30.04.2017 Views

George R. R. Martin - O Mundo de Gelo e Fogo

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

298<br />

Seria tolice, no entanto, não dar ao Titã o que lhe é <strong>de</strong>vido. Com a cabeça orgulhosa e olhos ar<strong>de</strong>ntes assomando<br />

a quase cento e vinte metros sobre o mar, o Titã é uma fortaleza <strong>de</strong> um tipo nunca visto antes ou <strong>de</strong>pois, feita na<br />

forma <strong>de</strong> um imenso gigante sobre duas montanhas marinhas. As pernas e o baixo torso do Titã são <strong>de</strong> granito negro,<br />

originalmente um arco <strong>de</strong> pedra natural, entalhado e mo<strong>de</strong>lado por três gerações <strong>de</strong> escultores e pedreiros, e<br />

envoltos em uma saia plissada <strong>de</strong> bronze; acima da cintura, o colosso é <strong>de</strong> bronze, com cânhamo tingido <strong>de</strong> ver<strong>de</strong><br />

no lugar dos cabelos. Quando visto do mar pela primeira vez, o Titã é uma visão aterrorizante. Seus olhos são<br />

imensas fogueiras <strong>de</strong> farol, iluminando o caminho dos navios <strong>de</strong> volta para a laguna. Dentro do corpo <strong>de</strong> bronze<br />

existem salões e câmaras, buracos assassinos e seteiras, <strong>de</strong> modo que qualquer navio que ousasse forçar passagem<br />

certamente seria <strong>de</strong>struído. Navios inimigos po<strong>de</strong>m facilmente ser guiados até as rochas pelos sentinelas <strong>de</strong>ntro do<br />

Titã, e pedras e recipientes <strong>de</strong> piche ar<strong>de</strong>nte po<strong>de</strong>m ser jogados no convés <strong>de</strong> qualquer um que tentar passar entre as<br />

pernas do Titã sem permissão. Mas isso raramente foi necessário; <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Século <strong>de</strong> Sangue que um inimigo não<br />

comete a imprudência <strong>de</strong> provocar a ira do Titã.<br />

Hoje, Bravos é um dos maiores portos do mundo e acolhe navios mercantes <strong>de</strong> todas as nações (exceto traficantes<br />

<strong>de</strong> escravos). Dentro da vasta laguna, navios bravosi atracam no esplêndido Porto Púrpura, localizado perto do<br />

Palácio do Senhor do Mar. Outros navios <strong>de</strong>vem usar o chamado Porto <strong>de</strong> Ragman, mais pobre e rústico em todos<br />

os aspectos. Mesmo assim, há tanta riqueza a ser apreciada em Bravos que navios vêm <strong>de</strong> tão longe quanto Qarth e<br />

as Ilhas do Verão para comercializar ali.<br />

Bravos também é lar <strong>de</strong> um dos mais po<strong>de</strong>rosos bancos do mundo, cujas raízes remontam aos primórdios da cida<strong>de</strong>,<br />

quando alguns dos fugitivos escon<strong>de</strong>ram alguns bens <strong>de</strong> valor que tinham em uma mina <strong>de</strong> ferro abandonada<br />

para mantê-los a salvo <strong>de</strong> ladrões e piratas. Conforme a cida<strong>de</strong> crescia e prosperava, os corredores e câmaras da<br />

mina começaram a encher. Em vez <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar seus tesouros ociosos na terra, os bravosi mais ricos começaram a<br />

emprestá-lo para os irmãos menos afortunados.<br />

Assim nasceu o Banco <strong>de</strong> Ferro <strong>de</strong> Bravos, cujo renome (ou infâmia, segundo alguns relatos) agora se esten<strong>de</strong><br />

por todos os cantos do mundo conhecido. Reis, príncipes, arcontes, triarcas e mercadores além da conta viajam dos<br />

confins da terra em busca <strong>de</strong> empréstimos dos cofres fortemente vigiados do Banco <strong>de</strong> Ferro.<br />

O Banco <strong>de</strong> Ferro terá o que lhe é <strong>de</strong>vido, dizem. Aqueles que emprestam dos bravosi e não pagam suas dívidas<br />

com frequência têm motivos para lamentar tal tolice, pois o Banco é conhecido por <strong>de</strong>rrubar senhores e príncipes, e<br />

também há rumores que mandam assassinos contra aqueles que não conseguem remover (embora isso nunca tenha<br />

sido provado <strong>de</strong> modo conclusivo).<br />

As Origens do Banco <strong>de</strong> Ferro <strong>de</strong> Bravos, do Arquimeistre Matthar, oferece um dos relatos mais <strong>de</strong>talhados<br />

sobre a história do banco e seus negócios, até on<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>scobertos; o banco é famoso por sua <strong>de</strong>scrição<br />

e seus segredos. Matthar conta que os fundadores do Banco <strong>de</strong> Ferro eram vinte e três; <strong>de</strong>zesseis homens e sete<br />

mulheres, cada um dos quais possuía uma chave para os gran<strong>de</strong>s cofres subterrâneos do banco. Seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes,<br />

que agora são mais <strong>de</strong> mil pessoas, são conhecidos como chaveiros até os dias <strong>de</strong> hoje, embora as chaves<br />

que mostram orgulhosamente em ocasiões formais sejam agora inteiramente cerimoniais. Algumas das<br />

famílias fundadoras <strong>de</strong> Bravos vêm <strong>de</strong>clinando ao longo dos séculos, e algumas poucas per<strong>de</strong>ram suas riquezas<br />

completamente. Mesmo assim, até a mais insignificante <strong>de</strong>las ainda se apega às suas chaves e às honras que<br />

vêm com elas.<br />

O Banco <strong>de</strong> Ferro não é governado apenas pelos chaveiros, no entanto. Algumas das mais ricas e po<strong>de</strong>rosas<br />

famílias em Bravos são hoje <strong>de</strong> épocas mais recentes, e os chefes <strong>de</strong>ssas casas possuem suas partes no banco,<br />

assento em seus conselhos secretos, e voz na escolha dos homens que li<strong>de</strong>rarão a instituição. Em Bravos, como<br />

muitas pessoas <strong>de</strong> fora observaram, moedas <strong>de</strong> ouro valem mais do que chaves <strong>de</strong> ferro. Os enviados do banco<br />

cruzam o mundo, com frequência em navios do próprio banco, e mercadores, senhores e até reis tratam com<br />

eles quase como iguais.<br />

Bravos é uma cida<strong>de</strong> construída <strong>de</strong> lama e areia, on<strong>de</strong> um homem nunca está a mais <strong>de</strong> poucos metros <strong>de</strong> distância<br />

da água. Alguns dizem que a cida<strong>de</strong> tem mais canais do que ruas. Isso é um exagero, mesmo assim não se po<strong>de</strong><br />

negar que o meio mais rápido para se locomover na cida<strong>de</strong> é pela água, em um dos vários barcos serpentinos que<br />

lotam os canais, em vez <strong>de</strong> a pé pelo labirinto <strong>de</strong> ruas, vielas e pontes em arco. Lagos e fontes são vistas em todos<br />

os lugares em Bravos, celebrando os laços da cida<strong>de</strong> com o mar e a ―muralha <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira‖ que a <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>. As águas

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!