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Na Itália, Lula incentiva investimentos no Brasil ... - Comunità italiana

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A maior mídia da comunidade ítalo-brasileira<br />

www.comunita<strong>italiana</strong>.com<br />

Rio de Janeiro, dezembro de 2008 A<strong>no</strong> XV – Nº 126<br />

<strong>Na</strong> Itália, <strong>Lula</strong> <strong>incentiva</strong><br />

<strong>investimentos</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong><br />

e Berlusconi anuncia visita<br />

ao país em fevereiro<br />

ISSN 1676-3220 R$ 10,90<br />

Chega mais<br />

Mara Cafagna <strong>no</strong> Rio de Janeiro contra a exploração sexual


4<br />

C o m u n i t à I t a l i a n a / De z e m b r o 2008


22<br />

CAPA<br />

<strong>Na</strong> sua primeira visita oficial à Itália, o presidente brasileiro Luiz Inácio <strong>Lula</strong> da Silva deixa sua<br />

mensagem: o <strong>Brasil</strong> não é mais país do futuro, mas das oportunidades <strong>no</strong> presente<br />

Editorial<br />

Boas festas!...................................................................................08<br />

Cose Nostre<br />

Pela primeira vez, seminaristas de Palermo terão curso sobre máfia<br />

durante sua preparação como sacerdotes. O reitor alega que ser<br />

sacerdote, por lá, “não é o mesmo que em Milão”..........................09<br />

Negócios<br />

No Rio Grande do Sul, resíduo de couro vira fertilizante<br />

graças a uma parceria entre italia<strong>no</strong>s e brasileiros ......................... 31<br />

Intercâmbio<br />

A bem-sucedida missão ao Piemonte, comandada<br />

pelo governador de Minas Gerais, Aécio Neves...............................32<br />

Patrimônio<br />

Ristrutturazione del Theatro Municipal a Rio riporta alla luce aspetti<br />

originali del palazzo per la celebrazione del suo centenario.............43<br />

Design<br />

Professores do Politécnico de Milão fazem parcerias<br />

para aprimorar profissionais brasileiros .......................................... 47<br />

Fórmula 1<br />

O piloto Felipe Massa fala sobre suas expectativas para a<br />

temporada de 2009 que pode ter mais brasileiros na pista.............52<br />

Perfil<br />

Originária da Sicília, família Comparato se reúne<br />

para comemorar seus 115 a<strong>no</strong>s de <strong>Brasil</strong>........................................54<br />

Divulgação<br />

Roberth Trindade<br />

Divulgação<br />

Divulgação<br />

20<br />

40<br />

51 56<br />

Política<br />

Ramona Badescu<br />

Conheça a atriz romena<br />

radicada na Itália que se tor<strong>no</strong>u<br />

conselheira do prefeito de Roma<br />

Gianni Aleman<strong>no</strong><br />

Turismo<br />

Búzios<br />

O balneário mais badalado do<br />

Rio de Janeiro tem praias de<br />

diferentes personalidades e<br />

obriga o turista a descobrir seu<br />

próprio roteiro na cidade<br />

Tv<br />

Vladimir Luxuria<br />

Ex-deputado transexual<br />

vence reality show, um gênero<br />

de programa que invadiu a<br />

televisão <strong>italiana</strong><br />

Comunidade<br />

La Befana<br />

<strong>Na</strong>tal italia<strong>no</strong> não tem presente<br />

nem Papai Noel. Quem<br />

recompensa as crianças de bom<br />

comportamento é uma bruxinha<br />

boa, que só aparece <strong>no</strong> Dia de Reis<br />

6<br />

C o m u n i t à I t a l i a n a / De z e m b r o 2008


COSE NOSTRE<br />

Julio Vanni<br />

FUNDADA EM MARÇO DE 1994<br />

Diretor-Presidente / Editor:<br />

Pietro Domenico Petraglia<br />

(RJ23820JP)<br />

Diretor: Julio Cezar Vanni<br />

Publicação Mensal e Produção:<br />

Editora Comunità Ltda.<br />

Tiragem: 40.000 exemplares<br />

Esta edição foi concluída em:<br />

01/12/2008 às 17:30h<br />

Distribuição: <strong>Brasil</strong> e Itália<br />

Redação e Administração:<br />

Rua Marquês de Caxias, 31, Niterói,<br />

Centro, RJ CEP: 24030-050<br />

Tel/Fax: (21) 2722-0181 / (21) 2722-2555<br />

e-mail: redacao@comunita<strong>italiana</strong>.com.br<br />

SUBEDItora: Sônia Apolinário<br />

jornalismo@comunita<strong>italiana</strong>.com.br<br />

Redação: Daniele Mengacci;<br />

Guilherme Aqui<strong>no</strong>; <strong>Na</strong>yra Garofle;<br />

Sarah Castro; Sílvia Souza;<br />

Tatiana Buff; Valquíria Rey;<br />

Janaína Cesar; Lisomar Silva<br />

REVISÃO / TRADUÇÃO: Cristiana Cocco<br />

Projeto Gráfico e Diagramação:<br />

Alberto Carvalho<br />

arte@comunita<strong>italiana</strong>.com.br<br />

CAPA: Grupo Keystone<br />

Colaboradores: Giorgio della Seta; Pietro<br />

Polizzo; Venceslao Soligo; Marco Lucchesi;<br />

Domenico De Masi; Franco Urani; Fernanda<br />

Maranesi; Adroaldo Garani; Beatriz Rassele;<br />

Giorda<strong>no</strong> Iapalucci; Cláudia Monteiro de Castro;<br />

Ezio Maranesi; Fabio Porta; Fernanda Miranda<br />

CorrespondenteS:<br />

Guilherme Aqui<strong>no</strong> (Milão);<br />

Janaína Cesar (Treviso);<br />

Lisomar Silva (Roma);<br />

Publicidade:<br />

Philippe Rosenthal<br />

Rio de Janeiro - Tel/Fax: (21) 2722-0181<br />

philippe@comunita<strong>italiana</strong>.com.br<br />

RepresentanteS:<br />

Brasília - Cláudia Thereza<br />

C3 Comunicação & Marketing<br />

Tel: (61) 3347-5981 / (61) 8414-9346<br />

claudia.thereza@apis.com.br<br />

Minas Gerais - GC Comunicação & Marketing<br />

Geraldo Cocolo Jr.<br />

Tel: (31) - 3317-7704 / (31) 9978-7636<br />

gcocolo@terra.com.br<br />

ComunitàItaliana está aberta às contribuições<br />

e pesquisas de estudiosos brasileiros, italia<strong>no</strong>s<br />

e estrangeiros. Os artigos assinados são de<br />

inteira responsabilidade de seus autores, sendo<br />

assim, não refletem, necessariamente, as<br />

opiniões e conceitos da revista.<br />

La rivista ComunitàItaliana è aperta ai<br />

contributi e alle ricerche di studiosi ed esperti<br />

brasiliani, italiani e estranieri. I collaboratori<br />

e sprimo<strong>no</strong>, nella massima libertà, personali<br />

opinioni che <strong>no</strong>n rifletto<strong>no</strong> necessariamente il<br />

pensiero della direzione.<br />

ISSN 1676-3220<br />

Há um a<strong>no</strong>, neste espaço, escrevi: “se depender das autoridades <strong>italiana</strong>s e brasileiras,<br />

2008 será um a<strong>no</strong> de muitas oportunidades”. Dito e feito. Foi intenso o<br />

trânsito na direção de <strong>no</strong>vos negócios estabelecido entre os dois países, ao longo<br />

de todo o a<strong>no</strong>. O auge desse movimento foi <strong>no</strong> mês passado. Praticamente na mesma<br />

época em que o presidente brasileiro Luiz Inácio <strong>Lula</strong> da Silva desembarcava em Roma<br />

para a sua primeira visita oficial ao país, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, encabeçava<br />

uma missão comercial e cultural que teve Turim como sede.<br />

Essas duas importantes movimentações foram acompanhadas de perto pela Comunità.<br />

Nossa reportagem de capa revela os encontros e os bastidores da visita do presidente <strong>Lula</strong>,<br />

encerrada após uma audiência com o Papa, com direito à quebra de protocolo.<br />

A Semana Minas <strong>no</strong> Piemonte também ganhou um espaço especial nesta edição da<br />

revista. Afinal, não é todo dia que podemos anunciar que a Fiat vai levar, para o <strong>Brasil</strong>,<br />

o seu Centro de Pesquisas em Automobilismo e Design. O acordo, neste sentido, foi<br />

assinado durante o evento.<br />

Sobre o aumento do intercâmbio comercial entre os dois países, justiça seja feita.<br />

Um dos pioneiros foi o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, que vislumbrou o<br />

e<strong>no</strong>rme potencial que representaria uma maior aproximação com a Itália, a ponto de<br />

partir para lá em missão oficial, ainda em 2007.<br />

Tamanha movimentação faz a gente esquecer, por alguns<br />

momentos, a e<strong>no</strong>rme crise econômica que se abateu <strong>no</strong> mundo,<br />

neste final de 2008. Agora, fica mais difícil fazer, para 2009,<br />

um prognóstico tão otimista, quanto fiz <strong>no</strong> a<strong>no</strong> passado. Pelo<br />

me<strong>no</strong>s na área econômica. Se mudarmos para a Fórmula 1,<br />

essa tarefa melhora. Mais do que nunca, as atenções se voltam<br />

para o ítalo-brasileiro Felipe Massa, da Ferrari. Em entrevista à<br />

Comunità, ele evita cantar vitória antes do tempo e fala sobre<br />

os principais desafios que enfrentará na próxima temporada<br />

quando <strong>no</strong>vos pilotos brasileiros poderão entrar para a elite<br />

das corridas automobilísticas.<br />

Um bom prognóstico para 2009 pode ser feito também<br />

na política <strong>italiana</strong>. Apesar dos cortes <strong>no</strong> orçamento e a queda<br />

de braço entre gover<strong>no</strong> e estudantes que vem sendo travada,<br />

um passo foi dado em direção a um melhor relacionamento<br />

entre o país e seus imigrantes. Não é todo dia que uma autoridade, <strong>no</strong> caso o prefeito de<br />

Roma, Gianni Aleman<strong>no</strong>, convida uma romena para ser sua conselheira para assuntos....<br />

rome<strong>no</strong>s. A escolhida foi a atriz Ramona Badescu, que <strong>no</strong>s deu uma entrevista exclusiva.<br />

Quem também recebeu Comunità foi a ministra das Iguais Oportunidades, Mara<br />

Carfagna, que esteve <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> para participar de um congresso sobre exploração sexual<br />

infantil.<br />

Com o fim do a<strong>no</strong>, começa <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> a principal época de férias. E de festas. Do<br />

<strong>Na</strong>tal até o Carnaval, é possível ir de um estado a outro atrás de diferentes atrações. Nesta<br />

edição, damos a dica de algumas delas, para quem quiser passear até o fim de fevereiro.<br />

Também revelamos os segredos de um dos locais mais charmosos e badalados do país:<br />

Búzios, o Balneário da região dos Lagos fluminense.<br />

Dentro do clima de festas, só <strong>no</strong>s resta esperar pela chegada da Befana. Em uma de<br />

<strong>no</strong>ssas matérias, explicamos a origem da história dessa bruxinha que leva doces para as<br />

crianças de bom comportamento. Para as outras, só um pedaço de carvão. Espero que<br />

todos os <strong>no</strong>ssos leitores sejam agraciados com boas guloseimas.<br />

Feliz <strong>Na</strong>tal e um A<strong>no</strong> Novo de muita prosperidade!<br />

Boa leitura.<br />

Boas festas!<br />

Pietro Petraglia<br />

Editor<br />

editorial<br />

Entretenimento com cultura e informação<br />

<strong>Na</strong> escola<br />

Pela primeira vez na Itália, 40 seminaristas da diocese de Palermo, na ilha<br />

da Sicília, terão um curso sobre a máfia durante sua preparação como<br />

sacerdotes. Segundo o reitor do seminário, Raffaele Manga<strong>no</strong>, “é preciso se<br />

levar em conta que ser sacerdote em Palermo não é o mesmo que em Milão”.<br />

Os seminaristas participarão de conferências e encontros organizados por sociólogos.<br />

Especialistas em máfia e párocos explicarão a estrutura e a maneira<br />

de agir da Cosa Nostra, assim como sua evolução e influência na região. Há<br />

15 a<strong>no</strong>s, foi assassinado em Palermo o padre Pi<strong>no</strong> Puglisi em represália por<br />

suas ações contra os traficantes de drogas e suas homilias, nas quais condenava<br />

as ações dos mafiosos.<br />

Quem aceita?<br />

Um partido de extremadireita<br />

italia<strong>no</strong> está<br />

oferecendo 1.500 euros (cerca<br />

de 4,5 mi reais) para pais<br />

que decidam dar a seus filhos<br />

o <strong>no</strong>me do líder fascista<br />

Benito Mussolini ou de sua<br />

mulher, Rachele. O peque<strong>no</strong><br />

Movimento Sociale-Fiamma<br />

Tricolore (MS-FT) nega que a<br />

atitude tenha alguma co<strong>no</strong>tação<br />

racista e afirma que os<br />

<strong>no</strong>mes Benito e Rachele são<br />

apenas “bons”. Para ganhar a<br />

recompensa, pelo me<strong>no</strong>s um<br />

dos pais precisa ser italia<strong>no</strong>.<br />

Rome<strong>no</strong>s<br />

<strong>Na</strong> Itália, 141 mil empresas<br />

estão em mãos de estrangeiros.<br />

Esse número é quase três<br />

vezes superior ao de quatro a<strong>no</strong>s<br />

atrás, segundo dados divulgados<br />

em um seminário da Caritas de<br />

Milão. Dessas, 27 mil pertencem<br />

a rome<strong>no</strong>s, a primeira coletividade<br />

de imigrados na Itália, com<br />

um milhão de pessoas. As empresas<br />

de propriedade de rome<strong>no</strong>s<br />

aumentaram em 143%, desde<br />

2004. Atuam principalmente <strong>no</strong><br />

ramo de construção, manufatura<br />

e comércio.<br />

No ar<br />

A<br />

companhia aérea alemã<br />

Lufthansa anunciou,<br />

<strong>no</strong> mês passado, a criação da<br />

Lufthansa Itália. A partir de<br />

fevereiro, a <strong>no</strong>va empresa vai<br />

voar, a partir de Milão, para:<br />

Barcelona, Paris, Bruxelas,<br />

Budapeste, Bucareste, Madri,<br />

Londres e Lisboa.<br />

Rapidinhas<br />

● Ex-ministro da Cultura do <strong>Brasil</strong>,<br />

o cantor Gilberto Gil obteve<br />

o passaporte italia<strong>no</strong>. Sua mulher,<br />

Flora Giorda<strong>no</strong>, descendente<br />

de italia<strong>no</strong>s, obteve o documento<br />

<strong>no</strong> a<strong>no</strong> passado.<br />

● A cidade paulista de Tatuapé<br />

comemorou a 1ª Festa di<br />

San Raffaelle. Apresentação do<br />

Grupo Folclórico Bella Itália e<br />

do Assurd, com músicas típicas<br />

do Sul da Itália, animaram o<br />

evento promovido pelo Consulado<br />

Geral da Itália.<br />

No campo<br />

A<br />

Museu de Arte de Cleveland, <strong>no</strong>s Estados Unidos, concordou<br />

O em devolver 14 tesouros antigos à Itália em troca de uma<br />

exibição temporária de outras peças. Segundo o gover<strong>no</strong> italia<strong>no</strong>,<br />

as obras foram roubadas ou saqueados do país e serão transportadas<br />

à Itália em três meses. Entre os objetos, um par de braceletes<br />

etruscos de prata, feitos <strong>no</strong> século 6 a.C. e uma estátua de<br />

bronze de um guerreiro, que data entre os séculos 8 a.C. e 9 a.C.,<br />

originária da ilha da Sardenha. Segundo os especialistas, é um<br />

dos poucos trabalhos que sobraram da cultura nativa da Sardenha,<br />

antes da ilha ser conquistada por Roma.<br />

o mesmo tempo, <strong>no</strong> gover<strong>no</strong>, o ministro do Interior<br />

italia<strong>no</strong>, Roberto Maroni, inaugurou um local de<br />

agro-turismo em uma propriedade de Corleone, na província<br />

siciliana de Palermo, confiscada do chefe mafioso Totò<br />

Rina. “O confisco dos patrimônios é o caminho a percorrer<br />

até o final para provar que o crime não compensa. Todos<br />

os recursos da máfia serão tomados pelo Estado e devolvidos<br />

aos cidadãos”, afirmou o ministro, lembrando que só<br />

este a<strong>no</strong>, na província de Palermo, foram apreendidos 571<br />

milhões de euros em bens de mafiosos.<br />

● Presidente do Circolo Italia<strong>no</strong><br />

de Jundiaí, Edivaldo Bronzeri,<br />

assumiu a vice-presidência<br />

do Conselho Municipal de<br />

Relações Internacionais.<br />

- Morreu o roteirista italia<strong>no</strong> Ennio<br />

De Concini, aos 85 a<strong>no</strong>s, em<br />

Roma. Ex-assistente de direção<br />

de Vittorio De Sica, deixa um legado<br />

de textos para mais de cem<br />

filmes, como Divórcio à Italiana,<br />

de Pietro Germi (1961), que lhe<br />

rendeu um Oscar, e O Colosso de<br />

Rodes, de Sergio Leone (1961).<br />

Divulgação<br />

Destaque<br />

femini<strong>no</strong><br />

Emma Marcegaglia, presidente<br />

da poderosa<br />

Confederação das Indústrias<br />

Italianas (Confindustria) está<br />

entre as 50 mulheres de<br />

maior destaque na eco<strong>no</strong>mia<br />

e nas finanças, segundo classificação<br />

do Wall Street Journal<br />

Europe. A publicação fez<br />

um ranking dedicado às “top<br />

women to watch”, mulheres<br />

dirigentes de maior prestígio<br />

<strong>no</strong> mundo. Segundo o jornal,<br />

a eleição de Marcegaglia à<br />

presidência da Confindustria<br />

é “um raro exemplo” de mulher<br />

em uma posição de primeiro<br />

pla<strong>no</strong> <strong>no</strong> setor de business<br />

na Itália. Marcegaglia<br />

é a única <strong>italiana</strong> na lista e<br />

ocupa o 44º lugar da classificação.<br />

<strong>Na</strong> Confindustria,<br />

ela sucedeu Luca di Montezemolo<br />

que já foi apontado<br />

pelo Financial Times como<br />

um dos 50 melhores managers<br />

do mundo.<br />

Vai <strong>no</strong> Google<br />

Em parceria com o Projeto<br />

Roma Renascida, o Google<br />

lançou o site Roma em 3D como<br />

parte do Google Earth. Agora, os<br />

visitantes podem conhecer uma<br />

Roma de 1688 a<strong>no</strong>s atrás, governada<br />

pelo imperador Constanti<strong>no</strong>.<br />

Arqueólogos e artistas gráficos<br />

conseguiram criar versões de<br />

6700 construções da época, com<br />

destaque para o Coliseu, o Fórum,<br />

a Basílica Juliana e o Templo de<br />

Vesta. Acompanham as ilustrações,<br />

250 textos informativos.<br />

8 C o m u n i t à I t a l i a n a / De z e m b r o 2008<br />

D e z e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 9


opinião<br />

frases<br />

enquete<br />

Lewis Hamilton é campeão mundial<br />

de Fórmula 1. O título é merecido?<br />

Sim – 58,3%<br />

“Non è un fatto episodico<br />

ma si inserisce in un lavoro<br />

intenso in corso ormai da<br />

mesi che è passato attraverso<br />

l’intensificazione delle forze<br />

di polizia sul territorio,<br />

Alfredo Mantova<strong>no</strong>,<br />

sottosegretario agli Interni,<br />

parlando dell’arresto di Gianluca<br />

Bidognetti, legato alla mafia<br />

<strong>italiana</strong>.<br />

Senado brasileiro aprova projeto que<br />

proíbe modelos muito magras nas<br />

passarelas. Você concorda?<br />

Sim – 75%<br />

“Con le leggi razziali, il popolo italia<strong>no</strong> si è diviso in<br />

tre parti: una piccola parte, quella dei giusti che si<br />

so<strong>no</strong> saputi opporre; una parte dei perfidi, che han<strong>no</strong><br />

chiesto intransigenza nell’applicazione di quelle leggi;<br />

e una parte più grande, quella dei vili, dei silenziosi e<br />

dei conformisti che han<strong>no</strong> saputo opporsi”,<br />

Gianni Aleman<strong>no</strong>, sindaco di Roma, all’inaugurazione di<br />

una lapide in omaggio agli ebrei perseguitati.<br />

“Sa qual è il mio problema? Che mi<br />

sento una bambina di dodici anni.<br />

Invece so<strong>no</strong> una donna di trentasei,<br />

ho un figlio... Io nella mia vita <strong>no</strong>n<br />

me ne so<strong>no</strong> mai voluta prendere,<br />

di responsabilità. E adesso ne sto<br />

pagando le conseguenze”,<br />

Alessia Marcuzzi, atrice e<br />

presentatrice <strong>italiana</strong>, parlando della<br />

crisi della sua relazione con il portiere<br />

del Chelsea, Carlo Cudicini.<br />

“C’è veramente qualcu<strong>no</strong> che<br />

crede che ciò che ho detto <strong>no</strong>n<br />

era un complimento?”,<br />

Silvio Berlusconi, premier<br />

italia<strong>no</strong>, parlando delle critiche<br />

ricevute quando ha detto<br />

che il futuro presidente degli<br />

Stati Uniti, Barack Obama, è<br />

“giovane, bello e abbronzato”.<br />

Você já sente os efeitos da crise<br />

econômica em sua vida?<br />

Sim – 80%<br />

agenda<br />

Foto g r a f i a (RJ)<br />

O fotógrafo italia<strong>no</strong> Roberto Cavanna<br />

traz ao Rio o material de<br />

“La Fête du Costume” que acontece<br />

em Arles (França) todos os<br />

a<strong>no</strong>s, <strong>no</strong> mês de julho. A tradição<br />

existe desde 1903. Começou<br />

com um pedido do escritor Frédéric<br />

Mistral para que 18 garotas<br />

desfilassem pela cidade com<br />

uma fita e um vestido, para marcar<br />

a passagem à idade adulta<br />

(até os quinze a<strong>no</strong>s elas podiam<br />

colocar só o traje tradicional).<br />

No a<strong>no</strong> seguinte, a participação<br />

alcançou 350 moças e ocupou<br />

o Théâtre Antique de Arles <strong>no</strong><br />

chamado Festo Vierginenco. A<br />

na estante<br />

cada três a<strong>no</strong>s, o evento coroa<br />

uma rainha. Até 25 de janeiro.<br />

No Centro Cultural Justiça Federal<br />

(Av. Rio Branco, 241 – Centro,<br />

Rio de Janeiro). De terça a<br />

domingo, das 12 às 19h. Informações:<br />

(21) 3261-2550.<br />

Ler Pi r a n d e l l o (SP)<br />

O escritor italia<strong>no</strong> poderá ser<br />

desvendado em um curso oferecido<br />

pelo Instituto Italia<strong>no</strong><br />

de Cultura (IIC-SP). A programação<br />

segue itinerário didático<br />

alternativo oferecido aos apaixonados<br />

pela literatura e o teatro,<br />

que tenham adquirido um<br />

bom nível de conhecimento da<br />

língua <strong>italiana</strong>. Ministrado pelo<br />

ator italia<strong>no</strong> Alvise Camozzi,<br />

o estudo contará com análise<br />

de alguns personagens emblemáticos<br />

da vasta produção teatral<br />

pirandelliana, em sete aulas<br />

com duração de 2 horas, todas<br />

as segundas-feiras. Até 9 de<br />

fevereiro. Matrícula: 240 reais<br />

(parcelado em até 3 vezes). Rua<br />

Frei Caneca, 1071. Informações:<br />

(11) 3285-6933.<br />

Hospedaria de Imigrantes de São Paulo. De autoria de Odair<br />

da Cruz Paiva e Soraya Moura, o livro integra a Coleção “São<br />

Paulo <strong>no</strong> Bolso”. Inaugurada em 1888, <strong>no</strong> bairro do Brás, a<br />

Hospedaria de Imigrantes foi o primeiro endereço para grande<br />

parte daqueles que vieram para São Paulo. Representou mais<br />

do que um lugar de hospedagem provisória para imigrantes,<br />

entre eles italia<strong>no</strong>s que chegaram em busca de melhores condições<br />

de vida. Durante <strong>no</strong>venta a<strong>no</strong>s, o local presenciou e<br />

foi sujeito de um tempo de rápidas transformações. De pequena<br />

cidade <strong>no</strong> século 19 a grande metrópole <strong>no</strong> século 20,<br />

São Paulo foi palco de mudanças consecutivas <strong>no</strong> seu contexto<br />

social e econômico. Grande parte delas foi produzida por<br />

aqueles que passaram pela hospedaria. Suas atividades foram<br />

encerradas em 1978 e, hoje, o lugar abriga o Memorial do Imigrante.<br />

Editora Paz e Terra, 101 páginas, preço sob consulta.<br />

<strong>Na</strong> companhia da cortesã. No a<strong>no</strong> de 1527, Roma sofre um de<br />

seus mais terríveis ataques, quando soldados do imperador Carlos<br />

V avançam sobre as muralhas da cidade, pilhando tudo o que<br />

encontram pela frente. Em meio ao caos, a cortesã Fiammetta<br />

Bianchini e seu cafetão e parceiro, o anão Buci<strong>no</strong> Teodoldi, fogem<br />

para Veneza. Com muita coragem e astúcia, os dois se infiltram<br />

na sociedade local, desfrutando a luxúria e o pecado que<br />

desfilam pelos palácios suntuosos da cidade. Fiammetta, atraindo<br />

e satisfazendo os homens, começa a acumular uma pequena<br />

fortuna. Entretanto, uma jovem misteriosa pode colocar em risco<br />

a riqueza da cortesã. O romance de Sarah Dunant é recheado<br />

de precisão histórica. Editora Record, 392 páginas, 45 reais.<br />

Ca n ç ã o i ta l i a n a (SP)<br />

Sete encontros dedicados à música<br />

popular <strong>italiana</strong> compõem o<br />

curso que será realizado <strong>no</strong> IIC-<br />

SP. Ministrados em língua <strong>italiana</strong>,<br />

prevêem, entre outras coisas,<br />

a audição de trechos musicais<br />

selecionados e debate sobre<br />

a letra das músicas. As aulas começam<br />

pelas origens da música<br />

<strong>italiana</strong>, recordam o Festival de<br />

Sanremo, os a<strong>no</strong>s 60 e a contestação,<br />

seguem pelos a<strong>no</strong>s 70 e o<br />

nascimento dos cantores e compositores<br />

até chegar <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s 80<br />

e 90 e <strong>no</strong> período das grandes<br />

vozes femininas. Com dez horas<br />

e 30 minutos de aulas, sempre às<br />

quartas-feiras, tem investimento<br />

de 180 reais (parcelado em até 3<br />

vezes). Até 11 de fevereiro. Rua<br />

Frei Caneca, 1071. Informações:<br />

(11) 3285 6933.<br />

click do leitor<br />

serviço<br />

endo filha de calabreses, a Calá-<br />

é roteiro certo em minhas<br />

“Sbria<br />

viagens à Itália. Nesta foto, estou na entrada<br />

do Santuário de São Francisco de<br />

Paula, um lugar que vale a pena visitar.<br />

Lá, encontramos em exposição uma bomba<br />

que em 1943 caiu ao lado do Santuário,<br />

mas que não explodiu!”<br />

Eliana Iozzi,<br />

Rio de Janeiro, RJ, por e-mail<br />

Mande sua foto comentada para esta coluna<br />

pelo e-mail: redacao@comunita<strong>italiana</strong>.com.br<br />

Arquivo pessoal<br />

Não – 41,7%<br />

Enquete apresentada <strong>no</strong> site www.comunita<strong>italiana</strong>.com<br />

entre os dias 4 a 7 de <strong>no</strong>vembro.<br />

Não – 25%<br />

Enquete apresentada <strong>no</strong> site www.comunita<strong>italiana</strong>.com<br />

entre os dias 11 e 14 de <strong>no</strong>vembro.<br />

ERRATA: Ao contrário do publicado na matéria In partenza, o diplomata Massimo Bellelli é Salernita<strong>no</strong>.<br />

ERRATA: Al contrario di ciò che abbiamo pubblicato nel servizio In partenza, il diplomatico Massimo Bellelli è salernita<strong>no</strong>.<br />

Não – 20%<br />

Enquete apresentada <strong>no</strong> site www.comunita<strong>italiana</strong>.com<br />

entre os dias 14 a 18 de <strong>no</strong>vembro.<br />

cartas<br />

uma pena saber que o cônsul da Itália <strong>no</strong> Rio de Janeiro está<br />

“É indo embora. Durante esses quatro a<strong>no</strong>s, percebi o quanto ele<br />

foi influente e valorizou a cultura <strong>italiana</strong> por aqui. Como prova, tivemos<br />

as edições da Festa da República que foram ótimas. Torço para que o<br />

seu sucessor seja tão próximo das pessoas quanto o senhor Bellelli foi”.<br />

Bianca Santoro – Rio de Janeiro – RJ – por e-mail<br />

dorei a matéria sobre Paraty. A cidade é mesmo uma graça,<br />

“Atem uma rica cultura e, definitivamente, não é difícil perceber<br />

a presença da ‘<strong>italiana</strong>da’ na área. Sempre que posso viajo para o local.<br />

Um lugar cheio de história e praia. Não posso querer outra coisa além<br />

disso e tão perto de casa”.<br />

Sandra Marques – Angra dos Reis – RJ – por e-mail<br />

10 C o m u n i t à I t a l i a n a / De z e m b r o 2008<br />

D e z e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 11


Opinione<br />

Franco Urani<br />

Opinione<br />

Ezio Maranesi<br />

eziomaranesi@terra.com.br<br />

In tempi di<br />

recessione<br />

L’ondata di insolvenze è arrivata come un immenso e inatteso<br />

tsumani, con effetti generalizzati e conseguenze imprevedibili<br />

Gli squilibri del vorticoso<br />

sviluppo uma<strong>no</strong> da tempo<br />

desta<strong>no</strong> profonde preoccupazioni.<br />

Ricordiamo di seguito<br />

alcuni effetti: la crescita incontrollabile<br />

della popolazione; le<br />

emigrazioni di masse di disperati<br />

nei paesi sviluppati; l’aumento dei<br />

divari sociali; il sorgere improvviso<br />

di nuove grandi potenze mondiali<br />

quali Cina ed India; i consumi<br />

esagerati di beni voluttuari per<br />

le pressioni del mercato e di una<br />

martellante pubblicità con pesanti<br />

indebitamenti personali; lo sfruttamento<br />

del pianeta che ormai eccede<br />

nettamente le sue possibilità<br />

di rigenerazione; gli e<strong>no</strong>rmi sprechi<br />

e l’ingente accumulo di rifiuti<br />

sempre più difficili da smaltire;<br />

l’inquinamento della terra, del cielo<br />

e la variazione ormai incontrollabile<br />

delle condizioni atmosferiche<br />

con l’elevazione della temperatura<br />

e la fusione accellerata dei<br />

ghiacci; la precarietà del lavoro; il<br />

tempo di vita umana che si allunga<br />

rapidamente grazie alle nuove<br />

tec<strong>no</strong>logie mediche (fatto di per<br />

sé positivo, ma assai oneroso per<br />

la società); la mancanza di ideali<br />

e il superamento delle tradizioni;<br />

una generalizzata politica inefficiente,<br />

corrotta e di bassissimo livello;<br />

guerre insensate ed interminabili;<br />

la droga che dilaga e debilita<br />

i <strong>no</strong>stri giovani, e si potrebbe<br />

andare avanti.<br />

E poi vi è il flagello della libera<br />

finanza globalizzata, antietica,<br />

basata sulla politica di pochi miliardari<br />

e dei loro rampanti giovani<br />

collaboratori per speculare pesantemente<br />

sulle presunte tendenze<br />

del mercato, provocando fe<strong>no</strong>meni<br />

inattesi e rapidissimi, con e<strong>no</strong>rmi<br />

applicazioni e spostamenti di<br />

capitali spesso allo scoperto; un<br />

caos senza frontiere, che ha provocato<br />

recentemente aumenti del<br />

50/100% di beni basici quali petrolio,<br />

rame, minerale di ferro,<br />

prodotti siderurgici e agricoli, che<br />

so<strong>no</strong> poi improvvisamente crollati<br />

di prezzo dallo scorso settembre,<br />

trattandosi di fe<strong>no</strong>meni prettamente<br />

speculativi.<br />

Si crea<strong>no</strong> così e<strong>no</strong>rmi masse<br />

finanziarie vaganti generate da<br />

speculatori internazionali, sceicchi,<br />

paesi tipo Cina che accumula<strong>no</strong><br />

– per politiche di lavoro e<br />

ambientali lontanissime dai livelli<br />

europei e <strong>no</strong>rdamericani – ingenti<br />

saldi nella bilancia commerciale,<br />

mentre altri paesi e la maggioranza<br />

dei piccoli e medi risparmiatori<br />

vengo<strong>no</strong> rapidamente depauperati<br />

delle loro risorse e risparmi.<br />

U<strong>no</strong> dei grossi problemi della<br />

crisi di Settembre è che so<strong>no</strong> state<br />

colpite pesantemente le banche,<br />

di cui varie di prima grandezza. Fi<strong>no</strong><br />

a qualche tempo fa, la funzione<br />

della banca era quella di raccogliere<br />

i risparmi dei cittadini, di scegliere<br />

oculatamente iniziative produttive<br />

da finanziare entro le loro<br />

possibilità, di dare ai risparmiatori<br />

un equo compenso, così come avvenuto<br />

per esempio nell´Italia del<br />

dopoguerra con la trasformazione<br />

di decine di migliaia di famiglie<br />

contadine in piccoli industriali che<br />

si so<strong>no</strong> via via consorziati e potenziati<br />

costituendo i famosi distretti<br />

industriali. L’errore recente delle<br />

banche - ed anche principale motivo<br />

delle attuali tempeste finanziarie<br />

- è stato quello di abbondare<br />

nella facile concessione dei mutui<br />

a lunga scadenza (anche trentennali)<br />

per l’agognato acquisto della<br />

casa propria, estendendoli a coloro<br />

che <strong>no</strong>n dava<strong>no</strong> sufficienti garanzie<br />

finanziarie, anche per l’ormai<br />

dilagare del lavoro precario. I bassi<br />

tassi d’interesse rendeva<strong>no</strong> apparentemente<br />

l’operazione di acquisto<br />

più conveniente dell’affitto,<br />

senza tenere conto che gli interessi<br />

era<strong>no</strong> generalmente variabili,<br />

che il boom dei mutui aveva provocato<br />

un parallelo boom immobiliare<br />

con prezzi alle stelle, che la<br />

garanzia dell’immobile spesso <strong>no</strong>n<br />

è sufficiente, sia per i tempi legali<br />

che richiede il riscatto, sia perché<br />

la retrazione del mercato provoca<br />

la riduzione di prezzo del bene pig<strong>no</strong>rato.<br />

Potendo le banche, nel<br />

liberismo e globalizzazione fi<strong>no</strong>ra<br />

vigenti, prestare molto di più di<br />

quanto possedeva<strong>no</strong>, girava<strong>no</strong> poi<br />

titoli ad organizzazioni finanziarie<br />

internazionali spesso insediate in<br />

paradisi fiscali. Con l’aumento delle<br />

inadempienze si è poi scatenato<br />

ovunque un panico, certamente<br />

eccessivo, che ha fatto scoppiare<br />

improvvisamente la cosiddetta<br />

bolla che ha scosso profondamente<br />

tutti i mercati. Gli Stati so<strong>no</strong><br />

stati costretti ad intervenire pesantemente<br />

in soccorso delle loro<br />

banche, e i risparmiatori indotti a<br />

smobilizzare i loro risparmi in borsa<br />

con crollo delle quotazioni azionarie.<br />

Nel caso del <strong>Brasil</strong>e – che<br />

aveva operato con cautela e prudenza<br />

– si è verificato l’accellerato<br />

ritiro delle applicazioni finanziarie<br />

straniere e dei lucri delle multinazionali,<br />

per far fronte alle prementi<br />

necessità dei paesi d´origine.<br />

Temendosi una flessione econ<strong>no</strong>mica,<br />

so<strong>no</strong> rapidamente crollati i<br />

prezzi delle materie prime.<br />

Difficile dire che cosa succederà,<br />

se una pausa dello sviluppo<br />

eco<strong>no</strong>mico o, più probabilmente<br />

in Europa ed America, una recessione,<br />

di chissà quale entità, che<br />

gli esperti ritengo<strong>no</strong> che durerà<br />

quanto me<strong>no</strong> fi<strong>no</strong> a tutto, o gran<br />

parte, del 2009, occorre vedere<br />

con quali conseguenze sociali. Altra<br />

incognita è se gli Stati avran<strong>no</strong><br />

disponibilità sufficienti a sostenere<br />

banche, eco<strong>no</strong>mia, disoccupazione,<br />

o se saran<strong>no</strong> costretti ad<br />

emettere carta moneta con conseguenze<br />

inflazionistiche, e questo<br />

sarebbe un altro grosso guaio.<br />

La sensazione è che siamo arrivati<br />

ad una svolta, molto pericolosa.<br />

E cioè, fermi restando i<br />

principi della libera concorrenza<br />

capitalistica, gli Stati dovrebbero<br />

disporre in un prossimo futuro<br />

dei mezzi e strutture per organizzare,<br />

orientare, <strong>incentiva</strong>re e<br />

controllare gli investimenti utili<br />

all’umanità.. Dopo l’indigestione<br />

consumistica e speculativa, dovrebbe<br />

cioè gradualmente sorgere<br />

l’UOMO NUOVO, cosciente<br />

degli autentici valori esistenziali,<br />

dell’importanza di preservare<br />

l’ambiente, dell’armoniosa convivenza<br />

in giustizia sociale, della<br />

necessità di limitare i consumi<br />

ed eliminare gli sprechi, di<br />

aumentare le sue co<strong>no</strong>scenze e<br />

qualità etica di vita. Ci conforta<br />

al riguardo l’elezione del 4/11<br />

alla presidenza degli Stati Uniti<br />

- massima potenza eco<strong>no</strong>mica,<br />

principale responsabile dei <strong>no</strong>stri<br />

progressi e problemi - di Barack<br />

Obama, che potrebbe rappresentare<br />

– per età, razza, umili origini,<br />

programmi – l’inizio dell’era<br />

che auspichiamo.<br />

Sog<strong>no</strong> di<br />

una <strong>no</strong>tte di<br />

quasi estate<br />

Il costo delle riforme: perdere le elezioni<br />

Primavera 2013: elezioni<br />

politiche in arrivo. Berlusconi,<br />

che crede poco ai<br />

sondaggi degli altri, lapis<br />

in ma<strong>no</strong>, fa i suoi conti. Esamina,<br />

una per una, le riforme fatte<br />

durante il quinquennio di gover<strong>no</strong>.<br />

Aveva deciso nel 2008, con<br />

l’aiuto di Tremonti, di raddrizzare<br />

i conti pubblici. Aveva anche<br />

letto “La Casta” e “La Deriva”, i<br />

due libri di G.Stella e S.Rizzo che<br />

racconta<strong>no</strong> le incredibili demenziali<br />

forme di sperpero del danaro<br />

pubblico, e aveva deciso di intervenire<br />

sulle vergog<strong>no</strong>se situazioni<br />

di privilegio di cui <strong>no</strong>n pochi<br />

italiani godeva<strong>no</strong>. Situazioni che<br />

si era<strong>no</strong> sedimentate nel tempo,<br />

legalmente e illegalmente, difficili<br />

da rimuovere perché la legge,<br />

o le abitudini, o i sindacati, o le<br />

mafie, o le caste, ecc. le aveva<strong>no</strong><br />

pietrificate e rese inattaccabili.<br />

Sapeva di poter soltanto “iniziare”<br />

un processo: solo un cambio<br />

generazionale avrebbe digerito il<br />

risanamento della palude. Sapeva<br />

anche che toccare gli ingiusti privilegi<br />

di alcuni milioni di italiani<br />

che gli aveva<strong>no</strong> dato il voto voleva<br />

dire rischiare il posto, ma pensò<br />

che valeva la pena tentare.<br />

Iniziò con la scuola. L’università<br />

era la parte cruciale. Baronie,<br />

clientelismo, migliaia di sedi e di<br />

cattedre inutili: un fronte potente<br />

che drenava soldi pubblici e<br />

impediva una ricerca seria e impegnata.<br />

Un fronte che mobilitò<br />

le piazze: la sinistra studentesca<br />

sempre e comunque contro,<br />

contro persi<strong>no</strong> i propri interessi<br />

degli studenti. La riforma riuscì,<br />

ma Berlusconi perse voti. Pensò<br />

poi alla previdenza sociale. Aveva<br />

fatto passare, tra e<strong>no</strong>rmi difficoltà,<br />

l’aumento dell’età pensionabile<br />

per evitare la bancarotta<br />

dell’INPS. Aveva fatto cancellare<br />

migliaia di pensioni di invalidità<br />

fasulle e ridimensionare migliaia<br />

di pensioni “dorate”. Ottenne un<br />

successo parziale – le leggi e<br />

i sindacati <strong>no</strong>n permisero di fare<br />

meglio – ma perse molti voti.<br />

Tentò allora di far pagare le tasse<br />

a chi <strong>no</strong>n le pagava. Fu una lotta<br />

durissima e i successi furo<strong>no</strong><br />

modesti, ma si era dato inizio ad<br />

un processo che avrebbe potuto<br />

cambiare la società. Gli evasori<br />

era<strong>no</strong> milioni, ed era<strong>no</strong> tutti voti<br />

persi. Volle la modernizzazione<br />

della pubblica amministrazione:<br />

costrinse i fannulloni a lavorare,<br />

soppresse migliaia di enti inutili,<br />

premiò il merito. L’efficienza dei<br />

servizi migliorò, ma aveva perso<br />

un altro mezzo milione di voti.<br />

Affrontò a muso duro i molti NO-<br />

TAV che diceva<strong>no</strong> <strong>no</strong> alle opere di<br />

infrastruttura: vinse molte battaglie<br />

e perse altri voti. Molte riforme<br />

si fecero e altri voti si persero;<br />

feriva<strong>no</strong> privilegi ritenuti<br />

sacrosanti.<br />

In altre campi i risultati furo<strong>no</strong><br />

modestissimi: per esempio<br />

<strong>no</strong>n era stato ridotto il numero<br />

dei politici ed il loro costo. Sarebbe<br />

stata infatti necessaria<br />

la partecipazione di tutto l’arco<br />

parlamentare per modificare la<br />

Costituzione, e nulla fu fatto.<br />

Poco migliorò l’efficienza della<br />

magistratura, e <strong>no</strong>n si fan<strong>no</strong> riforme<br />

profonde senza il supporto<br />

efficiente della legge. Le varie<br />

camorre continuaro<strong>no</strong> a prosperare;<br />

leggi se ne fecero, ma il<br />

cancro rimase. È un problema di<br />

cultura e di coscienze.<br />

Berlusconi fece il conto di<br />

quanti voti gli restava<strong>no</strong>: circa<br />

una ventina, tra cui il suo. Le elezioni<br />

era<strong>no</strong> perse, ma <strong>no</strong>n le speranze,<br />

<strong>no</strong><strong>no</strong>stante la modestia dei<br />

risultati. Alme<strong>no</strong> ci aveva provato.<br />

Decise di ritirarsi dalla politica.<br />

Nel 2035 una nuova Italia gli<br />

dedicherà un monumento.<br />

Al risveglio dal sog<strong>no</strong>, in<br />

quel matti<strong>no</strong> di quasi estate del<br />

<strong>no</strong>vembre 2008, scorsi come di<br />

costume i giornali italiani in internet.<br />

Sciopero delle università,<br />

sciopero dei piloti Alitalia, le solite<br />

dichiarazioni inutili dei politici,<br />

quelle idiote degli intellettuali<br />

alla Camilleri, quelle distruttive<br />

dei giornalisti alla Travaglio, casi<br />

di mafia e di mala-sanità, la difficile<br />

quadratura dei conti pubblici<br />

e privati, il conservatorismo dei<br />

<strong>no</strong>stri sindacati mesozoici. Normale<br />

amministrazione. Mi chiedo,<br />

ma è una domanda superflua,<br />

se <strong>no</strong>n sia la sinistra progressista<br />

che adori il <strong>no</strong>stro immobilismo. È<br />

chiaro che c’è bisog<strong>no</strong> di un’azione<br />

forte di gover<strong>no</strong> per cambiare<br />

l’Italia. E c’è bisog<strong>no</strong> che cambi<strong>no</strong><br />

le coscienze degli italiani. Ci<br />

vuole poi un condottiero che guidi<br />

il processo e che accetti di perdere<br />

le prossime elezioni. Dubito<br />

che Berlusconi abbia la vocazione<br />

del martire.<br />

12<br />

C o m u n i t à I t a l i a n a / De z e m b r o 2008


Opinione<br />

Fabio Porta<br />

fabioporta@fabioporta.com<br />

Il mondo cambia<br />

L’elezione di Barack Obama e la speranza di un nuovo mondo all’insegna del multilateralismo. La grande<br />

aspettativa e l’interesse che in Italia e in <strong>Brasil</strong>e han<strong>no</strong> accompagnato questo storico avvenimento<br />

Mentre stringevo la ma<strong>no</strong><br />

al Presidente <strong>Lula</strong>, qui<br />

a Roma a pochi giorni<br />

dall’elezione di Barack<br />

Obama a Presidente degli Stati<br />

Uniti d’America, pensavo tra me e<br />

me: “Questo secolo è iniziato con<br />

l’elezione di un metalmeccanico<br />

<strong>no</strong>rdesti<strong>no</strong> a Presidente della Repubblica<br />

del <strong>Brasil</strong>e e adesso prosegue<br />

con un afro-america<strong>no</strong> per<br />

la prima volta Presidente della<br />

più grande potenza mondiale:<br />

forse <strong>no</strong>n è soltanto u<strong>no</strong> slogan<br />

continuare a dire che ‘un nuovo<br />

mondo è possibile’!”<br />

La vittoria di Obama è sicuramente<br />

un evento di portata storica<br />

straordinaria, e per capirlo<br />

basta osservare l’effetto, <strong>no</strong>n soltanto<br />

mediatico, della sua elezione<br />

in tutto il mondo. Il mondo<br />

africa<strong>no</strong>, l’Asia ed il medio-oriente,<br />

l’Europa e il Sudamerica han<strong>no</strong><br />

seguito come <strong>no</strong>n accadeva da<br />

anni l’andamento e l’esito della<br />

campagna elettorale americana.<br />

Gli otto pe<strong>no</strong>si anni del Presidente<br />

George Bush, segnati dalla<br />

disastrosa guerra in Irak e terminati<br />

con una delle più gravi crisi<br />

finanziarie mondiali dopo il crollo<br />

delle borse del 1929, sembrava<strong>no</strong><br />

diventati un macig<strong>no</strong> capace<br />

di chiudere e mortificare definitivamente<br />

le speranze di un mondo<br />

nuovo, all’insegna di un multilateralismo<br />

in grado di superare<br />

l’unilateralismo america<strong>no</strong> rafforzatosi<br />

dopo il crollo del sistema<br />

sovietico che aveva caratterizzato<br />

la fine del secolo scorso.<br />

La voglia di cambiamento, divenuta<br />

in questi ultimi mesi quasi<br />

un imperativo categorico, ha<br />

così accompagnato e portato al<br />

trionfo elettorale Barack Obama,<br />

sospinto dalla forza delle nuove<br />

generazioni bianche, dagli ispanici<br />

e dagli afro-americani, come<br />

anche da milioni di ‘tifosi’ che<br />

a qualsiasi latitudine della terra<br />

han<strong>no</strong> sperato e creduto fortemente<br />

in un cambiamento capace<br />

di incidere anche su u<strong>no</strong> scenario<br />

internazionale così trasformatosi<br />

in questi ultimi anni.<br />

Torniamo a <strong>Lula</strong>. Nel corso<br />

del G20 dei Presidenti delle<br />

Banche Centrali e dei Ministri<br />

dell’Eco<strong>no</strong>mia, il Presidente brasilia<strong>no</strong><br />

ha chiesto a gran voce “nuove<br />

regole per governare la crisi” e<br />

soprattutto “una nuova architettura<br />

finanziaria” in grado di dare<br />

peso e voce ai Paesi emergenti come<br />

anche a quelli in via di sviluppo.<br />

Anche questa è una richiesta<br />

di cambiamento ormai <strong>no</strong>n più<br />

eludibile e prorogabile. Il prossimo<br />

an<strong>no</strong> saran<strong>no</strong> le eco<strong>no</strong>mie del<br />

BRIC (<strong>Brasil</strong>e, Russia, India e Cina)<br />

a sospingere l’eco<strong>no</strong>mia mondiale;<br />

tutti gli altri Stati avanzati affronteran<strong>no</strong><br />

la recessione mondiale. Un<br />

dato come questo è sufficiente per<br />

spiegare l’entità di una vera e propria<br />

‘rivoluzione’, che in pochi anni<br />

ha sconvolto il sistema internazionale<br />

e per motivare la necessità di<br />

un nuovo ordine mondiale in grado<br />

di regolare i processi eco<strong>no</strong>micofinanziari,<br />

a partire dal commercio<br />

internazionale, ancora eccessivamente<br />

e ingiustamente ingessato<br />

da blocchi e protezioni volute<br />

da quelli che una volta consideravamo<br />

i paesi ricchi (e che adesso<br />

<strong>no</strong>n lo so<strong>no</strong> più tanto, mentre altri<br />

attori eco<strong>no</strong>mici si so<strong>no</strong> affacciati<br />

sulla scena mondiale).<br />

È per queste ragioni che<br />

l’elezione del nuovo Presidente<br />

degli Stati Uniti è un avvenimento<br />

storico, che va al di là delle<br />

semplici considerazioni di politica<br />

interna americana, ma anche<br />

al di là delle ovvie ricadute internazionali<br />

dell’insediamento di un<br />

nuovo inquili<strong>no</strong> alla Casa Bianca.<br />

Vista dall’Italia l’elezione di<br />

Obama ha sicuramente un significato<br />

particolare: proprio in questi<br />

mesi il <strong>no</strong>stro Paese è alle prese<br />

con una crisi eco<strong>no</strong>mica che <strong>no</strong>n<br />

ha precedenti nel dopoguerra.<br />

Al tempo stesso il grande<br />

flusso di immigrati, quasi sempre<br />

giunti in Italia per fare lavori che<br />

i <strong>no</strong>stri connazionali <strong>no</strong>n fan<strong>no</strong><br />

più, ha fatto crescere in maniera<br />

preoccupante episodi di razzismo<br />

e inciviltà. L’attuale gover<strong>no</strong><br />

ha spesso “soffiato sul fuoco”,<br />

sfruttando demagogicamente tale<br />

xe<strong>no</strong>fobia e alimentando sentimenti<br />

di odio razziale attraverso<br />

precise misure legislative (le<br />

impronte digitali per schedare i<br />

bambini rom, le classi separate<br />

per immigrati…).<br />

Le infelici ‘battute’ del Presidente<br />

Berlusconi sul neo-Presidente<br />

degli Stati Uniti “bello, giovane<br />

e… abbronzato” <strong>no</strong>n migliora<strong>no</strong><br />

di certo tale situazione e, come<br />

ha giustamente detto la figlia<br />

di Bob Kennedy, “so<strong>no</strong> un pessimo<br />

esempio per l’Italia che ha problemi<br />

di integrazione etnica”.<br />

So<strong>no</strong> tante quindi le ragioni<br />

che ci spingo<strong>no</strong> a guardare con<br />

speranza e fiducia all’America del<br />

21 gennaio 2009, data della celebrazione<br />

ufficiale di insediamento<br />

del Presidente Barack Obama<br />

alla Casa Bianca.<br />

“Il mondo cambia” si leggeva<br />

su un manifesto affisso in tutta<br />

Italia all’indomani delle storiche<br />

elezioni americane. Il <strong>no</strong>stro augurio<br />

è che questo cambiamento<br />

sia seguito dalla costruzione di un<br />

nuovo modello di relazioni internazionali,<br />

fondato su un reale multilateralismo<br />

e su una corretta ed<br />

equa integrazione dei sistemi eco<strong>no</strong>mici<br />

e commerciali; un modello<br />

in grado di dare nuovo slancio alle<br />

eco<strong>no</strong>mie in recessione dei Paesi<br />

avanzati, ma anche di sostenere la<br />

crescita dei Paesi emergenti.<br />

Solo da questo positivo ‘choc’<br />

potrà nascere il ‘mondo nuovo’<br />

che tutti auspichiamo, capace di<br />

integrare sempre più i Paesi in<br />

via di sviluppo, oggi terribilmente<br />

e inevitabilmente ai margini<br />

di un sistema finanziario internazionale<br />

interessato soltanto a<br />

‘salvare il salvabile’ e <strong>no</strong>n più in<br />

grado di dare risposte credibili al<br />

futuro del sistema politico-eco<strong>no</strong>mico<br />

mondiale.<br />

Molto grande<br />

In piena turbolenza provocata dalla crisi eco<strong>no</strong>mica mondiale,<br />

due delle maggiori banche private brasiliane, Itaú e Unibanco,<br />

han<strong>no</strong> annunciato il mese scorso la fusione delle loro operazioni.<br />

La transazione è risultata nella creazione della maggior banca<br />

dell’America Latina, con attivi totali di 575,1 miliardi di reais. Il<br />

valore di mercato della nuova banca sarebbe di circa 40 miliardi<br />

di dollari. Ciò fa sì che l’Itaú Unibanco Holding occupi il quarto<br />

posto nel ranking di imprese lati<strong>no</strong>americane, dopo le brasiliane<br />

Petrobras e Vale, e la messicana América Móvil.<br />

Appena grande<br />

Dopo sei mesi di negoziati, il Banco do <strong>Brasil</strong> ha acquisito il<br />

71,25% del controllo azionario della Nova Caixa, banca statale<br />

di São Paulo. È stato un affare di 5,3 miliardi di reais. È stato<br />

un ulteriore passo del Banco do <strong>Brasil</strong> per riconquistare la leadership<br />

del mercato dopo aver perso la posizione dovuto alla fusione<br />

dell’Itaú con l’Unibanco. Lo stesso presidente <strong>Lula</strong> si è impegnato<br />

a rendere fattibile l’affare insieme al governatore José Serra. L’affare<br />

rafforza del 12% il totale di attivi del Banco do <strong>Brasil</strong>, che<br />

passa a 512,4 miliardi di reais. I<strong>no</strong>ltre aumenta del 15% il volume<br />

di affari totali: 264 miliardi di reais. Malgrado ciò il Banco do <strong>Brasil</strong><br />

rimane ancora l’11% mi<strong>no</strong>re dell’ Itaú Unibanco Holding.<br />

Missione SP 1<br />

In contemporanea alla visita del presidente Luiz Inácio <strong>Lula</strong> da<br />

Silva a Roma ha avuto luogo la missione guidata dal governatore<br />

mineiro Aécio Neves in Piemonte. Il vice governatore di São<br />

Paulo e segretario di Desenvolvimento Alberto Goldman è rimasto<br />

sei giorni nelle Marche. È andato a co<strong>no</strong>scere i sistemi produttivi<br />

locali insieme ad imprenditori e rappresentanti di città<br />

che compongo<strong>no</strong> gli Arranjos Produtivos Locais (APLs) del settore<br />

mobiliero nello stato (Mirassol, Votuporanga e Regione Metropolitana).<br />

Goldman si è recato nel Centro Tec<strong>no</strong>logico per il settore<br />

mobiliero delle Marche (Cosmob), che riunisce piccole e medie<br />

imprese mobiliere e conta su un moder<strong>no</strong> centro di ricerche che<br />

analizza e certifica materiali e prodotti.<br />

Missione SP 2<br />

La delegazione paulista è anche passata da Como, città vicina<br />

a Mila<strong>no</strong>, dove ha visitato il distretto industriale della seta e<br />

un centro incubatore di imprese a Sesto San Giovanni.<br />

— L’Italia ha già una cultura di piccole e medie imprese e di<br />

sistemi produttivi, per questo qui l’iniziativa è totalmente privata.<br />

A São Paulo il gover<strong>no</strong> dello stato dovrà dare la prima spinta<br />

fi<strong>no</strong> a quando questi APLs potran<strong>no</strong> camminare da soli, in perfetta<br />

collaborazione tra le imprese coinvolte — segnala Goldman.<br />

Caffè<br />

La crisi eco<strong>no</strong>mica che scuote il mondo <strong>no</strong>n altererà i piani<br />

della Lavazza in <strong>Brasil</strong>e. Lo afferma il direttore dell’azienda<br />

in <strong>Brasil</strong>e, Massimo Locatelli. Secondo lui, la torrefazione <strong>italiana</strong><br />

vuole inaugurare una fabbrica propria di cialde di caffè espresso<br />

nell’asse Rio-São Paulo, sulla Via Dutra, entro la fine del 2010. Sarà<br />

la prima unità dell’azienda fuori dall’Italia. La nuova fabbrica<br />

darà impiego diretto a cento persone.<br />

Dicembre è il mese dell’avvento,<br />

dei giorni dell’attesa, per<br />

i cristiani u<strong>no</strong> dei momenti più<br />

importanti, l’avvento del Messia,<br />

figlio di Dio.<br />

Quest’an<strong>no</strong> il sentimento<br />

dell’attesa di un nuovo messia<br />

pervade il mondo laico.<br />

L’avvento al potere del primo<br />

presidente suntanned degli Stati<br />

Uniti è caricato d’aspettative<br />

mirabolanti, a Barak Obama si<br />

attribuisce la capacità di risolvere<br />

tutte le questioni più spi<strong>no</strong>se<br />

sul tavolo della politica mondiale,<br />

accompagnate dalla crisi<br />

dell’eco<strong>no</strong>mia statunitense.<br />

L’attesa durerà fi<strong>no</strong> al venti<br />

gennaio, data dell’investitura<br />

ufficiale, della reale presa<br />

del potere, e sarebbe bene che<br />

il clima d’euforia si moderasse,<br />

perché Obama <strong>no</strong>n è figlio di<br />

Dio, è semplicemente un esponente<br />

del Partito Democratico<br />

america<strong>no</strong>, arrivato al potere,<br />

<strong>no</strong>n per unzione divina, ma grazie<br />

alla macchina organizzativa<br />

del suo partito, alle ricchissime<br />

donazioni dei settori industriali<br />

a questi legati e alla volontà del<br />

popolo america<strong>no</strong>.<br />

Il grande merito della sua<br />

vittoria è certamente nel fatto<br />

di aver ridato agli USA il primato<br />

dei valori occidentali, in<strong>no</strong>vando<br />

soprattutto quello dell’uguaglianza,<br />

dimostrando che <strong>no</strong>n solo<br />

può arrivare al potere un cittadi<strong>no</strong><br />

delle classi più povere,<br />

si pensi a <strong>Lula</strong>,<br />

ma anche chi proviene<br />

da un’etnia<br />

emarginata e che<br />

fu schiava, cresciuto<br />

<strong>no</strong>n nel territorio<br />

metropolita<strong>no</strong>,<br />

ma nelle<br />

Hawaii e poi in<br />

Indonesia.<br />

Obama sa<br />

perfettamente<br />

che l’elettorato<br />

negro è solo<br />

<strong>no</strong>tizie / articolo<br />

La finestra<br />

Daniele Mengacci<br />

danielemengacci@pwz.com.br<br />

Nu ovo Messia<br />

il 12%, ad eleggerlo so<strong>no</strong> stati gli<br />

esponenti della etnia che ha sempre<br />

dominato l’eco<strong>no</strong>mia e il potere<br />

negli USA, l’establishment WASP<br />

(white, anglosaxon,protestant),<br />

salvo la parentesi Kennedy, che<br />

era cattolico.<br />

Tanto lo sa che, ancor prima<br />

del suo insediamento, ha chiesto<br />

a Bush di destinare risorse al sosteg<strong>no</strong><br />

dell’industria automobilistica<br />

americana, richiesta ortodossa<br />

per un Democratico, isolazionista<br />

e con poca simpatia per<br />

il liberismo.<br />

La <strong>no</strong>vità Obama si confermerà<br />

tale <strong>no</strong>n solo se saprà ridefinire<br />

la presenza militare degli<br />

alleati in Iran e Afganistan, se<br />

saprà riportare gli USA sulla via<br />

del rispetto della legalità e dei<br />

diritti umani , e ha già annunciato<br />

la chiusura delle ig<strong>no</strong>bili prigioni<br />

segrete di Guantanamo.<br />

Soprattutto potrà dare nuovo<br />

impulso all’eco<strong>no</strong>mia mondiale<br />

concordando con la ridefinizione<br />

delle regole dei mercati finanziari<br />

e la riforma degli organismi internazionali.<br />

Tutti i paesi più importanti<br />

concorda<strong>no</strong> in allargare i vari G7,<br />

G8, G20 alle potenze emergenti,<br />

ormai più che sviluppate.<br />

L’Italia ne ha rico<strong>no</strong>sciuto<br />

perfi<strong>no</strong> la necessità, espressa dal<br />

Capo del Gover<strong>no</strong> nel suo incontro<br />

con il presidente<br />

<strong>Lula</strong>, che di<br />

questa necessità<br />

è stato il primo<br />

difensore.<br />

Obama ha<br />

dunque nelle<br />

mani, grazie<br />

ad un’insolita<br />

congiuntura di crisi<br />

e d’opportunità, di volontà<br />

politiche positive dei suoi<br />

partners, e grazie alla sua personalità<br />

carismatica e determinata,<br />

la possibilità di<br />

costruire un Mundo Novo<br />

et Mirabilis.<br />

Divulgação<br />

14 C o m u n i t à I t a l i a n a / De z e m b r o 2008<br />

D e z e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 15


ROMA<br />

politica<br />

Vi<strong>no</strong> <strong>no</strong>vello<br />

Ditirambo<br />

Lisomar Silva<br />

Chegou a hora dos vinhos <strong>no</strong>velli, os primeiros<br />

oferecidos após a vindima do período<br />

agosto-setembro. No início de <strong>no</strong>vembro, esses<br />

“jovens” começam a chegar nas prateleiras das<br />

e<strong>no</strong>tecas, restaurantes e supermercados. Têm<br />

uma relação qualidade-preço muito conveniente<br />

para o consumidor. O único cuidado é que<br />

devem ser consumidos até o início de março.<br />

São bebidas que exprimem o aroma em pureza<br />

de muitas tipologias de uvas de boa qualidade,<br />

sem a grande estrutura complexa dos vinhos que<br />

se afinam por mais tempo <strong>no</strong>s tonéis, silos ou<br />

garrafas. A fermentação rápida das uvas inteiras<br />

produz uma cor viva, com tonalidades diferenciadas<br />

de púrpura e um sabor que caracteriza<br />

um aroma fresco e forte. O vi<strong>no</strong> <strong>no</strong>vello italia<strong>no</strong><br />

entra em concorrência direta com o boujolais<br />

<strong>no</strong>uveaus francês, presente <strong>no</strong> mercado desde<br />

1934. Atualmente, a produção <strong>italiana</strong> chega a<br />

cerca de 15 milhões de garrafas, incluindo 60<br />

etiquetas com De<strong>no</strong>minação de Origem (DO) e<br />

mais de 160 catalogadas na categoria pertencente<br />

à Indicação Geográfica Típica (IGT).<br />

Outra boa opção para degustar <strong>no</strong>velli<br />

é o Ditirambo. <strong>Na</strong> antiga Grécia, Ditirambo<br />

era o <strong>no</strong>me de uma coreografia<br />

feita de dança e canto em homenagem ao<br />

deus Dionísio, ou Baco para os roma<strong>no</strong>s.<br />

<strong>Na</strong> Roma atual, Ditirambo é um restaurante<br />

nas proximidades das frisantes praças<br />

Farnese e Campo de’ Fiore. O chefe Piero<br />

Zanni vem da região Molise e sugere<br />

pratos da cozinha tradicional <strong>italiana</strong> com<br />

técnicas orientais de preparação temperada<br />

com um precioso toque de criatividade.<br />

Zanni não gosta muito de se resignar à rotina,<br />

por isso cada mês tem seu cardápio<br />

re<strong>no</strong>vado. As entradas à base de delicadas<br />

flores de abóbora com ricota bufalina e o<br />

souflé de peras com queijo gorgonzola e<br />

vinagre balsâmico são imperdíveis. Serviço:<br />

Ditirambo - Piazza della Cancelleria,<br />

75, 00186 – Roma. Fecha às segundasfeiras<br />

<strong>no</strong> almoço. Preço da refeição com<br />

bebidas a partir de 35 euros por pessoa.<br />

E<strong>no</strong>teca<br />

Regionale<br />

Palatium<br />

Alguns lugares, em Roma, são particularmente<br />

recomendados para se<br />

degustar um bom vi<strong>no</strong> <strong>no</strong>vello. Eles<br />

acompanham muito bem um prato de lasanha<br />

ou uma carne grelhada. A E<strong>no</strong>teca Regionale<br />

Palatium a poucos passos da Piazza<br />

di Spagna, <strong>no</strong> centro histórico de Roma,<br />

é o cartão de visitas da melhor produção<br />

vinícola e gastronômica da região Lazio.<br />

Gelato<br />

Aqui você poderá conhecer os principais<br />

vinhos brancos e tintos das produções mais<br />

tradicionais e as últimas <strong>no</strong>vidades da estação.<br />

Se estiver em companhia de amigos,<br />

vale a pena pedir uma garrafa inteira. Caso<br />

contrário, a e<strong>no</strong>teca propõe uma boa oferta<br />

em vinhos consumíveis por copo, a partir<br />

de 5 euros. Além disso, não perca o prazer<br />

de provar os pratos que o chefe napolita<strong>no</strong><br />

Severi<strong>no</strong> Gaiezza prepara com ingredientes<br />

regionais como a ricota romana, as castanhas<br />

de outo<strong>no</strong> e inver<strong>no</strong> e os produtos suí<strong>no</strong>s<br />

como as salsichas de Monte Biagio e o<br />

Presunto de Bassia<strong>no</strong>. Serviço: E<strong>no</strong>teca Regionale<br />

Palatium - Via Frattina, 94, 00184<br />

– Roma. Fecha aos domingos<br />

Preço de refeição com bebidas a partir<br />

de 35 euros por pessoa.<br />

Passear <strong>no</strong> romântico (e às<br />

vezes rumoroso) bairro de<br />

Trastevere é uma festa. Basta<br />

caminhar por vielas ladeadas<br />

por prédios antigos, forrados<br />

de hédera e buganvílias coloridas.<br />

Esse bairro, hoje muito<br />

na moda em termos de turismo,<br />

ainda conserva confeitarias<br />

e sorveterias com a melhor<br />

produção artesanal da cidade.<br />

O sorvete, mais que um produto<br />

típico do verão, passou a<br />

ser considerado, na Itália, um<br />

alimento nutritivo válido durante<br />

todo o a<strong>no</strong>, mesmo <strong>no</strong>s<br />

períodos de clima frio. É ótimo<br />

para substituir com prazer<br />

o almoço ou jantar.<br />

A sorveteria artesanal Alla<br />

Scala oferece cerca de 20 sabores<br />

originais de sorvetes à<br />

base de frutas frescas ou de<br />

cremes. Tudo é preparado sem<br />

conservantes, portanto deve<br />

ser consumido em pouquíssimo<br />

tempo. As porções em casquinha<br />

ou copinhos custam a<br />

partir de 2 euros. Saboreá-los<br />

é uma delícia, uma experiência<br />

inesquecível! Serviço: Gelateria<br />

Artigianale Alla Scala - Via<br />

della Scala, 51, 00153 – Roma.<br />

Fecha às segundas-feiras.<br />

Italia che vieni,<br />

Italia che vai<br />

L’an<strong>no</strong> solare volge al termine ed è tempo di tirare le somme,<br />

fare un bilancio di ciò che è stato il 2008 e farne u<strong>no</strong> preventivo<br />

come succede per tutte le attività dell’an<strong>no</strong> che verrà.<br />

Un martedì mattina di fine<br />

autun<strong>no</strong> italia<strong>no</strong>. Fare<br />

un bilancio, un rendiconto<br />

<strong>no</strong>n è mai semplice.<br />

In fondo lo dice la parola stessa:<br />

è confrontare complessivamente<br />

gli aspetti positivi o negativi<br />

di una situazione in un contesto<br />

ben preciso. Bene, proprio per la<br />

vastità degli argomenti che sarebbero<br />

da trattare ne esaminerò<br />

due in particolare, che ritengo<br />

sia<strong>no</strong> gli elementi cardine, il motore<br />

e il guidatore di una macchina<br />

chiamata paese: eco<strong>no</strong>mia<br />

e politica.<br />

Il 2008 è iniziato all’insegna<br />

del gover<strong>no</strong> Prodi e si concluderà<br />

con il gover<strong>no</strong> Berlusconi. Il<br />

primo, già traballante a gennaio,<br />

ha dovuto cedere alle diatribe<br />

interne fi<strong>no</strong> alla resa e alle<br />

elezioni anticipate; il secondo è<br />

ben saldo con la sua maggioranza<br />

che fa pensare ad un gover<strong>no</strong><br />

duraturo e senza scossoni. È<br />

stato un cambiamento naturale e<br />

democratico che nasconde al suo<br />

Giorda<strong>no</strong> Iapalucci<br />

Correspondente • Firenze<br />

inter<strong>no</strong> alcuni aspetti da analizzare<br />

in maniera più approfondita.<br />

La sinistra ha dimostrato tutti i<br />

limiti di una coalizione troppo<br />

variegata al suo inter<strong>no</strong>, tale da<br />

ritrovarsi nel suo pentolone oltre<br />

ai Democratici di Sinistra i popolari<br />

dell’Udeur (partito di cattolici<br />

democratici e di laici riformisti)<br />

con Rifondazione Comunista<br />

e ben atri sette partiti tra moderati,<br />

laici, cattolici e radicali.<br />

Stare al potere inevitabilmente<br />

porta a concludere compromessi<br />

tra settori eco<strong>no</strong>mici e<br />

sociali che <strong>no</strong>n so<strong>no</strong> stati certo<br />

considerati soddisfacenti per alcuni<br />

settori della sinistra radicale,<br />

come anche per alcuni moderati<br />

popolari. La decisione poi<br />

da parte del Partito Democratico<br />

(PD) di correre alle prossime elezioni<br />

da solo senza alleati è stata<br />

la goccia che ha fatto traboccare<br />

il vaso. Ma far cadere un gover<strong>no</strong><br />

di sinistra pur di piccarsi su questioni<br />

importanti, ma certamente<br />

marginali nel contesto macroecomico<br />

italia<strong>no</strong>, voleva dire spianare<br />

la strada alla destra, come in<br />

effetti è stato. La sconfitta della<br />

sinistra si è tradotta nell’uscita<br />

dalla scena politica della sinistra<br />

radicale, che per la prima volta<br />

dal dopoguerra vede i propri<br />

esponenti fuori dalle sedute parlamentari.<br />

C’è chi ritene di essere<br />

più capace a fare opposizione<br />

che stare tra i banchi del potere<br />

e questa volta l’ha pagata cara:<br />

fare opposizione fuori dai centri<br />

nevralgici istituzionali è, né più<br />

né me<strong>no</strong>, paragonabile ad una<br />

discussione al bar dell’angolo.<br />

Si è così delineato un fatto<br />

del tutto nuovo sulla scena politica<br />

<strong>italiana</strong>: il nuovo Parlamento<br />

eletto ad aprile ha visto<br />

soltanto 6 partiti aggiudicarsi<br />

i seggi disponibili. Quel paese<br />

chiamato Italia, tanto accusato<br />

di essere u<strong>no</strong> sforna-partiti,<br />

ha così contraddetto e sorpreso<br />

un po’ tutti. La tanto agognata<br />

stabilità è così arrivata. Ma una<br />

medaglia ha pur sempre un’altra<br />

faccia. Quale sarà dunque il suo<br />

prezzo? Una mi<strong>no</strong>re rappresentanza<br />

democratica sicuramente.<br />

Ma <strong>no</strong>n finisce qui. In questi ultimi<br />

tempi si sta assistendo ad<br />

una riattivazione degli anticorpi<br />

sociali come è successo nei mesi<br />

di ottobre e <strong>no</strong>vembre, quando<br />

la stragrande maggioranza delle<br />

università italiane ha fatto fronte<br />

comune nella lotta alla privatizzazione<br />

delle stesse al di là di<br />

un collante politico.<br />

Ma se il cambio c’è stato nel<br />

conducente della “Macchina Italia”,<br />

nessun mutamento, trasformazione<br />

o in<strong>no</strong>vazione si è ravvisata<br />

per ciò che è il motore, ovvero<br />

l’eco<strong>no</strong>mia. Il prodotto inter<strong>no</strong><br />

lordo (PIL) italia<strong>no</strong> è sempre andato<br />

a scendere in questi ultimi<br />

12 mesi. Dopo le ultime previsioni<br />

sempre al ribasso, proprio agli<br />

inizi di <strong>no</strong>vembre il Fondo Monetario<br />

Internazionale (FMI) ha annunciato<br />

che l’eco<strong>no</strong>mia <strong>italiana</strong><br />

si contrarrà dello 0,2% nel 2008<br />

e dello 0,6% nel 2009: si tratta<br />

della prima contrazione dal dopoguerra<br />

ad oggi. Se quindi da<br />

un lato si subisce la congiuntura<br />

eco<strong>no</strong>mica internazionale aiutata<br />

anche da “un basso potenziale<br />

di crescita e da problemi strutturali”<br />

come ha spiegato il numero<br />

due del dipartimento eco<strong>no</strong>mico<br />

del Fmi, Jorge Decressin, dall’altro<br />

lato l’Italia si trova in una<br />

condizione migliore rispetto ad<br />

altri partner europei dovuto anche<br />

ad un sistema bancario me<strong>no</strong><br />

colpito. Me<strong>no</strong> colpito sì, ma che<br />

ha goduto dell’innegabile aiuto<br />

del gover<strong>no</strong> con la ma<strong>no</strong>vra di intervento<br />

dello Stato a sosteg<strong>no</strong><br />

delle banche stesse. Ed è forse<br />

in questo punto nevralgico di<br />

tutta la crisi finanziaria mondiale,<br />

poggiata sull’eco<strong>no</strong>mia neoliberale,<br />

che esiste un elemento<br />

tanto importante quanto il<br />

crollo dell’eco<strong>no</strong>mia comunista:<br />

la fragilità del mercato lasciato<br />

completamente assente da regole<br />

e da un arbitro al di sopra<br />

delle parti chiamato “Stato”. Un<br />

elemento quest’ultimo considerato<br />

di troppo e lasciato anche<br />

fin troppo in disparte, ma che al<br />

momento necessario, quando è<br />

servito, si è ritirato fuori in fretta<br />

e furia. U<strong>no</strong> stato che riappare<br />

per le banche che virtuose<br />

<strong>no</strong>n so<strong>no</strong> state e che al posto di<br />

risparmiatori vedeva<strong>no</strong> solo banco<strong>no</strong>te<br />

con la scritta euro. U<strong>no</strong><br />

stato che riappare sì, ma senza<br />

le spoglie sociali dell’educazione<br />

e della sanità che so<strong>no</strong> di un<br />

tempo ormai passato.<br />

16 C o m u n i t à I t a l i a n a / De z e m b r o 2008<br />

D e z e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 17


política<br />

Upúblico cercada de<br />

Uma pessoa calma que<br />

só se movimenta em<br />

assessores. Assim<br />

se mostrou a ministra <strong>italiana</strong><br />

das Oportunidades Iguais, Mara<br />

Carfagna, durante sua passagem<br />

pelo Rio de Janeiro, mês passado.<br />

Ela veio ao <strong>Brasil</strong> para participar<br />

do III Congresso Mundial de<br />

Enfrentamento da Exploração<br />

Sexual de Crianças e Adolescentes<br />

que reuniu representantes de<br />

cerca de cem países.<br />

Da programação da ministra,<br />

que ficou cinco dias <strong>no</strong> Rio,<br />

também fez parte uma visita ao<br />

Centro Educacional Cantinho da<br />

<strong>Na</strong>tureza <strong>no</strong> morro dos Cabritos,<br />

em Copacabana, desenvolvido<br />

com recursos italia<strong>no</strong>s. Em sua<br />

primeira visita ao <strong>Brasil</strong>, Carfagna<br />

contemplou a Cidade Maravilhosa<br />

em um city tour e inaugurou o<br />

Pelas crianças<br />

Exploração sexual de crianças e adolescentes é tema de<br />

evento que trouxe ao <strong>Brasil</strong> a ministra <strong>italiana</strong><br />

das Oportunidades Iguais, Mara Carfagna<br />

busto da imperatriz brasileira<br />

Teresa Cristina na Praça Itália, ao<br />

lado do Consulado.<br />

— Fico emocionada com o<br />

sorriso dessas crianças. Aqui<br />

posso dizer que resgato meu<br />

otimismo, ainda mais depois<br />

de participar do Congresso e<br />

discutirmos os problemas que<br />

afligem essa geração. Acho que<br />

é uma bela iniciativa e gostaria<br />

muito que o meu ministério<br />

pudesse contribuir de alguma<br />

forma. Levo essa intenção para a<br />

Itália — diz a ministra que foi<br />

escoltada por policiais militares<br />

na subida do morro.<br />

Assistida pela Associação dos<br />

Voluntários para Serviço Internacional<br />

(AVSI), a obra é vinculada<br />

à Igreja Católica e atende crianças<br />

de zero a seis a<strong>no</strong>s. A partir de<br />

março, vai intensificar suas ações na<br />

capacitação de jovens com 15 a<strong>no</strong>s<br />

ou mais, em um centro de promoção<br />

em Botafogo. Ali, vai atender<br />

também adolescentes e adultos de<br />

comunidades de Santa Teresa, além<br />

de moradores do morro do Borel e<br />

Santa Marta. <strong>Na</strong> creche visitada,<br />

com funcionamento integral, mais<br />

de 250 crianças têm atividades que<br />

incluem programação cultural e<br />

reforço escolar.<br />

Carfagna, 32 a<strong>no</strong>s, permaneceu<br />

cerca de duas horas <strong>no</strong> local.<br />

Brincou com algumas crianças<br />

e zelou pelo so<strong>no</strong> de outras. Ao<br />

contrário da véspera, quando se<br />

apresentou por cinco minutos na<br />

seção Diálogo Governamental de<br />

Alto Nível, na creche, a ministra<br />

não portava vestimentas formais<br />

e tampouco maquiagem, bolsa ou<br />

qualquer outro paramento. Porém,<br />

tanto <strong>no</strong> congresso quanto na<br />

visita às crianças, era observada<br />

de perto pelos assessores diretos.<br />

Silvia So u z a<br />

Nos dois eventos, foi ciceroneada<br />

pelo embaixador da Itália <strong>no</strong><br />

<strong>Brasil</strong> e o cônsul da Itália <strong>no</strong><br />

Rio, respectivamente, Michelle<br />

Valensise e Massimo Bellelli.<br />

No congresso, a representante<br />

do gover<strong>no</strong> Berlusconi afirmou<br />

ser preciso atentar para a<br />

distribuição e publicação de<br />

material por<strong>no</strong>gráfico, bem como<br />

sua veiculação pela internet.<br />

— <strong>Na</strong> Itália, há um rigor<br />

contra o que é produzido para<br />

e com meni<strong>no</strong>s e meninas até<br />

14 a<strong>no</strong>s. O Conselho Europeu<br />

também tem demonstrado a<br />

preocupação que o tema requer.<br />

Uma das metas do ministério<br />

foi criar a lei provisória para um<br />

tratamento nacional igualitário<br />

de crianças e adolescentes. Será<br />

criado um comitê para monitorar<br />

as ações promovidas para esse<br />

público, que confira proteção a<br />

elas — salientou a ministra, que<br />

leu seu discurso <strong>no</strong> momento<br />

da cerimônia reservada aos<br />

representantes governamentais.<br />

Terminada a fala, Mara<br />

agradeceu ao público em<br />

português. Há duas semanas, ela<br />

havia sido escolhida para receber<br />

o presidente brasileiro Luiz Inácio<br />

<strong>Lula</strong> da Silva na sua chegada a<br />

Roma, em visita oficial à Itália.<br />

<strong>Na</strong> abertura do Congresso, o<br />

mesmo <strong>Lula</strong> sancio<strong>no</strong>u lei que<br />

pune a pedofilia na rede. Agora,<br />

a pena mínima é de quatro<br />

a<strong>no</strong>s e a máxima de oito para<br />

quem produz, reproduz, dirige,<br />

fotografa, filma ou registra<br />

cena de sexo explicito ou<br />

por<strong>no</strong>gráfica envolvendo crianças<br />

e adolescentes. O <strong>no</strong>vo texto faz<br />

parte do Estatuto da Criança e do<br />

Adolescente e também permite<br />

que provedores que abriguem<br />

imagens por<strong>no</strong>gráficas de me<strong>no</strong>res<br />

sejam punidos.<br />

— Exploração sexual é<br />

tema tão importante que não<br />

pode haver hipocrisia. É preciso<br />

convencer os pais do mundo todo<br />

de que educação sexual em casa<br />

é tão importante quanto comida<br />

na mesa. Se não ensinarmos<br />

educação sexual nas escolas,<br />

<strong>no</strong>ssos adolescentes aprenderão<br />

animalescamente nas ruas —<br />

afirmou o presidente — E é<br />

importante que não tratemos<br />

exploração sexual como um<br />

problema dos pobres. É feita<br />

muitas vezes na classe média.<br />

Foco na infância e na juventude<br />

Foi <strong>no</strong> hotel Intercontinental,<br />

em São Conrado, onde se<br />

hospedou, que a ministra recebeu<br />

a Comunità para uma entrevista,<br />

antes da visita ao morro dos<br />

Cabritos. Orientada a não tecer<br />

comentários à respeito do<br />

passado remoto em que foi alvo<br />

de críticas de parlamentares por<br />

sua falta de experiência para o<br />

cargo ou mesmo sobre as críticas<br />

quando recepcio<strong>no</strong>u <strong>Lula</strong>, ela<br />

comentou que a crise econômica<br />

que motivou cortes <strong>no</strong> orçamento<br />

italia<strong>no</strong> reduziu em 10% a verba<br />

destinada à sua pasta.<br />

— É seguramente um momento<br />

sério ao qual todos precisam<br />

se adaptar — conforma-se.<br />

Ela ainda comemora a<br />

aprovação do projeto de lei de<br />

iniciativa do seu ministério que<br />

permitiu dar mais proteção contra<br />

a exploração sexual de crianças e<br />

adolescentes. Segundo estudos do<br />

gover<strong>no</strong>, cerca de 70 mil pessoas,<br />

um terço delas estrangeiras, se<br />

prostituem na Itália. Desse total,<br />

65% das prostitutas – das quais<br />

20% são me<strong>no</strong>res de idade –<br />

trabalham nas ruas.<br />

— Será <strong>no</strong>meada uma<br />

autoridade pelos presidentes<br />

da Câmara e do Senado cujo<br />

compromisso será o de tutelar<br />

e salvaguardar os direitos das<br />

crianças e adolescentes. Seria<br />

algo como um “grande olho”<br />

e qualquer cidadão poderá ter<br />

contato direto com esse comitê<br />

para fazer denúncias. Isso<br />

agilizará ainda o trabalho <strong>no</strong>s<br />

tribunais e através de um numero<br />

verde que permitirá a fiscalização<br />

dessas garantias — explica.<br />

Ex-modelo, dançarina e apresentadora<br />

de TV, a ministra é taxativa<br />

sobre as condições que favorecem<br />

esses atos. Para Mara, a perversão<br />

até pode ser uma “patologia clínica”,<br />

mas encontra respaldo na “cultura<br />

de falta de direitos aos me<strong>no</strong>res”.<br />

Direitos esses que sequer são<br />

divulgados. A saída para isso,<br />

segundo ela, é a existência de<br />

uma punição severa para servir de<br />

exemplo. Com a <strong>no</strong>va lei <strong>italiana</strong>,<br />

a exploração sexual de me<strong>no</strong>res<br />

de 18 a<strong>no</strong>s poderá ser punida,<br />

<strong>no</strong> seu país, com 6 a 12 a<strong>no</strong>s de<br />

prisão e multas de 15 mil a 150<br />

mil. As penalidades serão mais<br />

severas <strong>no</strong> caso de me<strong>no</strong>res de<br />

16 a<strong>no</strong>s. Se o me<strong>no</strong>r de idade for<br />

imigrante, será deportado ao país<br />

de origem:<br />

— É fundamental um diálogo<br />

entre vários organismos<br />

e associações em nível internacional.<br />

O Estado tem que<br />

demonstrar que não tem piedade<br />

com quem viola a integridade física<br />

e psicológica dessas crianças.<br />

Sobre seu futuro, a ministra<br />

não titubeia. Pretende continuar<br />

a carreira política, apesar de<br />

reconhecer que depende das<br />

lideranças dos partidos.<br />

— Descobri uma paixão que<br />

não conhecia. E espero ter plenas<br />

condições de continuar a exercer<br />

um cargo <strong>no</strong> futuro em favor da<br />

sociedade — finaliza.<br />

No alto, a ministra durante o<br />

congresso. Ao lado, <strong>no</strong> passeio de<br />

barco feito pela Baía da Guanabara,<br />

acompanhada pelo presidente da<br />

Comunità, Pietro Petraglia, pelo<br />

vice-cônsul do Rio de Janeiro,<br />

Giuseppe Romiti e assessoras<br />

18 C o m u n i t à I t a l i a n a / De z e m b r o 2008<br />

D e z e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 19


política<br />

Romena<br />

Ramona<br />

em Roma<br />

Atriz romena vira conselheira do prefeito Gianni<br />

Aleman<strong>no</strong> para assuntos reservados aos rome<strong>no</strong>s e<br />

se torna uma embaixatriz informal entre seu país de<br />

origem e o que escolheu para viver, a Itália<br />

Há tempos, os rome<strong>no</strong>s<br />

que vivem na Itália estão<br />

na berlinda. A esse grupo<br />

tem sido atribuído grande<br />

parte dos problemas relacionados<br />

com violência, principalmente<br />

em cidades como Roma. Pois<br />

foi justamente de lá que chegou<br />

a <strong>no</strong>tícia que surpreendeu a todos:<br />

uma romena foi escolhida<br />

para ser conselheira do prefeito<br />

Gianni Aleman<strong>no</strong>. Logo ele, conhecido<br />

pela política linha dura<br />

contra os estrangeiros irregulares<br />

que vivem <strong>no</strong> país.<br />

Desde julho, Ramona Badescu,<br />

atriz romena radicada em Roma<br />

há 18 a<strong>no</strong>s e cidadã <strong>italiana</strong> há<br />

12, atua <strong>no</strong> papel de conselheira<br />

da prefeitura para assuntos diretamente<br />

ligados ao povo rome<strong>no</strong>.<br />

— Estou realmente feliz de<br />

poder trabalhar com Aleman<strong>no</strong>.<br />

Estou orgulhosa deste cargo —<br />

diz ela em entrevista exclusiva<br />

à Comuntià<br />

Formada em eco<strong>no</strong>mia e comércio,<br />

chegou à Itália em 1990<br />

com uma trupe formada por cantores<br />

e atores para apresentar a<br />

música romena <strong>no</strong> país. Ela nasceu<br />

em Craiova, uma cidade de<br />

300 mil habitantes. No seu país,<br />

já como atriz, era famosa e querida<br />

pela sua gente. Mesmo assim,<br />

optou por imigrar. Ela sabia<br />

que isso iria significar recomeçar<br />

a carreira do zero, <strong>no</strong> <strong>no</strong>vo país.<br />

Ja n a í n a Cesar<br />

Correspondente • Treviso<br />

Ramona diz que, graças ao seu<br />

trabalho e “muita força de vontade”,<br />

a Itália, “devagarinho”,<br />

também foi lhe conhecendo. Hoje,<br />

está certa que já tem “a estima<br />

e o carinho dos italia<strong>no</strong>s”.<br />

Atualmente, Ramona trabalha<br />

como atriz e showgirl. Ex-miss<br />

Romênia e miss Universo, participou<br />

de várias minisséries, peças,<br />

filmes e programas de TV.<br />

Simpática e atenciosa, ela deu<br />

essa entrevista em um domingo<br />

pela manhã, em uma das poucas<br />

brechas que encontrou na agenda.<br />

Ramona que também é cantora<br />

e bailarina, já se apresentou,<br />

na Itália, com o brasileiro Toquinho.<br />

Agora, ela pede para avisar<br />

que está tentando entrar em contato<br />

com ele. Está dado o recado.<br />

Comunità Italiana – Em que consiste<br />

o seu cargo na prefeitura<br />

de Roma?<br />

Ramona Badescu – Para começar<br />

queria dizer que trabalho gratuitamente<br />

para a prefeitura. Não<br />

recebo nem um centavo. Aceitei<br />

esse posto porque senti que<br />

deveria fazer alguma coisa pelo<br />

meu povo, pelo meu país. Dentro<br />

desta perspectiva, pretendo ajudar<br />

os dois países – Itália e Romênia<br />

– a criar um maior envolvimento<br />

político, econômico e de<br />

amizade. Um dos meus principais<br />

projetos é trabalhar para destruir<br />

o preconceito segundo o qual todos<br />

os rome<strong>no</strong>s são agressivos e<br />

violentos. A delinqüência não vê<br />

a nacionalidade das pessoas.<br />

CI – E quais são as suas propostas?<br />

RB – Pretendo ativar um número<br />

verde (0800) em língua romena<br />

para poder informar, junto com<br />

as associações já existentes, os<br />

direitos e deveres de quem chega<br />

aqui na Itália. Pretendo apoiar,<br />

de maneira particular, as mulheres<br />

que trabalham nas casas dos<br />

italia<strong>no</strong>s, cuidando de crianças e<br />

de idosos. Uma coisa muito interessante<br />

que fiz foi aconselhar<br />

o prefeito de Bucareste a escrever<br />

uma carta parabenizando<br />

Aleman<strong>no</strong> pela vitória nas eleições.<br />

Agora, estou falando com<br />

Aleman<strong>no</strong> para que faça o mesmo,<br />

que após as eleições em Bucareste,<br />

mande uma carta parabenizando<br />

o <strong>no</strong>vo prefeito. Também<br />

estou muito interessada na<br />

campanha de comunicação que o<br />

gover<strong>no</strong> da Romênia iniciou para<br />

se divulgar <strong>no</strong>s horários de ponta<br />

em todos os canais de TV. Nós<br />

precisamos diferenciar os rome<strong>no</strong>s<br />

dos rom (ciga<strong>no</strong>s). Os jornais<br />

deveriam especificar a origem<br />

dos rom porque não existem só<br />

rom rome<strong>no</strong>s, mas rom italia<strong>no</strong>s,<br />

albaneses e de várias outras nacionalidades.<br />

Não é correto associar<br />

somente a Romênia porque<br />

cada etnia tem seu patrimônio<br />

cultural, sua história e não devemos<br />

confundir uma coisa com<br />

outra. Esse é um verdadeiro problema.<br />

Como as palavras são bem<br />

parecidas, realmente dão a entender<br />

que se tratam da mesma<br />

etnia, do mesmo povo, mas não<br />

é assim.<br />

CI – Que projeto é este que você<br />

está trazendo para a Itália?<br />

RB – É um projeto cultural. Quero<br />

trazer músicos e artistas para<br />

apresentar a riqueza cultural<br />

do meu país, os produtos típicos<br />

e tudo mais. Acho que cada país<br />

tem o direito de ser julgado<br />

pelo que é realmente, pela sua<br />

cultura e pelo seu povo. Não é<br />

justo generalizar. Não acho que<br />

os italia<strong>no</strong>s gostem de serem<br />

julgados como mafiosos somente<br />

porque são italia<strong>no</strong>s. O sentimento<br />

é o mesmo quando <strong>no</strong>s<br />

julgam pelos crimes de poucos.<br />

CI – Você já foi clandestina? Como<br />

chegou à Itália?<br />

RB – Não. Cheguei à Itália em<br />

1990, exatamente 18 a<strong>no</strong>s atrás.<br />

Eu canto desde os 4 a<strong>no</strong>s de idade,<br />

poderia me aposentar (risos).<br />

Após a queda do muro de Berlim<br />

e do regime de Nicolae Ceauşescu<br />

(ex-ditador que gover<strong>no</strong>u a Romênia<br />

por 22 a<strong>no</strong>s), saí do país pela<br />

primeira vez. Vim para a Itália em<br />

turnê de um mês com uma trupe<br />

de músicos e atores rome<strong>no</strong>s. Não<br />

passava pela minha cabeça permanecer<br />

aqui, era tudo <strong>no</strong>vo. Mas<br />

o tempo foi passando, passando...<br />

<strong>Na</strong> Itália existem mais possibilidades<br />

de crescer trabalhando. <strong>Na</strong><br />

Romênia ainda não é assim.<br />

CI – Você é a favor do reato<br />

de clandestinidade?<br />

RB – Não. Essa é uma questão<br />

que deve ser resolvida. O<br />

controle deve existir,<br />

mas a humanidade<br />

também.<br />

Quem foge de<br />

um país deve<br />

receber ajuda<br />

e não ser tratado<br />

de modo<br />

desuma<strong>no</strong>.<br />

CI – Como é o<br />

atual gover<strong>no</strong><br />

rome<strong>no</strong>?<br />

RB – O atual<br />

gover<strong>no</strong> fez<br />

muito pelos<br />

idosos aumentando<br />

as pensões.<br />

Realizou o spot publicitário<br />

que mencionei anteriormente (é<br />

divulgado na Itália para mostrar<br />

quem é o povo rome<strong>no</strong>). Nosso<br />

atual primeiro ministro (Calin<br />

Popescu Tariceanu), que conheço<br />

pessoalmente, é uma pessoa de<br />

grande valor, que trabalha muito<br />

pelo social. Fez muita coisa boa,<br />

mas ainda tem muito para fazer. A<br />

Romênia, eco<strong>no</strong>micamente, ainda<br />

tem uma mentalidade comunista.<br />

É difícil passar ao capitalismo.<br />

CI – Já que estamos entrando <strong>no</strong><br />

campo da política, não pensou<br />

em se candidatar há algum cargo<br />

<strong>no</strong> teu país para as próximas<br />

eleições?<br />

RB – Não, acho que dois meses<br />

de campanha eleitoral é pouco<br />

para que me conheçam, que saibam<br />

que trabalho <strong>no</strong> social.<br />

CI – Após todos esses a<strong>no</strong>s aqui,<br />

como você se sente, romena ou<br />

<strong>italiana</strong>?<br />

RB – Sou uma romena romana (risos),<br />

na verdade, me sinto cidadã<br />

do mundo. Quando vou a outro<br />

país e me perguntam de onde<br />

venho, digo sempre da Romênia.<br />

Vivi lá até meus 22 a<strong>no</strong>s, não poderia<br />

negar que sou romena, nasci<br />

lá, é meu país.<br />

CI – Você sente saudades?<br />

RB – Claro, principalmente da minha<br />

família. Cada vez que vou em<br />

casa me emocio<strong>no</strong>. Ah! Mudando<br />

um pouco de assunto, sabe que<br />

acabei de lembrar de uma coisa?<br />

Em um dos meus primeiros shows<br />

aqui na Itália eu cantei com Toquinho,<br />

acredita?<br />

CI – Jura?<br />

RB – Juro, foi em 1992, ele tinha<br />

acabado de ser pai.<br />

CI – E como foi?<br />

RB – Maravilhoso! É uma pessoa<br />

esplêndida, sensacional. Faz tanto<br />

tempo que não <strong>no</strong>s vemos,<br />

não sei se ele se lembra de mim.<br />

Mas escreve aí que estou procurando<br />

por ele. Queria levar um<br />

pouco da música brasileira para<br />

meu país.<br />

CI – Você já esteve <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>?<br />

RB – Sim, <strong>no</strong> Rio. Participei de<br />

um programa que foi gravado lá,<br />

que lugar maravilhoso! Eu amo<br />

o <strong>Brasil</strong>.<br />

CI – Nesse momento, você está<br />

fazendo testes para um <strong>no</strong>vo<br />

programa de TV e tem vários<br />

compromissos por conta do seu<br />

cargo. É uma correria, não?<br />

RB – Pois é, acho que assumi<br />

muita responsabilidade. Fisicamente,<br />

não consigo fazer tudo o<br />

que deveria.<br />

20 C o m u n i t à I t a l i a n a / De z e m b r o 2008<br />

D e z e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 21


capa<br />

De igual<br />

para igual<br />

Sullo stesso<br />

pia<strong>no</strong><br />

Lisomar Si lva<br />

Correspondente • Ro m a<br />

O <strong>Brasil</strong> deve ser encarado como<br />

um país grande, que “fala” de igual<br />

para igual com todos os tipos de<br />

interlocutores. Essa foi a mensagem<br />

indireta (e às vezes até direta) deixada<br />

pelo presidente brasileiro Luiz Inácio<br />

<strong>Lula</strong> da Silva, durante sua primeira<br />

visita em carater oficial à Itália<br />

Il <strong>Brasil</strong>e dev’essere considerato<br />

come un paese grande, che<br />

“parla” sullo stesso pia<strong>no</strong> con<br />

tutti i tipi di interlocutori. Questo<br />

è stato il messaggio diretto (e<br />

a volte indiretto) lasciato dal<br />

presidente brasilia<strong>no</strong> Luiz Inácio<br />

<strong>Lula</strong> da Silva durante la sua<br />

prima visita ufficiale in Italia<br />

Em Roma, entre os dias 10 e<br />

13 de <strong>no</strong>vembro, <strong>Lula</strong> manteve<br />

reuniões, encontros<br />

com empresários, dirigentes<br />

sindicais e velhos amigos do<br />

Partido Democrático como Massimo<br />

D’Alema e Walter Veltroni.<br />

Foi recebido também pelo presidente<br />

da Câmara dos deputados,<br />

Gianfranco Fini, e pelo deputado<br />

Fabio Porta. Encerrou a visita<br />

com uma audiência pontifícia<br />

<strong>no</strong> Vatica<strong>no</strong>. Cada interlocutor<br />

recebeu um convite oficial para<br />

conhecer o <strong>Brasil</strong>. Para cada<br />

um deles, emitiu uma mensagem<br />

clara e específica.<br />

O presidente da Republica<br />

Giorgio <strong>Na</strong>polita<strong>no</strong> concordou<br />

com <strong>Lula</strong> que é “inaceitável” o<br />

debate dos grandes problemas<br />

da humanidade realizado somente<br />

por alguns países ricos. O primeiro<br />

ministro Silvio Berlusconi<br />

– que anunciou que retribuirá a<br />

visita, já em fevereiro próximo -<br />

admitiu a necessidade de se abrir<br />

as portas do clube do G8 (que reúne<br />

as maiores potências econômicas)<br />

aos países emergentes.<br />

Os dirigentes das centrais<br />

sindicais aplaudiram a afirmação<br />

de que trabalhadores não podem<br />

ser vítimas de uma crise gerada<br />

em uma potência econômica. <strong>Na</strong><br />

sede da Confederação Italiana<br />

das Indústrias (Confindustria),<br />

os empresários ouviram as propostas<br />

de <strong>no</strong>vos <strong>investimentos</strong><br />

em grandes obras do PAC – Pla<strong>no</strong><br />

de Aceleração do Desenvolvimento<br />

do gover<strong>no</strong> brasisleiro.<br />

Bela recepção<br />

<strong>Lula</strong> cumpre ritual diplomático <strong>no</strong><br />

Altar da Pátria em Roma, com o<br />

presidente <strong>Na</strong>polita<strong>no</strong><br />

<strong>Lula</strong> compie rituale diplomatico<br />

sull’Altare della Patria a Roma con il<br />

presidente <strong>Na</strong>polita<strong>no</strong><br />

Em todas as suas conversações,<br />

<strong>Lula</strong> exibiu uma preciosidade<br />

que os países industrializados<br />

perderam: confiança.<br />

Essa viagem do presidente<br />

brasileiro estava prevista há um<br />

a<strong>no</strong>. Quando foi planejada, o anfitrião<br />

seria Roma<strong>no</strong> Prodi. Foi na<br />

gestão do então primeiro-ministro<br />

italia<strong>no</strong> que se estreitaram as<br />

relações entre os dois países. Tanto<br />

que Prodi visitou o <strong>Brasil</strong> em<br />

abril do a<strong>no</strong> passado. <strong>Lula</strong> tinha<br />

obrigação protocolar de retribuir<br />

a visita e o faria de bom grado.<br />

Inicialmente, a viagem foi<br />

marcada para abril, auge da crise<br />

Ao desembarcar <strong>no</strong> aeroporto<br />

Ciampi<strong>no</strong> em Roma, <strong>Lula</strong> não foi<br />

recepcionado pelo chefe de gover<strong>no</strong><br />

Silvio Berlusconi nem pelo ministro<br />

das Relaçoes Exteriores Franco Frattini,<br />

mas pela jovem (e bela) Mara Carfagna,<br />

ministra das Iguais Oportunidades.<br />

Os parlamentares da oposição<br />

gritaram “escândalo!”. Perguntavam<br />

furiosos o que Frattini poderia ter tido<br />

de tão urgente <strong>no</strong> domingo para<br />

se ausentar, quase na hora do almoço,<br />

da cerimônia de acolhida a um presidente<br />

de um país tão importante para a Itália como o <strong>Brasil</strong>. No dia<br />

seguinte, o ministro se limitou a dizer que “o país apresentava problemas<br />

realmente urgentes a serem resolvidos”.<br />

<strong>Lula</strong>, com elegância impecável, agradeceu a acolhida e, enquanto<br />

se dirigia para a embaixada brasileira com a primeira-dama Marisa<br />

Leticia, perdeu o sarcástico comentário de um de seus colaboradores:<br />

“Provavelmente, Berlusconi quis dar as boas vindas ao presidente<br />

brasileiro com o que seu gover<strong>no</strong> tem de melhor para oferecer”.<br />

A<br />

Roma, tra il 10 e il 13 <strong>no</strong>vembre,<br />

<strong>Lula</strong> ha avuto riunioni<br />

ed incontri con imprenditori,<br />

dirigenti sindacali<br />

e vecchi amici del Partito Democratico<br />

come Massimo D’Alema<br />

e Walter Veltroni. È stato i<strong>no</strong>ltre<br />

ricevuto dal presidente della Camera<br />

dei Deputati, Gianfranco Fini,<br />

e dal deputato Fabio Porta. Ha<br />

concluso la visita con un’udienza<br />

papale in Vatica<strong>no</strong>. Ogni interlocutore<br />

ha ricevuto un invito ufficiale<br />

per co<strong>no</strong>scere il <strong>Brasil</strong>e. Ad<br />

ognu<strong>no</strong> di loro, <strong>Lula</strong> ha lasciato<br />

un messaggio chiaro e specifico.<br />

Il Presidente della Repubblica<br />

Giorgio <strong>Na</strong>polita<strong>no</strong> è stato<br />

d’accordo con <strong>Lula</strong> nel dire che<br />

Bella accoglienza<br />

è “inaccettabile” il dibattito dei<br />

grandi problemi dell’umanità realizzato<br />

solo da qualche paese<br />

ricco. Il premier Silvio Berlusconi<br />

– che ha detto che ricambierà<br />

la visita nel prossimo febbraio<br />

– ha ammesso che ci sia bisog<strong>no</strong><br />

di aprire le porte del club dei G8<br />

(che riunisce le maggiori potenze<br />

eco<strong>no</strong>miche) ai paesi emergenti.<br />

I dirigenti delle centrali sindacali<br />

han<strong>no</strong> applaudito l’affermazione<br />

in cui <strong>Lula</strong> ha detto che<br />

i lavoratori <strong>no</strong>n posso<strong>no</strong> essere<br />

vittime di una crisi nata nel se<strong>no</strong><br />

di una potenza eco<strong>no</strong>mica. Nella<br />

sede della Confederazione Italiana<br />

delle Industrie (Confindustria),<br />

gli imprenditori han<strong>no</strong> ascoltato<br />

Sbarcando all’aeroporto di Ciampi<strong>no</strong> a Roma, <strong>Lula</strong> <strong>no</strong>n è stato<br />

accolto dal capo del gover<strong>no</strong> Silvio Berlusconi, né dal ministro<br />

degli Affari Esteri, Franco Frattini, ma dalla giovane (e bella)<br />

Mara Carfagna, ministro delle Pari Opportunità. I parlamentari<br />

di opposizione han<strong>no</strong> gridato allo scandalo. Domandava<strong>no</strong> furiosi<br />

cos’avrebbe potuto avere di così urgente Frattini, di domenica, per<br />

assentarsi, quasi all’ora di pranzo, dalla cerimonia di accoglienza<br />

per un presidente di un paese così importante per l’Italia come il<br />

<strong>Brasil</strong>e. Il gior<strong>no</strong> dopo, il ministro si è limitato a dire che “il paese<br />

aveva dei problemi veramente urgenti da risolvere”.<br />

<strong>Lula</strong>, di un’eleganza impeccabile, ha ringraziato l’accoglienza e<br />

mentre andava verso l’ambasciata brasiliana con la moglie Marisa<br />

Leticia ha perso il sarcastico commento di u<strong>no</strong> dei suoi collaboratori:<br />

“Probabilmente Berlusconi ha voluto dare il benvenuto al presidente<br />

brasilia<strong>no</strong> con ciò che il suo gover<strong>no</strong> ha di meglio da offrire”.<br />

22 C o m u n i t à I t a l i a n a / De z e m b r o 2008<br />

D e z e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 23


capa<br />

política <strong>italiana</strong> que resultou na<br />

queda de Prodi, antecipação de<br />

eleições e a volta ao poder de<br />

Silvio Berlusconi. Assim, o presidente<br />

brasileiro chega à Itália<br />

<strong>no</strong> momento em que o país é o<br />

primeiro em toda a Europa a ter<br />

entrado em fase de recessão econômica,<br />

segundo o Fundo Monetário<br />

Internacional.<br />

Em clima de turbulência sócio-econômica<br />

e financeira, o<br />

que o <strong>Brasil</strong> pode esperar da<br />

Itália? E o que a décima potência<br />

mundial pode oferecer ao<br />

seu segundo parceiro comercial<br />

europeu?<br />

<strong>Na</strong> Itália, as exportações<br />

cresceram na ordem de 40% <strong>no</strong>s<br />

primeiros dez meses de 2008,<br />

contra a média de 23 % registrada<br />

<strong>no</strong> conjunto da União Européia.<br />

As importações brasileiras<br />

também cresceram em 10%, chegando<br />

a 3,7 bilhões de dólares.<br />

Em 2009, a Itália presidirá o G8 e<br />

Chefe chamou<br />

o <strong>Brasil</strong> quer muito se tornar, se<br />

não um sócio do clube, um convidado<br />

com capacidade de maior<br />

influência entre esses sócios.<br />

Segundo <strong>Lula</strong>, há muito espaço<br />

<strong>no</strong> mercado brasileiro para<br />

Silvio Berlusconi fez uma surpresa para <strong>Lula</strong>. Ele convidou para<br />

um almoço os jogadores brasileiros Dida, Ronaldinho, Kaká, Pato,<br />

Emerson e o dirigente Leonardo. Todos são do Milan, de propriedade<br />

do primeiro ministro italia<strong>no</strong>. <strong>Lula</strong> se referiu aos craques como “campeões<br />

de futebol que também são mestres de vida, dando grande<br />

prestígio ao <strong>Brasil</strong>”. Para Berlusconi, disse com um sorriso irônico:<br />

— Você detém metade da Seleção brasileira e impede que eles<br />

treinem com os outros componentes do time. Faça o melhor possível<br />

para que, <strong>no</strong> próximo Mundial, eles vençam a Copa para o <strong>Brasil</strong>.<br />

As primeiras-damas Marisa Letícia, do <strong>Brasil</strong>, e Clio, da Itália<br />

acompanharam seus esposos. Enquanto Berlusconi recebeu o presidente<br />

Le first lady Marisa Letícia, del <strong>Brasil</strong>e, e Clio, dell’Italia, han<strong>no</strong><br />

accompagnato i loro mariti. Mentre Berlusconi ha ricevuto il presidente<br />

proposte su nuovi investimenti in<br />

grandi opere del PAC – Pia<strong>no</strong> di<br />

Accellerazione della Crescita – del<br />

gover<strong>no</strong> brasilia<strong>no</strong>. In tutti gli incontri<br />

<strong>Lula</strong> ha potuto esibire una<br />

preziosità che i paesi industrializzati<br />

han<strong>no</strong> perso: la fiducia.<br />

Il viaggio del presidente brasilia<strong>no</strong><br />

era previsto da un an<strong>no</strong>.<br />

Quando è stato preparato, l’ospite<br />

sarebbe stato Roma<strong>no</strong> Prodi. È<br />

stato durante la gestione dell’allora<br />

premier che si so<strong>no</strong> stretti<br />

i rapporti tra i due paesi. Tanto<br />

che Prodi ha visitato il <strong>Brasil</strong>e<br />

nell’aprile dell’an<strong>no</strong> scorso. <strong>Lula</strong><br />

doveva, per obbligo protocollare,<br />

ricambiare la visita e l’avrebbe<br />

fatto di buon grado.<br />

Agli inizi, il viaggio era fissato<br />

per aprile, culmine della crisi<br />

politica <strong>italiana</strong> che è risultata<br />

nella caduta di Prodi, nelle elezioni<br />

antecipate e nel ritor<strong>no</strong> al<br />

potere di Silvio Berlusconi. Ora<br />

il presidente brasilia<strong>no</strong> è arrivato<br />

in Italia nel momento in cui il<br />

paese è il primo, in tutta Europa,<br />

ad entrare in fase di recessione<br />

eco<strong>no</strong>mica, secondo il Fondo Monetario<br />

Internazionale.<br />

In questo clima di turbolenza<br />

socioeco<strong>no</strong>mica e finanziaria, cosa<br />

può aspettarsi il <strong>Brasil</strong>e dall’Italia?<br />

E la decima potenza mondiale<br />

cosa può offrire al suo secondo<br />

partner commerciale europeo?<br />

Il capo ha chiamato<br />

In Italia le esportazioni so<strong>no</strong><br />

aumentate del 40% nei primi<br />

dieci mesi del 2008, contro<br />

una media del 23% registrata per<br />

tutta l’Unione Europea. Anche le<br />

importazioni brasiliane so<strong>no</strong> aumentate<br />

del 10%, arrivando a 3,7<br />

miliardi di dollari. Nel 2009 l’Italia<br />

presiederà il G8 e il <strong>Brasil</strong>e<br />

vorrebbe molto divenire, se <strong>no</strong>n<br />

socio del circolo, perlome<strong>no</strong> un<br />

invitato con maggiore capacità<br />

d’influenza tra questi soci.<br />

Secondo <strong>Lula</strong>, nel mercato brasilia<strong>no</strong><br />

c’è molto spazio per nuove<br />

partnership commerciali, soprattutto<br />

nei settori di infrastruttura,<br />

scienze mediche, ricerca spaziale<br />

e scientifico-tec<strong>no</strong>logica, così come<br />

della difesa e della cultura. Il<br />

presidente segnala il “potenziale<br />

della produzione brasiliana” nel<br />

campo dei prodotti industrializzati<br />

e della formazione di professionisti<br />

come fonte per accordi bilaterali.<br />

I<strong>no</strong>ltre c’è l’eta<strong>no</strong>lo che<br />

<strong>Lula</strong> propone come carburante del<br />

futuro, per affrontare i problemi<br />

della crisi energetica e della protezione<br />

dell’ambiente.<br />

Non è stato un caso che 60 imprenditori<br />

abbiamo fatto parte della<br />

comitiva brasiliana. Tra di loro,<br />

dieci era<strong>no</strong> del Mato Grosso do Sul.<br />

Capitanati dalla Fiesp (Federação<br />

das Indústiras do Estado de São<br />

Paulo), han<strong>no</strong> partecipato agli in-<br />

Silvio Berlusconi ha fatto una sopresa a <strong>Lula</strong>. Ha invitato ad<br />

un pranzo i calciatori brasiliani Dida, Ronaldinho, Kaká, Pato,<br />

Emerson e il dirigente Leonardo. So<strong>no</strong> tutti del Milan, di cui il<br />

premier è proprietario. <strong>Lula</strong> si è riferito ai bomber come “campioni<br />

del calcio che so<strong>no</strong> anche maestri di vita, dando grande prestigio<br />

al <strong>Brasil</strong>e”. A Berlusconi ha detto, con un sorriso ironico:<br />

— Tu hai la metà della nazionale brasiliana e gli impedisci di<br />

allenarsi con gli altri membri della squadra. Fai il meglio che puoi<br />

affinché, nei prossimi Mondiali, vinca<strong>no</strong> la Coppa per il <strong>Brasil</strong>e.<br />

Vatica<strong>no</strong><br />

<strong>Lula</strong>, sem saber, inaugurou uma <strong>no</strong>va fase na tradição das audiências<br />

pontificias <strong>no</strong> Vatica<strong>no</strong>. Normalmente, as autoridades<br />

governamentais recebidas pelo Papa não fazem sugestões, apenas<br />

respondem perguntas e ouvem conselhos. O presidente <strong>Lula</strong>, durante<br />

a conversação de 24 minutos que manteve com papa Bento XVI, propôs<br />

que o pontífice abordasse o tema da crise econômica com seus<br />

fiéis durante seus pronunciamentos dominicais. Segundo <strong>Lula</strong>, se o<br />

Papa “der um conselhozinho”, pode ficar mais fácil resolver o problema<br />

da crise econômica.<br />

Os dois também conversaram sobre a <strong>no</strong>va legislação européia<br />

para a imigração que <strong>Lula</strong> considera “injusta”.<br />

— Vivemos em harmonia <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> e queremos que o mundo trate<br />

os imigrantes como parceiros — disse o presidente brasileiro que<br />

confessou para os jornalistas ter se surpreendido com o Papa. <strong>Lula</strong> o<br />

julgava “sisudo, de poucos amigos”. Após a audiência, o considerou<br />

“afável e muito bem informado” .<br />

Durante o encontro, foi assinado um acordo bilateral sobre o ordenamento<br />

jurídico e administrativo da presença da Igreja <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>.<br />

<strong>Lula</strong> presenteou o pontífice com uma peça em cerâmica mostrando<br />

uma família de retirantes e recebeu uma caneta.<br />

<strong>no</strong>vas parcerias comerciais, sobretudo<br />

<strong>no</strong>s setores de infra-estrutura,<br />

ciências médicas, pesquisa<br />

espacial e científico-tec<strong>no</strong>lógica,<br />

bem como da defesa e<br />

da cultura. O presidente sinaliza<br />

com o “potencial da produção<br />

brasileira” <strong>no</strong> campo dos produtos<br />

industrializados e da formação<br />

de profissionais como fonte<br />

para acordos bilaterais. Além disso,<br />

há o eta<strong>no</strong>l que <strong>Lula</strong> propõe<br />

como combustível do futuro para<br />

enfrentar os problemas da crise<br />

energética e da proteção do<br />

meio-ambiente.<br />

Não por acaso, 60 empresários<br />

integraram a comitiva brasileira.<br />

Desse total, dez eram originários<br />

do Mato Grosso do Sul.<br />

Capitaneados pela Fiesp (Federação<br />

das Indústiras do Estado de<br />

São Paulo), eles participaram de<br />

encontros bilaterais na sede da<br />

Confindústria <strong>italiana</strong> em busca<br />

de parcerias comerciais, sobretudo,<br />

<strong>no</strong> setor terciário. O próprio<br />

presidente da Fiesp, Paulo Skaf,<br />

estava <strong>no</strong> grupo.<br />

O lado governamental da delegação<br />

brasileira foi formado<br />

por Dilma Vana Roussef, chefe da<br />

Casa Civil; Celso Amorim, Miguel<br />

Jorge, Nelson Jobim e Franklin<br />

Martins, respectivamente ministros<br />

para as Relações Exteriores,<br />

Desenvolvimento, Indústria e<br />

Comércio Exterior, Defesa e Comunicação,<br />

além do Secretário<br />

Geral da Presidência Luiz Dulci.<br />

Sobre Dilma, <strong>Lula</strong> avisou em<br />

várias ocasiões que pensa em<br />

indicá-la ao seu partido, o PT,<br />

como candidata à sucessão nas<br />

próximas eleições presidenciais<br />

de 2010.<br />

Acordos<br />

<strong>Lula</strong> firmou acordos e protocolos<br />

de entendimentos bilaterais.<br />

Abordam a cooperação <strong>no</strong>s campos<br />

da Defesa, Saúde Pública,<br />

Ciências Médicas, Pesquisa Científica<br />

e Espacial. Neste caso, foram<br />

definidos parâmetros para<br />

o desenvolvimento técnico-industrial,<br />

troca de informações e<br />

aplicações práticas de tec<strong>no</strong>logias<br />

espaciais.<br />

Houve acordo relacionado<br />

também a pequenas e médias<br />

empresas para facilitar a cooperação<br />

<strong>no</strong>s setores têxtil, vestuário,<br />

alimentação, industrialização<br />

de couros, componentes<br />

eletrônicos, produção de móveis<br />

e beneficiamento de mármores<br />

e granitos.<br />

Um desses documentos foi<br />

usado pelo primeiro-ministro italia<strong>no</strong><br />

para “roubar a cena” do presidente<br />

brasileiro. Durante a entrevista<br />

coletiva em companhia<br />

de <strong>Lula</strong>, Silvio Berlusconi pegou<br />

um dos acordos firmados para dizer<br />

que a escritura dos signátarios<br />

era imcompreensível. Bem<br />

maquiado, ele desceu do palco<br />

com o documento na mão para<br />

exibí-lo às câmeras de televisão.<br />

Depois, voltou ao seu lugar na<br />

mesa dizendo que as assinaturas<br />

indecifráveis poderiam “até provocar<br />

o esquecimento dos acordos<br />

firmados <strong>no</strong> fundo de uma<br />

gaveta qualquer”.<br />

Vatica<strong>no</strong><br />

<strong>Lula</strong>, senza volerlo, ha inaugurato una nuova fase nella tradizione<br />

delle udienze papali in Vatica<strong>no</strong>. Di solito le autorità governative<br />

ricevute dal Papa <strong>no</strong>n dan<strong>no</strong> suggerimenti, rispondo<strong>no</strong> solo a domande<br />

o ascolta<strong>no</strong> consigli. Il presidente <strong>Lula</strong>, durante l’incontro di 24<br />

minuti avuto con Papa Benedetto XVI, ha proposto che il pontefice<br />

parlasse del tema della crisi eco<strong>no</strong>mica con i suoi fedeli durante i suoi<br />

discorsi domenicali. Secondo <strong>Lula</strong>, se il Papa “desse un piccolo consiglio”,<br />

sarebbe più facile risolvere i problemi della crisi eco<strong>no</strong>mica.<br />

I due han<strong>no</strong> anche parlato della nuova legislazione europea per<br />

l’immigrazione, che <strong>Lula</strong> considera “ingiusta”.<br />

— In <strong>Brasil</strong>e viviamo in armonia e vorremmo che il mondo trattasse<br />

gli immigranti come partner — ha detto il presidente brasilia<strong>no</strong>,<br />

che ha confessato ai giornalisti di essere rimasto sorpreso dal Papa.<br />

<strong>Lula</strong> lo giudicava “secco, di poche parole”. Dopo l’udienza, l’ha considerato<br />

“affabile e molto ben informato”.<br />

Durante l’incontro è stato firmato un accordo bilaterale sull’ordinamento<br />

giuridico e amministrativo della presenza della chiesa in <strong>Brasil</strong>e.<br />

<strong>Lula</strong> ha regalato al pontefice un pezzo in ceramica che rappresenta<br />

una famiglia di ‘retirantes’ e, in cambio, ha ricevuto una penna.<br />

contri bilaterali presso la sede della<br />

Confindustria in cerca di partnership<br />

commerciali, soprattutto nel<br />

terziario. Lo stesso presidente della<br />

Fiesp, Paulo Skaf, era nel gruppo.<br />

Il lato governativo della delegazione<br />

brasiliana era formato da Dilma<br />

Vana Rousseff, capo della Casa<br />

Civil; Celso Amorim, Miguel Jorge,<br />

Nelson Jobim e Franklin Martins,<br />

rispettivamente ministri delle Relações<br />

Exteriores, Desenvolvimento,<br />

Indústria e Comércio Exterior,<br />

Defesa e Comunicação, oltre al Secretário<br />

Geral da Presidência, Luiz<br />

Dulci. Di Dilma, <strong>Lula</strong> ha detto in varie<br />

occasioni che pensa di indicarla<br />

al suo partito, il PT, come candidata<br />

alla successione nelle prossime elezioni<br />

presidenziali del 2010.<br />

Accordi<br />

<strong>Lula</strong> ha siglato accordi e protocolli<br />

di intenti bilaterali. Questi riguarda<strong>no</strong><br />

la cooperazione nei settori<br />

di Difesa, Sanità Pubblica, Scienze<br />

Mediche, Ricerca Scientifica e Spaziale.<br />

In quest’ultimo caso so<strong>no</strong><br />

stati definiti parametri per lo sviluppo<br />

tecnico-industriale, scambi<br />

di informazioni e applicazioni pratiche<br />

di tec<strong>no</strong>logie spaziali.<br />

C’è stato anche un accordo legato<br />

alle piccole e medie imprese<br />

per facilitare la cooperazione nei<br />

settori tessile, di abbigliamento,<br />

di alimenti, di industrializzazione<br />

di cuoio, di componenti elettronici,<br />

del settore dei mobili e della<br />

lavorazione di marmi e graniti.<br />

U<strong>no</strong> di questi documenti è<br />

stato usato dal premier italia<strong>no</strong><br />

per “rubare la scena” al presidente<br />

brasilia<strong>no</strong>. Durante la conferenza<br />

stampa in compagnia di <strong>Lula</strong>,<br />

Silvio Berlusconi ha preso u<strong>no</strong><br />

degli accordi firmati per dire che<br />

la grafia dei firmatari era incomprensibile.<br />

Ben truccato, è sceso<br />

dal palco con il documento in ma<strong>no</strong><br />

per farlo vedere alle telecamere.<br />

Dopo, è tornato al suo posto<br />

al tavolo dicendo che le firme indecifrabili<br />

avrebbero potuto “perfi<strong>no</strong><br />

far sì che gli accordi firmati<br />

finissero nel dimenticatoio”.<br />

24 C o m u n i t à I t a l i a n a / De z e m b r o 2008<br />

D e z e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 25


capa<br />

‘Propomos o <strong>Brasil</strong><br />

como atração para o<br />

capital estrangeiro’<br />

‘Proponiamo il <strong>Brasil</strong>e come<br />

attrattiva per il capitale straniero’<br />

Em encontros com a imprensa <strong>italiana</strong> e brasileira, o<br />

presidente <strong>Lula</strong> considerou positiva a atenção que seus<br />

interlocutores deram às suas propostas. Ele pregou a<br />

necessidade de mudanças em instituições como Fundo<br />

Monetário Internacional e desempenhou o papel de<br />

garoto-propaganda do eta<strong>no</strong>l brasileiro. Comunità<br />

acompanhou a passagem de <strong>Lula</strong> pela Itália e o<br />

entrevistou em diferentes momentos:<br />

ComunitàItaliana - Que<br />

propostas o <strong>Brasil</strong> levou<br />

ao G20 e que futuro o senhor<br />

imagina para o atual<br />

o sistema financeiro ?<br />

Luiz Inácio <strong>Lula</strong> da Silva - Todas<br />

as propostas, sugestões e concessões<br />

que julgamos oportunas<br />

já foram feitas. Agora, pensamos<br />

que os países ricos como os Estados<br />

Unidos devem se mostrar mais<br />

flexíveis nas suas posições como,<br />

por exemplo, <strong>no</strong> âmbito dos subsídios<br />

agrícolas. Quanto ao sistema<br />

financeiro, já esclarecemos que<br />

serão necessárias <strong>no</strong>vas regras de<br />

comportamento. Nos Estados Unidos,<br />

centro gerador da atual crise,<br />

os bancos tinham concedido empréstimos<br />

e financiamentos para<br />

valores que chegaram a 35 vezes<br />

o equivalente ao próprio patrimô-<br />

C<br />

omunitàItaliana – Il <strong>Brasil</strong>e<br />

quali proposte ha<br />

portato al G20 e quale<br />

futuro lei immagina per<br />

l’attuale sistema finanziario?<br />

Luiz Inácio <strong>Lula</strong> da Silva – Tutte<br />

le proposte, suggerimenti e<br />

concessioni che giudichiamo opportuni<br />

so<strong>no</strong> già stati fatti. Ora<br />

pensiamo che i paesi ricchi come<br />

gli Stati Uniti debba<strong>no</strong> mostrarsi<br />

più flessibili nelle loro posizioni<br />

come, per esempio, nell’ambito<br />

dei sussidi agricoli. Quanto al<br />

sistema finanziario, abbiamo già<br />

chiarito che saran<strong>no</strong> necessarie<br />

nuove regole di comportamento.<br />

Negli Stati Uniti, che han<strong>no</strong><br />

causato la crisi attuale, le banche<br />

aveva<strong>no</strong> concesso prestiti e<br />

finanziamenti a valori che arrivava<strong>no</strong><br />

a 35 volte l’equivalente<br />

In incontri con la stampa <strong>italiana</strong> e brasiliana il<br />

presidente <strong>Lula</strong> ha considerato positive le attenzioni che<br />

i suoi interlocutori han<strong>no</strong> dato alle sue proposte. Ha<br />

espresso il bisog<strong>no</strong> di cambiamenti in istituzioni come<br />

il Fondo Monetario Internazionale e ha svolto il ruolo<br />

di ‘propagandista’ dell’eta<strong>no</strong>lo brasilia<strong>no</strong>. Comunità<br />

ha accompagnato il viaggio di <strong>Lula</strong> in Italia e l’ha<br />

intervistato in vari momenti:<br />

Lisomar Si lva<br />

Correspondente • Ro m a<br />

nio líquido. Em alguns casos, sabemos<br />

que os financiamentos tinham<br />

chegado até a 90 vezes. No<br />

<strong>Brasil</strong>, essa relação entre ativos e<br />

créditos autorizados não pode superar<br />

o limite de 10 vezes o equivalente<br />

em patrimônio líquido<br />

disponível. <strong>Na</strong> prática, o sistema<br />

financeiro america<strong>no</strong> funcio<strong>no</strong>u<br />

com o mesmo risco das jogadas<br />

de um cassi<strong>no</strong>, sob o pretexto de<br />

exercer uma liberdade de mercado<br />

em que o importante era somente<br />

gerar ganhos rápidos, concentrados<br />

nas mãos de poucos e sem<br />

redistribuição. Essa crise, gerada<br />

<strong>no</strong>s Estados Unidos com um sistema<br />

financeiro caracterizado pela<br />

especulação em lugar de <strong>investimentos</strong><br />

reais <strong>no</strong> setor produtivo,<br />

não tinha razão para chegar a outras<br />

partes do mundo se os gover<strong>no</strong>s<br />

dos países avançados tivessem<br />

tomado medidas rápidas para<br />

bloqueá-la. Falo disso em eventos<br />

e encontros internacionais desde<br />

setembro de 2007. O gover<strong>no</strong><br />

america<strong>no</strong>, porém, só tomou medidas<br />

decisivas <strong>no</strong> mês passado,<br />

quando anunciou o investimento<br />

de 750 bilhêes de dólares, fingindo<br />

por un a<strong>no</strong> inteiro que a crise<br />

não existia.<br />

CI - Que medidas podem ser adotadas<br />

para conter esta situação<br />

explosiva?<br />

<strong>Lula</strong> - Antes de tudo, é necessária<br />

uma profunda reforma das <strong>Na</strong>ções<br />

Unidas, do Fundo Monetário Internacional<br />

e do Banco Mundial,<br />

instituições criadas para ajudar<br />

e sustentar os países pobres. Em<br />

outras épocas, quando uma crise<br />

explodia <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> e na Argenti-<br />

dello stesso patrimonio liquido<br />

disponibile. In pratica il sistema<br />

finanziario america<strong>no</strong> ha funzionato<br />

con lo stesso rischio delle<br />

puntate fatte in un casinò, con<br />

il pretesto di applicare una libertà<br />

di mercato in cui l’importante<br />

era solo generare guadagni rapidi,<br />

concentrati nelle mani di pochi<br />

e senza ridistribuzione. Questa<br />

crisi, nata negli Stati Uniti<br />

con un sistema finanziario caratterizzato<br />

dalla speculazione, al<br />

posto di investimenti reali nel<br />

settore produttivo, <strong>no</strong>n aveva<br />

motivo di arrivare in altre parti<br />

del mondo se i governi dei<br />

paesi avanzati avessero adottato<br />

misure rapide per bloccarla. Ne<br />

sto parlando in eventi e incontri<br />

internazionali dal settembre<br />

del 2007. Il gover<strong>no</strong> america<strong>no</strong>,<br />

però, ha adottato misure decisive<br />

solo il mese scorso, quando<br />

ha annunciato l’investimento di<br />

750 miliardi di dollari, facendo<br />

finta per un intero an<strong>no</strong> che la<br />

crisi <strong>no</strong>n esisteva.<br />

CI –Che misure posso<strong>no</strong> essere<br />

adottate per affrontare questa<br />

situazione esplosiva?<br />

<strong>Lula</strong> – Prima di tutto è necessaria<br />

una riforma profonda delle<br />

<strong>Na</strong>zioni Unite, del Fondo Monetario<br />

Internazionale e della Banca<br />

Mondiale, istituzioni create<br />

per aiutare e sostenere i paesi<br />

poveri. In altri periodi, quando<br />

scoppiava una crisi in <strong>Brasil</strong>e e<br />

in Argentina, le autorità monetarie<br />

del FMI sapeva<strong>no</strong> che cosa<br />

fare e come monitorare il problema.<br />

Adesso che la crisi è cominciata<br />

con danni gravi in un paese<br />

ricco, il FMI e il BIRD <strong>no</strong>n si pronuncia<strong>no</strong>.<br />

La mia opinione è che<br />

i poveri <strong>no</strong>n posso<strong>no</strong> pagare per<br />

una crisi generata da un paese<br />

ricco. Il <strong>Brasil</strong>e, così come altri<br />

paesi lati<strong>no</strong>-americani, ha passato<br />

20 anni con un’eco<strong>no</strong>mia senza<br />

crescita. Da poco più di 5 anni<br />

abbiamo cominciato a crescere e<br />

adesso <strong>no</strong>n possiamo essere vittime<br />

di un sistema finanziario internazionale<br />

irresponsabile. Probabilmente<br />

dovremo pensare a<br />

creare un nuovo orga<strong>no</strong> internazionale<br />

capace di affrontare questa<br />

nuova realtà.<br />

CI – Il Pia<strong>no</strong> di Accelerazione<br />

della Crescita ha richiamato l’attenzione<br />

degli industriali italiani,<br />

ma la presidente della Confindustria,<br />

Emma Marcegaglia,<br />

ha chiesto maggiore apertura<br />

del mercato e me<strong>no</strong> protezionismo.<br />

Che ne pensa?<br />

<strong>Lula</strong> – Alcune opere del PAC han<strong>no</strong><br />

la licitazione prevista per il<br />

primo semestre del 2009, nei<br />

settori legati all’introduzione di<br />

treni ad alta velocità e alla creazione<br />

di alcuni stabilimenti idroelettrici.<br />

L’importante per il <strong>Brasil</strong>e<br />

è la conclusione di queste<br />

opere. La sig<strong>no</strong>ra Marcegaglia –<br />

dirigente di un gruppo del settore<br />

siderurgico con una filiale localizzata<br />

nello Stato di Santa Catarina<br />

– difende i suoi interessi.<br />

Studieremo la questione.<br />

CI – I grandi gruppi imprenditoriali<br />

transita<strong>no</strong> nel mercato brasilia<strong>no</strong><br />

senza grandi difficoltà,<br />

ma le piccole e medie imprese<br />

italiane si lamenta<strong>no</strong> di <strong>no</strong>n disporre<br />

di una piattaforma affidabile<br />

d’appoggio per quanto riguarda<br />

l’identificazione d’interlocutori<br />

per contrattare società.<br />

Come valuta questo quadro?<br />

26 C o m u n i t à I t a l i a n a / De z e m b r o 2008<br />

D e z e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 27


capa<br />

na, as autoridades monetárias do<br />

FMI souberam o que fazer e como<br />

monitorar o problema. Agora<br />

que a crise começou com da<strong>no</strong>s<br />

graves dentro de um país rico, o<br />

FMI e o BIRD não se pronunciam.<br />

A meu ver, os pobres não podem<br />

pagar por uma crise gerada num<br />

país rico. O <strong>Brasil</strong>, assim como<br />

outros países lati<strong>no</strong>-america<strong>no</strong>s,<br />

passou 20 a<strong>no</strong>s com uma eco<strong>no</strong>mia<br />

sem crescimento. Há pouco<br />

mais de 5 a<strong>no</strong>s, começamos a<br />

crescer e agora não podemos ser<br />

vítimas de um sistema financeiro<br />

internacional irresponsável. Provavelmente,<br />

teremos que pensar<br />

na criação de um <strong>no</strong>vo órgão internacional<br />

capaz de enfrentar<br />

essa <strong>no</strong>va realidade.<br />

CI - O Pla<strong>no</strong> de Aceleração do Crescimento<br />

chamou a atenção dos<br />

empresários italia<strong>no</strong>s, mas a presidente<br />

de Confindústria, Emma<br />

Marcegaglia, pediu maior abertura<br />

de mercado e me<strong>no</strong>s protecionismo.<br />

O que achou disso?<br />

<strong>Lula</strong> - Algumas obras do PAC têm<br />

licitação prevista para o primeiro<br />

semestre de 2009, <strong>no</strong>s setores<br />

ligados à introdução de trens<br />

de alta velocidade, à criação de<br />

algumas usinas hidroelétricas. O<br />

importante para o <strong>Brasil</strong> é a conclusão<br />

dessas obras. A senhora<br />

Marcegaglia – dirigente de um<br />

grupo <strong>no</strong> setor siderúrgico com<br />

uma filial localizada <strong>no</strong> Estado de<br />

Santa Catarina – defende seus interesses.<br />

Estudaremos a questão.<br />

CI - Os grandes grupos empresariais<br />

transitam <strong>no</strong> mercado brasileiro<br />

sem grandes dificuldades,<br />

mas as pequenas e médias<br />

empresas <strong>italiana</strong>s se lamentam<br />

por não dispor de uma plataforma<br />

confiável de apoio quanto à<br />

identificação de interlocutores<br />

para contratar parcerias. Como<br />

avalia esse quadro?<br />

<strong>Lula</strong> - Se os empresários italia<strong>no</strong>s<br />

tiverem problemas na Itália, o<br />

<strong>Brasil</strong> será um ponto mais do que<br />

seguro para seus <strong>investimentos</strong>.<br />

Recebi vários empresários muito<br />

interessados em investir <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>.<br />

Convidei alguns deles para<br />

aprofundar questões ligadas aos<br />

nichos e segmentos da eco<strong>no</strong>mia<br />

brasileira que merecem um exame<br />

mais detalhado como energia elétrica<br />

e telecomunicações. Queremos<br />

apresentar um conjunto de<br />

obras e projetos <strong>no</strong>s quais sabemos<br />

com certeza que precisamos<br />

de parcerias. Todos os investidores<br />

têm um retor<strong>no</strong> garantido para<br />

cada operação financeira que<br />

fizer <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>. Nenhum outro país<br />

desenvolvido e rico <strong>no</strong> mundo<br />

apresenta um nível de sustentabilidade<br />

econômica e estabilidade<br />

política que hoje o <strong>Brasil</strong> detém.<br />

Esse é um trunfo para propormos<br />

o <strong>Brasil</strong> como ponto de atração<br />

para o capital estrangeiro.<br />

CI - Que medidas adotadas contra<br />

a crise podem convencer os<br />

empresários a investirem <strong>no</strong><br />

mercado brasileiro?<br />

<strong>Lula</strong> - Definimos um capital de giro<br />

para a pequena e média empresa,<br />

com 10 bilhões de reais<br />

destinados ao BNDEs para o financiamento<br />

da grande empresa.<br />

Além disso, outros 5 bilhões<br />

de reais foram destinados para a<br />

cadeia de produção da indústria<br />

automobilística, que representa<br />

24% do PIB industrial. O setor da<br />

construção civil recebeu 3 bilhões<br />

de reais e já devolvemos mais de<br />

110 bilhões de reais do empréstimo<br />

compulsório de modo que o<br />

sistema financeiro disponha de liquidez<br />

para sustentar o crédito na<br />

eco<strong>no</strong>mia, além de adotar outras<br />

medidas de estímulo à agricultura<br />

e à exportação. Todos são setores<br />

que geram empregos e garantem<br />

aos trabalhadores o acesso ao<br />

mercado de consumo. Poderemos<br />

viabilizar outras modalidades de<br />

crédito na medida em que houver<br />

necessidade, com o objetivo de<br />

evitar o pânico <strong>no</strong> consumidor e<br />

o bloqueio na eco<strong>no</strong>mia. Todos os<br />

empresários e dirigentes do setor<br />

automobilístico, por exemplo, garantiram<br />

que vão manter seus <strong>investimentos</strong>.<br />

O mesmo vai acontecer<br />

<strong>no</strong> caso do PAC e da Petrobrás.<br />

O Banco Central e o Tesouro<br />

vão colocar à disposição os recursos<br />

necessários para sustentar o<br />

mercado inter<strong>no</strong> e garantir o financiamento<br />

às exportações. Não<br />

quero ver nenhuma obra parada.<br />

CI - E o Programa Mais Alimentos?<br />

<strong>Lula</strong> - Esse programa conta com<br />

25 bilhões de reais destinados à<br />

agricultura familiar, para a compra<br />

de 60 mil tratores e 300 mil<br />

máquinas agrícolas. Isso tudo para<br />

assegurar um futuro na produção<br />

agrícola destinada à alimentação.<br />

Quem quiser comprar seu<br />

carro ou sua geladeira, que compre.<br />

Só não podemos parar, caso<br />

contrário, a crise vai <strong>no</strong>s pegar<br />

de verdade. As prefeituras das<br />

principais cidades também têm<br />

capacidade de investir e mesmo<br />

de se endividar, dispondo de re-<br />

Viva essa energia: <strong>Lula</strong> e o<br />

presidente da Petrobras, Sergio<br />

Gabrielli em imagem de 2007<br />

Vivi questa energia: <strong>Lula</strong> e il<br />

presidente della Petrobras, Sergio<br />

Gabrielli, in immagine del 2007<br />

<strong>Lula</strong> – Se gli imprenditori italiani<br />

han<strong>no</strong> avuto problemi in Italia,<br />

il <strong>Brasil</strong>e sarà un luogo più<br />

che sicuro per i loro investimenti.<br />

Ne ho ricevuti vari, molto<br />

interessati ad investire in <strong>Brasil</strong>e.<br />

Ho invitato alcuni di loro ad<br />

approfondire questioni legate a<br />

nicchie di mercato e segmenti<br />

dell’eco<strong>no</strong>mia brasiliana che<br />

merita<strong>no</strong> un esame più dettagliato,<br />

come l’energia elettrica<br />

e le telecomunicazioni.Vogliamo<br />

presentare un insieme di opere<br />

e di progetti sui quali sappiamo<br />

con certezza che abbiamo bisog<strong>no</strong><br />

di soci. Tutti gli investitori<br />

han<strong>no</strong> un ritor<strong>no</strong> garantito per<br />

ogni operazione finanziaria fatta<br />

in <strong>Brasil</strong>e. Nessun altro paese<br />

sviluppato e ricco al mondo<br />

presenta un livello di supporto<br />

eco<strong>no</strong>mico e di stabilità politica<br />

come il <strong>Brasil</strong>e ha oggi. Questo<br />

è un asso nella manica per<br />

proporre il <strong>Brasil</strong>e come attrazione<br />

per il capitale straniero.<br />

CI – Che misure adottate contro<br />

la crisi posso<strong>no</strong> convincere gli<br />

industriali a investire nel mercato<br />

brasilia<strong>no</strong>?<br />

<strong>Lula</strong> – Abbiamo definito un giro<br />

di capitali per le piccole e<br />

medie imprese, con 10 miliardi<br />

di reais destinati al BNDS per il<br />

finanziamento delle grandi imprese.<br />

I<strong>no</strong>ltre altri 5 miliardi di<br />

reais so<strong>no</strong> stati destinati alla filiera<br />

di produzione dell’industria<br />

automobilistica, che rappresenta<br />

il 24% del PIL industriale. Il<br />

settore della costruzione civile<br />

ha ricevuto 3 miliardi di reais<br />

e abbiamo già restituito più di<br />

110 miliardi di reais del prestito<br />

coattivo in modo che il sistema<br />

finanziario disponga di liquidità<br />

per sostenere il credito eco<strong>no</strong>mico,<br />

oltre ad adottare altre<br />

misure per stimolare l’agricoltura<br />

e l’esportazione. So<strong>no</strong> tutti<br />

settori che produco<strong>no</strong> impiego<br />

e garantisco<strong>no</strong> ai lavoratori<br />

l’ingresso al mercato di consumo.<br />

Possiamo introdurre altre<br />

<strong>no</strong>rme di credito se ne avremo<br />

cursos suficientes para sustentar<br />

o ritmo da <strong>no</strong>ssa eco<strong>no</strong>mia. Em<br />

síntese, na atual crise financeira,<br />

o <strong>Brasil</strong> não tem bancos nem indústrias<br />

condicionadas pelos subprimes<br />

america<strong>no</strong>s. Não temos<br />

bancos nem empresas pedindo<br />

concordatas ou declarando falências,<br />

como está acontecendo <strong>no</strong>s<br />

Estados Unidos e na Europa.<br />

CI - Que efeitos a crise pode gerar<br />

<strong>no</strong>s países em desenvolvimento?<br />

<strong>Lula</strong> - Países em desenvolvimento<br />

com um quadro econômico e social<br />

semelhante ao <strong>no</strong>sso devem<br />

sofrer me<strong>no</strong>s os efeitos da crise,<br />

até porque neles existe um mercado<br />

inter<strong>no</strong> que não existe <strong>no</strong>s<br />

países desenvolvidos.<br />

CI - Os italia<strong>no</strong>s puderam apreciar<br />

dois exemplares do automóvel<br />

Linea fabricado pela Fiat <strong>no</strong><br />

<strong>Brasil</strong> com o tanque do tipo flex.<br />

Pensa que a importação de eta<strong>no</strong>l<br />

possa ocorrer a curto prazo?<br />

<strong>Lula</strong> - Esse é um processo que leva<br />

algum tempo, pois trata-se de<br />

realizar uma profunda mudança<br />

de hábitos de consumo quanto<br />

à matriz energética em uso na<br />

Itália e em outros países europeus.<br />

Tudo isso envolve uma série<br />

de considerações e debates<br />

políticos, mas é só uma questão<br />

de tempo. Os países todos estão<br />

comprometidos com o protocolo<br />

de Kyoto para reduzir a emissão<br />

de poluentes na atmosfera. Existe<br />

também um acordo para que<br />

os países europeus introduzam<br />

10% de biocombustivel na gasolina.<br />

Portanto, terão que adquirílo<br />

de alguém e o meu conselho<br />

é que não o produzam a partir<br />

da ca<strong>no</strong>la nem da beterraba, que<br />

implicam um processo caro. O<br />

<strong>Brasil</strong> oferece um eta<strong>no</strong>l de boa<br />

qualidade e a baixo custo. Estamos<br />

propondo aos italia<strong>no</strong>s também<br />

atividades de parceria <strong>no</strong><br />

<strong>Brasil</strong>, para que montem empresas<br />

em sociedade com brasileiros<br />

em <strong>no</strong>sso território e destinadas<br />

à produção do eta<strong>no</strong>l que eles<br />

querem consumir. O eta<strong>no</strong>l é uma<br />

ótima saída para todos os países,<br />

que tenham ou não petróleo.<br />

Oferecemos à Itália também parcerias<br />

para gerar <strong>investimentos</strong> e<br />

oportunidades empresariais e comerciais<br />

em outros países, como<br />

Angola, Moçambique e Gana. Temos<br />

tec<strong>no</strong>logia, capacidade produtiva<br />

e disponibilidade para a<br />

realização dessas parcerias.<br />

CI - Crescimento não é sinônimo<br />

de mais poluição e destruição do<br />

meio-ambiente? Nesses termos,<br />

qual é a situação na Amazônia?<br />

<strong>Lula</strong> - Agora quem faz a pergunta<br />

sou eu: quando os países ricos<br />

vão respeitar de verdade o acordo<br />

de Kyoto e os limites impostos<br />

para a emissão de CO 2<br />

na atmosfera?<br />

Quando encontrarmos<br />

uma resposta certa e clara a essa<br />

questão, poderemos pensar nas<br />

responsabilidades de cada país<br />

na política econômica que adota.<br />

Todos sabem que o <strong>Brasil</strong> é<br />

favorável à produção de biocombustíveis.<br />

Estamos demonstrando<br />

que se trata de uma atividade<br />

plenamente compatível com<br />

a preservação do meio ambiente<br />

e a produção de alimentos em<br />

abundância. O território brasileiro<br />

dispõe de mais de 400 milhões<br />

de hectares de terra cultivável,<br />

dos quais somente 1% tem culturas<br />

de cana-de-açúcar. As áreas<br />

onde existem comunidades<br />

indígenas e parques nacionais<br />

correspondem a todos os países<br />

europeus reunidos. E a população<br />

indígena cresceu de 300 mil<br />

para 700 mil habitantes.<br />

la necessità, con l’obiettivo di<br />

evitare il panico nei consumatori<br />

ed il blocco dell’eco<strong>no</strong>mia.<br />

Tutti gli industriali e i dirigenti<br />

del settore automobilistico, per<br />

esempio, han<strong>no</strong> garantito che<br />

manterran<strong>no</strong> gli investimenti.<br />

La stessa cosa avverrà con il<br />

PAC e con la Petrobras. La Banca<br />

Centrale e il Tesoro metteran<strong>no</strong><br />

a disposizione le risorse necessarie<br />

per sostenere il mercato<br />

inter<strong>no</strong> e garantire il finanziamento<br />

per le esportazioni. Non<br />

voglio vedere nessuna opera paralizzata.<br />

CI – E il Programma Mais Alimentos?<br />

<strong>Lula</strong> – Questo programma dispone<br />

di 25 miliardi di reais<br />

destinati all’agricoltura familiare,<br />

per comprare 60.000 trattori<br />

e 300.000 macchine agricole.<br />

Questo per assicurare un futuro<br />

alla produzione agricola destinata<br />

all’alimentazione. Chi vuole<br />

comprare la sua auto o il suo<br />

frigorifero, che lo compri. Solo<br />

che <strong>no</strong>n ci possiamo fermare,<br />

altrimenti la crisi ci attacca<br />

davvero. Poi le prefetture delle<br />

città principali han<strong>no</strong> la capacità<br />

di investire e anche di fare<br />

debiti, disponendo di risorse<br />

sufficienti per sostenere il ritmo<br />

della <strong>no</strong>stra eco<strong>no</strong>mia. In sintesi,<br />

nell’attuale crisi finanziaria,<br />

il <strong>Brasil</strong>e <strong>no</strong>n ha banche né industrie<br />

condizionate dai subprimes<br />

americani.Non abbiamo né<br />

banche né imprese chiedendo<br />

accordi o dichiarando fallimento,<br />

come sta succedendo negli<br />

Stati Uniti e in Europa.<br />

CI – Che effetti la crisi può generare<br />

nei paesi in via di sviluppo?<br />

<strong>Lula</strong> – I Paesi in via di sviluppo<br />

con un quadro eco<strong>no</strong>mico e sociale<br />

simile al <strong>no</strong>stro dovran<strong>no</strong><br />

subire me<strong>no</strong> gli effetti della crisi,<br />

anche perché in questi paesi esiste<br />

un mercato inter<strong>no</strong> che <strong>no</strong>n<br />

c’è nei paesi sviluppati.<br />

CI – Gli italiani han<strong>no</strong> potuto apprezzare<br />

due esemplari dell’automobile<br />

Linea fabbricata dalla<br />

Fiat in <strong>Brasil</strong>e con il serbatoio<br />

del tipo flex. Pensa che l’importazione<br />

di eta<strong>no</strong>lo possa avvenire<br />

in breve tempo?<br />

<strong>Lula</strong> – È un processo che avrà bisog<strong>no</strong><br />

di tempo, perché si tratta<br />

di realizzare un cambiamento<br />

profondo nelle abitudini ai<br />

consumi che riguarda<strong>no</strong> il tipo<br />

di energia usata in Italia e negli<br />

altri paesi europei. E tutto ciò<br />

coinvolge una serie di considerazioni<br />

e di discussioni politiche,<br />

ma è solo una questione di<br />

tempo. Tutti i paesi si so<strong>no</strong> impegnati<br />

con il protocollo di Kyoto<br />

a ridurre l’emissione di gas<br />

inquinanti nell’atmosfera. Esiste<br />

anche un accordo affinché i paesi<br />

europei introduca<strong>no</strong> il 10%<br />

di biocombustibile nella benzina.<br />

Perciò dovran<strong>no</strong> prenderlo<br />

da qualcu<strong>no</strong> e il mio consiglio<br />

è che <strong>no</strong>n lo produca<strong>no</strong> a partire<br />

dalla ca<strong>no</strong>la né dalla barbabietola,<br />

che implica un processo<br />

costoso. Il <strong>Brasil</strong>e offre un eta<strong>no</strong>lo<br />

di buona qualità e a costi<br />

bassi. Stiamo proponendo agli<br />

italiani anche delle attività societarie<br />

in <strong>Brasil</strong>e, per avviare<br />

società con brasiliani nel <strong>no</strong>stro<br />

territorio, destinate alla produzione<br />

di eta<strong>no</strong>lo che voglio<strong>no</strong><br />

consumare. L’eta<strong>no</strong>lo è un’ottima<br />

soluzione per tutti i paesi,<br />

che abbia<strong>no</strong> o <strong>no</strong> petrolio. Offriamo<br />

all’Italia anche società<br />

per produrre investimenti e opportunità<br />

industriali e commerciali<br />

in altri paesi come Angola,<br />

Mozambico e Gana. Abbiamo la<br />

tec<strong>no</strong>logia, la capacità produttiva<br />

e la disponibilità per realizzare<br />

queste società.<br />

CI –La crescita <strong>no</strong>n è si<strong>no</strong>nimo<br />

di maggior inquinamento e distruzione<br />

ambientale? A questo<br />

proposito, qual è la situazione in<br />

Amazzonia?<br />

<strong>Lula</strong> – Adesso chi fa la domanda<br />

so<strong>no</strong> io: quando i paesi ricchi<br />

rispetteran<strong>no</strong> veramente l’accordo<br />

di Kyoto e i limiti imposti<br />

all’emissione di CO 2<br />

nell’atmosfera?<br />

Quando avremo una risposta<br />

certa e chiara a questa<br />

domanda, allora potremo pensare<br />

alle responsabilità di ciascun<br />

paese sulla sua politica eco<strong>no</strong>mica.<br />

Tutti san<strong>no</strong> che il <strong>Brasil</strong>e<br />

è favorevole alla produzione di<br />

biocombustibili. Stiamo dimostrando<br />

che si tratta di un’attività<br />

pienamente compatibile<br />

con la preservazione ambientale<br />

e la produzione di cibo in abbondanza.<br />

Il territorio brasilia<strong>no</strong><br />

dispone di più di 400 milioni<br />

di ettari di terra coltivabile,<br />

dei quali solo l’1% è coltivato a<br />

canna da zucchero. Le aree dove<br />

esisto<strong>no</strong> comunità indigene<br />

e parchi nazionali corrispondo<strong>no</strong><br />

a tutti i paesi europei riuniti<br />

insieme. E la popolazione indigena<br />

è cresciuta da 300mila a<br />

700mila abitanti.<br />

28 C o m u n i t à I t a l i a n a / De z e m b r o 2008<br />

D e z e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 29


capa<br />

negócios<br />

Foi em clima de camaradagem<br />

que aconteceu o encontro<br />

entre o presidente<br />

<strong>Lula</strong> e o presidente da Câmara<br />

dos Deputados, Gianfranco<br />

Fini. Os dois já se conheciam<br />

por conta da visita que o parlamentar<br />

italia<strong>no</strong> fez ao <strong>Brasil</strong> na<br />

condição de ministro do Exterior.<br />

Presente à reunião, o deputado<br />

ítalo-brasileiro Fábio Porta conta<br />

que, desta vez, Fini ficou ainda<br />

mais “favoravelmente impressionado<br />

com a sinceridade e o carisma<br />

de <strong>Lula</strong>”.<br />

Porta explica que Fini lhe<br />

convidou para o encontro com<br />

<strong>Lula</strong> para mostrar sua atenção<br />

para com os italia<strong>no</strong>s <strong>no</strong> mundo<br />

e para confirmar a proximidade<br />

dos parlamentos italia<strong>no</strong> e brasileiro<br />

e também a proximidade<br />

entre brasileiros, italia<strong>no</strong>s e ítalo-brasileiros<br />

que vivem <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>,<br />

“este grande país, tão próximo<br />

da Itália”.<br />

Além de falar bastante sobre<br />

a crise internacional, <strong>Lula</strong> abordou<br />

com Fini a questão da imigração.<br />

Segundo o deputado radicado<br />

<strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, <strong>Lula</strong> pediu que<br />

a Itália dispensasse uma especial<br />

atenção aos direitos dos trabalhadores<br />

imigrantes.<br />

— Também foi falado sobre<br />

a “fila da cidadania” <strong>no</strong>s consulados<br />

italia<strong>no</strong>s, um tema importante<br />

para <strong>Lula</strong> já que é casado<br />

com uma ítalo-brasileira — afirma<br />

Porta.<br />

<strong>Na</strong> opinião do deputado, o<br />

presidente brasileiro causou boa<br />

impressão. Segundo ele, a Itália<br />

“vê o <strong>Brasil</strong> com crescente interesse<br />

e simpatia” e o presidente<br />

<strong>Lula</strong> “goza de uma grande estima<br />

e admiração” <strong>no</strong> país.<br />

O único ponto a lamentar, segundo<br />

Porta, foi protagonizado<br />

pelo primeiro-ministro italia<strong>no</strong>. <strong>Na</strong><br />

sua opinião, o “lance teatral” feito<br />

por Silvio Berlusconi ao convidar<br />

os jogadores brasileiros do seu<br />

time, o Milan, para receber <strong>Lula</strong>,<br />

“passou para a Itália uma imagem<br />

redutiva e estereotipada do <strong>Brasil</strong>,<br />

um país que não é somente futebol,<br />

carnaval e favelas”.<br />

Para o deputado, como resultado<br />

dessa visita ficará a esperança<br />

que a Itália acredite e invista<br />

mais <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>:<br />

— O <strong>Brasil</strong> deve ser não apenas<br />

um parceiro, mas o <strong>no</strong>sso<br />

parceiro privilegiado na América<br />

do Sul e um grande aliado na<br />

estratégia de internacionalização<br />

Muito em<br />

comum<br />

Molto in comune<br />

Crise econômica, imigração e descontração<br />

marcaram o encontro entre <strong>Lula</strong> e Gianfranco Fini<br />

Crisi eco<strong>no</strong>mica, immigrazione e distensione han<strong>no</strong><br />

segnato l’incontro fra <strong>Lula</strong> e Gianfranco Fini<br />

política e econômica da Itália. A<br />

visita de <strong>Lula</strong> foi um passo nesta<br />

direção. Esperamos que os <strong>no</strong>ssos<br />

governantes sejam conseqüentes<br />

com o que disseram durante<br />

a visita.<br />

Se o futuro das relações entre<br />

os dois países depender do encontro<br />

entre <strong>Lula</strong> e Fini, tudo indica<br />

que <strong>Brasil</strong> e Itália serão mais parceiros<br />

do que nunca. Segundo Porta,<br />

além de conversarem bastante,<br />

Fini “se divertiu por um bom<br />

tempo” com o presidente brasileiro.<br />

A ponto do presidente da Câmara<br />

confessar para o deputado,<br />

ao final do encontro: “Entre mim e<br />

<strong>Lula</strong> há mais coisas em comum do<br />

que se possa imaginar”.<br />

Sô n i a Apolinário<br />

L’<br />

incontro fra il presidente<br />

<strong>Lula</strong> e il presidente<br />

della Camera dei Deputati,<br />

Gianfranco Fini, si<br />

è svolto in un clima di cameratismo.<br />

I due già si co<strong>no</strong>sceva<strong>no</strong><br />

a causa della visita che il parlamentare<br />

italia<strong>no</strong> aveva fatto in<br />

<strong>Brasil</strong>e quando era Ministro degli<br />

Esteri. Presente alla riunione,<br />

il deputato italo-brasilia<strong>no</strong> Fabio<br />

Porta dice che questa volta Fini è<br />

rimasto ancora più “impressionato<br />

favorevolmente dalla sincerità<br />

e dal carisma di <strong>Lula</strong>”.<br />

Porta spiega che Fini l’ha invitato<br />

all’incontro con <strong>Lula</strong> per<br />

dimostrare la sua attenzione per<br />

gli italiani nel mondo e per confermare<br />

la vicinanza dei parlamenti<br />

italia<strong>no</strong> e brasilia<strong>no</strong>, e anche<br />

la prossimità fra brasiliani,<br />

italiani e italo-brasiliani che vivo<strong>no</strong><br />

in <strong>Brasil</strong>e, “questo gran paese,<br />

così vici<strong>no</strong> all’Italia”.<br />

Oltre a parlare molto della<br />

crisi internazionale, <strong>Lula</strong> ha<br />

affrontato con Fini la questione<br />

dell’immigrazione. Secondo il<br />

deputato radicato in <strong>Brasil</strong>e, <strong>Lula</strong><br />

ha chiesto che l’Italia presti<br />

un’attenzione speciale ai diritti<br />

dei lavoratori immigrati.<br />

— Si è anche parlato della<br />

“fila per la cittadinanza” nei<br />

consolati italiani, un tema importante<br />

per <strong>Lula</strong> che è sposato<br />

con un italo-brasiliana — afferma<br />

Porta.<br />

Secondo il deputato il presidente<br />

brasilia<strong>no</strong> ha dato una<br />

buon’impressione. Secondo lui,<br />

l’Italia “vede il <strong>Brasil</strong>e con crescente<br />

interesse e simpatia” e il<br />

presidente <strong>Lula</strong> “gode di grande<br />

stima e ammirazione” nel paese.<br />

L’unico problema, secondo<br />

Porta, è stato causato dal Primo<br />

Ministro italia<strong>no</strong>. Secondo lui, il<br />

“colpo di teatro” fatto da Silvio<br />

Berlusconi invitando i giocatori<br />

brasiliani della sua squadra,<br />

il Milan, per ricevere <strong>Lula</strong>, “ha<br />

passato all’Italia una immagine<br />

riduttiva e stereotipata del <strong>Brasil</strong>e,<br />

paese che <strong>no</strong>n è solo calcio,<br />

carnevale e favela”.<br />

Secondo il deputato da questa<br />

visita risulterà la speranza<br />

che l’Italia abbia fiducia e investirà<br />

di più in <strong>Brasil</strong>e:<br />

—Il <strong>Brasil</strong>e <strong>no</strong>n deve essere<br />

solo un partner, ma il <strong>no</strong>stro<br />

partner privilegiato nell’America<br />

del sud ed un grande alleato<br />

nella strategia di internazionalizzazione<br />

politica ed eco<strong>no</strong>mica<br />

<strong>italiana</strong>.La visita di <strong>Lula</strong> è stata<br />

un passo in questa direzione.<br />

Speriamo che i <strong>no</strong>stri governanti<br />

dia<strong>no</strong> seguito a quello di cui<br />

han<strong>no</strong> parlato nella visita.<br />

Se le relazioni future fra i due<br />

paesi dipenderan<strong>no</strong> dall’incontro<br />

fra <strong>Lula</strong> e Fini, tutto lascia pensare<br />

che <strong>Brasil</strong>e e Italia saran<strong>no</strong><br />

alleati come <strong>no</strong>n so<strong>no</strong> mai stati<br />

prima. Secondo Porta, a parte il<br />

fatto di parlare molto, Fini “si è<br />

divertito un buon tempo” con il<br />

presidente brasilia<strong>no</strong>. Al punto<br />

che il Presidente della Camera alla<br />

fine dell’incontro ha confessato<br />

al deputato “Fra me e <strong>Lula</strong> ci<br />

so<strong>no</strong> più cose in comune di quanto<br />

si possa immaginare”.<br />

Problema<br />

resolvido<br />

Parceria entre italia<strong>no</strong>s e brasileiros<br />

consolida transformação de resíduo de couro<br />

em fertilizante <strong>no</strong> Rio Grande do Sul<br />

Os números impressionam.<br />

Responsável por um terço<br />

do couro processado <strong>no</strong><br />

<strong>Brasil</strong>, o Rio Grande do<br />

Sul manejou 15 milhões de toneladas<br />

desse material em 2007,<br />

gerando uma receita de um bilhão<br />

de reais. Já a produção de<br />

calçados fica em tor<strong>no</strong> de 240<br />

milhões de pares por a<strong>no</strong>. Toda<br />

essa movimentação, <strong>no</strong> entanto,<br />

resulta <strong>no</strong> despejo anual de 37<br />

mil toneladas de resíduos sólidos<br />

cromados em um aterro sanitário.<br />

Um problema que, com uma<br />

ajudinha <strong>italiana</strong>, será transformado<br />

em solução: depois de uma<br />

missão na Bologna, empresários<br />

implementarão na região uma<br />

técnica da Bota que transforma<br />

resíduos sólidos em fertilizantes.<br />

A partir do investimento de<br />

15 milhões de reais, a Ilsa SpA,<br />

empresa com sede na Itália, começa<br />

a operar <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> <strong>no</strong> primeiro<br />

trimestre de 2009. Instalada<br />

<strong>no</strong> município de Portão, <strong>no</strong> Vale<br />

dos Si<strong>no</strong>s - localidade com maior<br />

concentração de uso do couro<br />

Sílvia So u z a<br />

do <strong>Brasil</strong> - ocupará uma área de<br />

quatro mil metros quadrados com<br />

capacidade para absorver 100%<br />

dos resíduos sólidos gerados <strong>no</strong><br />

estado. A matriz <strong>italiana</strong> mantém<br />

contratos de exportação com 27<br />

países. A tec<strong>no</strong>logia empregada<br />

lá, baseada em hidrólise térmica,<br />

não necessita de nenhum outro<br />

tipo de aditivo.<br />

— Essa operação já existe na<br />

Itália e na Europa há duas décadas.<br />

Aqui é pioneira. Tínhamos<br />

um problema de custo/beneficio<br />

ao falar desse resíduo. Hoje,<br />

porém, sabemos que até o lixo<br />

tem utilidade e trabalhamos para<br />

aperfeiçoar todas as fases do processo.<br />

Isso trará tranqüilidade para<br />

a indústria e elimina o impacto<br />

ambiental — explica o vice-presidente<br />

da Associação das Indústrias<br />

de Curtume do Rio Grande do<br />

Sul (Aicsul), Leogenio Alban, que<br />

acompanhou a expedição.<br />

Para Alban, agora será necessário<br />

“contar com a consciência<br />

das empresas que geram resíduos”<br />

para que a partir dessa iniciativa,<br />

ao invés de enterrarem<br />

esse material, passem a contratar<br />

esse serviço “livrando-se de<br />

um passivo ambiental”. Ele explica<br />

que o fertilizante produzido a<br />

partir de resíduo de couro é utilizado<br />

na Europa, principalmente,<br />

para a cultura de arroz irrigado<br />

em razão do seu poder de liberação<br />

lenta do nitrogênio.<br />

Dessa forma, todo esse processo<br />

também ajudaria em outro<br />

segmento, já que o <strong>Brasil</strong> importa<br />

fertilizantes. Para a produção<br />

dos nitrogenados, depende do<br />

fornecimento de gás natural da<br />

Bolívia, matéria-prima necessária<br />

para a sua fabricação.<br />

A visita à Itália culmi<strong>no</strong>u com<br />

a aproximação entre os ministérios<br />

da Agricultura dos dois países.<br />

Ficou definido que técnicos<br />

italia<strong>no</strong>s estarão em Brasília, em<br />

março de 2009 para estudo e modernização<br />

das leis que regulam<br />

a industrialização e comercialização<br />

de fertilizantes <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>.<br />

O roteiro incluiu uma passagem<br />

pelo Instituto Conciario<br />

Galileu (Escola de Curtimento<br />

de Arzigna<strong>no</strong>) e pela estação de<br />

tratamento Acque de Chiampo<br />

SpA - empresa responsável pelo<br />

tratamento dos efluentes industriais<br />

e urba<strong>no</strong>s de oito municípios<br />

da região. O grupo também<br />

visitou o termoincenerador na<br />

cidade de Brescia e participou<br />

de encontro na Confederação<br />

das Indústrias da Itália (Confindustria)<br />

e na Associação Italiana<br />

dos Produtores de Fertilizantes<br />

da (Assofertilizzanti).<br />

Da parte acadêmica, a esperança<br />

é a formalização, <strong>no</strong> a<strong>no</strong><br />

que vem, de um intercâmbio técnico/científico<br />

entre a Faculdade<br />

de Agro<strong>no</strong>mia da Universidade<br />

de Bologna e a UFRGS, que abriga<br />

o Lacouro, laboratório especializado<br />

em pesquisas para o<br />

setor coureiro.<br />

— Fomos apresentados a pesquisas<br />

realizadas <strong>no</strong>s últimos 25<br />

a<strong>no</strong>s com referência à utilização<br />

do adubo orgânico obtido a partir<br />

dos resíduos de couro da indústria<br />

coureiro/calçadista. Isso sem<br />

falar na visita aos laboratórios e<br />

campos experimentais da faculdade<br />

— comenta Alban.<br />

30 C o m u n i t à I t a l i a n a / De z e m b r o 2008<br />

D e z e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 31


intercâmbio<br />

Missão<br />

cumprida<br />

Evento em Turim definiu uma agenda de trabalhos entre Minas<br />

Gerais e a região do Piemonte para os próximos dois a<strong>no</strong>s<br />

Dito e feito. A Fiat implantará,<br />

em Minas Gerais,<br />

um Centro de Pesquisas<br />

em Automobilismo e Design.<br />

Esse foi um dos acordos que<br />

o governador mineiro Aécio Neves<br />

fechou durante sua visita à<br />

região do Piemonte, <strong>no</strong> mês passado.<br />

Trazer esse centro para o<br />

<strong>Brasil</strong> era um dos seus objetivos<br />

ao encabeçar uma comitiva de<br />

cerca de cem pessoas que desembarcou<br />

em Turim para realizar a<br />

Semana de Minas <strong>no</strong> Piemonte.<br />

O grupo foi formado por secretários<br />

de estado, empresários, professores<br />

e artistas.<br />

Durante o evento, foi definida<br />

uma agenda de trabalho para<br />

os próximos dois a<strong>no</strong>s entre os<br />

estados brasileiro e italia<strong>no</strong>. Essa<br />

agenda é fruto de acordos para<br />

a realização de pesquisas em<br />

setores como biotec<strong>no</strong>logia, na<strong>no</strong>tec<strong>no</strong>logia,<br />

microeletrônica,<br />

Ja n a í n a Cesar<br />

Especial • Turim<br />

telecomunicações, tec<strong>no</strong>logia<br />

wireless, design, agro-zootécnico,<br />

meio ambiente e bioenergia<br />

automotiva. Também serão<br />

<strong>incentiva</strong>das as pesquisas para<br />

o desenvolvimento de <strong>no</strong>vos<br />

produtos e a formação de mãode-obra<br />

especializada por meio<br />

de intercâmbio universitário. A<br />

maior parte dos acordos foi firmada<br />

entre o governador Neves<br />

e a presidente da região do Piemonte,<br />

Mercedes Bresso.<br />

— Nós temos que transformar<br />

essa parceria em oportunidades<br />

de crescimento e geração<br />

de empregos — destaca o governador<br />

de Minas, Aécio Neves.<br />

— Nossa relação com o Piemonte<br />

vai continuar a caminhar com<br />

muita naturalidade.<br />

Mercedes Bresso endossa as<br />

palavras do “colega” brasileiro e<br />

vai além. Segundo ela, o objetivo<br />

é ampliar as parcerias, especialmente<br />

<strong>no</strong> que diz respeito a<br />

energias re<strong>no</strong>váveis.<br />

— Esta é uma importante<br />

oportunidade para crescermos<br />

juntos. A colaboração que já<br />

existia entre as duas regiões, por<br />

conta da Fiat, a partir de agora<br />

será expandida a todos os setores<br />

— afirma ela.<br />

Um dos acordos mais importantes<br />

foi firmado entre o secretário<br />

de Ciência e Tec<strong>no</strong>logia<br />

de Minas Gerais, Alberto Duque<br />

Portugal, e o assessore regional<br />

para Políticas de Internacionalização<br />

e Energia, Andrea Bairati.<br />

Este prevê um trabalho em conjunto<br />

para desenvolver “tec<strong>no</strong>logia<br />

verde” por intermédio de um<br />

programa dividido em três níveis:<br />

alta formação, pesquisa aplicada<br />

e relação industrial. Trata-se de<br />

uma cooperação efetiva <strong>no</strong> ramo<br />

da pesquisa industrial automotiva,<br />

de design automotivo e<br />

de produção de bio-energia. Para<br />

esta parceria foram destinados<br />

1 milhão de euros, sendo 500 mil<br />

euros de Minas e 500 mil do Piemonte.<br />

Segundo Bairati “Minas<br />

está pronta para se transformar<br />

Presidente da Fiat Mundial, Sergio Marchione discursa <strong>no</strong> encontro com empresários<br />

Fotos: Renato Gianturco<br />

Delegação mineira foi chefiada pelo<br />

governador Aécio Neves (centro, <strong>no</strong> alto)<br />

e percorreu locais como o Politécnico<br />

de Tori<strong>no</strong> em busca de parcerias<br />

na plataforma de acesso do Piemonte<br />

na América do Sul”.<br />

O secretário Alberto Portugal<br />

explica que um dos principais<br />

objetivos desse acordo é de privilegiar<br />

o duplo curriculum:<br />

— Trata-se do reconhecimento<br />

da dupla titularidade tanto<br />

para os alu<strong>no</strong>s da Universidade<br />

do Estado de Minas Gerais (Uemg)<br />

quanto para os italia<strong>no</strong>s que<br />

estudam <strong>no</strong> Instituto Politécnico<br />

de Turim (Polito). Existem outros<br />

programas de intercâmbio, mas<br />

este é realmente especial principalmente<br />

para o jovem estudante<br />

mineiro que vai à Polito para<br />

estudar e à Fiat para estagiar —<br />

diz Portugal.<br />

Nesse caso, a Fiat entra como<br />

parceira implantando um Centro<br />

de Pesquisas em Automobilismo<br />

e Design em Minas. Hoje, o Centro<br />

é gerido na Itália pelo Polito<br />

e é considerado um dos três<br />

melhores do mundo. Para Alessandro<br />

Barberis, presidente da<br />

Câmera de Comércio de Tori<strong>no</strong>,<br />

“essa é a confirmação que após<br />

trinta a<strong>no</strong>s de investimento e colaboração<br />

os dois estados atingiram<br />

um bom grau de amizade e<br />

confiança”.<br />

Para o presidente da Fiat <strong>no</strong><br />

<strong>Brasil</strong> Cledorvi<strong>no</strong> Belini “esta é<br />

uma grande oportunidade para o<br />

desenvolvimento de Minas e Piemonte”:<br />

— O <strong>Brasil</strong> tem uma e<strong>no</strong>rme<br />

capacidade na produção de combustíveis,<br />

como o eta<strong>no</strong>l, por<br />

exemplo. Em 1935, o país produziu<br />

pela primeira vez um combustível<br />

que misturava 5% de álcool<br />

e gasolina. Em 1979, produzimos<br />

o primeiro carro 100% a álcool,<br />

o Fiat 147. Nossa história com o<br />

<strong>Brasil</strong> nasceu há 30 a<strong>no</strong>s e espero<br />

ter consolidado essa união por<br />

outros 30 com a assinatura desses<br />

acordos — afirma Belini.<br />

Segundo o pró-reitor da Polito,<br />

Marco Gilli, este acordo “integra<br />

totalmente Polito, Fiat e Uemg”.<br />

Ele destaca como principal<br />

o fato de “dar força a um diploma<br />

válido e reconhecido <strong>no</strong>s dois<br />

países”. Gilli observa que, com a<br />

crise, as empresas não têm capital<br />

para investir em pesquisa e<br />

que isso tende a ser feito pelas<br />

universidades e centros qualificados<br />

de estudo.<br />

Atualmente, na Polito, existem<br />

100 alu<strong>no</strong>s brasileiros, parte<br />

deles provenientes de Minas Gerais.<br />

Um grande número freqüenta<br />

as faculdades de engenharia<br />

automobilística e química, como<br />

Francisco Eroni, de 29 a<strong>no</strong>s,<br />

recém-chegado da Universidade<br />

Federal de Pernambuco para fazer<br />

seis meses de doutorado em<br />

engenharia química.<br />

— As minhas expectativas<br />

são ótimas. A Polito é muito conhecida<br />

na Europa e possui uma<br />

ótima estrutura. Acho essa iniciativa<br />

do gover<strong>no</strong> de Minas para<br />

o diploma duplo muito válida<br />

porque é um problema estudar e<br />

não ter o título reconhecido em<br />

outro país — diz Eroni.<br />

Uma comitiva de reitores e<br />

professores de várias universidades<br />

mineiras visitou as instalações<br />

da Polito. Segundo o reitor<br />

da Universidade Estadual de<br />

Montes Claros (Unimontes), Paulo<br />

César Gonçalves de Almeida, o<br />

acordo de duplo diploma “é maravilhoso”<br />

para os alu<strong>no</strong>s.<br />

Tec<strong>no</strong>logia verde<br />

Em termos energéticos, a missão<br />

mineira <strong>no</strong> Piemonte resultou na<br />

realização de projetos de desenvolvimento<br />

de tec<strong>no</strong>logias para a<br />

produção do bio-eta<strong>no</strong>l, A idéia<br />

é utilizar a celulose proveniente<br />

do cultivo da cana, de modo a<br />

não interferir na produção agrícola<br />

de alimentos. A cooperação<br />

entre <strong>Brasil</strong> e Itália se dará <strong>no</strong><br />

âmbito acadêmico. As pesquisas<br />

têm como objetivo uma produção<br />

mais eficiente. Serão desenvolvidas<br />

pesquisas também <strong>no</strong>s setores<br />

de biotec<strong>no</strong>logia e de tec<strong>no</strong>logia<br />

industrial. Ainda <strong>no</strong> campo<br />

da engenharia, os estudos visam<br />

ampliar o rendimento energético<br />

dos motores a eta<strong>no</strong>l e produzir<br />

energia elétrica da biomassa.<br />

Minas é hoje o segundo maior<br />

produtor brasileiro de eta<strong>no</strong>l e<br />

açúcar. Possui 50 <strong>no</strong>vas usinas<br />

em fase de implementação e 85<br />

organizações que se ocupam de<br />

biotec<strong>no</strong>logia.<br />

Segundo o assessor Bairati os<br />

desafios que as duas regiões enfrentarão<br />

são estratégicos: “produzir<br />

eta<strong>no</strong>l da celulose, sem interferir<br />

na cadeia alimentar, e formar<br />

jovens engenheiros globais”.<br />

— Esta é a forma mais ousada<br />

de produção de eta<strong>no</strong>l — endossa<br />

o assessor de Políticas Culturais<br />

do Piemonte, Gianni Oliva.<br />

Ele lembra que apesar da Itália<br />

encabeçar uma linha de países<br />

contrários à resolução 20/20/20<br />

da União Européia (aumento em<br />

20% na produção de energia re<strong>no</strong>vável<br />

e diminuição em 20% de<br />

emissão de CO2 até o a<strong>no</strong> 2020),<br />

a política energética da presidente<br />

Bresso é pela auto-suficiência<br />

em energia re<strong>no</strong>vável. Segundo<br />

Oliva, este acordo com Minas<br />

“comprova a vontade de estabelecer<br />

uma política energética que<br />

priorize as soluções re<strong>no</strong>váveis”.<br />

Negócios<br />

Uma sala de empresários italia<strong>no</strong>s<br />

curiosos para conhecer e<br />

descobrir as riquezas do estado<br />

mineiro e marcada pela presença<br />

de cerca de 100 empresários brasileiros<br />

prontos a negociar. Foi<br />

nesse clima cheio de entusiasmo<br />

que o presidente da Fiat, Sérgio<br />

Marchione, abriu o Country Presentation.<br />

O evento marcou a<br />

apresentação das duas regiões na<br />

abertura oficial dos encontros de<br />

negócios, <strong>no</strong> dia 19 de <strong>no</strong>vembro.<br />

Com um breve discurso, ele<br />

ressaltou a importância dos acordos<br />

assinados para as duas regiões<br />

e para a Fiat.<br />

Os encontros foram organizados<br />

pela Região do Piemonte,<br />

Câmera do Comércio de Turim,<br />

Antenna Piemonte, Gover<strong>no</strong> de<br />

32 C o m u n i t à I t a l i a n a / De z e m b r o 2008<br />

D e z e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 33


intercâmbio<br />

meio ambiente<br />

Luís Henrique Pereira da Fonseca<br />

Minas e Instituto de Desenvolvimento<br />

Integrado (Indi), em parceria<br />

com a Federação das Indústrias<br />

do Estado de Minas Gerais<br />

(Fiemg), e com apoio da Indústria<br />

e Artesanato de Minas Gerais<br />

e da Câmara Ítalo-<strong>Brasil</strong>eira<br />

de Comércio. A secretaria de<br />

Turismo de Minas Gerais (Setur)<br />

também organizou uma série de<br />

workshops e encontros de negócios<br />

entre operadores mineiros e<br />

do Piemonte.<br />

Para Eduardo Bernis, vicepresidente<br />

do Indi, foi sacramentada<br />

“uma relação harmoniosa<br />

entre os dois estados. Principalmente<br />

<strong>no</strong>s setores de biotec<strong>no</strong>logia<br />

e bio-carburante:<br />

— A região de Minas ganhou<br />

muito também pelo fato da Fiat<br />

abrir uma filial do Centro de Pesquisa<br />

e Design. Isso, para o <strong>Brasil</strong>,<br />

é muito significativo. Minas<br />

e Fiat têm uma história em comum.<br />

O Estado não seria a segunda<br />

eco<strong>no</strong>mia do país se a<br />

empresa <strong>italiana</strong> não estivesse<br />

lá. Agora, devemos expandir os<br />

acordos, abrir para todos os campos,<br />

não só automobilístico. É<br />

hora do estado brasileiro se abrir<br />

para o mundo, sair das montanhas<br />

— afirma Bernis.<br />

Há duas semanas na Itália,<br />

o embaixador Luís Henrique Pereira<br />

da Fonseca, cônsul geral do<br />

<strong>Brasil</strong> em Milão, participou de<br />

quase todos os eventos da missão<br />

mineira:<br />

— Quero ressaltar o modo<br />

afetuoso com que a governadora<br />

Bresso recebeu os representantes<br />

de Minas. Estou feliz que estes<br />

acordos tenham sido assinados.<br />

É muito importante para os estados,<br />

universidades, empresas e estudantes<br />

que os dois países mantenham<br />

uma relação estreita de<br />

amizade e cooperação — diz ele.<br />

Tambores e pão de queijo<br />

Além de negócios, a Semana de<br />

Minas <strong>no</strong> Piemonte promoveu em<br />

Turim a cultura do estado brasileiro.<br />

Até este mês, será possível<br />

conferir a mostra Viver Minas.<br />

No Museu de Ciências <strong>Na</strong>turais,<br />

18 salas mostram, com recursos<br />

so<strong>no</strong>ros e visuais, o passado colonial<br />

mineiro e aspectos da sua<br />

cultura popular. Além disso, grupos<br />

como Giramundo, Galpão e<br />

Uakti, garantiram uma animada<br />

programação.<br />

— Apresentamos Minas através<br />

das montanhas. Elas guardam<br />

por baixo de suas terras<br />

uma infinidade de minerais. Por<br />

cima, estão as riquezas naturais<br />

e as manifestações artísticas<br />

que permeiam a singularidade<br />

dos atrativos turísticos mineiros.<br />

Pretendemos que essa exposição<br />

desperte o interesse e a<br />

curiosidade dos empresários de<br />

turismo do Piemonte — explica<br />

Cultura em alta na bota. Missão<br />

teve shows das cantoras Titane<br />

(alto) e Déa Trancoso. Exposição<br />

Viver Minas levou a público<br />

curiosidades históricas do estado<br />

a secretária mineira de Turismo<br />

Érica Drumond.<br />

Para o secretário de Cultura<br />

de Minas, Paulo Brant, a exposição<br />

reflete a cultura de Minas<br />

“em duas dimensões: o zelo pelas<br />

tradições e a fascinação pela<br />

i<strong>no</strong>vação”.<br />

Da programação musical do<br />

evento fizeram parte 38 artistas.<br />

Enquanto o músico Maurício Tizumba<br />

e o grupo Tambolelê levaram<br />

sua tamborzada pelas ruas<br />

da cidade, artistas como Flávio<br />

Henrique, Déa Trancoso, Sérgio<br />

Santos, Vander Lee, Telo Borges,<br />

Weber Lopes, Marcus Viana, Maurício<br />

Ribeiro, Pablo Castro, Gilson<br />

Silveira, Titane, o duo Sete Estrelo<br />

e o dj Jeff Santos se apresentaram<br />

<strong>no</strong> Jazz Club de Turim.<br />

— Trazer a música de Minas<br />

para a Itália é algo realmente<br />

mágico. Os italia<strong>no</strong>s recebem<br />

Fotos: Renato Gianturco<br />

rapidamente a mensagem, é um<br />

ótimo público — diz a cantora<br />

Titane.<br />

Além da música, que fez os<br />

freqüentadores do clube de Jazz<br />

levantarem das cadeiras e dançarem,<br />

o evento apresentou a<br />

boa gastro<strong>no</strong>mia mineira. Como<br />

a música, a cozinha também é<br />

marcada pela mistura da influência<br />

indígena, africana e européia.<br />

E visto que tudo era “devorado”<br />

rapidamente, pode-se dizer<br />

que o pão de queijo quentinho, a<br />

feijoada e o caldo de aipim fizeram<br />

realmente sucesso. Além dos<br />

queijos e doces que também não<br />

passaram despercebidos. Como<br />

disse a secretária Érica Drumond,<br />

Minas é um Estado rico na cultura<br />

e foi apresentado “de forma<br />

alegre” para o Piemonte.<br />

Comércio<br />

energético<br />

Consultor do ministério italia<strong>no</strong> do Meio Ambiente diz que o gover<strong>no</strong> do seu país<br />

quer reavaliar a capacidade de redução de emissão de gases do aquecimento global<br />

As parcerias com o <strong>Brasil</strong><br />

<strong>no</strong> campo ambiental e especialmente<br />

bioenergético<br />

são prioritárias para o<br />

Ministério do Meio Ambiente italia<strong>no</strong>,<br />

“com promissoras relações<br />

comerciais a serem exploradas bilateralmente<br />

<strong>no</strong>s próximos a<strong>no</strong>s”.<br />

Quem diz isso é o gerente do Programa<br />

de Cooperação Ambiental<br />

do Ministério do Meio Ambiente<br />

e da Tutela do Território e do Mar<br />

da Itália, Diego Tomassini.<br />

Ele participou, <strong>no</strong> mês passado,<br />

da X Fimai/Simai – Feira<br />

e Seminário Internacionais do<br />

Meio Ambiente Industrial e Sustentabilidade,<br />

realizado em São<br />

Paulo. Eco<strong>no</strong>mista de formação,<br />

Tomassini está <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> há seis<br />

a<strong>no</strong>s por conta do Programa de<br />

Cooperação que gerencia. Radicado<br />

na capital paulista, ele atua<br />

como consultor do ministério do<br />

Meio Ambiente italia<strong>no</strong>.<br />

Tomassini fez questão de esclarecer<br />

que o gover<strong>no</strong> italia<strong>no</strong><br />

não se declarou contra as cotas de<br />

redução das emissões dos poluentes,<br />

como chegou a ser divulgado<br />

pela imprensa internacional.<br />

— O que o gover<strong>no</strong> italia<strong>no</strong> fez<br />

foi dizer que, provavelmente, será<br />

preciso rever os prazos. Há um problema<br />

na Europa, não só na Itália,<br />

porque todos os países terão que<br />

responder a uma crise mundial violenta.<br />

Em nível econômico, isso se<br />

dará com aumento dos custos da<br />

produção e o pla<strong>no</strong> da UE para o<br />

clima poderá ser um fator de retração<br />

da competitividade das empresas<br />

— explica o consultor.<br />

No xadrez do bem comum ambiental,<br />

o primeiro-ministro da<br />

Itália, Silvio Berlusconi, discordou<br />

dos prazos estabelecidos e questio<strong>no</strong>u<br />

os custos das metas de redução<br />

de gases de efeito estufa. O<br />

presidente francês do tur<strong>no</strong> semestral<br />

da União Européia, Nicolas Sarkozy,<br />

sinalizou favoravelmente à<br />

proposta <strong>italiana</strong> de flexibilização,<br />

encampada por países do leste europeu.<br />

<strong>Na</strong> avaliação de Tomassini,<br />

a crise econômica internacional<br />

será uma rocha na via das decisões<br />

da União Européia para desacelerar<br />

o aquecimento global, mas não<br />

desviará o bloco do rumo apontado<br />

pelo Protocolo de Kyoto. Este<br />

mês, o pacto climático deve ser<br />

acordado entre as 27 nações, com<br />

alterações. O compromisso original<br />

seria reduzir em 20% a emissão de<br />

gases até 2020.<br />

Segundo Tomassini, os prazos<br />

para redução das emissões<br />

Tat i a n a Bu f f<br />

Correspondente • São Paulo<br />

de gases do aquecimento global<br />

envolvem necessidades simultâneas<br />

de desenvolvimento econômico<br />

e de preservação do meio<br />

ambiente. Ele diz que se trata de<br />

uma “questão séria” que deverá<br />

ser enfrentada pela Itália e outros<br />

países “dentro de uma lógica<br />

e de uma política européia”:<br />

— A Itália não está lançando<br />

medidas autô<strong>no</strong>mas em relação<br />

aos acordos já firmados em nível<br />

europeu. Há uma negociação na<br />

União Européia na qual cada gover<strong>no</strong><br />

apresenta suas próprias posições.<br />

Expusemos as <strong>no</strong>ssas idéias<br />

de acordo com as exigências de<br />

Fotos: Claudio Cammarota<br />

Diego Tomassini<br />

<strong>no</strong>sso país, assim como os franceses<br />

e os demais o farão dentro de<br />

uma grave crise mundial que, provavelmente,<br />

prosseguirá por algum<br />

tempo – afirma o eco<strong>no</strong>mista.<br />

No painel internacional de<br />

abertura do SIMAI (Seminário<br />

Internacional de Meio Ambiente<br />

Industrial e Sustentabilidade), o<br />

consultor do ministério italia<strong>no</strong><br />

do Meio Ambiente apresentou os<br />

princípios fundadores e as atividades<br />

da GBEP (Parceria Global pela<br />

Bioenergia), entidade sediada em<br />

Roma junto à FAO (Organização<br />

das <strong>Na</strong>ções Unidas para a Alimentação<br />

e Agricultura). A instituição<br />

resultou de uma iniciativa tomada<br />

em 2005 pelo G-8 mais <strong>Brasil</strong>, Índia,<br />

China, México e África do Sul,<br />

para responder à explosiva demanda<br />

energética promovendo os biocombustíveis,<br />

a geração de energia<br />

limpa, re<strong>no</strong>vável e a diversificação<br />

das fontes com segurança.<br />

Presença <strong>italiana</strong><br />

Para participar da Fimai, em <strong>no</strong>vembro,<br />

vieram a São Paulo representantes<br />

das empresas <strong>italiana</strong>s<br />

Eurovix, Newster, Solarkey,<br />

Tavolini, Tec<strong>no</strong>impianti Water<br />

Treatment, T&D Water Tech<strong>no</strong>logies<br />

and Development. O objetivo<br />

do evento é promover acordos<br />

de colaboração comercial, industrial<br />

e tec<strong>no</strong>lógica entre investidores<br />

brasileiros e italia<strong>no</strong>s<br />

que operam <strong>no</strong> mercado do desenvolvimento<br />

sustentável e reciclagem.<br />

A Décima Fimai/Simai<br />

recebeu 380 expositores e cerca<br />

de 38 mil visitantes. O volume de<br />

negócios estimado é de 650 milhões<br />

de reais.<br />

34 C o m u n i t à I t a l i a n a / De z e m b r o 2008<br />

D e z e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 35


atualidade<br />

Bafômetro<br />

videogame<br />

<strong>Na</strong> Itália, jogo de computador portátil é usado por policiais para checar os reflexos dos motoristas<br />

Um videogame é a <strong>no</strong>va<br />

arma da polícia <strong>italiana</strong><br />

para descobrir motoristas<br />

bêbados ou drogados.<br />

No lugar do antigo bafômetro,<br />

agora os italia<strong>no</strong>s vão se<br />

submeter a uma geringonça eletrônica<br />

capaz de medir o tempo<br />

de reflexo e a intensidade do<br />

tremor do corpo através de um<br />

joystick inteligente. O aparelho<br />

foi criado pela equipe do professor<br />

Alberto Rovetta, do laboratório<br />

de robótica do Politécnico<br />

de Milão, e chama-se Deedee.<br />

Ele simula situações de trânsito<br />

que o motorista deve contornálas<br />

como se estivesse dirigindo<br />

de verdade.<br />

As condições neuro-psicomotoras<br />

são passadas a limpo pelo<br />

vídeo-game que detecta ainda<br />

estados neurológicos do usuário<br />

como cansaço, estresse e problemas<br />

esquizofrênicos ou compulsivos.<br />

Tudo graças a micros sensores<br />

criados para ler os dados<br />

através da manivela do joystick.<br />

Os impulsos são processados e<br />

as informações decifradas por<br />

um programa de computador. E<br />

ironia final: o resultado do teste<br />

é dado por um sinal de trânsito<br />

virtual: o vermelho significa que<br />

o motorista ingeriu álcool acima<br />

do limite estabelecido pela lei.<br />

A cor amarela indica a presença<br />

de substâncias químicas, drogas,<br />

e álcool <strong>no</strong> organismo do<br />

“jogador”. Já o sinal verde revela<br />

a ausência de álcool e droga<br />

<strong>no</strong> sangue. Segundo os criadores<br />

do Deedee, somente quem está<br />

sóbrio consegue “brincar” com o<br />

computador.<br />

O jogo é simples e dura alguns<br />

segundos. <strong>Na</strong> tela, aparecem<br />

um carro vermelho, uma<br />

rua cinza, um muro e um sinal<br />

de trânsito. O motorista tem<br />

que realizar a operação indicada<br />

pelo sinal. Deve mover o veículo<br />

e pará-lo antes do obstáculo.<br />

O Deedee já foi testado nas cidades<br />

de Alessandria e de Vig<strong>no</strong>le<br />

Borbera. <strong>Na</strong>turalmente, o<br />

local escolhido para a “estréia”<br />

do jogo foi uma esquina próxima<br />

a uma discoteca. O protótipo<br />

teve bons resultados e agora<br />

outras cidades irão usar o sistema<br />

ainda em fase de teste. O<br />

Politécnico de Milão e a polícia<br />

<strong>italiana</strong> assinaram um acordo e<br />

o Deedee já está sendo usado<br />

nas atividades de controle das<br />

cidades de Aosta, Novara e Turim.<br />

Em seguida, o aparelho será<br />

adotado em Arezzo, Cagliari,<br />

Foggia e Verona.<br />

Os técnicos acreditam que<br />

uma das vantagens do teste é<br />

ser muito semelhante aos jogos<br />

que fazem parte do dia-adia<br />

dos jovens. Isso porque há a<br />

percepção que o ato de ser parado<br />

numa blitz e fazer o teste em<br />

um bafômetro é, por si só, uma<br />

situação que predispõe policial<br />

e motorista em claro antagonismo.<br />

Isso, acreditam os técnicos,<br />

não acontecerá com o Deedee.<br />

Por se tratar de um vídeo-game<br />

que simula uma situação, o “jogo”<br />

ajudaria o usuário até mesmo<br />

a criar um clima de cordialidade<br />

entre todos os envolvidos<br />

na questão. Se o motorista não<br />

passar <strong>no</strong> teste ele, vai perceber,<br />

dependendo do grau de álcool e<br />

droga ingerido, que realmente<br />

representava um perigo para si<br />

próprio, antes mesmo de ser um<br />

risco para um terceiro.<br />

A questão dos acidentes de<br />

trânsito na Itália passou de ser<br />

um problema de polícia para ser<br />

um problema político e social.<br />

Gu i l h e r m e Aq u i n o<br />

Correspondente • Milão<br />

Em 126 mil motoristas checados<br />

pela polícia <strong>no</strong>s primeiros<br />

seis meses deste a<strong>no</strong>, 12.756<br />

resultaram positivo ao teste de<br />

álcool. No mesmo período, foram<br />

registradas 764 mortes, das<br />

quais 296 vítimas tinham me<strong>no</strong>s<br />

de trinta a<strong>no</strong>s de idade. No a<strong>no</strong><br />

passado, foram efetuados 800<br />

mil controles em toda a Itália.<br />

Como conseqüência, 40 mil pessoas<br />

tiveram as suas carteiras de<br />

motoristas suspensas.<br />

Por conta da <strong>no</strong>va legislação<br />

de trânsito, desde o mês passado<br />

se tor<strong>no</strong>u obrigatório a exibição,<br />

pelo estabelecimento que vende<br />

bebidas alcoólicas, de uma<br />

tabela explicativa a respeito da<br />

relação entre um copo de vinho<br />

ou de cerveja e a taxa de álcool<br />

<strong>no</strong> sangue. Esta tabela leva em<br />

considerações variáveis como o<br />

peso da pessoa, o sexo e se o<br />

estômago está cheio ou vazio. A<br />

medida é mais preventiva e educativa<br />

do que repressiva. Pela lei<br />

<strong>italiana</strong>, uma pessoa pode dirigir<br />

com até 0.50 gramas de eta<strong>no</strong>l<br />

por litro de sangue. Este limite é<br />

facilmente superado por um homem<br />

de setenta quilos que toma<br />

uma cerveja sem ter se alimentado<br />

antes.<br />

36 C o m u n i t à I t a l i a n a / De z e m b r o 2008<br />

D e z e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 37


luteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSalut<br />

Cuida bem de mim<br />

Comilança típica das festas de final de a<strong>no</strong> atinge, em cheio, o fígado. Com alguns<br />

cuidados, é possível manter a tradição da mesa farta sem agredir o organismo<br />

Peru assado, chester, tender,<br />

bacalhau, salpicão, farofa,<br />

pernil e rabanada. Ufa! Haja<br />

fígado para agüentar a<br />

maratona de comidas típicas das<br />

festas de fim de a<strong>no</strong>. Isso sem<br />

contar as bebidas, geralmente, alcóolicas.<br />

Com tantas opções, para<br />

ganhar um mal-estar de presente,<br />

basta uma garfada a mais. Nessa<br />

época, quando <strong>no</strong>s vimos cercados<br />

por uma mesa farta de pratos que,<br />

na maioria das vezes, não comemos<br />

durante os 365 dias do a<strong>no</strong>, é<br />

preciso preparar o organismo para<br />

enfrentar a comilança típica das<br />

festas de final de a<strong>no</strong>.<br />

Isso é importante porque é o<br />

fígado que produz a bile, fluido<br />

necessário para a digestão das<br />

gorduras. Normalmente, o organismo<br />

produz um litro de bile ao<br />

longo do dia. Quando se come<br />

muita gordura e ainda se bebe álcool<br />

ocorre uma sobrecarga do fígado,<br />

estimulado a produzir mais<br />

bile, mais rapidamente. É esse<br />

“trabalho extra” do órgão que gera<br />

desconforto digestivo, primeiramente<br />

<strong>no</strong> intesti<strong>no</strong>, podendo<br />

iniciar diarréia. O alto consumo<br />

do álcool, ao longo do tempo,<br />

gera ainda mais prejuízos para as<br />

células do fígado com lesões que<br />

podem iniciar uma cirrose.<br />

De acordo com a nutricionista<br />

Virgínia <strong>Na</strong>scimento, vice-presidente<br />

da Associação <strong>Brasil</strong>eira<br />

de Nutrição e diretora da Clínica<br />

de Orientação Nutricional (RJ),<br />

para não fazer o fígado “sofrer<br />

tanto”, as pessoas devem preferir,<br />

durante o dia, comidas mais<br />

leves, à base de salada crua e legumes<br />

cozidos.<br />

— Recomendo também a ingestão<br />

de pouca carne e queijo.<br />

Nos intervalos entre as refeições,<br />

a melhor coisa é comer frutas.<br />

No dia 24 de dezembro, que é o<br />

dia em que, tradicionalmente, a<br />

pessoa vai ficar mais tempo acordada,<br />

o café da manhã deve ser<br />

igual ao dos dias habituais. Mas<br />

para garantir melhor digestão, o<br />

interessante é que esta refeição<br />

tenha pão integral, queijo magro,<br />

leite ou iogurte, fruta ou suco<br />

da fruta — aconselha.<br />

O almoço, segundo a nutricionista,<br />

segue o mesmo raciocínio<br />

do desjejum. <strong>Na</strong>da de frituras,<br />

farofas e massas recheadas.<br />

Porém, é importante colocar <strong>no</strong><br />

prato bastante salada de legumes<br />

e verduras. Comer bem, ao longo<br />

do dia, permite que o fígado fique<br />

“alerta” e não seja “pego de surpresa”<br />

somente <strong>no</strong> final do dia.<br />

Virgínia observa que é comum<br />

nas ceias natalinas haver<br />

muita fritura, castanha e pratos<br />

como bolo de bacalhau, maionese,<br />

além das famosas rabanadas.<br />

São comidas muito calóricas que<br />

devem ser balanceadas com frutas<br />

tropicais, mais leves e que hidratam<br />

o organismo. Assim, uma<br />

salada de frutas, além de ficar<br />

bonita em uma mesa natalina,<br />

pode ser um bom presente para<br />

o fígado das pessoas.<br />

Segundo a nutricionista, o<br />

tradicional bacalhau, se bem<br />

dessalgado, é uma opção perfeita<br />

para uma ceia, desde que preparado<br />

com batatas, cebolas, aipo,<br />

alho, couve, mais azeitonas e<br />

azeite “sem exagero”:<br />

— Como não tem muita variedade<br />

de sobremesas saudáveis,<br />

pois só a rabanada já é exagerada,<br />

a preferência deve ser<br />

por frutas frescas como abacaxi,<br />

ameixa, pêssego e o mínimo de<br />

frutas secas ou oleagi<strong>no</strong>sas, como<br />

as castanhas e as <strong>no</strong>zes.<br />

Como as opções de pratos são<br />

diversas, algumas pessoas podem<br />

cair na tentação e misturar comidas<br />

que, teoricamente, não combinam.<br />

Virgínia afirma que uma das piores<br />

combinações possíveis para o fíga-<br />

<strong>Na</strong>y r a Garofle<br />

do encarar é fritura misturado com<br />

doces e bebidas alcoólicas. Também<br />

é preciso tomar cuidado com o risco<br />

de fermentação de comidas. Isso<br />

pode acontecer quando o prato é<br />

preparado com muita antecedência<br />

ou mal conservado, seja pela refrigeração<br />

inadequada ou por falta de<br />

local para guardar – uma situação<br />

também típica de final de a<strong>no</strong>.<br />

Por ser, geralmente, farta<br />

acaba sobrando muita comida da<br />

ceia natalina e o risco de continuar<br />

a se deliciar até o Reveillon<br />

é grande. É claro que Virgínia<br />

não considera esse comportamento<br />

aconselhável.<br />

Portanto, tenha pena de seu<br />

fígado. Aproveite com moderação<br />

e, para não passar o Reveillon<br />

com o estômago “embrulhado”,<br />

escolha os seis dias entre as duas<br />

festas para se recuperar de tanta<br />

rabanada, panetone e outros quitutes<br />

mais. Assim, na hora da virada<br />

do a<strong>no</strong>, é possível colocar o<br />

“pé na jaca” <strong>no</strong>vamente. Afinal,<br />

se você prometer para o seu fígado<br />

que só fará isso duas vezes por<br />

a<strong>no</strong>, ele agüenta. Será?<br />

Grupo Keystone<br />

Horário de verão<br />

Um estudo realizado pelo Instituto Karolinska<br />

da Suécia sugere que adiantar<br />

os relógios em uma hora por causa do horário<br />

de verão aumenta o risco de infartos. A<br />

pesquisa indica que os casos de infarto do<br />

miocárdio aumentam cerca de 5% na semana<br />

seguinte ao ajuste dos relógios. Os cientistas<br />

explicam que os distúrbios do so<strong>no</strong><br />

produzem efeitos negativos <strong>no</strong> organismo<br />

huma<strong>no</strong> e alertam que níveis elevados de<br />

estresse podem desencadear um ataque cardíaco<br />

nas pessoas que se situam em grupos<br />

de risco. “A hora de so<strong>no</strong> perdida e os conseqüentes<br />

distúrbios de so<strong>no</strong> que isto provoca<br />

são as explicações mais prováveis”, disse<br />

Imre Janszky, um dos pesquisadores envolvidos<br />

<strong>no</strong> estudo.<br />

Como criança<br />

Uma pesquisa da Universidade de<br />

Glamorgan, <strong>no</strong> País de Gales diz<br />

que brincar como criança pode ser melhor<br />

do que praticar exercícios tradicionais.<br />

Para os pesquisadores, correr vigorosamente<br />

por 30 segundos pode ser<br />

tão benéfico para a saúde como praticar<br />

sessões de uma hora de exercícios cinco<br />

vezes por semana. “Seis baterias de<br />

30 segundos de corridas vigorosas, três<br />

vezes por semana, podem trazer os mesmos<br />

benefícios para a saúde e a redução<br />

de peso do que correr ou andar de bicicleta<br />

em intensidade moderada por 45<br />

minutos várias vezes por semana”, diz o<br />

professor Julien Baker, um dos autores<br />

da pesquisa.<br />

Grupo Keystone<br />

Tomate roxo<br />

Depois do pomodoro nero, cientistas<br />

britânicos desenvolveram um tomate<br />

roxo que, acreditam, poderá ajudar a prevenir<br />

o câncer. A fruta é rica em um pigmento<br />

antioxidante chamado antocianina, conhecido<br />

por ajudar a desacelerar o crescimento<br />

de células cancerígenas. Uma equipe do John<br />

Innes Centre, em Norwich, na Inglaterra,<br />

desenvolveu os tomates roxos ao incorporar<br />

na fruta original genes da planta bocade-dragão,<br />

rica em antocianina. O próximo<br />

passo será testá-los em voluntários huma<strong>no</strong>s.<br />

Os pesquisadores investigam maneiras<br />

de aumentar os níveis de compostos saudáveis<br />

em frutas e legumes mais consumidos.<br />

Cuidado com o café<br />

Café em excesso pode reduzir os seios. É<br />

isso o que diz um estudo sueco publicado<br />

na revista British Journal of Cancer. A diminuição<br />

ocorre por conta de uma variação genética<br />

que atinge cerca de 50% das mulheres e<br />

apenas entre aquelas que tomam três ou mais<br />

xícaras de café por dia e não usam pílulas anticoncepcionais.<br />

Uma das explicações é de que<br />

o café contém estrogênios que poderiam afetar<br />

os hormônios femini<strong>no</strong>s. Cerca de 300 mulheres<br />

que não tomavam anticoncepcionais e<br />

não tinham histórico de câncer foram analisadas<br />

por 10 a<strong>no</strong>s. Entre elas, 50% possuíam a<br />

variante genética. As voluntárias responderam<br />

questionários, tiveram os níveis hormonais e o<br />

tamanho dos seios medidos. No fim, os cientistas<br />

perceberam que as mulheres com a variação<br />

genética e que tomam uma quantidade<br />

moderada ou alta de café apresentaram uma<br />

diminuição <strong>no</strong> tamanho dos seios.<br />

Hora de dormir mais<br />

No Japão, estudo indica que mulheres que<br />

dormem me<strong>no</strong>s têm mais chances de ter<br />

câncer de mama. A pesquisa foi realizada por<br />

uma equipe da Tohoku University Graduate<br />

School of Medicine in Sendai. Cerca de 24 mil<br />

mulheres foram analisadas por oito a<strong>no</strong>s. A<br />

conclusão foi a de que as que dormiam seis<br />

horas ou me<strong>no</strong>s por <strong>no</strong>ite tinham 62% mais<br />

chances de ter a doença. A ligação pode estar<br />

<strong>no</strong> hormônio melatonina, que ajuda na<br />

prevenção do câncer de mama ao controlar a<br />

quantidade de hormônios sexuais liberada.<br />

Grupo Keystone<br />

Grupo Keystone<br />

<strong>Na</strong>da de aspirina<br />

Cientistas escoceses sugerem que<br />

a aspirina não é eficiente na prevenção<br />

de ataques cardíacos em diabéticos.<br />

A pesquisa, publicada na revista<br />

British Medical Journal, afirma que o<br />

medicamento não trouxe benefícios para<br />

um grupo de 1,3 mil diabéticos que<br />

não apresentavam sintomas de doenças<br />

cardíacas. Os resultados contradizem teorias<br />

anteriores de que pessoas com diabetes<br />

deveriam consumir aspirina rotineiramente<br />

para se proteger dos riscos<br />

de ataques cardíacos e infarto.<br />

Cerveja contra câncer?<br />

Estudantes da Universidade Rice, <strong>no</strong> Texas,<br />

(EUA) pretendem criar uma cerveja<br />

transgênica que contenha resveratrol. Essa<br />

substância química presente <strong>no</strong> vinho tem se<br />

mostrado capaz de reduzir os riscos de câncer<br />

e doenças cardíacas em experiências com<br />

ratos de laboratório. A pesquisa ainda está<br />

na fase teórica. Os estudantes trabalham<br />

na criação de uma variedade transgênica de<br />

fermento que deverá produzir resveratrol ao<br />

mesmo tempo em que fermenta a cerveja. Até<br />

hoje, só uma variedade foi aprovada para uso<br />

em cervejas, e os jovens pesquisadores acreditam<br />

que vai levar muito tempo para que sua<br />

criação seja apreciada.<br />

38 C o m u n i t à I t a l i a n a / De z e m b r o 2008<br />

D e z e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 39


turismo<br />

Qual é a<br />

sua praia?<br />

O mais badalado balneário do Rio de Janeiro e um dos mais<br />

cobiçados do <strong>Brasil</strong> e do mundo, Búzios pede para ser descoberto<br />

por cada um que chegue por lá. Suas 23 praias têm personalidades<br />

diferentes e depende de cada um o roteiro a ser seguido<br />

Da minúscula Olho de Boi,<br />

de difícil acesso e preferida<br />

pelos adeptos do nudismo,<br />

à grande Ferradura<br />

onde é possível praticar todo tipo<br />

de esporte náutico, passando pela<br />

Brava, o point do surf, a cidade<br />

terá alguma atração feita sob medida<br />

para cada turista. É preciso,<br />

porém, encontrar cada uma delas.<br />

Para isso, ninguém deve contar<br />

com a ajuda de placas, praticamente<br />

inexistentes. Intuição e<br />

vontade de passear são os mapas<br />

que levarão aos tesouros de Búzios,<br />

local imbatível até em dias<br />

de chuva. Duvida?<br />

Distante 179 quilômetros do<br />

Rio, a cidade brinca de escondeesconde<br />

com os visitantes. Quem<br />

chega de carro ou ônibus, vê da<br />

estrada a praia da Rasa. Logo, porém,<br />

ela vai sumir escondida por<br />

pousadas e condomínios. Por ser<br />

o ponto de Búzios onde mais venta,<br />

é lá que se reúnem os adeptos<br />

do kitesurf. Quanto mais para<br />

Sô n i a Apolinário<br />

A <strong>no</strong>ite nunca termina na rua das Pedras. Abaixo, a Praia da Tartaruga<br />

dentro da cidade, me<strong>no</strong>r o vento.<br />

Mas ele não desaparece de todo.<br />

Deserta, sem quiosques e de<br />

águas mornas, a Rasa é um refúgio<br />

para os que querem sossego.<br />

Após passar pelo portal da cidade,<br />

Geribá é a grande pedida.<br />

Praia preferida dos cariocas, tem<br />

estilos diferentes, dependendo de<br />

onde você se encontra. À direita,<br />

para o lado da deserta praia de Tucuns,<br />

o mar costuma ser mais agitado<br />

o que atrai surfistas e tudo o<br />

que gira em tor<strong>no</strong> deles. À esquerda,<br />

em direção à enseada, a água<br />

(sempre gelada) é bem mais calma.<br />

Há quiosques, mas não muitos,<br />

e restaurantes que levam seus<br />

serviços na areia. Mesmo na alta<br />

temporada, quando Búzios recebe<br />

1 milhão de turistas, é possível se<br />

sentir confortável em Geribá.<br />

O único desafio do visitante é<br />

descobrir como chegar na areia.<br />

Há apenas algumas passagens<br />

entre os condomínios e pousadas.<br />

Uma vez na enseada, uma<br />

caminhada de cerca de dez minutos<br />

levará para a charmosa praia<br />

da Ferradurinha. Para isso, é preciso<br />

apenas acreditar que existe<br />

algo de encantador após passar<br />

por um estacionamento e caminhar<br />

por uma trilha ladeada por<br />

muros de condomínios luxuosos.<br />

De Geribá, seguindo em direção<br />

ao centro, o mais provável<br />

é que o turista passe direto pela<br />

entrada de uma das praias mais<br />

graciosas do balneário, a Tartaruga.<br />

Nenhuma placa vai informar<br />

que, ao sair da estrada principal<br />

e pegar uma estrada de terra<br />

esburacada ela surgirá ao final.<br />

De água calma e mais quente, a<br />

Tartaruga é a preferida das famílias.<br />

Lá, crianças e adultos se divertem<br />

praticando mergulhos de<br />

s<strong>no</strong>rkel para observar peixinhos<br />

nas suas piscinas naturais. Nessa<br />

praia, dá até para ficar na sombrinha<br />

de uma árvore. De graça.<br />

Antes de chegar ao centro, a<br />

praia de João Fernandes e sua irmãzinha,<br />

João Fernandinha, pedem<br />

uma visita. Mas atenção. Trata-se<br />

do recanto mais “gringo” de<br />

Búzios. Se em todo o balneário, o<br />

espanhol é a língua mais falada<br />

depois do português, por lá é o<br />

idioma principal. Nenhum vendedor<br />

ambulante, seja de picolé ou<br />

milho verde, se atreve a abordar<br />

um “cliente” em potencial se não<br />

for em espanhol. Cardápios e placas<br />

(sim, existem algumas) também<br />

estão em espanhol.<br />

Há um segundo idioma<br />

na cidade por conta dos<br />

argenti<strong>no</strong>s que invadiram<br />

e continuam a invadir Búzios.<br />

Eles não são apenas turistas,<br />

mas do<strong>no</strong>s de hotéis, lojas<br />

Fotos: Roberth Trindade<br />

e quiosques. Às vezes, somente<br />

quem fala espanhol é bem tratado<br />

em alguns estabelecimentos.<br />

<strong>Na</strong> <strong>no</strong>ite<br />

Finalmente, rua das Pedras. O<br />

centro charmoso de Búzios ferve,<br />

mesmo, é à <strong>no</strong>ite – as lojas ficam<br />

abertas até muito tarde. Atrás de<br />

restaurantes e pousadas, também<br />

se esconde uma praia, a pacata<br />

do Canto, preferida dos pescadores<br />

e “estacionamento” de transatlânticos,<br />

ao largo. <strong>Na</strong> rua das<br />

Pedras, carro não entra.<br />

Sua continuação “natural” é<br />

a orla Bardot. Leva esse <strong>no</strong>me em<br />

homenagem à atriz francesa Brigitte<br />

Bardot. Ela descobriu Búzios<br />

na década de 1960. Isso lançou<br />

ao estrelato internacional a<br />

então pacata vila de pescadores<br />

da Região dos Lagos fluminense.<br />

Atualmente, ninguém vai embora<br />

da cidade sem tirar uma foto com<br />

Arqueologia<br />

Em João Fernandes, mergulhões fazem a festa dos turistas. Praia dos Ossos, onde Búzios começou. Geribá, a praia ‘carioca’<br />

ela, quer dizer, com a estátua de<br />

bronze da atriz que enfeita a orla.<br />

Perto dela fica a estátua do<br />

presidente brasileiro Jusceli<strong>no</strong><br />

Kubitschek, que tinha casa <strong>no</strong><br />

balneário. Ele não é tão popular<br />

quanto a atriz e quase passa despercebido,<br />

coitado.<br />

<strong>Na</strong> orla, de frente para o mar,<br />

os restaurantes luxuosos ou simples,<br />

cada vez mais, roubam a<br />

cena da rua das Pedras. À <strong>no</strong>ite,<br />

eles se tornam imbatíveis com<br />

sua iluminação à base de velas.<br />

Alguns têm lounge. Além disso,<br />

é na orla que estão as boates e<br />

o boliche que garantem a animação<br />

ao longo da madrugada.<br />

No osso<br />

<strong>Na</strong> seqüência, chega-se à praia<br />

dos Ossos, onde Búzios começou.<br />

No século 17, era ali que pescadores<br />

extraíam a carne e o óleo<br />

de baleias cujas ossadas ficavam<br />

história de Búzios vai entrar para o roteiro turístico da cidade,<br />

em 2009. Até o meio do a<strong>no</strong>, está prevista a inauguração<br />

A<br />

de um museu arqueológico que já conta com 150 peças. Entre<br />

elas, ossos de baleia e fragmentos de cerâmica usada por negros<br />

escravos que formaram quilombos na praia Rasa, um dos pontos<br />

de chegada de escravos <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, mantido de forma ilegal, após<br />

abolição da escravatura. Há também peças feitas por índios tupinambás,<br />

os primeiros moradores da cidade.<br />

Há quatro a<strong>no</strong>s, o arqueólogo perua<strong>no</strong> Alfredo José Altamira<strong>no</strong><br />

se dedica a reunir objetos de valor arqueológico. Ele conta<br />

que muita coisa foi perdida por conta do crescimento urba<strong>no</strong> desordenado<br />

de Búzios. Um dos desafios do arqueólogo é recuperar<br />

as trilhas originais usadas pelos índios da região. Ele conta que<br />

todas as praias de Búzios já foram interligadas por essas trilhas. A<br />

primeira delas prevista para começar a ser explorada, <strong>no</strong> próximo<br />

a<strong>no</strong>, ligará o museu, <strong>no</strong> centro, à praia da Foca, passando pelo<br />

sítio arqueológico da praia do For<strong>no</strong>.<br />

— Essa trilha tem quatro quilômetros e é percorrida em uma<br />

hora, sem grandes sacrifícios porque não tem muitas subidas. Em<br />

Búzios, praia e história se completam — diz Altamira<strong>no</strong>.<br />

pelas areias. Ossos é o ponto de<br />

partida de uma trilha que leva<br />

às pequenas e simpáticas praias<br />

Azeda e Azedinha. Quem não<br />

quiser fazer a caminhada de cerca<br />

de 15 minutos e descer alguns<br />

barrancos, pode ir de táxi marítimo.<br />

Os barquinhos ficam estacionados<br />

na praia, fazem o percurso<br />

em me<strong>no</strong>s de cinco minutos e saem<br />

quando o freguês chega.<br />

É na praia dos Ossos que se<br />

encontra um dos tesouros de Búzios.<br />

Ali, na pousada Corsário,<br />

funciona o <strong>no</strong>vo spa comandado<br />

por Lígia Azevedo. Uma das<br />

mais bem-sucedidas empresárias<br />

<strong>no</strong> ramo de beleza, ela acaba de<br />

voltar à cidade, depois de uma<br />

ausência de quatro a<strong>no</strong>s. Durante<br />

15 a<strong>no</strong>s, Ligia comandou seu<br />

próprio spa em Búzios. Ela conta<br />

que interrompeu os trabalhos para<br />

acompanhar de perto o crescimento<br />

da primeira neta. Isso fez<br />

com que a “Jane Fonda brasileira”,<br />

nesse período, ficasse apenas<br />

com o seu spa <strong>no</strong> Rio de Janeiro,<br />

na Villa del Sol, <strong>no</strong> Recreio<br />

dos Bandeirantes.<br />

— Antes, spa era procurado<br />

apenas por quem queria emagre-<br />

cer. Hoje, é uma <strong>no</strong>va forma que<br />

as pessoas buscam para suportar<br />

o estresse, de reservar um tempo<br />

para si próprio. Depois de uma<br />

semana, as pessoas saem refeitas<br />

e, de quebra, com até três quilos<br />

a me<strong>no</strong>s — diz Ligia que dá como<br />

grande dica de beleza, para<br />

2009, a prática de meditação da<br />

qual é uma adepta fiel.<br />

Qualquer pessoa pode usufruir<br />

o spa e não apenas os hóspedes<br />

da pousada. Isso faz com<br />

que a Corsário seja o “porto seguro”<br />

dos dias de chuva. Quem não<br />

quiser fazer alguns dos tratamentos<br />

do spa, pode acertar um day<br />

use e usufruir da sauna e piscina<br />

coberta e aquecida da pousada.<br />

Inaugurada há três a<strong>no</strong>s, a Corsário<br />

tem 32 quartos e conta com<br />

um bar e restaurante debruçado<br />

para a praia dos Ossos. As áreas<br />

comuns são decoradas em estilo<br />

asiático. Um dos recantos preferidos<br />

da própria Ligia Azevedo é<br />

o jardim, com lago e gazebo, onde<br />

se relaxa sob as bênçãos de<br />

uma imagem de Buda. A Corsário<br />

faz com que Búzios seja um programa<br />

imperdível, até em dia de<br />

chuva. Eu não disse?<br />

Lígia Azevedo na Pousada Corsário onde funciona seu spa<br />

40 C o m u n i t à I t a l i a n a / De z e m b r o 2008<br />

D e z e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 41


turismo<br />

patrimonio<br />

Tempo di<br />

vacanze<br />

Da <strong>Na</strong>tale a Carnevale, il <strong>Brasil</strong>e dispone<br />

di rotte di viaggio per tutti i gusti e gli stili<br />

In <strong>Brasil</strong>e i mesi di dicembre<br />

e gennaio so<strong>no</strong> quelli più sognati<br />

durante l’an<strong>no</strong>. E questo<br />

vale sia per i bambini che<br />

merita<strong>no</strong> di riposare dopo l’an<strong>no</strong><br />

scolastico, sia per gli adulti che<br />

“lotta<strong>no</strong>” per riuscire ad ottenere<br />

le ferie in questo periodo. Dato<br />

che nel paese è estate, le mete<br />

più ricercate so<strong>no</strong> quelle sul litorale.<br />

Ma in questo periodo ci so<strong>no</strong><br />

molte altre cose da fare oltre<br />

le spiagge. Dalle feste di <strong>Na</strong>tale<br />

fi<strong>no</strong> al Carnevale il <strong>Brasil</strong>e offre<br />

u<strong>no</strong> svariato “menù” di viaggi.<br />

Un buon inizio può essere<br />

cominciare dal sud del paese.<br />

Proprio perché abita ai tropici,<br />

il brasilia<strong>no</strong> sogna di assaporare,<br />

alme<strong>no</strong> una volta, un <strong>Na</strong>tale<br />

di tipo europeo. In questo caso<br />

Gramado è una buona opzione.<br />

Da 23 anni la città gaucha offre<br />

al paese un evento deg<strong>no</strong> di essere<br />

invidiato da molti stranieri,<br />

il <strong>Na</strong>tal Luz. Fi<strong>no</strong> all’11 gennaio<br />

si può assistere alle 300 attrazioni<br />

che la città offre. I tre<br />

<strong>Na</strong>y r a Garofle<br />

spettacoli principali so<strong>no</strong>”La<br />

fantastica fabbrica di <strong>Na</strong>tale”,<br />

“La grande sfilata” e “<strong>Na</strong>tivìtaten”.<br />

L’inaugurazione dell’evento,<br />

il 12 <strong>no</strong>vembre passato, ha<br />

riunito duemila persone.<br />

Per la festa di Capodan<strong>no</strong><br />

l’opzione migliore è Rio de Janeiro.<br />

Nella cidade maravilhosa<br />

si fa una delle più grandi feste<br />

del mondo per festeggiare l’arrivo<br />

dell’an<strong>no</strong> nuovo. Per il Capodan<strong>no</strong><br />

scorso, circa 2 milioni<br />

di persone han<strong>no</strong> assistito ai<br />

22.000 fuochi d’artificio, durati<br />

16 minuti. Concerti di tutti i tipi,<br />

per tutti i gusti, fan<strong>no</strong> parte del<br />

programma che conta con palchi<br />

montati sulla spiaggia di tutto<br />

il litorale. C’è chi dice che solo<br />

chi ha assistito al Capodan<strong>no</strong> a<br />

Copacabana può capire perché<br />

è considerato il secondo evento<br />

per importanza – perdendo solo<br />

per il Carnevale – nel calendario<br />

turistico della città.<br />

Dopo essersi ripresi dalla<br />

grande festa, è l’ora di partire<br />

per le città barocche di Minas<br />

Gerais per celebrare il 6 gennaio,<br />

gior<strong>no</strong> dell’Epifania, nelle<br />

chiese barocche della regione.<br />

Nella tradizione culturale brasiliana<br />

le feste di <strong>Na</strong>tale era<strong>no</strong> celebrate<br />

da gruppi che visitava<strong>no</strong><br />

le case suonando musica allegra<br />

in lode ai “Re Santi” e alla nascita<br />

di Cristo. Queste manifestazioni<br />

festive si prolungava<strong>no</strong><br />

fi<strong>no</strong> al gior<strong>no</strong> consacrato ai Re<br />

Magi. Si tratta di una tradizione<br />

originaria del Portogallo che<br />

si espanse specialmente nel dician<strong>no</strong>vesimo<br />

secolo e si mantiene<br />

viva in molte regioni del<br />

paese. Città di Minas come Ouro<br />

Preto, Tiradentes e Mariana<br />

mantengo<strong>no</strong> viva la tradizione<br />

in u<strong>no</strong> scenario composto da case<br />

e chiese secolari.<br />

Lavaggio della scalinata del<br />

Senhor do Bonfim<br />

Ed ora il suggerimento è “saltare”<br />

verso u<strong>no</strong> stato vici<strong>no</strong>: Bahia.<br />

Nel secondo giovedì dopo<br />

l’Epifania, Salvador si prepara per<br />

il Lavaggio di Bonfim. Questo è<br />

l’evento popolare più importante<br />

della città prima del Carnevale.<br />

La tradizione, che risale<br />

alla inaugurazione della chiesa<br />

di Nosso Senhor do Bonfim nella<br />

città bassa, nel 1754, attrae<br />

tutti gli anni circa un milione di<br />

persone fra devoti, abitanti e turisti.<br />

Il lavaggio fonde il cattolicesimo<br />

con il candomblé e tutto<br />

finisce in una grande festa.<br />

In questo periodo dell’an<strong>no</strong><br />

Bahia praticamente già comincia<br />

ad agitarsi. Tutti gli anni si realizza<br />

il Festival d’Estate di Salvador.<br />

Ritmi di tamburi diversi e<br />

persone di tutte le “tribù” si mischia<strong>no</strong><br />

in una specie di “concentrazione”<br />

per affrontare il Carnevale<br />

che sta per arrivare.<br />

Aspettando febbraio, brasiliani<br />

e stranieri si prepara<strong>no</strong> per la<br />

maratona. Alcuni scelgo<strong>no</strong> il Carnevale<br />

di ‘micaretas’, al suo<strong>no</strong> dei<br />

‘trios-elettricos’. Altri van<strong>no</strong> alla<br />

ricerca del frevo del Pernambuco<br />

e finisco<strong>no</strong> nella baldoria di Olinda.<br />

Molti scelgo<strong>no</strong> di fare le valigie<br />

ed andare a Rio de Janeiro.<br />

Ma per quelli che preferisco<strong>no</strong><br />

riposarsi nel periodo di Carnevale,<br />

il <strong>Brasil</strong>e offre altre opportunità.<br />

Una buona opzione è<br />

“scappare” a Bonito, nel Mato<br />

Grosso do Sul. Le attrazioni principali<br />

del luogo so<strong>no</strong> i paesaggi<br />

naturali, i corsi d’acqua trasparenti.<br />

Cascate, grotte e caverne.<br />

È un desti<strong>no</strong> perfetta per rilassarsi,<br />

approfittare per prepararsi<br />

all’an<strong>no</strong> in arrivo. Se si ha voglia<br />

di avventura, la famosa Amazzonia<br />

sta là, pronta. Ci si può<br />

ospitare in un albergo costruito<br />

in cima agli alberi, oppure imbarcarsi<br />

su un albergo navigante<br />

che percorre i fiumi principali<br />

della regione.<br />

Un secolo<br />

di bellezza<br />

Ristrutturazione del Theatro Municipal di Rio de Janeiro riporta alla<br />

luce aspetti originali del palazzo per la celebrazione del suo centenario<br />

Una delle icone dell’architettura<br />

di Rio de Janeiro<br />

compie 100 anni nel<br />

2009. Per celebrare la data,<br />

un’importante ristrutturazione<br />

recupera le installazioni originali<br />

del Theatro Municipal, al<br />

centro della città. Le opere, cominciate<br />

un an<strong>no</strong> fa, han<strong>no</strong> già<br />

riportato alla luce delle scoperte.<br />

Nel tetto il tempo aveva nascosto<br />

decorazioni originariamente<br />

ricoperte d’oro.<br />

— È stato meraviglioso scoprire<br />

questa parte perché è una<br />

cosa di cui <strong>no</strong>n eravamo sicuri. È<br />

<strong>no</strong>stro interesse riportare il Municipal<br />

a quello che era. Sarà bella<br />

l’aquila dorata, avere i cornicioni<br />

del tetto tutti dorati come era<strong>no</strong><br />

anticamente — dice, eccitata, il<br />

presidente della Fundação Theatro<br />

Municipal, Carla Camurati.<br />

Secondo lei, le opere di ristrutturazione<br />

<strong>no</strong>n saran<strong>no</strong> concluse<br />

al 100% per la data di celebrazione<br />

del centenario della costruzione.<br />

Tuttavia spera che per<br />

allora il palco sia già ristrutturato,<br />

così come i foyers, i camerini e la<br />

sala del teatro. Le aree dell’amministrazione<br />

continueran<strong>no</strong> in opera<br />

fi<strong>no</strong> alla fine del 2009.<br />

Inaugurato il 14 luglio 1909 e<br />

messo sotto protezione delle Belas<br />

Artes 1973, il Theatro Municipal è<br />

Carla Camurati<br />

Roberth Trindade<br />

lo scenario di grandi spettacoli ed<br />

è co<strong>no</strong>sciuto internazionalmente.<br />

L’iniziativa del gover<strong>no</strong> dello stato,<br />

il “Projeto Centenário”, creato<br />

per celebrare i cento anni del palazzo,<br />

è preventivato in 78 milioni<br />

di reais. Di questa cifra, 52 milioni<br />

di reais so<strong>no</strong> stati destinati<br />

all’opera di ristrutturazione. Il resto<br />

serve per compensare i costi<br />

dell’an<strong>no</strong> e mezzo del programma<br />

di commemorazione.<br />

— Ci so<strong>no</strong> varie parti del teatro<br />

delle quali avremo una visione<br />

reale solo quando le opere arriveran<strong>no</strong><br />

là. Nel tetto, per esempio,<br />

abbiamo risparmiato. Pensavamo<br />

ci fossero cose in stato peggiore<br />

di conservazione e <strong>no</strong>n è stato<br />

così — rivela Camurati.<br />

Circa 80 persone lavora<strong>no</strong> alle<br />

opere del teatro. La restauratrice<br />

responsabile del controllo<br />

sulla qualità del lavoro, Darlin<br />

Matos, spiega che ogni pezzo restaurato<br />

è trattato come se fosse<br />

un “paziente”.<br />

— Facciamo una lista, mappiamo<br />

tutti i dettagli del pezzo,<br />

Storia<br />

<strong>Na</strong>y r a Garofle<br />

Roberth Trindade<br />

prima e dopo il restauro. Così,<br />

quando in futuro dovremo rilavorarci<br />

sopra, il restauratore saprà<br />

quello che è stato fatto. Avrà tutto<br />

il lavoro mappato — spiega.<br />

Carla Camurati afferma che<br />

l’obiettivo principale del restauro<br />

è riportare il Municipal a com’era<br />

in origine. Tuttavia, delle parti<br />

del palazzo aveva<strong>no</strong> già subito<br />

alterazioni, come i bagni dell’amministrazione<br />

e dei camerini, che<br />

quindi saran<strong>no</strong> ammodernati.<br />

Affinché le opere sia<strong>no</strong> realizzate<br />

al meglio, Carla ha sollecitato<br />

all’Instituto de Patrimônio<br />

Histórico e Artístico <strong>Na</strong>cional<br />

(Iphan) e all’Instituto Estadual<br />

do Patrimônio Cultural la presenza<br />

di rappresentanti dei rispettivi<br />

organi durante l’esecuzione<br />

della ristrutturazione. Lei ritiene<br />

che con questo accompagnamento<br />

“sarà possibile evitare che si<br />

percepisca un errore una volta<br />

che tutto sarà pronto”.<br />

La parte interna avrà una <strong>no</strong>vità.<br />

Carla rivela che la balaustra<br />

dei palchi sarà tolta perché “ruba”<br />

una parte della fossa dell’orchestra.<br />

Così com’era, l’orchestra<br />

poteva eseguire pezzi solo come i<br />

concerti. I<strong>no</strong>ltre, obbligava i musicisti<br />

ad occupare tutto il palco.<br />

— Dobbiamo installare dentro<br />

al palco un sistema misto<br />

che mantenga la parte manuale<br />

di tiranti, ma che presenti anche<br />

un sistema elettronico che<br />

ci permetta di muovere tutto il<br />

palco via computer senza perdere<br />

il sistema di contrappeso —<br />

spiega Carla, che è anche attrice<br />

e regista.<br />

Con la ristrutturazione, il pavimento<br />

di leg<strong>no</strong> sarà posto di<br />

nuovo nella sala. Dopo la rasatura<br />

del pavimento comincia il restauro<br />

dei dipinti di Eliseu Visconti.<br />

Nel sipario sarà cambiato l’ingranaggio<br />

del motore e sarà riparato<br />

un piccolo foro sulla tela.<br />

Fu proprio il sindaco dell’allora Distrito Federal, l’ingegnere<br />

Pereira Passos, a progettare il Theatro Municipal come parte<br />

finale della riforma che realizzò a Rio de Janeiro. Il palazzo fu<br />

costruito fondendo i due progetti architettonici di Francisco de<br />

Oliveira Passos e Albert Guilbert, che arrivaro<strong>no</strong> pari nel concorso<br />

pubblico. Il suo progetto fu ispirato dall’Opera di Parigi. Nel foyer<br />

due opere d’arte richiama<strong>no</strong> l’attenzione: le vetrate di Fuerstein<br />

e Fugel e la volta dipinta da Eliseu Visconti negli anni dal 1913<br />

al 1916. Nelle due rotonde so<strong>no</strong> da rilevare i soffitti di Henrique<br />

Bernardelli e i pannelli con scene di danza di vari paesi dipinti da<br />

Rodolpho Amoedo.<br />

42 C o m u n i t à I t a l i a n a / De z e m b r o 2008<br />

D e z e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 43


Milão<br />

Guilherme Aqui<strong>no</strong><br />

Con musica<br />

Da 13 anni fa parte della vita dei cariocas<br />

e dei turisti che visita<strong>no</strong> Rio de Janeiro<br />

alla fine dell’an<strong>no</strong>, e l’Albero di <strong>Na</strong>tale della<br />

Lagoa Rodrigo de Freitas continua ad in<strong>no</strong>vare.<br />

Stavolta lo spettacolo conta sulla tec<strong>no</strong>logia<br />

<strong>italiana</strong>. Con il tema “Una melodia<br />

di pace per la famiglia brasiliana”, la versione<br />

2008 del più grande albero di <strong>Na</strong>tale fluttuante<br />

del mondo, secondo il Guinness Book<br />

of Records, riceverà un carillon elettrico installato<br />

nel suo inter<strong>no</strong>. Ciò permetterà che suoni canzoni natalizie,<br />

registrate in Italia, con campane suonate manualmente da campanari<br />

professionisti. Il carillon elettronico, importato dall’impresa<br />

Belltron, in Italia, è simile a quello usato nella Basilica di San Pietro,<br />

in Vatica<strong>no</strong>. Le canzoni si posso<strong>no</strong> ascoltare tutti i giorni, alle<br />

ore 20.00, 21.00 e 22.00.<br />

Vip<br />

Lo stilista italia<strong>no</strong> Valenti<strong>no</strong> è venuto a Rio de Janeiro il mese<br />

scorso. È stato u<strong>no</strong> degli invitati della prima edizione del Rio<br />

Summer. L’evento, organizzato dal pubblicitario Nizan Guanaes,<br />

vuol far divenire la città punto di riferimento internazionale della<br />

moda spiaggia. Valenti<strong>no</strong> è andato in giro tutto il tempo circondato<br />

da perlome<strong>no</strong> cinque ‘gorilla’ e <strong>no</strong>n ci ha tenuto per niente<br />

a dimostrarsi simpatico con chi lo incontrava. Dalle le sfilate e,<br />

specialmente, dal corpo delle modelle, è rimasto molto colpito.<br />

Alla fine dell’evento ha detto che la moda brasiliana “presenta un<br />

elemento di fantasia molto interessante”.<br />

Casamento Politécnico<br />

Dentro da maior e principal universidade<br />

técnica <strong>italiana</strong>, e entre as primeiras<br />

da Europa, surge um curso que ensina a produção<br />

de um casamento. Aprender wedding<br />

design custará 2,5 mil euros. O curso terá<br />

duração de 200 horas. A <strong>no</strong>va formação profissional<br />

vai propor um mergulho fundo <strong>no</strong><br />

planejamento e na organização de casamentos.<br />

A universidade Politécnico de Milão foi<br />

aberta em 1863. É a universidade mais antiga<br />

da capital da Lombardia. Ela possui sete<br />

campi espalhados pela Itália, sendo dois em<br />

Milão e os outros em Como, Mantova, Cremona,<br />

Lecco e Piancenza. Possui 1.300 professores<br />

e quase 40 mil estudantes. Mais informações<br />

<strong>no</strong> site: www.polimi.it<br />

Lancio<br />

In partenza per Roma, il console d’Italia Massimo Bellelli ha<br />

lanciato il 26 scorso il libro “Gusto Mediterraneo” durante un<br />

rinfresco presso il consolato italia<strong>no</strong>. La pubblicazione è stata festeggiata<br />

nell’ambito dell’evento Vetrina Calabria, che ha portato<br />

a Rio e São Paulo workshop, degustazioni di piatti tipici e tavoli<br />

d’affari con dieci imprese della regione <strong>italiana</strong> famosa per le sue<br />

salsicce. L’iniziativa ha unito l’Istituto Italia<strong>no</strong> per il Commercio<br />

Estero (ICE), i consolati e le Camere di Commercio delle due città.<br />

Rivolto ai giovani interessati alla gastro<strong>no</strong>mia, il libro presenta<br />

circa 60 ricette ed è stato scritto dai figli più grandi di Bellelli.<br />

I ricavi derivanti dalla pubblicazione del libro saran<strong>no</strong> donati<br />

alla Casa do Me<strong>no</strong>r, a Nova Iguaçu, guidata dal sacerdote italia<strong>no</strong><br />

Renato Chiera.<br />

Venezia in <strong>Brasil</strong>e<br />

Miglior attore dell’ultimo Festival di Cinema di Venezia, Silvio<br />

Orlando è stato in <strong>Brasil</strong>e come padri<strong>no</strong> della quarta edizione<br />

del Venezia Cinema Italia<strong>no</strong>. L’evento rappresenta in <strong>Brasil</strong>e i film più<br />

importanti proiettati al Festival in Italia. Sette lungometraggi han<strong>no</strong><br />

fatto parte del programma. Tra di essi, il film protagonizzato da Orlando,<br />

“Il papà di Giovanna”, e la co-produzione italo-brasiliana “La<br />

terra degli uomini rossi – Birdwatchers”, diretto dall’italo-cile<strong>no</strong> Marco<br />

Bechis e con gli attori Matheus <strong>Na</strong>chtergaele, Leonardo Medeiros e<br />

Claudio Santamaria. La mostra brasiliana è stata realizzata a São Paulo,<br />

Rio de Janeiro, Brasília, Curitiba e Recife. L’evento ha anche reso<br />

omaggio al regista Di<strong>no</strong> Risi, morto in luglio a 91 anni, e premiato<br />

con il Leone d’Oro alla Carriera al Festival di Venezia del 2002.<br />

Alberto Burri<br />

Em Milão, a última mostra em homenagem<br />

ao artista Alberto Burri<br />

( 1915-1995), um dos três <strong>no</strong>mes<br />

mais importantes da arte contemporânea<br />

<strong>italiana</strong>, foi em 1984. Para resgatar o seu<br />

prestígio, a Triennale de Milão abriu dois<br />

andares do seu histórico palácio para abrigar<br />

as monumentais pinturas de Borri. As<br />

De Graça<br />

Depois de Ennio Morricone e Michael Bolton<br />

é a vez de <strong>Na</strong>talie Cole embalar a festa<br />

de <strong>Na</strong>tal dos milaneses. A cantora americana,<br />

filha do mestre do jazz <strong>Na</strong>t King Cole, vai<br />

se apresentar na <strong>no</strong>ite de 20 de dezembro, na<br />

praça do Duomo. A sua voz vai ser acompanhada<br />

por uma orquestra de 50 músicos de Sofia.<br />

<strong>Na</strong>talie Cole é a maior atração do evento A Love<br />

Supreme. Entre os dias 10 de dezembro e 6<br />

de janeiro serão apresentados vários peque<strong>no</strong>s<br />

concertos em locais “sagrados” da cidade com<br />

artistas que irão interpretar diferentes gêneros<br />

de música como gospel, jazz, soul e étnico.<br />

suas telas, feitas com tinta, sacos, madeira,<br />

metal e plástico ocupam grandes espaços.<br />

Foram concebidas pelo artista em seu<br />

histórico atelier, <strong>no</strong> imponente complexo<br />

de arqueologia industrial Seccatoi, localizado<br />

na sua cidade natal de Citta di Castello,<br />

em Peruggia. A exposição vai até o<br />

dia 8 de fevereiro.<br />

Armani planetário<br />

Giorgio Armani segue abrindo <strong>no</strong>vas lojas<br />

em todo o mundo. Do quartel-general<br />

em Milão ele amplia seus domínios na Europa<br />

do Leste, <strong>no</strong> Oriente Médio, <strong>no</strong> sudeste asiático,<br />

na China e Japão. Em 2008, sete <strong>no</strong>vas<br />

lojas da Armani Casa foram inauguradas em<br />

Kuwait City, Beijing, Tel Aviv, Istambul e Kuala<br />

Lampur, enquanto em Xangai e Moscou as<br />

<strong>no</strong>vas lojas se incorporaram àquelas já existentes.<br />

Dubai, Jakarta e Bahrai deverão estar<br />

prontas para o <strong>Na</strong>tal. A linha de objetos para<br />

a casa foi criada em outubro de 2000 e hoje<br />

já conta com 80 lojas em 45 países.<br />

Maçaneta verde<br />

A<br />

empresa Colombo Design, de maçanetas<br />

e artigos de banho, com sede<br />

em Ter<strong>no</strong> d’Isola, em Bergamo, <strong>no</strong>rte da<br />

Itália, comemora a introdução do processo<br />

Green Made, ao custo de sete milhões<br />

de euros. O processo consiste em<br />

pensar, projetar e produzir em harmonia<br />

com o meio ambiente através de mecanismos<br />

eco-sustentáveis. Um rigoroso<br />

monitoramento das fases de produção<br />

provocou a redução <strong>no</strong> consumo de níquel<br />

e gás meta<strong>no</strong>, a recuperação de embalagens<br />

recicláveis e do fluxo das águas<br />

industriais. A empresa fatura 32 milhões<br />

de euros por a<strong>no</strong>, sendo 55% deste total<br />

proveniente da exportação para 56 paises,<br />

entre eles, <strong>Brasil</strong> e Espanha, onde<br />

disputa a liderança do mercado.<br />

D e z e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 45


náutica<br />

design<br />

Superluxo<br />

ao mar<br />

Maior feira náutica da Europa, Salão de Gê<strong>no</strong>va mostra<br />

que para o mercado dos mega-iates não há tempo ruim<br />

O<br />

Salão Náutico de Gê<strong>no</strong>va,<br />

<strong>no</strong> olho do furacão<br />

da crise financeira, revelou-se<br />

um divisor de<br />

águas para a construção naval<br />

de barcos e iates. Em tempos de<br />

crise, a tempestade atinge mais<br />

as embarcações me<strong>no</strong>res, justamente<br />

o cartão de visita da maior<br />

exposição de barcos da Europa.<br />

Para conquistar os marinheiros<br />

de primeira viagem, o pavilhão<br />

mais à vista era aquele destinado<br />

aos barcos com até <strong>no</strong>ve metros<br />

de comprimento. Era também<br />

o maior de todos. Tudo em vão<br />

diante do vendaval bancário que<br />

varreu o planeta.<br />

Do evento emerge o dado de<br />

que os mega-iates navegam em<br />

segurança. Entre essas embarcações,<br />

os negócios cresceram 23%<br />

em relação ao a<strong>no</strong> de 2006. Já os<br />

outros tipos amargaram uma redução<br />

de 6 a 8 %. Em volume total,<br />

o evento registrou uma queda de<br />

7% <strong>no</strong>s seus negócios. Em 2007,<br />

o setor náutico movimentou 14,4<br />

bilhões de euros, um crescimento<br />

de 15,3% segundo pesquisa da<br />

Faculdade de Eco<strong>no</strong>mia da Universidade<br />

dos Estudos de Roma.<br />

Cerca de 300 mil pessoas visitaram<br />

a exposição. Tudo <strong>no</strong> evento<br />

gira em tor<strong>no</strong> de números superlativos:<br />

2.500 barcos, sendo 600<br />

lançamentos, 1.500 participantes<br />

de 38 paises, espalhados numa<br />

área de 9 quilômetros quadrados.<br />

O movimento de barcos a motor<br />

e à vela do lado de fora da<br />

marina servia de termômetro do<br />

interesse do publico. Ainda que<br />

muitos curiosos não tivessem<br />

condições de comprar um simples<br />

bote, muitos fizeram fila para<br />

dar um passeio numa tarde ensolarada<br />

de outo<strong>no</strong> al mare.<br />

Mesmo sendo uma exposição<br />

para todos os bolsos, as atrações<br />

são sempre os grandes iates cuja<br />

produção <strong>italiana</strong> é líder mundial.<br />

E para mostrar a força deste setor<br />

do alto luxo, 48 embarcações acima<br />

dos 30 metros de comprimento<br />

encheram os olhos de quem<br />

precisava ter os pés <strong>no</strong> chão. Preço?<br />

Em tor<strong>no</strong> de 300 mil euros.<br />

Gu i l h e r m e Aq u i n o<br />

Correspondente • Milão<br />

Um dos mais festejados pelo<br />

público foi o Outerlimits, um<br />

barco de corrida adaptado para o<br />

lazer. Para quem gosta de velocidade,<br />

ele chega a cem nós por<br />

hora. O casco é de fibra de carbônio,<br />

sinônimo de resistência<br />

e leveza. No quesito conforto,<br />

possui uma suíte de casal. O Pershing<br />

80 é o último lançamento<br />

do homônimo estaleiro italia<strong>no</strong>.<br />

Ele pode acomodar até 16 pessoas<br />

em seus quase 25 metros de<br />

comprimento, com quatro cabines<br />

e três banheiros.<br />

A salvação do setor vem de<br />

fora. Os estaleiros italia<strong>no</strong>s são<br />

responsáveis por 51% das encomendas<br />

de mega-iates. A produção<br />

anual de cerca de 500 barcos<br />

de grande porte segue incólume<br />

com varias destinações, principalmente,<br />

Rússia e China. Em junho<br />

deste a<strong>no</strong>, o estaleiro Cantieri<br />

Ar<strong>no</strong>, varou <strong>no</strong> mar o Pure<br />

One, com 46 metros de comprimento,<br />

de propriedade do magnata<br />

suíço Eric Ar<strong>no</strong>ux que pagou<br />

40 milhões de euros. O colosso<br />

tosca<strong>no</strong> Azimut-Benetti, está<br />

ocupado com <strong>no</strong>vos pedidos até<br />

2011. E não por acaso, o estaleiro<br />

italia<strong>no</strong> abriu uma filial na<br />

China, onde estão concentrados<br />

400 mil milionários, dos quais 5<br />

mil com patrimônio superior aos<br />

30 milhões de euros.<br />

Paredes móveis, banheiras de<br />

hidromassagem, varandas sobre<br />

o ocea<strong>no</strong>, academias de ginástica<br />

com vista para o mar, Jet skis<br />

e lanchinhas na ‘garagem’, salões<br />

pa<strong>no</strong>râmicos e suítes de hotel<br />

cinco estrelas são alguns dos<br />

itens “obrigatórios” nas grandes<br />

embarcações.<br />

Num setor onde o contato<br />

com a natureza é direto, a consciência<br />

ecológica sobe a bordo<br />

até das mais ricas embarcações.<br />

Assim, a partir delas, começa-se<br />

uma revolução para diminuir a<br />

poluição e as agressões ao meio<br />

ambiente. Uma das iniciativas é<br />

a pesquisa de um motor que não<br />

seja barulhento e nem despeje<br />

<strong>no</strong> ar e <strong>no</strong> mar os resquícios da<br />

queima de combustível. E depois<br />

dos carros elétricos chega a<br />

vez dos barcos híbridos, dieselelétrico.<br />

O Long Range 23 Zero<br />

Emission Mode, do estaleiro Mochi<br />

Craft, do grupo Ferretti, pode<br />

navegar <strong>no</strong>ve horas em silêncio,<br />

graças à bateria a iônio de lítio.<br />

Bateria que pode ser recarregada<br />

por apenas 20 euros, durante dez<br />

horas, com uma <strong>no</strong>rmal tomada<br />

de parede. O iate com mais de 20<br />

metros de comprimento é o único<br />

<strong>no</strong> mundo e pode revolucionar<br />

os propulsores náuticos. Ele funciona<br />

ainda com cinco diferentes<br />

tipos de motores.<br />

Tudo isso num pavilhão ainda<br />

em construção. A obra prima<br />

do arquiteto Jean Nuovel traz as<br />

cores do céu e do mar para a terra<br />

firme. Será inaugurado oficialmente<br />

em 2009, mas abriu parte<br />

dos seus 20 mil metros quadrados<br />

para a exposição deste a<strong>no</strong>.<br />

Escola<br />

de paixão<br />

Professores do Politécnico de Milão dão ‘aula’ de design <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>.<br />

O resultado: uma exposição do melhor em ‘made in Italy’ e <strong>no</strong>vas<br />

parcerias para aprimoramento de profissionais brasileiros<br />

O<br />

design é como o amor, se<br />

faz a dois. A máxima do<br />

mestre italia<strong>no</strong> do design<br />

Vico Magistretti (1920-<br />

2006) foi citada pelo arquiteto<br />

Vanni Pasca para explicar o sucesso<br />

da Itália, <strong>no</strong> setor. Curador<br />

da exposição 1978-2008: Made<br />

in Italy apresentada durante a II<br />

Bienal <strong>Brasil</strong>eira de Design, realizada<br />

em Brasília, ele explica que é<br />

a chave do sucesso do design italia<strong>no</strong><br />

é o trabalho em conjunto,<br />

desenvolvido, “desde sempre” entre<br />

artistas e a indústria do país.<br />

Professor da Faculdade de Arquitetura<br />

de Palermo e do Politécnico<br />

de Milão, Pasca foi quem<br />

primeiro levou à Itália, o trabalho<br />

dos brasileiros irmãos Campana,<br />

em 1994. Segundo ele, “o entusiasmo<br />

que tradicionalmente move<br />

o ofício na Itália” é o motivo pelo<br />

qual designers de todo o mundo<br />

desejam trabalhar com as empresas<br />

do país. E a razão pela qual<br />

o design italia<strong>no</strong> possui “a característica<br />

da atenta combinação de<br />

qualidade tec<strong>no</strong>lógica com tec<strong>no</strong>logia<br />

utilizada sem ostentação”.<br />

— A paixão é indispensável,<br />

tanto ao industrial, para que desempenhe<br />

bem sua função, quanto<br />

ao designer para que realize<br />

seu projeto com a mesma intensidade<br />

– afirma ele.<br />

Giulia<strong>no</strong> Simonelli<br />

O arquiteto explica que o setor<br />

se desenvolveu, na Itália, a<br />

partir dos a<strong>no</strong>s 1950, ao longo<br />

da industrialização e modernização<br />

do país. Contou, para isso,<br />

com o entusiasmo principalmente<br />

de empresários de peque<strong>no</strong> e<br />

médio porte. Para a exposição<br />

realizada <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, o arquiteto<br />

optou por mostrar o que mudou<br />

<strong>no</strong>s últimos 30 a<strong>no</strong>s, <strong>no</strong> design<br />

italia<strong>no</strong>. Ao todo, foram exibidos<br />

60 objetos.<br />

<strong>Na</strong> sua opinião, <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>,<br />

existem diversos designers de<br />

qualidade sendo que “muitos se<br />

aproximam do estilo italia<strong>no</strong>, com<br />

uma forte entonação brasileira<br />

Tat i a n a Bu f f e <strong>Na</strong>y r a Garofle<br />

feita de fantasia, cores, e ao mesmo<br />

tempo atentos socialmente”.<br />

<strong>Brasil</strong><br />

Intercâmbio<br />

Também professor do Politécnico<br />

de Milão, Giulia<strong>no</strong> Simonelli esteve<br />

<strong>no</strong> Rio de Janeiro para acertar<br />

uma parceria com o Serviço <strong>Na</strong>cional<br />

de Aprendizagem Industrial.<br />

Juntas, as instituições lançaram<br />

o projeto Senai Design Futures. O<br />

objetivo é promover a capacitação<br />

de consultores da instituição<br />

brasileira e implantação de cursos.<br />

Simonelli faz coro com Pasca<br />

a respeito da chave do sucesso<br />

do design italia<strong>no</strong>: “a capacidade<br />

do designer trabalhar densamente<br />

junto ao empreendedor”.<br />

O Projeto Senai Design Futures<br />

prevê ações <strong>no</strong> setor de mobiliário,<br />

moveleiro, coureiro, calçado<br />

e de artefatos. No Rio de Janeiro,<br />

há previsão de implantação de um<br />

projeto-piloto <strong>no</strong> Centro de Tec<strong>no</strong>logia<br />

da Indústria Química e Têxtil<br />

(Senai/Cetiqt) para aperfeiçoamento<br />

<strong>no</strong> design de moda, têxtil<br />

e de interiores. O também professor<br />

do Politécnico de Milão, Arturo<br />

Dell’Acqua Bellavits, explica que o<br />

acordo assinado com o Senai tem<br />

como foco o uso do design como<br />

estratégia para a i<strong>no</strong>vação das empresas<br />

<strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>. Isso significa que<br />

os referenciais de excelência da<br />

escola <strong>italiana</strong> serão utilizados em<br />

conjunto com a instituição para<br />

o desenvolvimento e a revisão de<br />

cursos de graduação, pós-graduação<br />

e produção de pesquisas em<br />

design. Também faz parte dessa<br />

parceria a capacitação de técnicos<br />

e docentes do SENAI <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> e na<br />

Itália. O Senai Design Futures tem<br />

duração prevista de 30 meses.<br />

Bellavits frisa que “a moda e<br />

o design são mais do que um binômio<br />

vinculado ao italian style”<br />

e diz que a melhor maneira das<br />

empresas obterem sucesso é com<br />

a valorização da história e cultura<br />

locais.<br />

II Bienal <strong>Brasil</strong>eira de Design expôs mais de mil peças desenvolvidas<br />

por cerca de 400 designers brasileiros <strong>no</strong> Museu <strong>Na</strong>cional<br />

A<br />

da República. Os cerca de 40 mil visitantes do evento elegeram<br />

o ventilador Esfera como o grande destaque da mostra.<br />

Desenvolvido em polímero ABS injetado, a peça foi criada<br />

pelos designers curitiba<strong>no</strong>s Gustavo Granato, Marco<br />

Antônio Coelho Ribeiro, Rafael Queiroz Martyres.<br />

De acordo com o Ministério da Indústria, Desenvolvimento<br />

e Comércio Exterior, o setor de design<br />

industrial movimenta cerca de 150 milhões de dólares<br />

por a<strong>no</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>.<br />

46 C o m u n i t à I t a l i a n a / De z e m b r o 2008<br />

D e z e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 47


música<br />

Canto eter<strong>no</strong> de<br />

amor e ciúmes<br />

Em dezembro, a cidade de Lucca comemora os 150 a<strong>no</strong>s do seu mais ilustre filho, o compositor Giacomo Puccini<br />

O<br />

mundo lírico celebra este<br />

mês, um século e meio do<br />

nascimento de um appassionato<br />

que ainda cativa<br />

imensas platéias, ouvidos e mentes<br />

admirados. Giacomo Antonio<br />

Domenico Michele Secondo Maria<br />

Puccini, nascido em Lucca, na<br />

Toscana, em 22 de dezembro de<br />

1858, integra a quinta geração<br />

de uma família de músicos, mais<br />

precisamente organistas de igreja.<br />

Puccini, “certamente, antes de<br />

aprender a ler o alfabeto começou<br />

a ler partituras”, crê o especialista<br />

Sérgio Casoy. O professor<br />

de História da Ópera na Escola<br />

de Música da USP (Universidade<br />

de São Paulo) recebeu, este a<strong>no</strong>,<br />

o Prêmio Puccini Internacional,<br />

concedido pela Região Toscana e<br />

pela Fundação Festival Puccinia<strong>no</strong>,<br />

entregue pelo Instituto Italia<strong>no</strong><br />

de Cultura de São Paulo.<br />

Os 150 a<strong>no</strong>s do célebre compositor<br />

serão comemorados em<br />

grande estilo na sua cidade natal,<br />

<strong>no</strong> próprio dia 22 de dezembro,<br />

quando será realizado o Puccini<br />

Day, com apresentação da Orquestra<br />

Filarmônica Real Britânica.<br />

Segundo Casoy, a atualidade<br />

do músico italia<strong>no</strong> “permanece<br />

intocada”. Autor de 12 óperas -<br />

contando as do tríptico, composto<br />

por Il Tabarro, Suor Angélica e<br />

Gianni Schicchi, o compositor percebeu<br />

que a tolerância do público<br />

a longos espetáculos se extinguia<br />

e tomou suas providências.<br />

— Puccini sabia perfeitamente<br />

como montar uma cena,<br />

era um dom. Ele conhecia o<br />

funcionamento do teatro, tinha<br />

<strong>no</strong>ção do timing da platéia. Sabia<br />

como e quando interromper<br />

o momento dramático com uma<br />

piadinha e retomar o drama. Esses<br />

são recursos vistos até hoje<br />

<strong>no</strong> cinema e na televisão —<br />

observa Casoy, autor dos livros<br />

Óperas e Outros Cantares, Ópera<br />

em São Paulo 1952-2005 e A Invenção<br />

da Ópera, que prepara a<br />

primeira biografia comentada em<br />

português sobre o lucchese, prevista<br />

para ser lançada a<strong>no</strong> que<br />

vem, <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>.<br />

No alto, Giacomo Puccini. O<br />

compositor italia<strong>no</strong> terá sua primeira<br />

biografia comentada, <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>,<br />

feita por Sérgio Casoy, ao lado<br />

Os libretos das óperas de Puccini,<br />

em parte escritos pela talentosa<br />

dupla Luigi Illica e Giuseppe<br />

Giacosa, indicam minuciosamente<br />

como os cantores devem<br />

se portar, o tipo de iluminação<br />

a ser feita <strong>no</strong> teatro e uma série<br />

de detalhes que se harmonizam<br />

perfeitamente à composição.<br />

Por isso, diz o crítico, “suas<br />

óperas fazem grande efeito e não<br />

chateiam ninguém”. Além disso,<br />

Tat i a n a Bu f f<br />

Correspondente • São Paulo<br />

Casoy acredita que o sucesso do<br />

clássico compositor se mantém<br />

por serem suas canções “palatáveis<br />

aos jovens” por contar histórias<br />

universais de amor e ciúmes.<br />

Segundo Casoy, a obra do maestro<br />

tosca<strong>no</strong> também se adapta<br />

a versões e montagens contemporâneas.<br />

Tosca – ambientada na<br />

Roma de 1800 - já foi transposta<br />

para 1945, na cidade eterna inva-<br />

dida pelos nazistas, quase <strong>no</strong> fim<br />

da guerra, e funcio<strong>no</strong>u sem perder<br />

as qualidades originais. La Bohème,<br />

romance que se passa em<br />

1830, foi readaptada com sucesso<br />

um século adiante, em Paris.<br />

Casa<strong>no</strong>va<br />

<strong>Na</strong> avaliação de Casoy, os personagens<br />

de Puccini operavam como<br />

válvula de escape das inúmeras<br />

turbulências amorosas do autor.<br />

Passional e sedutor, o instinto de<br />

conquistador lhe causou problemas<br />

durante toda a vida. A começar<br />

pelo grande amor, Elvira Bonturi<br />

que, casada, largou marido e<br />

dois filhos para viver com o compositor,<br />

uma grande ousadia para<br />

o fim do século 19 em uma sociedade<br />

machista e católica. Só após<br />

tornar-se viúva, Elvira e Giacomo<br />

se casaram, em 1904. Tiveram um<br />

filho, Antonio. Mesmo após o casamento,<br />

ambos sofreram revezes<br />

por conta dos ciúmes da mulher,<br />

que reagia publicamente aos boatos<br />

– e verdades – acerca das<br />

amantes e casos de Puccini nas<br />

várias cidades em que apresentava<br />

seus aclamados espetáculos.<br />

Diz-se que o compositor chegou<br />

a ter um segundo filho, “secreto”,<br />

em 1923. Antonio Manfredi<br />

seria fruto da relação com<br />

Giulia Manfredi, prima da doméstica<br />

Doria, que se suicidou em<br />

1909, após acusações de traição<br />

feitas por Elvira. Puccini e la fanciulla,<br />

filme de Paolo Benvenuti,<br />

lançado este a<strong>no</strong> na Itália, narra<br />

o episódio, ocorrido em 1908.<br />

— Acredito que ele se refugiava<br />

em suas personagens femininas,<br />

com as quais se sentia<br />

à vontade para ‘conversar’. Vejo<br />

em todas as mulheres de Puccini<br />

mulheres que ele gostaria de ter<br />

tido como companheiras, como<br />

Tosca e Turandot, que se dobram<br />

completamente ao fascínio físico<br />

do protagonista. Com certeza,<br />

em todas as óperas, em função<br />

da idade que ele tinha quando as<br />

compôs, a partir da ópera Ma<strong>no</strong>n<br />

Lescaut, o te<strong>no</strong>r-herói é sempre<br />

uma projeção de sua personalidade<br />

— defende Casoy cuja paixão<br />

por Puccini começou na infância,<br />

quando ouvia o compositor na<br />

rádio-vitrola da família.<br />

Por outro lado, o compositor<br />

da inacabada Turandot sempre<br />

amou o campo e recarregava as<br />

energias em Torre Del Lago, onde<br />

comprou casa, barcos e automóveis,<br />

então uma extravagância.<br />

Bem antes, passou por necessidades<br />

financeiras durante uma<br />

década como estudante em Milão,<br />

após ganhar bolsa de cem liras<br />

da Rainha Margherita, a pedido<br />

da mãe. Sua paixão pela ópera<br />

se deu aos 18 a<strong>no</strong>s, após ouvir<br />

Aida, de Verdi. <strong>Na</strong>quele momento,<br />

ele rompia com seu “desti<strong>no</strong>”<br />

de organista de igreja a que estaria<br />

fadado por tradição familiar.<br />

A estréia de Le Villi, em 1884,<br />

quando tinha 26 a<strong>no</strong>s, em Milão,<br />

foi bem recebida. Financeiramente,<br />

<strong>no</strong> entanto, Puccini alcançou estabilidade<br />

somente a partir de Ma<strong>no</strong>n<br />

Lescaut, de 1893. Ganhou muito<br />

dinheiro preparando as próprias<br />

montagens nas capitais européias.<br />

— A característica de Puccini,<br />

exceto em Gianni Schicchi, uma<br />

comédia, é a presença explícita de<br />

uma carga erótica às vezes sadia,<br />

como em La Bohème, entre Rodolfo<br />

e Mimi, ou em La Rondine, com<br />

Ruggero e Magda. Porém, seu erotismo<br />

era também doentio, como<br />

na relação entre Scarpia e Tosca.<br />

Verista<br />

Puccini integrou a Jovem Escola<br />

Italiana, grupo de compositores<br />

do final da década de 1880 que<br />

Alberto Carvalho<br />

Em Lucca, há lojas especializadas na obra de Puccini. A cidade tem uma<br />

estátua em homenagem ao seu filho mais ilustre<br />

compôs até os a<strong>no</strong>s 1930 e flertou<br />

com o verismo, corrente literária<br />

<strong>italiana</strong> surgida em 1875, a partir<br />

das obras de escritores e poetas<br />

que constituíram uma escola<br />

baseada num conjunto de princípios<br />

realistas. <strong>Na</strong> ópera, esse estilo<br />

tem como marcos a Cavalleria<br />

Rusticana, de Pietro Mascagni, e<br />

I Pagliacci, de Ruggiero Leoncavallo.<br />

Segundo o professor da USP,<br />

Puccini sobressaiu porque não se<br />

prendeu a escola nenhuma.<br />

— Ele compôs óperas veristas<br />

quando quis e precisou. Tosca e<br />

Il Tabarro são veristas. La Bohème<br />

é realista e romântica ao mesmo<br />

tempo, criada por alguém que<br />

nunca havia ido a Paris e suscitou<br />

de Claude Debussy o comentário:<br />

‘Puccini descreveu a Paris de 1830<br />

melhor do que qualquer francês<br />

faria’ — conta Casoy — A sensibilidade<br />

e ligação com a antiga<br />

tradição <strong>italiana</strong> foram seus diferenciais.<br />

Com um bom libreto, deixava<br />

a música fluir, aliada à apurada<br />

base teatral. Acima de tudo,<br />

evoluía constantemente, assistindo<br />

ao revolucionário balé Pássaro<br />

Carlos Gomes<br />

de Fogo, de Igor Stravinsky ou ouvindo<br />

o anti-wagneria<strong>no</strong> Debussy.<br />

Reinventou-se a partir de La Fanciulla<br />

del West, de 1910, quando<br />

foi pouco compreendido por agregar<br />

a veia sinfônica à ópera.<br />

Em 1924, Puccini foi diag<strong>no</strong>sticado<br />

com câncer na garganta<br />

e seguiu para Bruxelas para<br />

tratamento, onde morreu por<br />

insuficiência cardíaca. Depois da<br />

sua morte, caiu <strong>no</strong> esquecimento.<br />

Segundo Casoy, grande parte<br />

da elite intelectual jamais lhe<br />

perdoou o sucesso, a facilidade<br />

com que fazia música bonita que<br />

se comunicava com o público.<br />

Porém, a partir de 1950, o mundo<br />

“acordou”. Uma <strong>no</strong>va geração<br />

revalorizou sua obra. Hoje, em<br />

todos os manuais e compêndios<br />

eruditos se assinala Puccini como<br />

o “sucessor de Verdi, o grande<br />

continuador da tradição <strong>italiana</strong>”,<br />

assevera Casoy.<br />

Se Puccini compôs o que compôs, muito se deve a um brasileiro.<br />

Casoy garante que, se não fosse Carlos Gomes (1836-1896), Puccini<br />

simplesmente não teria existido. Operista de estilo romântico,<br />

Gomes foi o primeiro compositor brasileiro a ter suas obras apresentadas<br />

<strong>no</strong> Teatro alla Scala, o tempo sagrado da ópera, em Milão.<br />

— Carlos Gomes teve grande influência por ter, entre outros elementos,<br />

usado metais dissonantes na orquestra. Se não fosse a Fosca<br />

do brasileiro, não haveria a Tosca do italia<strong>no</strong> — afirma o professor.<br />

Carlos Gomes era vizinho e amigo de Amilcare Ponchielli (1834-<br />

1886), diretor do Conservatório de Milão e professor de Puccini. O<br />

brasileiro ajudou Ponchielli a compor a famosa La Gioconda. À época,<br />

o ambiente musical era impregnado de Richard Wagner.<br />

48 C o m u n i t à I t a l i a n a / De z e m b r o 2008<br />

D e z e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 49


música<br />

televisão<br />

Jazz<br />

esquenta<br />

Orvieto<br />

Umbria Jazz Festival Winter homenageia os 50 a<strong>no</strong>s da bossa<br />

<strong>no</strong>va. O brasileiro João Gilberto é a grande estrela do evento<br />

O<br />

<strong>Brasil</strong> estará em evidência<br />

na 16ª edição do Umbria<br />

Jazz Festival Winter,<br />

que acontece na cidade<br />

Orvieto, entre os dias 30 de dezembro<br />

e 4 de janeiro. O grande<br />

estaque da programação é João<br />

Gilberto que fará três apresentações<br />

em homenagem aos 50 a<strong>no</strong>s<br />

da bossa <strong>no</strong>va. Esse mito da música<br />

brasileira poderá ser visto <strong>no</strong><br />

Teatro Mancinelli, dias 2, 3 e 4<br />

de janeiro.<br />

Outro brasileiro que aterriza<br />

<strong>no</strong> Festival é o baterista Duduka<br />

da Fonseca, que em ritmo<br />

de samba e jazz, dá boas vindas<br />

ao a<strong>no</strong> <strong>no</strong>vo <strong>no</strong> concerto programado<br />

para o dia 31 de dezembro.<br />

Aliás “Samba Jazz” é <strong>no</strong>me do<br />

projeto que ele desenvolve com<br />

o pianista Helio Alves, em homenagem<br />

a Tom Jobim, um dos<br />

“pais” da bossa <strong>no</strong>va ao lado de<br />

João Gilberto. Acompanhando os<br />

Ja n a í n a Cesar<br />

Correspondente • Treviso<br />

dois estarão Anat Cohen <strong>no</strong> sax<br />

e clarineto, Guilherme Monteiro<br />

<strong>no</strong> violão, Leonardo Cioglia <strong>no</strong><br />

baixo, Cláudio Roditi na tromba<br />

e Maucha Adnet, backing vocal.<br />

O quinteto, que se exibe <strong>no</strong> Palazzo<br />

do Popolo, tem shows extras<br />

dias 1, 2, 3 e 4. E dia 01, Helio<br />

Alves e Maucha Adnet se apresentam<br />

<strong>no</strong> Museu Emílio Greco.<br />

Mas nem só de bossa <strong>no</strong>va<br />

vive o festival. Do evento também<br />

participará Martial Solal,<br />

considerado um dos grandes pianistas<br />

do jazz europeu. Poderá<br />

ser visto em show solo, acompanhado<br />

por Stefa<strong>no</strong> Bollani,<br />

Enrico Rava e Joe Locke. Este<br />

vibrafonista ainda apresentará<br />

um <strong>no</strong>vo projeto em companhia<br />

dos grandes Dado Moroni, Bob<br />

Cranshaw e Mickey Roker.<br />

Além deles, se apresentam Ernesto<br />

Jobos, pianista argenti<strong>no</strong>,<br />

considerado um dos mais criativos<br />

do jazz contemporâneo, que<br />

homenageia Lennie Tristia<strong>no</strong>, pianista<br />

america<strong>no</strong> amigo de Charlie<br />

Parker e Lester Young, morto em<br />

1978. Já o atual jazz america<strong>no</strong><br />

marcará presença <strong>no</strong> concerto<br />

de Gerald Clayton, jovem pianista<br />

estadunidense que se apresenta<br />

com seu pai, o ilustre contra-baixista<br />

John Clayton. Outro pianista<br />

de sucesso é o italia<strong>no</strong> Enrico<br />

Pieranunzi, que com uma linguagem<br />

pessoal cria uma atmosfera<br />

de intensidade e elegância.<br />

Um estilo parecido é o de Renato<br />

Sellani que poderá ser visto ao<br />

lado do saxofonista Gianni Basso,<br />

outro mito do jazz “made in<br />

Italy”, e o pianista Danilo Rea.<br />

A África é representada pelo<br />

violonista Lionel Loueke, de<br />

Benin, que recentemente lançou<br />

Karibu, álbum onde mostra a<br />

origem africana da música folk,<br />

equilibrada com a visão cosmopolita<br />

de Loueke, que <strong>no</strong>s últimos<br />

a<strong>no</strong>s colaborou com diversos<br />

músicos como Terence Blanchard<br />

e Herbie Hancock.<br />

Entre os italia<strong>no</strong>s encontramse<br />

ainda o baterista roma<strong>no</strong> Roberto<br />

Gatto “The Music Next Door”,<br />

que se apresenta acompanhado<br />

por um “trem” de stars da<br />

música: Stefa<strong>no</strong> Bollani, Paolo<br />

Fresu, Daniele Tittarelli e Rosario<br />

Bonaccorso. Federico Turreni,<br />

com seu grupo Panjeazz Quartet,<br />

dedica um concerto a Francesco<br />

Satolli, saxofonista orvieta<strong>no</strong><br />

morto em junho deste a<strong>no</strong>.<br />

Durante seis dias as pequenas<br />

ruas de Orvieto, uma fascinante<br />

e histórica cidade da região<br />

da Umbria, será literalmente<br />

ocupada pelos melhores músicos<br />

de jazz e bossa <strong>no</strong>va. A edição<br />

de inver<strong>no</strong> do Umbria Jazz Festival<br />

conquistou um lugar ao sol<br />

porque conseguiu unir turismo,<br />

música e cultura. De origem romana,<br />

a cidadezinha oferece espaços<br />

ideais e um clima único,<br />

graças ao estupendo e rico centro<br />

histórico.<br />

Os principais shows acontecem<br />

<strong>no</strong> Teatro Mancinelli, Palazzo<br />

del Popolo, Palazzo dei Sette,<br />

Palazzo Solia<strong>no</strong> – onde encontra-se<br />

o Museu Emílio Greco<br />

– e Palazzo dei Giusti, localizado<br />

<strong>no</strong> inter<strong>no</strong> de um antigo convento,<br />

próprio <strong>no</strong> coração do burgo<br />

medieval. Além da Sala Carmine,<br />

uma antiga ex-igreja do a<strong>no</strong> de<br />

1300 e do Restaurante San Francesco,<br />

também localizado em um<br />

antigo convento de 1200.<br />

Para quem se interessar em<br />

passar um a<strong>no</strong> <strong>no</strong>vo diferente,<br />

em vez de pular as sete ondas<br />

como é costume <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, o Umbria<br />

Jazz Festival Winter é uma<br />

ótima opção para pular as sete<br />

<strong>no</strong>tas musicais.<br />

O país dos<br />

realities<br />

<strong>Na</strong> luta por audiência, emissoras de televisão <strong>italiana</strong>s<br />

seduzem o público com realities shows. Uma brasileira<br />

conquista fãs ao participar de uma dessas atrações<br />

que teve como vencedor um ex-deputado transexual<br />

O<br />

que mais se vê atualmente,<br />

na televisão <strong>italiana</strong>,<br />

são realities shows. No mês<br />

passado, chegou ao fim a<br />

edição deste a<strong>no</strong> do Isola dei Famosi,<br />

exibido pela Rai. Seu vencedor<br />

dá uma pista porque se trata<br />

de um dos programas do gênero<br />

com maior sucesso de público: o<br />

ex-deputado pelo Partido da Refundação<br />

Comunista (PRC) Vladimiro<br />

Guadag<strong>no</strong>. Conhecido como<br />

Vladimir Luxuria, é um dos transexuais<br />

mais conhecidos da Itália.<br />

Seu prêmio foi de 200 mil euros.<br />

Desde o início, ele se tor<strong>no</strong>u<br />

o personagem mais contraditório<br />

do programa. Primeiro e até agora<br />

o único transexual a ser eleito<br />

para a Câmara dos Deputados <strong>italiana</strong>,<br />

Luxuria foi o mais amado<br />

pelo público e o mais odiado pelos<br />

outros concorrentes. Com sua<br />

personalidade marcante e sem pa-<br />

Bizarro<br />

Dentre todos os realities, o mais<br />

bizarro é La talpa, exibido pelo ca-<br />

Isabela Grillo<br />

pas na língua, costumava dizer o<br />

que pensava e quase sempre entrava<br />

em atrito com a aristocrática<br />

condessa Patrizia Le Blanck,<br />

rainha da diplomacia, mas nem<br />

sempre da boa educação.<br />

<strong>Na</strong> mesma atração, que foi<br />

ambientada em uma ilha em Honduras,<br />

uma brasileira conquistou<br />

o título de personagem mais po-<br />

No alto, os finalistas da Isola.<br />

Luxúria é o primeiro à esquerda.<br />

Veridiana está <strong>no</strong> colo de um<br />

colega. Ao lado, o deputado.<br />

Abaixo, a modelo em ação<br />

pular: a modelo Veridiana Mallmann,<br />

irmã da top model Shirley<br />

Mallmann. Ela havia acabado de<br />

chegar na Itália, depois de uma<br />

temporada em Nova York, quando<br />

foi descoberta por Antonio Ricci,<br />

produtor de Strisca la Notizia, um<br />

dos programas de variedade de<br />

maior audiência do país.<br />

Ele convidou Veridiana para<br />

ocupar o disputadíssimo “cargo”<br />

de velina, uma versão moderna<br />

das chacretes - meninas que dançam<br />

em cima de um balcão <strong>no</strong>s<br />

programas de TV, a última moda<br />

entre as jovens <strong>italiana</strong>s com ambições<br />

<strong>no</strong> mundo artístico. Graças<br />

a isso, a brasileira se tor<strong>no</strong>u um<br />

dos participantes da Isola mais<br />

queridos, além de ser ídolo das<br />

adolescentes de todo o país.<br />

Bonita, alta, magra, loira e<br />

com uma personalidade doce e<br />

tranqüila, Veridiana conseguiu<br />

ser cordial com todos, sem criar<br />

brigas. A modelo entrou na ilha<br />

declarando que faria essa experiência<br />

para encontrar a sua alma<br />

gêmea. Parece que conseguiu.<br />

Desde o começo, ela e o nadador<br />

Leonardo Tumiolo proporcionaram<br />

aos telespectadores uma quente<br />

love story. O amor à primeira vista<br />

do casal levantou suspeitas dos<br />

outros 22 concorrentes de que tudo<br />

não passaria de armação.<br />

nal 5. Seus participantes são showgirls,<br />

modelos, atores emergentes<br />

e “opinionistas” - uma <strong>no</strong>va<br />

categoria televisiva, gente que dá<br />

palpite em vários programas de TV.<br />

Durante sete semanas, os concorrentes<br />

procuram descobrir quem é<br />

a “talpa”, ou seja, aquele que está<br />

entre eles para sabotar o jogo.<br />

Ali, é preciso muito suor e<br />

sacrifício para conseguir alimentos.<br />

As provas são perigosas, os<br />

participantes costumam ter ataques<br />

de fobias e crises de pânico<br />

e muitos terminam machucados.<br />

Este a<strong>no</strong>, foi realizado em um lugar<br />

<strong>no</strong> sul da África e os participantes<br />

contracenam com integrantes<br />

de uma tribo Zulu.<br />

Se a programação <strong>no</strong>turna é<br />

dedicada aos realities extremos,<br />

à tarde se concentram aqueles<br />

mais românticos, voltados para o<br />

público adolescente. O mais famoso<br />

se chama Uomini e Donne<br />

e está se tornando o favorito de<br />

meni<strong>no</strong>s e meninas em todo o<br />

país. É tão querido que fez surgir<br />

os “tronistas. Os concorrentes,<br />

todos muito bonitos, com passado<br />

de modelo e ambição de entrar<br />

para o mundo da televisão,<br />

sentam-se em tro<strong>no</strong>s e são cortejados<br />

por uma legião de jovens.<br />

Os tronistas têm quatro meses<br />

para encontrar sua cara-metade.<br />

No momento, o país espera a<br />

estréia da <strong>no</strong>na edição de Grande<br />

Fratello, ainda em fase de seleção<br />

de candidatos. O programa,<br />

que leva a audiência aos céus,<br />

tem milhares de inscritos e os<br />

encarregados da seleção percorrem<br />

todo o país para escolher os<br />

participantes. A cada a<strong>no</strong>, a casa<br />

construída <strong>no</strong>s famosos estúdios<br />

de Cinecittá, muda seu formato e<br />

decoração. Em sua última edição,<br />

o programa teve pela primeira<br />

vez a participação de um brasileiro,<br />

Thiago Barcelos, que saiu<br />

logo de cena.<br />

50 C o m u n i t à I t a l i a n a / De z e m b r o 2008<br />

D e z e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 51


fórmula 1<br />

Sinal<br />

amarelo<br />

Fórmula-1 entra em temporada de testes de carros e especulações sobre<br />

o futuro dos pilotos. Mais brasileiros devem entrar para a elite do<br />

automobilismo em 2009. Um deles é o sobrinho de Ayrton Senna<br />

Rivais diversas vezes em<br />

vários esportes, <strong>Brasil</strong> e<br />

Itália estiveram unidos<br />

na torcida como nunca<br />

em 2008. Desde os tempos de<br />

Ayrton Senna, que morreu em<br />

1994, os brasileiros não tinham<br />

um piloto em condições de ganhar<br />

o título de Fórmula-1. Este<br />

a<strong>no</strong> teve. Felipe Massa, na Ferrari,<br />

perdeu o campeonato para o<br />

inglês Lewis Hamilton (McLaren)<br />

somente na última volta da última<br />

corrida da temporada.<br />

Se não ganhou o título individual,<br />

Massa foi decisivo para<br />

que a escuderia <strong>italiana</strong> conquistasse<br />

pela oitava vez, <strong>no</strong>s últimos<br />

dez a<strong>no</strong>s, o campeonato de<br />

construtores e certamente será<br />

um dos favoritos para brigar pelo<br />

primeiro lugar em 2009 <strong>no</strong> Mundial<br />

de pilotos. Agora, o “circo”<br />

da F-1 começa sua temporada de<br />

testes <strong>no</strong>s carros e troca-troca<br />

de pilotos entre as escuderias. O<br />

retor<strong>no</strong> às pistas será <strong>no</strong> dia 29<br />

de março, na Austrália. A etapa<br />

<strong>italiana</strong> será em 13 de setembro.<br />

O Grande Prêmio <strong>Brasil</strong> está previsto<br />

para o dia 18 de outubro.<br />

A corrida final será dia 1º de <strong>no</strong>vembro,<br />

<strong>no</strong>s Emirados Árabes.<br />

Massa e Kimi Raikkonen foram<br />

confirmados pela Ferrari até<br />

2010. No final da última tempo-<br />

Maurício Ca n n o n e<br />

rada, a escuderia do cavalinho<br />

pediu desculpas por erros cometidos<br />

pela equipe durante 2008.<br />

Admitiram que, se não tivessem<br />

falhado, o brasileiro poderia ter<br />

levado o título.<br />

Durante as festas de fim de<br />

temporada da Ferrari, Massa comentou<br />

que um campeonato decide-se<br />

em 18 corridas e não na<br />

penúltima curva. Um gesto <strong>no</strong>bre<br />

de quem é partidário da filosofia<br />

que todos ganham ou todos perdem<br />

juntos.<br />

Por sinal, em 2009, a marcha<br />

pode engatar para alguns e retroceder<br />

para outros. Há mudanças<br />

à vista, principalmente para<br />

brasileiros. Rubens Barrichello,<br />

recordista em número de grandes<br />

prêmios disputados (270), deve<br />

ser uma das vítimas. Ele está<br />

em nítido processo de fritura na<br />

Honda. A escuderia fez testes em<br />

<strong>no</strong>vembro com dois compatriotas<br />

seus, tidos como atuais promessas<br />

do automobilismo. Um deles<br />

é Bru<strong>no</strong> Senna, sobrinho do legendário<br />

Ayrton. O outro é Lucas<br />

Di Grassi. Ambos foram destaques<br />

da GP2, uma espécie de<br />

trampolim para a Fórmula-1.<br />

A Honda quer “sangue <strong>no</strong>vo”<br />

em 2009 e isso deve custar o lugar<br />

de Barrichello. O próprio Felipe<br />

Massa admitiu publicamente já ter<br />

aconselhado Barrichello a ficar na<br />

Fórmula 1 somente se conseguisse<br />

obter “condições favoráveis”.<br />

O atual vice-campeão da categoria<br />

considerou “muito boa” a temporada<br />

do compatriota de acordo<br />

com as circunstâncias, pois o carro<br />

certamente não foi dos melhores.<br />

Barrichello ficou em 14º lugar<br />

<strong>no</strong> último campeonato.<br />

O inglês Jenson Button defendeu<br />

a permanência de Barrichello<br />

na escuderia. Button disse<br />

que a Honda precisa de pilotos<br />

experientes para encarar 2009,<br />

apesar de também ter admitido<br />

que ser “válido” dar oportunidade<br />

aos jovens. Quanto a Barrichello,<br />

ele já revelou que se não<br />

ficar na Fórmula-1, vai aposentar-se<br />

como piloto.<br />

Felipe Massa<br />

Como tantos milhões, Felipe Massa é um brasileiro<br />

nascido em São Paulo, descendente<br />

de italia<strong>no</strong>s. Diplomata, evitou criticar a Ferrari<br />

apesar de a escuderia ter admitido erros que<br />

lhe custaram o título de campeão da F-1. Agora,<br />

em breve entrevista à Comunità, evitou posar de<br />

favorito da próxima temporada, apesar de ser a<br />

principal aposta de muita gente para 2009. Garantido<br />

na Ferrari até 2010, esse ítalo-brasileiro<br />

saboreia o fato de ser ídolo de brasileiros e italia<strong>no</strong>s,<br />

um raro momento de união entre torcidas<br />

tão tradicionalmente rivais.<br />

Promessas<br />

O paulista Bru<strong>no</strong> Senna Lalli nasceu<br />

poucos meses antes da estréia<br />

de Ayrton na F-1, em 1984. Por<br />

causa da morte do tio, que causou<br />

grande trauma na família, ficou<br />

cerca de dez a<strong>no</strong>s afastado do automobilismo.<br />

Mas o filho de Viviane,<br />

irmã de Ayrton, não resistiu<br />

à paixão pelos motores e entrou<br />

na pista. Bru<strong>no</strong> considera a Honda<br />

a melhor opção para começar<br />

na F-1. A escuderia elogiou muito<br />

os testes do sobrinho de Ayrton e<br />

de Lucas Di Grassi, feitos <strong>no</strong> mês<br />

passado em Barcelona.<br />

Os brasileiros ficaram fora dos<br />

testes da Toro Rosso de <strong>no</strong>vembro.<br />

<strong>Na</strong>da de Barrichello, Senna<br />

ou Di Grassi. O suíço Sébastien<br />

Buemi e o japonês Takuma Sato<br />

lutam pela vaga do alemão Sebastien<br />

Vettel, de partida para a<br />

Red Bull. Por lá, o escocês David<br />

Coulthard despediu-se da F-1<br />

<strong>no</strong> fim da temporada passada e<br />

tor<strong>no</strong>u-se consultor da escuderia<br />

pela qual pilotava. O francês Sébastien<br />

Bourdais pode permanecer<br />

na Toro.<br />

<strong>Na</strong> temporada 2008, Bru<strong>no</strong><br />

Senna termi<strong>no</strong>u em segundo lugar<br />

na GP2, atrás apenas do campeão,<br />

o italia<strong>no</strong> Giorgio Panta<strong>no</strong>,<br />

que teve breve passagem pela<br />

F-1 em 2004, sem marcar pontos<br />

pela Jordan em toda a temporada.<br />

Em terceiro ficou Lucas<br />

Di Grassi. Alguns dos momentos<br />

de Bru<strong>no</strong> na GP2 de 2008 fizeram<br />

até lembrar o tio Ayrton, como a<br />

vitória na chuva em Silverstone,<br />

Inglaterra, e o primeiro lugar em<br />

Mônaco, onde o Senna mais famoso<br />

da família era rei.<br />

Massa, Barrichello e Lalli. Sobre<strong>no</strong>mes<br />

italia<strong>no</strong>s não faltam<br />

entre os brasileiros <strong>no</strong> mundo do<br />

automobilismo. Di Grassi é outro<br />

deles. Felipe Massa já elogiou publicamente<br />

Bru<strong>no</strong> Senna. Porém,<br />

apontou Lucas Di Grassi como o<br />

piloto brasileiro atualmente com<br />

mais condições de estrear já <strong>no</strong><br />

a<strong>no</strong> que vem na F-1.<br />

ComunitàItaliana - Em 2009 terá mais condições<br />

de lutar pelo título do que em 2008?<br />

Felipe Massa - É difícil dizer, porque as mudanças<br />

<strong>no</strong> regulamento em 2009 serão significativas.<br />

Voltam os pneus lisos. Os motores vão ter de durar<br />

três corridas. A aerodinâmica dos carros sofrerá<br />

drástica alteração e haverá um <strong>no</strong>vo sistema<br />

de reaproveitamento da energia. Temos confiança,<br />

uma equipe supercompetitiva, mas precisamos<br />

esperar as primeiras corridas.<br />

CI - Os tifosi da Ferrari são os mais apaixonados<br />

por automobilismo?<br />

FM - São muito apaixonados, assim como os brasileiros.<br />

Vivi duas experiências bastante parecidas<br />

neste fim de temporada. Tanto nas semanas que<br />

antecederam o GP do <strong>Brasil</strong> quanto nas seguintes,<br />

o carinho do público brasileiro foi impressionante.<br />

Mas os italia<strong>no</strong>s não ficaram atrás. Pude constatar<br />

isso quando fui para Mugello participar das<br />

festividades do Ferrari Day. Os torcedores comemoraram<br />

muito o título de construtores conquistado<br />

pela Ferrari.<br />

CI - Como aprendeu a falar tão bem o italia<strong>no</strong>?<br />

FM - Corri na Itália em meus dois primeiros a<strong>no</strong>s<br />

na Europa, em 2000 e 2001. No primeiro, morei<br />

com o casal do<strong>no</strong> da minha equipe na Fórmula<br />

Renault, o que ajudou bastante.<br />

CI - É descendente de italia<strong>no</strong>s?<br />

FM - Sim, toda a família do meu pai é originária da<br />

Itália. Tenho, inclusive, o passaporte italia<strong>no</strong>.<br />

A Honda escolheu dois<br />

brasileiros vindos do GP2<br />

para testar seus carros de<br />

Formula-1. Lucas Di Grassi<br />

(acima) e Bru<strong>no</strong> Senna (abaixo),<br />

que carrega a responsabilidade<br />

de ser sobrinho do maior<br />

símbolo desse esporte <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong><br />

Lucas Tucci Di Grassi, paulista<strong>no</strong><br />

de 24 a<strong>no</strong>s, além de conquistar<br />

o terceiro lugar na GP2<br />

em 2008, foi piloto de testes da<br />

Renault na F-1. A escuderia francesa<br />

o oficializou como seu terceiro<br />

piloto. Isso significa ser o<br />

reserva do espanhol Fernando<br />

Alonso e do brasileiro Nelsinho<br />

Piquet. Estes dois foram confirmados<br />

como titulares da escuderia<br />

para 2009. Di Grassi pode<br />

substituí-los numa eventualidade<br />

ou pilotar por outra escuderia,<br />

como a Honda, por exemplo.<br />

No meio da temporada passada,<br />

chegou a correr boatos que<br />

o filho do tricampeão Nélson Piquet<br />

não seria mantido pela Renault<br />

em 2009. Ele estreou na F-1<br />

em 2008 e alter<strong>no</strong>u bons e maus<br />

momentos. Esperava chegar entre<br />

os dez primeiros este a<strong>no</strong> e<br />

termi<strong>no</strong>u na 12ª colocação. No<br />

a<strong>no</strong> que vem, sua expectativa é<br />

ficar entre os seis primeiros.<br />

Entre os italia<strong>no</strong>s, Jar<strong>no</strong><br />

Trulli continua na Toyota em<br />

2009. Seu compatriota que pode<br />

disputar a próxima temporada<br />

é Giancarlo Fisichella, piloto da<br />

Force India. Pode, porém, perder<br />

a vaga para o espanhol Pedro de<br />

la Rosa, atual piloto de testes<br />

da McLaren. Esta construtora vai<br />

fornecer motores, tec<strong>no</strong>logia e<br />

equipamentos, a partir de 2009,<br />

para a Force India, que antes tinha<br />

contrato com a Ferrari. A <strong>no</strong>va<br />

parceria entre as duas escuderias<br />

pode incluir até intercâmbio<br />

de pilotos.<br />

52 C o m u n i t à I t a l i a n a / De z e m b r o 2008<br />

D e z e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 53


perfil<br />

Tradição<br />

de sucesso<br />

Originária da Sicília, família Comparato se reúne<br />

para celebrar seus 115 a<strong>no</strong>s <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong><br />

Tat i a n a Bu f f<br />

Correspondente • São Paulo<br />

A<br />

cada cinco a<strong>no</strong>s, 90 pessoas<br />

se reúnem para uma<br />

comemoração. Todos integram<br />

o clã da família Comparato<br />

e relembram a chegada de<br />

Antoni<strong>no</strong> Comparato e Emanuela<br />

Mazzeo Comparato ao <strong>Brasil</strong>.<br />

O casal aportou em Santos, em<br />

16 de julho de 1893, emigrado<br />

de Mistretta, província de Messina,<br />

na Sicília, <strong>no</strong> navio Escuria,<br />

que partiu de Nápoles. Em 2008,<br />

o ritual se repetiu para celebrar<br />

os 115 a<strong>no</strong>s da família.<br />

O casal trouxe sete dos <strong>no</strong>ve<br />

filhos, que constituíram famílias<br />

<strong>no</strong> “<strong>no</strong>vo mundo” e se multiplicaram,<br />

perpetuando-se em cinco<br />

gerações até hoje. Cabe ao patriarca<br />

Armando Comparato, de<br />

81 a<strong>no</strong>s, liderar, em São Paulo,<br />

essas reuniões especiais. Ex-presidente<br />

da Pirelli, onde atuou<br />

durante mais de cinco décadas,<br />

ele se incumbe com vigor de procurar,<br />

por telefone e internet, os<br />

parentes que acabaram se afastando<br />

com o tempo.<br />

A primeira celebração da família<br />

ocorreu em 1993, quando<br />

a família completou um século<br />

em território brasileiro. Armando<br />

Comparato responde ainda pela<br />

coleção de documentos da família,<br />

Em meio a fotografias que contam<br />

a história da família, Armando tem<br />

a tarefa de reunir os membros do<br />

clã espalhados pelo <strong>Brasil</strong><br />

base para um livro a ser publicado<br />

“sem pressa de conclusão”. Afinal,<br />

ele conta, informações históricas<br />

são descobertas com freqüência<br />

em um grupo tão numeroso.<br />

— Tentamos manter esses<br />

encontros, com missa e almoço.<br />

Está se tornando a tradição do<br />

qüinqüênio. Por um lado, é triste<br />

porque <strong>no</strong> interreg<strong>no</strong> sempre<br />

faltam alguns parentes. De outro,<br />

porém, nascem bem-vindos membros.<br />

A maior parte dos mais <strong>no</strong>vos<br />

já tem o <strong>no</strong>me Comparato só<br />

<strong>no</strong> meio, mas há dois agora que<br />

serão responsáveis pela continuidade<br />

do clã — conta o patriarca.<br />

História<br />

Armando é filho de Vicente Comparato,<br />

que desembarcou aos cinco<br />

a<strong>no</strong>s de idade na baixada santista<br />

com os pais e seis irmãos.<br />

A família falava então o dialeto<br />

sicilia<strong>no</strong>, linguagem que praticamente<br />

se extinguiu <strong>no</strong> cotidia<strong>no</strong><br />

brasileiro. Vicente casou-se com<br />

Guilhermina Apolinário, emigrada<br />

aos dois a<strong>no</strong>s do <strong>no</strong>rte de Portugal.<br />

Deste ramo, nasceram quatro<br />

filhos e o primogênito de Vicente,<br />

anterior ao casamento.<br />

— Meu pai só falava o dialeto<br />

sicilia<strong>no</strong> com meus tios. Nós, crianças,<br />

não entendíamos nada – relembra<br />

o terceiro dos cinco irmãos.<br />

Claudio Cammarota<br />

Quando entrou na Pirelli, em<br />

1941, aos 13 a<strong>no</strong>s, Armando Comparato<br />

nem sonhava que um dia<br />

iria presidir a empresa - <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong><br />

desde 1929. Tão pouco imaginava<br />

que se tornaria conselheiro da direção<br />

até se aposentar, em 1992.<br />

Também não poderia suspeitar<br />

que veria o filho, o engenheiro<br />

Armando Comparato Júnior, presidente<br />

há dois a<strong>no</strong>s da Prysmian<br />

– ex-Pirelli Cabos - na América do<br />

Sul, honrar seu posto.<br />

— <strong>Na</strong> Pirelli, antigamente, diziam:<br />

‘aquele é o filho do Armando’.<br />

Hoje é o contrário, falam: ‘esse<br />

é o pai do Armando’ — brinca.<br />

Além do executivo, o patriarca<br />

– avô de três jovens - teve Regina<br />

Helena e Silvana com Dorothy<br />

Splendore Comparato, não<br />

por coincidência de origem <strong>italiana</strong><br />

e grega. O casal se conheceu<br />

em 1949 na própria Pirelli,<br />

onde ambos trabalhavam, em<br />

Santo André, e se uniu em 1954.<br />

Viajando freqüentemente a trabalho<br />

e lazer à Itália, Armando visitou<br />

pela primeira vez a terra dos<br />

antepassados em 1984. <strong>Na</strong> ocasião,<br />

com a esposa, o ex-presidente<br />

da Pirelli chegou a encontrar um<br />

Comparato em Mistretta. Foi um<br />

encontro muito rápido e um tanto<br />

tumultuado porque Armando havia<br />

sido roubado um dia antes de chegar<br />

à cidadezinha. Isso, segundo<br />

ele, “atrapalhou um pouco”.<br />

A esperança de reencontrar parentes<br />

por ora distantes, <strong>no</strong> entanto,<br />

não foi abalada. A família está<br />

<strong>no</strong>vamente em viagem na península<br />

– até meados de dezembro. Desta<br />

vez com mais tempo, tranqüilidade<br />

e pistas para comunicar-se<br />

com os Comparato que permaneceram<br />

em Mistretta ou migraram para<br />

outras regiões <strong>italiana</strong>s.<br />

Profusão de talentos<br />

Filhos, netos e bisnetos de Antoni<strong>no</strong><br />

e Emanuela conquistaram<br />

fama <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> e <strong>no</strong> mundo, com<br />

sucesso ininterrupto até a geração<br />

mais recente, os tataranetos.<br />

Um dos mais ilustres foi o caçula<br />

do casal, o médico e pesquisador<br />

Sebastião Comparato<br />

(1891-1979), que revolucio<strong>no</strong>u<br />

a história da sétima arte com a<br />

descoberta da tec<strong>no</strong>logia da terceira<br />

dimensão – o cinema 3D -,<br />

em 1934. O inventor fez a primeira<br />

projeção 3D <strong>no</strong> Rio de Janeiro<br />

dois a<strong>no</strong>s depois, <strong>no</strong> antigo cine<br />

Metrópole. Embora tenha obtido<br />

a patente internacional para<br />

o <strong>Brasil</strong>, 17 a<strong>no</strong>s depois, a “<strong>no</strong>vidade”<br />

emergiu ao mundo como<br />

uma invenção <strong>no</strong>rte-americana.<br />

Premiado e reconhecido internacionalmente,<br />

o escritor e roteirista<br />

de <strong>no</strong>velas, minisséries e<br />

seriados para televisão e cinema<br />

e neto do médico Sebastião, Luiz<br />

Felipe, se tor<strong>no</strong>u conhecido como<br />

Doc Comparato. Foi o apelido que<br />

ganhou graças à associação a sua<br />

primeira profissão. Doc veio de<br />

doctor, médico em inglês. O autor<br />

do livro Da criação ao roteiro era<br />

um re<strong>no</strong>mado cardiologista. Decidiu<br />

mudar de carreira em Londres,<br />

enquanto cursava pós-graduação<br />

na área médica, <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s 1970.<br />

Doc recebeu o Prêmio Teatral<br />

Anna Magnani, em 2003, na Itália,<br />

e a medalha de ouro do Festival<br />

de Cinema e Televisão de Nova<br />

York, em 1982, entre outras honrarias<br />

internacionais. Atualmente,<br />

colabora com a Rede Record <strong>no</strong><br />

roteiro da <strong>no</strong>vela Os Mutantes.<br />

O escritor é pai da atriz Bianca<br />

Comparato, que acaba de atuar<br />

na <strong>no</strong>vela Beleza Pura, da TV<br />

Globo, onde, também interpretou<br />

a divertida Maria João na <strong>no</strong>vela<br />

Belíssima (2005/2006).<br />

Os Comparato celebram os<br />

115 a<strong>no</strong>s de presença <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>.<br />

Lembranças da influencia <strong>italiana</strong><br />

se apresentam, porém, <strong>no</strong> <strong>Na</strong>tal<br />

Direito e Moda<br />

Jurista, escritor e professor titular<br />

aposentado da Faculdade de Direito<br />

da Universidade de São Paulo,<br />

Fábio Konder Comparato, bisneto<br />

de Emanuela e Antoni<strong>no</strong>, integrou<br />

a acusação <strong>no</strong> aclamado processo<br />

de impeachment do ex-presidente<br />

Fernando Collor de Mello, em<br />

1992. É autor de uma das ações<br />

populares contra a privatização<br />

da Companhia Vale do Rio Doce,<br />

movida por um grupo de advogados<br />

e juristas de São Paulo.<br />

O Doutor em Direito pela Universidade<br />

de Paris, Doutor Ho<strong>no</strong>ris<br />

Causa da Universidade de Coimbra<br />

e autor reconhecido internacionalmente<br />

é irmão de José Marcos<br />

Konder Comparato, ex-presidente<br />

da Itaúsa Empreendimentos e<br />

atual conselheiro da Sadia.<br />

José Marcos, segundo seu<br />

primo, Armando Comparato, é<br />

dos que mais garantem ativos os<br />

vínculos com a nação dos antepassados,<br />

“com muito orgulho de<br />

<strong>no</strong>ssa origem <strong>italiana</strong>”.<br />

— Em Avaré, interior de São<br />

Paulo, José Marcos possui uma<br />

chácara chamada carinhosamente<br />

pelos vizinhos de sítio do italia<strong>no</strong><br />

– revela Armando, bem-humorado.<br />

No mundo da moda, o clã também<br />

imprime as próprias marcas: a<br />

estilista Rita Comparato, tataraneta<br />

do casal emigrante, filha de Alice<br />

Comparato, criou a grife Neon<br />

em 2002 com o colega Dudu Bertholini,<br />

originalmente desenhando<br />

maiôs e moda praia. Eles trabalharam<br />

para marcas consagradas, como<br />

Triton, Zapping e Cori e foram<br />

convidados a participar este a<strong>no</strong><br />

da São Paulo Fashion Week.<br />

Arquivo pessoal<br />

Laços e costumes<br />

<strong>Na</strong> Sicília, hábitos e tradições milenares<br />

transbordam em cada paesi<strong>no</strong><br />

ou província. Daqueles tempos<br />

imemoriais permaneceram <strong>no</strong><br />

clã Comparato, antes de tudo, “os<br />

laços de sangue que falam mais alto”,<br />

resume, a um só tempo altivo<br />

e afetuoso, Armando Comparato:<br />

— Nutrimos um forte sentido<br />

de enraizamento familiar. Às vezes,<br />

podemos parecer frios à distância,<br />

mas na verdade existe um senso de<br />

proteção muito grande entre nós.<br />

Reconhecemo-<strong>no</strong>s pela expressão,<br />

pelas feições, até na primeira vez<br />

que encontramos um consangüíneo<br />

de um ramo longínquo.<br />

<strong>Na</strong> memória do clã, os sabores<br />

sicilia<strong>no</strong>s também ocupam<br />

seu devido e inconfundível lugar.<br />

No <strong>Na</strong>tal, o generoso panetone<br />

era de fato por si só motivo<br />

de felicidade, especialmente<br />

das crianças. A receita tradicional,<br />

preparada pelas mulheres em<br />

casa, exalava o aroma da alegre<br />

reunião. Outro paladar autêntico<br />

de Mistretta, inigualável até hoje,<br />

de acordo com o patriarca, é<br />

o spaghettoni alle sarde e fi<strong>no</strong>cchio,<br />

um tipo de espaguete graúdo<br />

com sardinhas e erva-doce.<br />

— Minha mãe e minha irmã,<br />

na Itália, aprenderam a fazer<br />

a pasta com minha avó. Falando<br />

nela chego a sentir aquele sabor<br />

na boca – exulta Armando.<br />

Uma questão, porém, ainda<br />

instiga os descendentes dos Comparato<br />

<strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: a razão da emigração<br />

de Antoni<strong>no</strong> e Emanuela<br />

<strong>no</strong> final do século 19. Segundo o<br />

ex-presidente da Pirelli, há versões<br />

relativas a desventuras de<br />

um tio na Itália que teriam motivado<br />

a partida. O fato é que sua<br />

veracidade é uma incógnita. Historicamente,<br />

<strong>no</strong> entanto, naquele<br />

período, ocorriam as primeiras<br />

ondas migratórias da Itália rumo<br />

ao exterior, causadas pela conjuntura<br />

social e econômica advinda<br />

da unificação do país, proclamada<br />

pelo rei Vittorio Emanuele II em<br />

1861. No caso da família Comparato,<br />

o que se sabe, ao certo, é<br />

que o patriarca, Don Antoni<strong>no</strong>, tinha<br />

o apelido de dirigente.<br />

54 C o m u n i t à I t a l i a n a / De z e m b r o 2008<br />

D e z e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 55


comunidade<br />

La Befana<br />

vem aí<br />

No <strong>Brasil</strong>, é difícil imaginar um <strong>Na</strong>tal sem Papai Noel. <strong>Na</strong> Itália, porém, quem<br />

dá presente é uma bruxinha que recompensa as crianças de bom comportamento<br />

Diz a Bíblia que, há muitos<br />

séculos, o rei Herodes decretou<br />

que todos os meni<strong>no</strong>s<br />

nascidos em um determinado<br />

a<strong>no</strong> deveriam ser sacrificados,<br />

pois era seu desejo matar<br />

a criança que chegaria predestinada<br />

a ser o futuro “Rei”. Reza<br />

uma lenda <strong>italiana</strong> que uma das<br />

mães que perdeu seu filho nesse<br />

massacre ficou tão chocada que<br />

não conseguiu chorar. Tão pouco<br />

aceitou a morte do seu meni<strong>no</strong>.<br />

Ela o procurou desesperadamente<br />

por toda a casa. Como não o encontrou,<br />

convenceu-se de que a<br />

criança estava desaparecida. Colocou<br />

os pertences dele numa toalha,<br />

presa a uma vara, que carregou<br />

<strong>no</strong> ombro, e partiu procurando<br />

pela criança de casa em casa.<br />

Depois de alguns dias, ela viu<br />

uma criança. Convencida de que<br />

encontrara seu filho, depositou<br />

a toalha e os pertences <strong>no</strong> pé da<br />

manjedoura onde a criança dormia.<br />

O jovem pai olhou a face daquela<br />

estranha. Imagi<strong>no</strong>u quantos<br />

a<strong>no</strong>s a mulher estaria em busca do<br />

filho, pois sua aparência estava<br />

bastante envelhecida. A criança<br />

na manjedoura era Jesus Cristo.<br />

Mais tarde, Ele chamou a mulher<br />

de La Befana. Em sua homenagem,<br />

estabeleceu-se que, uma<br />

<strong>no</strong>ite do a<strong>no</strong>, aquela mulher teria<br />

todas as crianças do mundo para<br />

<strong>Na</strong>y r a Garofle<br />

Bonecos representam as várias faces de La Befana<br />

si. Nessa <strong>no</strong>ite, ela seria capaz de<br />

visitar cada uma, trazendo roupas<br />

e brinquedos. A <strong>no</strong>ite é a de<br />

5 de janeiro. É por isso que, na<br />

manhã de 6 de janeiro, as crianças<br />

de toda a Itália encontram as<br />

suas meias cheias de doces por<br />

cada boa ação, ou um pedaço de<br />

carvão, se elas tiverem sido más<br />

ao longo do a<strong>no</strong> anterior.<br />

La Befana é um <strong>no</strong>me derivado<br />

da palavra Epifania, celebração<br />

cristã em lembrança à visita<br />

dos Reis Magos a Jesus. A<br />

origem da personagem mítica se<br />

perde <strong>no</strong> tempo. Mas ainda hoje<br />

se apresenta como uma idosa<br />

que veste capa escura, um avental<br />

com bolso, um xale, lenço ou<br />

capuz na cabeça e calça um par<br />

de chinelos gastos.<br />

O ítalo-brasileiro Erman<strong>no</strong><br />

Valli<strong>no</strong>to Termini, de 30 a<strong>no</strong>s,<br />

cresceu sob a cultura da “bruxinha”.<br />

Seu pai, italia<strong>no</strong> de Roma,<br />

fez questão de preservar esta fábula<br />

<strong>no</strong>s natais da família.<br />

— Passei muitos natais na<br />

Itália quando era criança<br />

e, por isso, cresci acreditando<br />

que a Befana era<br />

de verdade e que Papai<br />

Noel não existia. Ela é uma<br />

bruxinha velha e muito feia, mas<br />

boazinha, por isso nunca senti<br />

medo — revela o paulista<strong>no</strong>.<br />

Entretanto, por ter nascido <strong>no</strong><br />

<strong>Brasil</strong>, as <strong>no</strong>ites de <strong>Na</strong>tal desse<br />

administrador de empresas nunca<br />

passaram em branco porque os<br />

avós lhe davam presentes.<br />

— O momento mais esperado,<br />

mesmo, era a manhã de 6 de janeiro.<br />

Quando eu acordava e via o<br />

quarto cheio de presentes. É uma<br />

recordação muito boa. Agora é a<br />

vez de fazer o mesmo com a minha<br />

filha que tem um a<strong>no</strong> e meio —<br />

conta ele que mora em São Paulo.<br />

Já a ítalo-brasileira Mirella<br />

Guida não gosta nem um pouco da<br />

Befana. Carioca, ela mora há quatro<br />

a<strong>no</strong>s e meio <strong>no</strong> sul da Itália,<br />

vivendo hoje em Lucera. Pela primeira<br />

vez, vai passar o <strong>Na</strong>tal longe<br />

do <strong>Brasil</strong> e admite que não está<br />

muito entusiasmada com isso.<br />

— Aqui na Itália, os preparativos<br />

não são tão grandes como <strong>no</strong><br />

<strong>Brasil</strong>. A decoração das casas e das<br />

ruas é muito mais discreta. O Papai<br />

Noel não faz parte da cultura<br />

<strong>italiana</strong> e não é comum a troca de<br />

presentes. Geralmente, o presente<br />

é um envelope de dinheiro dado<br />

pelos mais velhos — relata a especialista<br />

em marketing e<strong>no</strong>lógico.<br />

Sobre a Befana, Mirella confessa<br />

ter dificuldade para entender<br />

essa tradição com a qual seu<br />

marido italia<strong>no</strong> foi criado. Para<br />

ela, a imagem da “bruxinha” é o<br />

oposto do Papai Noel.<br />

— Meu marido diz que cresceu<br />

ouvindo que essa velha iria colocá-lo<br />

dentro de um saco e levá-lo<br />

embora se ele não se comportasse.<br />

Para as crianças comportadas<br />

ela traz doces, para as outras, traz<br />

carvão ou planeja um seqüestro.<br />

Prefiro o bom velhinho — afirma.<br />

Mirella conta que pretende<br />

adaptar a fábula quando tiver filhos.<br />

Vai dizer para eles que Papai<br />

Noel dá presentes <strong>no</strong> <strong>Na</strong>tal e<br />

Mamãe Noel, doces em janeiro.<br />

— <strong>Na</strong>da de velha malvada<br />

raptando meus filhos — diz, às<br />

risadas.<br />

Ao contrário dela, <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>,<br />

Termini espera a data com ansiedade<br />

quando a Befana visitará pela<br />

primeira vez sua pequena Elena.<br />

— Em termos de preservação<br />

da cultura, acho que o povo<br />

italia<strong>no</strong> é o pior de todos porque<br />

não se preserva quase nada —<br />

diz ele que tenta manter as tradições<br />

da família.<br />

Delirio Tour<br />

Beppe Grillo, comico tuttofare dai risvolti<br />

politico-sociali nato a Ge<strong>no</strong>va<br />

nel 1948 si fermerà a Firenze<br />

con il suo nuovo spettacolo dal <strong>no</strong>me “Delirio<br />

Tour”. Nome questo uscito da un intervento<br />

di qualche tempo fa di Grillo: “Non<br />

abbiamo alternative alla democrazia fai da<br />

te, all’autogover<strong>no</strong>, alla partecipazione ad<br />

ogni decisione che riguarda la collettività.<br />

Appassionata<br />

Per i grandi appassionati di cavalli e <strong>no</strong>n<br />

solo, ritorna in Italia e per la precisione<br />

a Firenze il più grande evento equestre d’Europa.<br />

Dal 23 al 25 gennaio presso il Mandela<br />

Forum sarà possibile ammirare <strong>no</strong>bili cavalieri<br />

ed eleganti destrieri impegnati in esibizioni<br />

di equitazione classica come anche di<br />

effetti speciali che stimoleran<strong>no</strong> la curiosità<br />

degli spettatori. I biglietti parto<strong>no</strong> da 20,00<br />

euro fi<strong>no</strong> ad arrivare agli 80,00 per i tavoli<br />

gold collocati a bordo pista dove è previsto<br />

un buffet. Informazioni: www.bitconcerti.it<br />

Si deve uscire dal delirio e rientrare nella<br />

realtà”. Sarà un’unica tappa, il 30 gennaio,<br />

in cui lo showman darà spazio ai temi a lui<br />

più cari: dai dipendenti dei cittadini, ossia<br />

i parlamentari, alle politiche eco<strong>no</strong>miche<br />

italiane, dalla rinascita dell’idea nucleare<br />

<strong>italiana</strong>, fi<strong>no</strong> al grande debito pubblico del<br />

Bel Paese. Biglietti: 18-27 euro. www.mandelaforum.it<br />

Sei personaggi<br />

in cerca d’autore<br />

Torna sul prestigioso palcoscenico del Teatro<br />

“La Pergola” di Firenze la stagione invernale<br />

dedicata a Luigi Pirandello. Dal 27 gennaio<br />

al 1° febbraio la Compagnia del Teatro Carca<strong>no</strong><br />

presenterà l’opera dal titolo “Sei personaggi in<br />

cerca d’autore”. Un classico del teatro italia<strong>no</strong><br />

esploso negli anni Venti e da allora punto di<br />

riferimento per chi si è voluto cimentare nell’arte<br />

teatrale.Tra gli attori Giulio Bosetti, Antonio<br />

Salines e Silvia Ferretti. Info: www.pergola.firenze.it.<br />

Prezzi da 14,50 a 29,00 euro.<br />

Firenze<br />

Giorda<strong>no</strong> Iapalucci<br />

1988: Vent’anni prima,<br />

vent’anni dopo<br />

Inaugurata presso le sale espositive del<br />

Centro per l’Arte Contemporanea di Prato<br />

“Luigi Pecci”, la mostra “1988: Vent’anni prima,<br />

vent’anni dopo” curata da Marco Bazzini<br />

si concluderà il 15 febbraio. La rassegna<br />

propone un viaggio attraverso quarant’anni di<br />

arte <strong>italiana</strong> alla ricerca di testimoniare i diversi<br />

periodi e fasi legati al mondo artistico e<br />

creativo in una diretta e continua dialettica.<br />

Saran<strong>no</strong> presenti opere di Michelangelo Pistoletto,<br />

Andrea Salvi<strong>no</strong>, Michele Dantini e molti<br />

altri. Ingresso 5 euro. Aperto tutti i giorni<br />

(martedì chiuso) dalle 10.00 alle 19.00. Info<br />

www.centropecci.it<br />

Faces<br />

In una mostra del tutto in<strong>no</strong>vativa per<br />

ciò che riguarda lo scenario italia<strong>no</strong>,<br />

a Lucca viene proposta una mostra dove<br />

verrà ripercorsa la storia della fotografia<br />

del ritratto durante il XX° secolo. Si<br />

tratterà di circa 150 opere di 17 diversi<br />

artisti, da Ugo Mulas a Andy Warhol, da<br />

Ar<strong>no</strong>ld Newman fi<strong>no</strong> a Adam Broomberg<br />

& Oliver Chanarin. Opere che provengo<strong>no</strong><br />

per lo più da fondazioni e musei privati<br />

come il Museum o Modern Art di New<br />

York, la Maison Européenne de la Photographie<br />

di Parigi e molti altri. Evento visitabile<br />

fi<strong>no</strong> al 31 gennaio presso la Fondazione<br />

Centro Studi sull’Arte Ragghianti<br />

a Lucca. Entrata euro 7, interi, e 5, ridotti,<br />

dalle 10.00 alle 19.30.<br />

56 C o m u n i t à I t a l i a n a / De z e m b r o 2008<br />

D e z e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 57


il lettore racconta<br />

Dezembro chegou e, em São Pau l o, u m a<br />

família trabalha o a <strong>no</strong> todo pa r a q u e, na<br />

pa r t e gastronômica, não falte o tradicional<br />

ingrediente da s festas de <strong>Na</strong>ta l: o panetone.<br />

A guloseima é o carro-chefe da Confeitaria<br />

Di Cu n to c u j o patriarca Do n ato esteve pela<br />

primeira vez <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> em 1878.<br />

A saga dessa família e as delícias q u e<br />

produzem foram relatadas pelo bisneto de<br />

Do n ato, Marco Alfredo Di Cu n to,<br />

em depoimento à repórter Sílvia So u z a.<br />

Órfão de pai e com apenas 17<br />

a<strong>no</strong>s de idade, Donato saiu de<br />

Saler<strong>no</strong>, na Campânia, em<br />

busca de melhores condições<br />

de vida. Desembarcou <strong>no</strong> porto de<br />

Santos (<strong>Brasil</strong>), por enga<strong>no</strong>. Seu desti<strong>no</strong><br />

era Montevidéu (Uruguai), onde<br />

encontraria um tio.<br />

Mesmo tão jovem, Donato trazia<br />

consigo o espírito indômito do<br />

imigrante que não tem caminho de<br />

volta. Com muito esforço e dedicação,<br />

se alfabetizou e aprendeu desenho.<br />

Aplicou os conhecimentos de carpinteiro<br />

que possuía até ocupar o cargo<br />

de mestre de carpintaria do grupo<br />

construtor liderado pelo re<strong>no</strong>mado<br />

arquiteto Ramos de Azevedo.<br />

Desligado da empresa, em 1889,<br />

inaugurou uma das primeiras padarias<br />

da cidade de São Paulo. Em 1895, adquiriu<br />

diretamente do empreendedor<br />

José Borges de Figueiredo uma área<br />

de terras na Mooca, onde construiu<br />

<strong>no</strong>va padaria, que até hoje leva o <strong>no</strong>me<br />

da família. A história dessa empresa se<br />

confunde com a do clã Di Cunto.<br />

A<strong>no</strong>s depois de se estabelecer<br />

em São Paulo, Donato voltou à Itália,<br />

onde se casou. De volta ao <strong>Brasil</strong> <strong>no</strong><br />

início do século 20, influenciou na<br />

escolha do ofício dos quatro filhos. No<br />

mesmo lugar em que o pai, Donato,<br />

fundou a antiga padaria <strong>no</strong>s idos de<br />

1896, os irmãos Vicente, Lorenzo, Roberto<br />

e Alfredo, <strong>no</strong> dia 14 de março<br />

de 1935, reacenderam o for<strong>no</strong> então<br />

recuperado, reiniciando a atividade<br />

de padeiro, na família.<br />

Apesar das instalações modestas,<br />

em 1936, a Di Cunto fazia a entrega<br />

em domicílios e para peque<strong>no</strong>s<br />

revendedores. Primeiro, com veículo<br />

em tração animal. Depois com furgão.<br />

Houve um grande empenho para<br />

aumentar a produção e atender ao<br />

crescimento da demanda.<br />

O início dos negócios foi muito<br />

difícil. Muitas padarias abriram<br />

e fecharam em pouco tempo. Vendiase<br />

“fiado” e os calotes eram freqüentes.<br />

Mas a união dos irmãos provou que o<br />

progresso viria rápido: em 1938 foi<br />

possível a reforma e ampliação do antigo<br />

laboratório de manipulação, além<br />

da modernização do antigo for<strong>no</strong>.<br />

— No a<strong>no</strong> seguinte, já começamos<br />

a fabricar os panetones. Somos a mais<br />

antiga fabricante de panetone em<br />

atividade <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> e continuamos <strong>no</strong><br />

mesmo local (na Rua Borges de Figueiredo,<br />

coração da Mooca) desde<br />

1896. Essa tradição é motivo de orgulho<br />

para os moradores do bairro e<br />

de paulista<strong>no</strong>s de pontos distantes da<br />

cidade — diz Marco Alfredo.<br />

Pastiera di Gra<strong>no</strong><br />

(serve 6 pessoas)<br />

Ingredientes:<br />

Massa: 3 ovos inteiros; 1 colher de<br />

sopa de açúcar refinado; 200 gramas<br />

de manteiga sem sal; 300<br />

gramas de farinha de trigo.<br />

Recheio: 500 gramas de ricota<br />

fresca sem sal; 1 colher de sopa<br />

de açúcar refinado; 1 ovo inteiro;<br />

50 gramas de laranja cristalizada;<br />

100 gramas de grãos de<br />

trigo cozido; 5 gotas de essência<br />

de laranja..<br />

Modo de fazer:<br />

Massa: Em uma batedeira pequena,<br />

junte os ovos, o açúcar, a manteiga e<br />

a farinha previamente peneirada.<br />

Bata até obter uma massa homogênea.<br />

Com as mãos, molde uma bola com a<br />

Existem muitas versões para se<br />

contar a história do panettone. Doce<br />

clássico e refinado, ele é presença<br />

obrigatória nas mesas de <strong>Na</strong>tal e festas<br />

de fim de a<strong>no</strong>. Por isso, do preparo<br />

a hora de saborear o produto, a família<br />

Di Cunto está sempre atenta para que<br />

o sabor permaneça impecável.<br />

massa, cubra com um pa<strong>no</strong> e deixe<br />

na geladeira por 30 minutos.<br />

Recheio: Amasse a ricota com o açúcar<br />

e o ovo. Adicione lentamente a<br />

fruta cristalizada, o trigo cozido e<br />

a essência de laranja até conseguir<br />

um creme uniforme.<br />

Com a ajuda de um rolo próprio,<br />

abra um disco de massa com espessura<br />

de mais ou me<strong>no</strong>s 3 milímetros<br />

e forre a forma de 25 centímetros<br />

de diâmetro. Distribua o recheio<br />

e decore artisticamente com<br />

tiras de massa desenhadas. Pincele<br />

com gema e leve ao for<strong>no</strong> previamente<br />

aquecido a 170 graus por 50<br />

minutos, aproximadamente. Deixe<br />

esfriar naturalmente e sirva.<br />

Segundo Marco Alfredo, o Panettone<br />

Di Cunto é diferente porque<br />

é artesanal. Ao utilizar fermentação<br />

natural, em um processo desenvolvido<br />

na primeira metade do século<br />

passado, sua umidade e textura têm<br />

características consistente e macia,<br />

além de garantir fragrância e vida<br />

longa ao produto, sem uso de aditivos<br />

químicos e conservantes. Depois é só<br />

acrescentar na massa, passas e frutas<br />

cristalizadas. O processo de feitura<br />

dura em média 72 horas.<br />

— A ligação da <strong>no</strong>ssa família<br />

com as raízes <strong>italiana</strong>s sempre esteve<br />

fortemente marcada pelo desenvolvimento<br />

da culinária. Tanto que, assim<br />

como o panetone, outras receitas<br />

centenárias do sul da Itália também<br />

são feitas na confeitaria e procuradas<br />

por pessoas até de fora do estado.<br />

Caso da Torta Regina e da Pastiera<br />

di Gra<strong>no</strong>.<br />

Família que trabalha unida...<br />

Nem tudo foram flores na caminhada<br />

da família Di Cunto. A 2ª Guerra<br />

Torta Regina<br />

(serve até 10 pessoas)<br />

Ingredientes:<br />

Massa: 1 pão de ló de 25 centímetros;<br />

250 gramas de calda<br />

(água, açúcar e rum); 700 gramas<br />

de creme de confeiteiro; 1 quilo<br />

de creme chantilly; 50 unidades<br />

de carolinas.<br />

Cobertura: 1 quilo de açúcar; 300<br />

gramas de água; 30 gramas de<br />

glicose.<br />

Mundial trouxe sérios problemas ao<br />

<strong>Brasil</strong>. De 1942 a 1945, o racionamento<br />

de gasolina, lenha e sal obrigou à<br />

volta do veículo a tração animal e ao<br />

uso do improvisado gasogênio. Em 1945,<br />

termina o racionamento do combustível<br />

e começa o de inúmeros produtos.<br />

Mas sem dúvida, o que mais afetou a<br />

família foi o da farinha de trigo.<br />

Em 1949, com uma razoável melhora<br />

<strong>no</strong> abastecimento, estava criada<br />

a confeitaria. Melhor abastecimento<br />

significa melhora na qualidade dos<br />

produtos e a história dos Di Cunto<br />

recebeu muitas pitadas de superação.<br />

Assim, em 1950, a família passou a<br />

atender festas de todos os tipos, inclusive<br />

banquetes para mais de três<br />

mil pessoas, <strong>no</strong>s salões de grandes<br />

clubes e entidades de São Paulo.<br />

— Conseguimos abrir <strong>no</strong>ssa primeira<br />

loja em 1957, na Rua Augusta,<br />

para <strong>no</strong>vos <strong>investimentos</strong> e ampliação<br />

do estabelecimento matriz. Assim,<br />

em 1961, a loja da Rua Augusta<br />

foi transferida. Trabalhando para<br />

crescer, <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s 60, inauguramos<br />

a rotisserie especializada em massas<br />

frescas, recheadas, semi-prontas e<br />

prontas — conta Marco Alfredo.<br />

O a<strong>no</strong> de 1972 marca a abertura<br />

da filial na Rua Tuiutí, <strong>no</strong> Tatuapé,<br />

substituída em 1997 por uma <strong>no</strong>va loja<br />

com modernas instalações, totalmente<br />

informatizada, na rua Padre<br />

Estevão Pernet <strong>no</strong> mesmo bairro.<br />

Com o falecimento dos quatro<br />

irmãos fundadores, passam a tocar<br />

os negócios Reinaldo, herdeiro de<br />

Roberto; Marco Alfredo e Antonio<br />

Carlos, herdeiros de Lorenzo, além<br />

de Paula, herdeira de Alfredo.<br />

— Tenho orgulho em dizer que<br />

conseguimos agregar valor ao <strong>no</strong>sso<br />

trabalho e construir uma história que<br />

dura mais de 70 a<strong>no</strong>s. No mês de setembro,<br />

fomos homenageados pela Câmara<br />

Municipal de São Paulo. Recebemos<br />

a Salva de Prata por <strong>no</strong>ssa<br />

Modo de fazer: Corte um pão de<br />

ló ao meio, umedeça uma das partes<br />

com a calda e espalhe o creme<br />

com uma espátula. Por cima, coloque<br />

uma camada de chantilly. Corte as<br />

carolinas ao meio e recheie com<br />

chantilly. Coloque sobre o bolo e feche<br />

cada uma delas. Leve o açúcar e<br />

a glicose para ferver em água até o<br />

ponto de 160 graus e deixe esfriar.<br />

Passe o caramelo sobre o bolo, usando<br />

uma “escova” de confeitar.<br />

contribuição histórica junto à comunidade<br />

<strong>italiana</strong> e brasileira. Foi uma<br />

cerimônia emocionante. Hoje, a família<br />

está na quarta geração e nem<br />

todo mundo trabalha <strong>no</strong> ramo alimentício<br />

— diz Marco Alfredo.<br />

Ainda que a correria do mundo<br />

moder<strong>no</strong> não permita encontros<br />

freqüentes entre os integrantes de<br />

toda a família, os Di Cunto aproveitam<br />

ocasiões como o <strong>Na</strong>tal para celebrar<br />

sua união. Sempre em volta da<br />

mesa, claro, mas também apreciando<br />

a boa musica <strong>italiana</strong>. Marco Alfredo<br />

observa que é em momentos assim<br />

que todos se reaproximam das raízes<br />

da família.<br />

— Quando meu avô era vivo, essas<br />

reuniões eram um acontecimento.<br />

Lembro-me dos meus primos, das<br />

conversas. Hoje, não é tão fácil a gente<br />

se ver, mas o carinho e a união<br />

sempre existirão — afirma ele que<br />

presenteia os leitores de Comunità<br />

com duas receitas da família.<br />

Marco Alfredo Di Cunto – bisneto<br />

de Donato Di Cunto<br />

Mande sua história com material fotográfico para:<br />

redacao@comunita<strong>italiana</strong>.com.br<br />

58 C o m u n i t à I t a l i a n a / De z e m b r o 2008<br />

D e z e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 59


italian style<br />

Sapori d’Italia<br />

<strong>Na</strong>y r a Garofle<br />

Camarões com<br />

espaguete ao<br />

funghi tartufado<br />

Vai um expesso?<br />

Kamira é uma máquina de café original que faz o<br />

verdadeiro expresso à <strong>italiana</strong>, sob o fogão da sua<br />

casa. Muito simples, como uma moka tradicional,<br />

prepara em poucos instantes um café bem cremoso.<br />

Fabricado em aço i<strong>no</strong>xidável, è autolimpante e<br />

a única com cinco a<strong>no</strong>s de garantia. Original e<br />

muito elegante, esta máquina se tornará sua amiga<br />

inseparável. € 49 www.dmail.it<br />

Os produtos acima mencionados<br />

estão disponíveis <strong>no</strong> mercado italia<strong>no</strong>.<br />

Como <strong>no</strong>s<br />

velhos tempos<br />

Lembra dos velhos e<br />

maravilhosos jukebox dos<br />

a<strong>no</strong>s 50 e 60? Pois então,<br />

em versão moderna, eis<br />

um aparelho que traz<br />

toda a <strong>no</strong>stalgia daqueles<br />

tempos com a tec<strong>no</strong>logia<br />

dos leitores de CD. Além<br />

disso, este jukebox<br />

ainda é um rádio AM-FM.<br />

€ 129,90 www.dmail.it<br />

Só para quem pode<br />

Difícil encontrar uma mulher que resista a um anel como<br />

esse. Em ouro rosa, pérolas roxas e ametistas – uma<br />

variedade púrpura do quartzo — é da coleção Saint Tropez<br />

da grife Mimí. € 3.900 www.mimi.info<br />

Para facilitar<br />

Útil como complemento de cozimento na<br />

cozinha, utilizável também <strong>no</strong> exterior da casa,<br />

em cima de mesas, <strong>no</strong> jardim e ótimo para<br />

levar quando for acampar, esta chapa elétrica<br />

facilita a sua vida. É possível selecionar oito<br />

tipos de cozimento: banho-maria, fritura,<br />

grill, massa, sopas, arroz, ferver e aquecer.<br />

Não há perigo: se a chapa esquentar além<br />

do necessário, o aparelho desliga sozinho.<br />

€ 89,90 www.dmail.it<br />

D&G<br />

Dolce & Gabbana é uma das marcas favoritas dos<br />

italia<strong>no</strong>s. Não é <strong>no</strong>vidade esbarrar com homens e<br />

mulheres pelas ruas do país vestidos com roupas<br />

e acessórios da grife. Além disso, eles fazem<br />

questão de mostrar as letrinhas famosas, seja<br />

<strong>no</strong>s óculos ou na estampa de uma blusa. Este<br />

sapato marrom com a fivela em detalhe amarelo<br />

e salto em madeira é uma <strong>no</strong>vidade que pode ser<br />

encontrada <strong>no</strong> site da marca por € 395<br />

Fotos: Divulgação<br />

Perto do mar<br />

Há 32 a<strong>no</strong>s, o La Trattoria é o desti<strong>no</strong> certo de quem busca<br />

legítima comida <strong>italiana</strong> a bom preço, em Copacabana<br />

Rio de Janeiro – Quase de frente para a praia de Copacabana,<br />

rodeado por hotéis e turistas de toda parte do mundo, o La<br />

Trattoria fincou sua bandeira <strong>italiana</strong>. Comer bem, por um preço<br />

nada salgado, é um dos principais atrativos da casa, inaugurada<br />

em 1976 pelo italia<strong>no</strong> de Turim, Mario Pautasso.<br />

Ele deixou a Itália rumo ao <strong>Brasil</strong> <strong>no</strong> dia 1 º de abril de 1953. Depois<br />

de oitos dias de viagem num navio, desembarcou <strong>no</strong> Rio de Janeiro,<br />

a convite de amigos italia<strong>no</strong>s já estabelecidos <strong>no</strong> país. A idéia<br />

do jovem de 20 a<strong>no</strong>s, que já trabalhava pela Europa como barman, era<br />

conhecer o <strong>Brasil</strong> e montar um negócio para ganhar algum dinheiro.<br />

Pautasso, hoje com 78 a<strong>no</strong>s, trabalhou em restaurantes e hotéis cariocas,<br />

foi do<strong>no</strong> de boate, proprietário de um restaurante em Fortaleza —<br />

que foi fechado para comprar o La<br />

Trattoria — além de ter trabalhado<br />

como gerente da cafeteria do<br />

consulado dos Estados Unidos, <strong>no</strong><br />

Rio de Janeiro. Cozinhar não era a<br />

sua principal habilidade, mas ele<br />

não se fez de rogado.<br />

— Todo italia<strong>no</strong> sabe cozinhar.<br />

Quando abri o restaurante,<br />

eu mesmo passei a fazer os pratos,<br />

mas depois de um a<strong>no</strong> já tínhamos<br />

um chef — recorda Pautasso<br />

que ainda prepara pratos<br />

para a família.<br />

Durante muitos a<strong>no</strong>s, a casa<br />

era procurada por aqueles que se<br />

Mario Pautasso<br />

Fotos: João Carnavos<br />

Ingredientes:<br />

3 colheres de sopa de azeite;<br />

1 colher de sopa de manteiga;<br />

4 colheres de sopa de vinho<br />

branco; 200 g de camarões<br />

médios (cerca de 18 camarões);<br />

1 concha de molho de<br />

tomate fresco; 2 colheres de<br />

chá de azeite tartufado; 2<br />

colheres de cogumelos chile<strong>no</strong>s<br />

secos; Pimenta; Sal;<br />

130 g de espaguete nº 7.<br />

Modo de preparo:<br />

Numa frigideira, doure os camarões<br />

temperados, com sal<br />

e pimenta, <strong>no</strong> azeite e na<br />

manteiga. Coloque o vinho,<br />

o azeite tartufado e os cogumelos<br />

chile<strong>no</strong>s secos. Em<br />

seguida, despeje o molho<br />

de tomate. Cozinhe a massa<br />

por sete minutos para ficar<br />

al dente.<br />

Prato para duas pessoas<br />

encantavam com as trufas trazidas da Itália. O tartufo é um fungo subterrâneo<br />

encontrado em bosques de carvalho da França e da Itália, entre<br />

os meses de outubro e dezembro, que se desenvolve a 30 centímetros<br />

do solo, junto às raízes das árvores. Das 70 espécies, as melhores<br />

são as trufas negras da região de Périgord, na França, conhecidas como<br />

“diamante negro da cozinha” e as trufas brancas da região da Alba,<br />

<strong>no</strong> Piemonte, na Itália. O fungo é extremamente caro. Um exemplar de<br />

um quilo, do Piemonte, já foi avaliado em 134 mil dólares.<br />

— Hoje trabalhamos com o azeite tartufado que importamos, muito<br />

caro por sinal, mas responsável pelo aroma e o sabor característico<br />

desse prato — explica Pautasso, ao revelar a iguaria mais pedida do<br />

restaurante: camarões com espaguete ao funghi tartufado.<br />

No <strong>Brasil</strong> há mais de 50 a<strong>no</strong>s, o italia<strong>no</strong> que nunca mais pensou<br />

em voltar para a Itália, afirma que encontrou, aqui, tudo o que tinha<br />

para viver e ganhar dinheiro.<br />

— Depois de ter vindo para cá, cheguei a morar na Itália por um<br />

a<strong>no</strong>, mas não compensou. Trabalhávamos muito e o retor<strong>no</strong> era pouco.<br />

Aqui, casei com uma brasileira, tive dois filhos. Tenho meu restaurante.<br />

O que iria querer mais? — diz.<br />

Quando o relógio marca 12 horas, o La Trattoria começa a ter seus<br />

80 lugares ocupados. Aberto de segunda a segunda, o restaurante<br />

agrada pelo cardápio e pelo preço. O prato best seller da casa, por<br />

exemplo, custa 39 reais e alguns centavos e pode muito bem ser dividido<br />

por duas pessoas. Para acompanhar, o italia<strong>no</strong>, indica o vinho<br />

tinto chile<strong>no</strong> Santa Carolina.<br />

Serviço: La Trattoria Rio – Rua Fernando Mendes, 7<br />

Copacabana – Rio de Janeiro. Tel: (21) 2255-3319<br />

60 C o m u n i t à I t a l i a n a / De z e m b r o 2008<br />

D e z e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 61


La gente,<br />

il posto<br />

Claudia Monteiro de Castro<br />

Mercadinho de <strong>Na</strong>tal em Bolza<strong>no</strong><br />

A<br />

Itália, como todo país que valoriza<br />

tradição, ganha um brilho especial<br />

<strong>no</strong> <strong>Na</strong>tal. Os mercadinhos dedicados<br />

ao tema, montados ao ar livre, são atrações<br />

especiais em várias cidades. Um dos mais disputados<br />

é o de Bolza<strong>no</strong>, <strong>no</strong> <strong>no</strong>rte da Bota, na<br />

região chamada Alto-Adige, perto da fronteira<br />

com a Áustria. As ruas do centro histórico<br />

da cidade ficam todas iluminadas e uma de<br />

suas praças principais, Piazza Walther, abre<br />

espaço para o mercadinho de <strong>Na</strong>tal.<br />

As barraquinhas, feitas de madeira, vendem<br />

de tudo, desde comida até artesanato.<br />

É possível se esquentar do frio tomando vinho<br />

quente (na Itália chamado de vin brulé)<br />

e saborear grandes variedades de docinhos<br />

de <strong>Na</strong>tal, principalmente um bolo típico da<br />

região, o zelten.<br />

Mas comes e bebes não é o principal. Os<br />

visitantes vão para lá à procura das peças de<br />

artesanato: presépio de madeira, objetos em<br />

cerâmica, vidro e outros materiais. É difícil<br />

escolher, tantas são as opções. Porém, se tiver<br />

que escolher só uma peça, uma das coisas<br />

mais preciosas que podem ser encontradas<br />

são as bolas de <strong>Na</strong>tal. Cada uma é uma verdadeira<br />

obra de arte. Feitas de vidro, são minuciosamente<br />

pintadas, com cenas de <strong>Na</strong>tal.<br />

De maneira geral, as mais bonitas são as mais<br />

caras e quem faz questão de decorar toda a<br />

árvore, tem que vir com bolsos recheados.<br />

O mercado de Bolza<strong>no</strong> é sempre cheio de<br />

gente, habitantes e turistas curiosos que já<br />

mergulham na alegria de <strong>Na</strong>tal antes mesmo<br />

de sua chegada. E uma coisa é certa: mesmo<br />

os mais céticos, que “denunciam” o consumismo<br />

das festas de final de a<strong>no</strong>, acabam<br />

entrando <strong>no</strong> clima.<br />

Feliz A<strong>no</strong> Novo<br />

Quem já passou o Reveillon <strong>no</strong> Rio de Janeiro dificilmente fica<br />

impressionado com a passagem do A<strong>no</strong> Novo em outros países.<br />

A <strong>no</strong>ssa festa é grandiosa, uma boa meia hora de fogos<br />

de artifício e um mar de pessoas vestidas de branco. É muita emocão.<br />

Temos até <strong>no</strong>ssa canção nacional de A<strong>no</strong> Novo: Adeus A<strong>no</strong> Velho, Feliz<br />

A<strong>no</strong> <strong>no</strong>vo, que tudo se realize <strong>no</strong> a<strong>no</strong> que vai nascer, muito dinheiro <strong>no</strong><br />

bolso, saúde pra dar e vender… E depois, aquele abraço apertado<br />

nas pessoas queridas.<br />

Deste lado dos trópicos tudo muda<br />

de figura. <strong>Na</strong> Itália, por exemplo, os fogos<br />

de artifício são bem mais modestos.<br />

Dá sempre um gostinho de quero<br />

mais. Algumas cidades até capricham,<br />

mas nada em comparação ao<br />

<strong>Brasil</strong>, e principalmente com o Rio<br />

de Janeiro, neste quesito, imbatível.<br />

Para compensar a falta de fogos<br />

oficiais, os italia<strong>no</strong>s gostam de soltar<br />

seus próprios fogos caseiros, o<br />

que pode ser muito perigoso. Todo<br />

a<strong>no</strong>, os jornais contam diversas histórias<br />

de acidentes deste tipo.<br />

E ainda bem que os italia<strong>no</strong>s, principalmente<br />

os napolita<strong>no</strong>s, romperam com<br />

uma tradição do passado: jogar pela janela<br />

coisas velhas que não se querem mais: roupas, sapatos, o que<br />

for. Tinha gente que jogava até máquina de lavar, não se preocupando<br />

muito com quem estivesse passando na rua, sob a janela. Já pensou?<br />

Outra coisa que não ajuda o a<strong>no</strong> <strong>no</strong>vo europeu é o frio. Assim,<br />

enquanto <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, muita gente gosta de saracotear até tarde, caminhando<br />

pelas ruas e em certos casos, até aguardar o nascer do sol, na<br />

Europa tem que ser muito corajoso para isso. Com o frio<br />

de uns 5 graus de Roma, ninguém tem<br />

muita animação para curtir o a<strong>no</strong> <strong>no</strong>vo<br />

depois da meia <strong>no</strong>ite. No máximo,<br />

dá para dar umas voltinhas pela<br />

cidade. Ou ainda, refugiar-se <strong>no</strong>s<br />

shows organizados pela prefeitura.<br />

Pelo me<strong>no</strong>s, aquecidos pelo calor<br />

huma<strong>no</strong> da multidão, as coisas<br />

melhoram um pouquinho.<br />

E uma dica para quem for passar<br />

o Reveillon na Itália. <strong>Na</strong>da de roupa<br />

branca. A cor da roupa é livre, não<br />

existe uma tradição. Só tem uma<br />

única coisa imporante: usar uma<br />

calcinha ou cueca vermelha. Portanto,<br />

se quiser garantir a boa sorte, não<br />

esqueça de colocar o indumento na mala.<br />

Buon an<strong>no</strong>!<br />

62<br />

C o m u n i t à I t a l i a n a / De z e m b r o 2008

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