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Os jipeiros aventureiros de Lagoa da Prata<br />

Por Fábio Barbosa<br />

Nas trilhas, os jipes enfrentam lama e terrenos impossíveis de trafegar normalmente<br />

No dia a dia eles<br />

são empresários, advogados,<br />

engenheiros e profissionais<br />

liberais, mas há<br />

quase sete anos não existe<br />

rotina quando estão fora<br />

dos escritórios. Esse grupo<br />

de amigos de Lagoa da<br />

Prata se reúne frequentemente<br />

para desbravar o<br />

Brasil sobre quatro rodas.<br />

Aventuras que guardam<br />

em sua essência a força<br />

da amizade e a paixão<br />

pelo jipe.<br />

O engenheiro<br />

Sidney Godinho Lauar, o<br />

Sidão, é quem nos conta<br />

como começou essa história.<br />

Natural da cidade<br />

de Teófilo Otoni (MG),<br />

ele mora há 25 anos por<br />

aqui e não esconde de<br />

ninguém que se considera<br />

um cidadão lagopratense.<br />

“Tudo começou por causa<br />

de um dos nossos amigos,<br />

o Leonardo Bernardes,<br />

que é atleta de mountain<br />

bike. A cada quinzena ele<br />

vai na Serra da Canastra<br />

e nos convidou para conhecer<br />

o lugar. No passeio<br />

fomos eu, ele e Paulo<br />

Roberto Castro, o Paulinho<br />

da COBEB. Fizemos<br />

a primeira trilhas em carros<br />

4x4 e gostamos muito”,<br />

lembra. O que deveria<br />

ser apenas uma aventura<br />

cotidiana conquistou os<br />

amigos. Não demorou<br />

muito e um deles já comprou<br />

o próprio jipe. “A<br />

partir daí apaixonamos e<br />

na outra semana o Paulinho<br />

comprou um Troller<br />

em Belo Horizonte. O que<br />

desencadeou o interesse<br />

de outros amigos”, destaca.<br />

Em pouco tempo quatro<br />

dos amigos (Valdeci<br />

Cachorrão, Nêm Cruel,<br />

Edson e Tanaka) também<br />

já estavam com seus veículos<br />

prontos para as trilhas.<br />

As trilhas que o<br />

grupo frequenta são em<br />

serras e parques de todo<br />

o país. “Concentramos<br />

mais na Serra da Canastra<br />

e na Serra da Babilônia,<br />

pela proximidade com<br />

Lagoa da Prata e Escarpas<br />

do Lago. Nesta região o<br />

nosso guia é experiente e<br />

sabe tudo de cabeça, é o<br />

GPS do Léo”, conta Sidão<br />

que também revela que<br />

as aventuras do grupo já<br />

foram nas serras catarinenses,<br />

região de Itu em<br />

São Paulo e até o Jalapão.<br />

“Fizemos o circuito<br />

de Ibitipoca. E recente a<br />

expedição de Lagoa-Araxá.<br />

E estamos chegamos<br />

da trilha Canela da Ema,<br />

onde passamos pela Serra<br />

Grupo de amigos em viagem à...<br />

do Cipó, Serra do Espinhaço<br />

e Parque Nacional<br />

Sempre Viva” fala.<br />

O grupo cresceu<br />

e hoje eles são 12: Paulinho<br />

COBEB, Pedrinho<br />

Caixote, Fernando Sasdeli,<br />

Tanaka, Nêm Cruel,<br />

Eduardo Bessas, Chico<br />

(Dr. Francisco da Usina).<br />

Geninho, Haroldinho<br />

da Embaré, Valdeci Cachorrão,<br />

Edson Filho do<br />

Marco Antônio do Usina<br />

e Sidão. Alguns outros<br />

amigos também participam<br />

esporadicamente das<br />

trilhas. Até as famílias as<br />

vezes os acompanham.<br />

No esporte existe espaço<br />

para todos! Na hora de<br />

descansar é preciso conforto<br />

após horas nas trilhas,<br />

por isso a hospedagem<br />

é sempre em hotéis e<br />

pousadas.<br />

A cada viagem<br />

dos jipeiros o destino<br />

recebe um nome e claro,<br />

adesivos e toda uma identidade<br />

visual. A escolha<br />

da nomenclatura é feita<br />

de acordo com referências<br />

da trilha, homenageando<br />

as cidades ou o gestor<br />

escolhido para liderar<br />

a aventura. Em média, o<br />

tempo de duração é uma<br />

semana, mas dependendo<br />

dos obstáculos, isso pode<br />

mudar. São 20 trilhas por<br />

ano, ao todo quase 140<br />

desde o início do grupo.<br />

Durante o percurso, dois<br />

jipes tem missão especial,<br />

um para levar alimentação<br />

e outro para os socorros<br />

mecânicos. Há ainda<br />

uma preocupação socioambiental:<br />

realizam doações<br />

de roupas e alimentos<br />

por onde passam e em<br />

hipótese alguma deixam<br />

lixo pelo caminho. E as<br />

trilhas são sempre realizadas<br />

em áreas devidamente<br />

autorizadas.<br />

A maioria dos jipes<br />

do grupo são da Troller,<br />

sete no total. Dois<br />

são da marca americana<br />

Wrangler e os demais de<br />

outras montadoras. Os<br />

veículos são resistentes,<br />

afinal enfrentam pedras,<br />

lama, areia, etc. Antes<br />

e depois de cada trilha<br />

passam por uma revisão<br />

geral em uma oficina em<br />

Lagoa da Prata. O cuidado<br />

é fundamental para<br />

evitar surpresas e claro,<br />

acidentes. Mas é comum<br />

que eles voltem bem danificados,<br />

pois o caminho<br />

é tortuoso.<br />

“A trilha que tivemos<br />

mais dificuldade foi<br />

a do Rolador, na Serra da<br />

Canastra. Levamos quase<br />

um dia para fazer 4 km.<br />

Houve chuva e erosão,<br />

deu muito trabalho. Mas<br />

foi uma das maiores conquistas<br />

conseguir vencer<br />

sem acidentes e incidentes”<br />

conta Sidão que<br />

lembra que a prática, por<br />

ser radical, esta sujeita a<br />

acidentes. Mas em quase<br />

sete anos, nenhuma grave<br />

foi registrado. “Já tivemos<br />

capotamentos e até<br />

um naufrágio. Mas sempre<br />

em baixa velocidade<br />

e sem ninguém se machucar.<br />

Procuramos ao máximo<br />

preservar a segurança”,<br />

destaca.<br />

Para 2017, o grupo pretende<br />

enfrentar uma viagens<br />

pelo litoral, do Espírito<br />

Santo até a Bahia.<br />

O planejamento é feito<br />

em viagens preliminares<br />

onde um dos integrantes<br />

faz todo o percurso<br />

de motocicleta. Há ainda<br />

uma mapeamento detalhado<br />

e marcação no<br />

GPS. As viagens são preparadas<br />

com muita antecedência<br />

e para 2018 a<br />

expectativa é percorrer o<br />

Deserto do Atacama no<br />

Chile e Ushuaia, na Argentina.<br />

“Os laços de amizades<br />

são fortes. Na trilha<br />

de jipe não há competição<br />

e nem pode haver. Isto<br />

equaliza o nível das pessoas,<br />

ainda mais quando<br />

estamos em locais sem<br />

protocolos<br />

sociais, no<br />

meio do<br />

nada. É necessário que<br />

todos vençam, cheguem<br />

ao final da trilha, em condições<br />

de amizade e segurança”,<br />

ressalta Sidão. As<br />

viagens nos jipes proporcionam<br />

uma experiência<br />

única e gratificante. Pelas<br />

trilhas as paisagens<br />

vão sendo descobertas,<br />

surgem cachoeiras e mirantes<br />

fabulosos. Alguns<br />

lugares são de tão difícil<br />

acesso que apenas um automóvel<br />

com essa estrutura<br />

consegue chegar. É o<br />

brasil desconhecido, desbravado<br />

por amigos que<br />

seguem firmes na missão<br />

Trilha xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx<br />

d e concluir o caminho<br />

e não existem barreiras,<br />

ninguém fica para<br />

trás. Quando encontram<br />

um obstáculo, não descansam<br />

até o último jipe<br />

passar. É a força do homem<br />

que desafia a natureza,<br />

transformando este<br />

grupo em esportistas pioneiros.

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