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Hempada #01

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Maio 2017<br />

<strong>#01</strong><br />

~<br />

<strong>Hempada</strong> | 1 <br />

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Depois da gente atingir uma marca incrível<br />

de cinquenta apoiadores ainda<br />

na edição zero zero, chegou a hora de<br />

emplacar a revista <strong>Hempada</strong> Zero Um!<br />

E ela vem em alto estilo, afinal de contas,<br />

tivemos a honra de uma entrevista<br />

exclusiva com o mestre THCprocê. Altas<br />

histórias e aplicações no DAB, na<br />

companhia de um bom churrasco, é a<br />

melhor forma de recepcionar um mito<br />

da militância nacional como Sérgio.<br />

Além disso, nossa equipe de reportagem<br />

mergulhou fundo no universo<br />

canábico com uma matéria investigativa<br />

sobre a invasão colombiana. Em<br />

diversos lugares do Brasil, muitas pessoas<br />

não estão encontrando mais o<br />

bom e velho prensadinho, que foi drasticamente<br />

substituído pelo que a gente<br />

chama “prenbud”, um tipo de bud prensado<br />

de qualidade inquestionavelmente<br />

melhor. E de onde ele vem? Quanto<br />

custa? Como está chegando? Essa e<br />

algumas outras perguntas a gente responde,<br />

com direito a imagem ilustrativa.<br />

As indicações culturais vieram pra ficar!<br />

Porque, vamos combinar, passar<br />

um mês com três dicas dessas é muito<br />

de valor, não? Um som, um filme<br />

e um livro. Imagina se você passar o<br />

ano inteiro acompanhando essa agenda<br />

cultural. Certamente você vai ser o<br />

doidão mais... doidão da sua roda de<br />

maconheiros.<br />

Outra reportagem especial é sobre a<br />

origem do 420, a festa que esse mês<br />

2 | incendiou <strong>Hempada</strong>parques abertos dos EUA<br />

e Canadá. A matéria dá um panorama<br />

bem bolado de como começou e<br />

como se desenvolveu essa cultura. É<br />

muita larica de informação em uma<br />

revistinha de somente 20 páginas,<br />

não?!<br />

Obrigado você que adquiriu esse<br />

produto. Trabalhamos mais um mês<br />

igual malucos para entregar esse<br />

serviço único e exclusivo. A intenção<br />

é sempre garantir uma marola de<br />

conhecimento que repercuta na nossa<br />

luta a favor da legalização da erva<br />

no Brasil. Depois que ler cada farelo<br />

da <strong>Hempada</strong>, não esqueça de emprestar<br />

a revista para seus melhores<br />

amigos – e incentivar os vagabundos<br />

a assinarem também, lógico! Nosso<br />

trabalho mudou após o Apoia.se,<br />

essa revista é a prova disso. E nem<br />

preciso dizer que está só começando,<br />

afinal, essa ainda é a edição zero<br />

um.<br />

Redação: João Henriques, Marcio<br />

Makana, Laura Lock, Sergio Vidal,<br />

Guilherme Storti, Baco Paez<br />

Colaboração especial: Felipe<br />

Navarro (CannabiComix)<br />

Edição geral: Cadu Oliveira<br />

Contato: hempadao@gmail.com<br />

Pe<br />

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Obrigado por acreditarem e transformarem o sonho<br />

da revista mensal de maconha em realidade:<br />

Felip Barbosa<br />

Renan (@Otaldocanhamo)<br />

Tati Cordeiro<br />

Tiuluca<br />

Danilo Kinder<br />

Hugo Bonkoski<br />

Caio Rodrigues<br />

Vinícius Bencke<br />

Franciele Thomaz<br />

Martcheee Lé Lé<br />

Wolfgang Zwecker<br />

Maquiavel<br />

Matheus Rheine<br />

Pedro Antonio Queiroz<br />

io<br />

l,<br />

Invasão Colombiana:<br />

04<br />

assine e receba em casa:<br />

apoia.se/<br />

HEMPADAO<br />

Dicas para seu cultivo Indoor:<br />

Notícias do Mês:<br />

Reeducação:<br />

Um Dab com THCprocê:<br />

Origem do 420:<br />

06<br />

09<br />

11<br />

13<br />

16<br />

<strong>Hempada</strong> | 3 <br />

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~<br />

InvasAo<br />

identificar as flores da cannabis.<br />

O gosto também é superior, mas o<br />

preço ainda assusta muitos maconheiros:<br />

com sorte e bons contatos<br />

é possível pagar, no varejo, 15 reais<br />

no grama. Quem experimenta<br />

e curte a onda provavelmente fica<br />

tentado a gastar um pouco mais<br />

para fumar um produto de melhor<br />

qualidade.<br />

A novidade não é tão nova assim.<br />

Fontes ouvidas pela <strong>Hempada</strong><br />

afirmam que a invasão colombiana<br />

começou há cerca de quatro<br />

anos, mas foi no verão de 2017<br />

que a erva da terra de Pablo Escocolombiana<br />

Não é<br />

“mimimi” dizer que o maconheiro<br />

brasileiro sofre. Além<br />

da perseguição policial e do<br />

preconceito de boa parte da sociedade,<br />

fumamos uma maconha<br />

de péssima qualidade. Felizmente,<br />

o monopólio daquele prensado<br />

paraguaio que alimenta as bocas<br />

de fumo do Sul e Sudeste do país<br />

e que é vendido mofado está com<br />

os dias contados. Quem vive nessas<br />

regiões, provavelmente já experimentou<br />

ou ouviu falar da erva<br />

colombiana, que chegou com qualidade<br />

superior e já está fazendo a<br />

cabeça de muita gente.<br />

O colombiano está longe de ser<br />

aquela maconha de Amsterdam,<br />

mas deixa o prensado apenas<br />

como uma amarga lembrança. A<br />

aparência é de uma erva levemente<br />

compactada, sendo possível<br />

por João Henriques<br />

4 | <strong>Hempada</strong><br />

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ques<br />

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17<br />

cobar<br />

conquistou uma fatia maior do<br />

mercado, aparecendo em diversas<br />

bocas de fumo das favelas.<br />

Nesse período, o preço da erva<br />

colombiana vendida no Brasil também<br />

foi reduzido. No início, se pagava<br />

até 35 reais pelo grama, que<br />

foi descendo até chegar ao preço<br />

atual, algo em torno de 7 a 10 reais<br />

por baseado.<br />

A logística do colombiano ainda<br />

não é tão bem estruturada como<br />

a montada para trazer o prensado<br />

paraguaio até o Brasil. As fontes<br />

que entrevistamos revelaram que<br />

boa parte do que vem da Colômbia<br />

ainda chega no tráfico de “formiguinha”,<br />

entrando pelos Estados<br />

da região Norte do país.<br />

Vale destacar que a viagem pela<br />

região amazônica não conta com<br />

a ampla rede de rodovias do Sul e<br />

Sudeste, o que acaba dificultando<br />

o transporte e encarecendo o preço<br />

do produto nas bocas de fumo<br />

dos centros urbanos. No Rio de Janeiro,<br />

a favela campeã no comércio<br />

do colombiano chega a vender<br />

mais de 50kg por semana.<br />

A péssima qualidade do prensado<br />

paraguaio que foi vendido nos<br />

últimos meses (pelo menos no Rio<br />

de Janeiro) aumentou ainda mais<br />

o interesse dos maconheiros pela<br />

erva colombiana. Reza a lenda que<br />

os produtores paraguaios estão<br />

atentos à ofensiva da concorrência<br />

e devem lançar um produto de melhor<br />

qualidade nos próximos meses.<br />

Apesar da melhora<br />

da maconha oferecida no<br />

mercado negro de drogas do Brasil,<br />

ainda fumamos um produto de<br />

qualidade duvidosa. Só sabemos<br />

que vem da Colômbia, mas desconhecemos<br />

a técnica de cultivo,<br />

colheita, secagem e sobre o uso<br />

de agrotóxicos na lavoura.<br />

Para mudar este cenário não<br />

existe fórmula mágica: só a legalização<br />

da maconha será capaz de<br />

oferecer em quantidade suficiente<br />

para atender todo mercado consumidor<br />

uma erva de qualidade e<br />

com opções de diferentes strains,<br />

óleos e alimentos.<br />

Só com a legalização é possível<br />

criar um comércio para atender<br />

à demanda de pacientes que<br />

buscam realizar o uso medicinal<br />

da maconha e, em alguns casos,<br />

não estão interessados no efeito<br />

chapante da cannabis. Só a legalização<br />

pode criar um mercado<br />

não violento e que interrompa este<br />

ciclo cruel, que joga nas cadeias<br />

milhares de pessoas que apenas<br />

venderam algo para alguém que<br />

queria comprar.<br />

<strong>Hempada</strong> | 5 <br />

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2<br />

behance.net/felipenavarro<br />

6 | apoie <strong>Hempada</strong> os produtores de conteúdo cannábico.<br />

mais tirinhas em facebook.com/cannabicomix<br />

pela liberdade de apenas uma planta.<br />

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por Sérgio Vidal*<br />

2 dicas para seu<br />

Jardim Indoor<br />

*autor do livro Cannabis Medicinal<br />

– Introdução ao Cultivo Indoor<br />

1 - Temperatura e umidade sob controle<br />

omix<br />

nta.<br />

O calor é um dos principais fatores<br />

que podem causar prejuízo<br />

à saúde das plantas. Num<br />

ambiente de temperaturas muito<br />

quentes, acima dos 30°C, a<br />

planta sofre diversos prejuízos<br />

no seu desenvolvimento,<br />

fica mais propensa à pragas e<br />

cresce bem menos do que em<br />

temperaturas mais amenas.<br />

O ideal é mantê-la entre 18 e<br />

24°C, para um desenvolvimento<br />

ótimo. Idealmente utilize aparelhos<br />

condicionadores de ar,<br />

tanto em cultivos grandes ou<br />

pequenos, seja usando lâmpadas<br />

LED, fluorescentes ou de<br />

vapor. Os condicionadores de<br />

ar, além de facilitarem a manutenção<br />

das temperaturas ideais,<br />

manterão a umidade relativa do<br />

ar em níveis mais secos (50 a<br />

60%), melhor para o desenvolvimento<br />

da planta. Mas sei que<br />

essa é uma solução muito cara.<br />

Para quem usa lâmpadas LED<br />

ou fluorescentes o calor é algo<br />

mais fácil de equacionar sem<br />

condicionadores de ar, mas para<br />

quem usa lâmpadas de vapor, a<br />

única opção é instalar exaustores<br />

potentes em refletores acoplados<br />

a dutos de ar, soprando<br />

com força máxima na frente das<br />

lâmpadas e expulsando o calor<br />

gerado por elas o mais rápido<br />

possível do ambiente de cultivo.<br />

Há também refletores especia-<br />

<strong>Hempada</strong> | 7 <br />

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lizados desenvolvidos somente<br />

para isso à venda no mercado, os<br />

chamados “cool tubes”. É importante<br />

também manter ventiladores<br />

soprando constantemente a<br />

copa das plantas, especialmente<br />

as que estão mais próximas das<br />

lâmpadas, para que o calor seja<br />

dissipado o mais rápido possível<br />

e a sensação térmica para elas<br />

seja mais branda. Para ajudar<br />

a dissipar melhor o calor, utilize<br />

sempre estufas do maior tamanho<br />

possível, mesmo que não<br />

pretenda utilizar toda área para o<br />

cultivo, pois quanto maior a área<br />

da estufa, mais fácil equacionar a<br />

questão do calor. Se necessário,<br />

utilize aparelhos desumidificadores<br />

para deixar o ar a no máximo<br />

60%, nunca mais que isso.<br />

A planta está habituada a climas<br />

secos e isso estimula seu desenvolvimento.<br />

Na floração a umidade<br />

deve ser ainda mais baixa, na<br />

faixa de 50%, tanto para estimular<br />

uma produção extra de resina,<br />

quanto para evitar o desenvolvimento<br />

de fungos e proteger a<br />

planta do risco das flores mofarem<br />

antes da colheita.<br />

8 | <strong>Hempada</strong><br />

2 - Aproveite o máximo da<br />

sua fonte de luz<br />

Se estiver usando exaustor com<br />

“cool tubes” ou acoplados a refletores,<br />

soprando o calor rapidamente<br />

para fora através dos<br />

dutos, as plantas podem se aproximar<br />

mais da fonte de energia<br />

luminosa. As lâmpadas não são<br />

o sol. LEDs, lâmpadas de vapor<br />

ou fluorescentes podem ser<br />

ótimas fontes de energia para o<br />

crescimento de plantas, porém<br />

sua energia tem pouco alcance e<br />

perde potência a cada centímetro<br />

percorrido no espaço. Por isso a<br />

importância de conseguir manter<br />

as plantas o mais próximo possível<br />

delas. Quanto mais fraca a<br />

lâmpada, menores devem ser as<br />

plantas. Costumo usar como dica<br />

a seguinte regra, se sua fonte de<br />

luz é de 250 watts, coloque as<br />

plantas para florir com um máximo<br />

de 25cm. Se sua lâmpada é<br />

de 400w, pode deixa crescer até<br />

o máximo de 40cm, antes de florir.<br />

Com 600w, iniciar a floração<br />

com 60cm. E somente lâmpadas<br />

1000w podem florescer plantas<br />

com 1 metro ou mais.<br />

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Djogo - Washington<br />

a<br />

Bruno Bastos - RJ<br />

Benckes<br />

Nosferatu<br />

Mande sua foto:<br />

HEMPADAO@GMAIL.COM<br />

Fanzine Maio2017.indd 9 02/05/2017 10:33:06


Notícias<br />

mais quentes<br />

Vai<br />

Legalizar<br />

O governo do Canadá<br />

apresentou um projeto<br />

de lei para legalizar o uso<br />

recreativo da maconha<br />

no país. A expectativa<br />

é concluir a votação da<br />

proposta até 1º de julho<br />

de 2018.<br />

Retrocesso<br />

Superior Tribunal de<br />

Justiça (STJ) não aceita<br />

aplicar o princípio da<br />

insignificância para acusado<br />

de importar 14<br />

sementes de maconha,<br />

que foram enviadas pelo<br />

serviço postal.<br />

Chama<br />

eu!<br />

Pesquisadores da Faculdade<br />

de Medicina de<br />

Ribeirão Preto (FMRP) da<br />

USP buscam voluntários<br />

para estudar o efeito do<br />

canabidiol, substância<br />

extraída da maconha, em<br />

pacientes com Transtorno<br />

Depressivo Maior.<br />

Boom<br />

Imobiliário<br />

Mercado imobiliário dos<br />

EUA está prosperando<br />

com a ajuda da legalização<br />

da maconha. Em<br />

alguns bairros de Denver<br />

(Colorado), o preço médio<br />

de aluguel de armazéns<br />

aumentou mais de 50%<br />

de 2010 a 2015, segundo<br />

um relatório do setor.<br />

10 | <strong>Hempada</strong><br />

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do MêsAbril/17<br />

Ganja na<br />

Pele<br />

Propriedades anti-inflamatórias<br />

em um composto<br />

da cannabis podem<br />

ajudar no tratamento de<br />

coceiras além de outras<br />

doenças de pele, afirmam<br />

pesquisadores. O estudo<br />

foi publicado no Journal<br />

of the American Academy<br />

of Dermatology.<br />

De<br />

Remédio<br />

As farmácias no Uruguai<br />

terão 400 quilos de<br />

maconha disponíveis<br />

para venda aos usuários<br />

registrados a partir de<br />

julho, consolidando a<br />

última etapa do seu plano<br />

pioneiro de regularização<br />

da cannabis.<br />

Aqui<br />

do Lado<br />

Boa,<br />

África!<br />

O Tribunal do Cabo Ocidental,<br />

na África do Sul,<br />

declarou que a proibição<br />

da cannabis representava<br />

uma violação inconstitucional<br />

dos direitos dos<br />

cidadãos.<br />

O governo argentino<br />

promulgou uma lei que<br />

permite o uso medicinal de<br />

maconha no país. A medida<br />

garante aos pacientes<br />

o acesso aos tratamentos<br />

com cannabis.<br />

<strong>Hempada</strong> | 11 <br />

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REeDUcaÇÃO<strong>#01</strong><br />

por Guilherme Storti<br />

Que a nossa revolução não<br />

será televisionada, já ficou<br />

mais do que claro. Ela acontecerá<br />

através das fibras óticas e<br />

ondas de sinais que espalham a internet<br />

pelo mundo afora.<br />

Dando continuidade ao ciclo que<br />

se iniciou desde que o ser humano é<br />

ser humano, a promoção de autonomia<br />

das pessoas que usam drogas<br />

vem sendo cada vez mais protagonizada<br />

pelos seus pares. Valorizar o<br />

direito de escolha dessas pessoas<br />

é apenas dar liberdade a um instinto<br />

primitivo estigmatizado pelo<br />

preconceito. Nós, seres humanos,<br />

sentimos a necessidade de buscar<br />

estados alterados de consciência e<br />

essa busca se tornou tão importante<br />

quanto comer ou dormir.<br />

Nos anos 80, no início do movimento<br />

de usuários de drogas, que<br />

resultou na adoção da redução de<br />

danos como metodologia de atenção<br />

a essa população, os conhecimentos<br />

empíricos adquiridos nas<br />

histórias de vida eram fundamentais<br />

para a elaboração de estratégias<br />

que levassem cuidado, sem interferir<br />

na autonomia dessas pessoas.<br />

Seguindo esse mesmo ciclo de<br />

cuidado ao próximo, a internet, sem<br />

sombra alguma de dúvidas, foi a<br />

salvação de muitas pessoas espalhadas<br />

mundo afora. A partir do<br />

momento em que o planeta se conectou<br />

e começou a compartilhar<br />

conhecimento, muitas desinformações<br />

relacionadas aos usos de drogas<br />

puderam ser esclarecidas e aos<br />

poucos desmitificadas. Pessoas de<br />

partes distintas passaram a contribuir<br />

com diversos conteúdos e a<br />

grande emancipação foi iniciada.<br />

A partir do movimento de pessoas<br />

que usam drogas, se conectando<br />

via internet, foi que vimos a real expansão<br />

da informação sobre substâncias<br />

psicoativas. Se não fosse a<br />

autonomia e dedicação dessas pessoas,<br />

muitos e muitas de nós ainda<br />

estariam reféns das informações<br />

transmitidas pelas mídias tradicionais.<br />

A expansão se torna mais do que<br />

necessária e continua crescendo.<br />

Depois de ganhar milhares de internautas<br />

levando informação de qualidade,<br />

o Hempadão chega agora em<br />

formato impresso, potencializando<br />

seu alcance e suas possibilidades.<br />

Isso sim é redução de danos!<br />

Guilherme Storti é um doidão que<br />

resolveu ter como missão de vida<br />

ajudar outros doidões. O percurso<br />

nunca foi sóbrio e é assim que ele<br />

é percorrido. Começou nas ruas do<br />

pelourinho, foi pra internet e agora<br />

tá na revista. Bote esse!!<br />

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do<br />

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ar<br />

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de<br />

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<strong>#01</strong><br />

o mundo tá maluco<br />

a crise psicótica nos permeia<br />

armas químicas contra crianças<br />

plantas, levar homens pra cadeia<br />

descompassado e desmedido<br />

vagabundo, mundo, tateia<br />

cada micro sensibilidade nossa<br />

com estímulos de maldade na veia<br />

doente e sanguinário,<br />

fuzis, blitz, mísseis, lua cheia<br />

terreno do caos, barbárie<br />

flores, levar homens pra cadeia<br />

o mundo segue louco<br />

ignorando nossa carência de porquês<br />

age sem, sempre sem, religiosamente<br />

sem, porque não há pra quês<br />

fardados, pra não dizer famintos<br />

vítimas de seu próprio militarismo<br />

irmãos, em nome do mal, lá vem<br />

pés, levando homens pra cadeia<br />

Vaso de<br />

Injustiça<br />

você não tem ideia<br />

talvez tenha, um dia<br />

noção do que se trata<br />

esse trato, chamado vida.<br />

presos a corpos, pseudo perfeitos<br />

grades de telas, pseudo tocáveis<br />

algemas nos bolsos, pseudo dinheiro<br />

cansaço na meia, esse não é falso<br />

a verdade é dura<br />

e chateia<br />

a rotina sombria dos dias<br />

é cadeia<br />

relaxar, incomoda<br />

prazer na comida, é pecado<br />

querer o divino em um baseado<br />

ultraje, um crime<br />

as<br />

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le<br />

do<br />

ra<br />

justificar o que, a quem?<br />

fadados, pra não dizer fudidos<br />

completamente... aquém<br />

de uma absolvição<br />

somos militantes do bem<br />

mas queimamos o bom<br />

assim, seguimos marginais<br />

fugindo da cadeia<br />

seja física ou mental<br />

do vício, da fumaça, do hábito<br />

do som repetitivo, tocando de novo<br />

ou da morte, manchete do jornal<br />

só uma planta, uma erva<br />

brisa que bate bem vinda<br />

tão libertadora, que se te pegam com ela<br />

te querem preso, mais ainda!<br />

tanta raiva por nada,<br />

mundo injusto, mundo doido<br />

só minha lágrima te sacia?<br />

semente, água, terra, carinho<br />

resina, tesoura, um isqueiro<br />

será que mereço cadeia?<br />

pureza demais prum mundo sujo<br />

taca na seda... incendeia!<br />

<strong>Hempada</strong> | 13 <br />

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Um DAB com<br />

por Cadu Oliveira<br />

Todos os veículos de comunicação<br />

do Brasil deram a<br />

notícia da prisão de Sérgio<br />

Delvair da Costa. Cultivador<br />

e visionário, THCprocê fez um<br />

networking internacional e propagou<br />

genéticas de cannabis por todo<br />

o país. Nessa reportagem exclusiva,<br />

vamos registrar a história que,<br />

enquanto não vira um filme, já está<br />

prestes a virar um livro. A saga de<br />

um homem e uma planta, contra o<br />

monstro da proibição.<br />

Antes de você começar a ler sobre<br />

essa história, é bom lembrar algumas<br />

coisas: 1) Em países como<br />

EUA, Canadá, Holanda, Espanha,<br />

dentre outros, vendedores de sementes<br />

são empresários milionários,<br />

que empregam pessoas e levantam<br />

prêmios por suas colheitas;<br />

2) A justiça brasileira já se posicionou<br />

a respeito da insignificância do<br />

mercado de semente; 3) Vender<br />

sementes a quem quer comprar ou<br />

cultivar maconha em seu próprio<br />

quintal é um crime que está prejudicando<br />

a quem?! Não deveria existir<br />

crime sem vítima. Certo?<br />

O Brasil está anos luz dessa realidade<br />

e o dano do atraso recaiu<br />

sobre o militante THC. Por aqui,<br />

^<br />

THCproce<br />

Sérgio foi preso devido denúncia<br />

anônima sobre seu jardim. A justiça<br />

investigou a doação de sementes e<br />

acusou de tráfico. E longe de ganhar<br />

um prêmio de Cannabis Cup,<br />

ele foi parar no presídio por 5 meses<br />

e 15 dias.<br />

“Eu vi um preso morrer na minha<br />

cela”, confessou Sérgio para gente<br />

entre uns dabs e umas garfadas.<br />

Tivemos a honra de passar uma<br />

tarde inteira aprendendo e ouvindo<br />

suas histórias. O militante, que<br />

foi sendo muito bem recepcionado<br />

por cada cidade onde passou, teve<br />

momentos de perseguição e dificuldades<br />

extremas enquanto detento.<br />

Tudo isso está para ser narrado<br />

e publicado no livro que pretende<br />

chamar de “THCProcê - Preso por<br />

plantar para não comprar”. Sérgio<br />

escreveu boa parte da obra durante<br />

o cárcere, o que faz o relato ser<br />

ainda mais intrigante.<br />

Em todas as entrevistas que fizemos,<br />

a mensagem de “cabeça<br />

erguida, continuar na luta e militância”<br />

seguem intactas. O carinho<br />

de milhares de brasileiros e o reconhecimento<br />

de seu trabalho, sem<br />

dúvida valem mais do que qualquer<br />

troféu para se pôr na estante. Mas<br />

Fanzine Maio2017.indd 14 02/05/2017 10:33:09


o destino do nosso amigo e professor<br />

ainda segue indefinido.<br />

Sérgio chegou a comprar duas<br />

passagens para o Uruguai e estava<br />

de malas prontas para viver em<br />

um país que não criminaliza seu<br />

estilo de vida. Mas a Juíza negou<br />

o direito de sair do país. O julgamento<br />

deve acontecer ainda esse<br />

ano e as expectativas, mesmo na<br />

melhor das hipóteses, não excluem<br />

a chance de condenação.<br />

No entanto, THCprocê está livre<br />

através de um Habeas Corpus que<br />

lhe propiciou aproveitar as férias de<br />

sua esposa e viajar pelo sudeste<br />

brasileiro.<br />

No tempo livre, Sérgio segue postando<br />

vídeos sobre cultivo, além de<br />

meter bala no jogo Counter Stike.<br />

“Sou terror por opção. Jogo avançado.<br />

Morro, mas mato também”,<br />

confessou.<br />

A polícia do Distrito Federal tratou<br />

o caso como se o THC fosse<br />

mesmo um terrorista. Sobrevoou a<br />

casa com helicópteros dias antes<br />

da apreensão, invadiu quebrando<br />

tudo, “desrespeitaram até o espaço<br />

dos animais<br />

de estimação”,<br />

relatou a companheira<br />

de Sérgio.<br />

E, para piorar, ainda<br />

gravaram um vídeo falando sobre a<br />

prisão e postaram no próprio canal<br />

do THCprocê. Dá pra acreditar?<br />

Tamanha injustiça do destino não<br />

poderia jamais passar impune. Enquanto<br />

a maioria dos presos não tinham<br />

sequer parentes para visitar e<br />

levar dinheiro, THC contou todo esse<br />

tempo com o apoio de familiares e<br />

amigos. Quando saiu da cadeia, a<br />

militância canábica nacional entrou<br />

em festa. Ao chegar em cada local<br />

para conhecer seus<br />

apoiadores, ele<br />

recebeu abraços<br />

verdadeiros,<br />

fraternos<br />

e calorosos.<br />

Nada disso<br />

pode apagar o<br />

sofrimento que<br />

passou, mas podem<br />

garantir que<br />

a gratidão e admiração<br />

por essa<br />

história serão<br />

eternas.<br />

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Indicasom:<br />

Na edição passada da <strong>Hempada</strong>,<br />

publicamos a matéria “A História<br />

da Chegada da Maconha no Brasil”.<br />

Dessa vez o Indicasom vai mostrar<br />

uma parte dessa mesma história porém<br />

contada, ou melhor, cantada em um<br />

belíssimo reggae nacional.<br />

Santa Kaya é um som de 2010, trazido<br />

por Jah através do grupo Ponto de<br />

Equilíbrio, no álbum “Dia Após Dia<br />

Lutando”. A viagem começa com a chegada<br />

dos negros da África aqui no Brasil<br />

trazendo a “Kaya”, a erva “de-fumada”<br />

para limpeza interior e que acompanhava<br />

os escravos nos trabalhos na terra como<br />

forma de meditação e oração. Segundo o<br />

autor, o uso da planta aliviava o pesado<br />

fardo da escravidão.<br />

O som é uma reggaeira clássica fazendo<br />

com que a melodia Kaya como uma luva<br />

por Marcio Makaña<br />

na mensagem de resistência.<br />

“Hoje, hoje, hoje a história é outra”,<br />

mas ainda muito semelhante, guardadas<br />

as devidas proporções. A santa erva segue<br />

proibida e estigmatizada, enquanto<br />

a necessidade de libertação mental em<br />

relação à opressão do sistema segue semelhante.<br />

O alívio vem da planta que “nasceu<br />

na terra, cresceu no sol e colheu na<br />

lua”, como diz a letra.<br />

Fazendo um apelo direto às autoridades<br />

para que abram os olhos a todas as variedades<br />

de uso da brenfa. Há diversas<br />

versões do som em plataformas como o<br />

YouTube, tanto ao vivo quanto em estúdio,<br />

tirando sua desculpa para não conferir.<br />

Sendo assim, vale muito a apreciação<br />

a obra. Até mês que vem com um<br />

mais um som de conceito pra embalar a<br />

sua brisa cultural.<br />

Tglês<br />

e fic<br />

da g<br />

ro t<br />

Sã<br />

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mas<br />

mes<br />

ria<br />

term<br />

ele<br />

Fanzine Maio2017.indd 16 02/05/2017 10:33:11


:<br />

kaña<br />

ra”,<br />

das<br />

sento<br />

em<br />

m-<br />

nana<br />

Todo ano, em 20 de Abril, é comemorado<br />

o Dia Internacional<br />

da Maconha mundo afora.<br />

Mas, por quê? Por que, em inglês,<br />

a data se escreve de outra maneira<br />

e fica assim: 4/20, número já conhecido<br />

da galera da marola. E o que esse número<br />

tem de tão especial?<br />

São várias maneiras de escrever esse<br />

código internacional (4/20, 4:20, 420)<br />

mas tá todo mundo querendo falar a<br />

mesma coisa: fumar maconha. A maioria<br />

dos maconheiros conhece e usa esse<br />

termo, mas muitos não sabem da onde<br />

ele vem. Alguns até acham que sabem<br />

por Laura Lock<br />

mas aposto que não tem certeza da história<br />

real!<br />

Bom, segundo os próprios criadores<br />

do termo, que ainda estão vivos para<br />

contar a história, tudo aconteceu no outono<br />

de 1971 na Califórnia (onde mais<br />

poderia ser, né?!). Os cinco amigos alunos<br />

da San Rafael High School (Ensino<br />

Médio) são hoje conhecidos em inglês<br />

como “The Waldos” – termo que vem<br />

da palavra wall, que significa “parede”<br />

em inglês, pois era onde eles ficavam fumando.<br />

Muita gente pensa que 420 é o código<br />

da polícia local para avisar que estão<br />

des<br />

vasas<br />

o o<br />

túonreum<br />

r a<br />

420<br />

<strong>Hempada</strong> | 17 <br />

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fumando maconha naquele momento.<br />

Mas, na verdade, a história é a seguinte:<br />

Um belo dia, um membro da guarda<br />

costeira veio falar com os 5 jovens<br />

que estavam por lá que não conseguiria<br />

mais cuidar de sua plantação de maconha<br />

próxima a Point Reyes Peninsula.<br />

Munidos dessa informação, e de um<br />

mapa do local, os Waldos resolveram ir<br />

em busca dessa colheita grátis.<br />

Os rapazes eram atletas da escola, treinavam<br />

todo dia e, por isso, marcaram<br />

de se encontrar na estátua<br />

de Louis Pasteur do<br />

lado de fora da escola,<br />

às 4:20. Esse era o<br />

horário que acabava<br />

o treino e eles estariam<br />

livres para ir<br />

em busca da plantação.<br />

“Nós lembrávamos<br />

uns aos outros<br />

pelos corredores<br />

que íamos nos encontrar<br />

às 4:20. No começo<br />

era 4:20-Louis, mas acabamos<br />

deixando pra lá o Louis”, disse<br />

Waldo Steve ao Huffington Post.<br />

Eles nunca encontraram nada de<br />

plantação. O que eles estavam fazendo,<br />

mesmo sem saber, era a criação de um<br />

código internacional dos maconheiros.<br />

Entre eles, falar 420 já levava a entender:<br />

“vamos fumar um?”, ou... “você<br />

está chapado?”. Segundo Steve, “nossos<br />

professores não sabiam do que estávamos<br />

falando, nossos pais também não<br />

sabiam.”<br />

18 | <strong>Hempada</strong><br />

Como o símbolo ganhou o mundo?<br />

Naquela época – final dos anos 60,<br />

utopia hippie na Califórnia – a banda<br />

Grateful Dead se mudou e foi para<br />

apenas alguns quarteirões da escola. O<br />

irmão mais velho do Waldo Dave era<br />

amigo do baixista da banda, Phil Lesh.<br />

Dessa maneira, eles foram convivendo<br />

com o grupo, frequentando festas e<br />

o termo foi se espalhando sem que ninguém<br />

percebesse. Os Dead fizeram turnê<br />

mundial nos anos 70 e 80 e o termo<br />

se popularizou na cena underground<br />

entre os fãs da<br />

banda.<br />

Em 1990, Steve<br />

Bloom, então repórter<br />

da revista High<br />

Times, recebeu um<br />

flyer no estacionamento<br />

do show do<br />

Grateful Dead que<br />

dizia mais ou menos<br />

assim: “vamos nos encontrar<br />

às 4:20, no dia<br />

20/04 para ‘420-ing’” e dizia<br />

o lugar do encontro. Além disso, o<br />

flyer ainda contava uma história hipotética<br />

de como isso teria surgido – que era<br />

um código da polícia.<br />

Bloom publicou sua descoberta na<br />

edição de Maio de 1991 da Revista, mas<br />

a história estava parcialmente correta,<br />

como foi descoberto posteriormente.<br />

Daí pra frente, a High Times começou<br />

a publicar sempre o termo e a onda acabou<br />

pegando.<br />

Fi<br />

li<br />

Fanzine Maio2017.indd 18 02/05/2017 10:33:11


60,<br />

anara<br />

. O<br />

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h.<br />

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n-<br />

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zia<br />

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téera<br />

na<br />

as<br />

ta,<br />

te.<br />

ou<br />

ca-<br />

Filme para Brisar...<br />

Um clássico dos dope-movies,<br />

Medo e Delírio em Las Vegas traz,<br />

não só a erva, como também uma<br />

mala cheia de outras coisitas. As<br />

drogas não só permeiam como<br />

muitas vezes norteiam as aventuras<br />

do protagonista Raoul Duke<br />

(Jhonny Depp) e seu advogado<br />

(Benicio Del Toro) na cobertura de<br />

uma corrida de motocicletas em<br />

um cenário desértico de Vegas.<br />

O filme é uma adaptação do livro<br />

do jornalista Hunter Thompson<br />

e foi lançado nos cinemas no final<br />

da década de 90. Com cenas<br />

misturando realidade e chapação,<br />

a narrativa traz um ponto de vista<br />

bastante diferenciado, engraçado<br />

e até angustiante (dependendo da<br />

droga).<br />

livro para Embrasar...<br />

Nem só de maconha viverá o homem.<br />

Após conteúdo sobre brenfa<br />

de ponta a ponta, aqui a ideia é sugerir<br />

algo para ler sob influência. E<br />

quem nunca viajou em um poema,<br />

agora pode ser a hora certa para<br />

começar a nevegar nessa brisa literária.<br />

Com Leminski, a onda bate<br />

forte igualmente para iniciantes ou<br />

iniciados do universo lírico.<br />

O livro reúne a obra de um poeta<br />

comprometido com o bom humor<br />

e sagacidade crítica. Um nome<br />

celebrado entre a contracultura e<br />

respeitado por toda uma legião de<br />

doidões que, mesmo caretas, chapam<br />

o côco com a dose altamente<br />

concentrada de poesia.<br />

<strong>Hempada</strong> | 19 <br />

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1. Dichave aqui<br />

2 . Joga na seda<br />

3. Pronto: agora sua<br />

revista é aromatizada<br />

seu apoio vai ajudar a escrever a história da legalização no brasil. Obrigado!<br />

20 | <strong>Hempada</strong><br />

<strong>Hempada</strong> <strong>#01</strong><br />

revista n o<br />

Fanzine Maio2017.indd 20 02/05/2017 10:33:12

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