ESPECIAL CALCÁRIO: A SALVAÇÃO DA LAVOURA, PECUÁRIA E PISCICULTURA 16 REVISTA VISÃO RONDÔNIA I FEVEREIRO 2016
Com vocação para agronegócio, Rondônia é destaque no rol dos maiores produtores de diversas culturas do Brasil e, a partir de 2016, inicia uma nova fase de crescimento que promete levar o estado ao topo do ranking de produção nacional. Por Ivonete Gomes Durante três décadas o campo rondoniense sofreu com a escassez de calcário, produto essencial para a correção do solo e, consequentemente, aumento de produtividade. Até meados de 2014, a única usina de calcário no estado era a Félix Fleury, unidade da Companhia de Mineração de Rondônia (CMR), localizada no município de Pimenta Bueno, a 550 quilômetros de Porto Velho. A planta, inaugurada em 1984 pelo então governador Jorge Teixeira de Oliveira, tinha capacidade instalada de apenas quatro mil toneladas por ano. “Não dava pra atender quase ninguém com aquela produção tão baixa e muita gente pagava caro para trazer calcário do Mato Grosso”, lembra Ronil Peron – gerente da usina. Com um investimento de R$ 12 milhões, o governo de Rondônia instalou uma planta capaz de extrair e fabricar 400 mil toneladas anualmente. No ano passado, 130 mil toneladas do produto foram vendidas e distribuídas através de programas de fomento estatais. O calcário produzido na Félix Fleury não supre a demanda dos produtores rondonienses. Estima-se que, para recuperar os 4,5 milhões de hectares em estágio de degradação, o estado precisa de 1,1 milhão de toneladas de calcário anualmente. A pressão mundial pela redução dos gases de efeito estufa e a constante demanda por alimentos, obrigaram os produtores rurais de Rondônia a se profissionalizar utilizando técnicas de boas práticas agropecuárias (BPA). Os desmatamentos e as queimadas nunca estiveram em níveis tão baixos e, para que isso continue, o uso do calcário é primordial. Obversando a dificuldade do produtor em procurar o produto mineral no estado vizinho, o empresário Cesar Cassol também resolveu apostar na produção do corretor. A planta, do empresário instalada no município de Parecis, tem capacidade para 400 mil toneladas/ ano, mesma quantidade produzida pela companhia do governo. Somadas as capacidades de produção das duas plantas, o estado ainda está com déficit de 300 mil toneladas, problema que deve ser resolvido nos próximos meses. “O governo do estado já adquiriu uma segunda planta com a mesma capacidade (400 mil toneladas/ ano) que deve começar a operar até abril deste ano. Sabemos que os estados do Acre e Amazonas necessitam de calcário porque nenhum dos dois têm jazidas, mas não vamos vender. Seremos autossuficientes em calcário”, disse o secretário de Estado da Agricultura, Evandro Padovani. Estima-se que as duas jazidas exploradas em Rondônia (Félix Fleury e Grupo Cesar) tenham reserva para os próximos 200 anos. E essa não é a única semelhança entre as duas. O PRNT – Poder Relativo de Neutralização Total – dos produtos fabricados ultrapassam 86%. “Fazemos análises todo mês para vendermos ao produtor um calcário que garanta resposta rápida da terra, neutralizando o alumínio tóxico e fornecendo o cálcio e o magnésio que são nutrientes essenciais para o desenvolvimento das plantas”, explicou o diretor executivo da Seagri, Adilson Pereira. QUEM USA CALCÁRIO, FEVEREIRO 2016 I REVISTA VISÃO RONDÔNIA 17