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Revista Dr Plinio 81

Dezembro de 2004

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GESTA MARIAL DE UM VARÃO CATÓLICO<br />

Ora, a conjunção de todas essas<br />

qualidades da Santíssima Virgem<br />

me falou na alma de forma inenarrável.<br />

E vi naquelas imagens d’Ela essas<br />

várias expressões. Marcou para<br />

minha vida inteira a devoção a Nossa<br />

Senhora, com a idéia de que Ela<br />

é um modelo a ser imitado custe o<br />

que custar, um auxílio no qual se deve<br />

confiar a todo preço, por pior que<br />

seja a situação. A bem dizer, duas incondicionalidades:<br />

na vontade de imitar,<br />

no propósito de esperar o perdão<br />

e a clemência.<br />

Um muro de horror<br />

ao pecado<br />

A graça de compreender e admirar<br />

a realeza da pureza de Nossa Senhora,<br />

cuja noção adquiri através<br />

desses flashes, veio trazendo dentro<br />

de si um verdadeiro muro de horror<br />

contra a impureza.<br />

Para se entender essa afirmação,<br />

imagine-se uma pérola absolutamente<br />

branca. Qualquer grão de poeira<br />

que se deposite sobre ela a deprecia,<br />

porque macula em algum ponto<br />

aquela alvura, quebra sua homogeneidade.<br />

Assim, a virtude da pureza<br />

imaculada, ilibada, traz consigo o<br />

padrão do muro de horror contra a<br />

impureza e, por extensão, também<br />

contra tudo quanto é erro e mal.<br />

Por exemplo, entre o deplorável defeito<br />

da inveja e a virtude contrária<br />

(isto é, a admiração e a alegria pelos<br />

dons concedidos por Deus a outros),<br />

há um muro de horror semelhante<br />

àquele da relação pureza-impureza.<br />

Essa parede de aversão se repete<br />

ao longo de toda a muralha das virtudes,<br />

sobretudo no tocante à principal<br />

delas, a Fé, face ao pecado que a<br />

ela se opõe: a heresia.<br />

Por definição, a Fé é tão casta<br />

que, muitas vezes, quando a Escritura<br />

se refere a alguém que pecou<br />

contra essa virtude, afirma ter ele<br />

caído na impureza. E quando o Antigo<br />

Testamento nos apresenta os judeus<br />

praticando atos impuros no alto<br />

das montanhas, alude com isso ao<br />

pecado de apostasia que eles cometiam<br />

ao adorar ídolos postos naqueles<br />

locais. Ou seja, entregar-se à idolatria<br />

é cometer atos impuros, é pecar<br />

contra a Fé.<br />

Em contrapartida, a Santa Igreja,<br />

guardiã da verdadeira Fé, é a Mãe<br />

casta, virgem e reta, a santa, a ilibada,<br />

que nos leva à pratica da virtude<br />

e à repulsa ao vício.<br />

Certo estou, portanto, de que naqueles<br />

momentos dos meus flashes<br />

com Ela, Nossa Senhora me concedeu<br />

a graça de edificar em minha alma<br />

esse muro de horror ao pecado.<br />

Muro este que todos devemos procurar<br />

desenvolver em nosso interior,<br />

em relação a qualquer defeito e pecado<br />

que nos afastam do caminho da<br />

santidade.<br />

“Flashes” que se<br />

desdobram em princípios<br />

A esse propósito, alguém poderia<br />

me indagar: “Para se criar esse muro<br />

de horror, importa ter tido antes<br />

um flash?”<br />

O flash produz necessariamente<br />

o muro do horror. Porém, com freqüência<br />

este último é obtido através<br />

do estudo da boa doutrina, feito<br />

de modo sério por uma alma honesta<br />

que deteste o vício e o mal, embora<br />

não tenha recebido a graça sensível<br />

que chamamos de flash. Entretanto,<br />

a meu ver, na vida espiritual<br />

de uma pessoa é indispensável haver<br />

certo número de flashes, a fim de<br />

que ela construa de maneira profunda<br />

essa muralha de repulsa ao pecado.<br />

E para minha cara “geração nova”<br />

2 , o flash é uma graça particularmente<br />

valiosa, devido à própria contextura<br />

de seu espírito.<br />

Agora, os flashes devem se desdobrar<br />

em princípios, os quais cumprem<br />

ser, não analisados como coisa<br />

geométrica, mas amados. Quer dizer,<br />

compreendendo uma verdade a<br />

partir do flash, é necessário amá-la<br />

e detestar o erro oposto. Nesse sentido,<br />

lembra-me um Salmo que diz:<br />

“Amei a justiça e odiei a iniqüidade,<br />

por isso Deus me ungiu com seu óleo<br />

santo”. Na linguagem da Escritura, a<br />

justiça é o símbolo de todas as virtudes,<br />

e a iniqüidade representa o conjunto<br />

dos erros. A unção da qual fala<br />

o Salmo seria, pois, o flash que torna<br />

a alma articulada, leve, aromatizada,<br />

azeitada para a prática do bem.<br />

Trilhando o caminho<br />

dos “flashes”<br />

Para concluir essas considerações,<br />

é oportuno dizer que cada um, com<br />

a peculiaridade de seu espírito e a riqueza<br />

de sua personalidade, em relação<br />

aos flashes deve ir apalpando<br />

e tateando suas impressões, a fim de<br />

procurar seguir um caminho análogo<br />

ao que trilhei. Esforçar-se em lembrar<br />

dessas graças recebidas, explicitar<br />

as sensações que causaram, de<br />

maneira a saber dizer qual foi sua<br />

substância e, posteriormente, estabelecer<br />

correlações e princípios.<br />

Assim foi como procedi: recordei<br />

meus flashes de menino, explicitei-os,<br />

compus com eles um quadro<br />

de impressões, de correlações e conceitos:<br />

a santidade da Igreja, a realeza<br />

da virgindade de Maria Santíssima,<br />

etc.<br />

Naturalmente, cada alma realiza<br />

essa operação num movimento que<br />

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