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LUZES DA CIVILIZAÇÃO CRISTÃ<br />
mais benquerenças. E é porque a alma católica me encanta,<br />
é porque nela discirno o reluzimento do Divino<br />
Espírito Santo, que me apraz admirar Chambord.<br />
Nesse castelo, tudo é amabilidade, harmonia, leveza,<br />
elegância, força e coragem. Ora, é a graça de<br />
Deus que concede aos homens a possibilidade de<br />
serem assim e de imprimirem nas suas obras reflexos<br />
desses predicados. E a graça lhes vem através da Igreja<br />
Católica, de seus ensinamentos, de seu apostolado e<br />
maternal influência. Graças e influxo materno que,<br />
em Chambord, tocaram profundamente minha sensibilidade.<br />
“Chambord<br />
é uma das irradiações do<br />
magnífico ocaso da<br />
Cristandade medieval”<br />
<strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong> contemplando o castelo,<br />
durante sua visita em 1988<br />
Essa maravilha que eu sonhava<br />
em conhecer, achava-se fechada aos<br />
turistas na tarde em que ali cheguei.<br />
Sozinha, silenciosa, envolta nas<br />
discretas penumbras do pré-anoitecer<br />
que começava. O conjunto refletia<br />
aquela espécie de poesia, de tristeza<br />
e de beleza especiais das coisas<br />
abandonadas. Separava-me do castelo<br />
um terreno coberto por uma erva<br />
que nasceu de modo mais ou<br />
menos fortuito, mas que adquiriu<br />
extraordinário encanto, realçado<br />
aqui e ali por graciosas florzinhas<br />
brancas surgindo inocentemente da<br />
relva.<br />
À direita, destacava-se uma capelinha<br />
de gótico flamboyant, do século<br />
passado, em perfeita harmonia<br />
com o estilo de Chambord.<br />
A floresta, sobre a qual incidia<br />
uma luminosidade amena, pareceume<br />
de rara beleza, imersa em suave<br />
e discreta melancolia. Contemplando<br />
aquelas árvores, tinha-se a impressão<br />
de ver um mundo de personagens<br />
que participaram de toda<br />
a existência áurea de Chambord, e<br />
que agora se encontravam para<br />
além do rio que nos separa da eternidade,<br />
considerando com certo pesar<br />
a derrota de tudo quanto eles<br />
conheceram e representaram.<br />
Já o castelo, com sua imensa beleza,<br />
altivez e fantasia, erguia-se à<br />
maneira de um grand-seigneur passeando<br />
por seus domínios. Hierático,<br />
algum tanto distante do mundo<br />
ao seu redor, um grand-seigneur<br />
que, no mesmo dia, pela manhã tomou<br />
parte numa batalha, à tarde recebeu<br />
convidados para uma festa na<br />
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