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caso, sua tese não tem base factual, e po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>ixada <strong>de</strong> lado com segurança. Mas isso nos leva <strong>de</strong> volta on<strong>de</strong><br />
começamos, forçados a admitir que os primórdios <strong>de</strong> Vilavelha, da Ilha da Batalha e sua fortaleza permanecerão<br />
para sempre um mistério para nós.<br />
As razões para o abandono da fortaleza e o <strong>de</strong>stino <strong>de</strong> seus construtores, quem quer que tenham sido, estão da<br />
mesma forma perdidos para nós, mas, em algum ponto, sabemos que a Ilha da Batalha e sua gran<strong>de</strong> fortaleza ficaram<br />
sob posse dos ancestrais da Casa Hightower. Eles eram Primeiros Homens, como muitos estudiosos acreditam<br />
hoje? Ou talvez <strong>de</strong>scendam dos marinheiros e comerciantes que se estabeleceram sobre a Enseada dos Murmúrios<br />
em épocas mais primitivas, os homens que vieram antes dos Primeiros Homens? Nunca saberemos.<br />
Quando vislumbramos pela primeira vez as páginas da história, os Hightower já são reis, governando Vilavelha<br />
da Ilha da Batalha. A primeira ―torre alta‖ que as crônicas citam era feita <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira e erguida uns quinze metros<br />
acima da antiga fortaleza que lhe serviu <strong>de</strong> fundação. Nem ela nem as torres <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira mais altas que a seguiram<br />
em séculos posteriores pretendiam ser moradias; eram simplesmente torres <strong>de</strong> farol, construídas para iluminar o<br />
caminho para navios mercantes nas águas envoltas em névoas na Enseada dos Murmúrios. Os primeiros Hightower<br />
viviam entre os salões sombrios, caves e câmaras <strong>de</strong> pedra estranha abaixo. Foi só a construção da quinta torre, a<br />
primeira feita inteiramente <strong>de</strong> pedra, que Torralta se tornou uma se<strong>de</strong> digna <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> casa. Aquela torre, nos é<br />
dito, erguia-se sessenta metros sobre o porto. Alguns dizem que foi <strong>de</strong>senhada por Brandon, o Construtor, enquanto<br />
outros acreditam que tenha sido seu filho, outro Brandon; o rei que a encomendou e pagou por ela é lembrado como<br />
Uthor da Torre Alta.<br />
Pelos milhares <strong>de</strong> anos seguintes, seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes governaram Vilavelha e as terras do Vinhomel como reis, e<br />
navios <strong>de</strong> todo o mundo vinham até sua cida<strong>de</strong> em crescimento, para comércio. Conforme Vilavelha ficava cada<br />
vez mais rica e po<strong>de</strong>rosa, senhores e pequenos reis das vizinhanças voltavam olhos cobiçosos para suas riquezas, e<br />
piratas e saqueadores <strong>de</strong> além-mares 62 ouviam histórias <strong>de</strong> seu esplendor também. Três vezes em um único século a<br />
cida<strong>de</strong> foi tomada e saqueada, uma vez pelo rei dornês Samwell Dayne (o <strong>Fogo</strong> Estelar), outra vez por Qhored, o<br />
Cruel, e seus homens <strong>de</strong> ferro, e também por Gyles I Gar<strong>de</strong>ner (o Infortúnio), que supostamente teria vendido três<br />
quartos dos habitantes da cida<strong>de</strong> como escravos, mas foi incapaz <strong>de</strong> quebras as <strong>de</strong>fesas <strong>de</strong> Torralta na Ilha da Batalha.<br />
As paliçadas <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira e o fosso que protegiam a cida<strong>de</strong> até então se provaram tão obviamente ina<strong>de</strong>quados<br />
que o próximo Rei da Torre Alta, Otho II, passou a maior parte <strong>de</strong> seu reinado cercando Vilavelha com maciças<br />
muralhas <strong>de</strong> pedra, mais grossas e mais altas do que qualquer outra vista em Westeros até o momento. O esforço<br />
levou a cida<strong>de</strong> à miséria por três gerações, está escrito, mas tal era sua força que saqueadores posteriores e pretensos<br />
conquistadores foram persuadidos a procurar pilhagem em outro lugar, e aqueles que se atreveram a atacar Vilavelha<br />
não obtiveram sucesso.<br />
Não foi por meio da guerra que os Hightower foram levados para o Reino da Campina, no entanto, mas por<br />
meio <strong>de</strong> longas negociações e casamento. Quando Lymond Hightower tomou como esposa a filha do rei Garland II<br />
Gar<strong>de</strong>ner, enquanto dava a mão <strong>de</strong> sua própria filha em casamento para o pai da nova esposa, os Hightower se tornaram<br />
vassalos <strong>de</strong> Jardim <strong>de</strong> Cima, um pouco menos ricos, mas relativamente reis menores para os maiores senhores<br />
da Campina. (Vilavelha foi o último dos antigos reinos a dobrar o joelho para Jardim <strong>de</strong> Cima. Não muito <strong>de</strong>pois,<br />
o último Rei da Árvore se per<strong>de</strong>u no mar, permitindo que seu primo, o rei Meryn III Gar<strong>de</strong>ner, tornasse a ilha<br />
parte <strong>de</strong> seus domínios).<br />
Conforme os termos dos tratados <strong>de</strong> matrimônios, os Gar<strong>de</strong>ner também se comprometeram a <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a cida<strong>de</strong><br />
contra qualquer ataque por terra, o que liberou Lor<strong>de</strong> Lymond para voltar sua atenção para seu ―gran<strong>de</strong> propósito‖<br />
<strong>de</strong> construir navios e conquistar os mares. No fim <strong>de</strong> seu reinado, nenhum senhor ou rei em toda Westeros se comparava<br />
à força da Casa Hightower no mar. Uma gran<strong>de</strong> estátua <strong>de</strong> Lymond Hightower está diante do porto <strong>de</strong> Vilavelha<br />
até os dias <strong>de</strong> hoje, olhando para a Enseada dos Murmúrios. O último rei Hightower ainda é lembrado como<br />
Leão do Mar.<br />
Os <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> Lor<strong>de</strong> Lymond partilhavam sua visão. Com raras exceções, eles tendiam a permanecer nos<br />
próprios jardins e em sua própria cida<strong>de</strong>, evitando envolvimento nas guerras sem fim <strong>de</strong> reis menores e, mais tar<strong>de</strong>,<br />
nas dos Sete Reinos que emergiam. ―Jardim <strong>de</strong> Cima <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> nossa retaguarda‖, Lor<strong>de</strong> Jeremy Hightower disse<br />
certa vez, ―então estamos livres para olhar adiante, para o mar e as terras além‖. Olhando para fora e construindo<br />
62 A palavra ―além-mares‖ possui hífen, <strong>de</strong> acordo com a norma ortográfica. Na edição impressa estava sem.