entrevista “Precisamos que mais clínicas, sobretudo locais, adiram a este projeto” Maria Eugénia Colaço “Os gatos ajudam a controlar pragas nas ruas” 2
Maria Eugénia Colaço, do MEG – Movimento para a Esterilização de Gatos Errantes e Assilvestrados de Lisboa fala sobre o trabalho deste grupo de voluntários nas ruas da <strong>Penha</strong> de França. Como nasceu o MEG? Há quantos anos funciona? O MEG é um grupo de voluntários que se dedicam à esterilização de colónias de gatos de rua e surgiu há cerca de ano e meio. Resulta da Campanha de Esterilização de Animais Abandonados, criada em 2009, e do seu Grupo de Lisboa, que iniciou este trabalho de esterilização em agosto de 2014 nas freguesias de São Vicente e Santa Maria Maior, no âmbito de um protocolo com a Casa dos Animais de Lisboa (CAL) para a implementação do seu programa ‘Capturar, Esterilizar, Devolver’. Desde maio de 2015 que o MEG está a intervir nas freguesias de <strong>Penha</strong> de França e Arroios. O seu principal trabalho é com as colónias de gatos. O que fazem? A missão do nosso grupo é, em primeiro lugar, a esterilização das colónias de gatos de rua. A vida destes animais é muito difícil: estão sujeitos a passar fome e sede, bem como às intempéries. Muitos morrem atropelados ou de doença, e alguns até vítimas da maldade humana. Assim, ao evitarmos nascimentos, estamos a evitar mais sofrimento. Além disso, a esterilização, sobretudo no caso das fêmeas, previne várias patologias. E ao evitar ruídos de acasalamento e cio, por exemplo, também torna mais fácil a convivência entre os gatos de rua e as pessoas. Apenas a esterilização? Não, o MEG também procura recolher e tratar gatos em situações de particular risco ou de doença. Após a sua recuperação, são devolvidos às colónias de origem ou encaminhados para adoção. Desde o início da atividade dos nossos voluntários, em agosto de 2014, até à data, esterilizámos em Lisboa mais de 500 gatos. E cerca de 40 foram resgatados/ tratados e encaminhados para adoção só na freguesia da <strong>Penha</strong> de França. Alguns aguardam ainda os seus lares definitivos connosco. Para além do protocolo com a CAL, celebrou também um protocolo com a Junta de Freguesia da <strong>Penha</strong> de França (JFPF), em <strong>fevereiro</strong> de 2016, que abrange os gatos de rua desta Freguesia, mediante o qual a Junta disponibilizou um espaço onde o MEG abriga alguns gatos em tratamento e/ou para adoção, e também uma verba mensal para custear esterilizações e tratamentos médico-veterinários numa clínica da Freguesia que se prontificou a colaborar neste esforço conjunto, a Clínica Veterinária Dra. Vanessa Carvalho. O MEG tem também um protocolo com a Associação Zoófila Portuguesa e tem ainda participado noutros eventos relacionados com a defesa da causa animal, nomeadamente promovidos pela JFPF. Porque é importante manter colónias de gatos nas cidades? Bom, em primeiro lugar porque elas existem, fruto do abandono ao longo dos tempos e da ausência, até há pouco tempo, de programas de esterilização. Está provado internacionalmente que só esta é eficaz no controlo de animais errantes. O abate, que felizmente já deixou de ser praticado na cidade de Lisboa, provou uma vez mais não constituir uma solução, para além de ser cruel e desumano. Depois, até porque os gatos ajudam a controlar pragas, nomeadamente de ratos. Do que mais precisam? Neste momento, de voluntários. O nosso trabalho é moroso e requer persistência, mas o saldo é muito gratificante. Depois, de mais adotantes responsáveis. E também que mais clínicas, sobretudo locais, adiram a este projeto, que visa, através da esterilização e de alguns cuidados, dar o maior bem-estar possível aos muitos gatos de Lisboa que não têm o conforto e a proteção de uma casa. Qual é o balanço com o trabalho com a Junta de Freguesia da <strong>Penha</strong> de França? Por tudo o que foi dito acima, o balanço é excelente. A JFPF está a desenvolver um trabalho pioneiro na área da proteção dos animais e o MEG tem encontrado, por parte da Junta, a maior disponibilidade e espírito de colaboração nos diversos desafios. 3