Revista Visão nº 5
A Solução da Lavoura, Pecuária e Piscicultura
A Solução da Lavoura, Pecuária e Piscicultura
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O melhor do agronegócio<br />
RONDÔNIA<br />
Ano I I Nº 5 - Rondônia<br />
Fevereiro de 2016<br />
Valor<br />
R$ 8.50<br />
PESQUISA<br />
ACIMA DE TUDO<br />
Conselheiro do<br />
CNA e membro<br />
de importantes<br />
associações,<br />
o produtor<br />
Rubens Moreira<br />
Mendes fala da<br />
importância de<br />
pesquisas para<br />
o agronegócio<br />
A SOLUÇÃO DA<br />
LAVOURA, PECUÁRIA<br />
E PISCICULTURA<br />
Correção de solo com calcário eleva<br />
produção em Rondônia. Estado caminha<br />
para autossuficiência do mineral e<br />
reduz importações<br />
GRITO DA PECUÁRIA<br />
Pecuaristas lutam por preço justo da arroba do boi. Ação<br />
de frigoríficos gera R$ 50 milhões de prejuízos por ano<br />
FEVEREIRO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA<br />
1
FIMCA<br />
AVANÇA E SE CONSOLIDA COMO<br />
REFERÊNCIA REGIONAL<br />
Avançar sempre, acompanhando a dinâmica do processo<br />
que norteia a Educação e preocupando- se sempre com a<br />
qualidade, tem sido a filosofia das Faculdades Integradas<br />
Aparício Carvalho - FIMCA e Faculdade Metropolitana.<br />
O desafio de avançar sempre resulta na oferta de cursos<br />
de graduação e de pós-graduação que qualificam profissionais<br />
não apenas com habilidades que o mercado busca,<br />
mas também com formação ética e cidadã.<br />
A busca pelo conhecimento<br />
é a base de uma carreira promissora.<br />
Aqui você faz a diferença.<br />
Grupo Dr. Aparício Carvalho<br />
.01<br />
MEDICINA<br />
.02<br />
Cursos<br />
FIMCA<br />
Curso diurno - duração de 5 anos<br />
MEDICINA VETERINÁRIA<br />
.03<br />
BIOMEDICINA<br />
.04<br />
.05<br />
Curso vespertino - Duração de 4 anos<br />
ENFERMAGEM<br />
FARMÁCIA<br />
.06<br />
Curso integral - Duração de 5 anos<br />
Curso vespertino - Duração de 4 anos<br />
Curso vespertino - Duração de 5 anos<br />
GESTÃO HOSPITALAR<br />
.07<br />
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS<br />
.08<br />
Curso noturno - Duração de 3 anos<br />
Curso noturno<br />
Duração de 3 anos e 6 meses<br />
Curso integral - Duração de 4 anos<br />
ODONTOLOGIA<br />
.09<br />
FISIOTERAPIA<br />
.10<br />
.11<br />
PSICOLOGIA<br />
.12<br />
NUTRIÇÃO<br />
.13<br />
Curso noturno - Duração de 2 anos<br />
GASTRONOMIA<br />
.14<br />
.15<br />
ZOOTECNIA<br />
.18<br />
SERVIÇO SOCIAL<br />
.17<br />
Curso diurno - Duração de 4 anos<br />
Curso diurno - Duração de 4 anos<br />
FONOAUDIOLOGIA<br />
Curso noturno - Duração de 5 anos<br />
Curso noturno - Duração de 4 anos<br />
Curso noturno - Duração de 2 anos<br />
TURISMO<br />
Curso noturno<br />
Duração de 4 anos e 6 meses<br />
Curso noturno - Duração de 4 anos<br />
Curso noturno - Duração de 4 anos<br />
TERAPIA OCUPACIONAL<br />
$<br />
.18<br />
GESTÃO COMERCIAL<br />
.19<br />
CIÊNCIAS CONTÁBEIS<br />
.20<br />
Curso noturno - Duração de 4 anos<br />
ADMINISTRAÇÃO<br />
.21<br />
Curso noturno<br />
Duração de 2 anos e 6 meses<br />
Curso noturno - Duração de 4 anos<br />
Curso noturno - Duração de 5 anos<br />
ARQUITETURA E URBANISMO<br />
.22<br />
AGRONOMIA<br />
.01<br />
Cursos<br />
METROPOLITANA<br />
RADIOLOGIA<br />
TECNÓLOGO<br />
.02<br />
Curso noturno<br />
Duração de 4 anos 6 meses<br />
Curso noturno - Duração de 3 anos<br />
Curso noturno - Duração de 5 anos<br />
ENGENHARIA ELÉTRICA<br />
$<br />
.26<br />
.04<br />
MÚSICA<br />
.05<br />
EDUCAÇÃO FÍSICA<br />
.06<br />
LETRAS<br />
.07<br />
PEDAGOGIA<br />
.08<br />
Curso diurno - Duração de 5 anos<br />
GESTÃO DE NEGÓCIOS<br />
IMOBILIÁRIOS<br />
.09<br />
.08<br />
Curso noturno - Duração de 3 anos<br />
ARTES VISUAIS<br />
Curso noturno - Duração de 3 anos<br />
Curso noturno - Duração de 3 anos<br />
Curso noturno<br />
Duração de 3 anos e 6 meses<br />
Curso noturno - Duração de 4 anos<br />
Curso diurno - Duração de 2 anos<br />
GESTÃO DE SEGURANÇA<br />
PRIVADA<br />
Curso noturno<br />
Duração de 3 anos e 6 meses<br />
GESTÃO AMBIENTAL<br />
2 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I FEVEREIRO 2016<br />
Rua: Araras, 241<br />
Jardim Eldorado | CEP: 76.811-678<br />
Porto Velho-RO / (69) 3217-8900 / srm@fimca.com.br<br />
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EDITORIAL<br />
O mineral da revolução<br />
Parece até mágica, mas é só calcário. Aliás, utilizar o adjetivo “só” é diminuir<br />
o valor desse mineral que vem revolucionando as lavouras e tornando a<br />
produção de alimento uma prática sustentável. Quem viu o pasto da fazenda<br />
Três Capelas, às margens da BR-364 no município de Candeias do Jamari,<br />
quase nem acredita que está no mesmo local ao se deparar com uma lavoura<br />
frondosa de arroz.<br />
De uma visão ímpar, o produtor Guilherme Erse<br />
Moreira Mendes, viu a produtividade da pecuária de<br />
corte cair, correu atrás de uma análise da terra, corrigiu<br />
a acidez do solo com calcário e está prestes a fazer a<br />
colheita do grão que teve o preço elevado às alturas com<br />
a perda da safra no Sul. Azar de lá, sorte de cá.<br />
Guilherme Erse, que não está como personagem de<br />
matéria dessa edição, é mais um dos muitos produtores<br />
de Rondônia que estão empenhados no trabalho de<br />
LAVOURA DE ARROZ na fazenda Três Capelas<br />
recuperação do solo degradado. Fazem bem ao meio-<br />
-ambiente ao dar nova cobertura verde, evitando a<br />
emissão de gases de efeito estufa, e lucram durante o<br />
período de “tratamento” da terra.<br />
Durante muitos anos foi grande a dificuldade de<br />
acesso ao calcário. Alguns produtores importavam o<br />
corretivo do Mato Grosso, mas a grande maioria abandonava<br />
a terra infértil e partia para novos desmatamentos.<br />
Isso é passado.<br />
No agronegócio há uma máxima de estado mínimo,<br />
quanto menor a presença do governo melhor para o<br />
produtor. Mas, é fato que quando o estado intervém de<br />
forma positiva, o setor cresce como onda de tsumani.<br />
Exemplo do calcário. O governo investiu R$12 milhões<br />
na compra de uma planta para a jazida Félix Fleury, em<br />
Pimenta Bueno, e reduziu a importação do produto. E<br />
não para por aí. A Secretaria de Agricultura vem trabalhando<br />
em vários projetos para distribuição do produto<br />
ao pequeno produtor rural.<br />
Este ano, os mais beneficiados com o calcário gratuito<br />
serão os criadores de gado leiteiro. O governo vai<br />
dar o corretivo e dividir despesas com hora-máquina<br />
para a aplicação do produto. Com a acidez causada pela<br />
presença de alumínio tóxico reduzida, o gado terá um<br />
pasto com quantidade de matéria verde suficiente para<br />
alimentar até cinco vacas por hectare.<br />
É quase um milagre da multiplicação!<br />
Boa leitura<br />
IVONETE GOMES<br />
FEVEREIRO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA<br />
3
Índice<br />
ENTREVISTA<br />
Consultor da<br />
Confederação Nacional<br />
6<br />
da Agricultura (CNA) e<br />
mais duas importantes<br />
associações, o produtor<br />
Rubens Moreira Mendes<br />
fala sobre a importância<br />
da pesquisa para<br />
o agronegócio e<br />
produção em Rondônia.<br />
AGRONEGÓCIO<br />
14<br />
Rondônia Rural Show, o evento<br />
mais esperado do ano, divulga<br />
calendário para rodada de<br />
negócios em sete municípios.<br />
Saiba os dias e locais.<br />
24<br />
A UNIÃO FAZ A FORÇA<br />
Na região central, produtores<br />
de leite se unem em<br />
cooperativas e garantem<br />
aumento de produtividade.<br />
TURISMO<br />
30<br />
Crise financeira faz governo<br />
liberar pesca em período do<br />
defeso, mas que o pescador não<br />
se iluda: os ribeirinhos estão de<br />
olho para ninguém tirar dos<br />
rios peixe fora da medida.<br />
10<br />
MADEIRA SUSTENTÁVEL<br />
Estado ganha força com<br />
plantação de florestas e<br />
exportação do produto para<br />
mercados da China, Vietnã e<br />
Índia.<br />
16<br />
ESPECIAL<br />
Uso do calcário para<br />
correção de acidez do solo<br />
revoluciona agricultura,<br />
pecuária e piscicultura de<br />
Rondônia. Novas plantas<br />
instaladas em jazidas da<br />
iniciativa privada e governo garantem autossuficiência do<br />
produto no estado. Veja exemplos de produtores que estão<br />
colhendo os frutos de uma boa correção do solo.<br />
20<br />
GRITO DA PECUÁRIA<br />
<strong>Revista</strong> VISÃO acompanha<br />
a via crucis dos pecuaristas<br />
do estado na luta contra<br />
formação de cartel dos<br />
frigoríficos e pelo preço<br />
justo da arroba do boi.<br />
Produtores ameaçam fechar empresas e exigem<br />
posicionamento enérgico do governo. Estado<br />
acumula prejuízo de R$ 50 milhões.<br />
PRODUTO NOSSO<br />
Em Cacoal, mulheres investem<br />
na fabricação de doces<br />
artesanais e garantem boa<br />
renda familiar.<br />
28<br />
Expediente<br />
<strong>Revista</strong><br />
RONDÔNIA<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Visão</strong> Rondônia é de propriedade editorial de<br />
G.B. COSTA COMUNICAÇÕES-ME<br />
CNPJ: 23.588.281/0001-40<br />
Editora-chefe: Ivonete Gomes DRT-345<br />
Redação: Avenida Guaporé, 4248, SL 2, Igarapé, Porto Velho, Rondônia.<br />
Tel: 69 32259705 - E-mail: visãorondonia@gmail..com<br />
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Colaboradores: Gerson Costa, Eliânio Nascimento, Patrícia Carloto,<br />
Adenilson Florentino, Giliane Perin e Edmilson Rodrigues.<br />
Impressão: Editora Gráfica Padilha - CNPJ 22.976.357/0001-42<br />
Tiragem: 3.000 mil exemplares<br />
4 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I FEVEREIRO 2016
ARTICULISTA<br />
O agronegócio dá samba<br />
Circula nas redes sociais uma foto com duas placas: Cuidado! Tráfego de<br />
Máquinas Agrícolas (comum nos Estados Unidos) ressaltando a importância<br />
que a sociedade reconhece nas atividades do agro. Outra placa: Proibido o<br />
tráfego de Máquinas Agrícolas, comum no Brasil, indicaria o descaso com a<br />
agricultura brasileira. Será mesmo essa a percepção do povo brasileiro?<br />
POR CIRO<br />
ANTONIO<br />
ROSOLEM<br />
Vice-Presidente<br />
de Estudos<br />
do Conselho<br />
Científico para<br />
Agricultura<br />
Sustentável (CCAS)<br />
e Professor Titular<br />
da Faculdade de<br />
Ciências Agrícolas<br />
da Universidade<br />
Estadual Paulista<br />
“Júlio de Mesquita<br />
Filho” (FCA/Unesp<br />
Botucatu).<br />
O carnaval não é uma manifestação popular?<br />
Interessante que as Escolas de Samba<br />
do Rio de Janeiro, que nem aparece como<br />
dos mais importantes no agronegócio, vem<br />
regularmente homenageando a agricultura,<br />
a vida rural, desde, pelo menos 2013, com o<br />
samba da Vila Isabel. Em 2016 a Unidos da<br />
Tijuca homenageia em seu samba enredo<br />
não só “o suor que escorre na enxada” como<br />
“a arte do homem que cuida, protege seu<br />
chão”. Reconhece ainda a ciência agrícola e<br />
suas conquistas, “um oásis de conhecimento,<br />
pro País é um exemplo”.<br />
Então, minha gente, o sambista já descobriu<br />
o agronegócio. Ou melhor, o agronegócio<br />
brasileiro hoje dá samba. Falta ainda<br />
muito, até que isso chegue, de fato a nossos<br />
administradores e fazedores de políticas.<br />
Quem sabe algumas dessas personalidades<br />
estavam em algum dos muitos camarotes<br />
com regabofe (oriundo da agricultura) da<br />
Marquês de Sapucaí. Quem sabe alguns<br />
deles tenham aprendido o samba-enredo da<br />
Vila Isabel. Afinal, “sou matuto sonhador em<br />
louvação” e “vou rogando ao Pai querido pra<br />
colheita florescer”.<br />
Por mais que todos saibamos os interesses<br />
econômicos interferindo nesta festa nacional,<br />
é impossível não se emocionar e sentir pelo<br />
menos um pouco de orgulho em ter participado<br />
da saga de nosso agronegócio que,<br />
mais uma vez, chega à avenida. Continua<br />
dando samba.<br />
As autoridades de trânsito podem não ter<br />
percebido, mas o agro brasileiro vem pedindo<br />
passagem, pois “o meu negócio é isso, seu<br />
moço, sorriso no rosto por este mundão rural”.<br />
Sobre o CCAS<br />
O Conselho Científico para Agricultura<br />
Sustentável (CCAS) é uma organização da<br />
Sociedade Civil, criada em 15 de abril de 2011,<br />
com domicilio, sede e foro no município de<br />
São Paulo-SP, com o objetivo precípuo de<br />
discutir temas relacionados à sustentabilidade<br />
da agricultura e se posicionar, de maneira<br />
clara, sobre o assunto.<br />
O CCAS é uma entidade privada, de<br />
natureza associativa, sem fins econômicos,<br />
pautando suas ações na imparcialidade,<br />
ética e transparência, sempre valorizando o<br />
conhecimento científico.<br />
Os associados do CCAS são profissionais<br />
de diferentes formações e áreas de atuação,<br />
tanto na área pública quanto privada, que<br />
comungam o objetivo comum de pugnar<br />
pela sustentabilidade da agricultura brasileira.<br />
São profissionais que se destacam por<br />
suas atividades técnico-científicas e que se<br />
dispõem a apresentar fatos concretos, lastreados<br />
em verdades científicas, para comprovar<br />
a sustentabilidade das atividades agrícolas.<br />
A agricultura, apesar da sua importância<br />
fundamental para o país e para cada cidadão,<br />
tem sua reputação e imagem em construção,<br />
alternando percepções positivas e negativas,<br />
não condizentes com a realidade. É<br />
preciso que professores, pesquisadores e<br />
especialistas no tema apresentem e discutam<br />
suas teses, estudos e opiniões, para melhor<br />
informação da sociedade. É importante<br />
que todo o conhecimento acumulado nas<br />
Universidades e Instituições de Pesquisa seja<br />
colocado à disposição da população, para<br />
que a realidade da agricultura, em especial<br />
seu caráter de sustentabilidade, transpareça.<br />
Mais informações no website: http://agriculturasustentavel.org.br/.<br />
Acompanhe também<br />
o CCAS no Facebook: http://www.facebook.<br />
com/agriculturasustentavel<br />
FEVEREIRO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA<br />
5
ENTREVISTA<br />
A pesquisa é<br />
SOLUÇÃO PARA<br />
O AGRONEGÓCIO<br />
RUBENS MOREIRA MENDES<br />
Ex-congressista na Câmara dos Deputados e Senado, por onde teve forte atuação em defesa<br />
do agronegócio, o advogado e produtor rural Rubens Moreira Mendes fala à <strong>Visão</strong> sobre a<br />
necessidade da pesquisa no avanço da qualidade e da produtividade dos alimentos brasileiros.<br />
Crítico, ele entende que se o governo não pode ou não quer ajudar, pelo menos, não deve<br />
atrapalhar quem produz. Segundo ele, o Brasil só não foi à bancarrota porque o setor agrícola<br />
segura a economia. Ele elogia as ações da Embrapa, mas acredita que a iniciativa é pequena<br />
na frente do que fazem os grandes conglomerados da indústria. Moreira Mendes é membro da<br />
Frente Parlamentar da Agropecuária, consultor da Confederação Nacional da Agricultura (CNA),<br />
Associação Brasileira de Produtores de Sementes de Soja, da Associação Matogrossense de<br />
Produtores de Sementes e tem assento no Conselho do Agronegócio Brasileiro da Fiesp.<br />
6 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I FEVEREIRO 2016
Com a larga experiência adquirida<br />
como produtor em Rondônia<br />
ao longo de décadas e a<br />
discussão íntima com organismos<br />
envolvidos diretamente na defesa<br />
da produção, qual o futuro<br />
que o senhor vislumbra para o<br />
agronegócio brasileiro?<br />
Eu sou muito otimista, muito<br />
esperançoso. Acho que a grande<br />
vocação brasileira é a exploração<br />
do agronegócio na sua plenitude,<br />
em toda extensão da cadeira<br />
produtiva que começa com o homem<br />
do campo. O Brasil caminha<br />
para uma agricultura de altíssima<br />
tecnologia e uma coisa muito importante:<br />
o produtor brasileiro está<br />
muito focado e preocupado com a<br />
sustentabilidade do seu negócio e<br />
com a questão ambiental. Quem<br />
ainda critica, quem ainda vê no<br />
produtor rural um vilão que destrói<br />
as florestas está redondamente enganado.<br />
O produtor rural brasileiro<br />
está consciente da sua responsabilidade.<br />
Ele tem a exata percepção<br />
que para produzir melhor e com<br />
produtividade e qualidade é preciso<br />
cuidar principalmente da questão<br />
da sustentabilidade. É a junção da<br />
defesa do meio ambiente com a<br />
alta produtividade. No Brasil, esse<br />
desenvolvimento da agricultura em<br />
clima tropical úmido é espantoso.<br />
O país dá lição para o mundo todo.<br />
Estamos observando a expansão da<br />
fronteira agrícola em áreas que nunca<br />
se imaginava que se podia produzir<br />
um grão de arroz ou soja, como<br />
no Mato Grosso, Bahia e Rondônia.<br />
Não ando tanto como antigamente,<br />
quando exercia o mandato, mas<br />
quando vou ao interior do estado<br />
fico espantado ao ver propriedades<br />
que estão saindo de um cenário<br />
absolutamente improdutivo, com<br />
pastagem degradada, para área de<br />
lavoura, principalmente, na região<br />
de Porto Velho.<br />
O produtor brasileiro hoje está<br />
muito focado e preocupado com a<br />
sustentabilidade do seu negócio e com a questão<br />
ambiental. Quem ainda critica, quem ainda vê no<br />
produtor rural um vilão que destrói as florestas<br />
está redondamente enganado”<br />
Muitos especialistas de mercado<br />
temem a queda da produção<br />
com a retração de exportação<br />
para a China. Existe algo que o<br />
governo pode fazer para não desacelerar<br />
o agronegócio?<br />
Vou responder sua pergunta<br />
começando pelo final. Acho que<br />
quanto menos o governo interferir<br />
na atividade econômica melhor<br />
para o setor. Sou daquele que defende<br />
que quanto mais distante o<br />
governo estiver, interferindo em<br />
qualquer atividade econômica,<br />
melhor para todos. Claro que ele<br />
tem que interferir na hora certa em<br />
casos necessários, como as grandes<br />
negociações com outros países. Na<br />
questão da soja em relação à China,<br />
hoje aquele país é um grande comprador<br />
da soja brasileira e também<br />
um grande produtor. Eles precisam<br />
muito da soja, principalmente,<br />
para industrialização e produção<br />
de ração animal para alimentar<br />
aquela população toda. Mas, não<br />
é só a China que consome a soja.<br />
Ela é vendida no mundo inteiro.<br />
O mundo precisa de ração animal,<br />
como também do óleo e derivados.<br />
Não vejo grande problema. É uma<br />
questão de adaptação de mercado,<br />
se um cai o outro emerge. E esse é<br />
o jogo que o produtor e o governo<br />
FEVEREIRO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA<br />
7
ENTREVISTA<br />
precisam ajudar a administrar.<br />
A tendência então é avançar?<br />
No passado, houve picos de<br />
extraordinária rentabilidade e de<br />
baixo retorno quando a coisa não<br />
andou bem. A bolsa de Nova York<br />
cai, o mundo inteiro cai. E no Brasil<br />
não é diferente. Se pegar uma linha<br />
histórica, sempre a produção de<br />
alimentos tem mercado garantido.<br />
Se um determinado alimento está<br />
em baixa agora, em outro momento<br />
estará em alta.<br />
Como está hoje o embate entre<br />
o setor do agronegócio e os<br />
ativistas depois do ranço criado<br />
com a aprovação do Código Florestal<br />
Brasileiro?<br />
As pessoas com senso de responsabilidade,<br />
que tem de um lado<br />
e de outro da discussão, sempre<br />
procuram o caminho do meio. Na<br />
discussão do Código Florestal, fui<br />
um dos grandes defensores e me<br />
envolvi demais nessa questão.<br />
Sempre tive entendimento claro<br />
de que precisamos procurar o caminho<br />
do meio e não podemos ser<br />
100% produtor rural e nem 100%<br />
daqueles que defendem o meio<br />
ambiente. Acontece que, como<br />
em qualquer outra discussão, há<br />
radicais de um lado e de outro que<br />
sempre têm um discurso. Quando<br />
você pega pessoas racionais, que<br />
têm responsabilidade, que veem a<br />
importância das duas partes, contribui<br />
para construção do caminho<br />
do meio. Não podemos impedir que<br />
as pessoas manifestem sua opinião,<br />
mas esses radicais estão muito por<br />
conta do discurso, fora da barraca,<br />
porque é uma coisa que dá status.<br />
Quem é que não quer defender a<br />
Amazônia, o verde, a madeira? Mas<br />
há uma diferença entre o discurso e<br />
a realidade. Essas pessoas estão só<br />
Na prática, você<br />
pode avançar na<br />
produção sem expandir<br />
novas áreas. Vai usar<br />
aquilo que já existe<br />
só com racionalidade,<br />
novas técnicas, novos<br />
equipamentos e isso aí<br />
assusta o mundo lá fora.<br />
É bom a gente registrar<br />
que o Brasil hoje é o<br />
maior produtor de<br />
proteína animal.”<br />
no discurso, muito longe da realidade,<br />
mas é o que os mantêm nessa<br />
atividade. Não podemos esquecer<br />
do envolvimento externo. O Brasil<br />
hoje assusta como produtor rural.<br />
São dados da ONU com estimativas<br />
de que a produção de alimentos<br />
precisa dobrar até 2040 para poder<br />
alimentar a população mundial e o<br />
Brasil é um país que cresce extraordinariamente<br />
nessa questão de<br />
produtividade de alimentos. Cada<br />
vez produzindo mais e em área<br />
menor, e isso incomoda esses que<br />
têm discurso mais à esquerda dos<br />
ambientalistas. Na prática, você<br />
pode avançar na produção sem<br />
expandir novas áreas. Vai usar aquilo<br />
que já existe só com racionalidade,<br />
novas técnicas, novos equipamentos<br />
e isso aí assusta o mundo lá<br />
fora. É bom a gente registrar que<br />
o Brasil hoje é o maior produtor<br />
de proteína animal. Se você juntar<br />
o frango, o leite, a carne bovina, já<br />
somos o maior produtor de proteína<br />
animal, uma coisa espantosa, e estamos<br />
caminhando a passos largos e<br />
encostando no maior produtor de<br />
grãs que são os Estados Unidos. E<br />
isso tudo incomoda muito. Tudo no<br />
mundo é interesse financeiro. Incomoda<br />
o americano e o europeu que<br />
subsidia a pecuária. A Europa gasta<br />
um bilhão de dólares por mês subsidiando<br />
a agricultura e a pecuária. A<br />
cada um quilo de carne, o governo<br />
paga à ele (produtor) cerca de 50%<br />
a 60% do valor para que possa produzir<br />
e ter competividade. Nós não<br />
temos nada disso. Ao contrário, aqui<br />
é só o suor do produtor rural brasileiro.<br />
Um herói. Ele, da porteira para<br />
dentro, é campeão de qualidade e<br />
produtividade. É da porteira para<br />
fora, que o governo precisa oferecer<br />
os meios de transporte adequados,<br />
infraestrutura, armazenagem, estrada<br />
de ferro, portos... não tem nada.<br />
É uma coisa vergonhosa.<br />
Como está a pesquisa brasileira<br />
para melhorar a produtividade<br />
de grãos?<br />
O assunto que estou acompanhando<br />
na Associação Brasileira de<br />
Produtores de Sementes de Soja é<br />
o projeto que modifica a lei de proteção<br />
das cultivares. É um assunto<br />
complexo que demorei seis meses<br />
para conseguir entender. O Brasil<br />
investe pouco em pesquisa. Deveria<br />
investir muito mais. A Embrapa<br />
presta um serviço extraordinário<br />
para o Brasil, mas está perdendo<br />
seu espaço com menos de 3% de<br />
pesquisa disponível. Já foi a campeã,<br />
quando desenvolveu sementes<br />
apropriadas para soja, arroz...<br />
adaptadas a esse trópico nosso,<br />
essa região que pega uma parte da<br />
Amazônia, Bahia, Tocantins, Goiás e<br />
Brasília. O restante acabou na mão<br />
de grandes multinacionais que<br />
estão cada dia mais avançadas. O<br />
Brasil não incentiva a pesquisa e é<br />
muito frágil na criação de leis para<br />
8 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I FEVEREIRO 2016
ENTREVISTA<br />
O Brasil investe pouco em pesquisa. Deveria<br />
investir muito mais. A Embrapa presta um<br />
serviço extraordinário para o Brasil, mas está<br />
perdendo seu espaço com menos de 3% de<br />
pesquisa disponível.”<br />
melhorar essa questão. O mundo<br />
está avançando na transgenia. A<br />
produção transgênica hoje é uma<br />
realidade e está avançando, não<br />
apenas em soja e milho. Ela é necessária<br />
para poder atingir aqueles<br />
objetivos da ONU de dobrar a produção<br />
até 2040.<br />
Dito tudo isso, qual sua opinião<br />
sobre o futuro do agronegócio<br />
em Rondônia?<br />
Vamos voltar um pouco atrás, e<br />
parte dessa história eu presenciei.<br />
Tivemos o ciclo da exploração da<br />
borracha, o ciclo da exploração<br />
mineral; com os garimpos de cassiterita<br />
e ouro; e aí veio o grande<br />
momento de Rondônia que foram<br />
os assentamentos que o Incra fez.<br />
Esses projetos de assentamento foram<br />
feitos pelo governo para reduzir<br />
a pressão social. Havia pressão forte<br />
no sul e sudeste das camadas mais<br />
pobres que precisavam de terras. O<br />
governo da época, inteligentemente,<br />
percebeu que precisava abrir a<br />
tampinha da panela de pressão e<br />
trouxe o povo para cima (norte).<br />
Diferente de hoje, trouxe as pessoas<br />
e deu títulos, e essa parte eu<br />
já presenciei de 1970 para cá. Se<br />
tem riqueza em Rondônia, temos<br />
que reconhecer que veio da forma<br />
como os assentamentos foram realizados<br />
e da divisão da terra. Hoje,<br />
o estado tem em torno de 100 a<br />
110 mil propriedades rurais. Destas,<br />
90% são de pequenas propriedades<br />
de 200 hectares para baixo. É algo<br />
extraordinário, pois é o pequeno<br />
aqui, que é o grande lá para baixo<br />
(sul e sudeste). O produtor tem uma<br />
casa de alvenaria coberta de telha<br />
de barro, gado, café, uma moto,<br />
carro...a família já se dividiu e o filho<br />
está ao lado. O grande desafio que<br />
os governos deveriam ter e não<br />
tem é com projetos de incentivos<br />
para fixação dessas pessoas no<br />
campo. Não há uma política clara<br />
para isso. Neste ciclo, começamos<br />
rudimentarmente, era machado,<br />
enxada, tirava leite em latões, nada<br />
mais disso existe. Tudo está mudado.<br />
Nós temos grandes laticínios,<br />
somos os maiores produtores de<br />
leite do Norte e o maior produtor de<br />
muçarela do Brasil. São caminhões<br />
levando nosso queijo que vira pizza<br />
em são Paulo; levando o produtor<br />
às novas tecnologias. Acho que nós<br />
temos um grande campo pela frente.<br />
Rondônia vislumbra um futuro<br />
espetacular em cima da agricultura<br />
e pecuária, ocupando e preparando<br />
essas pastagens degradadas e<br />
fazendo aquilo que é sustentável.<br />
Hoje, o produtor consorcia agricultura,<br />
pecuária e floresta. Coloca o<br />
pasto debaixo das árvores. O semiconfinamento<br />
- um grande sucesso<br />
- é uma realidade no mundo inteiro.<br />
Acho que temos um futuro extraordinário<br />
pela frente, se o governo<br />
não conseguir fazer o que deve ser<br />
feito, pelo menos não atrapalhe, tire<br />
a mão de cima do produtor que ele<br />
dá conta de fazer.<br />
FEVEREIRO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA<br />
9
NEGÓCIO SUSTENTÁVEL<br />
10 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I FEVEREIRO 2016
ECOLOGICAMENTE<br />
CORRETO<br />
Madeira de floresta plantada<br />
é exportada para China,<br />
Vietnã e Índia<br />
A afirmação de que plantar árvore em Rondônia é um grande negócio vem<br />
se consolidando. A adesão e o volume de negócios no estado deste vetor de<br />
desenvolvimento sustentável e ecologicamente correto são extremamente<br />
favoráveis. A comprovação está nos números crescentes de florestas plantadas<br />
registrados no estado a partir da introdução do Decreto <strong>nº</strong> 15.933/2011 e da<br />
Instrução Normativa <strong>nº</strong> 01/SEDAM/2011.<br />
Por Edmilson Rodrigues<br />
Fotos: Edmilson Rodrigues<br />
A<br />
teca, madeira nobre, é<br />
a mais comercializada<br />
dessa cadeia que se forma.<br />
Em 2015, através do porto de<br />
Porto Velho, uma única empresa<br />
exportou U$ 6,38 milhões da espécie<br />
para a China, Vietnã e Índia.<br />
No ano anterior, a exportação foi<br />
superior a 25 mil metros cúbicos<br />
(m³), e até maio de 2015 a comercialização<br />
atingiu 13,5 m³, segundo<br />
dados da Coordenação Estadual de<br />
Floresta Plantada. No ano seguinte<br />
à aprovação da legislação, obteve-<br />
-se no estado a liberação de 57<br />
processos de florestas plantadas e<br />
regeneradas, com volume métrico<br />
próximo a 100 mil m³; em 2013<br />
foram liberados 67 processos, correspondendo<br />
a um volume métrico<br />
de 53.993.8807 m³.<br />
O cultivo de floresta plantada<br />
introduz no estado o plantio de<br />
castanha-do-brasil em larga escala.<br />
A legislação atualizada e a lucratividade<br />
em médio e longo prazo<br />
estimulam a formação de florestas<br />
de pinus tropicais, eucalipto, teca,<br />
pinho cuiabano ou bandarra. A<br />
consolidação da cultura da floresta<br />
plantada é regionalizada de acordo<br />
com as características e o tipo de<br />
solo.<br />
Como a expectativa de lucratividade<br />
é acima da média, os plantios<br />
de eucalipto e de pinus se desta-<br />
Em 2014<br />
25 mil<br />
metros cúbicos<br />
(m³) Exportados<br />
FEVEREIRO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA 11
NEGÓCIO SUSTENTÁVEL<br />
cam no Cone Sul em solo arenoso,<br />
com vistosas florestas à margem da<br />
BR-364. Já os produtores de floresta<br />
plantada das regiões de Ji-Paraná<br />
e Ouro Preto do Oeste investem<br />
na teca e no pinho cuiabano. Nas<br />
regiões de Pimenta Bueno e Rolim<br />
de Moura também há adesões.<br />
O beneficiamento do eucalipto<br />
em Vilhena produz palanque para<br />
cercas, porteiras, madeiramento<br />
para construção civil e móveis. A<br />
produção de resina bruta extraída<br />
do pinus também gera grande<br />
expectativa. O produto final, a<br />
goma, tem destino certo: a China.<br />
A madeira do eucalipto é utilizada<br />
para fazer cercas, estacas, postes e<br />
serve como fonte de energia em<br />
secadores de grãos, cerâmicas,<br />
laticínios e frigoríficos (caldeiras) e,<br />
ainda, pode ser utilizada na construção<br />
civil.<br />
ECOLOGICAMENTE CORRETO<br />
Os resultados positivos do<br />
setor de floresta plantada são<br />
fruto do trabalho conjunto<br />
desenvolvido pela Secretaria<br />
Estadual de Desenvolvimento<br />
Ambiental (Sedam), através da<br />
Coordenadoria de Florestas<br />
Plantadas, em parceria com a<br />
Associação Rondoniense de<br />
Produtores e Consumidores<br />
de Floresta Plantada (Arflora)<br />
e Associação Rondoniense<br />
de Engenheiros Florestais<br />
(AREF), que fazem o<br />
acompanhamento dos<br />
negócios com madeiras<br />
das florestas plantadas (em<br />
especial a teca, espécie com<br />
grande aceitação no mercado<br />
mundial), consolidando uma<br />
política florestal e abrindo<br />
oportunidades para o setor<br />
madeireiro rondoniense.<br />
O presidente da Arflora, o<br />
empresário Jaques Testoni,<br />
foi o precursor das ações<br />
para a regulamentação do<br />
setor, auxiliando a equipe<br />
técnica do governo para a<br />
aprovação do decreto e a<br />
normativa de regulamentação<br />
do cultivo e a comercialização<br />
da floresta plantada. Ele<br />
defende que sejam feitas as<br />
adequações necessárias ao<br />
zoneamento socioeconômico<br />
e ambiental para áreas de<br />
cerrado e maior incentivo<br />
para pequenos produtores<br />
aderirem ao cultivo da floresta<br />
plantada. Nesse sentido, a<br />
Arflora promoveu dezenas<br />
de encontros em associações<br />
de comunidades rurais do<br />
interior do estado.<br />
12 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I FEVEREIRO 2016
LEGISLAÇÃO<br />
A ação de regulamentação<br />
e normatização incentivadora e<br />
articulada do plantio de árvores<br />
para fins comerciais pelo governo<br />
do estado abriu um leque de<br />
oportunidades, dando novo ânimo<br />
à cadeia produtiva da madeira e<br />
contribuindo para tirar a imagem<br />
negativa que o setor madeireiro<br />
vinha tendo em razão da falta<br />
de legislação atualizada. A nova<br />
norma também inseriu o desenvolvimento<br />
florestal para fins comerciais<br />
estimulando os investidores,<br />
cada um com suas perspectivas e<br />
objetivos acerca da floresta.<br />
Com a nova realidade, árvores<br />
que apodreciam na floresta passaram<br />
a ser exploradas, garantindo<br />
às laminadoras que passavam por<br />
dificuldades o suprimento de matéria<br />
prima florestal em quantidade<br />
e com segurança institucional. As<br />
árvores oriundas da floresta plantada<br />
são ecologicamente corretas.<br />
O investidor, além de não precisar<br />
desmatar, ainda contribui com a<br />
recuperação de áreas degradadas<br />
e produz energia renovável com a<br />
absorção de gás carbônico.<br />
No município de Ouro Preto do Oeste produtor investe no viveiro de Teca, espécie com mercado garantido<br />
FEVEREIRO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA 13
AGRONEGÓCIO<br />
RONDÔNIA RURAL<br />
SHOW 2016<br />
começa com rodada de<br />
negócios em sete municípios<br />
Em 2015, a maior feira do agronegócio do Norte brasileiro bateu todos os recordes de<br />
público e negócios<br />
Por Gerson Costa<br />
O<br />
governo de Rondônia<br />
confirmou a data da 5ª<br />
Rondônia Rural Show.<br />
A maior feira de agronegócio do<br />
Norte será realizada nos dias 25,<br />
26, 27 e 28 de maio no Parque de<br />
Exposições Hermínio Victorelli, em<br />
Ji-Paraná. Nos meses que antecedem<br />
o evento, a Secretaria Estadual<br />
de Agricultura (Seagri) estará realizando<br />
rodada de negócios em sete<br />
municípios, antecipando as propostas<br />
dos produtores rurais junto aos<br />
bancos para garantir as facilidades<br />
da linha de financiamento do plano<br />
safra. Paralelo ao trabalho junto ao<br />
produtor, a organização da 5ª Rondônia<br />
Rural Show está cadastrando<br />
as empresas, entidades e órgãos<br />
governamentais interessados em<br />
expor e participar da feira.<br />
As rodadas de negócios terão<br />
início nos dias 19 e 20 de fevereiro<br />
em Jaru, no Parque de Exposições<br />
Coaja. A assessoria da Seagri enfatiza<br />
a importância da participação<br />
dos produtores interessados na<br />
aquisição de máquinas, implementos<br />
agrícolas e tratores no envio de<br />
propostas, a partir de agora, para<br />
as instituições financeiras que irão<br />
participar da feira agropecuária.<br />
Com o cadastro aprovado, os equipamentos<br />
serão entregues já na<br />
Rondônia Rural Show em maio, consolidando<br />
o negócio intermediado<br />
RODADAS DE NEGOCIÇÃO<br />
JARU<br />
ARIQUEMES<br />
NOVA MAMORÉ<br />
DIAS DIAS DIAS<br />
19 e 20<br />
de fevereiro<br />
14 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I FEVEREIRO 2016<br />
23 e 24<br />
de fevereiro<br />
26 e 27<br />
de fevereiro<br />
$ $ $
pela Emater.<br />
Além de Jaru, as rodadas de negócios<br />
prosseguem em Ariquemes,<br />
nos dias 23 e 24 de fevereiro. Em<br />
seguida, nos dias 26 e 27 de fevereiro<br />
na cidade de Nova Mamoré. Em São<br />
Francisco, os eventos acontecem<br />
nos dias 01 e 02 de março; Rolim<br />
de Moura nos dias 4 e 5 de março;<br />
Cacoal, nos dias 9 e 10 de março; e se<br />
encerram nos dias 11 e 12 de março<br />
em Colorado do Oeste.<br />
SÃO FRANCISCO<br />
DO GUAPORÉ<br />
Em 2015, a quarta edição da<br />
Rondônia Rural Show bateu todos<br />
os recordes do ano anterior. Mais<br />
de 10 mil pessoas visitaram os 355<br />
estandes montados no parque de<br />
exposições de Ji-Paraná e o volume<br />
de negócios ultrapassou os R$ 700<br />
milhões. Uma empresa de tratores<br />
vendeu 30% a mais do que na<br />
edição passada graças à presença<br />
maciça dos produtores rurais de<br />
todo estado.<br />
ROLIM DE MOURA<br />
COLORADO<br />
DO OESTE<br />
DIAS<br />
11 e 12<br />
de março<br />
$<br />
CACOAL<br />
DIAS DIAS DIAS<br />
01 e 02<br />
de março<br />
04 e 05<br />
de março<br />
09 e 10<br />
de março<br />
$ $ $<br />
FEVEREIRO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA 15
ESPECIAL<br />
CALCÁRIO:<br />
A SALVAÇÃO DA LAVOURA,<br />
PECUÁRIA E PISCICULTURA<br />
16 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I FEVEREIRO 2016
Com vocação para agronegócio, Rondônia é destaque no rol dos maiores produtores<br />
de diversas culturas do Brasil e, a partir de 2016, inicia uma nova fase de crescimento<br />
que promete levar o estado ao topo do ranking de produção nacional.<br />
Por Ivonete Gomes<br />
Durante três décadas<br />
o campo rondoniense<br />
sofreu com a escassez<br />
de calcário, produto essencial para<br />
a correção do solo e, consequentemente,<br />
aumento de produtividade.<br />
Até meados de 2014, a única usina<br />
de calcário no estado era a Félix<br />
Fleury, unidade da Companhia de<br />
Mineração de Rondônia (CMR), localizada<br />
no município de Pimenta<br />
Bueno, a 550 quilômetros de Porto<br />
Velho. A planta, inaugurada em<br />
1984 pelo então governador Jorge<br />
Teixeira de Oliveira, tinha capacidade<br />
instalada de apenas quatro mil<br />
toneladas por ano. “Não dava pra<br />
atender quase ninguém com aquela<br />
produção tão baixa e muita gente<br />
pagava caro para trazer calcário do<br />
Mato Grosso”, lembra Ronil Peron –<br />
gerente da usina.<br />
Com um investimento de R$<br />
12 milhões, o governo de Rondônia<br />
instalou uma planta capaz de<br />
extrair e fabricar 400 mil toneladas<br />
anualmente. No ano passado, 130<br />
mil toneladas do produto foram<br />
vendidas e distribuídas através de<br />
programas de fomento estatais. O<br />
calcário produzido na Félix Fleury<br />
não supre a demanda dos produtores<br />
rondonienses. Estima-se que,<br />
para recuperar os 4,5 milhões de<br />
hectares em estágio de degradação,<br />
o estado precisa de 1,1 milhão de<br />
toneladas de calcário anualmente.<br />
A pressão mundial pela redução<br />
dos gases de efeito estufa e a<br />
constante demanda por alimentos,<br />
obrigaram os produtores rurais<br />
de Rondônia a se profissionalizar<br />
utilizando técnicas de boas práticas<br />
agropecuárias (BPA). Os desmatamentos<br />
e as queimadas nunca<br />
estiveram em níveis tão baixos e,<br />
para que isso continue, o uso do<br />
calcário é primordial. Obversando<br />
a dificuldade do produtor em procurar<br />
o produto mineral no estado<br />
vizinho, o empresário Cesar Cassol<br />
também resolveu apostar na produção<br />
do corretor.<br />
A planta, do empresário instalada<br />
no município de Parecis, tem<br />
capacidade para 400 mil toneladas/<br />
ano, mesma quantidade produzida<br />
pela companhia do governo. Somadas<br />
as capacidades de produção das<br />
duas plantas, o estado ainda está<br />
com déficit de 300 mil toneladas,<br />
problema que deve ser resolvido<br />
nos próximos meses.<br />
“O governo do estado já adquiriu<br />
uma segunda planta com a mesma<br />
capacidade (400 mil toneladas/<br />
ano) que deve começar a operar até<br />
abril deste ano.<br />
Sabemos que os estados do<br />
Acre e Amazonas necessitam de<br />
calcário porque nenhum dos dois<br />
têm jazidas, mas não vamos vender.<br />
Seremos autossuficientes em calcário”,<br />
disse o secretário de Estado da<br />
Agricultura, Evandro Padovani.<br />
Estima-se que as duas jazidas<br />
exploradas em Rondônia (Félix Fleury<br />
e Grupo Cesar) tenham reserva<br />
para os próximos 200 anos. E essa<br />
não é a única semelhança entre as<br />
duas. O PRNT – Poder Relativo de<br />
Neutralização Total – dos produtos<br />
fabricados ultrapassam 86%.<br />
“Fazemos análises todo mês<br />
para vendermos ao produtor um<br />
calcário que garanta resposta rápida<br />
da terra, neutralizando o alumínio<br />
tóxico e fornecendo o cálcio e o<br />
magnésio que são nutrientes essenciais<br />
para o desenvolvimento<br />
das plantas”, explicou o diretor<br />
executivo da Seagri, Adilson Pereira.<br />
QUEM USA CALCÁRIO,<br />
FEVEREIRO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA<br />
17
ESPECIAL<br />
18 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I FEVEREIRO 2016<br />
Benefícios do Calcário Dolomítico ao Solo<br />
• Proporciona os nutrientes Cálcio e Magnésio para as plantas;<br />
Neutraliza a acidez do solo, reduzindo também a solubilidade do<br />
manganês, ferro e do alumínio, tóxicos às plantas quando em grandes<br />
quantidades;<br />
• Aumenta a atividade e o número de bactérias benéficas ao solo,<br />
acelerando a decomposição dos resíduos das plantas, liberando<br />
Nitrogênio e Fósforo, benéficos ao crescimento dos vegetais;<br />
• Com a aplicação de calcário nos solos, ficam disponíveis outros<br />
elementos mais raros às plantas;<br />
•Melhora as condições de drenagem e arejamento do solo;<br />
•O Cálcio afeta diretamente a ocorrência e evolução das doenças,<br />
aumentando a resistência das plantas ao agente causador (fungo,<br />
bactéria ou vírus), e, indiretamente, através da reação do solo.<br />
•A prática de calagem também controla parcialmente a ocorrência e a<br />
severidade das doenças modificando o solo de tal forma que proporciona<br />
um maior ou menor desenvolvimento de microrganismos prejudiciais à<br />
planta.
PLANTA E COLHE<br />
Na linha 188 sul do município<br />
de Rolim de Moura, uma família<br />
abençoada até no sobrenome,<br />
Santos de Jesus, resolveu investir<br />
no plantio de laranja em 1989,<br />
quando muita gente ainda tinha a<br />
velha crença de que certas culturas<br />
só produziam em escala comercial<br />
no Sul e Sudeste do Brasil. Já são<br />
27 anos de dedicação do pai e três<br />
filhos à propriedade que é pequena<br />
no tamanho, mas imensa em<br />
produtividade. Os 19,5 mil pés de<br />
laranja Pera Rio, plantados numa<br />
área de 47 hectares, produzem o<br />
ano inteiro. Na safra, entre abril e<br />
julho, a colheita fica 60% maior e a<br />
produtividade gira em torno de 40<br />
toneladas por hectare.<br />
“A gente entende que planta é<br />
como um ser vivo. Para viver e produzir<br />
bem precisa de uma boa alimentação.<br />
No caso das plantas essa<br />
boa alimentação vem da terra bem<br />
nutrida. Quando me perguntam<br />
sobre a importância do calcário na<br />
produção eu sempre respondo que<br />
sem o calcário não existiria produção”,<br />
afirma Josenildo dos Santos de<br />
Jesus, um dos sócios da propriedade<br />
que nos acompanhou durante a<br />
visita ao laranjal da família.<br />
O negócio com as laranjas prosperou.<br />
Hoje, os Santos de Jesus têm<br />
a própria indústria onde as frutas<br />
são processadas, embaladas e levadas<br />
a boa parte dos municípios de<br />
Rondônia. O sucesso com a cultura<br />
fez a família investir também no<br />
cultivo de banana. Seis hectares<br />
da propriedade estão com bananal<br />
produzindo sem parar. A renda da<br />
família ultrapassa a casa dos R$ 2<br />
milhões por ano.<br />
NADA DE AUTOMEDICAR A TERRA<br />
Calcário é necessário, mas em<br />
excesso pode ser veneno. O pesquisador<br />
da Embrapa na área de ciência<br />
do solo, Ângelo Mansur Mendes, recomenda<br />
a análise do solo antes da<br />
aplicação do corretivo. O laboratório<br />
da empresa em Porto Velho realiza<br />
mais de cinco mil amostras de solo<br />
por ano e o preço não passa de R$<br />
25,00. O trabalho engloba testes<br />
de contagem de pH, fósforo (P),<br />
potássio (K), cálcio (Ca), magnésio<br />
(Mg), hidrogênio (H), alumínio (Al)<br />
e matéria orgânica. As análises são<br />
feitas em equipamentos de última<br />
geração de os resultados fornecem<br />
números exatos para que o produtor<br />
possa fazer o cálculo correto da<br />
quantidade de calcário necessário<br />
para correção daquele solo.<br />
“É essencial que o produtor faça a<br />
análise do solo. Assim ele não gasta<br />
mais, nem menos do que o necessário<br />
para ter uma boa produtividade.<br />
Automedicar a terra com calcário<br />
não é um bom negócio porque, assim<br />
como a falta o excesso também<br />
é prejudicial”, diz o pesquisador.<br />
CALCÁRIO PARA AUMENTAR PRODUÇÃO DE LEITE<br />
Mesmo ocupando a 8ª posição no ranking de maior produtor<br />
de leite do Brasil, Rondônia ainda não tem produção suficiente para<br />
suprir a demanda das 37 indústrias instaladas no estado. Na época da<br />
safra, muitos laticínios trabalham com capacidade instalada reduzida<br />
em 40%, na entressafra chegam a fechar as portas. Para aumentar a<br />
produtividade, a Secretaria de Estado da Agricultura criou uma força<br />
tarefa, aliando municípios e Emater, para fomentar a cultura do leite.<br />
O governo adquiriu 52 mil toneladas de calcário para distribuição nos<br />
quatro cantos do estado.<br />
“Nossos produtores de leite estão empenhados na implantação do<br />
pasto rotacionado porque já sabem que o segredo da produção não<br />
é o tamanho, mas qualidade da terra que receberá a semente de braquiária.<br />
Para manter uma boa quantidade de matéria verde no pasto,<br />
capaz de triplicar a produtividade do leite, é preciso fazer a correção do<br />
solo. O governo também vem trabalhando muito, através dos técnicos<br />
da Seagri e Emater na conscientização do produtor para fazer a análise<br />
de solo”, disse Evandro Padovani.<br />
Fontes de pesquise: Seagri, Emater, Embrapa e Gestão no Campo<br />
FEVEREIRO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA 19
PECUÁRIA<br />
A CONTA PERVERSA<br />
DOS FRIGORÍFICOS<br />
está matando a pecuária<br />
e causando prejuízos de<br />
R$ 50 milhões ao Estado<br />
Gigante JBS-Friboi encabeça movimento que prejudica criador; produtores ameaçam<br />
fechar frigoríficos e denunciar formação de cartel no CADE.<br />
Por Gerson Costa<br />
Este mês será decisivo<br />
para o setor da pecuária<br />
em Rondônia. É o limite<br />
estabelecido pelas entidades<br />
representativas dos criadores de<br />
gado para entabular o diálogo com<br />
as indústrias frigoríficas. Caso não<br />
haja entendimento sobre a pauta<br />
de reivindicação discutida no Grito<br />
da Pecuária, movimento que reuniu<br />
centenas de produtores em Vilhena,<br />
Cacoal, Ji-Paraná, Jaru, Ariquemes<br />
e Porto Velho, grande parte das 15<br />
plantas em atividades será fechada;<br />
o CADE (Conselho Administrativo<br />
de Defesa Econômica) deve ser<br />
acionado para investigar a cartelização<br />
de preços pagos pela arroba<br />
do boi; o governo poderá acabar<br />
com os incentivos de até 85% na<br />
cobrança do ICMS; e os produtores<br />
encaminharão uma denúncia formal<br />
ao Ministério Público de Rondônia.<br />
Na última reunião, realizada em<br />
dia 15 de fevereiro, pela primeira vez<br />
com a presença dos proprietários<br />
dos frigoríficos, não houve avanços.<br />
O próprio governador Confúcio<br />
ANO<br />
PLANTAS EM OPERAÇÕES EM RONDÔNIA<br />
TOTAL<br />
REBANHO<br />
2010 11.848.211 1.908.092<br />
2011 12.074.362 1.853.894<br />
2012 12.218.477 2.050.000<br />
2013 12.287.015 2.349.135<br />
2014 12.750.619 2.174.772<br />
2015 13.397.970 2.416.774<br />
MERCADO DE ABATE DO BOI<br />
ABATES EM RO ABATE PLANTAS ABATE/PLANTA<br />
16%<br />
15%<br />
17%<br />
19%<br />
17%<br />
18%<br />
19 100.426<br />
- -<br />
- -<br />
- -<br />
- -<br />
11 219.707<br />
DADOS DA CADEIA DA CARNE<br />
REBANHO X ABATE REBANHO %REB<br />
ABATIDO<br />
REBANHO<br />
ABATIDO<br />
MT 29.259.830 15,5% 4.543.794<br />
MS 17.350.821 21% 3.645.760<br />
GO 21.846.644 13,1% 2.867.851<br />
SP 10.425.614 26,3% 2.743.963<br />
RO 13.397.970 18,2% 2.434.389<br />
MG 23.950.740 9,2% 2.203.172<br />
PA 21.288.409 9,3% 1.973.186<br />
TO 8.502.939 12,1% 1.033.082<br />
AC 2.904.732 8,9% 259.014<br />
20 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I FEVEREIRO 2016
Moura, como criador de nelore,<br />
questionou o porquê da compra e<br />
fechamento de vários frigoríficos,<br />
enquanto a matéria-prima pulava<br />
para mais de 13 milhões de cabeças.<br />
Não houve respostas e o encontro<br />
trouxe profunda insatisfação às<br />
federações e associações rurais<br />
obrigando a Assembleia Legislativa<br />
a criar uma Comissão Parlamentar<br />
de Inquérito (CPI) – já instalada e<br />
formada – para investigar o cartel<br />
dos frigoríficos.<br />
Estudos realizados pela Federação<br />
da Agricultura e Pecuária do<br />
Estado de Rondônia (Faperon), com<br />
apoio da Associação de Produtores<br />
Rurais de Rondônia (APRRO) e Associação<br />
dos Criadores de Gado Nelore,<br />
apontam que ao longo de 2015 o<br />
mercado de carne no estado sofreu<br />
modificações significativas, comparando<br />
as planilhas de números dos<br />
últimos cinco anos. Nesse período, o<br />
boi gordo teve aumento de custos e<br />
os frigoríficos mantiveram os preços<br />
praticados em 2014, no valor de R$<br />
119,00 a arroba. Comparado com<br />
os preços dos últimos três anos dos<br />
estados do Acre, Pará, Mato Grosso,<br />
Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas<br />
Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, o<br />
boi gordo de Rondônia sempre fica<br />
na lanterna e com uma diferença de<br />
R$ 27,00 em relação a praça paulista.<br />
No estado vizinho do Mato Grosso a<br />
arroba registrou 15,65% de valorização<br />
a mais do que Rondônia.<br />
Para as entidades envolvidas<br />
no Grito da Pecuária, basta uma<br />
simples conta aplicando as perdas<br />
da inflação dos últimos 15 meses<br />
para se chegar ao número real da<br />
arroba que deveria estar sendo<br />
praticado no estado. O valor, hoje<br />
em torno de R$ 120,00 (preço médio<br />
praticado em todas as 15 plantas em<br />
atividade encabeçadas pela gigante<br />
JBS Friboi), deveria estar sendo<br />
praticado com valor de R$ 137,00.<br />
A conta fica cada vez mais perversa<br />
FEVEREIRO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA 21
PECUÁRIA<br />
quando se adiciona aos cálculos o<br />
fechamento de várias plantas de<br />
2011 a 2014, enquanto no mesmo<br />
período foram abatidas 2,4 milhões<br />
de cabeças. “50% desse mercado<br />
está atualmente nas mãos da JBS-<br />
-Friboi – o restante encontra-se em<br />
apenas 11 unidades de pequeno,<br />
médio e grande porte os quais<br />
sustentaram uma aparente coordenação<br />
e alinhamento desses preços<br />
para baixo”, enfatizou o relatório da<br />
Faperon.<br />
Carta da<br />
Pecuária<br />
Indignados com o cenário cada<br />
vez pior no mercado e desprezo<br />
das indústrias pelo pecuarista, a<br />
Faperon, APRRO, Sindicato dos Pecuaristas<br />
de Porto Velho (Sinpeac)<br />
e a Associação dos Criadores de<br />
Gado Nelore articularam a chamada<br />
Carta da Pecuária com nove itens<br />
de reivindicação. No documento, a<br />
classe pede a abertura de mercado<br />
da carne, revisão e universalização<br />
dos incentivos entre os estados de<br />
Goiás, Rondônia, Mato Grosso, Mato<br />
Grosso do Sul e Pará; o realinhamento<br />
da pauta do boi gordo e a criação<br />
de comissão de monitoramento da<br />
qualidade da carne. Novamente, os<br />
frigoríficos não tomaram conhecimento<br />
das reivindicações dos<br />
produtores, forçando as entidades a<br />
realizar a Caravana da Pecuária, endurecendo<br />
as ações contra as indústrias.<br />
Entre os pedidos está a “revisão<br />
de todos os incentivos fiscais para<br />
as plantas frigoríficas” e a “taxação<br />
das plantas paradas”. A primeira<br />
tentativa de diálogo aconteceu no<br />
dia 15 de fevereiro no Palácio Rio<br />
Madeira, mas foi infrutífera. Uma<br />
nova rodada de negociação está<br />
marcada para o dia 25 de fevereiro,<br />
quando os pecuaristas prometem<br />
endurecer as reivindicações.<br />
PLANTAS DOS FRIGORIFICOS<br />
RELAÇÃO DE FRIGORIFICOS COM SIF EM ATIVIDADE EM RONDÔNIA<br />
Nº EMPRESA MUNICIPIO CAP ABATE/DIA<br />
1 MINERVA S/A ROLIM DE MOURA 1000<br />
2 TOTAL S/A ROLIM DE MOURA 800<br />
3 JBS FRIBOI PORTO VELHO 500<br />
4 TANGARÁ JI-PARANA 700<br />
5 JBS FRIBOI VILHENA 1500<br />
6 DISTRIBOI CACOAL 350<br />
7 FRIGON JARU 1500<br />
8 JBS FRIBOI SÃO MIGUEL 1000<br />
9 JBS FRIBOI PIMENTA BUENO 700<br />
10 MARFRIG CHUPINGUAIA 1400<br />
11 FRIGOMIL PIMENTA BUENO 300<br />
TOTAL 9.750<br />
Localização das Plantas Frigorificas<br />
Fechadas<br />
As 08 PLANTAS FECHADAS SIGNIFICAM<br />
Menos 3.800 empregos diretos e indiretos<br />
PLANTAS INDUSTRIAIS<br />
PARALISADAS EM RONDÔNIA<br />
RELAÇÃO DE FRIGORIFICOS COM SIF PARALISADOS EM RONDÔNIA<br />
Nº EMPRESA MUNICIPIO CAP DE<br />
ABATE<br />
01 COOP. ARIQUEMES ARIQUEMES -<br />
ÚLTIMO<br />
ABATE<br />
02 FRIALTO JI-PARNA -<br />
03 JBS FRIBOI ROLIM DE MOURA 510 14/07/2015<br />
04 FRIGORIFICO NOSSO PORTO VELHO<br />
550 21/02/2015<br />
(ABUNÃ)<br />
05 JBS FRIBOI ARIQUEMES 700 29/05/2015<br />
06 DISTRIBOI JI-PARANA 300 15/06/2012<br />
07 TOTAL S/A ARIQUEMES 300 2013<br />
08 FRIGOSERVE CACOAL 350 11/09/2014<br />
22 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I FEVEREIRO 2016
Perda de Receitas no Agronegócio de RO<br />
A DIFERENÇA ENTRE O PREÇO DA @ DO BOI EM SP<br />
(R$152,42) E A PRATICADA EM RO (R$121,00 ) GEROU UM<br />
SPREAD DE R$ 31,42 CHAMANDO A ATENÇÃO DE TODOS<br />
PARA A PERDA DE RECEITAS QUE PODE SER<br />
DETERMINADA PELA MEDIA DE R$ 16,18 por @.<br />
53.000.000@x16,18 = R$ 650.000.000<br />
Exportação do Agronegócio<br />
Rondônia - 2015<br />
Grãos<br />
Carnes<br />
33,15%<br />
57,23%<br />
90,38% de toda a<br />
exportação de RO<br />
Fonte: MDIC – SECEX - 2015<br />
Rondônia perdeu milhões<br />
Para o empresário e pecuarista Adélio Barofaldi, presidente da Associação dos<br />
Produtores Rurais de Rondônia, a iniciativa tomada pelas indústrias em julho de 2015<br />
baixando de uma só vez o preço da arroba do boi causou um grande prejuízo para os<br />
criadores e principalmente ao estado de Rondônia. Em sua apresentação na reunião<br />
do último dia 15, Adélio provou que o estado tem perdido R$ 53 milhões por mês<br />
com o cartel das indústrias e o “achatamento” dos preços praticados em Rondônia, em<br />
comparação com São Paulo.<br />
No dia 25, tanto Adélio quanto os demais criadores do estado, esperam uma<br />
resposta positiva das indústrias aos pedidos apresentados e o apoio do governo e da<br />
Assembleia Legislativa. “Se não houver acordo, os produtores vão fechar frigoríficos”,<br />
disse ele.<br />
FEVEREIRO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA 23
PECUÁRIA<br />
A UNIÃO FAZ A FORÇA<br />
Criadores de leite se<br />
unem em cooperativas e<br />
aumentam produtividade<br />
Criada em setembro de 2015, a Cooperativa dos Produtores de Leite do município<br />
de Ouro Preto do Oeste une 25 criadores em torno do objetivo de ganhar maior<br />
produtividade com o incremento da melhoria genética dos animais, promover a<br />
aplicação de calcário e insumos na terra, iniciar o piqueteamento do pasto para manejo<br />
rotacionado; aumentando oferta de matéria verde ao gado e; por fim, discutir com<br />
laticínios o preço pago do litro in natura próximo da média nacional.<br />
Por Edmilson Rodrigues<br />
Fotos: Edmilson Rodrigues<br />
De acordo com os criadores,<br />
os laticínios instalados<br />
em Rondônia<br />
determinam o preço pago por<br />
litro de leite e esta realidade tem<br />
desestimulado muitos produtores<br />
a continuar nessa cadeia produtiva.<br />
Os 25 cooperados de Ouro<br />
Preto do Oeste produzem média<br />
próxima de 10 mil litros de leite<br />
por dia e já contribuíram para o<br />
preço não cair em boa parte do<br />
estado ao ganharem acréscimo de<br />
R$ 0,10 a R$ 0,20 por litro, no momento<br />
em que se anunciava uma<br />
baixa no preço. A união facilita a<br />
negociação mês a mês do valor do<br />
litro do leite entregue ao laticínio,<br />
e fica com o produto quem pagar<br />
o melhor preço.<br />
O produtor rural Marcelino<br />
Erick Umbehaum, há 31 anos<br />
mora no sítio Iara, localizado à<br />
margem da RO-470, no travessão<br />
08. Ele associou-se ao grupo, está<br />
empolgado e contabiliza os bons<br />
resultados. “Estou muito satisfeito.<br />
Em três meses os benefícios<br />
foram muitos, conseguimos o calcário<br />
a preço baixo e a assistência.<br />
Antes de entrar na cooperativa, eu<br />
recebia R$ 0,74 por litro de leite, no<br />
primeiro mês foi para R$ 0,95 e o<br />
segundo mês recebi R$ 1,00 pelo<br />
litro”, comemora o criador.<br />
Através do incentivo técnico<br />
da Emater, que está empenhada<br />
na orientação de análise, adubação<br />
e correção de terra, o produtor<br />
Marcelino realizou a aplicação<br />
do calcário e agora vai misturar<br />
ao solo, para nova pastagem, o<br />
adubo granulado com fósforo,<br />
cloreto e outros nutrientes para<br />
fortalecer a terra. O produtor está<br />
no percentual dos 98% de criadores<br />
que lidam com o gado de leite<br />
em regime familiar.<br />
ASSISTÊNCIA TÉCNICA<br />
Unidos, os criadores de leite de<br />
Ouro Preto contam com o apoio<br />
técnico da Secretaria de Estado<br />
da Agricultura, Pecuária e Regularização<br />
Fundiária (Seagri/RO) e<br />
Emater. Juntos, órgão e empresa<br />
fornecem um médico veterinário<br />
e dois técnicos em agropecuária<br />
para acompanhar individualmente<br />
as atividades elencadas<br />
em conjunto durante as reuniões<br />
mensais com os criadores. A associação<br />
também contratou um<br />
experiente técnico aposentado da<br />
Embrapa Gado de Leite de Minas<br />
Gerais para auxiliar os produtores.<br />
Os técnicos do governo fizeram<br />
coleta de solo para análises no<br />
24 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I FEVEREIRO 2016
O produtor rural Marcelino Erick aumentou a produtividade depois<br />
que se tornou membro da cooperativa<br />
laboratório da Embrapa de todas<br />
as propriedades e os resultados<br />
demandaram para os criadores a<br />
necessidade de adquirir 200 toneladas<br />
de calcário para corrigir<br />
a acidez do solo. Os produtores<br />
associados pagaram apenas R$<br />
40 pela tonelada do calcário e o<br />
governo, através da Seagri, fez o<br />
transporte e o armazenamento<br />
do mineral em Ouro Preto.<br />
A criadora Gertrudes Freire de<br />
Almeida, de 74 anos, da Linha 12<br />
do travessão 22, também aderiu<br />
à associação e se mostra animada<br />
com os resultados. Ela propaga<br />
que mais criadores devem<br />
fazer parte das cooperativas que<br />
estão se formando no município<br />
para que todos ganhem força.<br />
“Sozinho ninguém chega lá. Tem<br />
que ter pelo menos um pequeno<br />
grupo. O primeiro resultado que<br />
eu percebi é que o preço do<br />
leite não caiu, e até melhorou<br />
para outros criadores”, observou<br />
Gertrudes.<br />
MANEJO COM PIQUETES<br />
Após a aplicação de calcário e<br />
outros nutrientes, alguns produtores<br />
associados iniciaram uma<br />
experiência com capim-Mombaça<br />
e braquiarão em sistema rotacionado.<br />
O resultado da melhoria<br />
no pasto é nítido, em especial nas<br />
áreas que foram desmatadas há<br />
mais de 30 anos. O manejo com<br />
piquete rotacionado de áreas vai<br />
assegurar comida suficiente e de<br />
melhor qualidade para os animais,<br />
principalmente no período<br />
de seca, não baixando a média<br />
de produção na propriedade.<br />
COMERCIALIZAÇÃO<br />
Com o resultado positivo imediato<br />
da primeira cooperativa<br />
de Ouro Preto, um grupo de 20<br />
produtores de leite do travessão<br />
20 da RO-470 está formando outra<br />
associação. Outros criadores<br />
estão se alinhando para fazer o<br />
mesmo. A intenção é criar mais<br />
associações para alcançar a<br />
média de produção diária de 30<br />
mil litros de leite. Quando atingirem<br />
essa meta, os produtores<br />
pretendem se unificar através<br />
de uma grande cooperativa para<br />
arrendar uma planta industrial<br />
e contratar um executivo para<br />
administrar a industrialização e<br />
comercialização do produto.<br />
“O primeiro resultado que eu percebi<br />
é que o preço do leite não caiu e até<br />
melhorou para outros criadores”,<br />
diz a produtora Gertrudes<br />
Freire de Almeida<br />
FEVEREIRO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA 25
CAMPO MELHOR<br />
CAFEICULTURA<br />
Clonal reacende<br />
esperança na Zona da Mata<br />
O café clonal, definitivamente, caiu nas graças dos produtores da Zona da Mata. As<br />
mudas reproduzidas com estacas de plantas selecionadas aumentam a produtividade<br />
para até 110 sacas por hectare e garantem maior resistência a pragas e doenças. Em<br />
um ciclo que varia entre um ano e meio a dois anos, a safra do clonal apresenta uma<br />
produtividade até 70% maior que o café de lavouras formadas com sementes.<br />
Por Edenilson Florentino<br />
Fotos: Edenilson Florentino<br />
Reconhecida no estado<br />
como uma região de terras<br />
altamente produtivas,<br />
a Zona da Mata vem abocanhando<br />
uma fatia importante da produção<br />
do grão no estado de Rondônia. O<br />
município de Alta Floresta do Oeste<br />
é famoso pelas mudas de café<br />
clonal que produz. “Elas são mais<br />
resistentes e produzem mais”, dizem<br />
os produtores. Cafeicultores de vários<br />
estados da federação procuram<br />
viveiros instalados no município.<br />
Para garantir melhor posição de<br />
Rondônia no ranking de produção<br />
nacional, o governo do estado<br />
entregou 300 mil mudas de café<br />
clonal para atender produtores<br />
cadastrados na Emater. Do total<br />
distribuído, 45 mil mudas foram<br />
para substituição de lavouras em<br />
Rolim de Moura e devem assegurar<br />
um aumento nas próximas safras.<br />
Alto Alegre dos Parecis é outro<br />
município da Zona da Mata com<br />
grande vocação para cafeicultura.<br />
Conhecido em Rondônia<br />
pela produção de tomates, Alto<br />
Alegre se rendeu ao café clonal,<br />
principalmente ao BRS Ouro Preto,<br />
clone recomendado pela Embrapa,<br />
garante maior produtividade em<br />
menor área plantada e, ainda, reduz<br />
o emprego de mão de obra.<br />
Iracy Ramos de Oliveira, 52 anos,<br />
é morador de Alto Alegre desde<br />
1984. Depois de arriscar variadas<br />
formas de cultura, o produtor rural<br />
resolveu também investir no café.<br />
Ele contou à equipe da VISÃO que<br />
separou um pedaço da proprieda-<br />
de, localizada na linha P–34, para<br />
a nova lavoura. Atualmente, Iracy<br />
tem 10 mil pés do café clonal e<br />
cerca de quatro mil estão em plena<br />
produção. O produtor destacou<br />
que ao longo do cultivo foi se<br />
adaptando a cultura. Para ele, as facilidades<br />
oportunizadas pelo clonal<br />
contribuem para que mais pessoas<br />
escolham esta forma de cultivar.<br />
O produtor revela que o<br />
aumento da produção do café<br />
clonal é muito atrativo. “Percebi<br />
um aumento significativo<br />
na quantidade de sacas por<br />
hectare, em relação à lavou-<br />
ra antiga”, disse.<br />
A procura pelo café clonal<br />
é tão grande no município<br />
que vários produtores se<br />
especializaram na produção de<br />
mudas. Hoje, há comercialização<br />
em Alto Alegre e toda a região. A<br />
lavoura do mais novo cafeicultor,<br />
Iracy Ramos de Oliveira, foi formada<br />
com mudas produzidas do<br />
próprio município de Alto Alegre<br />
dos Parecis.<br />
26 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I FEVEREIRO 2016
300 MIL<br />
mudas de café clonal para<br />
atender produtores cadastrados<br />
na Emater<br />
Produtor de café clonal, Iracy Ramos<br />
de Oliveira, apresenta sua plantação em Alto<br />
Alegre dos Parecis.<br />
FEVEREIRO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA<br />
27
PRODUTO NOSSO<br />
CONTA MAIS<br />
doce no final do mês!<br />
Aumentar a renda da família ou criar uma forma de obter uma renda<br />
ao final do mês! Estes foram os motivos que levaram duas mulheres a<br />
se aventurarem na produção de doces caseiros, em Cacoal.<br />
Por Giliane Perin<br />
Fotos: Giliane Perin<br />
e Redes Sociais<br />
Loany Larissa Ferreira da<br />
Costa Andrade, 34 anos,<br />
trabalha em uma escola da<br />
rede pública e decidiu, através dos<br />
doces, ajudar a aumentar a renda<br />
da família. Já Vaneza dos Santos,<br />
25 anos, após várias tentativas frustradas<br />
de conseguir um emprego,<br />
decidiu por a mão na massa e obter<br />
renda por conta própria. Surgiram<br />
assim, em Cacoal, a João e Maria<br />
Brigaderia e a Dom Maria Brigaderia.<br />
As duas fazem doces sob encomenda<br />
e usam principalmente as<br />
redes sociais, Facebook e WhatsApp,<br />
para comercializarem a produção.<br />
Doces como brigadeiros tradicionais,<br />
beijinhos e ainda nos sabores<br />
nutella, cappuccino, paçoca, meio<br />
amargo, castanha de caju, coco<br />
queimado, com confeitos variados e<br />
brigadeiro e beijinho com morango<br />
caíram no gosto dos cacoalenses.<br />
A idéia destas duas mulheres tem<br />
dado certo e melhorado a renda de<br />
cada uma.<br />
Loany ainda está no segundo<br />
mês, mas já sentiu a diferença. As<br />
vendas tem aumentado a cada dia e<br />
quando resolveu lançar uma promoção,<br />
as vendas disparam. “Quando<br />
teve a Black Friday, eu resolvi aplicar<br />
a idéia também aos doces, dando<br />
desconto, foram mais de 300 doces<br />
vendidos em um único dia”. A João<br />
e Maria tem como especialidade os<br />
brigadeiros de colher. São doces<br />
que ao invés de serem produzidos<br />
em formatos de bolinhas, como de<br />
costume, são comercializados em<br />
potinhos, para serem consumidos<br />
a colheradas.<br />
Já a Dom Maria, da Vaneza, optou<br />
pelo tradicional, os brigadeiros<br />
boleados, que também têm dado<br />
certo. Além da venda no dia a dia,<br />
os docinhos são vendidos sob<br />
encomenda para festas. “Estou há<br />
uns três meses vendendo os doces<br />
e tenho me surpreendido com os<br />
resultados. Tem dado muito certo<br />
e a procura aumenta a cada dia. A<br />
gente vende pra um, que indica para<br />
outro e assim aumentamos a nossa<br />
clientela. No começo, em menos de<br />
três semanas eu já tirei o dinheiro<br />
que tinha investido para começar<br />
o negócio”.<br />
Tanto a João e Maria quanto a<br />
Dom Maria utilizam as redes sociais<br />
para divulgar e alavancar as vendas.<br />
As duas “brigaderias”, como<br />
se definem, possuem página no<br />
Facebook e aproveitam grupos no<br />
WhatsApp para divulgar a produção.<br />
É principalmente por estas redes<br />
sociais que surgem os clientes e as<br />
Loany Larissa<br />
Ferreira da Costa Andrade<br />
Vaneza apresenta seus doces, do<br />
brigadeiro tradicional ao de paçoquinha<br />
28 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I FEVEREIRO 2016
Redes sociais são os principais<br />
canais de comunicação entre<br />
brigaderias e seus clientes<br />
encomendas. “A maioria absoluta<br />
das pessoas entra em contato pelo<br />
Facebook ou pelo WhatsApp. Estes<br />
se tornaram os melhores meios para<br />
eu divulgar o meu trabalho, fazer os<br />
meus clientes e entrar em contato<br />
com eles. São os nossos canais de<br />
comunicação”, explicou Loany.<br />
Como a atividade é nova tanto<br />
para Loany, quanto para Vaneza, o<br />
negócio ainda é caseiro. As duas<br />
produzem os doces em casa e fazem<br />
a entrega. Em alguns casos, os próprios<br />
clientes buscam encomendas.<br />
“Eu gosto do que estou fazendo e<br />
assim que tiver todas as condições<br />
necessárias, pretendo expandir o<br />
meu negócio. Criar um espaço adequado<br />
para produzir e quem sabe<br />
para receber os clientes”, enfatizou<br />
Vaneza que aprendeu na prática<br />
a fazer os doces. “Eu pegava as receitas<br />
da internet e ia fazendo pra<br />
gente comer em casa. Como sempre<br />
deu tudo certo, todo mundo<br />
elogiava e era algo que eu gostava<br />
de fazer, resolvi fazer disso a minha<br />
fonte de renda”, completou a jovem.<br />
Seja para construir uma renda ou<br />
para aumentar a renda familiar,<br />
a produção de doces artesanais<br />
tem conquistado grande mercado<br />
em Cacoal, com clientes fiéis. Não<br />
só Loany ou Vaneza se aventuram<br />
nesse pequeno grande negócio. De<br />
tempos em tempos, novas brigaderias<br />
surgem na cidade para adoçar a<br />
vida dos cacoalenses. “O bom é que<br />
tem espaço para todos”, tranqüiliza-<br />
-se Vaneza.<br />
É na cozinha de casa que Vaneza<br />
produz os doces que garantem a sua<br />
renda mensal<br />
FEVEREIRO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA 29
SAFRA 2014/2015<br />
PESCA LIBERADA<br />
no período do defeso<br />
Sob o pretexto de recadastrar pescadores artesanais e revisar períodos de defeso por<br />
meio de Comitês Permanentes de Gestão e Uso Sustentável de Recursos Pesqueiros,<br />
o governo federal suspendeu o pagamento do chamado seguro-defeso – uma<br />
espécie de indenização paga aos pescadores no período de proibição da pesca – e,<br />
consequentemente, liberou a extração de pescado no período de reprodução e desova.<br />
A<br />
portaria do Ministério<br />
da Agricultura, Pecuária<br />
e Abastecimento suspendeu<br />
10 instruções normativas e<br />
outras portarias, através da Portaria<br />
Interministerial Nº 192/2015, que<br />
garantiam a preservação do pescado,<br />
principalmente, aqueles em extinção<br />
como tambaqui e pirarucu.<br />
Em tese, a pesca dessas exóticas<br />
e cobiçadas espécies permanece<br />
proibida por legislação específica,<br />
mas na prática, a nova portaria<br />
acaba entrando em conflito com<br />
a realidade, já que uma das condições<br />
para a proibição da pesca é o<br />
pagamento do seguro-defeso e não<br />
há como impedir que o tambaqui<br />
e o pirarucu caiam nas redes dos<br />
profissionais.<br />
A norma, que acaba por colocar<br />
em risco de total extinção os<br />
mais saborosos peixes nativos da<br />
Amazônia, é reflexo da grave crise<br />
econômica do Brasil. Sem levar<br />
em consideração os benefícios<br />
do seguro-defeso para a fauna, o<br />
ex-ministro da Fazenda do gover-<br />
no Dilma chegou a demonstrar<br />
ignorante perplexidade ao dizer<br />
que “em poucos anos, chegou-se a<br />
gastar R$ 3 bilhões com o seguro-<br />
-defeso. Eu não sei exatamente<br />
qual é a contribuição da pesca<br />
para o PIB, mas R$ 3 bilhões apenas<br />
para proteger o estoque de peixe<br />
é um numero significativo, e não<br />
é evidente que isso esteja alcançando<br />
esta proteção efetiva dos<br />
estoques de peixes através desse<br />
mecanismo”.<br />
Em Rondônia, a Câmara Técnica<br />
de Ordenamento Pesqueiro,<br />
composta pelo Instituto Brasileiro<br />
de Meio Ambiente e Recursos<br />
Renováveis (Ibama), Secretaria de<br />
Estado do Desenvolvimento Am-<br />
30 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I FEVEREIRO 2016
iental (Sedam), Superintendência<br />
Regional da Pesca, Empresa de<br />
Assistência Técnica e Extensão<br />
Rural (Emater) e a Federação dos<br />
Pescadores do Estado de Rondônia<br />
(Fepearo), definiu critérios das<br />
normas de competência regional<br />
para cumprimento do período do<br />
defeso no estado.<br />
A portaria estadual foi revogada<br />
e elaborada outra com base nas<br />
competências exclusivas do estado<br />
para definição dos critérios da<br />
pesca amadora e de subsistência.<br />
Um dos critérios é a permissão da<br />
pesca amadora e a pesca de subsistência,<br />
em conformidade com<br />
o decreto federal, que traz ainda<br />
como consequência a obrigatoriedade<br />
de o pescador amador<br />
consumir o produto no próprio<br />
local da captura, ou praticar o<br />
pesque e solte.<br />
A exceção é quanto ao peixe<br />
capturado em um trecho de aproximadamente<br />
90 quilômetros no<br />
rio Jamari, com extensão até a<br />
ponte alta do lago da hidrelétrica<br />
de Samuel, na BR-364.<br />
O decreto, contendo a portaria<br />
conjunta do Ministério da Pesca<br />
e do Ibama, libera a pesca profissional<br />
e a captura da maioria<br />
das espécies nativas entre 15 de<br />
novembro de 2015 a 15 de março<br />
de 2016, exceto o tambaqui e o<br />
pirarucu, duas espécies protegidas<br />
por resoluções específicas.<br />
O ribeirinho e outros moradores<br />
de comunidades isoladas<br />
poderão praticar a pesca de subsistência,<br />
sem comercializar o produto.<br />
Mas não podem capturar o<br />
tambaqui, proibição que alcança<br />
todas as categorias de pescadores<br />
e está em vigor desde 1º de outubro,<br />
com encerramento dia 31 de<br />
março de 2016.<br />
As instruções normativas que<br />
proíbem a captura do tambaqui<br />
(42) e do pirarucu (34) não foram<br />
revogadas pela Portaria 192, por<br />
constarem da lista de espécies em<br />
extinção.<br />
Ribeirinhos<br />
conscientes<br />
A falta de fiscalização nos rios<br />
da Amazônia e a consciência<br />
dos ribeirinhos que aprenderam<br />
a viver do turismo da pesca<br />
amadora mantém sempre<br />
generosas as populações de<br />
espécies. Em Porto Rolim,<br />
distrito de Alta Floresta, donos<br />
de pousadas e barcos são<br />
criteriosos e não abrem exceção.<br />
O peixe retirado do rio deve ter<br />
a medida certa e no período do<br />
defeso ninguém leva pescado.<br />
“Pode comer à vontade na beira<br />
do rio, pode pescar à vontade,<br />
mas não pode levar o peixe”,<br />
diz Toa Zabala, um dos mais<br />
conhecidos proprietários de<br />
pousada do local.<br />
Fontes: Ibama e Governo de Rondônia/Secom<br />
FEVEREIRO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA<br />
31
INFORME PUBLICITÁRIO - OAB/RO<br />
OAB empossa nova diretoria<br />
Foto: R.Machado<br />
Seccional Rondônia da Ordem<br />
dos Advogados do Brasil (OAB/<br />
RO) realizou, no último dia 18 de<br />
fevereiro, a solenidade de posse de<br />
membros da entidade. No evento,<br />
realizado em Porto Velho, foram<br />
empossados o presidente reeleito,<br />
Andrey Cavalcante, os demais membros<br />
da diretoria, os conselheiros<br />
estaduais, os diretores e membros da<br />
Caixa de Assistência dos Advogados<br />
de Rondônia (Caaro) e os presidentes<br />
e diretores das 18 subseções do<br />
estado.<br />
Ao discursar na cerimônia, Andrey<br />
Cavalcante fez duras críticas à<br />
decisão do Supremo Tribunal Federal<br />
(STF) de autorizar a prisão de condenados<br />
em segunda instância. “Devemos<br />
cerrar fileiras cada vez mais<br />
rígidas para que nossa Constituição<br />
não se transforme em confetes de<br />
um passado esquecido”, afirmou.<br />
Por 7 votos a 4, o STF firmou entendimento<br />
autorizando a execução de<br />
penas antes do trânsito em julgado<br />
de ações.<br />
Para o presidente da OAB/RO,<br />
a decisão é uma “agressão à presunção<br />
de inocência”. “Dura lição a<br />
que aprendemos testemunhando<br />
até onde nossa Suprema Corte está<br />
disposta a ir no que diz respeito a<br />
negociar com nossos valores mais<br />
básicos, em nome de resultados<br />
questionáveis”, criticou Andrey.<br />
Presente à solenidade de posse,<br />
o presidente do Conselho Federal da<br />
Ordem, Claudio Lamachia, também<br />
questionou o entendimento do<br />
Supremo. “Devemos respeitar o STF,<br />
porém a execução provisória da pena<br />
é inquietante. “O que vai acontecer se<br />
tivermos pessoas encarceradas com<br />
decisão de segundo grau? Quem<br />
serão estes cidadãos encarcerados?<br />
Os criminosos de colarinho branco<br />
ou o cidadão simples?”, destacou<br />
Lamachia, aplaudido pelos cerca de<br />
1000 participantes do evento.<br />
A cerimônia de posse contou<br />
ainda com a participação do vice-<br />
-presidente do Conselho Federal da<br />
OAB, Luis Cláudio da Silva Chaves, e<br />
do secretário-geral ajunto, Ibaneis<br />
Rocha; do governador de Rondônia,<br />
Confúcio Moura; do presidente da<br />
Assembleia Legislativa, deputado<br />
Maurão de Carvalho; do presidente<br />
do Tribunal de Justiça de Rondônia,<br />
Sansão Batista Saldanha; do<br />
procurador-geral de Justiça, Airton<br />
Marin Filho; do diretor do Foro da<br />
Justiça Federal, juiz Dimis da Costa<br />
Braga; e do presidente do Tribunal<br />
de Contas do Estado, Edilson de<br />
Souza Silva; além de representantes<br />
da Defensoria Pública, entidades de<br />
classe e da sociedade civil.<br />
32 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I FEVEREIRO 2016
INFORME PUBLICITÁRIO - Sinjur<br />
Foto:Toni Foto:Toni Francis<br />
T<br />
Francis<br />
GESTÃO UNIDOS PARA CONQUISTAR<br />
ADMINISTRAÇÃO RESPONSÁVEL,<br />
VOLTADA PARA O BEM COMUM<br />
GESTÃO UNIDOS PARA CONQUISTAR<br />
Considerando as lutas e conquistas deste último ano e dos<br />
anos anteriores, podemos dizer que sim, a atual administração<br />
do Sinjur tem sido efetiva em suas ações.<br />
ADMINISTRAÇÃO RESPONSÁVEL,<br />
VOLTADA PARA O BEM COMUM<br />
mos a direção do sindicato,<br />
temos trabalhado diuturnamente<br />
em prol dos direitos e de benefícios<br />
aos nossos representados.<br />
Por meio de ações judiciais e<br />
medidas administrativas, junto à<br />
presidência do Tribunal de<br />
Justiça e aos representantes dos<br />
poderes Legislativo e Executivo,<br />
temos alcançado relevantes<br />
conquistas.<br />
O resultado das ações dessa<br />
administração, realizadas nos<br />
últimos a anos, direção com do ênfase sindicato, em<br />
2015, temos é trabalhado o que buscamos diuturnamente trazer<br />
como prestação de contas no<br />
em<br />
relatório<br />
prol dos<br />
de<br />
direitos<br />
gestão<br />
e de<br />
que<br />
benefí-<br />
logo<br />
estaremos entregando a todos<br />
Considerando as lutas e conquistas deste último ano e dos<br />
anos anteriores, podemos dizer que sim, a atual administração<br />
do Sinjur tem sido efetiva em suas ações.<br />
Em qualquer administração<br />
pública, três conceitos<br />
primários de planejamento<br />
devem ser observados<br />
com coerência e compreensão:<br />
a eficácia, a eficiência e a<br />
efetividade. Este último, mais<br />
amplo, visa aferir não só os<br />
resultados, mas verificar se<br />
houve melhoria real à categoria,<br />
considerando as ações impetradas<br />
pelo administrador.<br />
Considerando as lutas e<br />
conquistas Em qualquer deste último administração<br />
anteriores, pública, três podemos con-<br />
ano e<br />
dos anos<br />
dizer que sim, a atual administração<br />
do Sinjur ceitos tem primários sido efetiva de pla-<br />
em<br />
suas nejamento ações. devem Desde ser que observados<br />
com coerência e compreen-<br />
assumisão:<br />
a eficácia, a eficiência e a<br />
cios aos nossos representados.<br />
Por meio de ações judiciais e<br />
medidas administrativas, junto à<br />
nossos filiados. Desse modo,<br />
cumprimos o dever institucional<br />
de qualquer liderança sindical e<br />
pública, dando transparência a<br />
nossos atos e informando a<br />
categoria, da forma mais direta e<br />
simples possível, sobre nossas<br />
ações.<br />
Vale salientar que, todas as<br />
conquistas apresentadas no<br />
relatório, que está em fase de<br />
edição, são resultados do caráter<br />
representativo e da coesão que<br />
há nossos entre filiados. trabalhadores Desse e modo, seus<br />
representantes. cumprimos o dever Juntos institucional somos<br />
mais fortes!<br />
de qualquer liderança sindical e<br />
pública, Assessoria dando de Imprensa transparência - Sinjur a<br />
nossos atos e informando a<br />
categoria, da forma mais direta e<br />
FEVEREIRO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA<br />
33
INFORME PUBLICITÁRIO - Sindur<br />
PRIVATIZAÇÃO DAS DISTRIBUIDORAS DO<br />
SISTEMA ELETROBRAS REPRESENTA UM<br />
RETROCESSO NO SETOR ELÉTRICO<br />
O fantasma da sanha privatista<br />
ameaça, mais uma vez, tomar de assalto<br />
as empresas públicas deste país.<br />
Estamos assistindo neste momento<br />
a uma tentativa de privatização das<br />
distribuidoras do Sistema Eletrobras,<br />
dos Estados do Acre, Alagoas, Amazonas,<br />
Piauí, Rondônia, Roraima, e Goiás.<br />
Para barrar esse retrocesso, os<br />
trabalhadores eletricitários, organizados<br />
pelo Coletivo Nacional dos Eletricitários<br />
- CNE e Centrais Sindicais,<br />
CUT, CTB, CONLUTAS e movimentos<br />
sociais, a exemplo do MST, MAB, MTST<br />
dentre outros, vêm realizando grandes<br />
mobilizações e paralisações em<br />
diversos Estados e no Distrito Federal.<br />
As entidades entendem, por<br />
exemplo, que o PL 131/2015, de autoria<br />
do senador José Serra (PSDB),<br />
propõe retirar da Petrobras a função<br />
de operadora única do Pré-sal,<br />
eliminando a obrigatoriedade de a<br />
estatal participar de 30% das áreas<br />
exploratórias.<br />
Tal como a CELG de Goiás, incluída<br />
no PND através do decreto<br />
8.449/2015, a Eletrobras Distribuição<br />
Alagoas (CEAL), a Eletrobras Distribuição<br />
Acre (ELETROACRE), a Eletrobras<br />
Distribuição Amazonas, a Eletrobras<br />
Distribuição Piaui (CEPISA), a Eletrobras<br />
Distribuição Rondônia (CERON)<br />
e a Eletrobras Distribuição Roraima<br />
(Boa Vista Energia) foram incluídas<br />
pelo governo federal para serem<br />
vendidas.<br />
Os trabalhadores estão mobilizados<br />
nos seus respectivos Estados,<br />
as lideranças sindicais tem feito inúmeras<br />
articulações política e a união<br />
das bases, para impedir a privatização<br />
desse seguimento do setor elétrico<br />
brasileiro de grande importância para<br />
o desenvolvimento e implementação<br />
de políticas públicas.<br />
É inconcebível que o governo<br />
federal, que é o acionista majoritário,<br />
inclua empresas de importância estratégica<br />
do Setor Elétrico, indutoras<br />
do desenvolvimento regional e do<br />
País, no programa de privatização,<br />
contrariando o compromisso assumido<br />
a classe trabalhadora e os<br />
movimentos sindicais e sociais.<br />
O governo federal não pode entregar<br />
as empresas distribuidoras de<br />
energia elétrica do Sistema Eletrobras<br />
ao mercado, sob o frágil argumento<br />
de que não há recursos para atender<br />
as necessidades do setor. A alegação<br />
do governo de que, para manter as<br />
distribuidoras, prestando serviço de<br />
qualidade, que atenda a demanda<br />
da população, serão necessários<br />
grandes investimentos da ordem de<br />
18 bilhões, não pode servir de argumento<br />
para ensejar a privatização<br />
dessas empresas.<br />
Ainda que a decisão do governo<br />
até aqui seja a de que todo o segmento<br />
de distribuição será desestatizado,<br />
começando pela CELG, ficando o Estado<br />
responsável apenas pelo sistema<br />
de geração e transmissão, é indubitável<br />
que os movimentos sindicais<br />
e sociais reagirão com indignação a<br />
esse “revés neoliberal” do governo.<br />
Não se pode bater o martelo à privatização<br />
sem antes analisar e discutir à<br />
exaustão as alternativas apresentadas<br />
pela classe trabalhadora.<br />
Existem alternativas para superar<br />
a crise do setor energético sem<br />
recorrer à venda das estatais. Mas é<br />
preciso que haja disposição e vontade<br />
do governo, o que está faltando, para<br />
estabelecer uma ampla mesa negocial<br />
de discussão de alternativas junto<br />
aos trabalhadores, que são os maiores<br />
defensores do patrimônio nacional.<br />
“O governo está com uma característica<br />
anatômica muito esquisita,<br />
escreve com a mão esquerda e age<br />
com a mão direita, ou seja, assumiu<br />
o compromisso com a classe trabalhadora<br />
de não privatização, da<br />
não entrega do patrimônio e agora<br />
pressionado pelo “mercado” age,<br />
entregando as empresas de um setor<br />
estratégico para desenvolvimento<br />
regional a iniciativa privada”, afirmou<br />
Nailor Gato, presidente do SINDUR.<br />
Ainda, acreditamos que o governo,<br />
retorne ao leito natural do seu<br />
programa politico e reveja a decisão<br />
de levar adiante esse processo de<br />
privatização das distribuidoras do<br />
Sistema Eletrobras, em nome da preservação<br />
do caráter público dessas<br />
empresas e da importância que elas<br />
representam para todos os brasileiros.<br />
34 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I FEVEREIRO 2016
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