Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
“Digitus Dei est hic”<br />
Editorial<br />
Odedo de Deus está aqui, escreveu D. Bertrand<br />
Laurence, Bispo de Tarbes (sudoeste<br />
da França), na Carta Pastoral em que<br />
reconhecia o caráter sobrenatural dos extraordinários<br />
acontecimentos ocorridos na pequena localidade<br />
de Lourdes. A partir de fevereiro de 1858,<br />
numa gruta nas proximidades deste lugar, uma<br />
bela e majestosa Senhora aparecera algumas vezes<br />
a uma simples e virtuosa adolescente, Bernadette,<br />
declarando ser a Imaculada Conceição. Era o ponto<br />
de partida para uma duradoura série de milagres<br />
portentosos, visando a “restaurar o mundo em<br />
Cristo, por uma nova e incomparável efusão da redenção”<br />
(Pio XII, Carta Encíclica sobre as Aparições<br />
da Santíssima Virgem em Lourdes).<br />
Até hoje, 142 anos depois, quando um visitante<br />
se dirige a Lourdes em espírito de peregrinação,<br />
sente na gruta rios de graças. “Tem-se a impressão<br />
de que Nossa Senhora se retirou há pouco, de que<br />
Bernadette está ainda viva em algum recanto da<br />
gruta, com uma mensagem extraordinária, um desígnio<br />
qualquer de Maria Santíssima para o futuro”,<br />
diz João Clá Dias, que ali esteve não faz muito<br />
tempo. “Pressente-se uma abundância de bênçãos,<br />
concedidas de modo ininterrupto, com vistas a erguer<br />
um povo, a levantar e manter uma civilização<br />
enquanto modelo do mundo inteiro. Lourdes, muito<br />
mais do que atender a todos aqueles fiéis que<br />
por lá passam, parece feita para realizar uma missão<br />
especial. Não sei o que será. Talvez algo relacionado<br />
com o Reino de Maria, profetizado por<br />
São Luís Grignion de Montfort. Tem-se a impressão<br />
de que aquela fonte ultrapassará os séculos, e<br />
suas águas produzirão milagres maiores do que os<br />
operados até hoje. Há qualquer coisa de uma promessa,<br />
de um vigor, de uma generosidade marial<br />
que sobrepuja toda e qualquer expectativa”.<br />
Nestes nossos dias tão conturbados pela violência,<br />
o despudor e a impiedade, a ocorrência de espetaculares<br />
milagres físicos e, sobretudo, espirituais<br />
em Lourdes nos diz que a Providência continua<br />
a velar amorosamente por sua Igreja e por todos<br />
nós. Convida-nos também a discernir a crescente<br />
ação do “dedo de Deus” no mundo, quer dizer, de<br />
sua graça preparando os corações para a hora da<br />
grande conversão. Muitos são os sinais nos quais é<br />
possível entrever essa ação, a começar pelo surto<br />
de religiosidade que vem percorrendo a terra. Surto<br />
no qual a Mãe de Deus tem papel central, como<br />
intercessora para a obtenção das misericórdias divinas,<br />
conforme tem lembrado o Papa João Paulo II:<br />
“Maria anima a Igreja e os fiéis a cumprir sempre a<br />
vontade do Pai, manifestada em Cristo. As palavras<br />
dirigidas aos serventes, no milagre de Caná, ressoam<br />
em cada geração: Fazei o que Ele vos disser”<br />
(Audiência Geral, 13/1/2000).<br />
Para nos tornar partícipes de suas graças, Nosso<br />
Senhor nos pede algo: confiança no auxílio divino e<br />
resignação nos sofrimentos os quais, para nosso<br />
bem, Ele nos enviar. Que vençamos as crises de desânimo<br />
tão comuns em nossa época e recuperemos<br />
a alegria da virtude. Mesmo nos momentos de dor,<br />
angústia e apreensões, se atendermos à voz de<br />
Cristo, ela murmurará em nossas almas palavras de<br />
doçura e de paz, como nos assegura <strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong> na<br />
“Gesta de um varão católico”. E, como ele também<br />
mostra ao longo das páginas da presente edição,<br />
esta é “a grande lição de Lourdes”.<br />
DECLARAÇÃO: Conformando-nos com os decretos do Sumo Pontífice Urbano VIII, de 13 de março de 1625<br />
e de 5 de junho de 1631, declaramos não querer antecipar o juízo da Santa Igreja no emprego de palavras<br />
ou na apreciação dos fatos edificantes publicados nesta revista.Em nossa intenção, os títulos elogiosos não<br />
têm outro sentido senão o ordinário, e em tudo nos submetemos, com filial amor, às decisões da Santa Igreja.<br />
4