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Revista Dr Plinio 119

Fevereiro de 2008

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Ec o f i d e l í s s i m o d a Ig r e j a<br />

perfeição espiritual a que foram chamadas. E quem não<br />

compreende o papel do sofrimento e da dor para operar<br />

nas almas o desapego, a regeneração, para fazê-las crescer<br />

no amor a Deus, quiçá não entenda que, via de regra, por<br />

essa forma os homens alcançam a bem-aventurança eterna.<br />

E tão indispensável nos é o sofrimento para chegarmos<br />

ao Céu, que São Francisco de Sales não hesitava em qualificá-lo<br />

de “oitavo sacramento”.<br />

Ora, Nossa Senhora agiria então contra o interesse da<br />

salvação das almas, se as livrasse todas das doenças. Claro<br />

está, a determinadas pessoas, por circunstâncias e desígnios<br />

especiais, de algum modo convém subtrair-lhes<br />

o sofrimento. São exceções. A maior parte dos que vão a<br />

Lourdes voltam sem ter obtido a cura. E nisto podemos<br />

ver como a Santíssima Virgem, tão misericordiosa, entretanto<br />

respeita a vontade divina no que se refere aos<br />

sofrimentos humanos.<br />

Milagres da caridade cristã<br />

Porém, como a Mãe que ajuda os filhos a carregarem<br />

seus fardos, Nossa Senhora em Lourdes concede ao doente<br />

uma tal conformidade com o padecimento, que não<br />

se tem notícia de alguém que, ali estando e não sendo<br />

curado, se revoltasse. Pelo contrário, as pessoas retornam<br />

ao seus lugares imensamente resignadas, satisfeitas<br />

de terem podido fazer sua visita à célebre gruta dos milagres,<br />

e contemplar a bondade de Maria para com outros<br />

infortunados que não elas.<br />

Há mesmo o fato de não poucos doentes, oriundos<br />

dos mais distantes países da Terra, vendo em Lourdes a<br />

presença de pessoas mais necessitadas de cura do que<br />

eles, dizerem a Nossa Senhora estar dispostos a abrir<br />

mão do próprio restabelecimento, desde que Ela o conceda<br />

àqueles. Quer dizer, aceitam o sofrimento e a doença<br />

em benefício do outro. Esse é um verdadeiro milagre<br />

de amor ao próximo por amor a Deus. Milagre moral arrancado<br />

à fraqueza humana; milagre mais estupendo que<br />

uma cura propriamente dita.<br />

Se bela é essa resignação, mais bonita ainda é a generosidade<br />

cristã das freiras de um convento de clausura<br />

perto de Lourdes. São contemplativas recolhidas<br />

que têm o propósito de expiar e sofrer todas as doenças,<br />

a fim de obter para os corpos e almas dos incontáveis<br />

peregrinos as graças e favores que estes vão ali<br />

suplicar. De maneira que nunca pedem a sua própria<br />

cura e aceitam todas as enfermidades que a Providência<br />

disponha caírem sobre elas, em benefício daqueles<br />

peregrinos. Se Deus acolhe seus oferecimentos, levam<br />

às vezes uma vida inteira de provações ou morrem de<br />

uma morte prematura, com o intuito especial de fazer<br />

bem às outras almas.<br />

Diante desse heroísmo, pergunta-se: há algo na Terra<br />

mais digno de admiração?<br />

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