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Editorial<br />
150 anos de<br />
graças ininterruptas<br />
“<br />
E<br />
u sou a Imaculada Conceição”. Assim se apresentou a Rainha do Céu e da Terra a uma simples<br />
camponesa da região de Lourdes, ao lhe aparecer no interior de uma gruta aberta nos Pireneus<br />
franceses, no dia 11 de fevereiro de 1858. Quatro anos antes, o Papa Beato Pio IX definira<br />
o dogma da concepção sem mancha de Maria Santíssima. Revelando-se daquela forma à humilde<br />
Bernadette, a Mãe de Deus ratificava de modo indiscutível a sentença pontifícia.<br />
Era a primeira de uma série de aparições que deixaria admirado, de início, o povo de Lourdes e,<br />
no volver dos tempos, o mundo inteiro. Nossa Senhora abrira uma fonte inextinguível de graças e milagres<br />
que até hoje favorecem justos e pecadores, fiéis e céticos, curando-lhes as enfermidades do<br />
corpo e da alma.<br />
Estima-se que, ao longo deste ano jubilar, cerca de oito milhões de peregrinos acorram ao Santuário<br />
de Lourdes. O mais insigne deles será o próprio Papa Bento XVI, cuja presença significará o<br />
maior penhor de gratidão dos filhos para com a melhor de todas as Mães.<br />
Foi <strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong> um desses filhos extremamente sensíveis à misericórdia e à bondade insondáveis de<br />
Nossa Senhora de Lourdes. Não perdia ocasião de salientar aos olhos de seus discípulos as grandes<br />
lições que deveríamos colher dos prodígios e dons celestiais ali dispensados pela Santíssima Virgem.<br />
Ouçamo-lo:<br />
“Os milagres de Lourdes continuaram e continuam até hoje, com o sobrenatural demonstrando<br />
sua existência, claramente e de viseira erguida. Com o amor da Mãe de Deus se expandindo sobre os<br />
homens de todas as nações, de todas as línguas e, em certo sentido, de todas as religiões. Porque há<br />
curas de não-católicos em Lourdes, os quais posteriormente, na sua maioria, se convertem.<br />
“O trágico e magnífico espetáculo de Lourdes! É todo o drama da dor humana diante da doença,<br />
fruto do pecado original, que ali se desenrola. Pessoas debilitadas pelo mal que as afligem, tendo passado<br />
pelos incômodos de uma viagem mais ou menos longa, conforme o lugar do mundo de onde<br />
saíram, vêm pedir a Nossa Senhora o milagre tão almejado. E multidões de pessoas sãs estão ao lado<br />
delas, assistindo aquele desfile de sofrimento, cantando e rezando para que os doentes sarem. A missa<br />
que se celebra, a bênção com o Santíssimo Sacramento, a tocante e maravilhosa procissão das tochas...<br />
“Imagine-se tudo o que representou a um doente o ter partido da África do Sul ou da ilha do Ceilão,<br />
da Patagônia ou do Alasca, para estar algumas horas em Lourdes. Às vezes, pobres que gastam<br />
nessa viagem os últimos recursos financeiros de que dispunham, com a esperança daquela cura —<br />
que vem ou não vem. Não raro, essa cura se dá no caminho de volta para casa. De repente, quando<br />
nada mais se esperava, um grito jubiloso: ‘Estou curado!’<br />
“Todas essas circunstâncias, todos esses aspectos e acontecimentos se revestem de uma sublimidade<br />
peculiar, uma sublimidade sobrenatural, diante da qual nossa língua emudece. É a sublimidade<br />
do milagre.<br />
“Acima de tudo, o milagre de caráter moral que conduz as almas ao Céu. Pois Nossa Senhora não<br />
seria Ela, se aparecesse em Lourdes para fazer bem aos corpos que perecem e não fazê-lo às almas<br />
imortais. Nem seria verdadeiro esse amor d’Ela aos homens, se não tivesse por principal objetivo o<br />
levá-los ao amor de Deus. Porque nada de melhor para nós se pode desejar.”<br />
Dec l a r a ç ã o: Conformando-nos com os decretos do Sumo Pontífice Urbano VIII, de 13 de março de 1625 e<br />
de 5 de junho de 1631, declaramos não querer antecipar o juízo da Santa Igreja no emprego de palavras ou<br />
na apreciação dos fatos edificantes publicados nesta revista. Em nossa intenção, os títulos elogiosos não têm<br />
outro sentido senão o ordinário, e em tudo nos submetemos, com filial amor, às decisões da Santa Igreja.<br />
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