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Matéria Prima 87

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<strong>Matéria</strong> <strong>Prima</strong> ano8 #<strong>87</strong>_Layout 1 23/02/2017 18:56 Page 38<br />

ESPAÇO MÁRIO RIBEIRO<br />

SEGUIR EM FRENTE COMO<br />

UM BARCO ALIENADO<br />

Quem somos nós, simples mortais,<br />

para colocar ordem num mundo cada<br />

vez mais populoso a caminho de radicalismos<br />

comportamentais e políticos?<br />

Talvez a razão esteja com os descrentes<br />

de tudo que solenemente afirmam sem<br />

nenhum complexo de culpa:<br />

- Melhor deixar pra lá…<br />

Em tese esta seria boa alternativa, embora<br />

seja algo próximo do epicurismo do<br />

século IV AC que pregava a busca de prazeres<br />

moderados para se atingir um estado<br />

de tranquilidade e de libertação do medo.<br />

Ou seja: nada de perigosas ousadias<br />

comportamentais para, assim, nos restringirmos<br />

à busca de uma moderada esbórnia<br />

sexual (se isso é possível) e de<br />

pequena anarquia a nos proporcionar<br />

apenas mínimos mas deliciosos pecados.<br />

O problema é que cada vez mais relegamos<br />

a segundo plano o “imperativo<br />

categórico” de Emmanuel Kant, mais os<br />

princípios éticos e morais das leis e religiões,<br />

estas, aliás, caminhando<br />

para radicalismos cada vez<br />

maiores.<br />

Assim, vamos<br />

colocando em<br />

segundo,<br />

terceiro e<br />

quarto planos<br />

os chamados<br />

freios éticos<br />

e morais,<br />

como confirma<br />

o<br />

triste noti-<br />

ciário diário que tem como agravante<br />

uma higienização geral na abordagem de<br />

tristes acontecimentos comuns atualmente<br />

no Brasil e no mundo, “limpeza”<br />

expressa pela linguagem politicamente<br />

correta e pela postura de<br />

apresentador(as)es televisivos cada vez<br />

mais sorridentes e felizes, como crianças<br />

a mandar adeuzinho diante das câmaras<br />

e dizer “olha eu aqui, mamãe”.<br />

Parece que está cada vez maior a ausência<br />

do chamado senso de ridículo.<br />

Sem alternativas possíveis diante das<br />

ideologias, dos novos preconceitos, “status”<br />

sociais e afins, melhor talvez seja<br />

deixar o<br />

barco seguir<br />

em<br />

frente, alienadamente.<br />

38<br />

MARÇO DE 2017 • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR

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