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Revista Dr Plinio 23

Fevereiro de 2000

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GESTA MARIAL DE UM VARÃO CATÓLICO<br />

Ainda jovem, <strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong> resolvera consagrar toda a sua vida ao apostolado católico. Aqui o<br />

vemos (segundo da direita para a esquerda) na Semana da Adoração Perpétua, no Rio,<br />

quando era deputado.<br />

Eu, devendo tantos<br />

favores, não podia nem<br />

tinha vontade de recusar.<br />

Auxiliar aquela paróquia<br />

era uma coisa<br />

muito boa, e eu queria<br />

colaborar nessa forma<br />

de bem. Assim, terminada<br />

minha ação de graças,<br />

fui correndo para a<br />

sacristia disposto a adquirir<br />

dois ou três livros,<br />

escolhidos a esmo. Peguei<br />

um de cujo tema já<br />

não me lembro, e outro<br />

chamado O Livro da<br />

Confiança.<br />

Retirei-me apressadamente,<br />

tomei um táxi e<br />

fui trabalhar, levando os<br />

livros na mão. À noite,<br />

de volta ao meu quarto<br />

de hotel, deixei-os sobre<br />

um móvel qualquer, sem<br />

lhes dar maior atenção.<br />

tempo ao trabalho profissional. Por<br />

outro lado, se não exercesse uma<br />

profissão, não teria como proporcionar<br />

a meus pais, que já caminhavam<br />

para a velhice, uma vida condizente<br />

com sua posição social. Como<br />

achar um caminho? Que problemas,<br />

que coisas misteriosas!<br />

E assim ficava eu esfacelado diante<br />

dessas perspectivas, horas e horas,<br />

noites a fio, sem saber que saída<br />

encontrar, até o momento determinado<br />

por Nossa Senhora para se fazer<br />

uma luz nesse tão sombrio panorama.<br />

Um livro comprado a esmo<br />

Perto do meu hotel erguia-se a<br />

Igreja do Sagrado Coração de Jesus,<br />

onde eu ia comungar todos os<br />

dias. Acontece que, devido às nevralgias<br />

e às preocupações, era-me<br />

difícil acordar tão cedo quanto seria<br />

necessário para receber a Sagrada<br />

Eucaristia durante as missas da manhã,<br />

já rezadas quando eu chagava<br />

na igreja. Mas o pároco era extremamente<br />

amável comigo: percebendo<br />

meus horários bastante apertados,<br />

sempre se dispunha a me dar a<br />

comunhão na hora em que eu por lá<br />

aparecesse. Supérfluo dizer quanto<br />

lhe ficava agradecido por essa caridade,<br />

fazendo-o entender ao cumprimentá-lo<br />

com particular gentileza.<br />

E era só, pois eu tinha de sair<br />

correndo para a Assembléia Constituinte,<br />

e não havia tempo para entabular<br />

uma conversa com ele.<br />

Certo dia, porém, o padre se aproximou<br />

de mim e disse: “<strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong>,<br />

nós estamos organizando uma exposição<br />

de livros piedosos aqui na<br />

sacristia. Se o senhor quiser examinar<br />

essa mostra, talvez tenha alguma<br />

obra que lhe agrade ver”.<br />

De fato ele desejava me dizer outra<br />

coisa: “Para manter a paróquia,<br />

estamos vendendo alguns livros. O<br />

senhor não quer nos ajudar, comprando<br />

alguns deles?”<br />

“Voz de Cristo...”<br />

Afinal, nesse mesmo dia ou no<br />

seguinte, estava ali o livro e resolvi<br />

folheá-lo. Era de uma leitura muito<br />

fácil, com letras grandes e capítulos<br />

curtos. Escrito por um certo Pe.<br />

Thomas de Saint Laurent, e traduzido<br />

por “M. P.” (que eu sabia serem<br />

as iniciais da esposa do ex-Presidente<br />

Epitácio Pessoa, uma senhora<br />

de renomados dotes literários). Eu,<br />

sem saber por onde andavam as vias<br />

de Nossa Senhora a meu respeito,<br />

abri o livro e li essa frase de que,<br />

após tantos e tantos anos, me recordo<br />

tão bem: “Voz de Cristo, voz misteriosa<br />

da graça, vós murmurais no<br />

fundo de nossas consciências palavras<br />

de doçura e de paz”.<br />

Causou-me singular impressão o<br />

fato de eu estar angustiado e cheio<br />

de dúvidas, e nunca, mas absolutamente<br />

nunca, ter ouvido falar da<br />

confiança como sendo uma virtude<br />

que o católico deve praticar. Eu en-<br />

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