, implicandofenômenos que po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>finidos como mágico-religiosos, tanto quanto comocientíficos e técnicos, a uma terapêutica que envolve prescrições e formulações a partirda biodiversida<strong>de</strong> local, da <strong>na</strong>tureza, <strong>de</strong> maneiras variadas. As receitas prescritas tantopo<strong>de</strong>m incluir remédios alopáticos como os remédios da terra feitos a partir <strong>de</strong> raízes,ervas, folhas, óleos, animais ou outros produtos da farmácia popular (Oliveira &Bartholo Jr, 2008)A pajelança, mais do que o catolicismo, mais do que o espiritismo (...)encontra-se mesclada <strong>na</strong> magia e medici<strong>na</strong> popular, (...) envolve tambémpráticas alimentares e a magia implica em representações que, se ás vezesligadas, <strong>de</strong> alguma forma, ao cristianismo, sobretudo em sua versão católica,tem a ver com a medici<strong>na</strong> popular, com a cura e com a transmissão e/ouprovocação <strong>de</strong> doenças e outro males (ou benefícios) (MAUÉS, 2007).7 As <strong>de</strong>scrições culturais: catolicismo europeu com a espiritualida<strong>de</strong> dos rituais <strong>de</strong> magias dos índios eafricanos formam o que se chama <strong>de</strong> pajelança rural ou cabocla. Uma forma <strong>de</strong> pajelança praticada,sobretudo, por populações rurais ou <strong>de</strong> origem rural não indíge<strong>na</strong>s resultante <strong>de</strong> múltiplas misturas einfluências culturais: dos tupi<strong>na</strong>mbás ao catolicismo, <strong>de</strong> crenças e lendas portuguesas aos cultos africanos,e, mais recentemente, aos cultos mediúnicos kar<strong>de</strong>cistas (Maués & Villacorta, 1998; Oliveira & BartholoJr, 2008).8 Pajelança, segundo Maués & Villacorta (1998) é o fenômeno da incorporação, sendo o corpo do pajétomado por entida<strong>de</strong>s conhecidas como encantados ou carua<strong>na</strong>s. Dessa forma, possuído por essasentida<strong>de</strong>s, que o pajé realiza seus “trabalhos” ou sessões xamanísticas, ocupando-se, nelas,principalmente com a cura <strong>de</strong> doentes.


9Esses indivíduos geralmente são conhecedores das ervas, inclusive <strong>de</strong> seusefeitos curativos ou tóxicos, o que nos permite dizer, grosso modo, que são graduadosempiricamente <strong>na</strong> etnobotânica e <strong>na</strong> etnofarmacologia, íntimos da fau<strong>na</strong> e da flora e umvalioso recurso <strong>de</strong> conhecimento arquivado <strong>de</strong> suas gerações anteriores. Essesconhecimentos têm gran<strong>de</strong> importância para as pesquisas <strong>na</strong> área da farmacologia e parao surgimento <strong>de</strong> novas drogas. Por isso,Esse saber tradicio<strong>na</strong>l acerca dos recursos biológicos está <strong>de</strong>spertando ointeresse das indústrias farmacológicas e <strong>de</strong> produtos <strong>na</strong>turais para finsfarmacológicos, biotecnológicos e <strong>de</strong> conservação, <strong>de</strong>ssa forma, a diversida<strong>de</strong>cultural está fortemente relacio<strong>na</strong>da com a diversida<strong>de</strong> biológica, masprecisamente das plantas cultivadas e manipuladas pelas socieda<strong>de</strong>stradicio<strong>na</strong>is (PRIMACK, 1993 apud SIVA, 2002, p. 26)Para Vieira (1992), a flora brasileira, mas precisamente da Amazônia, pela suadiversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> espécies medici<strong>na</strong>is, carrega importantes fontes <strong>de</strong> princípios ativos,representando, <strong>de</strong>sta forma, boas perspectivas para a fitoterapia <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l.A comprovação científica dos efeitos benéficos das plantas brasileiras, tidaspopularmente como medici<strong>na</strong>is, tem <strong>de</strong>spertado gran<strong>de</strong> interesse junto aospesquisadores <strong>de</strong> todo mundo, com o objetivo <strong>de</strong> auxiliar os problemas sociaisda população universal, pois, aproximadamente meta<strong>de</strong> dos remédios contémmaterial <strong>de</strong> plantas ou sintéticos <strong>de</strong>rivados <strong>de</strong>las (SILVA, 2002, p. 14).


102- CAPITULO II: RESULTADOS E DISCUSSÃOO objetivo <strong>de</strong>ste capítulo será apresentar os resultados e a discussão dasentrevistas que foram realizadas ao longo da pesquisa <strong>de</strong> campo. Foram aplicados emcada domicílio dois formulários, sendo um para coleta <strong>de</strong> dados socioeconômicos eoutro para coleta <strong>de</strong> dados etnobotânicos e etnofarmacológicos.2.1 – As entrevistas realizadasDurante o trabalho <strong>de</strong> campo, foram realizadas vinte e cinco (25) entrevistas nosseguintes bairros do município <strong>de</strong> Altamira-Pa, todos localizados <strong>na</strong> área urba<strong>na</strong>: oito(8) no Mutirão, seis (6) <strong>na</strong> Brasília, quatro (4) <strong>na</strong> Liberda<strong>de</strong> e sete (7) <strong>na</strong> Bela Vista. Ocritério <strong>de</strong> seleção dos bairros <strong>de</strong>u-se a partir daqueles consi<strong>de</strong>rados periféricos e aseleção das casas, pela quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> plantas, sejam medici<strong>na</strong>is ou or<strong>na</strong>mentais, visíveis<strong>na</strong> frente e/ou lateral das residências, como po<strong>de</strong>mos observa <strong>na</strong>s Figuras 1 e 2, bemcomo pela indicação dos próprios moradores sobre quem cultivava plantas medici<strong>na</strong>is.Figura 1: Casa do(a) entrevistado(a) (frente), Altamira-PA, 2010.


11Figura 2: Casa do (a) entrevistado(a) (lateral), Altamira-PA, 2010.2.2 – Análise socioeconômica dos entrevistados2.2.1 – Faixa EtáriaA ida<strong>de</strong> média encontrada dos entrevistados foi <strong>de</strong> 53 anos. Dos vinte e vincoentrevistados, dois são homens. As maiorias dos informantes possuíam ida<strong>de</strong> entre 51 e70 anos, com <strong>de</strong>zesseis pessoas (64%), seguida da faixa etária <strong>de</strong> 31 a 50 anos, comape<strong>na</strong>s sete entrevistados (28%). Entre os entrevistados, havia uma mulher jovem, <strong>de</strong>ape<strong>na</strong>s 14 anos 9 e uma mais velha, <strong>de</strong> 75 anos, representando 4% cada uma. Comoindica a Figura 3.9 Apesar da pouca ida<strong>de</strong>, optou-se em iserir no estudo por apresentar bastantes e precisas informaçõessobre a medici<strong>na</strong> caseira, além da mesma já ser mãe e divi<strong>de</strong> os estudos com a maternida<strong>de</strong> e os fazeresdomésticos.


12Figura 3: Faixa Etária dos entrevistados, Altamira-Pará, 2010.Os dados revelaram que são as mulheres, em todas as faixas etárias, quem maiscultivam as plantas medici<strong>na</strong>is e também são as maiores difusoras do seu uso nosbairros em que vivem. Observou-se também que o conhecimento, tanto da varieda<strong>de</strong>como da função curativa, é transmitido ao longo das gerações por pessoas mais velhas –geralmente a mãe ou a avó – com grau <strong>de</strong> parentesco bastante estreito.Os entrevistados utilizam as plantas medici<strong>na</strong>is cultivadas para o tratamento <strong>de</strong>doenças e, mesmo convivendo em contato com a medici<strong>na</strong> mo<strong>de</strong>r<strong>na</strong>, ainda mantêmvasta farmacopéia vegetal e utilizam diversos remédios <strong>de</strong>rivados <strong>de</strong> plantas.2.2.2 – Renda Familiar e ProfissãoA fitoterapia constitui-se como opção <strong>na</strong> busca <strong>de</strong> soluções terapêuticas,utilizada principalmente pela população <strong>de</strong> baixa renda por se tratar <strong>de</strong> uma alter<strong>na</strong>tivaeficiente, barata e culturalmente difundida.Procurou-se também investigar <strong>na</strong>s entrevistas a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pessoasresi<strong>de</strong>ntes nos domicílios e quantas <strong>de</strong>stas tinham emprego ou algum outro tipo <strong>de</strong>obtenção <strong>de</strong> renda. A renda apresentada é familiar. Encontrou-se quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>resi<strong>de</strong>ntes entre um (1) e onze (11) pessoas <strong>na</strong>s vinte e cinco casas visitadas.Conforme se po<strong>de</strong> observar <strong>na</strong> Figura 4, a média da renda familiar dosentrevistados é <strong>de</strong> menos <strong>de</strong> dois salários mínimos 10 , dos quais: 56% dos entrevistadospossuem uma renda mensal entre R$ 500,00 e R$ 900,00; 20% dos entrevistadospossuem uma renda entre R$ 1.000,00 e R$ 1.500,00; 8% dos entrevistados possuem10 O valor do salário mínimo, no 1º semestre do ano <strong>de</strong> 2010, é <strong>de</strong> R$ 510,00.


13renda entre R$ 1.600,00 e R$ 1.800,00; e 16% dos entrevistados se recusaram ainformar suas rendas.Figura 4: Renda dos entrevistados, Altamira-Pará, 2010.Consi<strong>de</strong>rando a baixa renda familiar dos entrevistados, po<strong>de</strong>mos concluir que ocultivo <strong>de</strong> plantas medici<strong>na</strong>is e a sua utilização simbolizam, muitas vezes, o únicorecurso terapêutico <strong>de</strong> muitas comunida<strong>de</strong>s, pois a <strong>de</strong>ficiência ou ausência <strong>de</strong> postos <strong>de</strong>saú<strong>de</strong> e hospitais, bem como a dificulda<strong>de</strong> do acesso a medicamentos alopáticos, tor<strong>na</strong>mmuitas vezes a prática e o consumo <strong>de</strong> fitoterápicos o único meio <strong>de</strong> cura.Na Figura 5, po<strong>de</strong>mos observar que entre os entrevistados, 56 % das mulheressão do<strong>na</strong>s <strong>de</strong> casa, 12% são aposentadas, entre elas uma artesã (4%). Dentre os homensentrevistados, 8% são pedreiros. Além disso, entre os entrevistados, foram encontradasuma estudante, uma ven<strong>de</strong>dora <strong>de</strong> lanche, uma costureira, uma umbandista e umabenze<strong>de</strong>ira 11 .11 A benze<strong>de</strong>ira, ao contrário da umbandista, não obtém lucros <strong>de</strong> seus serviços. O benzedor é umespecialista capaz <strong>de</strong> tratar <strong>de</strong> várias doenças, recitando orações próprias e assumindo um comportamentoritualístico específico (MAUÉS, 1990)


14Figura 5: Profissão dos entrevistados, Altamira-Pará, 2010.As do<strong>na</strong>s <strong>de</strong> casa e as aposentadas apresentam maior representativida<strong>de</strong> nocultivo das plantas medici<strong>na</strong>is, pois divi<strong>de</strong>m o tempo dos afazeres domésticos com ocultivo das plantas medici<strong>na</strong>is.2.2.3 – ReligiãoNa pesquisa, buscou-se também investigar a religião dos cultivadores <strong>de</strong> plantasmedici<strong>na</strong>is. A religião católica prevalece entre os entrevistados, ou seja, dos vinte ecinco informantes, <strong>de</strong>zessete são católicos, o que equivale a 68% dos entrevistados. Seteentrevistados são evangélicos e uma umbandista-católica 12 , como exposto <strong>na</strong> Figura 6.Figura 6: Religião dos entrevistados, Altamira-Pará, 2010.12 Apesar <strong>de</strong> ser católica, optou-se por essa separação por configurar-se como uma mistura <strong>de</strong> espiritismoe catolicismo diferenciando-se assim do catolicismo tradicio<strong>na</strong>l.


15Verificou-se entre os entrevistados uma forte relação entre cura, crença e fé,explicado pelo uso das plantas <strong>na</strong> pajelança, catolicismo, espiritismo e umbanda,esclarecido por Maués (1990), on<strong>de</strong> as mesmas se unem, em graus diferentes, paraformar o corpo <strong>de</strong> crenças e práticas mágico-religiosas <strong>de</strong> uma população, do qual amedici<strong>na</strong> é parte integrante. Na Amazônia, é muito comum a medici<strong>na</strong> popularincorporada às crenças, representações e práticas religiosas <strong>na</strong> cura das populaçõesrurais.2.2.4 – Escolarida<strong>de</strong>Na Figura 7, po<strong>de</strong>mos observar que <strong>de</strong>ntre os vinte e cinco (25) entrevistados,44% cursaram entre a 1ª e 4ª séries do Ensino Fundamental regular, 32% sãoa<strong>na</strong>lfabetos, 12% cursaram entre 5ª e 8ª séries do Ensino Fundamental regular e 12%estão com os estudos em andamento, dos quais, dois estão <strong>na</strong> modalida<strong>de</strong> EJA –Educação <strong>de</strong> Jovens e Adultos e uma no Ensino Fundamental regular.Figura 7: Escolarida<strong>de</strong> dos entrevistados, Altamira-Pará, 2010.Verificou-se também que a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pessoas a<strong>na</strong>lfabetas somada aonúmero <strong>de</strong> pessoas que cursaram ou entre 1ª a 4ª série, resultam em 76%. Isso constituium indicativo da baixa escolarida<strong>de</strong> dos cultivadores <strong>de</strong> plantas medici<strong>na</strong>is nos bairrosselecio<strong>na</strong>dos, justificando a importância dos registros científicos dos saberes e tradiçõesque envolvem esta prática.2.2.5 – OrigemA procedência dos entrevistados é um aspecto importante a ser observado notocante ao cultivo <strong>de</strong> plantas medici<strong>na</strong>is, pois como ilustra a Figura 8, a maioria dosusuários é <strong>de</strong> origem nor<strong>de</strong>sti<strong>na</strong>, 60%, sendo que <strong>de</strong>ntre quinze entrevistados, sete são


16nortistas – correspon<strong>de</strong>ndo a 28% dos entrevistados – dois entrevistados são oriundosdo Centro-oeste – 8% do total – e um, da Região Su<strong>de</strong>ste – correspon<strong>de</strong>ndo a 4%.Figura 8: Origem dos entrevistados, Altamira-Pará, 2010.Os entrevistados provenientes do Nor<strong>de</strong>ste possuem um conhecimento bemdiversificado e inclusive, vale ressaltar que algumas espécies foram trazidas <strong>de</strong> seusmunicípios <strong>de</strong> origem para Altamira e se adaptaram muito bem <strong>na</strong> comunida<strong>de</strong> em quevivem, tendo em vista a intempérie climática diferente.A presença <strong>de</strong> muitas pessoas oriundas <strong>de</strong> outros estados foi resultado do Projeto<strong>de</strong> Colonização ao longo da Rodovia Transamazônica <strong>na</strong> década <strong>de</strong> 1970 13 . Dos vinte ecinco entrevistados, ape<strong>na</strong>s sete são paraenses; dos outros: um é <strong>de</strong> São Paulo, dois são<strong>de</strong> Goiás e três são da Bahia, um do Piauí, três do Maranhão, três do Ceará, dois <strong>de</strong>Per<strong>na</strong>mbuco, um <strong>de</strong> Alagoas e dois do Rio Gran<strong>de</strong> do Norte.2.3 – Dados etnobotânicos e etnofarmacológicosAs abordagens etnobotânicas e etnofarmacologia consistiram em combi<strong>na</strong>r asinformações adquiridas junto aos entrevistados que utilizam e cultivam plantasmedici<strong>na</strong>is nos bairros, com as informações coletadas em literaturas científicas quetratam <strong>de</strong> química e farmacologia, inclusive <strong>de</strong> medici<strong>na</strong> caseira.Em gran<strong>de</strong> parte, a aquisição do conhecimento sobre plantas medici<strong>na</strong>is dosentrevistados veio da transmissão Mãe – Filha. Outra forma encontrada <strong>de</strong> transmissão13 A Rodovia Transamazônica foi construída no Governo do Presi<strong>de</strong>nte Emílio Garrastazu Médicedurante a década <strong>de</strong> 1970, no Programa <strong>de</strong> Integração Nacio<strong>na</strong>l (PIN), que visava à apropriação <strong>de</strong> terrasvazias para homem sem terras oriundos dos Estados com índice <strong>de</strong>mográfico elevado, principalmenteEstados do Nor<strong>de</strong>ste (BECKER,1994; UMBUZEIRO, 1999).


17dos saberes fitoterápicos veio <strong>de</strong> pessoas mais velhas como Avós e Avôs, bem como <strong>de</strong>outros parentes e vizinhos.As citações etnobotânicas dos entrevistados <strong>de</strong>ram um total <strong>de</strong> cento e trinta eoito espécies <strong>de</strong> plantas medici<strong>na</strong>is, <strong>de</strong>sse total trinta e sete se <strong>de</strong>stacaram pela gran<strong>de</strong>quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> citações. Dentre essas espécies mais citadas, têm-se a babosa (Aloe vera)(Figura 9), o capim santo (Cymbopogon citratus) (Figura 10), folha santa (Bryophillumpin<strong>na</strong>tum) (figura 11), malva grossa (Plectranthus amboinicu) (Figura 12) e mastruz(Chenopodium ambrosioi<strong>de</strong>s) (Figura 13), cultivadas em todos os bairros selecio<strong>na</strong>dos.As doenças que comumente são tratadas com plantas medici<strong>na</strong>is são: doençasrespiratórias, inflamações e problemas gastrointesti<strong>na</strong>is. Essas informações estãocontidas <strong>na</strong> Tabela 1.Foto: Bruno AméricoFigura 9: Cultivo <strong>de</strong> babosa em quintal medici<strong>na</strong>l, Altamira-Pará, 2010.Foto: Bruno AméricoFigura 10: Cultivo <strong>de</strong> capim santo em quintal medici<strong>na</strong>l, Altamira-Pará, 2010.


18Foto: Bruno AméricoFigura 11: Cultivo <strong>de</strong> folha santa em quintal medici<strong>na</strong>l, Altamira-Pará, 2010.Foto: Bruno AméricoFigura 12: Cultivo <strong>de</strong> malva grossa em quintal medici<strong>na</strong>l, Altamira-Pará, 2010.Foto: Bruno AméricoFigura 13: Cultivo <strong>de</strong> mastruz em quintal medici<strong>na</strong>l, Altamira-Pará, 2010.


19Na literatura consultada, verificou-se que cada planta apresentava uma extensalista da farmacopéia 14 medici<strong>na</strong>l, tendo em vista que seu conteúdo é o resultado <strong>de</strong>pesquisas, enquanto que no conhecimento popular o saber é oralmente transmitido elimitou-se ape<strong>na</strong>s às doenças mais comuns, todavia, é importante mencio<strong>na</strong>r que oconhecimento etnobotânico e etnofarmacológico dos entrevistados está contido emquase todas as citações literárias. A amora (Rubus brasiliensis Mart.) encontrada <strong>na</strong>literatura se distingue da que foi coletada <strong>na</strong>s entrevistas, tanto <strong>na</strong>s informaçõesfarmacológicas quanto <strong>na</strong> morfologia da planta. Tanto o vick (Mentha arvensis L.)quanto o coqueiro (Cocos nucifera L.), segundo os entrevistados, possuem proprieda<strong>de</strong>smedici<strong>na</strong>is, porém, não estão presentes <strong>na</strong> literatura farmacobotânica. As informaçõessobre os usos tanto dos entrevistados quanto das literaturas estão contidas <strong>na</strong> Tabela 1.Uma das perguntas das entrevistas foi direcio<strong>na</strong>da para o aprendizado e osmotivos pelos quais passaram a utilizar plantas medici<strong>na</strong>is. Neste sentido, i<strong>de</strong>ntificou-seque para a maioria dos entrevistados (85%), o aprendizado se <strong>de</strong>u pelo fato <strong>de</strong> seremoriundos <strong>de</strong> áreas rurais <strong>de</strong> seus locais <strong>de</strong> origem ou mesmo da Transamazônica.14 Enten<strong>de</strong>-se como farmacopéia o conjunto ou lista <strong>de</strong> informações a cerca <strong>de</strong> medicamentos. Nestetrabalho enfatizamos a farmacopéia vegetal medici<strong>na</strong>l.


19Tabela 1: Uso das plantas medici<strong>na</strong>is mencio<strong>na</strong>dos pelos entrevistados e usos encontrados <strong>na</strong> literaturaPlanta medici<strong>na</strong>l (%<strong>de</strong> citação pelosentrevistados)Abacateiro (2.64%)Nome científico/Família Usos mencio<strong>na</strong>dos <strong>na</strong> literatura Usos mencio<strong>na</strong>dos pelos entrevistadosPersea america<strong>na</strong> Mill /LauraceaeAmoreira (1,22%) Não i<strong>de</strong>ntificado <strong>na</strong> literatura Não i<strong>de</strong>ntificado <strong>na</strong> literaturaAlfavaquinha(2,03%)Amor crecido(2,03%)Ocimum gratissimum L. /LamiaceaePortulaca olareceaL. /PortulacaceaeA polpa é carmi<strong>na</strong>tiva e útil contra o ácido úrico; os chás das folhas, da casca e dasemente ralada são diuréticos, anti-reumático, carmi<strong>na</strong>tivo, antianêmico, antidiarrêico eantiinfeccioso para os rins e bexiga, além <strong>de</strong> estimulante da vesícula biliar, estomático,eme<strong>na</strong>gogo e balsâmico; o caroço quando seco é empregado contra tênia e outrosvermes intesti<strong>na</strong>is e no tratamento <strong>de</strong> abscessos e pa<strong>na</strong>rícios; os botões florais são tidoscomo afrodisíacos, sendo utilizados para o tratamento dos órgãos sexuais femininos(Lorenzi & Matos, 2002; Vieira, 1992).Ações biológicas como larvisida e repelente <strong>de</strong> insetos. O óleo essencial tem açãobactericida e a<strong>na</strong>lgésica <strong>de</strong> uso em odontologia. É carmi<strong>na</strong>tivo, combate a gastrite,tosse, vômito, bronquite, gripe, resfriado (Lorenzi & Matos, 2002).Tem ações sudoríficas, emolientes, antiinflamatória, diurética, vermífuga, antipirética eantibacteria<strong>na</strong>. Po<strong>de</strong> ser usada contra disenteria, enterite aguda, mastite e hemorróidas.As folhas são indicadas contra cistite, hemoptise, cólicas re<strong>na</strong>is, queimaduras e úlceras.As sementes são consi<strong>de</strong>radas eme<strong>na</strong>gogas, diuréticas, anti-helmíntica (Lorenzi &Matos, 2002).Chá do caroço e da folha para os rins;chá das folhas amareladas para o fígado,pressão alta; caroço ralado <strong>de</strong> molhon’água para anemia.Chá das folhas para controlar amenopausa (reposição hormo<strong>na</strong>l)Decocção das folhas para banhos notratamento <strong>de</strong> tosse, gripe, dor <strong>de</strong> cabeça.Chá das folhas para inflamação <strong>na</strong>garganta e catarro no peito.Chá das folhas para verminose,inflamação uteri<strong>na</strong>, febre em bebês.Alecrim (1.01%)Rosmarinus offici<strong>na</strong>les L. /LamiaceaeMedicamento para má digestão, gases no aparelho digestivo, dor <strong>de</strong> cabeça,dismenorréia, fraqueza e memória fraca. Possui proprieda<strong>de</strong>s espasmolíticas sobre avesícula e duo<strong>de</strong>no, colerética, protetora hepática e antitumoral. Presença <strong>de</strong> óleos <strong>na</strong>sfolhas para uso tópico como cicatrizantes, antimicrobiano, estimulante do courocabeludo. Para uso oral como diurético, colagogo, colerético, carmi<strong>na</strong>tivo eantiinflamatório intesti<strong>na</strong>l. O uso do chá das folhas para cistite, enterocolites ehemorróidas inflamadas (Lorenzi & Matos, 2002).Chá das folhas no controle da pressãoalta, gripe e dor <strong>de</strong> cabeça.Arruda (1,83%)Ruta graveolensL. / RutaceaeUso <strong>na</strong> forma <strong>de</strong> chá para <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>ns menstruais, inflamações <strong>na</strong> pele, dor <strong>de</strong> ouvido,dor <strong>de</strong> <strong>de</strong>nte, febre, cãimbras, doenças no fígado, verminoses e como abortivo. Temativida<strong>de</strong> anti-helmíntica, febrífuga, eme<strong>na</strong>goga (Lorenzi & Matos, 2002).Chá das folhas para atraso menstrual,antiinflamatório. Banhos para zumbido<strong>na</strong> cabeça, dor <strong>de</strong> ouvido, conjuntiviteFonte: Trabalho <strong>de</strong> campo, 2010


Tabela 1: continuação20Algodão branco(1,01%)Gossypium hirsutum L. /MalvaceaeChá das folhas para <strong>de</strong>sinteira, hemorragia uteri<strong>na</strong> e uso tópico das folhas comocicatrizantes. Chá da raiz para falta <strong>de</strong> memória, amenorréia, distúrbio da menopausa eimpotência sexual. Chás das folhas e frutos ainda ver<strong>de</strong>s para micoses. O óleo extraídodas sementes usa-se como purgativo, vermífugo e como emolientes, além <strong>de</strong> combaterpiolhos do couro cabeludo e do corpo (Lorenzi & Matos, 2002).Chá das folhas inflamação uteri<strong>na</strong>.Açafroa (1,01%)Curcuma longa L. /ZingieberaceaeSeu rizoma tem proprieda<strong>de</strong>s anti-hepatotóxico, anti-hiperlipidêmica eantiinflamatório. Tem ação colerética com estimulo da secreção da bílis, prisão <strong>de</strong>ventre e melhora o apetite, também para tratamento do cálculo biliar, da icterícia eoutras disfunções hepáticas. Os extratos tem ativida<strong>de</strong> anti-PAF, ação hipoglicemiantee antiinflamatório. O óleo essencial do rizoma apresenta ativida<strong>de</strong>s anti-histamínico,antimicrobiano (Lorenzi & Matos, 2002).Chá do rizoma no combate do sarampo,catapora, hepatite.Babosa (3,65%)Aloe vera (L.) Burm.f. / LiliaceaeO sumo das folhas possui ativida<strong>de</strong>s cicatrizantes em casos <strong>de</strong> queimaduras eferimentos superficiais da pele. Tem ação antimicrobia<strong>na</strong>s. O gel extraído das folhasaplicado com auxílio do aplicador <strong>de</strong> creme vagi<strong>na</strong>l como supositório para combaterhemorróidas. Misturado com álcool e água para contusões, em torções e doresreumáticas (Lorenzi & Matos, 2002).Sumo das folhas para erisipela,ferimento, câncer, furúnculo, <strong>de</strong>rmatite,inflamação.Boldo chinês (1,83%)Plectranthus neochilus Schlechter/ LamiaceaeTratamento para controle da gastrite, da dispepsia, azia, mal estar gástrico, ressaca ecomo amargo estimulante do apetite e da digestão (Lorenzi & Matos, 2002).Chá das folhas má digestão, inflamaçãono fígado.Capim santo (3,25%)Cymbopogon citratus (DC) Stapf./ Gramineae (Poaceae)O chá das folhas frescas é empregado para alívio <strong>de</strong> peque<strong>na</strong>s cólicas uteri<strong>na</strong>s eintesti<strong>na</strong>is, bem como no tratamento do nervosismo (Lorenzi & Matos, 2002).Chá das folhas para dissolver cristais <strong>na</strong>uri<strong>na</strong>, calmante, insônia, antiinflamatório,febre, gripe, hipertensão.Cumaruzinho(1,83%)Justicia pectoralis var.stenophylla Leon. / AcanthaceaeMedicação contra reumatismo, cefaléia, febre, cólicas abdomi<strong>na</strong>is, inflamaçõespulmo<strong>na</strong>res, tosse; é também utilizada como expectorante, sudorífica e afrodisíaca. Emextrato hidro-alcoólico das folhas tem efeito antipirético, a<strong>na</strong>lgésico, espamolíticoantiinflamatório e bronco dilatadora (Lorenzi & Matos, 2002).Chá das folhas para tosse, pneumonia,gripe, febre, dor <strong>de</strong> barriga, antiinflamatório,dor <strong>de</strong> cabeça.Cajueiro (1,83%)Coqueiro (1,62 %)Fonte: Trabalho <strong>de</strong> campo, 2010A<strong>na</strong>cardium occi<strong>de</strong>ntale L. /A<strong>na</strong>cardiaceaeNão i<strong>de</strong>ntificado <strong>na</strong> literaturaA entrecasca possui efeito antidiabético, adstringente, antidiarrêico, <strong>de</strong>purativo, tônicae antiasmática. O cozimento da entrecasca, com bochechos e gargarejos, como antisépticoe antiinflamatório em casos <strong>de</strong> feridas e úlceras da boca e afecções da garganta(Lorenzi & Matos, 2002).Não i<strong>de</strong>ntificado <strong>na</strong> literaturaChá da casca do caule como antiinflamatório,antiséptico, vermisida,moluscida. No combate da lepra,eczema, psoríase, filariose.Entrecasca <strong>de</strong> molho n’água paradiabetes e colesterol alto, a água parahidratação.


Tabela 1: continuação21Ca<strong>na</strong>ra<strong>na</strong> (2,03%)Costus spiralis (Jacq.) Roscoe /Zingberaceae (Costaceae)Possui proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>purativa, adstringente e diurética. O uso do rizoma comodiurético, tônico, eme<strong>na</strong>gogo e diaforético. O suco da haste fresca diluído em água temuso contra gonorréia, sífilis, nefrite, picadas <strong>de</strong> inseto, problemas da bexiga e diabetes.O uso externo <strong>na</strong> forma <strong>de</strong> <strong>de</strong>cocção é empregado para aliviar irritações vagi<strong>na</strong>is,leucorréia e no tratamento <strong>de</strong> úlceras. Na forma <strong>de</strong> cataplasma é empregada paraamadurecer tumores (Lorenzi & Matos, 2002).Chá das folhas para infecção urinária,pedra nos rins.Coquinho (1,01%)Eleutherine bulbosa (Mill.) Urb. /IridaceaeOs bulbos são empregados contra gastralgia, histeria, diarréia e vermes intesti<strong>na</strong>is. Aoextrato atribuem-se proprieda<strong>de</strong>s antimicrobia<strong>na</strong>s e ação dilatadora da coronária,potencialmente útil no tratamento <strong>de</strong> doenças cardíacas (Lorenzi & Matos, 2002).Chá do bulbo para dor <strong>de</strong> barriga,diarréia e ameba.Erva cidrera (2,84%)Elixir paregórico(1,22%)Folha santa (3,25%)Gervão (1,22%)Lippia alba (Mill.) N.E.Br. /Veber<strong>na</strong>ceaePiper callosum Ruiz et Pav. /PiperaceaeBryophillum pin<strong>na</strong>tum (Lam.)Oken / CrassulaceaeStachytarpheta jamaicensis (L.)Vahl / verbe<strong>na</strong>ceaeO chá das folhas tem efeito calmante espasmolíticas suaves, além <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>a<strong>na</strong>lgésica. Tem forte ativida<strong>de</strong> sedativa, ansiolítica e mucolítica. Também o chá dasfolhas é eficaz no alívio <strong>de</strong> peque<strong>na</strong>s crises <strong>de</strong> cólicas uteri<strong>na</strong>s e intesti<strong>na</strong>s (Lorenzi &Matos, 2002).O chá das folhas é adstringente, digestivo, antidiarréico e hemostático local,antiblenorrágico e contra a leocorréia (Vieira, 1992).Largo uso no tratamento <strong>de</strong> furúnculos e xarope para tosse associado com outrasplantas. É usada também para tratamento <strong>de</strong> anexite e da gastrite. Possui ativida<strong>de</strong>santialérgicas, antiúlceras e imuno-supressivas, além <strong>de</strong> antitumorais e ação inseticida.Combate a leishmaniose cutânea (Lorenzi & Matos, 2002).É utilizado como tônico estomacal e estimulante das funções gastrintesti<strong>na</strong>is, contrafebre, dispepsia, como diurético e emoliente, para problemas hepáticos crônicos e, parapromover a transpiração (Lorenzi & Matos, 2002).Chá das folhas calmante, insônia,hipertensão, má digestão e febre.Chá das folhas para má digestão,malária, gripe, vômito.Sumo das folhas para inchaço,inflamação uteri<strong>na</strong>, gastrite, gripe, dor <strong>de</strong>ouvido, estômago.Chá das folhas como anti-inflamatório ecicatrizante e no combate da gastrite egripe.Gengibre (2,84%)Zingiber offici<strong>na</strong>le Roscoe /ZingiberaceaeO óleo essencial do rizoma fresco possui ações antimicobria<strong>na</strong>, estimulante digestiva,com indicação nos casos <strong>de</strong> dispepsia e como carmi<strong>na</strong>tivo <strong>na</strong>s cólicas flatulentas, além<strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> com ações antimicrobia<strong>na</strong> local no combate a rouquidão e a inflamaçãoda garganta, antivomitiva, antiinflamatória, anti-reumática, antiviral, intensa ativida<strong>de</strong>antitussíge<strong>na</strong>, antitrombose, cardio-tônica, antialérgica, colagoga, e protetora doestômago (Lorenzi & Matos, 2002).Chá do rizoma para gripe, tosse,inflamação <strong>na</strong> garganta, rouquidão efebre.Goiabeira(1,83%)Psidium guajava var. pomifera L./ MyrtaceaeÉ usada no tratamento <strong>de</strong> diarréias <strong>na</strong> infância. O uso do chá com bochechos egargarejos para o tratamento <strong>de</strong> inflamações da boca e da garganta ou em lavagenslocais <strong>de</strong> úlceras e <strong>na</strong> leucorréia. O extrato do broto tem uma forte ativida<strong>de</strong> contraSalmonela, Serratia e Staphylococcus (Lorenzi & Matos, 2002).Chá do broto para dor <strong>de</strong> barriga,gastrite.Fonte: Trabalho <strong>de</strong> campo, 2010


Tabela 1: continuação22Guiné/Tipi (2,23%)Petiveria alliacea L. /PhytolaccaceaeÉ consi<strong>de</strong>rada antiespasmódica, diurética, sudorífica e eme<strong>na</strong>goga. Na forma <strong>de</strong>infusão das folhas e das raízes contra hidropsia, artrite, reumatismo, malária, memóriafraca. As raízes têm ação a<strong>na</strong>lgésica e anestésica. O uso externo contra afecções bucaise infecções da garganta <strong>na</strong> forma <strong>de</strong> chá por infusão das folhas e raízes. Em aplicaçãotópica contra contusões, traumatismos, dores lombares, reumáticas e <strong>de</strong> cabeça. Temforte ação hipoglicemiante (Lorenzi & Matos, 2002).Chá das folhas para reumatismo nosangue, gripe e tosse.Hortelanzinho(1,62%)Mentha x piperita L. / Labiatae(Lamiaceae)Possui proprieda<strong>de</strong>s espasmolíticas, antivomítivas, carmi<strong>na</strong>tivas, estomáquicas e antihelmínticaspor via oral e, antibacteria<strong>na</strong>, antifúngica e antiprurido por uso tópico. Oóleo essencial das folhas tem proprieda<strong>de</strong>s antiespasmódica, antiinflamatória,antiúlcera e antiviral (Lorenzi & Matos, 2002).Chá das folhas para dor <strong>de</strong> barriga, gripe,febre, dor <strong>de</strong> cabeça, verminose, tosse einsônia.Limoeiro (1,83%)Citrus limon (L.) Burm. F. /RutaceaeO suco da fruta possui proprieda<strong>de</strong>s diuréticas, anti-escorbútica, anti-reumática, anti<strong>de</strong>sintérica,adstringente e febrífuga. É usada contra aci<strong>de</strong>z estomacal, ácido úrico,varizes, hemorróidas, pedras nos rins, congestão dos brônquios, eczema, dor <strong>de</strong>garganta, picada <strong>de</strong> inseto e gripe. O chá do fruto ou das folhas para gripe e resfriados.O cozimento da casca do fruto para facilitar a circulação sanguínea, como digestivo epara problemas estomacais (Lorenzi & Matos, 2002).Suco do fruto para hipertensão.Decocção das folhas <strong>na</strong> forma <strong>de</strong> banhospara gripe, tosse e sumo das folhas parafurúnculo.Laranjeira (2,64%)Mastruz (3,45%)Mamoeiro (1,62%)Malva grossa (3,04%)Manjericão (1,01%)Citrus sinensis L. / RutaceaChenopodium ambrosioi<strong>de</strong>s L. /ChenopodiaceaeCarica papaya L. / CaricaceaePlectranthus amboinicus (Lour.)Spreng / Labiatae (Lamiaceae)Ocimum basilicum L. / Labiatae(Lamiaceae)Indicada contra gripes e resfriados, pois tem ações <strong>de</strong>purativa e sudorífera. Digestiva,calmante, antiescorbútica, antifebril e dissolvente <strong>de</strong> cálculos re<strong>na</strong>is (Barbosa Júnior,2009).É tida como estomáquica, anti-reumática e anti-helmíntica. Misturado com leite paratratamento <strong>de</strong> bronquite e tuberculose. A planta triturada é usada para tratamento <strong>de</strong>contusões e fraturas por meio <strong>de</strong> compressas ou ataduras (Lorenzi & Matos, 2002).O látex, algumas gotas por litro <strong>de</strong> água, é empregado para asma e diabetes, <strong>na</strong> formapura como vermífugo. As sementes secas e trituradas <strong>na</strong> forma <strong>de</strong> chá também comovermífugo. O fruto para intestino preso. A infusão das flores é eme<strong>na</strong>goga, antipiréticae peitoral, já as folhas são estomáquicas, sedativas e calmativas (Lorenzi & Matos,2002).De suas folhas é feito xarope no tratamento <strong>de</strong> tosse, dor <strong>de</strong> garganta, bronquite. Osumo para o tratamento <strong>de</strong> feridas por leishmaniose cutânea, além <strong>de</strong> medicação oralpara problemas ovarianos e uterinos, inclusive nos casos <strong>de</strong> cervicite (Lorenzi &Matos, 2002).Alivia espasmos, baixa febre e melhora a digestão, além <strong>de</strong> ser efetiva contra infecçõesbacteria<strong>na</strong>s e parasitas intesti<strong>na</strong>is. O chá é estimulante digestivo, galactógeno, béquicoe anti-reumático (Lorenzi & Matos, 2002).Decocção das folhas <strong>na</strong> forma <strong>de</strong> banhospara gripe, febre. Chá da casca do frutopara dor <strong>de</strong> barriga, emagrecedor,calmante, hipertensão.Com leite e mel como anti-inflamatório,para gastrite, inflamação uteri<strong>na</strong>, gripe,verminose e o sumo das folhas parafratura e ferimentos.Flor do mamoeiro macho para dor noestômago e gripe.Chá para gripe, inflamação uteri<strong>na</strong>, asmae gastrite. Na forma <strong>de</strong> xarope para tossee dor <strong>na</strong> garganta.Chá das folhas como calmante e notratamento da gripe, tosse, dor <strong>de</strong> cabeçae rins.Fonte: Trabalho <strong>de</strong> campo, 2010


24A Tabela 1 apresenta um registro importante da prática que envolve o cultivo <strong>de</strong>plantas medici<strong>na</strong>is, principalmente pelas classes sociais menos favorecidas. Contextualizandohistoricamente essa temática, os diversos autores estudiosos dos saberes e tradições popularesapontam para as transformações <strong>na</strong> Amazônia e como estas se consolidaram em um contexto<strong>de</strong> trocas culturais intensas e diversificadas, vivenciadas pelos seus habitantes. As populaçõesacostumadas a enfrentarem, com seus próprios recursos, enfermida<strong>de</strong>s que às vezes<strong>de</strong>sconheciam, criaram novas técnicas <strong>de</strong> uso, <strong>de</strong>scobrindo assim novas fi<strong>na</strong>lida<strong>de</strong>s para asplantas que já conheciam ou mesmo usando várias plantas ou partes <strong>de</strong>stas.Nessas transformações, os saberes amazônicos estavam sistematizados em seusdiversos matizes: indíge<strong>na</strong>s e caboclos, seringueiros, ma<strong>de</strong>ireiros, pescadores, colonos,garimpeiros, regatões, etc.. Esses grupos sociais foram ao longo do tempo consolidando suaspráticas, <strong>de</strong>stacando-se o uso dos “remédios do mato” como um dos seus traços culturais maismarcantes. As tradições <strong>de</strong> uso <strong>de</strong> plantas medici<strong>na</strong>is <strong>na</strong> Amazônia guardam elementos <strong>de</strong>várias culturas.


25CONCLUSÕESUm dos objetivos importantes a que se propôs esse trabalho foi resgatar o saber e astradições que envolvem o uso e o cultivo das plantas medici<strong>na</strong>is, reconhecendo que essaspráticas estão comprometidas com os processos <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização e urbanização, gerando orisco <strong>de</strong> perda <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong>sses saberes. Fato importante verificado é que as própriasre<strong>de</strong>s <strong>de</strong> transmissão <strong>de</strong>sse conhecimento também estão comprometidas, pois eles sãopassados oralmente <strong>de</strong> geração a geração.Apesar do cultivo <strong>de</strong> plantas medici<strong>na</strong>is ser muito mais amplo e difundidoprincipalmente entre as classes populares, consi<strong>de</strong>ra-se que o trabalho apresentado a partir <strong>de</strong>uma amostra <strong>de</strong> quatro bairros no município <strong>de</strong> Altamira-PA, revelou o quanto é importanteque as Ciências Agrárias se comprometam com os aspectos sócio-antropológicos aos quaisestão envoltos o cultivo <strong>de</strong> plantas medici<strong>na</strong>is <strong>na</strong> Amazônia.Nesse sentido, outras pistas <strong>de</strong> pesquisas po<strong>de</strong>m ser apontadas para futuros trabalhos,tais como: a investigação em áreas rurais com origens diferenciadas, muito comuns em áreas<strong>de</strong> fronteira amazônica, permitindo verificar mais eficazmente as transformações <strong>de</strong>ssessaberes já assi<strong>na</strong>ladas pelos autores utilizados <strong>na</strong>s referências bibliográficas; bem como umlevantamento <strong>de</strong> espécies pouco reconhecidas <strong>na</strong> literatura cientifica, para investigação <strong>de</strong>seus princípios ativos.Fi<strong>na</strong>lmente, neste Trabalho <strong>de</strong> Conclusão <strong>de</strong> Curso, verificou-se que a ausência <strong>de</strong> umsistema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> eficaz, com poucos postos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, médicos mais comprometidos,pe<strong>na</strong>lizam mais a população pobre, lhes restando a medici<strong>na</strong> popular como prevenção e cura<strong>de</strong> suas doenças.


26BIBLIOGRAFIA CONSULTADABALBACHAS, Alfonsos. As plantas curam. 11ª ed. São Paulo: Ed. Missionária A Verda<strong>de</strong>Presente, 1960, p. 5-15.BARBOSA JUNIOR, A<strong>de</strong>mir. Guia prático <strong>de</strong> plantas medici<strong>na</strong>is. São Paulo: Universo dosLivros, 2009. p 69.BECKER, Bertha K. Amazônia. – 3ª ed. São Paulo: Editora Ática, 1994. p 31-37.BRASIL. Agência Nacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Vigilância Sanitária. Resolução - RDC n.º 17, <strong>de</strong> 24 <strong>de</strong>fevereiro <strong>de</strong> 2000. Dispõe sobre o registro <strong>de</strong> medicamentos fitoterápicos. Po<strong>de</strong>rExecutivo, <strong>de</strong> 10 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2001. Disponível em:. Acesso em 05 <strong>de</strong> nov. <strong>de</strong> 2009.CAMARGO, Maria Thereza <strong>de</strong> Arruda. <strong>Plantas</strong> rituais <strong>de</strong> religião <strong>de</strong> influência africa<strong>na</strong>no Brasil e sua ação farmacológica. Dominguezia, Buenos Aires, v. 15, nº 1, p. 21-26, nov.1998/mar. 1999. Disponível em:. Acesso em 15 <strong>de</strong> out. 2009.COUTO, Mery Elizabeth. Coleção <strong>de</strong> plantas medici<strong>na</strong>is aromáticas e condimentares.Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2006, 91 p. Documentos, 157.CUNHA, Antonio Proença. Aspectos históricos sobre pla<strong>na</strong>s medici<strong>na</strong>is, seus constituintesactivos e fitoterapia. 2005. Disponível em .Acesso em 18 <strong>de</strong> <strong>de</strong>z. 2007.FERREIRA, Aurélio Buarque <strong>de</strong> Holanda. Novo dicionário da língua portuguesa. 4ª ed.Curitiba: Ed. Positivo, 2009.LORENZI, Harri; MATOS, José <strong>de</strong> Abreu. <strong>Plantas</strong> medici<strong>na</strong>is no Brasil: <strong>na</strong>tivas eexóticas. 2ª ed. São Paulo: Instituto Plantarum, 2002, p. 11-13.HENRIQUE, Márcio Couto. Folclore e medici<strong>na</strong> popular <strong>na</strong> Amazônia. In – História,Ciências, Saú<strong>de</strong> – Manguinhos, Rio <strong>de</strong> Janeiro, v.16, n.4, out.-<strong>de</strong>z. 2009, p.981-998.MATOS, Stérphane Araujo <strong>de</strong>. <strong>Plantas</strong> medici<strong>na</strong>is utilizadas em áreas <strong>de</strong> assentamento <strong>na</strong>região <strong>de</strong> A<strong>na</strong>pu/PA – Levantamento e análise fitoquímica. Trabalho <strong>de</strong> Conclusão <strong>de</strong>Curso apresentado à Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências Biológicas – UFPA, Altamira, PA. 2008, p. 70.MARINHO, M. L. et al. A utilização <strong>de</strong> plantas medici<strong>na</strong>is em medici<strong>na</strong> veterinária: umresgate do saber popular. Rev. Bras. Pl. Med., Botucatu, v.9, n.3, 2007, p.64-69.MAUÉS, Raymundo Heraldo. A ilha encantada: medici<strong>na</strong> e xamanismo. Belém:Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Pará, 1990.MAUÉS, Raimundo Heraldo. Religião e medici<strong>na</strong> popular <strong>na</strong> Amazônia: A etnografia <strong>de</strong>um romance. Revista Anthropológicas, ano 11, volume 18(2): 2007, pag. 153-182.


27MAUÉS, Raymundo Heraldo. Religião e medici<strong>na</strong> popular <strong>na</strong> Amazônia: a etnografia <strong>de</strong>um romance. Revista Anthropológicas. v 18, 2009, p. 153-182.MAUÉS, Raymundo Heraldo; VILLACORTA, Gisela Macambira. Pajelança e encantariaamazônica. Simpósio <strong>de</strong> Pesquisa Conjunta. VIII Jor<strong>na</strong>da sobre Alter<strong>na</strong>tivas Religiosas <strong>na</strong>América Lati<strong>na</strong>. São Paulo. 1998.MAY, Tim. Pesquisa social: questões, métodos e processos. trad. Carlos Alberto SilveiraNetto Soares. – 3ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2004.OLIVEIRA, Fer<strong>na</strong>ndo <strong>de</strong>; AKISUE, Gokithi. Fundamentos <strong>de</strong> farmacobotânica. 2ª ed. SãoPaulo: Editora Atheneu, 1997, p. 157.PATZLAFF, Rubia Graciela; PEIXOTO, Ariane Lu<strong>na</strong>. A pesquisa em etnobotânica e oretorno do conhecimento sistematizado à comunida<strong>de</strong>: um assunto complexo. In –História, Ciências, Saú<strong>de</strong> – Manguinhos, Rio <strong>de</strong> Janeiro, v.16, n.1, jan.-mar. 2009, p.237-246.RIDLEY, Mark. Macroevolução. In: Evolução. 3ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2006, p. 548-559.RODRIGUES, Elia<strong>na</strong> & CARLINI, Elisaldo Luiz <strong>de</strong> Araújo. Levantamentoetnofarmacológico realizado entre um grupo <strong>de</strong> quilombolas do Brasil. Arquivos Brasileiros<strong>de</strong> Fitomedici<strong>na</strong> Científica, v.1, n.2, p. 80-87, 2003.SANTOS, F. S. D. Tradições populares <strong>de</strong> uso <strong>de</strong> plantas medici<strong>na</strong>is <strong>na</strong> Amazônia.História, ciências, saú<strong>de</strong>. Manguinhos, Rio <strong>de</strong> Janeiro, v. 6, p. 919-939, 2000.UMBUZEIRO, Ubirajara Marques. Altamira e sua história. 3ª ed. rev. Altamira – PA: PrefeituraMunicipal <strong>de</strong> Altamira, 1999.SILVA, Raullyan Borja Lima. A etnobotânica <strong>de</strong> plantas medici<strong>na</strong>is da comunida<strong>de</strong>quilombola <strong>de</strong> Curiaú, Macapá-AP, Brasil. Dissertação (Mestrado em Agronomia) –Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral Rural da Amazônia, Belém – PA, 2002, 172 p.VIEIRA, Lúcio Salgado. Fitoterapia da Amazônia: Manual <strong>de</strong> <strong>Plantas</strong> Medici<strong>na</strong>is. 2ª ed.São Paulo: Agronômica Ceres, 1992, p. 4-5.VILAS BOAS, Olinda Gomes da Costa. Farmacologia. Centro Universitário Fe<strong>de</strong>ralEFOA/CEUFE. Alfe<strong>na</strong>s – MG, 2004.

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