Documento (.pdf) - Biblioteca Digital - Universidade do Porto
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Vidas e ilustrações de Santas penitentes desnudas, no deserto e em peregrinação,<br />
no Flos Sanctorum de 1513<br />
dia com o aspecto da idade perfeita de trinta anos, a idade de Jesus Cristo quan<strong>do</strong><br />
triunfou da morte. 64 Só esporadicamente no Renascimento e sistematicamente<br />
no Barroco contra-reformista, é que se assiste, em nome <strong>do</strong> decoro, a uma<br />
adequação mais estreita com o texto das vidas <strong>do</strong>s santos e a sua representação<br />
iconográfica. Porém, a tradição iconográfica tem muita força, e mesmo nessas<br />
épocas encontramos exemplos de discrepância entre texto literário e representação<br />
iconográfica. Um caso célebre é o da representação <strong>do</strong> mártir S. Sebastião, em que<br />
o remoçamento de que foi objecto no Renascimento, mercê da sua comparação<br />
com Cristo, se prolongou até aos nossos dias. 65<br />
A partir de 1516, surge uma outra forma de representar o episódio, devi<strong>do</strong><br />
à impressão em Saragoça (Fs.Zar.1516, f. 168 v) de uma xilogravura (fig. 8)<br />
estampada anteriormente em Nuemberga (LdH.Nür.1488, f. 3 v), que terá<br />
posteridade na Península ibérica até finais <strong>do</strong> século.<br />
O outro episódio desta legenda figura<strong>do</strong> em ilustrações de Santorais sevilhanos<br />
<strong>do</strong> final da década de 60 de Quinhentos (fig. 9) é o da sepultura (Ls.Sev.1568, f.<br />
56 d; Fs.Sev.1568-69, est. dir., nos f. 258 r. – ilustran<strong>do</strong> Sto. Onofre – e f. P iiij<br />
r. – ilustran<strong>do</strong> Sta. Maria Madalena; Fs.Sev.1572, II, f. 89 vº, est. dir.), em que<br />
figuram, la<strong>do</strong> a la<strong>do</strong>, a tentativa de Zózimo e a escavação <strong>do</strong> leão.<br />
1.2. Santa Maria Madalena 66<br />
1.2.1. O texto:<br />
Sob o nome de Maria Madalena 67 acolhem-se três personagens evangélicas.<br />
A estas se vem juntar uma quarta, fruto da contaminação da história de Santa<br />
64 «convención admitida por los teólogos e impuesta a los artistas», segun<strong>do</strong> Louis RÉAU, Iconografía del<br />
arte cristiano, tomo 1: Iconografía de la Biblia, vol. 2: Nuevo testamento, Barcelona, Ediciones del Serbal<br />
1996 (ISBN 84-7628-189-7), 764.<br />
65 Karim RESSOUNI-DEMIGNEUX, Saint Sébastien, [Paris], Éditions du Regard, D.L. 2000 (ISBN<br />
2-84105-118-8), 29-35.<br />
66 Sobre esta Santa ver: Lilia SEBASTIANI, Tra/Sfigurazione. Il personaggio evangelico di Maria di<br />
Magdala e il mito della peccatrice redenta nella tradizione occidentale, Brescia, Queriniana, © 1992 (ISBN<br />
88-399-0958-3); Helena (Maria Duarte Freitas Mesquita) BARBAS, Imagens e sombras de Santa Maria<br />
Madalena na literatura e arte portuguesas, Lisboa, [s.n.], 1997, 2 vols. (Tese de <strong>do</strong>utoramento em Estu<strong>do</strong>s<br />
Portugueses, <strong>Universidade</strong> Nova de Lisboa [Texto policopia<strong>do</strong>]; Christiane NOIREAU, Marie Madeleine,<br />
Paris, Éditions du Regard, 1999 (ISBN 2-84105-106-4); Katherine Ludwig JANSEN, The Making of the<br />
Magdalen: Preaching and Popular Devotion in the Later Middle Ages, Princeton (New Jersey), Princeton<br />
University Press, 2000 (ISBN13: 978-0-691-08987-4); Andréia Cristina Lopes Frazão da SILVA & Carolina<br />
Coelho FORTES & Fabrícia Angélica Teixeira de CARVALHO & Maria Cristina Correia Leandro PEREIRA<br />
& Shirlei Cristiane Araújo FREITAS, Vida de Santa Maria Madalena – Texto Anônimo de Século XIV, Rio<br />
de Janeiro, <strong>Universidade</strong> Federal <strong>do</strong> Rio de Janeiro, Agosto 2002 – ; Helena [Maria Duarte Freitas Mesquita]<br />
BARBAS, Madalena – História e Mito, Lisboa, Ésquilo – Edições e Multimédia, Maio de 2008 (ISBN 972-<br />
989-8092-29-8).<br />
67 Ou “Magdanela”, como aparece no nosso texto.<br />
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