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Revista Dr Plinio 73

Abril de 2004

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“¡Como me gusta, ella!” 2 . E para melhor manifestar sua<br />

simpatia, pousou sua mão sobre a dela e começou a agradá-la,<br />

repetindo várias vezes a mesma exclamação. Dona<br />

Lucilia ficou um tanto incomodada pelo amável gesto do<br />

conviva. Entretanto, sempre cerimoniosa, nada deixou<br />

transparecer.<br />

A cena marcou profundamente a <strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong>, não só<br />

pela forma inusual, se bem que fidalga e franca, com que<br />

o visitante expressou seus sentimentos, mas sobretudo porque<br />

alguém, de temperamento tão diferente do brasileiro,<br />

mostrava-se de tal modo sensível às qualidades de alma<br />

de Dª Lucilia.<br />

Olhos contemplativos nos quais há<br />

um firmamento<br />

Após um quente dia de verão, em janeiro de 1959,<br />

quando o frescor da noite parecia dar descanso ao exuberante<br />

arvoredo de algumas ruas paulistanas, podia-se<br />

assistir a uma cena especialmente bela: auxiliada por seu<br />

“filhão”, Dª Lucilia, num passo lento e quase solene, se<br />

aproximava da porta de entrada do auditório onde se realizaria<br />

a sessão de encerramento da Semana de Estudos<br />

do grupo dirigido por <strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong>.<br />

Seria essa uma das últimas conferências públicas de<br />

seu filho a que ela compareceria. Para Dª Lucilia, aquele<br />

salão repleto de jovens borbulhantes de animação, era certamente<br />

uma resposta da Providência a suas confiantes e<br />

incansáveis orações, que agora surtiam abundantes frutos.<br />

Tantos e tão entusiásticos seguidores de ideais desprezados<br />

e hostilizados pelo mundo moderno constituíam<br />

certamente para Dª Lucilia uma promessa de que,<br />

no futuro, muitos mais seriam suscitados por Nossa Senhora.<br />

Enquanto percorria, num pensativo silêncio, o espaço<br />

que a separava de seu lugar no auditório, essas e outras<br />

reflexões deviam lhe povoar a mente. Estava longe de<br />

imaginar que, após chegar à eternidade, a Providência<br />

Divina lhe daria por filhos muitos dos jovens ali presentes,<br />

bem como incontáveis outros que ainda viriam, coroando<br />

de modo inesperado sua ampla vocação materna.<br />

Uma fotografia tirada nessa ocasião (abaixo), quiçá<br />

seja das que melhor expressam seu feitio psicológico e<br />

moral. Como a luz suave do luar dissipa as trevas, mas<br />

não ofusca, assim transparece, amena mas intensamente,<br />

neste retrato, a aristocrática presença de Dª Lucilia.<br />

Em seu olhar contemplativo, à procura de um firmamento,<br />

nos é permitido entrever certo fundo de tristeza e<br />

melancolia, ao qual se mescla um quê de meiguice, presente<br />

como sempre em todas as suas atitudes. O modo de<br />

reter a bolsa e apoiar com leveza a mão sobre ela, como<br />

também de ajeitar o xale, denota gestos inadvertidos,<br />

mas muito distintos. De outro lado, vê-se que ela não está<br />

alheia à realidade externa e acompanha a conferência<br />

sem se distrair. No entanto, a expressão de sua fisionomia<br />

é de quem tem o melhor de sua atenção voltada para<br />

pensamentos superiores.<br />

Essa magnífica conjugação de bom senso e elevação<br />

de alma, características marcantes do espírito católico<br />

medieval, pervadiam a nobre alma de Dª Lucilia em<br />

pleno século XX.<br />

1 ) “Fidalgo”, em espanhol.<br />

2 ) “Como eu gosto dela!”, em espanhol.<br />

(Transcrito, com adaptações, da obra<br />

“Dona Lucilia”, de João S. Clá Dias)<br />

Aspectos da<br />

conferência<br />

pública de <strong>Dr</strong>.<br />

<strong>Plinio</strong>, em 1959,<br />

assistida por<br />

Dona Lucilia<br />

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