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O PENSAMENTO FILOSÓFICO DE DR. PLINIO<br />
xou este último sem uma certa beleza.<br />
E muito crocodilo que causa nojo<br />
ao ser visto na lama, terá seu couro<br />
apanhado, lustrado e arranjado para<br />
servir de bolsa ou sapato a senhoras,<br />
de carteira a homens importantes e a<br />
uma série de outras finalidades.<br />
É um pulchrum oculto, distinto da<br />
beleza do colibri. Segundo os planos<br />
de Deus, cabia ao beija-flor encantar<br />
o homem. De maneira que até a pessoa<br />
mais mal-humorada e deprimida<br />
não consegue se esquivar de considerar<br />
com interesse o esvoaçar ligeiro e<br />
gracioso do pequeno colibri. Porém,<br />
a beleza que o Criador concedeu ao<br />
jacaré é oculta, a ser descoberta, lapidada<br />
e ressaltada pelo homem. E<br />
no couro trabalhado do jacaré há duas<br />
belezas: a própria, posta em evidência<br />
pelo tratamento a ele dado;<br />
e a do engenho e senso artístico do<br />
homem o qual, à força de examinar<br />
aquele ser naturalmente feio, percebe<br />
que deveria ser lindo, e parte à<br />
procura dos métodos para fazer com<br />
que aquele pulchrum aflorasse.<br />
Uma beleza oculta,<br />
a ser descoberta,<br />
lapidada e<br />
ressaltada pelo<br />
engenho humano<br />
Deus se mostra assim o modelo<br />
de toda formosura, criando o colibri,<br />
o jacaré, mas sobretudo o homem,<br />
a cujo serviço estão os animais. Capaz<br />
de tecer uma poesia que saliente<br />
o pulcro do beija-flor, e também de<br />
manusear o couro do jacaré, de modo<br />
a tornar evidente sua beleza.<br />
Vê-se, pois, como o plano de Deus<br />
se estrutura, semeado de esplendor.<br />
E, de passagem, faço notar como é<br />
deleitável, atraente e bom considerar<br />
esse tipo de assunto.<br />
O jacaré, símbolo<br />
da introspecção<br />
Prosseguindo, dir-se-ia que o jacaré<br />
possui vários predicados de temperamento.<br />
Refiro-me ao bicho na<br />
margem de um rio, pois ignoro como<br />
será a existência dele dentro da<br />
água. Trata-se, portanto, do jacaré<br />
do folclore corrente. Aliás, nunca<br />
em minha vida pensei tanto nessa<br />
espécie da fauna quanto agora, apenas<br />
observada por mim, sem simpatias<br />
maiores, através de algumas fotografias.<br />
Surpreendi-me, em pequeno,<br />
quando me dei conta de que carteiras,<br />
pastas, bolsas e sapatos bonitos<br />
de senhoras eram revestidos com<br />
couro de crocodilo, o animal feio<br />
com o qual me tinha antipatizado.<br />
Mas, tomando o jacaré do folclore,<br />
como é apresentado para todo o<br />
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