Jornal Paraná Setembro 2015

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BIODIESEL Miopia e falta de compromisso impedem avanço Produtores pleiteiam que o percentual de mistura seja elevado para 10% para reduzir capacidade ociosa e estimular investimentos DA EQUIPE DE REDAÇÃO O aumento da participação de biocombustíveis na composição do diesel em 2014 de 5% para 7% trouxe alento aos produtores. Mas as empresas continuam operando com capacidade ociosa elevada. “A ampliação foi importante, sinalizou que o país quer avançar em combustíveis alternativos ao petróleo. Mas não podemos parar no B7. Temos condições de ir adiante e toda a sociedade ganha com isso”, diz Erasmo Carlos Battistella, presidente da Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil (Aprobio). Estudo do Instituto Saúde e Sustentabilidade aponta que a adoção gradual da mistura B20 até 2025 pode gerar economia de R$ 2 bilhões ao sistema de saúde das seis maiores capitais brasileiras com a redução de problemas cardiorrespiratórios. O biodiesel emite 98% menos gás carbônico do que o petróleo Biocombustível emite 98% menos gás carbônico do que o petróleo A produção brasileira de biodiesel saltou de 2,9 bilhões de litros em 2013 para 3,4 bilhões de litros e a projeção para 2015 é chegar a 4,2 bilhões de litros. Mas, as 54 usinas autorizadas pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) somam uma capacidade produtiva de 7,6 bilhões de litros. Benefícios Quanto a eficiência dos motores, há um estudo com dados de 12 países dos cinco continentes, com condições climáticas distintas, que indicam que são praticamente inexistentes os impactos sobre o desempenho e a durabilidade dos motores movidos com uma mistura de até 50% de biodiesel, o B50. “Não há nenhum impedimento técnico. Só falta a decisão política”, diz Leonardo Zilio. O biodiesel também dá sustentação ao preço da soja para o produtor rural e tem papel importante para a indústria de esmagamento, segundo Zilio. O óleo de soja é o principal insumo do biodiesel no Brasil, respondendo por 75% da produção, uma vez que o complexo agroindustrial do grão já está bem desenvolvido no País e possui economia de escala. Em 2015 a estimativa da Com enorme potencial para o desenvolvimento de combustíveis renováveis, o Brasil carece ainda de investimentos e políticas voltadas para o incentivo à indústria. Nesse cenário, a criação de um marco regulatório é uma necessidade urgente, afirma Battistella. “Não vamos exportar porque não temos Abiove é que sejam produzidos 3,2 bilhões de litros de biodiesel a partir do insumo, o que representa 35% da produção de óleo de soja nacional. A gordura bovina é a segunda matéria-prima mais utilizada, respondendo por 21,6% da produção no primeiro trimestre do ano. O biodiesel consome 40% do sebo bovino do País. “O biodiesel é estratégico, possibilitou agregar valor a um resíduo gerado em nossa atividade”, diz Alexandre Pereira, diretor comercial da unidade de biodiesel do grupo frigorífico JBS. competitividade. Precisamos que se crie uma política clara para que o país possa processar mais soja e vender seus subprodutos”. A BSBios, empresa dirigida por Battistella, conta com duas unidades, uma em Passo Fundo (RS) com capacidade para 160 milhões de litros de biodiesel por ano, e outra em Marialva (PR), com capacidade para 208 milhões de litros. As duas operam com soja e sebo bovino e antes do B7 trabalhavam em 85% de seu potencial e agora estão em 95%. Battistella informa que está investindo R$ 10 milhões para ampliar a capacidade da unidade gaúcha para 219 milhões de litros anuais. Seus planos incluem uma terceira usina, também no Sul do País. “O investimento, porém, só fará sentido se houver a aprovação do B10”. Propostas ao governo Já foram encaminhadas ao governo federal quatro propostas para a expansão do consumo. A principal é elevar a mistura até 10% por litro, o B10, gradualmente até 2020. No período de transição valeria o BX, ou seja, a mistura poderia variar de 7% a 10%, de acordo com o interesse de cada região. Leonardo Zilio, assessor econômico da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegerais (Abiove), diz que regiões produtoras, como Mato Grosso, Rio Grande do Sul e o oeste paulista, poderiam se beneficiar de uma redução de custo do diesel com a proposta. Em junho, cita, o litro do diesel mineral chegava a um distribuidor de Mato Grosso por R$ 2,72. O litro do diesel S-10 custava R$ 2,87, enquanto o biodiesel, na usina, estava em R$ 2,08. As outras duas propostas para ampliar o consumo do biodiesel envolvem a adoção imediata da mistura em até 30% em máquinas agrícolas e até 20% na frota de ônibus em cidades com mais de 500 mil habitantes. As propostas estão sendo avaliadas por um grupo interministerial. Otimista, Erasmo Battistella acredita que a Conferência do Clima da ONU, a COP 21, que ocorre em dezembro em Paris, deve acelerar o processo de decisão brasileiro, dando ao governo uma medida concreta a apresentar na conferência. 8 Jornal Paraná - Setembro 2015
BSBIOS é “Destaque de Comércio Exterior” A empresa recebeu a distinção na área do agronegócio devido ao crescimento de mais de 15% em suas exportações DA EQUIPE DE REDAÇÃO RECONHECIMENTO A BSBIOS ganhou mais um prêmio, o “Destaque de Comércio Exterior – categoria agronegócio”, concedido pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e pela Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). O tradicional prêmio, criado em 1993, está em sua 21ª edição e as empresas e entidades são selecionadas com base em dados estatísticos fornecidos pelo MDIC, além de outros indicadores. A iniciativa busca reconhecer e incentivar as empresas que se destacam no comércio exterior ou em atividades relevantes no setor, que projetam o País no cenário econômico internacional. Com dez anos de fundação, a BSBIOS é uma companhia voltada para o desenvolvimento sustentável por meio da agroenergia, produzindo biodiesel a partir de óleos vegetais e gorduras animais. Além do biocombustível, a empresa exporta farelo de soja, óleo vegetal, glicerina e soja em grão. No ano passado, suas operações externas registraram um incremento de 15,6% nas vendas. “Atenta ao mercado internacional, a BSBIOS se preparou para atender as demandas externas, conquistando certificações de qualidade de produto como a GMP+B2, GMP+B3 e ISCC - Certificação Internacional de Sustentabilidade”, afirma o diretor presidente da empresa, Erasmo Carlos Battistella. Ele destaca que o Brasil é capaz de processar grãos e exportar produtos acabados, agregando valor ao PIB. “Não podemos mandar somente produtos in natura para o exterior, pois temos condições de atender os mais exigentes mercados”, ressalta o empresário. Hoje, a BSBIOS está presente em países da Europa, Ásia e África. Este é o quinto prêmio que a empresa ganha desde 2012 sendo destaque na área da exportação, e este ano ainda tem mais um para receber. A companhia já ganhou quatro vezes o “Prêmio Exportação RS” em diversas categorias ligadas ao comércio exterior, concedido pela ADVB – Associação dos Dirigentes de Vendas do Brasil, seção Rio Grande do Sul. Em 2015 ainda ela ganhará, também, o “Prêmio Sul for Export”, da revista Amanhã, especializada em economia no Sul do País, por estar entre as 25 maiores exportadoras do Rio Grande do Sul, por ser a maior exportadora de biodiesel do estado, e por estar entre as 20 companhias que mais cresceram nos últimos três anos. Erasmo Carlos Battistella recebendo o prêmio, o quinto desde 2012 Fotos: Divulgação BSBIOS Setembro 2015 - Jornal Paraná 9
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