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DONA LUCILIA<br />
Depois que o visitante se retirou, ela agradeceu a seu<br />
filho por lhe ter proporcionado uma noite muito agradável.<br />
“Apesar disso — comenta <strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong> — ela não era freqüentadora<br />
do riso. Em sua vida, esse é um dos poucos<br />
fatos do gênero.”<br />
“Ih, <strong>Plinio</strong>... mistura explosiva!”<br />
Transcorria ainda o ano de 1956. No saguão de entrada<br />
do edifício da Rua Vieira de Carvalho, um jovem de<br />
seus 17 anos aguardava a chegada do elevador quando,<br />
ao olhar para o portal, viu entrar uma distinta senhora.<br />
Era Dª Lucilia, que voltava de algum passeio com <strong>Dr</strong>.<br />
<strong>Plinio</strong>, e ambos se dirigiam ao sexto andar, onde <strong>Dr</strong>. João<br />
Paulo os aguardava para retornarem ao apartamento da<br />
Rua Alagoas. Dona Lucilia procurava apoiar-se no braço<br />
esquerdo de <strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong> a fim de subir uns três ou quatro<br />
degraus. Imediatamente aquele jovem desceu e lhe ofereceu<br />
o braço direito. Ela, com toda a naturalidade aceitou,<br />
apoiando-se levemente, solícita em não pesar sobre<br />
quem a ajudava. Tendo chegado o elevador, o jovem abriu<br />
a porta para que passassem ela e <strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong>, o qual —<br />
grata surpresa! — o convidou a entrar também.<br />
Como se tratasse de um novato discípulo de <strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong>,<br />
este o apresentou a Dª Lucilia, de uma forma um pouco<br />
mais íntima e espirituosa:<br />
— Mamãe, este aqui é fulano, filho de italiana e de espanhol.<br />
Com ar bondoso, ela olhou para o rapaz e franziu um<br />
pouco a testa, dando a entender que o analisava com especial<br />
atenção. Em seguida, voltou-se para seu filho, esboçou<br />
um ligeiro sorriso e, com leve ponta de simpático<br />
gracejo, disse de modo amável:<br />
— Ih! <strong>Plinio</strong>... mistura explosiva, não?!<br />
Aquele jovem nunca mais se esqueceria de tão doce e<br />
feliz encontro.<br />
O encanto de um “hidalgo” espanhol<br />
Bastava alguém ter a alma aberta ao sobrenatural para,<br />
estando com Dª Lucilia, mesmo sem a conhecer mais<br />
a fundo, logo se sentir atraído por sua grande benevolência.<br />
Eram os lados bons da alma que se rejubilavam e se<br />
sentiam fortalecidos, reanimados, no convívio com ela.<br />
Foi o que aconteceu a um hidalgo 1 espanhol de passagem<br />
por São Paulo.<br />
Certo dia, muito cedo, soou a campainha do apartamento.<br />
Tendo atendido à porta, a empregada procurou<br />
<strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong> e lhe comunicou encontrar-se no hall um estranho,<br />
falando uma língua que ela não entendia. Ele foi<br />
ver de quem se tratava e deparou um senhor com qual<br />
travara amizade em uma de suas viagens à Espanha. Alto<br />
e bem-apessoado, aparentava provir de nobre estirpe. Na<br />
verdade, era fidalgo.<br />
A visita inesperada dava-se em hora pouco habitual, e<br />
toda a família ainda dormia. Pelo fato de a empregada<br />
não entender suas palavras, e talvez devido ao cansaço<br />
da viagem, o recém-chegado parecia um tanto impaciente.<br />
<strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong> recebeu-o com amabilidade e o convidou<br />
para jantar em casa naquela noite.<br />
À hora aprazada, naturalmente estavam também à<br />
mesa os pais de <strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong>. Tão logo Dª Lucilia foi apresentada<br />
ao visitante, este ficou cativado pela transbordante<br />
bondade dela. Durante toda a refeição, repetidas<br />
vezes a olhava com evidente encanto.<br />
Em dado momento, voltou-se para <strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong> e exclamou<br />
com a ênfase própria do povo a que pertencia:<br />
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