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Por Fábio Barbosa<br />
Matosinho Nunes<br />
Carneiro é a simpatia em<br />
pessoa. O mecânico que<br />
é conhecido em Lagoa da<br />
Prata justamente por esta<br />
característica tem uma<br />
história de paixão pessoal<br />
pelas motocicletas e claro,<br />
pelo motocross. Não poderia<br />
ser diferente, afinal<br />
desde os primeiros passos<br />
profissionais ele esteve<br />
envolvido com o esporte,<br />
mesmo não sendo atleta.<br />
Natural do município<br />
de Moema (MG),<br />
começou a trabalhar muito<br />
cedo, ainda na infância. No<br />
tempo livre, gostava de jogar<br />
futebol com os amigos<br />
e observa atentamente as<br />
motocicletas que passavam<br />
pela rua. Os pais, Maria da<br />
Dores Nunes e João Nunes<br />
Sobrinho, tinham uma<br />
vida humilde, mas repleta<br />
de carinho e amor. E este<br />
afeto familiar sempre foi<br />
fundamental para a vida<br />
do mecânico, em especial<br />
aos sete anos, quando mudaram<br />
em definitivo para<br />
Lagoa da Prata. O pai trabalhava<br />
na Usina de Cana<br />
de Açúcar.<br />
“Eu comecei a trabalhar<br />
muito cedo. Fiz de<br />
tudo. Só não fui engraxate,<br />
naquela época tinham<br />
muitos por aqui”, conta<br />
com humor Matosinho<br />
que se considera também<br />
um vendedor. Afinal, foi<br />
vendendo que ele começou<br />
sua carreira profissional e<br />
em 1981 conseguiu reconhecimento<br />
e foi trabalhar<br />
em uma empresa de auto<br />
peças. Não demorou nem<br />
um ano e o jovem ajudante<br />
de mecânico na época foi<br />
encarar outro desafio. “Fui<br />
O mecânico apaixonado por Motocross<br />
contratado em novembro<br />
de 1982 para a Yamaha<br />
que acabava de instalar na<br />
cidade. Logo que entrei<br />
na empresa fiz curso e fui<br />
para São Paulo. Foi uma<br />
experiência e tanto”, revela.<br />
Na empresa, Matosinho recebeu<br />
uma oportunidade,<br />
ser mecânico de um dos pilotos<br />
do motocross. “Nunca<br />
tinha imaginado participar<br />
de competições. Mas<br />
no tempo em que estive na<br />
Lagoa Motos –Yamaha tive<br />
essa grande chance que me<br />
fez apaixonar pelo esporte.<br />
Viajamos todo o país”,<br />
lembra com saudosismo.<br />
Sérgio Rocha, campeão<br />
mineiro de motocross, foi<br />
o parceiro dele durante<br />
anos. Os dois construíram<br />
uma parceria que resultou<br />
em vários títulos. “Trabalhava<br />
como mecânico na<br />
loja e a noite íamos treinar.<br />
Tinha de deixar a moto no<br />
ponto para o dia seguinte<br />
e para as competições. Era<br />
igual a Fórmula 1, montávamos<br />
e desmontávamos<br />
tudo”, destaca.<br />
Apesar do sucesso,<br />
ele resolveu investir em<br />
seu próprio negócio. Em<br />
1985, criou a Ulis Mat Motos,<br />
sua primeira empresa<br />
em sociedade com um<br />
amigo. Anos mais tarde, a<br />
empresa cresceu e se tornou<br />
a Mato Motos, agora<br />
apenas de Matosinho, que<br />
se tornou empresário de<br />
sucesso e patrocinador do<br />
motocross. “Hoje em dia,<br />
quando tem alguma competição,<br />
vou em busca. Entre<br />
Lagoa e Arcos tem uma<br />
pista, mas já não é a mesma<br />
coisa. Era bom demais,<br />
movimentada a cidade e as<br />
empresas daqui investiam.<br />
Isso mudou, mas minha<br />
paixão jamais”, revela Motosinho<br />
que tem um filho<br />
que já competiu no motocross.<br />
Matheus, de 27 anos,<br />
participou de algumas<br />
competições, mas após sofrer<br />
um acidente e quebrar<br />
a clavícula, resolver não<br />
seguir adiante. O jovem<br />
hoje é o braço direito do<br />
pai na oficina mecânica e a<br />
irmã, Angélica, na loja. A<br />
família toda trabalha unida!<br />
O mecânico é fã de<br />
futebol. Torce para o Cruzeiro<br />
e de vez em quando<br />
também joga. Já foi ver o<br />
time do coração duas vezes<br />
no Mineirão, mas evita<br />
ir ao estádio, pois prefere<br />
assistir de casa. E uma das<br />
atividades físicas favoritas<br />
dele é o ciclismo, tanto que<br />
já saiu de Lagoa da Prata<br />
até Esteios pedalando,<br />
mais de 43 quilômetros.<br />
“Gosto muito de pedalar e<br />
caminhar. Atividade física<br />
é uma coisa muito boa, só<br />
evito nesta época de frio”,<br />
brinca.<br />
Matosinho efetivamente<br />
nunca foi atleta.<br />
Mas é a prova viva de que<br />
alguém que não está nos<br />
holofotes da carreira profissional<br />
também pode<br />
contribuir com a história<br />
do esporte. E por ser apaixonado<br />
por motocross, ele<br />
não desiste do sonho de<br />
ver competições novamente<br />
em Lagoa da Prata. “O<br />
motocross envolve a cidade<br />
toda, é um esporte que<br />
pode dar oportunidade e<br />
fomentar vários campeões.<br />
Precisamos investir nessa<br />
nova geração e incentivar.<br />
Temos muitas empresas do<br />
segmento na cidade, falta<br />
apenas querer”, ressalta<br />
o mecânico com um sorriso<br />
no rosto sentado em<br />
sua mesa na empresa que<br />
construiu a partir da sua<br />
experiência no esporte.<br />
“Motocicleta é uma paixão”,<br />
conta o homem que<br />
comprou uma Harley Davidson<br />
1600 cilindradas<br />
para poder ter na garagem<br />
um símbolo de toda sua<br />
trajetória.