Il - Comunità Italiana

design
Luz no
futuro
Iluminação e design brasileiro são destaques
no Salão Internacional do Móvel de Milão
O
evento que transforma Milão,
durante cinco dias, na
capital do design, a cada
ano, reforça as preocupações
de empresas e artistas com o
meio ambiente. Na última edição,
realizada em abril, abriu-se uma
janela especial para as luminárias,
com o Euroluce, o maior evento do
mundo no setor das lâmpadas.
Uma lei italiana prevê, para o
fim do ano que vem, a proibição da
comercialização da velha lampadinha
com filamento de tungstênio,
pois ela consome muita energia. E,
no apagar das luzes deste símbolo
da iluminação caseira, se acende
a corrida em direção às luzes led,
de alta tecnológica, baixíssimo
consumo e uma rentabilidade até
pouco tempo atrás inimaginável.
Já existe até mesmo leds minúsculos
com painel solar embutido.
A novidade está sendo vista como
uma inteligente opção para iluminar
as ruas italianas a um custo
próximo do zero.
Este ano, o salão teve 2.723
expositores, contra 1.268 do ano
passado. Desse total, 911 vieram
do exterior, o que indica a lide-
Gu i l h e r m e aq u i N o
Correspondente • milão
rança indiscutível da Itália no design.
Nessa última edição, foi reforçada
a presença dos estilistas
de moda no setor. Armani, Versace
e trussardi, são velhos conhecidos
do público e sempre apresentam
novidades. Agora, quem
“chega” para brigar por espaço
nesse segmento é a Diesel, que
usou o evento para lançar uma linha
de luminárias feita com parte
dos tecidos das suas coleções.
O Fuori Salone, evento paralelo
ao salão do Móvel, ao longo
dos anos ganhou um status tão
ou mais importante do que a atração
principal, na Feira de Rho. se
por lá tudo termina às 18h30, os
Detalhe das peças brasileiras
expostas no Salão e a entrada da
mostra. Luz e luxo
eventos do Fuori Salone varam a
madrugada e agitam a cidade.
lojinhas e espaços públicos
ficam abertos até altas horas e as
mostras e exposições dos mais variados
produtos ganham maior visibilidade.
Dentro desse conceito
montou-se a mostra Rio + Design,
em um antigo palácio debruçado
no centro histórico de Milão. lá,
18 designers cariocas mostraram
seu trabalho graças a uma parceria
entre a secretaria de Desenvolvimento
Econômico, Energia,
Indústria e serviços do Rio de Janeiro
(sedeis), sebrae/RJ, Câmara
ítalo-brasileira de Comércio e
Indústria e a Promos Milano.
— Isto é bom para todos,
pois o produto final ganha qualidade
e vai ao encontro de um
público consumidor cada vez
mais exigente. Estamos aqui para
mostrar a nossa capacidade e
trocar ideias e negócios — afirma
o diretor-superintendente do
sebrae/RJ, sergio Malta.
Um dos trabalhos foi usado
para divulgar o próprio turis-
mo do Rio de Janeiro: os novos
quiosques da orla, assinados por
guto índio da Costa. Afinal, o salão
de Móveis atrai cerca de 350
mil visitantes dos quatro cantos
do planeta.
— Durante o evento, Milão
se transforma na passarela do
mundo do design. ter a ousadia
de vir aqui é como levar italiano
para jogar bola no Rio — afirma
Indio da Costa.
Já a dupla de designers paulistas,
precursora do setor brasileiro
no exterior, os irmãos Campana,
também deu o ar da graça.
A exemplo de anos anteriores,
eles apresentaram produtos encomendados
por casas italianas como
a Edra, por exemplo. Eles também
participaram da exposição
Interni, na Universidade de Milão,
com “statale”, a casa do índio. Os
Campana criaram uma oca com tiras
de polietileno bem trançadas
e amarradas, em forma de arcos,
em perfeita harmonia com as arcadas
do antigo ateneu.
A grande tribo global do design
ganhou a chance de experimentar
sensações de buscar abrigo
do sol o do sereno dentro de
uma simples oca. Em meio a projetos
muito mais futurísticos, como
a “Usina de Energia”, a casa
de emissão zero de gás carbônico,
um olhar no passado remoto
da civilização, diante de uma
leitura moderna, chega como um
alerta e um hino em prol do essencial.
Humildemente, os irmãos
Campana ensinam “com quantos
paus se faz uma canoa” sem esquecer
as lições básicas do design:
funcionalidade, respeito à
natureza e beleza estética.
Tudo
beleza
Feira em Bolonha exibe o frescor da indústria
dos cosméticos, um setor que desconhece crises
A
economia mundial pode
estar mal das pernas, mas
sua “pele” vai bem, obrigado.
A última edição da
Cosmoprof, a maior feira européia
do setor da beleza, realizada mês
passado em bolonha, lançou uma
lente de aumento para o segmento
que, no mundo inteiro, teve um
crescimento de 27,5 %. O brasil, é
claro, não faz feio e segue a boa
onda. Afinal, trata-se do terceiro
país em consumo de cosméticos.
Muito desse consumo é de
produtos made in Brazil, mesmo.
Foi-se o tempo em que, para o
consumidor brasileiro, cosmético
bom era somente o fabricado
fora do país. O clima brasileiro e
a miscigenação do povo criam as
condições ideais para o desenvolvimento
de novos produtos. Anualmente,
20% das vendas no mercado
interno são de novidades. O
fluxo grande de ofertas está intimamente
ligado à riquíssima
biodiversidade presente no país,
a maior do planeta, e que faz a
gula das indústrias internacionais
farmacêuticas e de cosméticos.
— temos ainda florestas primárias
no brasil. Na Europa, ela
já acabou. Os processos de inovação
nos diferenciam — afirma
para Comunità o presidente da
Associação brasileira da Indústria
de Higiene Pessoal, Perfuma-
Gu i l h e r m e aq u i N o
Correspondente • milão
ria e Cosméticos (Abihpec), João
Carlos basílio.
Ele observa que esses processos
andam de mãos dadas com
projetos de pesquisa frutos de
parcerias entre as universidades
e as indústrias do setor. Foi isso,
segundo basílio, que ajudou
a fortalecer o mercado brasileiro
e a tornar conhecido o produto
nacional no exterior. Em 1998, o
brasil exportava apenas para 90
países. Hoje, consumidores de
140 nações têm à disposição artigos
de higiene pessoal, perfumes
e cosméticos made in Brazil. No
ano passado, as exportações cresceram
em 20,5%, alcançando um
valor total de 647,8 milhões de
dólares. O objetivo, a curto prazo,
é chegar à marca de um bilhão.
O brasil marcou presença na
Cosmoprof por conta da grande
vitrine que o evento representa
por atrair visitantes dos quatro
cantos do planeta. Na edição
deste ano, o principal foco dos
produtos era a promessa de uma
fórmula para envelhecer bem. No
brasil, por exemplo, os homens
vivem 80 anos e as mulheres 85.
— A medicina preventiva
ajuda a envelhecer com saúde.
Ninguém quer envelhecer precocemente,
pois isso significaria
passar mais tempo velho — explica
basílio.
Assim, o que antes era um
excesso de vaidade, hoje é encarado
como tratamento preventivo
para evitar complicações dermatológicas
lá na frente. Os protetores
solares, por exemplo, se
tornaram item essencial em tempos
de aquecimento global e buracos
na camada de ozônio.
No caso específico do brasil,
há ainda outro fator que explica
o sucesso de vendas do setor: a
preocupação com o asseio.
— A higiene corporal das
pessoas é muito importante
e passa a ser até mesmo uma
beleza
questão de saúde pública. Quanto
melhor a higiene, menos assistência
o governo vai ter que
dar — explica basílio.
Uma pesquisa do latin Panel
da Abihpec detectou que, entre
as despesas de bens não duráveis,
os produtos de asseio chegam
em segundo lugar, entre os
brasileiros, com 16% da preferência
dos entrevistados. O item só
perde para os alimentos. segundo
basílio, o brasileiro corta nos
supérfluos, mas não abre mão de
preservar a higiene pessoal.
Ao todo, 20 empresas detêm
70% do mercado brasileiro enquanto
outras 1.650 indústrias
disputam os restantes 30%. Opções
não faltam ao consumidor.
Ou melhor, para a consumidora.
Hoje, 33% das famílias brasileiras
têm as mulheres como as chefes
de casa. Elas possuem ainda uma
faixa de 45% do mercado ativo do
trabalho. Portanto, o cuidado com
o corpo passa a ser uma questão
importante para a própria auto-estima.
Quase a totalidade do sexo
feminino considera os produtos de
beleza uma necessidade e não um
luxo, segundo dados da Abihpec.
Diz o ditado que beleza não
põe mesa. É fato, porém, que
ajuda a enfeitar bastante. Ainda
mais em tempos de crises, quando
sentir-se bem diante do espelho
pode ajudar até a curar corpos
e mentes.
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