Análise da implantação da filosofia Kaizen no processo produtivo de uma indústria de autopeças
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
<strong>Análise</strong> <strong>da</strong> <strong>implantação</strong> <strong>da</strong> <strong>filosofia</strong> <strong>Kaizen</strong> <strong>no</strong> <strong>processo</strong> <strong>produtivo</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>uma</strong> <strong>indústria</strong> <strong>de</strong> <strong>autopeças</strong><br />
Mariana Abdias Gonçalves (mari.projesom@hotmail.com)<br />
Suellen Cristina <strong>de</strong> Souza Vieira (suellen202souza@hotmail.com)<br />
Orientador: Me. Danillo Lopes Nunes<br />
Co-Orientadora: Ma. Flávia Apareci<strong>da</strong> <strong>de</strong> Souza<br />
Resumo: No atual cenário global, em razão <strong>da</strong> alta competitivi<strong>da</strong><strong>de</strong> imposta pelo mercado, é<br />
<strong>de</strong> s<strong>uma</strong> importância que as organizações busquem soluções para o aperfeiço amento e<br />
gerenciamento <strong>de</strong> seus <strong>processo</strong>s. Assim sendo, <strong>de</strong>ntre os principais objetivos <strong>da</strong>s<br />
organizações estão presentes as ações para redução <strong>de</strong> custos, excelência <strong>no</strong>s sistemas <strong>de</strong><br />
quali<strong>da</strong><strong>de</strong> e aprimoramento contínuo. Desse modo, este trabalho <strong>de</strong> conclusão <strong>de</strong> curso tem<br />
como objetivo a análise <strong>da</strong> <strong>implantação</strong> <strong>da</strong> <strong>filosofia</strong> <strong>Kaizen</strong> <strong>no</strong> <strong>processo</strong> <strong>de</strong> corte <strong>de</strong> tubos <strong>de</strong><br />
aço <strong>de</strong> <strong>uma</strong> <strong>indústria</strong> <strong>de</strong> <strong>autopeças</strong>. Esse estudo visou a melhoria do <strong>processo</strong>, reduzindo os<br />
<strong>de</strong>sperdícios <strong>da</strong> máquina gargalo, aumentando a sua disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> e elevando a<br />
produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Com base <strong>no</strong>s resultados obtidos <strong>de</strong>correntes <strong>da</strong> <strong>implantação</strong> do <strong>Kaizen</strong>,<br />
conclui-se que os objetivos e metas <strong>de</strong>fini<strong>da</strong>s antes <strong>da</strong> aplicação <strong>da</strong> <strong>filosofia</strong> foram<br />
atingidos, resultando n<strong>uma</strong> melhora significativa do <strong>processo</strong> <strong>produtivo</strong>.<br />
Palavras-chave: <strong>Kaizen</strong>; Ferramentas <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>; Produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong>; Gargalo.<br />
1. Introdução<br />
O mundo globalizado requer que as organizações sejam ca<strong>da</strong> vez mais flexíveis, que<br />
elas busquem soluções para o aperfeiçoamento e gerenciamento <strong>de</strong> seus <strong>processo</strong>s,<br />
aumentando seu market share (fatia <strong>de</strong> mercado) e se <strong>de</strong>stacando em diversos segmentos.<br />
Contudo, a satisfação <strong>da</strong>s necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> seus clientes é o principal objetivo <strong>da</strong>s<br />
organizações, atingindo a excelência <strong>de</strong> seus produtos e/ou serviços, na busca pela<br />
sobrevivência <strong>no</strong> mercado competitivo, aumentando a produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> e por consequência, a<br />
lucrativi<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Segundo Pereira (2007), a produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> é um dos fatores <strong>de</strong> maior impacto <strong>no</strong>s<br />
resultados <strong>de</strong> <strong>uma</strong> empresa, pois ela influencia diretamente os custos operacionais, bem como<br />
o <strong>de</strong>sempenho a<strong>de</strong>quado <strong>da</strong> empresa relacionado à manufatura, pessoas e tempos <strong>de</strong> máquinas<br />
para<strong>da</strong>s.<br />
Slack (2009) e Corrêa (2007) comprovam que os <strong>processo</strong>s <strong>produtivo</strong>s eficientes têm<br />
forte influência sobre os aspectos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho <strong>no</strong> mercado, por meio <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> seus<br />
produtos, atendimento <strong>da</strong>s necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s dos clientes, manutenção <strong>da</strong> confiabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, produtos<br />
a preços competitivos e flexibili<strong>da</strong><strong>de</strong> para a<strong>da</strong>ptar-se às mu<strong>da</strong>nças.<br />
Segundo Barratella (2013), vários fatores implicam <strong>no</strong> <strong>de</strong>senvolvimento do <strong>processo</strong><br />
<strong>produtivo</strong> <strong>de</strong> <strong>uma</strong> empresa, principalmente: as limitações na capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> produção,<br />
conheci<strong>da</strong>s como gargalos.<br />
1
Gargalo é a restrição do <strong>processo</strong>, minimizando o seu rendimento, através <strong>de</strong><br />
obstáculos <strong>no</strong> <strong>processo</strong> <strong>produtivo</strong>. Todo <strong>processo</strong> possui gargalos, nesse sentido, faz-se<br />
necessário i<strong>de</strong>ntificá-los para que medi<strong>da</strong>s sejam toma<strong>da</strong>s, metas sejam estabeleci<strong>da</strong>s, bem<br />
como melhorias sejam realiza<strong>da</strong>s a fim <strong>de</strong> que sua disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> máxima seja atingi<strong>da</strong>.<br />
Neste caso, é importante ressaltar a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> gargalo <strong>da</strong><strong>da</strong> por Pessoa e Cabral<br />
(2005):<br />
“Gargalo é qualquer obstáculo <strong>no</strong> sistema <strong>produtivo</strong> que restringe e<br />
<strong>de</strong>termina o seu <strong>de</strong>sempenho e a sua capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> obter <strong>uma</strong><br />
maior rentabili<strong>da</strong><strong>de</strong>. Em um <strong>processo</strong> <strong>produtivo</strong>, o gargalo é a etapa<br />
com me<strong>no</strong>r capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> produtiva e que impe<strong>de</strong> a empresa em<br />
aten<strong>de</strong>r plenamente a <strong>de</strong>man<strong>da</strong> por seus produtos. Por outro lado, a<br />
existência <strong>de</strong> níveis excessivos <strong>de</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> produtiva em alg<strong>uma</strong>s<br />
etapas não-gargalos em relação à etapa gargalo, resultam em<br />
investimentos ociosos, que influenciam negativamente o <strong>de</strong>sempenho<br />
<strong>da</strong> empresa. Assim, aumentar a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> produtiva <strong>da</strong> etapa<br />
gargalo e/ou redimensionar os investimentos ociosos nas etapas<br />
não-gargalos, po<strong>de</strong>m constituir <strong>de</strong>cisões estratégicas capazes <strong>de</strong><br />
promover um maior retor<strong>no</strong> sobre o investimento”. (PESSOA e<br />
CABRAL 2005).<br />
Nesse contexto, cabe a discussão do Sistema Toyota <strong>de</strong> produção, por ser um sistema<br />
que tem como proposta minimizar <strong>de</strong>sperdícios, aumentar a eficiência, além <strong>de</strong> atuar na<br />
questão <strong>de</strong> gargalos e estoques.<br />
Sob esse prisma, está a <strong>filosofia</strong> <strong>Kaizen</strong>, que segundo Oh<strong>no</strong> (1997), envolve <strong>uma</strong><br />
política e cultura: com um conjunto <strong>de</strong> valores que servirá <strong>de</strong> orientação para o<br />
comportamento e valores já incorporados pelo grupo naturalmente.<br />
Sharma e Moody (2003) ressaltam que a <strong>filosofia</strong> <strong>Kaizen</strong> utiliza métodos baseados <strong>no</strong><br />
tempo. Nestes métodos, os pontos-chave para a fabricação ou <strong>processo</strong>s <strong>produtivo</strong>s são: como<br />
melhorar a quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, como reduzir os custos e como garantir a entrega pontual. Para os<br />
autores, o insucesso <strong>de</strong> <strong>uma</strong> <strong>de</strong>ssas três variáveis significa per<strong>da</strong> <strong>de</strong> competitivi<strong>da</strong><strong>de</strong> e<br />
sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>no</strong> atual cenário global.<br />
O <strong>processo</strong> <strong>produtivo</strong> estu<strong>da</strong>do nesse trabalho <strong>de</strong> conclusão <strong>de</strong> curso trata-se <strong>da</strong><br />
produção <strong>de</strong> <strong>uma</strong> linha <strong>de</strong> corte <strong>de</strong> tubos <strong>de</strong> <strong>uma</strong> <strong>indústria</strong> <strong>de</strong> <strong>autopeças</strong>, on<strong>de</strong> este era o<br />
gargalo <strong>da</strong> produção, o que resultava em altos custos para a empresa, redução <strong>da</strong> eficiência do<br />
<strong>processo</strong> por conta <strong>da</strong> baixa capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> produtiva, além <strong>da</strong>s importações <strong>de</strong> tubos, as quais<br />
impactaram negativamente <strong>no</strong>s lucros <strong>da</strong> empresa.<br />
Seguindo essas premissas, o objetivo <strong>de</strong>sse trabalho <strong>de</strong> conclusão <strong>de</strong> curso é avaliar a<br />
<strong>implantação</strong> <strong>da</strong> <strong>filosofia</strong> <strong>Kaizen</strong> nessa linha <strong>de</strong> produção. Para isso, o presente artigo trás um<br />
referencial teórico sobre ferramentas <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>Kaizen</strong>, entre outros temas.<br />
Mais adiante são apresentados o método <strong>de</strong> pesquisa, <strong>implantação</strong> e resultados<br />
<strong>de</strong>correntes <strong>da</strong> <strong>implantação</strong> <strong>da</strong> <strong>filosofia</strong> <strong>Kaizen</strong> nessa <strong>indústria</strong>, bem como as consi<strong>de</strong>rações e<br />
referências utiliza<strong>da</strong>s nesse trabalho.<br />
2
2. Fun<strong>da</strong>mentação Teórica<br />
2.1. Ferramentas <strong>da</strong> Quali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
Souza (2003) <strong>de</strong>fine quali<strong>da</strong><strong>de</strong> como sendo o foco principal para qualquer busca <strong>de</strong><br />
eficiência na empresa. A quali<strong>da</strong><strong>de</strong> tem como objetivo o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>no</strong> mercado e a<br />
lucrativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, e está relaciona<strong>da</strong> à busca por excelência. É <strong>uma</strong> técnica que aju<strong>da</strong> a gerenciar<br />
organizações, por meio <strong>da</strong> utilização e aplicação <strong>de</strong> ferramentas <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, resultando em<br />
melhorias e redução <strong>de</strong> custos.<br />
As ferramentas <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> usa<strong>da</strong>s nas organizações <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> ser um diferencial e<br />
passaram a ser um pré-requisito <strong>de</strong> sobrevivência (COSTA, 2003).<br />
Souza (2003) apresenta ain<strong>da</strong> que perante a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> e a produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong>, os gestores<br />
<strong>de</strong>ntro <strong>da</strong>s organizações buscam aplicar as ferramentas <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> tendo em vista a<br />
padronização com o objetivo <strong>de</strong> melhoria <strong>no</strong> <strong>de</strong>sempenho dos <strong>processo</strong>s. Uma ferramenta <strong>da</strong><br />
quali<strong>da</strong><strong>de</strong> rigorosamente implanta<strong>da</strong> tem por consequência excelente rentabili<strong>da</strong><strong>de</strong> para a<br />
empresa, permitindo avanços <strong>no</strong> mercado, melhorias na produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> total e impacto positivo<br />
na minimização <strong>de</strong> custos. Tais ferramentas apoiam na eficiência dos <strong>processo</strong>s <strong>produtivo</strong>s<br />
<strong>da</strong>s organizações, tornando-as mais competitivas <strong>no</strong> mercado (GALUCH, 2002).<br />
No cenário atual, os gestores trabalham com indicadores, para auxiliar o<br />
gerenciamento <strong>de</strong> <strong>processo</strong>s e o progresso dos pla<strong>no</strong>s <strong>de</strong> ação <strong>da</strong> empresa. As ferramentas <strong>da</strong><br />
quali<strong>da</strong><strong>de</strong> têm como objetivo alinhar a melhoria contínua tornando-o um programa contínuo<br />
<strong>de</strong> gestão. A análise do <strong>processo</strong> é interpreta<strong>da</strong> para a i<strong>de</strong>ntificação <strong>da</strong>s falhas e gaps a serem<br />
aperfeiçoados, <strong>no</strong>rteando as ações para <strong>uma</strong> toma<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão (MARIANI, 2005).<br />
De acordo com Ishikawa (1986) o uso <strong>da</strong>s ferramentas <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> resolve<br />
aproxima<strong>da</strong>mente 95% dos problemas <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> em qualquer tipo <strong>de</strong> organização. A<br />
literatura apresenta sete ferramentas <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>:<br />
Diagrama <strong>de</strong> Pareto;<br />
Diagrama <strong>de</strong> Causa- Efeito;<br />
Fluxograma;<br />
Diagrama <strong>de</strong> Linha;<br />
Histograma;<br />
Diagrama <strong>de</strong> Dispersão;<br />
Gráfico <strong>de</strong> Controle.<br />
Ca<strong>da</strong> ferramenta tem sua própria aplicação, e alg<strong>uma</strong>s <strong>de</strong>ssas ferramentas são mais<br />
a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>s para i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> problemas e servem para análise, como exemplo, temos o<br />
gráfico <strong>de</strong> controle. Existem ain<strong>da</strong>, aquelas que po<strong>de</strong>m ser utiliza<strong>da</strong>s tanto na fase <strong>de</strong><br />
i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> problemas como na análise <strong>de</strong> problemas, como é o caso do gráfico <strong>de</strong> pareto<br />
e do diagrama <strong>de</strong> causa e efeitos (RANGEL, 1995).<br />
2.1.1 Brainstorming<br />
Brainstorming é <strong>uma</strong> técnica realiza<strong>da</strong> em grupo com a finali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> surgimentos <strong>de</strong><br />
<strong>no</strong>vas i<strong>de</strong>ias e projetos, para a resolução <strong>de</strong> problemas específicos e para instigar a<br />
criativi<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
3
Segundo Werkema (1995), brainstorming, mais conhecido como tempesta<strong>de</strong> <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias<br />
tem o objetivo <strong>de</strong> incentivar o maior número <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias e soluções para <strong>uma</strong> <strong>de</strong>termina<strong>da</strong><br />
situação em um curto período <strong>de</strong> tempo. A quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s mesmas não importa, mas sim a<br />
quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>. Essa ferramenta tem por finali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> que nenh<strong>uma</strong> causa relevante seja oculta.<br />
2.1.2. Diagrama <strong>de</strong> Causa e Efeito<br />
Werkema (1995) <strong>de</strong>fine diagrama <strong>de</strong> causa e efeito como sendo <strong>uma</strong> ferramenta que<br />
tem por finali<strong>da</strong><strong>de</strong> certificar a ligação existente entre os resultados <strong>de</strong> um <strong>processo</strong> (efeito) e<br />
as condições do <strong>processo</strong> (causas) e que através <strong>de</strong> implantações <strong>de</strong> técnicas, po<strong>de</strong>m levar a<br />
resultados consi<strong>de</strong>rados.<br />
O diagrama <strong>de</strong> causa e efeito, conhecido como espinha <strong>de</strong> peixe, expõe a relação entre<br />
o efeito gerado e os fatores causadores do mesmo. Oliveira (1996) interpreta o diagrama <strong>de</strong><br />
causa e efeito como <strong>uma</strong> representação gráfica que auxilia a organização a i<strong>de</strong>ntificar as<br />
possíveis causas <strong>de</strong> um problema. As causas são dividi<strong>da</strong>s em seis classes (máquina, mão-<strong>de</strong>obra,<br />
materiais, métodos, meio ambiente e medição), conforme Figura 1, e po<strong>de</strong>m ser<br />
subdividi<strong>da</strong>s em causas secundárias e terciárias.<br />
Figura 1 – Diagrama <strong>de</strong> Causa e Efeito<br />
Fonte: A<strong>da</strong>ptado <strong>de</strong> Campos (2004)<br />
Para a elaboração do diagrama, Werkema (1995) ressalta alguns passos a serem<br />
seguidos:<br />
I<strong>de</strong>ntificar as possíveis causas do problema, através <strong>da</strong> reunião <strong>de</strong> brainstorming;<br />
Listar a maior quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> possível <strong>de</strong> causas que po<strong>de</strong>m gerar o problema;<br />
Comparar as causas e construir um diagrama <strong>de</strong> causa e efeito, com as principais<br />
i<strong>de</strong>ias elenca<strong>da</strong>s <strong>no</strong> brainstorming.<br />
Estabelecer <strong>uma</strong> priori<strong>da</strong><strong>de</strong> para ca<strong>da</strong> causa, bem como <strong>de</strong>stacar as que po<strong>de</strong>m ter<br />
significativa participação na geração do problema;<br />
Registrar quaisquer informações necessárias.<br />
4
2.2. <strong>Kaizen</strong><br />
O <strong>Kaizen</strong> teve origem <strong>no</strong> Japão e significa melhoria contínua, seja na vi<strong>da</strong> pessoal,<br />
familiar ou <strong>no</strong> trabalho (OHNO, 1997).<br />
Segundo Shingo (1996), a <strong>implantação</strong> do <strong>Kaizen</strong> em <strong>uma</strong> organização ocorre quando<br />
a alta administração assume os valores <strong>de</strong>sse conceito como parte <strong>da</strong> política integra<strong>da</strong>, bem<br />
como sua visão, missão e valores, exercendo o compromisso <strong>de</strong> inserir ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s que<br />
promovam melhorias e aumento <strong>de</strong> conhecimento aos seus colaboradores, tais como:<br />
programas <strong>de</strong> sugestão, programas 5S, gestão à vista, enfoque <strong>da</strong>s ferramentas <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />
ciclo PDCA, pla<strong>no</strong>s <strong>de</strong> manutenções preventivas e, em alguns casos, manutenções corretivas,<br />
além <strong>de</strong> muitas outras ferramentas para que as metas possam ser atingi<strong>da</strong>s.<br />
A <strong>filosofia</strong> <strong>Kaizen</strong> baseia-se em esforços contínuos para alcançar a melhoria,<br />
abrangendo to<strong>da</strong> a organização <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a alta administração até os operadores do chão <strong>de</strong><br />
fábrica, po<strong>de</strong>ndo ser aplica<strong>da</strong> <strong>no</strong> <strong>processo</strong> <strong>produtivo</strong>, <strong>no</strong> gerenciamento e <strong>no</strong> aperfeiçoamento<br />
<strong>de</strong> to<strong>da</strong> a equipe, bem como em ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s profissionais ou pessoais.<br />
Tal <strong>filosofia</strong> também aju<strong>da</strong> na i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> gargalos, que segundo os autores<br />
Pessoa e Cabral (2005), impe<strong>de</strong>m o <strong>de</strong>sempenho e a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> produtiva, refletindo<br />
negativamente na rentabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> empresa.<br />
É importante ressaltar que a prática do <strong>de</strong>senvolvimento do <strong>Kaizen</strong> precisa ser adota<strong>da</strong><br />
dia-a-dia buscando sempre o sucesso <strong>da</strong> empresa. O fun<strong>da</strong>mento do <strong>Kaizen</strong>, segundo Kishi<strong>da</strong><br />
(2009) é assegurar a melhoria <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> individual, motivando assim, to<strong>da</strong> a equipe na<br />
busca <strong>da</strong> excelência e <strong>no</strong> crescimento sustentável <strong>da</strong> empresa.<br />
A<strong>de</strong>mais, Ortiz (2010) reafirma “<strong>Kaizen</strong> enfatiza o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> <strong>uma</strong> cultura<br />
volta<strong>da</strong> para o <strong>processo</strong> e direciona<strong>da</strong> para aprimorar a forma com que a empresa trabalha”.<br />
As vantagens do <strong>Kaizen</strong>, <strong>de</strong> acordo com Kishi<strong>da</strong> (2009), além <strong>da</strong> redução <strong>de</strong> custos,<br />
também <strong>de</strong>sdobram-se <strong>no</strong> aperfeiçoamento <strong>da</strong> segurança, quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, produção, motivação,<br />
li<strong>de</strong>rança, trabalho em equipe, entre outros.<br />
2.3.Gestão à vista<br />
A gestão à vista é <strong>uma</strong> metodologia que tem como objetivo indicar a todos <strong>da</strong><br />
organização as informações estratégicas <strong>da</strong> empresa, através <strong>de</strong> imagens, símbolos, gráficos,<br />
cores e luzes, po<strong>de</strong>ndo ser vista e compreendi<strong>da</strong> por qualquer um.<br />
Segundo Parker e Suski (2010), gestão à vista refere-se: aquela comunicação que está<br />
disponível em <strong>uma</strong> linguagem acessível para todos aqueles que possam vê-la, trazendo <strong>uma</strong><br />
<strong>no</strong>va luz e <strong>uma</strong> <strong>no</strong>va vi<strong>da</strong> à cultura <strong>no</strong> local <strong>de</strong> trabalho, através do compartilhamento <strong>da</strong>s<br />
informações.<br />
Tem por objetivo ain<strong>da</strong>, expor informações para um número máximo <strong>de</strong> pessoas<br />
simultaneamente, aloca<strong>da</strong> em um lugar visível com intuito <strong>de</strong> aju<strong>da</strong>r a estabelecer a prática <strong>de</strong><br />
compartilhamento do conhecimento como parte <strong>da</strong> cultura organizacional e realizar a<br />
i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> melhorias (SOUZA et. al, 2004).<br />
5
3. Metodologia <strong>de</strong> Pesquisa<br />
O trabalho consiste na análise <strong>da</strong> <strong>implantação</strong> <strong>da</strong> <strong>filosofia</strong> <strong>Kaizen</strong> <strong>no</strong> <strong>processo</strong><br />
<strong>produtivo</strong> <strong>de</strong> <strong>uma</strong> <strong>indústria</strong> <strong>de</strong> <strong>autopeças</strong>, iniciado e finalizado <strong>no</strong> a<strong>no</strong> <strong>de</strong> 2014.<br />
Essa empresa está sedia<strong>da</strong> <strong>no</strong> Sul <strong>de</strong> Minas Gerais. É <strong>uma</strong> organização <strong>de</strong> presença<br />
global, com mais <strong>de</strong> 2.400 clientes em todo o mundo. Ela atua <strong>no</strong>s segmentos automotivos,<br />
nas tec<strong>no</strong>logias <strong>de</strong> fabricação <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>iras <strong>de</strong> escritório e móveis, na tec<strong>no</strong>logia médica e em<br />
muitas outras aplicações industriais, com matriz na Europa.<br />
Para a <strong>implantação</strong> <strong>da</strong> <strong>filosofia</strong> <strong>Kaizen</strong>, tomou-se como base o <strong>processo</strong> <strong>produtivo</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>uma</strong> linha <strong>de</strong> corte <strong>de</strong> tubos, que até então era o gargalo <strong>da</strong> produção, em <strong>de</strong>corrência <strong>da</strong>s<br />
constantes para<strong>da</strong>s <strong>de</strong> máquinas, <strong>de</strong>vido à ineficiência e/ou planejamento ineficaz <strong>de</strong> suas<br />
manutenções. O <strong>processo</strong> <strong>de</strong> corte <strong>de</strong> tubos envolve dois sub<strong>processo</strong>s: o corte e o chanfro dos<br />
tubos <strong>de</strong> aço.<br />
Para a <strong>implantação</strong> <strong>da</strong> <strong>filosofia</strong> junto ao <strong>processo</strong>, <strong>de</strong>finiu-se as seguintes etapas <strong>de</strong><br />
acordo com a Figura 2:<br />
Figura 2 – Etapas para <strong>implantação</strong> do <strong>Kaizen</strong><br />
Equipe <strong>de</strong><br />
Implantação<br />
Definição <strong>da</strong>s<br />
Metas<br />
<strong>Análise</strong> do<br />
Processo<br />
<strong>Análise</strong> dos<br />
Resultados<br />
Fonte: Autores (2016)<br />
4. Implantação e resultados<br />
4.1. Escolha <strong>da</strong> equipe <strong>de</strong> <strong>implantação</strong><br />
A <strong>de</strong>finição <strong>da</strong> equipe é <strong>de</strong> s<strong>uma</strong> importância <strong>no</strong> <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>implantação</strong> <strong>da</strong> <strong>filosofia</strong><br />
<strong>Kaizen</strong>. O grupo se responsabiliza pelo sucesso <strong>da</strong>s ações ao longo do <strong>processo</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>implantação</strong>. Para Fogliatto e Fagun<strong>de</strong>s (2003), alg<strong>uma</strong>s características são importantes para a<br />
escolha <strong>da</strong> equipe <strong>de</strong> <strong>implantação</strong>. Para ele, os integrantes <strong>da</strong> equipe <strong>de</strong>vem possuir: k<strong>no</strong>whow<br />
do <strong>processo</strong>, auto<strong>no</strong>mia e competência <strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança, priorizando a convivência e trabalho<br />
em equipe.<br />
Nesse sentido, para a <strong>implantação</strong> do <strong>Kaizen</strong>, foram <strong>de</strong>finidos os seguintes membros:<br />
O encarregado que possuía maior conhecimento do <strong>processo</strong>;<br />
O responsável pela manutenção <strong>da</strong>s máquinas;<br />
O inspetor <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> para garantir que quaisquer mu<strong>da</strong>nças realiza<strong>da</strong>s na máquina<br />
não prejudicassem a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s peças produzi<strong>da</strong>s;<br />
Um operador <strong>da</strong> máquina para que, além <strong>de</strong> orientá-lo a proce<strong>de</strong>r <strong>de</strong> maneira correta<br />
na operação, fosse conscientizado <strong>da</strong> importância do aperfeiçoamento contínuo,<br />
ouvindo as experiências obti<strong>da</strong>s por ele <strong>no</strong> <strong>de</strong>correr <strong>da</strong> operação;<br />
6
Um estagiário, responsável por gerenciar as reuniões, levantar <strong>da</strong>dos estatísticos <strong>de</strong><br />
produção <strong>da</strong> máquina, analisar as soluções obti<strong>da</strong>s, acompanhar a evolução <strong>da</strong><br />
<strong>implantação</strong> e apresentar os resultados.<br />
4.2. Definição <strong>de</strong> metas<br />
As metas para <strong>implantação</strong> do <strong>Kaizen</strong> levam em consi<strong>de</strong>ração três fatores importantes:<br />
Melhorar o <strong>processo</strong> <strong>de</strong> corte <strong>de</strong> tubos, favorecendo a eliminação <strong>de</strong> <strong>de</strong>sperdícios do<br />
gargalo;<br />
Contribuir com a redução <strong>de</strong> gastos excessivos com importações adicionais;<br />
Melhorar a produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong>, bem como atuar <strong>de</strong> forma efetiva na redução <strong>de</strong> custos.<br />
Para a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> metas é essencial o papel <strong>da</strong> equipe, pois esta aju<strong>da</strong> <strong>no</strong><br />
<strong>de</strong>senvolvimento e <strong>no</strong> estabelecimento <strong>da</strong>s <strong>de</strong>cisões estratégicas para a <strong>implantação</strong> <strong>da</strong><br />
<strong>filosofia</strong> <strong>Kaizen</strong>.<br />
Sendo assim, as metas <strong>de</strong>fini<strong>da</strong>s pelo grupo para a <strong>implantação</strong> foram:<br />
Reuniões para listar to<strong>da</strong>s as possíveis causas que minimizam a produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong><br />
máquina <strong>de</strong> corte <strong>de</strong> tubos, utilizando a ferramenta <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> “diagrama <strong>de</strong> causa e<br />
efeito”;<br />
Coleta <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos através do sistema inter<strong>no</strong> <strong>da</strong> empresa (banco <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos referentes aos<br />
resultados);<br />
Registro <strong>da</strong>s reuniões, por meio <strong>de</strong> ata para controle e gestão <strong>da</strong>s ações, <strong>de</strong>scrição <strong>da</strong>s<br />
soluções e <strong>de</strong>senvolvimento do trabalho.<br />
4.3. <strong>Análise</strong> do <strong>processo</strong><br />
Inicialmente, foi analisado o histórico <strong>de</strong> produção <strong>da</strong> máquina ao longo dos a<strong>no</strong>s,<br />
levando em consi<strong>de</strong>ração principalmente, a taxa <strong>de</strong> produção (peças/hora). A coleta <strong>de</strong>sses<br />
<strong>da</strong>dos se <strong>de</strong>u através do sistema inter<strong>no</strong> <strong>da</strong> empresa (banco <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos).<br />
Esse banco <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos armazena informações <strong>de</strong> produção <strong>da</strong> máquina, tais como:<br />
contagem <strong>de</strong> peças produzi<strong>da</strong>s, interrupções <strong>no</strong> <strong>processo</strong>, tempo total disponível <strong>de</strong> produção<br />
distribuído em duas fases: (1) tempo produzindo; e (2) tempo ocioso, consi<strong>de</strong>rando as<br />
interrupções.<br />
A Tabela 1 indica o levantamento <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos entre os períodos <strong>de</strong> 2010 a 2013, com<br />
relação à taxa <strong>de</strong> produção (peças/hora) na máquina gargalo.<br />
Tabela 1 – Média <strong>de</strong> produção peças/hora entre os a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> 2010 a 2013<br />
A<strong>no</strong><br />
Média peças/hora<br />
7
2010 659,70<br />
2011 670,37<br />
2012 676,76<br />
2013 625,00<br />
Fonte: Sistema inter<strong>no</strong> <strong>da</strong> empresa ‘banco <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos” (2016)<br />
Os <strong>da</strong>dos relativos a esse período baseiam-se na produção <strong>de</strong> três tur<strong>no</strong>s, 24 horas por<br />
dia, consi<strong>de</strong>rando os motivos <strong>de</strong> interrupções listados na Figura 3. Verifica-se, portanto, que<br />
<strong>no</strong> a<strong>no</strong> <strong>de</strong> 2013 a taxa <strong>de</strong> produção diminuiu pouco mais <strong>de</strong> 8% em relação ao a<strong>no</strong> anterior.<br />
Figura 3 – Interrupções seleciona<strong>da</strong>s para coleta <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos<br />
Fonte: Sistema inter<strong>no</strong> <strong>da</strong> empresa ‘banco <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos” (2016)<br />
Para i<strong>de</strong>ntificar criteriosamente o que po<strong>de</strong> ter ocorrido <strong>no</strong> a<strong>no</strong> <strong>de</strong> 2013 com a redução<br />
<strong>da</strong> taxa <strong>de</strong> produção, foi analisa<strong>da</strong> a média <strong>de</strong> produção por hora mensal nesse mesmo a<strong>no</strong>,<br />
conforme o Gráfico 1.<br />
Gráfico 1 – Média <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> peças/hora <strong>da</strong> máquina gargalo em 2013<br />
Fonte: Autores (2016)<br />
Diante <strong>de</strong>sses resultados, expressos pelo Gráfico 1, observa-se que em nenhum mês a<br />
máquina atingiu a meta <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> pela gerência <strong>de</strong> produção <strong>da</strong>quele a<strong>no</strong> que era <strong>de</strong> 675<br />
8
peças/hora. Portanto, com base nesses <strong>da</strong>dos, explica-se os gastos excessivos com matériaprima<br />
importa<strong>da</strong> para suprir a <strong>de</strong>man<strong>da</strong>.<br />
Diante <strong>de</strong>sses resultados observou-se a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ajuste <strong>no</strong> <strong>processo</strong> e, por<br />
conseguinte, a realização <strong>de</strong> reuniões com todos os envolvidos. Tais encontros iniciaram em<br />
janeiro do a<strong>no</strong> <strong>de</strong> 2014 a fim <strong>de</strong> listar to<strong>da</strong>s as possíveis causas <strong>da</strong> redução significativa <strong>da</strong><br />
taxa <strong>de</strong> produção <strong>da</strong> máquina ocorri<strong>da</strong>s <strong>no</strong> a<strong>no</strong> <strong>de</strong> 2013.<br />
Nessas reuniões utilizou-se a ferramenta brainstorming com os integrantes <strong>da</strong> equipe<br />
seleciona<strong>da</strong> para essa <strong>implantação</strong> e, com as i<strong>de</strong>ias sugeri<strong>da</strong>s, foi elaborado o diagrama <strong>de</strong><br />
causa e efeito com as informações mais relevantes, conforme Figura 4.<br />
Figura 4 – Diagrama <strong>de</strong> Causa e Efeito<br />
Fonte: Autores (2016)<br />
Observa-se que as possíveis causas para a baixa taxa <strong>de</strong> produção (peças/hora) em<br />
2013 estão relaciona<strong>da</strong>s à falta <strong>de</strong> treinamento e padronização. O diagrama <strong>de</strong> causa e efeito,<br />
elaborado com base na categoria 6M, foi simplificado para atuar diretamente <strong>no</strong>s problemas<br />
relacionados ao <strong>processo</strong> <strong>de</strong> corte <strong>de</strong> tubos e proporcio<strong>no</strong>u <strong>uma</strong> ampla análise <strong>da</strong>s causas do<br />
problema.<br />
A<strong>de</strong>mais, é importante ressaltar que a falta <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> comunicação interna como,<br />
por exemplo, a metodologia <strong>de</strong> gestão à vista também impactou <strong>no</strong> problema, ocultando as<br />
informações para aqueles envolvidos <strong>no</strong> <strong>processo</strong>. Por fim, outra possível causa que po<strong>de</strong> ter<br />
impactado nesse resultado diz respeito à cultura organizacional.<br />
4.4. Resultados obtidos na <strong>implantação</strong> do <strong>Kaizen</strong><br />
Para a <strong>implantação</strong> do <strong>Kaizen</strong>, foram consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s to<strong>da</strong>s as causas levanta<strong>da</strong>s <strong>no</strong><br />
diagrama <strong>de</strong> causa e efeito. Inicialmente foram aplicados os conceitos <strong>de</strong> gestão à vista, os<br />
quais aju<strong>da</strong>ram <strong>no</strong> suporte para as mu<strong>da</strong>nças, realizou-se também <strong>uma</strong> manutenção geral na<br />
máquina, trocando to<strong>da</strong>s as peças e ferramentas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o eixo que leva o tubo na ro<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />
processamento até as ferramentas <strong>de</strong> corte.<br />
Nesse sentido, foi possível i<strong>de</strong>ntificar alg<strong>uma</strong>s melhorias já <strong>no</strong> início <strong>da</strong> <strong>implantação</strong><br />
do <strong>Kaizen</strong>, conforme Gráfico 2.<br />
Gráfico 2 – Média <strong>de</strong> produção (peças/hora) <strong>da</strong> máquina gargalo<br />
9
Fonte: Autores (2016)<br />
Nota-se que <strong>no</strong> mês <strong>de</strong> fevereiro, a produção foi me<strong>no</strong>r que o mês anterior, <strong>de</strong>vido à<br />
para<strong>da</strong> para manutenção e para a troca <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as peças e ferramentas <strong>da</strong> máquina. A partir<br />
<strong>da</strong>í, po<strong>de</strong>-se i<strong>de</strong>ntificar um constante aumento <strong>da</strong> taxa <strong>de</strong> produção, por consequência <strong>da</strong><br />
disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> máquina.<br />
É importante ressaltar que durante gran<strong>de</strong> parte do a<strong>no</strong> <strong>de</strong> 2014, o <strong>processo</strong> atingiu a<br />
meta <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> pela gerência em 2013 que perdurou <strong>no</strong> a<strong>no</strong> seguinte: produção <strong>de</strong> peças ≥ 675<br />
peças/hora.<br />
Por fim, baseado <strong>no</strong> histórico <strong>de</strong> produção peças/hora levantado <strong>no</strong> início do <strong>processo</strong><br />
até a <strong>implantação</strong> do <strong>Kaizen</strong>, é possível i<strong>de</strong>ntificar um aumento <strong>de</strong> 10% na taxa <strong>de</strong> produção<br />
com relação ao a<strong>no</strong> anterior, conforme apresentado <strong>no</strong> Gráfico 3.<br />
Gráfico 3 – Média <strong>de</strong> produção (peças/hora) <strong>da</strong> máquina gargalo<br />
Fonte: Autores (2016)<br />
Em s<strong>uma</strong>, elencam-se como as principais melhorias <strong>de</strong>correntes <strong>da</strong> <strong>implantação</strong> <strong>da</strong><br />
<strong>filosofia</strong> <strong>Kaizen</strong> <strong>no</strong> <strong>processo</strong> <strong>de</strong> corte <strong>de</strong> tubos <strong>da</strong> empresa:<br />
Sensibilização e qualificação dos operadores;<br />
Padronização do setup <strong>da</strong> máquina gargalo;<br />
Feedback diário com os operadores <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> tur<strong>no</strong> sobre os resultados do dia anterior<br />
(reunião <strong>de</strong> resposta rápi<strong>da</strong> - 5 minutos ao dia);<br />
Ata <strong>de</strong> comunicação interna, para que os operadores pu<strong>de</strong>ssem trocar informações e ter<br />
conhecimento do que ocorreu <strong>no</strong> tur<strong>no</strong> anterior (diário <strong>de</strong> bordo);<br />
Estabelecimento <strong>de</strong> metas e repasse <strong>de</strong>ssas informações a todos os níveis hierárquicos,<br />
para garantir esforço conjunto (operadores, gerência e direção);<br />
Reuniões periódicas com todos os membros <strong>da</strong> equipe <strong>de</strong> <strong>implantação</strong> do <strong>Kaizen</strong>, para<br />
discussão dos ganhos obtidos <strong>no</strong> período, bem como <strong>da</strong>s lições aprendi<strong>da</strong>s.<br />
10
Estabelecimento <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> gestão à vista, com informações sobre a taxa <strong>de</strong><br />
produção <strong>de</strong> peças/hora, disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> do gargalo, <strong>de</strong>ntre outras informações<br />
pertinentes ao <strong>processo</strong>.<br />
5. Conclusão<br />
O tema produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> tem influência e impactos prepon<strong>de</strong>rantes <strong>no</strong>s resultados<br />
organizacionais. Esse tema está atrelado à performance e reflete diretamente <strong>no</strong>s custos,<br />
<strong>processo</strong>s <strong>de</strong> fabricação, máquinas e pessoas.<br />
Nesse sentido, <strong>de</strong>corre a importância em se re<strong>de</strong>finir os <strong>processo</strong>s, por meio <strong>de</strong><br />
sistemáticas e <strong>filosofia</strong>s que visem à melhoria contínua, redução <strong>de</strong> custos e eficiência<br />
produtiva.<br />
A análise realiza<strong>da</strong> na empresa <strong>de</strong> <strong>autopeças</strong>, na sua linha <strong>de</strong> corte <strong>de</strong> tubos,<br />
<strong>de</strong>monstrou que os objetivos <strong>de</strong>finidos pela organização para a <strong>implantação</strong> <strong>da</strong><br />
<strong>filosofia</strong> <strong>Kaizen</strong> foram atingidos.<br />
O <strong>processo</strong> que antes <strong>da</strong> <strong>implantação</strong> era <strong>de</strong>finido como gargalo <strong>da</strong> produção, após as<br />
melhorias implanta<strong>da</strong>s <strong>no</strong> <strong>de</strong>correr do período do estudo, refletiu num aumento <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
produtiva <strong>da</strong> máquina, melhoria do <strong>processo</strong>, e consequentemente contribuiu para o<br />
crescimento sustentável <strong>da</strong> empresa.<br />
É importante ressaltar, to<strong>da</strong>via, que o comprometimento, o trabalho em equipe e a<br />
<strong>de</strong>dicação <strong>de</strong> todos os envolvidos, bem como as estratégias <strong>de</strong>fini<strong>da</strong>s foram <strong>de</strong>cisivos para o<br />
alcance dos resultados, o que gerou mu<strong>da</strong>nças positivas <strong>de</strong>ntre os membros <strong>da</strong> equipe <strong>de</strong><br />
<strong>implantação</strong>.<br />
Como sugestão para trabalhos futuros, tem-se: a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> esten<strong>de</strong>r a<br />
<strong>implantação</strong> <strong>da</strong> <strong>filosofia</strong> <strong>Kaizen</strong> a outros setores <strong>da</strong> empresa, com a finali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> avaliar as<br />
mu<strong>da</strong>nças e avanços organizacionais, além do reflexo <strong>de</strong>ssa <strong>filosofia</strong> na cultura <strong>da</strong> empresa.<br />
REFERÊNCIAS<br />
BARRATELLA, M. “Gargalos na Administração <strong>da</strong> Produção: Um estudo <strong>de</strong> caso em <strong>uma</strong> empresa do<br />
ramo <strong>de</strong> peças <strong>de</strong> borracha localiza<strong>da</strong> <strong>no</strong> município <strong>de</strong> Rafard”. 41 f. Mo<strong>no</strong>grafia <strong>de</strong> Conclusão <strong>de</strong> Curso.<br />
Curso <strong>de</strong> Graduação em Administração. Facul<strong>da</strong><strong>de</strong> Cenecista <strong>de</strong> Capivari – CNEC Capivari, 2013.<br />
CAMPOS, V. F. TQC – Controle <strong>da</strong> Quali<strong>da</strong><strong>de</strong> Total (<strong>no</strong> estilo japonês). 8ª ed. Nova Lima: FALCONI,<br />
2004. 256 p.<br />
CORRÊA, L. H; GIANESI, I. G. N. e CAON, M. Planejamento, programação e controle <strong>da</strong> produção: MRP<br />
II/ERP: conceitos, uso e <strong>implantação</strong>. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 2007. 456 p.<br />
COSTA, A. A. Ferramentas <strong>de</strong> controle <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> aplicáveis na cultura do mamão, <strong>no</strong> município <strong>de</strong><br />
Pinheiros-ES. 72 f. Mo<strong>no</strong>grafia (Graduação em Administração <strong>de</strong> Empresas) – Facul<strong>da</strong><strong>de</strong> Capixaba <strong>de</strong> Nova<br />
Venécia, UNIVEN, Nova Venécia, 2003.<br />
FOGLIATTO, F. S. e FAGUNDES, P. R. M. Troca rápi<strong>da</strong> <strong>de</strong> ferramentas: proposta metodológica e estudo<br />
<strong>de</strong> caso. Gestão & Produção, Porto Alegre v.10, n.2, p. 163-181, ago. 2003.<br />
GALUCH, L. Mo<strong>de</strong>lo para implementação <strong>da</strong>s ferramentas básicas do controle estatístico do <strong>processo</strong> –<br />
CEP em pequenas empresas manufatureiras. 86 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia <strong>de</strong> Produção) –<br />
Programa <strong>de</strong> Pós-graduação em Engenharia <strong>de</strong> Produção, UFSC, Florianópolis, 2002.<br />
11
ISHIKAWA, K. TQC – Total Quality Control, Estratégias e Administração <strong>de</strong> Quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, São Paulo: IMC<br />
Internacional Sistemas Educativos, 1986. 220 p.<br />
KISHIDA, M. O Círculo <strong>de</strong> <strong>Kaizen</strong> para sustentação do lean. 2009. Disponível em:.<br />
Acesso em: 29 abr. 2016.<br />
MARIANI, C. A; PIZZINATTO, N. K. e FARAH, O. E. Método PDCA e ferramentas <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>no</strong><br />
gerenciamento <strong>de</strong> <strong>processo</strong>s industriais: um estudo <strong>de</strong> caso. In: Simpósio <strong>da</strong> Engenharia <strong>de</strong> Produção, 2005,<br />
Bauru. Anais. Bauru, SIMPEP, 2005.<br />
OHNO, T. O Sistema Toyota <strong>de</strong> Produção. Porto Alegre: Bookman, 1997. 150 p.<br />
OLIVEIRA, S. T. Ferramentas para o aprimoramento <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>. 2ª ed. São Paulo: Pioneira, 1996. 115 p.<br />
ORTIZ, C. A. <strong>Kaizen</strong>: E implementação <strong>de</strong> eventos <strong>Kaizen</strong>. Porto Alegre, RS. Bookman, 2010. 168 p.<br />
PARKER, C. L. e SUSKI, C. A. Gestão à vista como ferramenta <strong>de</strong> trabalho. In: Congresso ITS, 2010, Santa<br />
Catarina. Anais. Santa Catarina, 2010.<br />
PEREIRA, S. Melhoria <strong>da</strong> produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> do <strong>processo</strong> <strong>de</strong> usinagem <strong>de</strong> uniões em ferro fundido maleável<br />
preto: um estudo <strong>de</strong> caso. 118 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Mecânica) - Programa <strong>de</strong> Pós-<br />
Graduação em Engenharia Mecânica, UFSC, Florianópolis, 2007.<br />
PESSOA, P. F. A. <strong>de</strong> P; CABRAL, J. E. <strong>de</strong> O. I<strong>de</strong>ntificação e análise <strong>de</strong> gargalos <strong>produtivo</strong>s: impactos<br />
potenciais sobre a rentabili<strong>da</strong><strong>de</strong> empresarial. In: XXV ENEGEP, 2005, Porto Alegre. Anais... Porto Alegre,<br />
2005.<br />
RANGEL, A. Momento <strong>da</strong> Quali<strong>da</strong><strong>de</strong>. São Paulo: Atlas, 1995.129 p.<br />
SHARMA, A. e MOODY, P. E. A Máquina Perfeita: Como vencer na <strong>no</strong>va eco<strong>no</strong>mia produzindo com<br />
me<strong>no</strong>s recursos. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2003. 255 p.<br />
SHINGO, S. O Sistema Toyota <strong>de</strong> Produção: Do Ponto <strong>de</strong> Vista <strong>da</strong> Engenharia <strong>de</strong> Produção. Porto Alegre:<br />
Bookman, 1996. 292 p.<br />
SLACK, N; CHAMBERS, S. e JOHNSTON, R. Administração <strong>da</strong> Produção. 3ª ed. São Paulo: Atlas, 2009.<br />
728 p.<br />
SOUZA, R. A. <strong>Análise</strong> <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do <strong>processo</strong> <strong>de</strong> envase <strong>de</strong> azeitonas ver<strong>de</strong>s através <strong>de</strong> alg<strong>uma</strong>s<br />
ferramentas do controle estatístico <strong>de</strong> <strong>processo</strong>. 102 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia <strong>de</strong> Produção e<br />
Negócios com ênfase em Estatística Aplica<strong>da</strong>) – Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Engenharia <strong>de</strong> Produção,<br />
UFSC, Florianópolis, 2003.<br />
SOUZA, K. A; PAULA, N; SILVA, C. E. S. e TURRIONI, J. B. Implementação e padronização <strong>da</strong> gestão à<br />
vista em <strong>uma</strong> empresa <strong>de</strong> prestação <strong>de</strong> serviços. In: XI SIMPEP, 2004,Bauru. Anais. Bauru, 2004.<br />
WERKEMA, M. C. C. Ferramentas estatísticas básicas para o gerenciamento <strong>de</strong> <strong>processo</strong>s. Belo Horizonte:<br />
Fun<strong>da</strong>ção Cristia<strong>no</strong> Ottoni, 1995. 386 p.<br />
12