_INTR_EST_LITERÃRIOS
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Para testemunhar do olhar e da sua experiência é que ain¬da sobrevive a palavra<br />
escrita na sociedade pós-industrial.<br />
[1986]<br />
SANTIAGO, Silviano. Nas Malhas da Letra.<br />
O texto de Silviano Santiago nos apresenta, com certa clareza, o narrador pós-moderno,<br />
pensando-o a partir de um diálogo estabelecido com o texto de Benjamin, O narrador, que<br />
apresentamos à você no Conteúdo 1 do Tema 3. Os dois tipos de narrador enfocados são<br />
interessantes e não nos cabe julgar ou escolher quais seriam as virtudes de um em detrimento<br />
do outro. O que Silviano faz em seu trabalho de crítico literário é tentar ler o seu tempo, sua<br />
forma de narrar e habitar a contemporaneidade, as formas de narrar que se transmutam por<br />
meio desse sujeito que muda sua experiência e seu contato com o mundo. O pós-moderno<br />
refere-se não ao fi m do moderno, mas a uma perlaboração de tudo aquilo que se confi gurou<br />
como modernidade e que, passado um tempo, viria a se confi gurar com outros propósitos<br />
que nem rompem com as tendências anteriores, nem fi cam restritos ao modelo precursor.<br />
Em termos de narrativa, o pós-moderno ou exagera ou faz uma literatura ainda não feita.<br />
Por isso, encontramos na literatura contemporânea um exagero ainda maior do pastiche, da<br />
paródia, da mistura entre documento e fi cção. A mudança se dá no nível do espaço. Por isso<br />
dizemos que os centros são móveis, que a fi xidez de uma identidade só pode se pensada<br />
enquanto uma referência em trânsito.<br />
O tempo, grande tema da modernidade, cede lugar ao espaço na pós-modernidade.<br />
Quem é o autor?<br />
Falamos de textos, de obras literárias, de gêneros que caracterizam determinadas<br />
escritas, mas uma pergunta pode ecoar em meio a essas teorias todas: quem é o autor?<br />
Quem escreve o texto que leio? Essa discussão é feita há tempos e certamente não tem data<br />
para ser fi nalizada. Diante do emblema da autoria, vários foram os estudos que se fi zeram<br />
sobre ela, questionando o local de fala do autor, se seus dados biográfi cos contariam para a<br />
análise do texto literário, a intenção daquele que escreve, o status que esse local de ‘autor’<br />
gera, enfi m, várias questões a se ramifi carem cada vez mais em busca da ‘identidade’ desse<br />
sujeito que cria, fi cciona e é, ao mesmo tempo, real e fi cção.<br />
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