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<strong>Matéria</strong> <strong>Prima</strong> ano8 #<strong>87</strong>_Layout 1 23/02/2017 18:57 Page 50<br />
ACERTOS. Pois a verdade é que, se você é<br />
brasileira e não foi educada na Europa, os<br />
seus conhecimentos sobre vinhos são certamente<br />
limitados. E a profunda intimidade que<br />
hoje mantém com os Merlots, os Cabernets<br />
e o Pinot Noirs foi obtida, certamente, esvaziando<br />
muitas garrafas do antológico vinho<br />
branco da garrafa azul. Aqui, peço licença<br />
para uma confissão pessoal: eu mesma, na<br />
remota década de 90, orgulhosamente, cheguei<br />
a um jantar na casa de amigos com a<br />
famigerada garrafinha debaixo do braço. Ganhei<br />
o respeito da turma, todo mundo então<br />
na casa dos 20 e poucos anos. Dos demais,<br />
sobraram pedidos de desculpa pela singela<br />
contribuição de um Almaden Riesling ou Merlot.<br />
Mas também já degustei o tal Liebfraumilch<br />
alemão com jornalistas descolados de<br />
São Paulo e Beagá. E até em cerimoniosos<br />
jantares empresariais, oferecidos por pesos<br />
pesados da economia mineira e nacional.<br />
VERDADES. Mas não serei ingrata. O vinho<br />
da garrafa azul foi um importante aprendizado.<br />
Foi na boquinha daquela garrafa<br />
que treinamos o paladar para os franceses,<br />
italianos, chilenos, argentinos e sul<br />
africanos que, uma década depois, invadiriam<br />
o nosso mercado. E a experiência<br />
serviu para nos mostrar que mesmo os<br />
poderosos alemães são capazes de produzir<br />
grandes porcarias engarrafadas. Se<br />
bem que o azul da garrafinha foi invenção<br />
marketeira verde e amarela mesmo.<br />
Esta, sim, uma sacada de gênio. Trocando<br />
em miúdos, toda esta introdução<br />
tem o objetivo de desarmar os espíritos<br />
para o conselho que vem a seguir: tudo<br />
o que você aprendeu sobre vinhos está<br />
errado. A partir de agora, engula o orgulho<br />
e veja, aqui, aquilo que você precisa<br />
saber sobre vinhos, mas nunca tiveram<br />
coragem de lhe contar.<br />
FRANCESES CAROS, BARATOS.<br />
E PARAGUAIOS NA MESMA TEMPERATURA<br />
OS FRANCESES<br />
SÃO MESMO OS MELHORES<br />
A França produz os melhores vinhos do<br />
mundo. E também os piores. Não sei quem<br />
é o autor da brilhante conclusão, mas acho<br />
pertinente me apropriar da sua sabedoria.<br />
Aquela garrafa que aqui custa o olho da cara,<br />
descontados os impostos, o transporte e o<br />
lucro do distribuidor e do vendedor, pode<br />
esconder um vinho de mesa bem baratinho,<br />
que os franceses consomem no dia a dia. Às<br />
vezes é um vinho ordinário. Calculando a<br />
distância, os incentivos do Mercosul e quanto<br />
lhe custou ganhar o dinheiro que tem no<br />
bolso, pode ser melhor arriscar um argentino.<br />
Caso tenha alguma diferença pessoal com<br />
os hermanos, vá de chileno mesmo. Mas<br />
muito cuidado com os uruguaios. Alguns parecem<br />
fabricados no Paraguai.<br />
PERGUNTA: QUANTO<br />
MAIS VELHO, MELHOR?<br />
Essa máxima, que nunca vale para nós,<br />
humanos, também não é lei para os vinhos.<br />
Muitos deles são produzidos para consumo<br />
rápido e se deterioram após alguns anos. A<br />
não ser que a loja seja especializada em bebidas<br />
antigas e disponha de instalações<br />
adequadas para acondicionar o<br />
vinho na temperatura indicada<br />
pelo produtor. Neste caso, porém,<br />
você precisa ser uma expert em<br />
50<br />
MARÇO DE 2017 • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR