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Como Brasil e Itália enfrentam a situação ... - Comunità italiana

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A maior mídia da comunidade ítalo-brasileira<br />

www.comunita<strong>italiana</strong>.com<br />

Rio de Janeiro, novembro de 2008 Ano XV – Nº 125<br />

Ciao crise!<br />

<strong>Como</strong> <strong>Brasil</strong> e Itália <strong>enfrentam</strong><br />

a situação econômica mundial<br />

ISSN 1676-3220 R$ 10,90<br />

Giorgetto Giuggiaro, o designer automotivo do século


22<br />

CAPA<br />

Com a crise econômica mundial, a Itália se prepara para enfrentar uma possível recessão, em 2009.<br />

No <strong>Brasil</strong>, a expectativa é manter o crescimento econômico, porém, com índices bem modestos<br />

Editorial<br />

Entre a crise..................................................................................08<br />

Cose Nostre<br />

A Suprema Corte da Itália proibiu que um casal de italianos batizasse o<br />

seu filho com o nome de Venerdì, ‘sexta-feira’ em italiano................09<br />

Política<br />

<strong>Brasil</strong> elege novos prefeitos e dá início a uma nova composição de força<br />

no cenário nacional, de olho na próxima disputa presidencial............ 17<br />

Negócios<br />

À frente de uma das principais empresas brasileiras exportadoras<br />

de rochas ornamentais, o italiano Bruno Zanet foi destaque na 43ª<br />

Marmomacc, em Verona................................................................28<br />

Diplomazia<br />

Il console d’Italia a Rio de Janeiro, Massimo Bellelli, si congeda dal<br />

<strong>Brasil</strong>e portandosi nei bagagli abitudini prettamente cariocas.........34<br />

Filosofia<br />

Em passagem pelo <strong>Brasil</strong>, o filósofo italiano Massimo Borghesi fala<br />

sobre crise econômica e a falta de motivação dos jovens ................ 42<br />

Artes Plásticas<br />

A Itália marca presença na 28º Bienal de<br />

São Paulo com a participação de dois artistas.................................54<br />

Futebol<br />

Aos 23 anos, Fabiano Santacroce é o brasileiro<br />

que integra a seleção <strong>italiana</strong> de futebol........................................57<br />

Roberth Trindade<br />

20<br />

Divulgação<br />

40<br />

46 48<br />

Divulgação<br />

João Carnavos<br />

No Parlamento<br />

Marco Zacchera<br />

O que pensa o presidente do<br />

Comitê Permanente para os<br />

Italianos no Exterior da Câmara<br />

dos Deputados da Itália<br />

Turismo<br />

Paraty<br />

As belezas da cidade fluminense<br />

candidata ao título de<br />

patrimônio mundial da Unesco<br />

Literatura<br />

Roberto Saviano<br />

O escritor italiano está jurado<br />

de morte pela máfia por conta<br />

do livro Gomorra, best-seller que<br />

chega ao <strong>Brasil</strong> em dezembro<br />

Cinema<br />

Exclusivo<br />

Filho do diretor Vitorio de Sica<br />

e neto do produtor Luigi De<br />

Laurentiis, ícones do cinema da<br />

Itália, filmam no Rio de Janeiro<br />

6<br />

C o m u n i t à I t a l i a n a / No v e m b r o 2008


COSE NOSTRE<br />

Julio Vanni<br />

FUNDADA EM MARÇO DE 1994<br />

Diretor-Presidente / Editor:<br />

Pietro Domenico Petraglia<br />

(RJ23820JP)<br />

Diretor: Julio Cezar Vanni<br />

Publicação Mensal e Produção:<br />

Editora Comunità Ltda.<br />

Tiragem: 40.000 exemplares<br />

Esta edição foi concluída em:<br />

05/11/2008 às 17:30h<br />

Distribuição: <strong>Brasil</strong> e Itália<br />

Redação e Administração:<br />

Rua Marquês de Caxias, 31, Niterói,<br />

Centro, RJ CEP: 24030-050<br />

Tel/Fax: (21) 2722-0181 / (21) 2722-2555<br />

e-mail: redacao@comunita<strong>italiana</strong>.com.br<br />

SUBEDItora: Sônia Apolinário<br />

jornalismo@comunita<strong>italiana</strong>.com.br<br />

Redação: Daniele Mengacci;<br />

Guilherme Aquino; Nayra Garofle;<br />

Sarah Castro; Sílvia Souza;<br />

Tatiana Buff; Valquíria Rey;<br />

Janaína Cesar; Lisomar Silva<br />

REVISÃO / TRADUÇÃO: Cristiana Cocco<br />

Projeto Gráfico e Diagramação:<br />

Alberto Carvalho<br />

arte@comunita<strong>italiana</strong>.com.br<br />

CAPA: Grupo Keystone<br />

Colaboradores: Giorgio della Seta; Pietro<br />

Polizzo; Venceslao Soligo; Marco Lucchesi;<br />

Domenico De Masi; Franco Urani; Fernanda<br />

Maranesi; Adroaldo Garani; Beatriz Rassele;<br />

Giordano Iapalucci; Cláudia Monteiro de Castro;<br />

Ezio Maranesi; Fabio Porta; Fernanda Miranda<br />

CorrespondenteS:<br />

Guilherme Aquino (Milão);<br />

Janaína Cesar (Treviso);<br />

Lisomar Silva (Roma);<br />

Publicidade:<br />

Philippe Rosenthal<br />

Rio de Janeiro - Tel/Fax: (21) 2722-0181<br />

philippe@comunita<strong>italiana</strong>.com.br<br />

RepresentanteS:<br />

Brasília - Cláudia Thereza<br />

C3 Comunicação & Marketing<br />

Tel: (61) 3347-5981 / (61) 8414-9346<br />

claudia.thereza@apis.com.br<br />

Minas Gerais - GC Comunicação & Marketing<br />

Geraldo Cocolo Jr.<br />

Tel: (31) - 3317-7704 / (31) 9978-7636<br />

gcocolo@terra.com.br<br />

ComunitàItaliana está aberta às contribuições<br />

e pesquisas de estudiosos brasileiros, italianos<br />

e estrangeiros. Os artigos assinados são de<br />

inteira responsabilidade de seus autores, sendo<br />

assim, não refletem, necessariamente, as<br />

opiniões e conceitos da revista.<br />

La rivista ComunitàItaliana è aperta ai<br />

contributi e alle ricerche di studiosi ed esperti<br />

brasiliani, italiani e estranieri. I collaboratori<br />

e sprimono, nella massima libertà, personali<br />

opinioni che non riflettono necessariamente il<br />

pensiero della direzione.<br />

ISSN 1676-3220<br />

A<br />

novidade deu na praia. Dentro da garrafa, não havia um pedido de socorro, mas<br />

um aviso: salve-se quem puder. A crise econômica mundial era para ser apenas<br />

um problema dos norte-americanos. A globalização, porém, se encarregou de<br />

contaminar os quatro cantos do mundo com ela. Países que se encontravam debilitados<br />

ficaram imediatamente “gripados”. Quem estava com sua economia fortalecida, escapou<br />

da doença, pelo menos por enquanto. Todos, porém, correram em busca de remédios.<br />

Nossa reportagem de capa mostra como Itália e <strong>Brasil</strong> estão enfrentando a crise.<br />

Lá, os prognósticos para 2009 não são dos melhores. Há quem fale em recessão. Aqui,<br />

o quadro é bem diferente. Empresários acreditam que o próximo ano terá, inclusive,<br />

crescimento. Os índices, porém, tendem a ser mais modestos.<br />

<strong>Como</strong> várias reportagens dessa edição mostram, as apostas no <strong>Brasil</strong> são grandes. A<br />

própria Itália aposta muitas fichas no país. Uma recente rodada de negócio, que trouxe<br />

empresários italianos para cá deixou isso claro.<br />

Mais do que nunca, uma grande integração entre os dois países se mostra importante.<br />

Coincidência ou não, a tão esperada visita oficial do presidente brasileiro à Itália será<br />

feita exatamente neste momento. Nesta edição, mostramos algumas cartas que devem<br />

ser colocadas na mesa pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em jogo, uma maior<br />

participação do <strong>Brasil</strong> no G8, grupo formado pelos países mais<br />

ricos do planeta. A Itália preside o G8 em 2009.<br />

Ainda em termos de integração entre os dois países, um<br />

destaque desta edição é nosso suplemento especial, o Via<br />

Expressa. Nele damos todos os detalhes a respeito da missão<br />

empresarial e cultural chefiada pelo governador de Minas<br />

Gerais, Aécio Neves, ao Piemonte.<br />

Há, também, outros tipos de integração que mostramos.<br />

Uma de nossas reportagens apresenta o jogador brasileiro que<br />

integra a seleção <strong>italiana</strong> de futebol. Em outra, mostramos como<br />

a máfia <strong>italiana</strong> vai inspirar uma nova novela a ser produzida<br />

pela televisão brasileira. Mostramos ainda os artistas italianos<br />

que fazem parte da 28ª Bienal de São Paulo e herdeiros de<br />

ícones do cinema da Itália que escolheram o Rio de Janeiro<br />

como cenário para um filme. São eles o ator Christian De Sica,<br />

filho do diretor Vitorio De Sica e Luigi De Laurentiis, neto e<br />

homônimo do grande produtor italiano que segue a mesma profissão do avô.<br />

Um dos destaques da edição é a entrevista com Giorgetto Giugiaro. Aos 70 anos, o<br />

italiano foi eleito Designer Automotivo do Século.<br />

A revista também conta a história de Roberto Saviano. De autor desconhecido, ele<br />

se tornou o inimigo número 1 da máfia <strong>italiana</strong> por conta do seu livro, Gomorra. A obra<br />

se tornou um best-seller e virou filme candidato ao Oscar. Saviano, porém, continua<br />

jurado de morte.<br />

A destacar, uma despedida. Está prestes a voltar para a Itália, o cônsul geral da Itália<br />

no Rio de Janeiro, Massimo Bellelli. Apaixonado pela cidade, foi um grande parceiro de<br />

todas as iniciativas que tivessem como objetivo promover a sua circunscrição (RJ, ES e<br />

BA) e a Itália. Desde a sua chegada, demonstrou habilidade diplomática, perspicácia,<br />

tenacidade e coragem numa missão que rendeu aos ítalo-brasileiros uma série de vitórias.<br />

Fará falta e deixará saudades.<br />

Boa leitura.<br />

Pietro Petraglia<br />

Editor<br />

editorial<br />

Entretenimento com cultura e informação<br />

Autênticos<br />

Foi arquivado o inquérito sobre a autenticidade dos Brunello<br />

di Montalcino. Com isso, foram liberadas as garrafas da safra<br />

2003 das adegas Antinori, Frescobaldi e Castello Banfi. A<br />

investigação, que durou oito meses, foi solicitada pelo Governo<br />

americano com a ameaça de bloquear as importações. Há, porém,<br />

uma ressalva. O Procurador suspeita que não era respeitada<br />

a regra estabelecida para o produto, que obriga os produtores a<br />

utilizar somente uvas 100% sangiovese. Cúmplices na safra passada,<br />

como foi aquela de 2003, os produtores foram acusados de<br />

ter usado partes de outras variedade de uvas na produção dos<br />

sagrados Brunellos.<br />

Com fome<br />

Quatro chefes da Camorra,<br />

detidos em uma prisão na<br />

Sicília, tentaram subornar um<br />

agente penitenciário para que<br />

ele lhes trouxesse lagosta, caviar,<br />

mozzarella de búfala, champanhe<br />

e outras iguarias para as<br />

suas celas. Os mafiosos haviam<br />

prometido ao guarda uma compensação<br />

financeira e 1,5 mil euros<br />

por mês. O plano deu errado,<br />

pois o agente, ao invés de colaborar<br />

com os criminosos, delatou<br />

o suborno à Justiça.<br />

Ajudinha extra<br />

O<br />

governo italiano está<br />

considerando conceder<br />

incentivos fiscais para a<br />

aquisição de automóveis e<br />

aparelhos domésticos. A informação<br />

é do ministro da<br />

Indústria, Claudio Scajola.<br />

Segundo ele, o governo de<br />

centro-direita está avaliando<br />

a ação “para dar nova força<br />

ao mercado de veículos, paralisado<br />

por toda a Europa, e<br />

também o mercado de utensílios<br />

domésticos”.<br />

Rapidinhas<br />

● Um almoço reuniu no restaurante<br />

O Sarracino, em Minas Gerais,<br />

os presidentes da Câmara Ítalobrasileira,<br />

Giacomo Regaldo, da<br />

<strong>Brasil</strong>-Alemanha, Hans Kampik<br />

da Câmara Portuguesa, Fernando<br />

Meira e o vice-presidente da Câmara<br />

França-<strong>Brasil</strong>, Vincent Reignier.<br />

A conversa era sobre projetos<br />

em comum para o próximo ano.<br />

Sexta-feira, não<br />

A<br />

Por 500 metros e 20 segundos, o sonho do <strong>Brasil</strong> em voltar a<br />

ter um campeão mundial de Fórmula 1 teve de ser adiado.<br />

Aclamado como novo ídolo do esporte no país, o piloto da escuderia<br />

<strong>italiana</strong> Ferrari, Felipe Massa, cumpriu sua missão e venceu<br />

o Grande Prêmio do <strong>Brasil</strong>, em Interlagos. Mas, por um ponto, o<br />

troféu de melhor do mundo foi para o inglês Lewis Hamilton, da<br />

McLaren. No campeonato mais disputado dos últimos anos, no entanto,<br />

o ítalo-brasileiro provou que sabe dosar técnica, emoção e<br />

audácia. Ano que vem promete!<br />

Suprema Corte da Itália proibiu que um casal de italianos batizasse<br />

o seu filho com o nome de Venerdì, ‘sexta-feira’ em italiano.<br />

A decisão se baseia em uma lei <strong>italiana</strong> que proíbe os pais de dar<br />

nomes considerados “ridículos ou constrangedores” aos filhos. Além<br />

disso, os juízes acreditam que o nome remete ao personagem do romance<br />

clássico Robinson Crusoe, de Daniel Defoe, caracterizado por<br />

“sua subserviência e inferioridade”. Eles obrigaram os pais a rebatizar<br />

a criança de Gregório, nome do santo homenageado no aniversário da<br />

criança. Inconformados, os pais disseram que continuarão a chamar<br />

a criança de Venerdì. Mais, se tiverem um próximo filho vão chamá-lo<br />

de Mercoledì, ou seja, ‘quarta-feira’.<br />

Divulgação<br />

● José Viegas Filho é o novo<br />

embaixador do <strong>Brasil</strong> na Itália.<br />

Assume no lugar de Adhemar<br />

Gabriel Bahadian. Viegas Filho<br />

já ocupou o mesmo cargo na Dinamarca,<br />

no Peru, na Rússia e<br />

na Espanha.<br />

● Nova Friburgo agora tem<br />

um vice-consulado Honorário<br />

da Itália. Fica na Praça das Colônias<br />

e a inauguração contou<br />

com a presença do cônsul no<br />

Rio Massimo Bellelli.<br />

● Morreu: Aos 84 anos, o milanês<br />

Ítalo Bianchi radicado no<br />

<strong>Brasil</strong> e cuja história se confunde<br />

com a maturidade da publicidade<br />

nacional. Na Companhia<br />

Cinematográfica Vera Cruz,<br />

Bianchi atuou como cenógrafo<br />

Mulherio<br />

A<br />

Expo 2015 em Milão será<br />

a primeira, na história<br />

das exposições mundiais,<br />

a ter um pavilhão totalmente<br />

dedicado às mulheres.<br />

Isso foi acertado pela prefeita<br />

da cidade, Letizia Moratti,<br />

a diretora para a África<br />

e o Oriente Médio do Banco<br />

Mundial (Bird), Ngozi Okonjo-Iweala<br />

e, a vice-presidente<br />

do Senado Italiano, Emma<br />

Bonino. Elas se comprometeram<br />

a viabilizar projetos de<br />

cooperação internacional articulados<br />

sobre temas de nutrição<br />

e das mulheres.<br />

Futebol de base<br />

A<br />

Roma terá no <strong>Brasil</strong> uma clínica<br />

de futebol. Será voltada<br />

para crianças entre 8 e 14 anos.<br />

Entre os dias 14 e 20 de dezembro,<br />

em Barra do Piraí (RJ), 60<br />

crianças terão treinamento focado<br />

na rotina de um jogador. Os melhores<br />

podem vir a ser aproveitados<br />

nas categorias de base do clube.<br />

O preço, porém, é salgado: 1,6<br />

mil reais por criança.<br />

e diretor de arte até 1954. No<br />

jornal O Estado de S.Paulo, foi<br />

diretor de arte e, inspirado por<br />

Umberto Eco, montou um estúdio<br />

de comunicação visual e<br />

criação publicitária em Recife.<br />

Foi nesta cidade que expôs suas<br />

obras na Galeria Ranulpho<br />

e veio a falecer. Bianchi deixa<br />

mulher e cinco filhos.<br />

8 C o m u n i t à I t a l i a n a / No v e m b r o 2008<br />

N o v e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 9


opinião<br />

serviço<br />

frases<br />

enquete<br />

Berlusconi quer ser presidente<br />

após 2013. Você acha uma boa<br />

opção para a Itália<br />

Não – 62,5%<br />

“Non sono sorpreso della crisi finanziaria<br />

mondiale, visto che episodi come questo sono<br />

stati presenti lungo tutta la storia umana. Però,<br />

nel Medioevo, gli usurai e i finanzieri che si<br />

comportavano male erano messi in galera”,<br />

Dario Fo, scrittore e drammaturgo italiano.<br />

“È chiaro che la sua principale qualità non è<br />

la sua bellezza, ma quello che è, quello che<br />

dice, quello che pensa. Amo la sua maniera<br />

di essere madre. Pochi modelli di coppia<br />

funzionano e noi cerchiamo di fare qualcosa.<br />

Non è un obbligo vederci tutti i giorni, ma<br />

quando stiamo insieme, ci stiamo veramente”,<br />

Vincent Cassell, attore francese,<br />

parlando dell’attrice Monica<br />

Bellucci, con chi è sposato dal 1999.<br />

“Sono la donna più<br />

cornuta d’Italia”,<br />

Ilary Blasi, moglie<br />

del calciatore italiano<br />

Totti, parlando<br />

dei supposti affair<br />

dell’idolo della Roma.<br />

“Forse dopo un allenamento lo<br />

lascerò guidare la mia Yamaha<br />

per farsi qualche giro”,<br />

Valentino Rossi, motociclista<br />

italiano, dopo aver<br />

ricevuto elogi dall’attore<br />

nordamericano Brad Pitt.<br />

Polícia <strong>italiana</strong> patrulhará com<br />

carros apreendidos da máfia. É<br />

uma atitude correta<br />

Sim – 82,4%<br />

“Sono andato via da Rio per<br />

essere derubato in Italia”,<br />

Adriano, calciatore brasiliano<br />

dell’Inter di Milano parlando<br />

della rapina nella<br />

sua casa, in Italia.<br />

Governo italiano quer criar turmas<br />

exlusivas para crianças imigrantes nas<br />

escolas. Você concorda<br />

Não – 71,4%<br />

agenda<br />

Michelangelo em SP<br />

Até dia 30 de novembro, uma<br />

exposição composta por 25 peças<br />

provenientes da Gipsoteca<br />

dell’Istituto Statale d’Arte de<br />

Florença está em cartaz no Mube.<br />

Estátuas, bustos e relevos<br />

em gesso, que retratam tanto a<br />

escultura clássica quanto a produção<br />

de Michelangelo, ilustram<br />

o percurso da escultura antes e<br />

depois do grande artista. Dois<br />

desenhos originais provenientes<br />

da Casa Buonarroti de Florença e<br />

painéis cenográficos de Aurelio<br />

Amendola devolvem ao visitante<br />

o esplendor dos estudos dos nus<br />

desenhados pelo grande mestre<br />

na estante<br />

florentino. De segunda a domingo,<br />

das 10h às 19h. Local: Museu<br />

<strong>Brasil</strong>eiro da Escultura (MuBE),<br />

Rua Alemanha 221, Jardim Europa.<br />

Informações: (11) 2594-2601<br />

/ 3081-8611 e www.mca.org.br<br />

Co r a l em SC<br />

Festival promovido pela Associação<br />

Coral de Criciúma e pela<br />

Fundação Cultural de Criciúma,<br />

com o apoio do Comitato<br />

delle Associazioni Venete<br />

per lo Stato di Santa Catarina<br />

(Comvesc), terá a participação<br />

de dois corais italianos: o Coro<br />

Stelutis di Bologna e o Coro<br />

Monte Pasubio di Rovigo. Além<br />

O efeito Médici. Repleta de histórias sobre interseções<br />

entre campos como ciência, negócios, arte e política, a<br />

obra de Frans Johansson aborda a importância de romper<br />

barreiras associativas e avaliar problemas sob novas<br />

perspectivas. O livro toma a notável evolução artística<br />

e cultural proporcionada pela família de banqueiros<br />

Medici no Renascimento italiano para explicar os encontros<br />

inovadores que regem o mundo. Os “objetos”<br />

de análise do autor são uma equipe de pesquisadores,<br />

um chefe de cozinha e um engenheiro. Em comum, eles<br />

têm a natureza criativa de suas idéias e o modo como a<br />

tornaram possíveis. BestSeller, 25 reais, 280 páginas.<br />

de usar o palco do Teatro Elias<br />

Angeloni, as apresentações ocuparão<br />

as ruas, praças e empresas<br />

de Criciúma, a fim de levar<br />

o canto coral a todas as classes<br />

sociais da região. De 26 a 29 de<br />

novembro. A entrada é franca.<br />

Informações: (48) 3437- 4928<br />

ou (48) 3430-0682.<br />

Santa Teresa – viagem no tempo 1873/2008. Para<br />

quem curte uma bela história de família, o livro da<br />

pesquisadora Sandra Gasparini é um prato feito. A publicação<br />

também vai agradar a todos que simplesmente<br />

desejam saber sobre o contexto econômico, político<br />

e social de uma geração, neste caso, a dos italianos<br />

que começaram a habitar a cidade capixaba no final do<br />

século 19. A partir de imagens e símbolos da preservação<br />

da identidade <strong>italiana</strong> na região, Sandra fala sobre<br />

construções, moda, decoração e culinária, o que permite<br />

uma bela viagem ao passado. 280 páginas. Informações:<br />

(27) 3223-5934 / contato@ihges.com.br<br />

Cu r s o pa r a estrangeiros<br />

Professores e outros profissionais<br />

interessados em ministrar<br />

aulas ou palestras em italiano<br />

para adultos de diferentes nacionalidades<br />

terão a oportunidade<br />

de aprender a língua em<br />

Siena. A Universidade para Estrangeiros<br />

de Siena oferece<br />

o curso “Conteúdo, Método e<br />

Abordagem do ensino de italiano<br />

para adultos estrangeiros”.<br />

As inscrições podem ser feitas<br />

até 15/12. O curso tem duração<br />

de 12 meses. Para mais informações<br />

acesse: www.unistrasi.<br />

it ou pelo telefone: (39) 0511-<br />

240115.<br />

click do leitor<br />

m outubro do ano passado, viajei<br />

“Epela Europa. Conheci a Grécia, a<br />

França, a Holanda, a Inglaterra e, claro,<br />

a Itália. Visitei os principais pontos turísticos<br />

do país. Fui a Roma, Veneza e<br />

não poderia deixar de registrar esta foto<br />

no Lago di <strong>Como</strong>, na Lombardia. Um ano<br />

já se passou e não vejo a hora de poder<br />

fazer esta viagem de novo.”<br />

Clarissa Sena,<br />

Niterói, Rio de Janeiro, por e-mail<br />

Mande sua foto comentada para esta coluna<br />

pelo e-mail: redacao@comunita<strong>italiana</strong>.com.br<br />

Arquivo pessoal<br />

Sim – 37,5%<br />

Enquete apresentada no site www.comunita<strong>italiana</strong>.com<br />

entre os dias 14 a 17 de outubro.<br />

Não – 17,6%<br />

Enquete apresentada no site www.comunita<strong>italiana</strong>.com<br />

entre os dias 17 a 21 de outubro.<br />

ERRATA: Na reportagem “O fiel da balança” publicada na edição 124, a identificação correta da foto à direita é Maria D’Assunção Costa,<br />

diretora presidente do Instituto <strong>Brasil</strong>eiro de Estudos do Direito da Energia (IBDE) e não Ruth Lunardelli<br />

Sim – 28,6%<br />

Enquete apresentada no site www.comunita<strong>italiana</strong>.com<br />

entre os dias 24 a 29 de outubro.<br />

cartas<br />

enho, por meio deste e-mail, manifestar o meu desconten-<br />

a respeito dos consulados italianos deste país. Sou<br />

“Vtamento<br />

brasileiro e filho legítimo de italiano. Dei entrada no requerimento há<br />

mais de cinco anos e até agora nada. Enviei um e-mail para o governo<br />

italiano para eles tomarem providências cabíveis sobre este assunto”.<br />

Marcos Antônio Tadeu Ruggiero – Santos – SP – por e-mail<br />

ue bom constatar que um dos grandes ícones do cinema italia-<br />

Paolo Taviani, continua ativo além de demonstrar simplici-<br />

“Qno,<br />

dade mesmo sendo genial. Apesar do atual renascimento italiano, não<br />

creio que surjam outros diretores tão bons quanto aos que fizeram a verdadeira<br />

escola do cinema italiano do qual Taviani é um dos mestres”.<br />

Felipe M. de Albuquerque – Belo Horizonte – MG – por e-mail<br />

10 C o m u n i t à I t a l i a n a / No v e m b r o 2008<br />

N o v e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 11


Opinione<br />

Franco Urani<br />

Opinione<br />

Ezio Maranesi<br />

eziomaranesi@terra.com.br<br />

La straordinaria<br />

vicenda africana del<br />

finanziere francese<br />

Vincent Bolloré<br />

Nonostante il generale afropessimismo, investe da 20 anni in<br />

infrastrutture per aprire al mondo i commerci del continente nero<br />

All’Africa che cresce, si sviluppa,<br />

entra nel processo<br />

di globalizzazione specie<br />

come importante fornitrice<br />

di materie prime, Vincent Bolloré<br />

– parigino, 55 anni, da tempo<br />

grande amico del Presidente<br />

francese Sarkozy – vi crede da 20<br />

anni, investendovi sistematicamente<br />

una buona parte dei cospicui<br />

capitali della sua impresa<br />

(tra l’altro, Bolloré è associato al<br />

carrozziere torinese Pininfarina<br />

per la realizzazione di una vettura<br />

elettrica d’avanguardia, con<br />

autonomia di 200 Km.)<br />

La sua concezione è di non<br />

coinvolgersi politicamente con<br />

i perlopiù corrotti regimi locali,<br />

di tenersi lontano dai ricorrenti e<br />

spesso interminabili conflitti, di<br />

non dedicarsi direttamente ad attività<br />

minerarie, puntando invece<br />

ad investire strategicamente nel<br />

ripristino e potenziamento delle<br />

infrastrutture dell’antica Africa<br />

francese e, più recentemente, anche<br />

di quella inglese e portoghese<br />

in porti, depositi, docks, ferrovie,<br />

logistica, servizi di supporto<br />

all’estrazione mineraria, cioè<br />

nelle infrastrutture indispensabili<br />

perché le materie prime locali<br />

possano diventare ricchezza.<br />

Si tratta di una nuova geografia<br />

economica che sta cambiando<br />

il continente, riassumibile in 6<br />

porti controllati e 3 in preparazione,<br />

3 ferrovie in concessione<br />

ed una (la Gibuti – Addis Abeba)<br />

in trattativa, presenza in 42 paesi<br />

con 5 milioni di m² di installazioni<br />

e 17.000 dipendenti, un<br />

volume di affari che nel 2007 è<br />

stato di 1,6 miliardi di euro.<br />

Inoltre, al post-colonialismo<br />

africano, di cui Bolloré è stato<br />

pioniere, collaborano sempre più<br />

attivamente i cinesi affamati di<br />

materie prime, in grado di operare<br />

cospicui investimenti con<br />

gli ingenti saldi esportativi e<br />

che condizionano le loro attività<br />

al trasferimento di personale<br />

dirigente proprio che possa agire<br />

in termini manageriali autonomi.<br />

In altre parole: i governi inefficienti<br />

e corrotti guadagnano con<br />

le imposte, con l’occupazione di<br />

crescenti masse proletarie, con la<br />

garanzia che i prezzi d’esportazione<br />

saranno quelli internazionali;<br />

un passo quindi fondamentale<br />

rispetto all’antico colonialismo<br />

basato sulla sola esportazione<br />

delle materie prime a prezzi<br />

irrisori ed allo sfruttamento delle<br />

masse proletarie locali.<br />

Parallelamente, prospettive favorevoli<br />

si aprono per i paesi produttori<br />

di petrolio, specie la Nigeria<br />

e il nord Africa, e per quelli in<br />

cui vi siano le condizioni per coltivazioni<br />

energetiche, specie l’Angola,<br />

i cui prezzi sono in crescita<br />

nonostante le grandi oscillazioni<br />

di questo periodo di incertezze.<br />

Ero stato in Etiopia circa 5<br />

anni fa rilevandovi una miseria<br />

senza speranze. Ma anche lì le<br />

cose stanno cambiando, sia pure<br />

in modo distorto. La capitale<br />

Addis Abeba è diventata sede di<br />

grandi speculazioni immobiliari<br />

come le metropoli del Sudamerica,<br />

per motivi non facilmente<br />

comprensibili, forse ricercabili<br />

nel mondo che si globalizza, che<br />

si muove, che scommette sullo<br />

sviluppo di nuove aree del nostro<br />

conturbato pianeta.<br />

Speriamo che, di pari passo,<br />

si verifichi in Africa la stabilizzazione<br />

della popolazione esplosa<br />

negli ultimi decenni, un periodo<br />

di pace duraturo, una certa moralizzazione<br />

politica.<br />

Immigrazione<br />

illegale<br />

Le leggi italiane sono così inique<br />

Nel luglio scorso l’Unione<br />

Europea ha emesso una<br />

legge che regola l’immigrazione<br />

nei paesi della<br />

Comunità. I 27 paesi membri<br />

dovranno adattare la loro legislazione<br />

a questa norma entro il<br />

2010. La legge prevede l’espulsione<br />

dell’immigrante clandestino;<br />

potrà essere concessa la residenza<br />

per motivi umanitari. La<br />

nuova norma ha molti elementi<br />

in comune con l’attuale legislazione<br />

<strong>italiana</strong> in materia, retta<br />

dalla legge “Bossi-Fini” e dal recente<br />

decreto sulla sicurezza.<br />

La legge ha suscitato reazioni<br />

in vari paesi. In Sudamerica,<br />

il presidente Lula ha parlato di<br />

xenofobia e di paura di perdere<br />

il posto di lavoro, il presidente<br />

Chavez ha parlato di umiliazioni<br />

ed ha minacciato rappresaglie<br />

nei confronti dei paesi europei.<br />

Il problema però è ben più complesso:<br />

da un lato l’Europa ha<br />

bisogno della forza-lavoro degli<br />

immigrati; per contro, deve affrontare<br />

i problemi di sicurezza,<br />

di integrazione e di necessità di<br />

infrastrutture creati dalla massiccia<br />

immigrazione di milioni<br />

di esseri umani culturalmente<br />

così diversi e, quasi sempre,<br />

privi di qualsiasi qualificazione<br />

professionale. Il fenomeno immigratorio<br />

va quindi regolamentato.<br />

Non si può realisticamente<br />

pensare che l’Italia spalanchi le<br />

porte a chiunque decida di vivere<br />

nel Bel Paese.<br />

Il <strong>Brasil</strong>e, paese di cui noi<br />

emigrati siamo ospiti, ha la sua<br />

legge: la n. 6815 del 1980, regolamentata<br />

dal decreto 86715<br />

del 1981. È una legge equilibrata,<br />

rigida nel modo giusto e<br />

sancisce, come la norma <strong>italiana</strong>,<br />

che l’immigrato clandestino<br />

sia deportato o espulso (artt.<br />

56 e 124 comma I). Egli non<br />

può svolgere attività remunerate<br />

(art. 97) e la legge prevede<br />

pene a per chi gli dà lavoro<br />

(art. 124 comma VII). Prevede<br />

anche la rilevazione delle impronte<br />

digitali degli immigrati<br />

che ottengono la residenza<br />

(art. 58 del regolamento) così<br />

come di tutti i cittadini brasiliani,<br />

nonché la possibilità<br />

di vietare l’ingresso al paese a<br />

stranieri affetti da determinate<br />

malattie o che non dimostri<br />

di avere i mezzi di sussistenza<br />

per restare nel paese (art. 51<br />

e 21 del regolamento). Lo straniero<br />

inoltre non può esercitare<br />

attività di natura politica (art.<br />

106). Non mi sembra che questa<br />

legge sia particolarmente<br />

severa; essa è inoltre legge del<br />

paese che ci ospita e non spetta<br />

a noi criticarla. Dobbiamo<br />

solo osservarla.<br />

Magari fosse così in Italia.<br />

Le leggi esistono, e non sono<br />

molto dissimili dalla norma brasiliana,<br />

ma la magistratura e il<br />

buonismo di sinistra non permettono<br />

siano applicate. Vedasi<br />

per esempio: entrambi i sistemi<br />

prevedono la deportazione<br />

dell’immigrato illegale. Entrambi<br />

i paesi sono però molto tolleranti<br />

su questo punto. In Italia<br />

vi sono 3 milioni di immigrati,<br />

in buona parte illegali. Oltre<br />

700.000 illegali lavorano; gli<br />

altri vivono di espedienti, leciti<br />

o illeciti. Se gli immigrati rappresentano<br />

il 5% della popolazione,<br />

nelle carceri 40 reclusi su<br />

100 sono immigrati. È un fenomeno<br />

intollerabile ma comprensibile:<br />

l’immigrato senza lavoro<br />

e senza alcuna professionalità<br />

può essere tentato per sopravvivere<br />

a praticare il crimine. Lo<br />

spaccio della droga è praticamente<br />

in mano agli immigrati.<br />

Roventi critiche della sinistra<br />

hanno accolto la norma che<br />

prevede la rilevazione delle impronte<br />

ai “rom”: nessuno di noi<br />

si è mai sognato di sentirsi umiliato<br />

quando la Polizia Federale<br />

brasiliana ha rilevato le nostre.<br />

In <strong>Brasil</strong>e, 100 anni fa, sono<br />

sbarcati milioni di immigranti,<br />

provenienti da molti paesi europei.<br />

Il <strong>Brasil</strong>e stesso incentivava<br />

questo esodo: c’era bisogno di<br />

braccia. Quegli immigrati hanno<br />

contribuito a fare il <strong>Brasil</strong>e<br />

di oggi. In Italia sbarcano migliaia<br />

di immmigrati; in agosto<br />

oltre 15.000. Provengono da<br />

paesi poverissimi, in particolare<br />

africani, su barche rattoppate.<br />

Spesso la Marina <strong>italiana</strong> li<br />

salva dal naufragio e li porta a<br />

riva, come è giusto che sia. Questi<br />

poveretti, immigranti illegali,<br />

non tolgono il posto di lavoro<br />

a nessuno. Secondo la legge<br />

dovrebbero essere espulsi, ma in<br />

realtà non si riesce a farlo e restano<br />

nel paese, dando origine a<br />

infiniti problemi. Noi immigrati<br />

in <strong>Brasil</strong>e abbiamo sempre accettato<br />

le regole di convivenza<br />

di questo paese. Gli italiani<br />

vorrebbero che gli immigrati in<br />

Italia accettassero le regole di<br />

convivenza della nostra terra e<br />

non imponessero la loro, come<br />

troppo spesso avviene.<br />

12<br />

C o m u n i t à I t a l i a n a / No v e m b r o 2008


Opinione<br />

Fabio Porta<br />

fabioporta@fabioporta.com<br />

Diplomatico, ma<br />

non troppo…<br />

Massimo Bellelli, Console Generale d’Italia a Rio de Janeiro, lascia il <strong>Brasil</strong>e dopo quattro anni di<br />

importanti realizzazioni. La ‘saudade’ della comunità <strong>italiana</strong> e brasiliana per un console… “differente”<br />

Ambasciatori e Consoli non<br />

godono normalmente di<br />

una buona fama; il loro<br />

mestiere è solitamente<br />

associato a benefici e privilegi, e<br />

molto raramente al loro complesso<br />

compito istituzionale.<br />

Questo vale per i diplomatici<br />

di tutti i Paesi; nel corso di questi<br />

anni ne ho conosciuti molti,<br />

potendone apprezzare in alcuni<br />

casi le doti umane e la competenza,<br />

anche se a volte mi sono<br />

trovato a contestarne la superficialità<br />

o l’eccessivo distacco dalla<br />

comunità.<br />

Qualche mio collega pensa<br />

che compito dei parlamentari<br />

eletti all’estero sia quello di<br />

nominare o dimettere Consoli<br />

o Ambasciatori, confondendo il<br />

potere esecutivo (del governo)<br />

con quello legislativo (del Parlamento).<br />

Credo di avere ben chiaro il<br />

mio ruolo, che in questo caso<br />

non è molto diverso da quello<br />

dei cittadini che mi hanno eletto<br />

e che rappresento in Parlamento:<br />

cittadini italiani, quelli<br />

residenti in Italia e quelli che<br />

vivono all’estero; cittadini che<br />

hanno il dovere di rispettare le<br />

leggi dello Stato italiano, ma<br />

che hanno il diritto di poter<br />

usufruire di servizi efficienti ed<br />

adeguati.<br />

È per questo che i diplomatici,<br />

per chi vive all’estero,<br />

sono così importanti. Sono loro<br />

i responsabili diretti di tali<br />

servizi, e in questo senso ci<br />

permettiamo di criticarne – in<br />

positivo o in negativo – il loro<br />

operato e quello delle strutture<br />

che gestiscono.<br />

L’ultima volta che - sulle colonne<br />

di un giornale – mi sono<br />

rivolto ad un diplomatico, l’ho<br />

fatto per denunciare la gravità<br />

di certe sue affermazioni relative<br />

alla nostra comunità e per invitarlo<br />

ad essere più attento all’integrazione<br />

dei servizi consolari<br />

con il sistema costituito da Associazioni,<br />

Comites e Patronati.<br />

Adesso vorrei fare il contrario,<br />

utilizzando le poche, ma autorevoli,<br />

righe di una rivista per<br />

rendere il giusto e dovuto omaggio<br />

ad un diplomatico che, purtroppo<br />

e (speriamo) temporaneamente,<br />

ci lascia per assumere<br />

altri importanti incarichi.<br />

Sto parlando del Console<br />

Generale d’Italia a Rio de Janeiro,<br />

Massimo Bellelli, che dopo i<br />

canonici quattro anni di incarico<br />

lascerà il <strong>Brasil</strong>e per rientrare<br />

in Italia.<br />

Ho conosciuto Massimo Bellelli<br />

qualche anno fa, poco tempo<br />

dopo il suo insediamento nella<br />

bella e centrale sede consolare<br />

della “cidade maravilhosa”.<br />

Fui subito sorpreso dal suo<br />

piglio deciso e dal suo discorso<br />

per nulla “diplomatico”; ossia,<br />

dai suoi pochi giri di parole per<br />

trattare un argomento e soprattutto<br />

dalla sua capacità di vedere<br />

e interpretare le cose ‘dal lato<br />

della comunità <strong>italiana</strong> e italobrasiliana’.<br />

Direi di più: ciò che<br />

mi colpì fu il suo sano pragmatismo,<br />

così poco comune tra i suoi<br />

colleghi diplomatici, spesso più<br />

inclini a individuare gli impedimenti<br />

che le soluzioni di fronte<br />

agli innumerevoli problemi cui si<br />

trova quotidianamente di fronte<br />

la nostra grande collettività.<br />

Roberth Trindade<br />

A conclusione del nostro primo<br />

incontro che, come sempre<br />

(lo avrei scoperto dopo) si prorogava<br />

ben oltre i 15-20 minuti<br />

delle normali visite protocollari,<br />

il Console d’Italia a Rio mi<br />

invitava a conoscere da vicino<br />

il Consolato, accompagnandomi<br />

in tutte le stanze e in tutti gli<br />

uffici dove si svolgeva il lavoro<br />

consolare e dove veniva ricevuto<br />

il pubblico. Era visibile la soddisfazione<br />

del Console nel mostrarmi<br />

la sala d’attesa, dove i nostri<br />

concittadini potevano assistere<br />

alla televisione <strong>italiana</strong> sorseggiando<br />

un buon caffè e leggendo<br />

una rivista (entrambi, ovviamente,<br />

italianissimi!).<br />

Il Bellelli del mio primo incontro<br />

si è così rivelato il Console<br />

di tutti gli italiani: delle<br />

persone semplici che chiedevano<br />

al Consolato un piano di<br />

assistenza socio-sanitaria adeguato<br />

ai loro bisogni, spesso<br />

drammatici; ma anche degli<br />

imprenditori italiani e brasiliani,<br />

che si rivolgevano al Consolato<br />

per rafforzare l’internazionalizzazione<br />

delle loro imprese.<br />

Il Console amico del Comites e<br />

della grande collettività <strong>italiana</strong><br />

degli Stati di Rio de Janeiro,<br />

Espìrito Santo e Bahia; ma<br />

anche il riferimento attento e<br />

disponibile delle autorità brasiliane,<br />

che hanno sempre trovato<br />

in lui un interlocutore serio<br />

e sensibile.<br />

Alcune realizzazioni del Console<br />

Massimo Bellelli sono più<br />

eloquenti di tanti discorsi di circostanza:<br />

mi riferisco alla completa<br />

e utilissima “Guida Consolare”<br />

ideata dallo stesso Bellelli e<br />

divenuta uno strumento essenziale<br />

per chiunque voglia conoscere<br />

da vicino e in maniera semplice e<br />

diretta la realtà brasiliana e l’articolata<br />

rete di servizi esistente a<br />

favore dellà comunità <strong>italiana</strong>.<br />

Ma penso anche alla ormai<br />

tradizionale “Festa Italiana” che,<br />

in occasione del 2 giugno, anima<br />

per tre giorni le strade adiacenti<br />

al Consolato ‘popolarizzando’ la<br />

commemorazione della “Festa della<br />

Repubblica Italiana”, avvicinando<br />

le istituzioni alla comunità del<br />

nostro Paese che qui risiede, ma<br />

anche alla popolazione locale.<br />

Due iniziative che forse meglio<br />

di altre esprimono la grande<br />

intuizione e sensibilità di<br />

questo bravissimo diplomatico:<br />

aver capito che gli italiani e gli<br />

italo-brasiliani costituiscono<br />

davvero, e non in forma retorica,<br />

una risorsa per il nostro Paese,<br />

e lavorare quindi in maniera<br />

conseguente.<br />

Arrivederci, Console Massimo,<br />

anzi: Até logo!<br />

Crisi<br />

La Vale ha annunciato, in ottobre, che vuole investire 14,2<br />

miliardi di dollari nelle sue operazioni nel 2009. Ciò significa<br />

un aumento del 30% in confronto a quanto è stato investito<br />

quest’anno. L’industria metallifera ha fatto sapere che la cifra<br />

coinvolge 30 progetti in perlomeno sette paesi. Il <strong>Brasil</strong>e riceverà<br />

il 70% del totale degli investimenti. La meta dell’impresa è di<br />

produrre, in un periodo entro 5 e 7 anni, 500 milioni di tonnellate<br />

di minerale di ferro, 450mila tonnellate di nichel, 8,2 tonnellate<br />

di allumina.<br />

Elettricità<br />

La centrale di Itaipu va avanti, nel 2009, per battere il suo<br />

stesso record di produzione annuale di energia. Deve superare<br />

la quota di 95 milioni di MWh. Fino ad allora, la sua migliore<br />

quota era stata registrata nel 2000, quando ha prodotto 93,4<br />

milioni di MWh.<br />

Pulizia<br />

Una “barca ecologica” sarà usata dal governo dello stato di<br />

Rio de Janeiro per ripulire dai rifiuti la Baia da Guanabara.<br />

Il Limpia ha previsto l’inizio delle operazioni per questo mese.<br />

Sarà usato per fare la raccolta di residui solidi che si incastrano<br />

nelle eco-barriere installate<br />

alla foce dei fiumi.<br />

Circa 80 tonnellate<br />

di rifiuti vengono gettati<br />

tutti i giorni nella Baia.<br />

La barca è la prima in<br />

<strong>Brasil</strong>e mossa a gas naturale.<br />

Ha autonomia per<br />

due viaggi intorno alla<br />

Baia. L’imbarcazione può<br />

raccogliere fino a cinque<br />

tonnellate di rifiuti ogni viaggio. I residui solidi sono raccolti da<br />

un nastro caricatore frontale e mantenuti in due containers. Visto<br />

che la raccolta è automatica, gli operatori dei nastri non entrano<br />

in contatto con i rifiuti raccolti dai fiumi. Inoltre, il Lìmpia presenta<br />

una gru della capacità di mezza tonnellata e un cannone<br />

d’acqua ad alta pressione.<br />

Ancora sporco<br />

Dati divulgati dal ministero dell’Agricultura Pecuária e Abastecimento<br />

(Mapa) rendono noto che, tra il 2000 e il 2006,<br />

i settori che hanno maggiormente contribuito alla crescita delle<br />

esportazioni degli affari agricoli sono stati quello delle carni<br />

(23,2% dell’aumento assoluto delle vendite all’estero) e quello<br />

dello zucchero/alcol (22,7%). Però, secondo rilevamenti della<br />

Comissão Pastoral da Terra (CPT), il 56% dei casi registrati di<br />

lavoro schiavo in <strong>Brasil</strong>e, tra il 2003 e il 2006, si sono avuti<br />

negli allevamenti. Del totale dei lavoratori liberati dalla schiavitù<br />

contemporanea, durante lo stesso periodo, il 40% facevano<br />

attività legate all’allevamento bovino e il 10% è stato riscattato<br />

dalle piantagioni di canna da zucchero. La maggior<br />

parte dei casi si è avuta nella regione Centro-Ovest del paese.<br />

Dal 2003, il ministero del Trabalho e Emprego (MTE) attualizza<br />

ogni sei mesi un registro di infrattori chiamato lista sporca<br />

del lavoro schiavo.<br />

notizie / articolo<br />

La finestra<br />

Daniele Mengacci<br />

danielemengacci@pwz.com.br<br />

Op o r t u n i t à!<br />

Un ammirevole Mondo Nuovo<br />

sembra profilarsi all’orizzonte,<br />

dalle crisi nascono le opportunità<br />

e così potrebbe essere, se<br />

i governanti del Mondo Occidentale<br />

saranno attenti ai messaggi<br />

che la grande crisi sta mandando<br />

a loro e all’opinione pubblica.<br />

Il più forte, e già accettato, è<br />

quello della necessità di una riforma<br />

totale del sistema finanziario internazionale<br />

e delle sue regole, che<br />

ponga al riparo l’economia reale<br />

dagli eccessi di voracità degli speculatori<br />

e dalla troppa disinvoltura<br />

con cui le banche trattano i depositi<br />

dei clienti. Giustamente, George<br />

Bush ha deciso di convocare un<br />

vertice internazionale per affrontare<br />

la questione dopo le elezioni, in<br />

modo che il nuovo presidente possa<br />

già, in attesa dell’investitura ufficiale,<br />

intendere la situazione, le sue<br />

tendenze e le proposte di soluzione,<br />

a cominciare da quella francese,<br />

anche se recentemente silurata dal<br />

governo tedesco.<br />

Una Orda d’Oro, composta da<br />

banchieri e finanzieri arabi che,<br />

nonostante la crisi che ha colpito<br />

anche loro, dispone di attivi per<br />

circa duemila miliardi di euro, si<br />

sta muovendo per conquistare terreno<br />

nell’economia reale europea.<br />

Lo strumento con cui operano<br />

si chiama Fondo Sovrano. Si tratta<br />

di strumenti finanziari creati<br />

dai propri governi o banche centrali<br />

arabe, e si muovono non solo<br />

a scopo di profitto ma anche con<br />

intento politico. La loro creazione<br />

ha un che di ironico: i fondi glieli<br />

abbiamo forniti noi<br />

comprando petrolio<br />

e manufatti,<br />

e adesso loro vogliono le<br />

nostre migliori aziende.<br />

Destinati all’acquisizione di<br />

partecipazioni nei migliori attivi<br />

europei, in Italia sono già<br />

presenti con il fondo libico Mubadala,<br />

che detiene il 4,2 % di<br />

Unicredit, vuole arrivare al 5%<br />

e rivendica una vice presidenza,<br />

assumibile dal Governatore della<br />

Banca Centrale libica, Farhat<br />

Omar Bengdara.<br />

Mubadala già possiede il 5%<br />

della Ferrari e il 35% della Piaggio<br />

aeronautica e vorrebbe Telecom,<br />

ma non c’è accordo sul prezzo.<br />

Se fosse in vendita comprerebbe<br />

l’ENI per 46 miliardi di euro, tanto<br />

vale sul mercato lo strategico<br />

ente petrolifero nazionale.<br />

Il Cav. Berlusconi, ben conscio<br />

della devastazione che un’azione<br />

totalmente libera di questi fondi<br />

potrebbe causare alla nostra economia,<br />

ha già dichiarato che la<br />

loro partecipazione nelle nostre<br />

aziende non potrà superare il 5%,<br />

e sono state smentite le voci per<br />

cui il fondo di Abu Dhabi stava<br />

negoziando una partecipazione<br />

nel nostro gioiello del settore degli<br />

armamenti, la Finmeccanica.<br />

La crisi ha anche dimostrato<br />

che, nonostante i teorici dell’economia<br />

e certi enunciati dei programmi<br />

di alcuni partiti politici<br />

annuncino il libero mercato, nella<br />

realtà pratica questo non esiste.<br />

Il capitalismo, quando genera<br />

per una sua propria perversione<br />

una crisi che non riesce a risolvere<br />

autonomamente, chiede aiuto allo<br />

Stato, che non può negarlo in ragione<br />

del noto ricatto: “ se io banca<br />

fallisco brucio i risparmi di centinaia<br />

di migliaia di clienti”. Così è<br />

successo con le vicende Parmalat,<br />

Argentina e precedentemente<br />

in <strong>Brasil</strong>e con il<br />

Proer, durante<br />

il primo governo<br />

di Fernando<br />

Henrique<br />

Cardoso.<br />

Divulgação<br />

14 C o m u n i t à I t a l i a n a / No v e m b r o 2008<br />

N o v e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 15


política<br />

política<br />

Sob nova<br />

direção<br />

Em outubro, brasileiros elegeram novos prefeitos e vereadores, em todo o<br />

país. Em Rondônia, a cidade de Cacoal terá um prefeito italiano<br />

Sílvia So u z a e Sô n i a Apolinário<br />

Eduardo Paes<br />

O<br />

governador fluminense<br />

Sérgio Cabral ampliou<br />

seus domínios políticos<br />

também para o município<br />

do Rio de Janeiro. Seu exsecretário<br />

de Turismo, Eduardo<br />

Paes (PMDB), é o novo prefeito<br />

dos cariocas, eleito no mês passado.<br />

Assim, ele passa a “controlar”<br />

dois orçamentos que somam<br />

47 bilhões de reais por ano. Com<br />

a vitória de Paes sobre Fernando<br />

Gabeira (PV), foi dado o primeiro<br />

passo de uma futura candidatura<br />

de Cabral à presidência da República,<br />

em 2010.<br />

A ex-governadora do estado,<br />

Rosinha Garotinho (PMDB), também<br />

voltou ao poder. Ela se elegeu<br />

prefeita de Campos, seu berço<br />

político. Além disso, a filha Clarissa<br />

conquistou uma vaga na Câmara<br />

Municipal do Rio de Janeiro.<br />

Em São Paulo, Gilberto Kassab<br />

(DEM) foi reeleito prefeito da<br />

maior cidade do país. Sua vice é<br />

a ítalo-brasileira Alda Marco Antonio.<br />

Ela é uma das fundadoras<br />

da seção brasileira da Unione Italiani<br />

nel Mondo, da qual é a atual<br />

vice-presidente.<br />

Em Minas Gerais, o governador<br />

Aécio Neves também conseguiu<br />

levar seu candidato Márcio<br />

Lacerda (PSB) à prefeitura de Belo<br />

Horizonte. Neves é outro nome<br />

cotado para disputar a presidência<br />

nas próximas eleições. Em<br />

Manaus (AM), o novo prefeito é<br />

Amazonino Mendes (PTB). Dário<br />

Berger (PMDB) foi reeleito em<br />

Florianópolis (SC) enquanto José<br />

Fogaça (PPS) terá mais quatro<br />

anos à frente da prefeitura de<br />

Porto Alegre. Vitória (ES) também<br />

reelegeu João Coser (PT).<br />

Itália<br />

A cidade de Cacoal, em Rondônia,<br />

tem um prefeito italiano de nascimento<br />

e brasileiro de coração.<br />

Em sua estréia no mundo político,<br />

o padre comboniano Francesco<br />

Vialetto foi eleito com 60,75%<br />

dos votos, o que representa a opção<br />

de 24.601 eleitores num total<br />

de 43.408 votos válidos. Assumirá<br />

o cargo no dia 1º de janeiro<br />

disposto a estender a todo o município<br />

um trabalho missionário<br />

que tem como principal vitrine os<br />

feitos para a construção do hospital<br />

no bairro Eldorado.<br />

Padre Franco, como é conhecido,<br />

foi apresentado aqui na Comunità<br />

na edição 123, que também<br />

trazia os ítalo-brasileiros<br />

Walter Mussolini, João Batista<br />

Bianchini, o “Italiano” e, Enelvo<br />

Felini. Eles concorriam nas cidades<br />

de Maria da Fé (MG), Bebdouro<br />

(SP) e Sidrolândia (Mato<br />

Grosso), mas não conseguiram<br />

se eleger.<br />

Da cadeia<br />

Na cidade do Rio de Janeiro, Carminha<br />

Jerominho, depois de passar<br />

40 dias num presídio de segurança<br />

máxima, teve uma comemoração<br />

dupla. A liberdade e a vitória<br />

nas urnas com mais de 22 mil<br />

votos. Ela havia sido presa na Operação<br />

Voto Limpo da Polícia Federal.<br />

A família da futura vereadora é<br />

acusada de comandar uma milícia<br />

que controla favelas e cooperativas<br />

de transporte na Zona Oeste<br />

da cidade. O pai, Jerominho, também<br />

é vereador e o tio, Natalino<br />

Guimarães, deputado estadual, e o<br />

irmão, ex-policial militar, continuam<br />

presos. Em todo o <strong>Brasil</strong>, dos<br />

Padre Franco<br />

75 vereadores que tinham algum<br />

problema com a Justiça, 37 foram<br />

eleitos ou reeleitos.<br />

Empate<br />

No município mineiro de Dom Cavati,<br />

a eleição terminou empatada.<br />

Segundo a legislação eleitoral, em<br />

casos assim, o candidato mais velho<br />

é declarado vencedor. Resultado:<br />

Jair Vieira (DEM) venceu Pedro<br />

Euzébio Sobrinho (PT). Eles tiveram<br />

1.919 votos cada. E segundo<br />

Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a<br />

diferença por um voto foi decisiva<br />

nas cidades de São Martinho (RS),<br />

Saldanha Marinho (RS), Jussara<br />

(PR), Nazaré (TO) e Arantina (MG).<br />

Questão de nome<br />

Vários candidatos se apresentaram<br />

com nome de jogadores de<br />

futebol. Assim, assumem, em<br />

vários pontos do país, 19 Pelés,<br />

dois Garrinchas, um Taffarel<br />

e cinco Dungas. Já os seis candidatos<br />

que usaram o nome Bin<br />

Laden, terrorista mais procurado<br />

do mundo, e os quatro que utilizaram<br />

Obama, candidato à Presidência<br />

dos EUA, fracassaram nas<br />

eleições deste ano.<br />

Agora vai<br />

Presidente Lula vai à Itália em sua primeira visita oficial, na nova era Berlusconi<br />

Depois de um ano de planejamento<br />

e mudanças<br />

na agenda, chegou a hora.<br />

O presidente brasileiro<br />

Luiz Inácio Lula da Silva desembarca<br />

em Roma no dia 10 de<br />

novembro para sua primeira viagem<br />

oficial à Itália, desde que<br />

Silvio Berlusconi voltou ao cargo<br />

de primeiro-ministro. Será,<br />

porém, a terceira vez, somente<br />

este ano, que os dois se encontrarão.<br />

Eles estiveram juntos na<br />

reunião da FAO e na cúpula do<br />

G8, no início do segundo semestre.<br />

Da programação, é possível<br />

que faça parte uma visita ao presidente<br />

Giorgio Napolitano.<br />

Lula também pode ir a Milão<br />

para participar de um seminário<br />

sobre a infra-estrutura da América<br />

Latina, que contará com a<br />

presença de autoridades dos governos<br />

da América do Sul e América<br />

Central, além de empresários<br />

italianos. Em um momento<br />

de crise econômica, nada melhor<br />

que fortalecer os laços com nações<br />

parceiras. Ainda mais depois<br />

que o primeiro ministro italiano<br />

sinalizou a intenção de aumentar<br />

a participação de países<br />

Sílvia So u z a<br />

Ricardo Stuckert/PR<br />

emergentes no grupo dos oito<br />

mais influentes.<br />

— Tendo a responsabilidade<br />

de presidir o próximo G8 (em<br />

2009), ainda mais frente à crise<br />

econômica que interessa a todos<br />

os países do mundo, confirmo a<br />

vontade do G8 de dar vida com<br />

continuidade a um G14 — declarou<br />

Berlusconi, mês passado, ao<br />

inaugurar a nova sede da Fundação<br />

Itália-China, em Pequim.<br />

A viagem de Lula insere-se<br />

em um contexto de grande atenção<br />

por parte da Itália dirigida<br />

aos países da América Latina.<br />

No final de outubro, o subsecretário<br />

das Relações Exteriores<br />

da Itália, Vincenzo Scotti, visitou<br />

países da América Central.<br />

Na ocasião, destacou a “perfeita<br />

continuidade” nas relações estabelecidas<br />

pelo governo italiano<br />

anterior com a América Latina.<br />

Ele também informou que o exsubsecretário<br />

das Relações Exteriores<br />

da Itália, Donato Di Santo,<br />

foi nomeado pelo chanceler<br />

Franco Frattini para integrar o<br />

comitê da IV Conferência sobre<br />

a América Latina, prevista para<br />

outubro de 2009. O evento será<br />

dedicado à cooperação entre<br />

a Itália e países latino-americanos<br />

nas áreas de infra-estrutura,<br />

energia, pesquisa e pequenas e<br />

médias empresas.<br />

— De 40 empresas <strong>italiana</strong>s<br />

no exterior, quase metade do faturamento<br />

é proveniente de negócios<br />

feitos na América Central<br />

e do Sul — observou Scotti.<br />

16 C o m u n i t à I t a l i a n a / No v e m b r o 2008


política<br />

politica<br />

vamente per marzo e giugno del<br />

2009. La riunione del COMITES<br />

è già stata messa in agenda per<br />

Buenos Aires.<br />

Salas<br />

separadas<br />

Moção aprovada pela Câmara dos Deputados dá o primeiro passo para<br />

isolar crianças <strong>italiana</strong>s de crianças imigrantes, dentro das escolas<br />

No mesmo dia em que no<br />

<strong>Brasil</strong> se comemora o dia<br />

do professor, 15 de outubro,<br />

o governo de Silvio<br />

Berlusconi instituiu medidas que<br />

podem vir a se refletir nas salas de<br />

aula da Itália. Por 256 votos a favor,<br />

246 contra e 1 abstenção, a<br />

Câmara dos Deputados aprovou<br />

uma moção apresentada pelo partido<br />

de extrema direita Liga Norte. O<br />

texto dispõe sobre o acesso de alunos<br />

estrangeiros à escola, a partir<br />

do nível de conhecimento da língua<br />

<strong>italiana</strong>. Quem não for fluente<br />

pode ser encaminhado para uma<br />

“classe de inserção”. Na prática, isso<br />

significa italianos para uma sala,<br />

estrangeiros para outra.<br />

— Deus nos livre da idéia que<br />

possam existir classes separadas.<br />

Até agora, se trata somente<br />

de uma moção, mas se for transformada<br />

em uma proposta de lei,<br />

nós faremos de tudo para que não<br />

seja aprovada no Parlamento —<br />

afirma Walter Veltroni, presidente<br />

do Partido Democrático.<br />

Na avaliação do ministro<br />

“sombra” do Exterior, do gabinete<br />

paralelo do PD, Pier Fasino, se essa<br />

moção virar lei, o governo vai<br />

mexer “na única parte do país que<br />

dava sinais positivos em relação à<br />

integração” de italianos e estrangeiros.<br />

Segundo ele, a moção pode<br />

vir a representar “anos de trabalho<br />

de inserção e didática escolar<br />

que serão praticamente anulados”.<br />

Para Fasino, a moção representa<br />

uma “regressão cultural<br />

que, além de produzir um clima de<br />

discriminação, fará da escola um<br />

ente formador de discriminação<br />

entre as próprias crianças”.<br />

A proposta causou perplexidade<br />

até na centro-direita. O prefeito<br />

de Roma, Gianni Alemanno,<br />

pediu uma “pausa para reflexão”<br />

e um confronto com o mundo do<br />

voluntariado e da Igreja. Até a<br />

deputada pelo Povo da Liberdade,<br />

Alessandra Mussolini, neta de<br />

Benito Mussolini, declarou que<br />

esta é uma “medida racista”.<br />

O texto da moção prevê o ingresso<br />

de crianças estrangeiras<br />

após a realização de um teste em<br />

italiano. Os reprovados são inseridos<br />

nas chamadas “classes pontes”.<br />

Além disso, estabelece que os alunos<br />

estrangeiros podem ser matriculados<br />

somente até o dia 31 de<br />

dezembro, isto é, após 4 meses do<br />

início do ano escolar. Também prevê<br />

uma distribuição dos estudantes<br />

Ja n a í n a Cesar<br />

Correspondente • Treviso<br />

estrangeiros em proporção ao número<br />

de alunos por classe – isto é,<br />

cota para alunos imigrantes.<br />

Segundo Alberto Ruperti, professor<br />

de arte do Liceo Brochi de<br />

Bassano del Grappa, no Vêneto,<br />

não existe nenhum motivo “do<br />

ponto de vista didático e educativo”<br />

para a separação das salas<br />

de aula.<br />

— A classe de inserção nada<br />

mais é do que uma classe separatista<br />

exclusiva para filhos de imigrantes.<br />

Isso reforça ainda mais<br />

o preconceito que vê na presença<br />

de crianças estrangeiras um<br />

enorme problema para o aprendizado<br />

das crianças <strong>italiana</strong>s —<br />

afirma Ruperti.<br />

Reforma escolar<br />

A moção separatista faz parte do<br />

plano de reforma escolar que a<br />

ministra da educação Mariastella<br />

Gelmini está tentando fazer passar<br />

no parlamento. Além das classes<br />

separadas, a reforma prevê a<br />

volta de um único professor para<br />

o ensino primário, nota específica<br />

para comportamento (abaixo de 5,<br />

repete o ano mesmo se a média<br />

escolar for alta), a volta do uniforme,<br />

a volta de ensino de educação<br />

cívica, o prolongamento do<br />

tempo de utilização de livros que<br />

devem ser válidos por cinco anos e<br />

a diminuição para 24 horas semanais<br />

de ensino escolar. A reforma<br />

ainda prevê corte ao financiamento<br />

às escolas, redução do número<br />

de bolsas de estudo e demissão<br />

em massa de professores (cerca<br />

de 24 mil). Além disso, o pacote<br />

pretende cortar 17% do pessoal<br />

que trabalha nas escolas como<br />

ajudante, secretária ou cozinheira.<br />

Ao todo, estão em jogo quase 90<br />

mil empregos, o que já abriu um<br />

duro confronto com os sindicatos.<br />

Seriam fechadas 2 mil escolas em<br />

todo o país por não superarem o<br />

número mínimo de 500 alunos. Ou<br />

seja, as salas de aulas restantes<br />

teriam turmas maiores.<br />

No próprio dia 15 de outubro,<br />

alunos, pais e professores, contrários<br />

à reforma Gelmini, acamparam<br />

durante a noite em escolas<br />

de todo o país. A Confederação<br />

Geral Italiana do Trabalho (CGIL),<br />

Confederação Italiana dos Sindicatos<br />

dos Trabalhadores (Cisl) e<br />

União Italiana do Trabalho (Uil),<br />

já anunciaram que farão greve<br />

geral. Enquanto isso, estudantes<br />

ocuparam as universidades de Roma,<br />

Padova, Milão, Bari, Nápoles,<br />

Aquila, Bolonha, Florença e Turim<br />

em protesto contra o pacote. Eles<br />

pregam, inclusive, a interrupção<br />

do ano escolar, enquanto a situação<br />

não estiver resolvida.<br />

Uniti nella<br />

protesta<br />

Conferenza dei Giovani e proteste contro il taglio nel preventivo di spesa che<br />

riguarda gli italiani all’estero segnano la riunione dell’America Latina del<br />

Consiglio Generale degli Italiani all’Estero, realizzata a Rio de Janeiro<br />

Associazionismo, collettività,<br />

assistenza sociale,<br />

elezioni nei Comitati degli<br />

Italiani all’Estero (CO-<br />

MITES) e nello stesso Consiglio<br />

Generale per gli Italiani all’Estero<br />

(CGIE). L’ordine del giorno preparato<br />

per l’incontro dei rappresentanti<br />

degli italiani in America<br />

Latina era lungo. Fra i tanti temi<br />

che hanno segnato l’evento, durato<br />

tre giorni a Rio de Janeiro:<br />

il taglio nel preventivo di spesa<br />

del governo italiano per gli italiani<br />

che non vivono in Italia e<br />

la Conferenza dei Giovani. Delle<br />

424 persone tra i 18 e i 35 anni<br />

attese per l’evento, che avrà<br />

luogo il mese prossimo a Roma,<br />

l’America Latina (AL) ne invierà<br />

154. Il “taglio”, che entrerà in<br />

vigore nel 2009, prevede una riduzione<br />

nei fondi destinati principalmente<br />

all’area di diffusione<br />

della lingua e dell’assistenza.<br />

— Dei 64 milioni di euro che<br />

noi avevamo all’estero, dovremo<br />

vivere con 32 milioni. Solo per<br />

la diffusione della lingua sono 28<br />

milioni in meno. Nel settore della<br />

cooperazione si parla di una riduzione<br />

da 800 milioni a 350 milioni<br />

di euro, un taglio del 62%. I nostri<br />

sforzi possono essere vanificati.<br />

Sappiamo della necessità in<br />

Italia della riorganizzazione, ma<br />

manca sensibilità ai governanti.<br />

Purtroppo i deputati che abbiamo<br />

eletto non riescono a difenderci<br />

su questo tema — dice il consigliere<br />

Claudio Pieroni, del <strong>Brasil</strong>e.<br />

La speranza che questa ed altre<br />

problematiche possano risolversi<br />

concretamente affida alla<br />

Conferenza dei Giovani un ruolo<br />

importante, secondo Pieroni. Il<br />

<strong>Brasil</strong>e parteciperà con 40 giovani.<br />

Di questi, 13 saranno rappresentati<br />

da giovani che sono già<br />

stati delegati in altre riunioni.<br />

La maggior parte sono stati distribuiti<br />

dall’AIRE (lista dell’occupazione<br />

<strong>italiana</strong> all’estero).<br />

Perciò São Paulo manderà 14 persone;<br />

Rio de Janeiro, sette; Porto<br />

Alegre e Curitiba, sei; Belo Horizonte<br />

quattro e Recife tre.<br />

— Con tutto ciò stiamo cercando<br />

la migliore rappresentazione<br />

possibile. Il criterio, indiscutibile<br />

per la scelta di questi rappresentanti<br />

è parlare italiano. E<br />

poi faremo una selezione secondo<br />

le varie regioni di origine in<br />

Italia, e secondo le carriere o le<br />

occupazioni — spiega Pieroni.<br />

Fotos: Roberth Trindade<br />

Sílvia So u z a<br />

Carla Zuppetti<br />

A parte Pieroni, i lavori a Rio<br />

hanno riunito Antonio Laspro,<br />

anche lui di São Paulo, Walter<br />

Petruzziello, di Curitiba e Mario<br />

Araldi, di Belo Horizonte e membri<br />

del Consiglio dell’Argentina,<br />

Colombia, Cile, Uruguay e altri<br />

paesi dell’AL. Tutto viene seguito<br />

da vicino dalla direttrice generale<br />

per gli Italiani all’Estero e le Politiche<br />

Migratorie, Carla Zuppetti,<br />

e dal vice segretario generale per<br />

l’America Latina del CGIE, Francisco<br />

Nardelli.<br />

Una delle decisioni prese nella<br />

riunione ha definito una protesta,<br />

già questo mese, affinché<br />

ogni circoscrizione del CGIE<br />

America Latina prenda posizione<br />

contro il taglio preventivato. E<br />

mentre alcuni consiglieri puntano<br />

a rimandare le elezioni per il<br />

COMITES e per il futuro rinnovamento<br />

nel CGIE, previsti rispetti-<br />

Cooperazione<br />

“È come tornare bambini”, dichiara<br />

il ministro Carla Zuppetti<br />

in mezzo a dozzine di bambini<br />

assistiti dal Centro Educacional<br />

Cantinho da Natureza. Come<br />

parte del lavoro dei consiglieri,<br />

avrebbero dovuto visitare il progetto<br />

che conta sulla cooperazione<br />

<strong>italiana</strong>, svolto nel Morro dos<br />

Cabritos, a Copacabana. Però meno<br />

della metà dei 30 partecipanti<br />

alla Riunione ha svolto questa<br />

parte del lavoro.<br />

— È veramente complicato<br />

parlare di italiani all’estero<br />

come un tutt’uno, se ogni paese<br />

ha una sua realtà, se la cultura<br />

e la lingua soffrono cambiamenti<br />

e anche se per ogni<br />

luogo c’è stata un’emigrazione<br />

causata da contesti socioeconomici<br />

diversi. D’altra parte<br />

è importante mettere in risalto<br />

il cammino contrario che fa<br />

il governo andando incontro a<br />

queste nuove generazioni. Non<br />

abbandoniamo nessuno — dice<br />

Zuppetti, che occupa da quattro<br />

mesi il suo posto.<br />

La scuola/asilo nido alla fine<br />

della salita della Ladeira dos<br />

Tabajaras accoglie 150 bambini<br />

da zero a sei anni, coordinati da<br />

padre Enrico Arrigoni. I bambini<br />

svolgono attività pedagogiche<br />

mentre i genitori lavorano.<br />

L’istituzione, che riceve l’appoggio<br />

dell’Associazione Volontari<br />

per il Servizio Internazionale<br />

(AVSI), si sforza di integrare<br />

gli 8000 abitanti della comunità<br />

con programmi di educazione<br />

ambientale e salute, e l’80% del<br />

personale è composto da abitanti<br />

del luogo.<br />

18 C o m u n i t à I t a l i a n a / No v e m b r o 2008<br />

N o v e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 19


no parlamento<br />

Italianidade<br />

à prova<br />

Tat i a n a Bu f f<br />

Correspondente • São Paulo<br />

Na sua quinta legislatura consecutiva, o<br />

deputado Marco Zacchera, de 57 anos,<br />

preside o Comitê Permanente para os<br />

Italianos no Exterior desde julho. Nascido<br />

em Verbania, província de Verbano-<br />

Cusio-Ossola, o parlamentar foi eleito e<br />

reeleito para a Câmara dos Deputados da<br />

Itália, desde 1994, pela Aliança Nacional<br />

e pelo Partido do Povo da Liberdade.<br />

Preocupado com os cortes milionários na<br />

Lei Orçamentária de 2009 que atingirão as<br />

comunidades <strong>italiana</strong>s no mundo, assegura<br />

estar “fazendo todo tipo de pressão sobre o<br />

governo para que mude de idéia”. Para isso<br />

quer o apoio dos colegas, inclusive dos eleitos<br />

no território. Favorável a mudanças na lei<br />

do voto no exterior que garantam maior<br />

legitimidade aos resultados, igualmente<br />

defende novas regras para a concessão da<br />

cidadania. Sobre o Primeiro Congresso dos<br />

Jovens Italianos no Mundo, alfineta:<br />

— Espero, realmente, que seja<br />

uma ocasião importante de confronto<br />

e, sobretudo, de proposta, não apenas<br />

uma alocação romana para 420 jovens<br />

recomendados, ou pior, parentes dos<br />

dirigentes dos Comites — afirma ele em<br />

entrevista por e-mail à Comunità.<br />

ComunitàItaliana - Quais<br />

projetos o senhor apresentou<br />

à Câmara nesta<br />

legislatura Algum foi<br />

aprovado<br />

Marco Zacchera - Nenhum, porque<br />

ainda não houve tempo material<br />

para proceder ao itinerário<br />

legislativo previsto pelas normas<br />

parlamentares. De qualquer modo<br />

tenho em curso neste itinerário<br />

alguns projetos de lei referentes<br />

a questões relativas às nossas<br />

comunidades no exterior.<br />

CI - <strong>Como</strong> avalia o pacto sobre a<br />

imigração aprovado pela União<br />

Européia em setembro A Itália<br />

terá leis mais específicas contra<br />

os imigrantes clandestinos<br />

Zacchera - O pacto sobre a imigração<br />

é só um primeiro passo,<br />

mas significativo porque a Europa<br />

deve entender que a imigração<br />

é um problema comum a todo<br />

o continente, não apenas de<br />

um país onde – por proximidade<br />

geográfica – se multiplicam os<br />

desembarques. Além disso, devemos<br />

recordar que a maior parte<br />

do fenômeno migratório não está<br />

relacionada apenas ao que se vê<br />

nos telejornais. Não se trata apenas<br />

dos desembarques de desesperados<br />

dos botes de borracha<br />

em Lampedusa, mas da lenta infiltração<br />

nas fronteiras orientais<br />

da Europa de pessoas provenientes<br />

do leste europeu, dos Bálcãs,<br />

do oriente médio. Eis aí, portanto,<br />

a necessidade não apenas de<br />

controlar as entradas, mas também<br />

de administrar este fenômeno,<br />

que é de dimensão bíblica.<br />

CI - O que pensa da reação do Vaticano<br />

contra a medida<br />

Zacchera - O Vaticano faz bem em<br />

sustentar o que diz porque, justamente,<br />

sublinha os temas, os<br />

valores, os preceitos cristãos em<br />

matéria de caridade e solidariedade<br />

humana. Às vezes, creio, no<br />

entanto, que deveria também se<br />

colocar no papel dos governantes<br />

que querendo ou não devem impor<br />

regras sobre os modos e fluxos<br />

de entrada. Para ajudar é preciso<br />

conhecer e, portanto, identificar,<br />

entender quem chega.<br />

CI - O que espera do Primeiro<br />

Congresso dos Jovens Italianos<br />

no Mundo que será realizado em<br />

Roma no início de dezembro<br />

Zacchera - Espero, realmente,<br />

que seja uma ocasião importante<br />

de confronto e, sobretudo, de<br />

proposta, não apenas uma alocação<br />

romana para 420 jovens recomendados,<br />

ou pior, parentes<br />

dos dirigentes dos Comites (comitês<br />

dos italianos no exterior).<br />

Faz bem o subsecretário (Alfredo)<br />

Mantica em insistir neste ponto.<br />

Igualmente, fazem bem os jovens<br />

a pretender localmente serem eles<br />

a indicar os próprios representantes<br />

a ser enviados a Roma. Participarei<br />

voluntariamente dos trabalhos<br />

da Conferência, também<br />

porque creio que será um importante<br />

momento de aprendizado<br />

para quem, como eu, se ocupa há<br />

vários anos destes problemas.<br />

CI - <strong>Como</strong> presidente do Comitê<br />

Permanente para os Italianos no<br />

Exterior, qual é sua relação com<br />

a comunidade <strong>italiana</strong> na América<br />

Latina Teve oportunidade de<br />

visitar todos os países, inclusive<br />

o <strong>Brasil</strong><br />

Zacchera - Estive diversas vezes<br />

no <strong>Brasil</strong>, tanto particularmente<br />

quanto como conselheiro regional<br />

do Piemonte. Também estive antes<br />

e depois de 1994 como parlamentar.<br />

Visitei muitos estados brasileiros<br />

e quase todos os países da<br />

América Latina inclusive as nossas<br />

comunidades de Punta Arenas<br />

(Chile) a Maracaibo (Venezuela).<br />

Constatei muitos problemas, mas<br />

também muitas possibilidades<br />

inutilizadas, muitas contradições.<br />

A falar disso se abre um livro...<br />

CI - Pensa que a lei do voto no exterior<br />

deva mudar<br />

Zacchera - Absolutamente sim.<br />

Dado o princípio do direito-dever<br />

ao voto inclusive aos nossos emigrados<br />

- um direito que a direita<br />

<strong>italiana</strong> sempre defendeu desde<br />

os anos 50 e que apenas graças<br />

à teimosia de Mirko Tremaglia foi<br />

ratificado na Constituição e ali deve<br />

permanecer - acredito que devemos<br />

absolutamente encontrar e<br />

aplicar regras novas e mais transparentes<br />

para expressar o voto.<br />

Vi coisas inconcebíveis na campanha<br />

eleitoral e durante os escrutínios,<br />

com responsabilidades<br />

graves também do centro-direita.<br />

O voto pelo correio, sobretudo na<br />

América Latina, se demonstrou<br />

aberto a irregularidades de todo<br />

tipo e não é mais crível continuar<br />

assim. Deverão ser, portanto,<br />

mudadas as regras de voto (penso<br />

nas seções eleitorais e no envio<br />

postal apenas sob explícita solicitação<br />

do eleitor) com controle da<br />

identidade dos votantes.<br />

CI - Quais são suas principais<br />

preocupações relativas aos cortes<br />

na Lei Orçamentária de 2009<br />

para as comunidades <strong>italiana</strong>s<br />

no mundo<br />

Zacchera - Estou verdadeiramente<br />

muito preocupado com estes<br />

cortes nos financiamentos e, sobretudo,<br />

não aceito que haja estes<br />

cortes indiscriminados e tão<br />

pesados. Estamos tentando remediar<br />

e fazer todo tipo de pressões<br />

sobre o governo para que<br />

mude de idéia ou, ao menos, reduza<br />

o redimensionamento tão<br />

forte para alguns itens. Acima<br />

de tudo, se alguns cortes são,<br />

no fundo, aceitáveis, aquele da<br />

assistência direta e indireta vai<br />

atingir principalmente as nossas<br />

comunidades sul-americanas. O<br />

comitê parlamentar presidido<br />

por mim não deixará por isso de<br />

fazer ouvir sua voz, que, espero,<br />

seja apoiada não só pelos eleitos<br />

no exterior, mas por todos os<br />

parlamentares.<br />

CI - Com relação a eventuais alterações<br />

na lei de cidadania, está<br />

de acordo com a aplicação de<br />

uma prova de língua <strong>italiana</strong> e<br />

outra de conhecimento da Constituição<br />

antes de concedê-la aos<br />

oriundi<br />

Zacchera - Sim. Creio que as normas<br />

para solicitar a cidadania<br />

<strong>italiana</strong> devem ser revistas em<br />

termos restritivos. O atual sistema<br />

não permite um screening<br />

(classificação) objetivo de quem<br />

tem os títulos para obter a cidadania<br />

<strong>italiana</strong>, conceito que<br />

não pode ser certificado apenas<br />

à base de documentos. Pessoas<br />

em demasia a obtiveram. Muitas<br />

mais ainda a pediram só por motivos<br />

econômicos e pelo passaporte,<br />

mas não tendo nada mais<br />

de “italiano” ou, pior, não tendo<br />

jamais tido.<br />

CI - Está de acordo com o reconhecimento<br />

da cidadania aos filhos<br />

de <strong>italiana</strong>s nascidos antes<br />

de 1948<br />

Zacchera - Juridicamente sim,<br />

mas praticamente não, no sentido<br />

que a mim interessa que a<br />

cidadania seja solicitada e conferida<br />

a pessoas “<strong>italiana</strong>s” por língua,<br />

cultura e tradições. Conheci<br />

pessoas que não a obtiveram<br />

no passado e poderiam no futuro<br />

obtê-la graças a estes princípios<br />

constitucionais, mas devo ressaltar<br />

que conheci outras que – precisamente<br />

– se também pedissem<br />

e conseguissem a cidadania, de<br />

italiano não teriam nada, se não<br />

uma ascendência materna. Creio<br />

que se deva abrir constitucionalmente<br />

a possibilidade de solicitar<br />

a cidadania também a essas<br />

pessoas por uma questão de justiça<br />

jurídica, mas ao mesmo tempo<br />

é útil restringir depois (e a<br />

valer para todos) os parâmetros<br />

para obtê-la. Não basta expressar-se<br />

também em italiano, mas<br />

compreender se o candidato-cidadão<br />

tem um mínimo de verdadeira,<br />

documentada italianidade.<br />

Se a tem e consegue concretamente<br />

demonstrá-lo, então seja<br />

bem-vindo!<br />

CI: A seu ver o governo Berlusconi<br />

está vencendo a batalha contra<br />

as máfias dentro e fora do<br />

país<br />

Zacchera - Há um fortíssimo empenho<br />

do Governo contra a Camorra,<br />

como se está demonstrando<br />

em Nápoles e na Campânia.<br />

Eu espero, portanto, realmente<br />

que sim.<br />

CI - Qual seria sua proposta ou<br />

propostas para reduzir as filas<br />

de solicitantes da cidadania em<br />

frente aos consulados italianos<br />

na América do Sul<br />

Zacchera - Pedimos o envio de<br />

novos funcionários, a contratação<br />

de pessoal local para liquidar<br />

os processos, mas – insisto – eu<br />

acredito que devam também ser<br />

mudados os parâmetros para obter<br />

a cidadania.<br />

Fotos: Divulgação<br />

20 C o m u n i t à I t a l i a n a / No v e m b r o 2008<br />

N o v e m b r o 2008 / C o m u n i t à I t a l i a n a 21


capa<br />

Salve-se<br />

quem puder<br />

Crise econômica mundial faz<br />

Itália prever recessão para 2009.<br />

No <strong>Brasil</strong>, a expectativa é de<br />

manter o crescimento econômico,<br />

porém, com índices modestos<br />

Si salvi<br />

chi può<br />

Crisi economica mondiale<br />

fa prevedere la recessione in<br />

Italia per il 2009. In <strong>Brasil</strong>e,<br />

le attese sono di mantenere<br />

la crescita economica, ma<br />

con indici modesti<br />

Ja n a í n a César, Sô n i a Apolinário e Tat i a n a Bu f f<br />

A<br />

onda se formou nos Estados<br />

Unidos e estourou, em<br />

cheio, em todos os países<br />

do mundo, literalmente.<br />

Em alguns lugares, chegou como<br />

tsunami. Em outros, com tamanho<br />

gigantesco, mas ainda “surfável”.<br />

Teve onde ela chegasse alta<br />

o suficiente para deixar a praia<br />

perigosa e fazer os banhistas voltarem<br />

para casa, ainda que a salvos.<br />

No mundo da economia financeira,<br />

distante, mas não muito,<br />

da economia real, a quebradeira<br />

começou em decorrência da<br />

crise hipotecária norte-americana<br />

e se alastrou pelo planeta.<br />

A intensidade da crise que<br />

atingiu os países varia de acordo<br />

com a saúde financeira de cada<br />

um. Quem estava saudável, se<br />

defendeu. Quem não estava, levou<br />

um “caixote”. Na Europa, tudo<br />

indica que há um “caixote” a<br />

caminho. No <strong>Brasil</strong>, ainda é possível<br />

furar essa onda e usá-la para<br />

chegar de volta à praia.<br />

Na Itália, o Centro de Estudo<br />

da Confederação das Indústrias<br />

(CSC) não prevê um bom futuro.<br />

Segundo a última pesquisa, o país<br />

só sairá do sufoco econômico<br />

2010, por conta da diminuição<br />

do PIB (de 0,2 deste ano para 0,5<br />

L’<br />

onda si è formata negli<br />

Stati Uniti ed è scoppiata<br />

in pieno letteralmente<br />

in tutti i paesi del mondo.<br />

In qualche luogo è arrivata<br />

come uno tsunami. In altri, in dimensioni<br />

gigantesche, ma ancora<br />

“da surfing”. Ci sono stati luoghi<br />

in cui l’onda è arrivata ad un’altezza<br />

sufficiente da rendere pericolosa<br />

la spiaggia e far ritornare<br />

a casa i bagnanti, incolumi. Nel<br />

mondo dell’economia finanziaria,<br />

distante ma non molto dall’economia<br />

reale, il crash è iniziato dovuto<br />

alla crisi ipotecaria nordamericana<br />

e si è sparso per il pianeta.<br />

Berlusconi e Lula: de olhos bem abertos e atentos para a crise<br />

Berlusconi e Lula: ad occhi ben aperti e attenti alla crisi<br />

L’intensità dell’onda che ha<br />

attinto i paesi cambia a seconda<br />

della salute finanziaria di ognuno<br />

di essi. Chi stava bene in salute,<br />

si è difeso. Chi no, è stato<br />

sbattuto a terra dall’onda. In<br />

Italia, tutto dice che ci sarebbe<br />

una “sbattitura” in arrivo. In<br />

<strong>Brasil</strong>e è ancora possibile bucare<br />

quest’onda e usarla per tornare<br />

sul bagnasciuga.<br />

In Italia, il Centro di Studi<br />

della Confederazione delle Industrie<br />

(CSC) non dà buone previsioni.<br />

Secondo gli ultimi sondaggi,<br />

il paese uscirà dalla crisi economica<br />

solo nel 2010, dovuto alla<br />

diminuzione del PIL (da 0,2 di<br />

quest’anno a 0,5 nel 2009), del<br />

consumo (- 0,6%) e degli investimenti<br />

(- 9%).<br />

Il premier Silvio Berlusconi<br />

ha dato dichiarazioni per mantenere<br />

alta la morale della popolazione.<br />

Secondo lui “nessuna banca<br />

<strong>italiana</strong> fallirà e chi investe<br />

non corre pericolo”. Il provvedimento<br />

per “blindare” l’economia<br />

del paese preso dal governo<br />

mette a disposizione del sistema<br />

bancario un fondo di 20 miliardi<br />

di euro per affrontare la crisi. Ha<br />

sono stati approvati due decreti<br />

finanziari per salvare le banche<br />

in situazione di rischio.<br />

em 2009); do consumo (-0,6%) e<br />

dos investimentos (-9%).<br />

O primeiro-ministro Silvio<br />

Berlusconi fez declarações para<br />

manter a moral da população<br />

elevada. Segundo ele, “nenhum<br />

banco italiano falirá e quem investe<br />

não corre perigo”. <strong>Como</strong><br />

providência para blindar a economia<br />

do país, o governo colocou<br />

à disposição do sistema bancário<br />

um fundo de 20 bilhões de<br />

euros para enfrentar a crise. Também<br />

aprovou dois decretos financeiros<br />

para salvar bancos em situação<br />

de perigo.<br />

Os decretos prevêem a recapitalização<br />

e o refinanciamento<br />

das instituições de crédito que<br />

elevam a 100 mil euros o teto de<br />

garantia para os depósitos bancários;<br />

permite que o estado intervenha<br />

no capital dos bancos<br />

no caso de necessidade por intermédio<br />

da compra de ações especiais<br />

sem o direito de voto e<br />

garante o financiamento às empresas.<br />

Berlusconi explicou que<br />

“o objetivo principal (das medidas<br />

adotadas) é o de evitar que<br />

os que poupam sejam pegos pelo<br />

pânico”.<br />

— Se todos resolverem sacar<br />

suas aplicações e colocar (o dinheiro)<br />

embaixo do colchão, aí<br />

sim, a economia do país entrará<br />

em risco — afirmou o primeiroministro,<br />

em pronunciamento.<br />

No <strong>Brasil</strong>, o presidente Luiz<br />

Inácio Lula da Silva chegou a dizer<br />

que a crise, no país, não passava<br />

de uma “marola”. Da dúvida,<br />

porém, agiu. Diminuiu o compulsório<br />

dos bancos para deixá-los<br />

com liquidez e mais dinheiro disponível<br />

para o setor econômico;<br />

controlou o câmbio para evitar<br />

que o dólar disparasse; manteve<br />

o crédito para micro e pequenas<br />

empresas e deu mais autonomia<br />

para o Banco Central que, jun-<br />

22 C o m u n i t à I t a l i a n a / No v e m b r o 2008<br />

N o v e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 23


capa<br />

Acima, o ministro da Fazenda, Guido<br />

Mantega. Ao lado, o presidente do<br />

Banco Etica, Fabio Salviato. Abaixo,<br />

o professor Francisco Barone<br />

Sopra, il ministro da Fazenda, Guido<br />

Mantega. Accanto, il presidente del<br />

Banco Etica, Fabio Salviato. Sotto, il<br />

professore Francisco Barone<br />

to com a Caixa Economia Federal,<br />

foram autorizados a comprar<br />

bancos em perigo como forma de<br />

dar segurança aos poupadores.<br />

O ministro da Fazenda, Guido<br />

Mantega, explicou que a autorização<br />

para os bancos públicos<br />

comprarem bancos privados “não<br />

é uma medida permanente”. Segundo<br />

ele, essa autorização responde<br />

“à necessidade de momento<br />

de crise de liquidez”. Mantega<br />

afirmou que a medida é preventiva<br />

porque o <strong>Brasil</strong> tem “um dos<br />

sistemas financeiros mais sólidos<br />

do mundo”.<br />

O coordenador de Small Business<br />

da Escola <strong>Brasil</strong>eira de<br />

Administração Pública e de Empresas<br />

da Fundação Getúlio Vargas<br />

do Rio de Janeiro, professor<br />

Francisco Barone, avaliou como<br />

“positivo neste momento” as medidas<br />

adotadas pelo governo brasileiro.<br />

Segundo ele, o país está<br />

“surfando na onda” porque a sua<br />

economia está “sólida”.<br />

— Desde 1994, nossa economia<br />

passa por uma boa fase.<br />

Quando assumiu, o presidente<br />

Lula manteve a política do seu<br />

antecessor e deu autonomia para<br />

o Banco Central. Para 2009, não<br />

acredito em recessão, mas vamos<br />

crescer menos. Essa crise é semelhante<br />

à de 1929 e está localizada<br />

na parte financeira da economia.<br />

Por enquanto, a economia<br />

real não foi afetada. As pessoas<br />

físicas só vão começar a senti-la<br />

no início do ano que vem — analisa<br />

o professor que tem cidadania<br />

<strong>italiana</strong>.<br />

Ele acredita que o <strong>Brasil</strong> pode<br />

até vir a se beneficiar com a crise,<br />

se souber agir. Barone lembra<br />

que, com a alta do dólar, o turismo<br />

interno pode ser favorecido.<br />

Além disso, produtos brasileiros<br />

podem passar a substituir produtos<br />

antes importados, na preferência<br />

do consumidor, justamente<br />

porque o preço da mercadoria<br />

que vem de fora vai aumentar.<br />

Apesar das grandes perdas<br />

acionárias por que passaram<br />

empresas em todo o mundo, o<br />

professor mantém a recomendação<br />

de que é hora de comprar<br />

ações. Principalmente de grandes<br />

empresas brasileiras como<br />

Petrobras e Vale. Segundo ele,<br />

esse será um “bom negócio a<br />

longo prazo para quem tem sangue<br />

frio”.<br />

De olho no curto prazo, o<br />

presidente da Federação das Indústrias<br />

do Estado de São Paulo,<br />

Paulo Skaf, já mandou seu recado<br />

para o governo. Segundo ele, é<br />

importante que o Banco Central<br />

brasileiro “nem pense em elevar<br />

a taxa de juros”. Na sua avaliação,<br />

isso seria “inadmissível”<br />

porque poderia levar a uma maior<br />

queda no consumo.<br />

Recessão<br />

Na Itália, o pacote anti-crise<br />

não agradou a todos. Para o<br />

CSC, os procedimentos extraordinários<br />

de intervenção direta<br />

no sistema financeiro ajudarão<br />

a inflamar a dívida pública e patrimonial.<br />

Segundo o Centro, “a<br />

saída do buraco negro da recessão<br />

fica cada vez mais longe e a<br />

provável retomada tão esperada<br />

para o ano que vem será insignificante,<br />

soterrada pela crise<br />

bancária que corre o risco de se<br />

transformar em uma crise real<br />

da economia”.<br />

Fabio Salviato, presidente<br />

do Banco Etica, diz que “antes<br />

da crise, já havia um seguro que<br />

cobria, em 103 mil euros, os depósitos<br />

no caso de falência bancária.<br />

Segundo ele, as medidas<br />

I decreti prevedono la ricapitalizzazione<br />

e il rifinanziamento<br />

degli istituti di credito che portano<br />

a 100mila euro il tetto di<br />

garanzia per i depositi bancari;<br />

permette che lo stato intervenga<br />

nel capitale delle banche in caso<br />

di bisogno grazie all’acquisto di<br />

azioni privilegiate senza diritto di<br />

voto e garantisce il finanziamento<br />

delle imprese. Berlusconi ha spiegato<br />

che “il principale obiettivo<br />

[delle misure adottate] è quello<br />

di evitare che coloro che risparmiano<br />

siano presi dal panico”.<br />

— Se tutti decidono di prelevare<br />

i loro investimenti e di metterli<br />

sotto al materasso, allora sì,<br />

l’economia del paese entrerà in<br />

difficoltà — ha affermato il primo<br />

ministro in un discorso.<br />

In <strong>Brasil</strong>e il presidente Luiz<br />

Inácio Lula da Silva ha addirittura<br />

detto che la crisi non era<br />

altro che “un mare leggermente<br />

mosso”. Ma, nel dubbio, ha agito.<br />

Ha diminuito i prestiti impositivi<br />

delle banche per lasciarle con<br />

maggiore liquidità e più soldi a<br />

disposizione del settore economico;<br />

ha controllato il cambio per<br />

evitare che il dollaro aumentasse;<br />

ha mantenuto il credito per le<br />

micro e piccole imprese e ha dato<br />

più autonomia al Banco Central<br />

che, insieme alla Caixa Economica<br />

Federal, sono state autorizzate<br />

a comprare banche in rischio per<br />

dare sicurezza ai risparmiatori.<br />

Il ministro da Fazenda, Guido<br />

Mantega, ha spiegato che l’autorizzazione<br />

data alle banche statali<br />

di comprare banche private “non è<br />

una misura permanente”. Secondo<br />

lui quest’autorizzazione “risponde<br />

al bisogno del momento di crisi di<br />

liquidità”. Mantega ha detto che<br />

la misura è preventiva perché il<br />

<strong>Brasil</strong>e ha “uno dei sistemi finanziari<br />

più solidi del mondo”.<br />

Il coordinatore di Small Business<br />

della Escola <strong>Brasil</strong>eira de<br />

Administração Pública e de Empresas<br />

della Fundação Getúlio<br />

Vargas di Rio de Janeiro, professor<br />

Francisco Barone, valuta come<br />

“positive in questo momento” le<br />

misura adottade dal governo brasiliano.<br />

Secondo lui il paese sta<br />

facendo “surfing sull’onda” perché<br />

la sua economia è “solida”.<br />

— Fin dal 1994, la nostra<br />

economia vive una buona fase.<br />

Quando si è insediato, il presidente<br />

Lula ha mantenuto la politica<br />

del suo predecessore e ha dato<br />

autonomia al Banco Central. Per<br />

il 2009 non credo alla recessione,<br />

ma cresceremo meno. Questa<br />

crisi è simile a quella del 1929 ed<br />

è nella parte finanziaria dell’economia.<br />

Per ora l’economia reale<br />

non è stata colpita. Le persone<br />

fisiche cominceranno a sentirla<br />

solo all’inizio dell’anno prossimo<br />

— analizza il professore, che ha<br />

la cittadinanza <strong>italiana</strong>.<br />

Barone crede anche che il<br />

<strong>Brasil</strong>e potrà trarre benefici dalla<br />

crisi, se saprà agire. Barone ricorda<br />

che il turismo interno può<br />

essere agevolato dall’aumento<br />

del dollaro. Inoltre, prodotti brasiliani<br />

potranno sostituirne altri<br />

prima importati, secondo le preferenze<br />

dei consumatori, proprio<br />

perché il prezzo delle merci che<br />

vengono dall’estero aumenterà.<br />

Malgrado le grandi perdite<br />

azionarie affrontate dalle imprese<br />

di tutto il mondo, il professore<br />

mantiene la raccomandazione<br />

in cui dice che è il momento<br />

di comprare azioni. Specialmente<br />

di grandi imprese brasiliane come<br />

Petrobras e Vale. Secondo lui<br />

questo sarà un “ottimo affare a<br />

lunga scadenza per chi ha sangue<br />

freddo”.<br />

adotadas pelo governo tranqüilizaram<br />

os investidores. Diferentemente<br />

da Alemanha, por exemplo,<br />

que estipulou um teto máximo<br />

de 500 bilhões de euros para<br />

salvar bancos em falência, a Itália<br />

não estabeleceu um teto. Isso,<br />

explica Salviato, faz com que<br />

o dinheiro público destinado aos<br />

bancos seja ilimitado.<br />

— A Inglaterra e a França investiram<br />

reservas públicas para<br />

capitalizar bancos que precisavam<br />

de dinheiro, mas que ainda<br />

não tinham decretado falência.<br />

Isso gerou uma série de desconfiança<br />

da parte dos investidores.<br />

As medidas adotadas pelo governo<br />

procuram tapar o buraco de<br />

uma represa que está estourando<br />

— analisa Salviato.<br />

Diretor do departamento europeu<br />

do Fundo Monetário Internacional,<br />

Alessandro Leipod,<br />

foi categórico. Segundo ele, “é<br />

muito fácil que a Itália entre<br />

em recessão”. Na sua avaliação,<br />

“a política de ajuda estatal não<br />

caminha na direção correta”. O<br />

que ele recomenda para o país<br />

1929<br />

é “uma maior liberalização no<br />

mercado”. Antonello Soro, presidente<br />

dos deputados do Partido<br />

Democrático (PD) ressalta que “a<br />

Itália não está bem e as camadas<br />

sociais mais expostas à crise<br />

econômica precisam de respostas<br />

efetivas e concretas para que<br />

possam defender a escola, o emprego<br />

e a democracia”.<br />

A favor do governo saiu Giacomo<br />

Stucchi, deputado da Liga<br />

Norte. Ele concorda com a linha<br />

política adotada pela equipe de<br />

Berlusconi. Segundo ele, a política<br />

deve garantir os depósitos<br />

bancários, a solidez das instituições<br />

de crédito e dar a possibilidade<br />

às mesmas instituições de<br />

ter uma perspectiva de desenvolvimento<br />

futuro.<br />

— Se as instituições de crédito<br />

são tranqüilas, quem tem<br />

um financiamento, por exemplo,<br />

da casa, sabe que as parcelas não<br />

aumentarão e nem terão o valor<br />

do financiamento pedido com antecipação<br />

— afirma.<br />

O jornal inglês Financial Times,<br />

no mês passado, fez uma<br />

longa análise dos procedimentos<br />

adotados por Berlusconi para<br />

enfrentar a crise. Segundo Guy<br />

Dimore, correspondente de Roma<br />

“os bancos e o mercado estão<br />

em colapso, mas a crise está beneficiando<br />

Silvio Berlusconi porque<br />

seu governo exerce uma autoridade<br />

que há mais de 10 anos<br />

não si via por aqui. Os italianos<br />

estão celebrando o seu papel de<br />

estado salvador”.<br />

De olho no <strong>Brasil</strong><br />

No mês passado, o Instituto Italiano<br />

para o Comércio Exterior<br />

(ICE) e o Departamento de Promoção<br />

de Intercâmbios da Embaixada<br />

da Itália no <strong>Brasil</strong> promoveram<br />

mais uma rodada de ne-<br />

Com o término da Primeira Guerra Mundial, os EUA passaram<br />

a ser o grande nome do capitalismo mundial. De maior devedor,<br />

se tornou o maior credor mundial. Porém, a partir de 1925,<br />

sua economia começou a ter sérios problemas<br />

com grande desemprego e queda de consumo.<br />

Apesar da crise, investidores mantiveram suas<br />

especulações comercializando papéis por valores<br />

que não condiziam com a real situação das<br />

empresas. Os preços das ações despencaram.<br />

No dia 29 de outubro de 1929, havia 13 milhões<br />

de ações à venda e nenhum comprador.<br />

Isso resultou na quebra da Bolsa de New York e<br />

o início de uma crise econômica mundial.<br />

Pensando alla breve scadenza,<br />

il presidente della Federação das<br />

Indústrias do Estado de São Paulo,<br />

Paulo Skaf, ha già detto la sua<br />

al governo. Secondo lui è importante<br />

che il Banco Central brasiliano<br />

“non ci pensi nemmeno ad<br />

aumentare i tassi di interesse”.<br />

Dal suo punto di vista, ciò sarebbe<br />

“inammissibile” perché potrebbe<br />

causare una maggiore diminuzione<br />

del consumo.<br />

Recessione<br />

In Italia il pacchetto anti-crisi<br />

non è piaciuto a tutti. Per il CSC<br />

le misure straordinarie di intervento<br />

diretto nel sistema finanziario<br />

aiuteranno ad infiammare<br />

il debito pubblico e patrimoniale.<br />

Secondo il Centro “l’uscita<br />

dal buco nero della recessione è<br />

sempre più distante e la probabile<br />

ripresa così attesa per l’anno<br />

prossimo sarà insignificante, sotterrata<br />

dalla crisi bancaria, che<br />

corre il rischio di trasformarsi in<br />

una crisi reale dell’economia”.<br />

Fabio Salviato, presidente della<br />

Banca Etica, dice che “prima della<br />

crisi c’era già un’assicurazione che<br />

copriva, con 103mila euro, i depositi<br />

in caso di fallimento bancario”.<br />

Secondo lui le misure prese dal governo<br />

hanno tranquillizzato gli investitori.<br />

A differenza dalla Germania,<br />

per esempio, che ha stipulato<br />

un tetto massimo di 500 miliardi<br />

di euro per salvare delle banche in<br />

fallimento, l’Italia non ha stabilito<br />

un tetto. Ciò fa sì che, spiega Salviato,<br />

il denaro pubblico destinato<br />

alle banche sia illimitato.<br />

— L’Inghilterra e la Francia<br />

hanno investito riserve pubbliche<br />

per capitalizzare banche che<br />

avevano bisogno di soldi, ma che<br />

non avevano ancora decretato il<br />

fallimento. Ciò ha causato una<br />

serie di atti di sfiducia da parte<br />

degli investitori. Le misure prese<br />

dal governo cercano di tappare i<br />

buchi di una diga che si sta rompendo<br />

— analizza Salviato.<br />

Direttore del dipartimento<br />

europeo del Fondo Monetario Internazionale,<br />

Alessandro Leipod<br />

è stato categorico. Secondo lui<br />

“è molto facile che l’Italia entri<br />

in recessione”, valuta che “la politica<br />

di aiuti statali non va nella<br />

giusta direzione” e raccomanda<br />

al paese “una maggiore liberalizzazione<br />

nel mercato”.<br />

Antonello Soro, presidente<br />

dei deputati del Partito Democratico<br />

(PD) mette in risalto che<br />

“l’Italia non va bene e i ceti sociali<br />

più esposti alla crisi economica<br />

hanno bisogno di risposte<br />

effettive e concrete perché possano<br />

difendere la scuola, l’impiego<br />

e la democrazia”.<br />

Chi si è mosso in difesa del<br />

governo è stato Giacomo Stucchi,<br />

deputato della Lega Nord. È d’accordo<br />

con la linea politica adottata<br />

dalla équipe di Berlusconi. Secondo<br />

lui la politica deve garantire<br />

i depositi bancari, la solidità degli<br />

istituti di credito e dare la possibilità<br />

agli stessi istituti di avere una<br />

prospettiva di sviluppo futuro.<br />

— Se gli istituti di credito<br />

sono tranquilli, chi ottiene, per<br />

esempio, un finanziamento per la<br />

casa sa che le rate non aumenteranno<br />

e non avranno il valore del<br />

finanziamento richiesto in anticipo<br />

— afferma.<br />

Il giornale inglese Financial<br />

Times il mese scorso ha fatto<br />

una lunga analisi delle procedure<br />

adottate da Berlusconi per<br />

affrontare la crisi. Secondo Guy<br />

Dimore, corrispondente da Roma,<br />

“le banche e i mercati sono nei<br />

guai, ma la crisi sta beneficiando<br />

Silvio Berlusconi e il suo governo<br />

sta godendo di un’autorità<br />

Con la fine della Prima Guerra Mondiale, gli USA divennero il grande<br />

nome del capitalismo mondiale. Da maggiori debitori diventarono<br />

maggiori creditori mondiali. Ma dal 1925 la loro economia cominciò<br />

a presentare seri problemi, con una grande<br />

disoccupazione e la diminuzione dei consumi.<br />

Malgrado la crisi, gli investitori mantennero le<br />

loro speculazioni commercializzando titoli per<br />

valori che non corrispondevano alla reale situazione<br />

delle imprese. I prezzi delle azioni crollarono.<br />

Il 29 ottobre 1929 c’erano 13 milioni<br />

di azioni in vendita e nessun acquirente. Ciò<br />

risultò nel crash della Borsa di New York e dette<br />

inizio ad una crisi economica mondiale.<br />

24 C o m u n i t à I t a l i a n a / No v e m b r o 2008<br />

N o v e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 25


capa<br />

Rodada de negócios entre <strong>Brasil</strong> e Itália em São Paulo. Abaixo, Alessandro Karlin, da Enel <strong>Brasil</strong>, e Giovanni Sacchi, diretor do ICE<br />

Incontro affaristico tra <strong>Brasil</strong>e e Italia a São Paulo. Sotto, Alessandro Karlin dell’Enel <strong>Brasil</strong> e Giovanni Sacchi direttore dell’ICE<br />

gócios entre empresários italianos<br />

e brasileiros. O evento deixou<br />

claro que o <strong>Brasil</strong> é visto como<br />

um porto seguro para negócios,<br />

neste momento. O próprio diretor<br />

do ICE em São Paulo, Giovanni<br />

Sacchi, admitiu que a Itália será<br />

mais atingida do que o <strong>Brasil</strong>, pela<br />

crise econômica mundial.<br />

— O <strong>Brasil</strong> parte de uma situação<br />

muito boa, com crescimento<br />

projetado em 5% para este<br />

ano, com acúmulo de reservas e<br />

estabilidade em relação a outros<br />

países. A crise dá sinais, mas, a<br />

influência está acontecendo em<br />

menor medida. Para 2009, a previsão<br />

é crescer de 2,5 a 3% —<br />

afirma Sacchi.<br />

Segundo ele, na Itália, o desequilíbrio<br />

econômico era precedente<br />

por conta de uma retração<br />

do mercado interno, ocorrido nos<br />

últimos cinco anos. Na sua avaliação,<br />

somente empresas <strong>italiana</strong>s<br />

que buscaram a internacionalização<br />

estavam em boa situação.<br />

Sacchi conta que setores de excelência<br />

<strong>italiana</strong> e de maior fluxo<br />

comercial externo já sinalizam<br />

menor demanda em função da crise<br />

como o alimentício, a moda, o<br />

automotivo e o mobiliário.<br />

Uma das participantes da rodada<br />

de negócios foi a Enel <strong>Brasil</strong>,<br />

subsidiária da <strong>italiana</strong> Enel<br />

SpA, uma das maiores produtoras<br />

de energia do mundo. Seu<br />

presidente, Alessandro Karlin,<br />

afirma que não vai alterar a “decisão<br />

estratégica” de investimento<br />

nas fontes brasileiras de<br />

energia renovável.<br />

Segundo ele, o <strong>Brasil</strong> representa<br />

“um país importante para<br />

a empresa”.<br />

— Pode ser que a velocidade do<br />

investimento previsto seja um pouco<br />

mais lenta — pondera Karlin.<br />

Nos próximos quatro anos, a<br />

che non si è vista per decenni.<br />

Gli italiani stanno celebrando il<br />

ruolo dello stato salvatore”.<br />

Pensando al <strong>Brasil</strong>e<br />

Il mese scorso l’Instituto Italiano<br />

para o Comércio Exterior (ICE)<br />

e il Departamento de Promoção<br />

de Intercâmbios dell’Ambasciata<br />

d’Italia in <strong>Brasil</strong>e hanno promosso<br />

un incontro affaristico tra<br />

imprenditori italiani e brasiliani.<br />

L’evento ha lasciato ben chiaro<br />

che il <strong>Brasil</strong>e è visto come un<br />

porto sicuro per gli affari in questo<br />

momento. Lo stesso direttore<br />

dell’ICE di São Paulo, Giovanni<br />

Sacchi, ha ammesso che l’Italia<br />

sarà colpita, più del <strong>Brasil</strong>e, dalla<br />

crisi economica mondiale.<br />

— Il <strong>Brasil</strong>e parte da una<br />

situazione molto positiva, con<br />

crescita prevista del 5% per<br />

quest’anno, con un accumulo<br />

di riserve e stabilità in rapporto<br />

ad altri paesi. La crisi dà segnali,<br />

ma gli influssi sono in atto<br />

in minore misura. Per il 2009 la<br />

previsione di crescita è dal 2,5 al<br />

3% — afferma Sacchi.<br />

Secondo lui, in Italia lo<br />

squilibrio economico già esisteva<br />

dovuto ad una ritrazione del<br />

mercato interno, avutosi negli<br />

ultimi cinque anni. Nella sua valutazione,<br />

solo le imprese italiane<br />

che hanno cercato l’internazionalizzazione<br />

erano in buona<br />

situazione. Sacchi racconta che<br />

settori di eccellenza <strong>italiana</strong> e<br />

di maggior flusso commerciale<br />

estero hanno già segnalato una<br />

domanda minore dovuto alla crisi,<br />

come quello alimentare, della<br />

moda, dell’industria di autoveicoli<br />

e dei mobili.<br />

Una delle partecipanti agli<br />

incontri affaristici è stata la Enel<br />

<strong>Brasil</strong>, sussidiaria dell’<strong>italiana</strong><br />

Enel SpA, uno dei maggiori produttori<br />

di energia nel mondo. Il<br />

suo presidente, Alessandro Karlin,<br />

dice che non cambierà la<br />

“decisione strategica” di investire<br />

in fonti brasiliane di energia<br />

rinnovabile. Secondo lui il <strong>Brasil</strong>e<br />

rappresenta “un paese importante<br />

per l’azienda”.<br />

— Magari la velocità dell’investimento<br />

previsto sarà un po’<br />

più lenta — pondera Karlin.<br />

Nei prossimi quattro anni<br />

l’Enel costruirà centrali eoliche<br />

e piccole centrali idroelettriche<br />

nelle regioni centro-ovest e sudest,<br />

dove già gestisce 20 centrali<br />

con potenza totale installata<br />

di 92 MW. Gli investimenti<br />

futuri, secondo Karlin, saranno<br />

di “centinaia di milioni di dollari”.<br />

Fin dal 1999, nelle due fasi<br />

di azione dell’azienda in <strong>Brasil</strong>e,<br />

di trasmissione e generazione di<br />

energia, gli investimenti totali<br />

sono stati di circa 800 milioni<br />

di dollari.<br />

Questi ultimi incontri affaristici<br />

hanno portato in <strong>Brasil</strong>e 23<br />

imprenditori italiani di vari settori.<br />

Sono state fatte riunioni a<br />

São Paulo, Belo Horizonte e Porto<br />

Alegre. A São Paulo la rappresentante<br />

del Ministero dello Sviluppo<br />

Economico italiano, Maria<br />

Concetta Giorgi, ha dichiarato ad<br />

una platea di 150 persone che gli<br />

Enel vai construir usinas eólicas<br />

e pequenas centrais hidrelétricas<br />

(PCH’s) nas regiões centro-oeste<br />

e sudeste, onde já gerencia 20<br />

centrais, com potência total instalada<br />

de 92 MW. O investimento<br />

futuro, segundo Karlin, será de<br />

“centenas de milhões de dólares”.<br />

Desde 1999, nas duas fases<br />

da atuação da empresa no <strong>Brasil</strong>,<br />

de transmissão e geração energética,<br />

o investimento total foi de<br />

aproximadamente 800 milhões<br />

de dólares.<br />

Essa última rodada de negócios<br />

trouxe ao <strong>Brasil</strong> 23 empresários<br />

italianos de diversos setores.<br />

Foram realizadas reuniões em<br />

São Paulo, Belo Horizonte e Porto<br />

Alegre. Em São Paulo, a representante<br />

do Ministério do Desenvolvimento<br />

Econômico da Itália,<br />

Maria Concetta Giorgi, declarou,<br />

para uma audiência de 150 pessoas,<br />

que o intercâmbio comercial<br />

entre os dois países são “favorecidos<br />

pelo empreendedorismo”<br />

dos empresários. Segundo<br />

ela, há uma “complementaridade”<br />

nos setores da agroindústria,<br />

tecnologia, biotecnologia, eletrônica,<br />

moda e design:<br />

— Em 2004, assinamos um<br />

protocolo de intenções para colaboração<br />

com o Sebrae (Serviço<br />

<strong>Brasil</strong>eiro de Apoio às Micro e Pequenas<br />

Empresas), para ampliar<br />

as joint-ventures entre brasileiros<br />

e italianos nos setores têxtil, alimentício,<br />

calçadista, mobiliário,<br />

mármore, elétrico, agrícola, água,<br />

papel e minérios. Nossa visita é<br />

também uma preparação para<br />

aquela do presidente Lula à Itália,<br />

programada para novembro.<br />

Francesco Paternò, secretário-geral<br />

da Câmara Ítalo-<strong>Brasil</strong>eira<br />

de Comércio, Indústria e<br />

Agricultura de São Paulo, sublinhou,<br />

durante o evento, que “o<br />

<strong>Brasil</strong> é o país do presente, não<br />

apenas do futuro, como se ouve<br />

Reunião<br />

há décadas”. Na sua opinião, o<br />

grande diferencial brasileiro em<br />

relação aos países emergentes “é<br />

a grande presença da comunidade<br />

<strong>italiana</strong>”: 25 milhões no país.<br />

De acordo com o Ministério do<br />

Desenvolvimento Indústria e Comércio<br />

Exterior, o comércio entre<br />

<strong>Brasil</strong> e Itália movimentou, em<br />

2007, 7,8 bilhões de dólares.<br />

Na reunião realizada em Belo<br />

Horizonte, Carlos Eduardo Abijaodi,<br />

gerente do Centro Internacional<br />

da Federação das Indústrias<br />

do Estado de Minas Gerais<br />

(Fiemg), afirmou que também<br />

crê que a crise não afetará tanto<br />

o sistema financeiro brasileiro<br />

em razão do país ter “uma<br />

rede bancária sólida e dos bons<br />

indicadores macroeconômicos<br />

alcançados”. Para ele, o governo<br />

tem tomado medidas preventivas<br />

“interessantes”.<br />

Colaboraram Marco Antonio<br />

Corteleti e Geraldo Coccolo Jr.<br />

Para muitos analistas, a atual crise é pior do que a de 1929. Se<br />

é verdade, ainda é cedo para saber. O que se sabe é que os líderes<br />

de quase todos os países estão em busca<br />

de uma salvação para suas economias. Por conta<br />

disso, o presidente norte-americano George<br />

Bush agendou para o dia 15 de novembro, em<br />

Washington, um encontro mundial para discutir<br />

a crise financeira. Os convidados são os países<br />

do G20, grupo que reúne as sete principais economias<br />

do mundo e países em desenvolvimento<br />

como <strong>Brasil</strong>, China e Índia.<br />

Empresários analisam potencialidades que os países podem unir<br />

Imprenditori studiano potenzialità che i paesi possono legare insieme<br />

interscambi commerciali tra i due<br />

paesi sono “favoriti dall’imprenditorialità”<br />

degli imprenditori.<br />

Secondo lei c’è una “complementarità”<br />

nei settori dell’industria<br />

agricola, tecnologia, biotecnologia,<br />

elettronica, moda e design:<br />

— Nel 2004 abbiamo siglato<br />

un protocollo d’intesa per collaborazioni<br />

con il Sebrae (Serviço<br />

<strong>Brasil</strong>eiro de Apoio às Micro e Pequenas<br />

Empresas) per ampliare le<br />

joint ventures tra brasiliani e italiani<br />

nei settori tessile, alimentare,<br />

calzaturifici, dei mobili, marmo,<br />

elettrico, agricolo, acqua,<br />

carta e minerali. La nostra visita<br />

è anche una preparazione per<br />

quella del presidente Lula in Italia,<br />

programmata per novembre.<br />

Francesco Paternò, segretario<br />

generale della Câmara Ítalo-<strong>Brasil</strong>eira<br />

de Comércio, Indústria e Agricultura<br />

di São Paulo durante l’evento<br />

ha sottolineato che “il <strong>Brasil</strong>e è<br />

un paese del presente, non solo del<br />

futuro, come si sente dire da de-<br />

Riunione<br />

Sebastião Jacinto Jr<br />

cenni”. Secondo lui la grande differenza<br />

del <strong>Brasil</strong>e in rapporto ai<br />

paesi emergenti “è la grande presenza<br />

della comunità <strong>italiana</strong>”: 25<br />

milioni. Secondo il Ministério do<br />

Desenvolvimento, Indústria e Comércio<br />

Exterior, nel 2007 il commercio<br />

tra il <strong>Brasil</strong>e e l’Italia ha<br />

mosso 7,8 miliardi di dollari.<br />

Durante la riunione realizzata<br />

a Belo Horizonte, Carlos Eduardo<br />

Abijaodi, direttore del Centro<br />

Internacional da Federação<br />

das Indústrias do Estado de Minas<br />

Gerais (Fiemg), ha detto che<br />

anche lui crede che la crisi non<br />

attingerà tanto il sistema finanziario<br />

brasiliano perché il paese<br />

ha “una rete bancaria solida e ha<br />

raggiunto dei buoni indicatori<br />

macroeconomici”. Secondo lui il<br />

governo ha preso decisioni preventive<br />

“interessanti”.<br />

Colaborazione di<br />

Marco Antonio Corteleti<br />

e Geraldo Coccolo Jr.<br />

Secondo molti analisti la crisi attuale è peggiore di quella del<br />

’29. Se è vero, è ancora presto per dirlo. Quello che si sa è che i<br />

leader di quasi tutti i paesi sono in cerca di un<br />

salvataggio per le loro economie. Per questo il<br />

presidente nordamericano George Bush ha messo<br />

in agenda per il 15 novembre, a Washington,<br />

un incontro mondiale per discutere la crisi<br />

finanziaria. Gli invitati sono i paesi del G20,<br />

gruppo che riunisce le sette principali economie<br />

del mondo e paesi in via di sviluppo come<br />

il <strong>Brasil</strong>e, la Cina e l’India.<br />

26 C o m u n i t à I t a l i a n a / No v e m b r o 2008<br />

N o v e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 27


negócios<br />

O homem<br />

do mármore<br />

E do granito. Aos 70 anos, o italiano Bruno Zanet está à frente de uma das<br />

principais empresas brasileiras exportadoras de rochas ornamentais do Espírito<br />

Santo. No mês passado, ele participou da 43ª Marmomacc, realizada em Verona<br />

Ele tinha 14 anos e não entendia<br />

nada sobre mármore<br />

e granito quando começou<br />

a se envolver no ramo.<br />

Tudo por “culpa” de seu irmão<br />

que trabalhava com túmulos de<br />

uma forma bem artesanal. Aos<br />

20, mesmo sem muito dinheiro,<br />

comprou e vendeu mármore na<br />

antiga Iugoslávia. Foi a partir<br />

daí, quando as atividades se estenderam<br />

para Bulgária, Turquia,<br />

Grécia e, depois, Portugal e Espanha,<br />

que Bruno Zanet percebeu o<br />

que a vida preparava para ele.<br />

Hoje, aos 70 anos, o italiano<br />

de Veneza se mantém firme<br />

e forte à frente da empresa que,<br />

desde 1990, é estabelecida no<br />

Espírito Santo. Foi naquela época<br />

que o governo brasileiro abriu<br />

oportunidades para que estrangeiros<br />

pudessem comprar áreas<br />

de mineração no país. A Marmi<br />

Bruno Zanet, que completou 50<br />

anos este ano, exporta 70% de<br />

seu mármore e granito atualmente<br />

para a China e os outros 30%<br />

para o resto do mundo.<br />

— Comecei a trabalhar nessa<br />

área em 1958, na ex-Iugoslávia.<br />

Eu nem gostava da pedra.<br />

Foi uma época difícil. A Itália era<br />

proibida de importar a pedra. Eu<br />

sou nascido no município de Veneza,<br />

uma cidade que foi construída<br />

toda com pedras. Na época,<br />

só os marmoristas de Veneza<br />

poderiam receber a licença de<br />

importação. Em 1963, a importação<br />

foi desbloqueada — diz ele,<br />

que comercializa 200 qualidades<br />

diferentes de rochas.<br />

Depois de uma crise no mercado<br />

de mármore, em 1978, Zanet<br />

começou a trabalhar também<br />

com o granito. Atualmente,<br />

o empresário e o filho moram no<br />

<strong>Brasil</strong> enquanto a filha e o genro<br />

vivem na Itália para administrar<br />

as quatro empresas do grupo: duas<br />

em Carrara e duas em Verona.<br />

<strong>Como</strong> não poderia deixar de<br />

ser, a empresa de Zanet participou<br />

da 43ª Feira Internacional<br />

de Mármore, Pedras, Desenho e<br />

Tecnologia (Marmomacc), realizada<br />

em outubro, em Verona,<br />

na Itália. Segundo o “homem do<br />

mármore”, nem mesmo a atual<br />

crise econômica impediu o sucesso<br />

do evento.<br />

Nay r a Garofle<br />

— Tinha muita gente desanimada<br />

e depois que a feira começou<br />

isso mudou. Este ano teve<br />

um grande fluxo de países do<br />

oeste, como Rússia e Romênia.<br />

Apesar de ter acontecido no mesmo<br />

período da crise econômica,<br />

de um modo geral a feira foi boa.<br />

Eu preciso ressaltar que o mercado<br />

vai estar sempre nas mãos<br />

do produtor que têm jazidas próprias.<br />

Está acabando o intermediário<br />

— afirma.<br />

Marmomacc<br />

Além das jazidas no Espírito<br />

Santo, Bahia e Minas Gerais, as<br />

empresas do grupo também vendem<br />

mármore e granito da Ucrânia,<br />

Rússia, Índia, Turquia, Grécia<br />

e Sul da África.<br />

Segundo o empresário, os<br />

mármores mais valiosos e vendidos<br />

por sua empresa são o<br />

Amarelo São Francisco Real e o<br />

Ouro <strong>Brasil</strong>.<br />

— São os designers e arquitetos<br />

que ditam quais são<br />

os mármores do momento e esses<br />

são os mais valiosos. É uma<br />

certa questão de moda. No ano<br />

passado, vendemos cerca de 80<br />

mil toneladas de blocos — conta<br />

Bruno.<br />

O Espírito Santo é o maior<br />

produtor e exportador de rochas<br />

ornamentais do <strong>Brasil</strong>. O estado<br />

respondeu por cerca de 65% das<br />

exportações do país, em 2007.<br />

Foram 726 milhões de dólares<br />

em vendas para o exterior, no<br />

ano passado, contra 679,9 milhões<br />

de dólares em 2006. Do<br />

total de 1,5 milhão de toneladas<br />

de blocos e chapas exportadas<br />

em 2007 pelo Espírito Santo, a<br />

China e a Itália compraram cerca<br />

de 700 mil toneladas de blocos,<br />

enquanto os EUA consumiram<br />

mais de 80% das 700 mil toneladas<br />

de chapas, seguido do mercado<br />

canadense.<br />

Dezoito empresas capixabas participaram da 43ª Marmomacc.<br />

O Espírito Santo foi representado pelo secretário de Desenvolvimento<br />

do Governo do Estado, Guilherme Dias. De acordo com<br />

a secretaria, no ranking mundial dos maiores produtores de rochas<br />

ornamentais, o <strong>Brasil</strong> ocupa o 4º lugar, com mais de 7,5 milhões<br />

de toneladas. E, entre os maiores exportadores, ocupa o 5º lugar,<br />

com cerca de 2,6 milhões de toneladas.<br />

Este ano, a crise no mercado imobiliário norte-americano e<br />

as sucessivas quedas do dólar fizeram as exportações caírem. No<br />

mês de julho, segundo dados do Centrorochas, o recuo chegou a<br />

16,32%, se comparado com as vendas do mesmo período de 2007.<br />

No Espírito Santo, a queda foi ainda mais acentuada: 21,91%. Mesmo<br />

assim, as exportações de rochas movimentaram 93 milhões de<br />

dólares no <strong>Brasil</strong>, sendo 59 milhões de dólares no Espírito Santo.<br />

28<br />

C o m u n i t à I t a l i a n a / No v e m b r o 2008


feira<br />

feira<br />

Feira de<br />

idéias<br />

Inovatec vira palco para o governo de<br />

Minas anunciar investimentos no setor<br />

de pesquisa e tecnologia. A Itália foi o<br />

primeiro país convidado para o evento e<br />

marcou presença na quarta edição da feira<br />

Br e n n o Ro c h a e Marco An to n i o Corteleti, em MG<br />

O<br />

governo de Minas Gerais<br />

vai investir 80 milhões de<br />

reais no desenvolvimento<br />

de pesquisa, ensino e inovação<br />

tecnológica no estado. O<br />

conjunto de medidas que garante<br />

esse investimento no setor foi assinado<br />

pelo governador Aécio Neves<br />

durante a 4ª Inovatec – Feira<br />

de Ciência, Tecnologia e Inovação,<br />

realizada mês passado, em<br />

Belo Horizonte. Ao lado do governador,<br />

esteve o ministro de Ciência<br />

e Tecnologia, Sérgio Rezende.<br />

Maior evento brasileiro de divulgação<br />

e incentivo às inovações<br />

tecnológicas, a feira, pela<br />

primeira vez, teve um país convidado:<br />

a Itália. Por conta disso,<br />

empresas <strong>italiana</strong>s como Ibiritermo,<br />

Fiat, TIM, Brembo e OMR<br />

ocuparam mil metros quadrados<br />

da Expominas para apresentar<br />

suas novidades.<br />

Para o presidente da Câmara<br />

Ítalo-<strong>Brasil</strong>eira de Comércio, com<br />

sede em Belo Horizonte, Giacomo<br />

Regaldo, esta proximidade entre<br />

Itália e Minas é importante porque<br />

permitirá às empresas locais<br />

terem acesso direto às empresas<br />

<strong>italiana</strong>s, “caracterizadas por serem<br />

de pequeno e médio porte,<br />

porém muito dinâmicas”.<br />

— As empresas participantes<br />

poderão avaliar, em conjunto, as<br />

possibilidades de parceria comercial<br />

ou de transferência tecnológica<br />

— afirma Regalo.<br />

Segundo ele, na Itália, aproximadamente<br />

71% dos investimentos<br />

em pesquisa e desenvolvimento<br />

são realizados pelas empresas.<br />

No ano passado, o montante<br />

destinado ao setor foi de<br />

11,5 milhões de euros.<br />

Diretora de Inovação, Pesquisa<br />

e Universidade da Região do<br />

Piemonte, Erica Gay também participou<br />

do evento. Seu interesse,<br />

além de discutir temas de comum<br />

interesse entre os dois países, era<br />

o de observar o desempenho das<br />

empresas <strong>italiana</strong>s no <strong>Brasil</strong>.<br />

Para o governo de Minas, a<br />

Inovatec foi uma oportunidade<br />

para mostrar o potencial do estado<br />

para atrair novos investimentos.<br />

Por conta disso, o governador<br />

Neves aproveitou o evento<br />

para também anunciar um acréscimo<br />

de 30 milhões de reais ao<br />

orçamento deste ano da Fundação<br />

de Amparo à Pesquisa de Minas<br />

Gerais (Fapemig). Segundo<br />

ele, essa medida fará com que o<br />

setor alcance a marca de 200 milhões<br />

de reais em novos aportes.<br />

— Somados aos demais recursos<br />

do Tesouro Estadual e a<br />

outros captados de fontes diversas,<br />

o governo vai investir cerca<br />

de 3 bilhões de reais até 2010 —<br />

informa Aécio Neves.<br />

Em parceria com a Fapemig<br />

e Finep (Financiadora de Estudos<br />

e Projetos do ministério da Ciência<br />

e Tecnologia), a secretaria<br />

de Ciência e Tecnologia liberou<br />

20,5 milhões de reais para o início<br />

dos 71 projetos contemplados<br />

pelo Programa de Apoio à<br />

Pesquisa em Empresas (Pappe),<br />

que permite o investimento de<br />

recursos não-reembolsáveis em<br />

empresas de base tecnológica,<br />

buscando a competitividade dos<br />

seus produtos.<br />

A 4ª Inovatec, que recebeu<br />

um público de cerca de 10 mil<br />

pessoas, reuniu universidades,<br />

empresas públicas e privadas,<br />

centros de pesquisa e instituições<br />

de fomento ao setor. Os expositores<br />

apresentaram pesquisas<br />

e avanços em novas tecnologias<br />

para a produção industrial<br />

e os benefícios para a vida moderna.<br />

Entre os diversos produtos<br />

que puderam ser conferidos pelo<br />

público está o transmissor de potência<br />

para TV digital desenvolvido<br />

pela STB (Superior Technologies<br />

in Broadcasting), de Santa<br />

Rita do Sapucaí, com apoio da<br />

Fapemig, que destinou ao projeto<br />

142 mil reais.<br />

O presidente da Câmara de Comércio, Giacomo Regaldo, acompanhado<br />

da diretora de Inovação, Pesquisa e Universidade do Piemonte, Erica Gay<br />

e o secretário de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais,<br />

Alberto Duque Portugal. No alto, o ministro de Ciência e Tecnologia,<br />

Sérgio Resende, o governador Aécio Neves, o secretário Duque Portugal, e<br />

a deputada Gláucia Brandão e Regaldo.<br />

Provocação<br />

Uma das palestras mais requisitadas do evento foi a do sociólogo<br />

italiano Domenico De Masi. Ele falou sobre “Criatividade,<br />

Inovação e Trabalho”. O sociólogo fechou o ciclo de aulas<br />

magnas dos conferencistas internacionais, no segundo dia do<br />

evento. Aproximadamente 400 pessoas acompanharam sua apresentação.<br />

O sociólogo disse que, em 200 anos, o mundo se transformou<br />

e “chegou” na era pós-industrial. Nessa “fase”, a produção<br />

de idéias se caracteriza por não ter horários fixos. As empresas,<br />

porém, continuam a marcar o tempo do trabalho, o que, na opinião<br />

do sociólogo, “limita a criatividade”.<br />

Raquel Alves (da CCIB)<br />

A crise<br />

voa longe<br />

Apesar do momento, aparentemente, caótico na economia mundial, o setor<br />

turístico pode aproveitar o período para atrair estrangeiros para o <strong>Brasil</strong>. Essa<br />

era a expectativa de operadores da área, durante Feira das Américas, no Rio<br />

A<br />

cidade maravilhosa é o cenário<br />

escolhido pela Associação<br />

<strong>Brasil</strong>eira de Agências<br />

de Viagens (Abav) para<br />

realizar, anualmente, sua feira<br />

de turismo. Este ano, num espaço<br />

maior do que 50 mil metros quadrados,<br />

mais de três mil expositores<br />

ocuparam os cinco pavilhões<br />

do Riocentro, na zona oeste do<br />

Rio, para apresentar seus destinos<br />

e suas melhores ofertas. Não diferente<br />

das edições anteriores, mostrar<br />

o inusitado e as novidades do<br />

setor foi o artifício utilizado pelas<br />

agências e secretarias de turismo.<br />

Porém, uma pergunta não se calou:<br />

o setor turístico já sente os<br />

efeitos da atual crise econômica<br />

Na opinião do presidente da<br />

Abav, Carlos Alberto Amorim Ferreira,<br />

a crise nos mercados americano<br />

e europeu é uma chance de<br />

atrair mais turistas estrangeiros.<br />

Segundo ele, a facilidade de se<br />

obter informações através da internet<br />

também força uma mudança<br />

de pensamento dos operadores<br />

da área, já que este é o principal<br />

motivo que leva os clientes a dispensarem<br />

o serviço das agências.<br />

— As condições no passado<br />

eram mais confortáveis, mas não<br />

podemos voltar atrás. Por isso, é<br />

imperativo ver um desafio em cada<br />

oportunidade — afirma Ferreira.<br />

O ministro do Turismo, Luiz<br />

Barreto, concorda com o presidente<br />

da Abav. Durante o evento,<br />

ele lembrou que a baixa do dólar<br />

se tornou um atrativo para os<br />

estrangeiros, no <strong>Brasil</strong>. Segundo<br />

Barreto, o governo continua observando<br />

o cenário “sem deixar<br />

de acompanhar com atenção o<br />

desenrolar da crise”.<br />

— Este é um momento de<br />

oportunidade. O mercado interno<br />

terá uma grande movimentação.<br />

O dólar cotado a R$ 2,20 significa<br />

que o <strong>Brasil</strong> é um lugar barato<br />

para os estrangeiros — diz.<br />

O governador do Rio, Sérgio<br />

Cabral, também prestigiou a feira<br />

e discursou rapidamente dando<br />

as boas-vindas aos operadores,<br />

além de desejar bom trabalho<br />

aos agentes de viagem “na cidade<br />

mais bonita do mundo”.<br />

Segundo o diretor comercial<br />

internacional da agência CVC,<br />

Michael Barkoczy, não há motivo<br />

para se preocupar, no momento,<br />

com a “nuvem preta” que paira<br />

sobre a economia mundial.<br />

— É claro que existe uma insegurança<br />

por parte dos viajantes.<br />

Devemos ficar alerta, mas<br />

não preocupados. Os pacotes que<br />

deveriam ser vendidos já foram<br />

vendidos. Acredito que tudo isso<br />

vai passar daqui uns dois meses<br />

e, por isso, o setor turístico não<br />

vai nem sentir os efeitos — acredita<br />

Barkoczy.<br />

O diretor explica que mesmo<br />

diante da crise econômica, a<br />

CVC, que atua no <strong>Brasil</strong> e opera<br />

na Europa, tendo a Itália como<br />

um dos destinos mais procurados<br />

pelos turistas, teve até o momento<br />

um crescimento de 28%<br />

com relação ao mesmo período<br />

do ano passado.<br />

Nay r a Garofle<br />

Ernane Assumpção<br />

Para a responsável pela Agência<br />

Nacional do Turismo Italiano<br />

(Enit) no <strong>Brasil</strong>, Fernanda Morici,<br />

ainda é muito cedo para falar sobre<br />

as conseqüências da crise no<br />

setor turístico.<br />

— É prematuro falar sobre os<br />

resultados da crise porque as pessoas<br />

ainda tentam entender o que<br />

está acontecendo. Depois, se tiver<br />

uma diminuição do movimento,<br />

que eu acredito que não terá, mas<br />

se tiver, haverá uma procura por<br />

saídas para compensar a alta do<br />

dólar ou a alta do euro. De repente,<br />

os serviços ficarão mais baratos<br />

para que não se sinta tanta diferença<br />

assim com relação ao câmbio<br />

e para que as pessoas possam<br />

continuar viajando. De imediato,<br />

não acho que a crise vai interferir<br />

no nosso setor — avalia.<br />

Fernanda explica que a Enit<br />

continua trabalhando para divulgar<br />

todas as regiões <strong>italiana</strong>s.<br />

Para isso, está realizando seminários<br />

nas capitais brasileiras,<br />

além de convidar operadores de<br />

agências de viagens e jornalistas<br />

para conhecer a Itália.<br />

— O nosso trabalho é divulgar<br />

as 20 regiões do país. De dois<br />

nos para cá, cerca de 400 mil<br />

brasileiros viajaram para a Itália.<br />

Este ano, esperamos um crescimento<br />

de até 30% — diz.<br />

30<br />

C o m u n i t à I t a l i a n a / No v e m b r o 2008


atualidade<br />

Trabalho<br />

na mesa<br />

Questões como imigração, exploração infantil e direitos foram<br />

discutidos no <strong>Brasil</strong> por especialistas italianos<br />

O<br />

imigrante representa ou<br />

não um perigo para trabalhadores<br />

locais <strong>Como</strong><br />

o mercado de trabalho<br />

atual lida com o assédio moral e<br />

a exploração infantil Essas foram<br />

algumas das questões discutidas<br />

em dois eventos realizados<br />

no <strong>Brasil</strong> e que trouxeram, para o<br />

país, docentes italianos especializados<br />

no assunto.<br />

Segundo o professor de Direito<br />

Trabalhista Fabio Petrucci,<br />

o que está na pauta de debates,<br />

agora, é a “compatibilização”<br />

da disciplina de trabalho entre<br />

os vários países que compõem a<br />

União Européia.<br />

— O trabalho é a base da república<br />

<strong>italiana</strong> e também para<br />

a União Européia é um princípio<br />

básico. Na Itália, muito se tem<br />

falado, por exemplo, sobre a presença<br />

de romenos, que têm uma<br />

disciplina de trabalho, digamos,<br />

um pouco mais baixa que a de<br />

outros países — analisa Petrucci<br />

que leciona Direito Social e do<br />

Trabalho como docente convidado<br />

na Pontifícia Universidade Católica<br />

de Minas Gerais e Curitiba.<br />

Ele e outros três professores<br />

italianos participaram do 3º Seminário<br />

Ítalo-brasileiro de Direito<br />

do Trabalho, realizado no Rio;<br />

e o Seminário Internacional do<br />

Direito do Trabalho, em Fortaleza.<br />

Os encontros abordaram temas<br />

como trabalho infantil e assédio<br />

moral e a necessidade de<br />

Sílvia So u z a<br />

se estabelecer pontes que regulamentem<br />

e punam praticantes<br />

de irregularidades.<br />

De acordo com Petrucci, o<br />

preconceito com o que são vistos<br />

os imigrantes tende a diminuir<br />

quando esses estrangeiros<br />

não representam ameaças aos<br />

trabalhadores locais. Isso sem<br />

falar que, entrando na Itália legalmente,<br />

o imigrante está sujeito<br />

às mesmas regras que qualquer<br />

outro cidadão do país. Há,<br />

porém, problemas nesse trânsito<br />

que precisam ser acompanhados<br />

de perto.<br />

— Algumas questões exigem<br />

respostas mais urgentes como o<br />

trabalho infantil, por exemplo,<br />

que deve ser combatido com<br />

uma normativa penal rígida. E as<br />

mortes no ambiente de trabalho<br />

também. Na Itália, ocorrem mais<br />

no Sul e o setor de construção civil<br />

tem maior número de casos. A<br />

vinda ao <strong>Brasil</strong> apresenta discussões<br />

que só vão melhorar nossas<br />

pesquisas — comenta Petrucci.<br />

Para quem deseja encarar o<br />

trabalho na bota, o médico curitibano<br />

ítalo-brasileiro Pedro Reggiani<br />

Anzuategui criou o site www.<br />

minhaitalia.com.br onde muitas<br />

dicas podem ser encontradas. Ele<br />

observa que “o trabalhador tem<br />

força na Itália”.<br />

— Lá, a oferta de empregos<br />

é grande, principalmente nos níveis<br />

menos especializados. Isso<br />

faz com que o trabalhador não<br />

tenha aquele medo intenso de<br />

perder o emprego, como acontece<br />

com o trabalhador no <strong>Brasil</strong>,<br />

que se sujeita a coisas horríveis<br />

— afirma ele que morou cinco<br />

anos na Itália.<br />

Segundo Anzuategui, “o italiano<br />

enfrenta o patrão e impõe<br />

respeito”. O médico conta que<br />

várias vezes presenciou trabalhadores<br />

que se recusavam a fazer<br />

algum trabalho por ser “muito<br />

pesado” ou “não adequado para<br />

o seu perfil”. Ele afirma que o<br />

trabalho informal na Itália não é<br />

Fotos: Ernane Assumpção<br />

tão disseminado como no <strong>Brasil</strong>.<br />

Existe, “mas apenas entre círculos<br />

fechados como discotecas ou<br />

pequenas lojas”.<br />

Na maioria dos casos, o trabalho,<br />

na Itália, será formal,<br />

com todas as garantias sociais.<br />

Isso, porém, não livra os funcionários<br />

do assédio moral. Com<br />

o agravante que essa questão<br />

ainda não está bem resolvida<br />

em termos de legislação. O professor<br />

Antonio Pileggi, da Universidade<br />

de Roma, informa que<br />

entidades internacionais sinalizam<br />

que, na Itália, 4% dos trabalhadores<br />

seriam vítimas desse<br />

problema.<br />

— Nós, que lidamos diariamente<br />

com o assunto, sabemos<br />

que esse número é pequeno. Isso<br />

acontece porque a maioria das<br />

pessoas não denuncia os casos<br />

de assédio moral, com medo de<br />

retaliação — afirma.<br />

No <strong>Brasil</strong><br />

Até o mês de agosto, o quadro<br />

do emprego formal, no <strong>Brasil</strong>,<br />

era favorável aos trabalhadores.<br />

O Cadastro Geral de Empregados<br />

e Desempregados (Caged) registrou<br />

a criação de mais de 1,8<br />

Pequenos escravos<br />

Prostituição, trabalho forçado<br />

e imposição à pratica da<br />

mendicância são as principais<br />

causas de exploração sofridas<br />

por crianças provenientes do<br />

Leste Europeu e da África, na<br />

Itália. A denúncia faz parte do<br />

relatório “Pequenos Escravos”<br />

da divisão <strong>italiana</strong> da organização<br />

Save the Children. Nigéria<br />

e Romênia seriam os países<br />

que mais atuariam no tráfico de<br />

pessoas e segundo o documento,<br />

938 crianças e adolescentes<br />

exploradas foram atendidas na<br />

Itália entre 2000 e 2007.<br />

— O número de vítimas pode<br />

ser maior por que muitas<br />

crianças são ‘invisíveis’ não recebendo<br />

proteção ou qualquer<br />

tipo de assistência. As crianças<br />

são úteis para os grupos que se<br />

dedicam à exploração, pois são<br />

mais fáceis de aliciar e, no caso<br />

da mendicância, despertam<br />

compaixão. Além disso, os menores<br />

de 14 anos não são imputáveis<br />

criminalmente — explica<br />

a coordenadora da área de proteção<br />

da ONG, Carlotta Bellini.<br />

milhão de novas vagas preenchidas<br />

no país, superando a meta<br />

que o Ministério do Trabalho<br />

e Emprego (MTE) estabelecera<br />

para todo o ano de 2008. Nos<br />

primeiros oito meses de 2007, o<br />

mesmo índice ficou em 1,3 milhão<br />

de empregos. O recorde anterior,<br />

do ano de 2004, era de<br />

1,4 milhão.<br />

O percentual de pessoas no<br />

trabalho formal atingiu 49% do<br />

total dos ocupados, segundo dados<br />

do 1º quadrimestre de 2008<br />

Especialistas em Direito do Trabalho, os professores Antonio Pileggi e Fabio Petrucci<br />

comentam sobre trabalho escravo e assédio moral na Itália<br />

da Pesquisa Mensal de Emprego<br />

(PME) do Instituto <strong>Brasil</strong>eiro de<br />

Geografia e Estatística (IBGE).<br />

Um dos grandes movimentos<br />

no setor trabalhista, no país,<br />

se deu em junho quando foi<br />

lançada, oficialmente, a Frente<br />

Nacional Contra o Trabalho Escravo.<br />

No momento, está em tramitação,<br />

no Congresso Nacional,<br />

a Proposta de Emenda Constitucional<br />

(PEC) 438 que determina<br />

a expropriação (sem pagamento<br />

de indenização) de propriedades<br />

Dicas de Reggiani<br />

onde for constatada a exploração<br />

de mão-de-obra escrava.<br />

Para o procurador Jonas Ratier<br />

Moreno, da Coordenadoria Nacional<br />

de Erradicação do Trabalho Escravo<br />

(Conaete) do Ministério Público<br />

do Trabalho (MPT), a aprovação<br />

da PEC seria uma resposta “à<br />

altura aos questionamentos internacionais<br />

à produção agropecuária<br />

brasileira”. Segundo ele, há acusações<br />

de que produtos brasileiros<br />

podem estar “sujos” pela utilização<br />

de mão-de-obra escrava.<br />

experiência adquirida por Reggiani na Itália fez com que, aqui<br />

A no <strong>Brasil</strong>, o médico transmitisse seus conhecimentos. No seu<br />

site, ele fala a respeito de profissões valorizadas, direitos trabalhistas,<br />

salários e até condições para quem tem dupla cidadania:<br />

● A Itália precisa de mão de obra de todo tipo, especializada e<br />

não especializada. Atividades como a de soldador, eletricista,<br />

mecânico e marceneiro geram trabalho quase que imediatamente.<br />

O emprego altamente especializado (título universitário) pode<br />

ser mais demorado para se encontrar, porém o retorno financeiro<br />

será maior.<br />

● As garantias sociais do trabalho existem e funcionam bem. Existe,<br />

além do 13° salário, o 14° salário, que é pago em julho. Alguns<br />

outros direitos dos trabalhadores são: garantia contra doenças e<br />

acidentes de trabalho, férias longas e remuneradas, licença maternidade<br />

(que pode ser de até 9 meses) e outras licenças garantidas<br />

por lei como greve e problemas pessoais.<br />

● O salário mínimo italiano é cerca de 900 euros. Com esta quantia<br />

um cidadão que não é casado e não tem filhos pode manter um carro,<br />

pagar um aluguel, ter celular, sair à noite, viajar e ir a restaurantes.<br />

São poucos os italianos que ganham salário mínimo e isto ocorre<br />

normalmente no início da carreira e com os menos qualificados.<br />

● Pode acontecer de os empregadores preferirem estrangeiros (com<br />

cidadania <strong>italiana</strong>) porque entendem que aqueles que vêm de países<br />

em desenvolvimento estão acostumados a trabalhar “bastante”,<br />

ou seja, não ligam de fazer hora extra ou trabalhar domingos<br />

ou feriados em troca de um incremento no salário. Em determinadas<br />

áreas, onde se precisa de conhecimentos específicos, pode não<br />

ser uma vantagem ser estrangeiro, mas em outras (por exemplo,<br />

trabalho com turismo, tradução, música, multinacionais), o fato<br />

de ser ítalo-brasileiro é uma vantagem franca.<br />

32 C o m u n i t à I t a l i a n a / No v e m b r o 2008<br />

N o v e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 33


diplomazia<br />

In partenza<br />

Dopo quattro anni, il console di’Italia a Rio de Janeiro si congeda dal<br />

<strong>Brasil</strong>e portandosi nei bagagli abitudini prettamente cariocas. Qui<br />

lascia un’eredità di azioni che segnano la presenza <strong>italiana</strong> nella città<br />

Pan di Zucchero, caipirinha<br />

e churrasco sono cose che<br />

incantano tutti i turisti<br />

che visitano Rio de Janeiro.<br />

Non solo loro. Anche i carioca<br />

adorano tutto ciò. Cosa dire, allora,<br />

di un italiano che diventa<br />

cittadino onorario della città E<br />

questi è un italiano che ha proprio<br />

il Pan di Zucchero come vista<br />

dall’appartamento dove ha<br />

abitato negli ultimi quattro anni.<br />

Questo “italo-carioca” è il console<br />

italiano a Rio de Janeiro, Massimo<br />

Bellelli. Però adesso comincia<br />

a fare le valigie. Dopo otto<br />

anni fuori dall’Italia, ritorna con<br />

la famiglia a Roma, dove lavorerà<br />

al ministero degli Esteri.<br />

Bellelli porterà nei suoi bagagli<br />

i titoli di cittadino onorario<br />

carioca e fluminense. Questi<br />

omaggi non gli sono stati attribuiti<br />

per prassi protocollare. Riflettono<br />

bene il tipo di azioni del<br />

console nella città e nello stato di<br />

Rio de Janeiro. Non è un caso che<br />

lui sia un autentico napoletano. E<br />

sono proprio i napoletani i primi<br />

a dire che Rio e Napoli sono città<br />

che hanno molto in comune.<br />

— Sono nato a Zagabria e sono<br />

abituato a questo “jeitinho”di<br />

tentare di risolvere le cose con il<br />

carisma che solo i carioca hanno.<br />

Spesso io stesso ho presentato<br />

agli italiani che ci hanno visitato<br />

questa caratteristica che ritroviamo<br />

qui — commenta il console,<br />

53 anni, padre di tre figli.<br />

Prima di venire a Rio, Bellelli<br />

è stato console aggiunto a São<br />

Paulo agli inizi degli anni ’90.<br />

Poi ha lavorato a Bruxelles (Belgio)<br />

come capo del settore commerciale.<br />

I suoi primi due figli<br />

sono nati a São Paulo. Invece il<br />

più piccolo è nato in Italia.<br />

L’integrazione del console<br />

con la città sede della sua circoscrizione<br />

(che serve anche gli<br />

La vista che il console contempla<br />

dal terrazzo del Consolato.<br />

Accanto, in posa al Pan di<br />

Zucchero in una visita ufficiale<br />

Sílvia So u z a<br />

stati Espírito Santo e Bahia) è<br />

stata inevitabile. Ancora prima<br />

di trattarsi di un’affinità particolare,<br />

Bellelli ha capito che questo<br />

sarebbe stato fondamentale<br />

per il buon disimpegno del suo<br />

lavoro. In fondo, quando è arrivato<br />

qui la prima cosa che ha<br />

capito è stata che il carioca non<br />

sapeva nemmeno dov’era il consolato<br />

italiano.<br />

— Ho preso un taxi ed ho<br />

chiesto che mi portasse al consolato.<br />

L’autista non sapeva dove<br />

rimaneva e mi ha chiesto l’indirizzo.<br />

Quando gli ho detto che<br />

era all’avenida Presidente Antonio<br />

Carlos, lui mi ha detto: ‘Ah,<br />

accanto al consolato della Francia’<br />

— ricorda.<br />

Da quel momento, Bellelli ha<br />

deciso che bisognava fare qualcosa<br />

affinché la sede del consolato<br />

Roberth Trindade<br />

diventasse riferimento per i discendenti<br />

di italiani e per la popolazione<br />

della città in generale.<br />

Si è reso conto che una grande<br />

opportunità potevano essere i festeggiamenti<br />

per la Proclamazione<br />

della Repubblica Italiana. Così, tre<br />

anni fa, ha instituito la Festa della<br />

Repubblica. La prima edizione,<br />

ancora timida, ha avuto luogo per<br />

la strada, di fronte al consolato.<br />

L’evento si è ingrandito e, dall’anno<br />

seguente, si è “trasferito” nella<br />

piazza Virgílio de Melo Franco, che<br />

rimane dietro al palazzo.<br />

— Con la festa abbiamo segnato<br />

la nostra presenza, abbiamo<br />

presentato le istituzioni che aiutiamo<br />

e abbiamo reso noto il lavoro<br />

che facciamo. Senza dubbio<br />

è stata un’iniziativa che ci ha reso<br />

più visibili — valuta il console.<br />

Anche se è alla fine del mandato,<br />

Bellelli ancora si impegna<br />

per mettere in pratica due progetti.<br />

Uno di essi è la riqualificazione<br />

della Piazza Italia, spazio<br />

che include la strada laterale del<br />

consolato, all’angolo tra le avenidas<br />

Beira Mar e presidente Antonio<br />

Carlos. L’altro è la creazione<br />

di una scuola <strong>italiana</strong> con formazione<br />

per poter corrispondere ai<br />

curriculum brasiliano e italiano.<br />

Bellelli racconta che il progetto<br />

della piazza, presentanto al<br />

sindaco due anni fa, include come<br />

abbellimento un busto dell’imperatrice<br />

Teresa Cristina, p la moglie<br />

napoletana di Dom Pedro II, oltre<br />

ad una illuminazione scenica. Secondo<br />

lui, si tratta di un progetto<br />

che “c’è da un po’ di tempo, ma<br />

che la burocrazia ritarda sempre”.<br />

Invece la scuola è il recupero di<br />

un’istituzione che è già esistita.<br />

Secondo il console, bisogna creare<br />

un luogo di insegnamento “che<br />

apra le porte dell’Europa per figli<br />

e discendenti di italiani”.<br />

Tra i lavori portati a termine,<br />

Bellelli mette in risalto l’avvicinamento<br />

con l’Academia <strong>Brasil</strong>eira<br />

de Letras, in partenariati letterari<br />

e accordi; la pubblicazione di<br />

una guida e di un’agenda consolare<br />

e l’impiantazione, da tre anni,<br />

della tessera Clube Itália, gestita<br />

dal Comitato Olimpico Nazionale<br />

Italiano (CONI). Il documento dà<br />

sconti agli associati in ristoranti,<br />

farmacie e vari altri negozi. Una<br />

delle cose di cui va orgoglioso è<br />

l’adozione di un’assicurazione sanitaria<br />

per italiani carenti della<br />

circoscrizione. Di recente il console<br />

“carioca” ha inaugurato nel<br />

palazzo del consolato la Sala Roma,<br />

dove vengono proiettati tutte<br />

le settimane film italiani.<br />

Nel campo della politica<br />

il console considera come fiore<br />

all’occhiello della sua gestione<br />

il viaggio con il governatore<br />

fluminense Sergio Cabral in Italia,<br />

l’anno scorso. Secondo lui,<br />

l’esperienza come cicerone ha<br />

contribuito all’approfondimento<br />

delle relazioni tra le regioni visitate<br />

e lo stato di Rio.<br />

— Mi piace seguire tutto da<br />

vicino e mi sono sforzato per essere<br />

presente in vari luoghi. È una<br />

brutta cosa che la colonia si muova<br />

e non riceva appoggio dal governo<br />

italiano. Mi ha interessato molto<br />

accompagnare l’équipe fluminense,<br />

perché questo percorso inverso<br />

non è comune. Siamo passati in<br />

Calabria (durante i festeggiamenti<br />

per i 500 anni di San Francesco di<br />

Paola), in Sicilia e in Campania e in<br />

tutti i posti abbiamo potuto sfruttare<br />

le peculiarità con lo sguardo di<br />

chi sta dentro — ha detto.<br />

Durante la gestione di Bellelli<br />

il consolato italiano a Salvador è<br />

stato portato alla posizione di onorario,<br />

l’unico in <strong>Brasil</strong>e. Nell’area<br />

economica, il console crede che le<br />

sue azioni abbiano permesso il recupero<br />

di partnership tra imprese<br />

italiane e italo-brasiliane. La prima<br />

porta aperta per questo percorso<br />

è stata la tradizionale Feira<br />

da Providência, realizzata tutti gli<br />

anni dalla Archidiocesi di Rio. In<br />

questa tappa, Bellelli ha potuto<br />

contare sul grande aiuto della moglie<br />

Matilde:<br />

— Persone legate all’evento<br />

mi hanno chiesto aiuto per l’importazione<br />

di prodotti. Ho designato<br />

mia moglie per seguire tutto<br />

il processo. Gli organizzatori sono<br />

rimasti sorpresi perché, fino a quel<br />

momento, questo non era un procedimento<br />

comune. In realtà pensavano<br />

che fosse un errore non<br />

avere una nostra presenza effettiva<br />

all’evento. Abbiamo cominciato<br />

a portare i prodotti da lanciare sul<br />

mercato. Matilde coordinava tutto<br />

e “ha vestito la camicia”, come si<br />

dice qui — racconta Bellelli.<br />

Ancora nel campo degli affari,<br />

il console mette in risalto<br />

l’apertura dell’ufficio dell’Instituto<br />

Italiano para o Comércio Exterior<br />

(ICE) a Rio come “un differenziale”<br />

dell’azione. E racconta<br />

che, quando è arrivato in città,<br />

“non c’erano queste attenzioni”.<br />

— Ci siamo mossi per collegare<br />

tutte le sfere in cui abbiamo<br />

agito e così le azioni sociali,<br />

politiche, economiche e culturali<br />

hanno avuto un più rappresentativo<br />

riscontro. Abbiamo sfruttato<br />

tutte le opportunità per rendere<br />

noto questo lavoro di insieme —<br />

mette in risalto Bellelli, che è laureato<br />

in Legge presso l’Università<br />

di Roma ed è dottore in Economia,<br />

indirizzo Gestione Aziendale,<br />

presso l’Università di Ginevra.<br />

Lettore vorace, il console di<br />

solito legge da due a tre libri simultaneamente.<br />

Per ciò che riguarda<br />

i libri brasiliani, preferisce<br />

opere storiche e che si occupino<br />

In alto, una foto di Bellelli<br />

nel suo ufficio. Accanto, in<br />

omaggio concesso dal governo<br />

italiano all’architetto Oscar<br />

Niemeyer. Sotto, accanto alla<br />

moglie, Matilde, in uno dei suoi<br />

momenti da fotografo<br />

di politica. Ma come autore, preferisce<br />

lasciare il paese con una<br />

pubblicazione nell’area gastronomica.<br />

Si tratta di un libro di ricette<br />

della cucina mediterranea per<br />

giovani, che sarà lanciato il prossimo<br />

mese. La scelta e produzione<br />

dei piatti presentati nel libro sono<br />

stati scelti dai figli più grandi.<br />

Il ritorno di Bellelli in Italia è<br />

previsto per dicembre. Una delle<br />

cose di cui il console ammette che<br />

sentirà più la mancanza, a Rio,<br />

sarà il carnevale. Tutti gli anni, è<br />

stato presente al Sambodromo per<br />

fare il tifo per la sua scuola del<br />

cuore, la Portela. Ma nella avenida<br />

è entrato una volta sola, l’anno<br />

scorso, quando è stato invitato a<br />

sfilare con l’Império Serrano.<br />

Gran parte del suo amore per<br />

Rio de Janeiro è rimasto registrato<br />

in fotografie. Bellelli ha già avuto<br />

Roberth Trindade<br />

come hobby la fotografia. In gioventù,<br />

a Roma, il diplomatico ha<br />

fatto un corso di due anni di fotografia<br />

e regia cinematografica.<br />

Ha addirittura avuto un laboratorio<br />

fotografico e una radio, con un<br />

gruppo di amici, e firmava un pezzo<br />

sullo sport in un quotidiano.<br />

Da queste parti, le fotografie<br />

della città sono state fatte in camminate<br />

fatte nei luoghi turistici<br />

cariocas come l’Aterro do Flamengo,<br />

la Pedra da Gávea o il Cristo<br />

Redentore. In macchina, ha percorso<br />

vari punti turistici di città<br />

della sua circoscrizione. Ad ogni<br />

fermata ha ripetuto il rito di provare<br />

i piatti tipici della regione e<br />

di conoscere i costumi locali. Chissà<br />

se, in Italia, Bellelli potrà esporre<br />

tutto questo materiale e assumere<br />

una nuova funzione: quella<br />

di “console” di Rio a Roma.<br />

34 C o m u n i t à I t a l i a n a / No v e m b r o 2008<br />

N o v e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 35


cooperação<br />

Paolo de Santis, adido científico da Embaixada da<br />

Itália no <strong>Brasil</strong>; Marco Gilli, vice-reitor do Politécnico<br />

de Turim; Cledorvino Belini, presidente da Fiat para a<br />

América Latina; Antonio Anastasia, vice-governador<br />

de MG; Alberto Portugal, Secretário de Ciência e<br />

Tecnologia e Ensino Superior do Estado de Minas Gerais<br />

e Raphael Guimarães, Secretário de Desenvolvimento<br />

Econômico do Estado de Minas Gerais<br />

Em busca<br />

de excelência<br />

Grupo Fiat e Politécnico de Torino, da região do Piemonte, firmam,<br />

em Minas Gerais, parceria para o desenvolvimento de pesquisa<br />

O<br />

estado de Minas Gerais<br />

e a região do Piemonte<br />

estreitaram ainda mais<br />

seus laços. Em outubro,<br />

um mês antes da missão mineira<br />

chefiada pelo governador Aécio<br />

Neves chegar àquela região<br />

<strong>italiana</strong>, o presidente do Grupo<br />

Fiat, Cledorvino Belini e o vicereitor<br />

do Politécnico de Torino,<br />

Marco Gilli, assinaram um protocolo<br />

de intenções. Com isso, foi<br />

formalizado o início de uma parceria<br />

para a execução de projetos<br />

de interesse comum e promoção<br />

da pesquisa e formação técnicocientífica<br />

em engenharia automotiva,<br />

design e tecnologia em<br />

combustíveis.<br />

A assinatura do acordo, que<br />

aconteceu na Casa Fiat de Cultura,<br />

contou com a presença de<br />

várias autoridades, como o vicegovernador<br />

de Minas Gerais, Antônio<br />

Augusto Anastasia, o secretário<br />

de Estado de Ciência,<br />

Tecnologia e Ensino Superior,<br />

Alberto Duque Portugal e o professor<br />

Paolo Santis, adido cultural<br />

do departamento de estudos<br />

científicos da embaixada da Itália<br />

no <strong>Brasil</strong>.<br />

Entre os principais objetivos<br />

do acordo estão o estímulo à<br />

produção científica e tecnológica<br />

Ge r a l d o Cocolo JR<br />

brasileira e a promoção de intercâmbio<br />

de conhecimentos, a fim<br />

de formar profissionais cada vez<br />

mais qualificados. O protocolo de<br />

intenções prevê também estimular<br />

pesquisas de tecnologias não<br />

poluentes.<br />

— Este é um passo fundamental<br />

para continuarmos na<br />

vanguarda da técnica e do design.<br />

O acordo com o Politécnico<br />

potencializará a produção de<br />

conhecimento com foco na excelência<br />

e na inovação — afirma o<br />

presidente do Grupo Fiat, Cledorvino<br />

Belini — Queremos reproduzir<br />

no <strong>Brasil</strong> a cooperação que<br />

existe entre o Politécnico di Torino<br />

e a Fiat na Itália. As economias<br />

mundiais estão globalizadas<br />

e o <strong>Brasil</strong> está inserido nesse<br />

mercado. Gerar e absorver novos<br />

conhecimentos são vitais para a<br />

Fiat. Temos convênios com diversas<br />

universidades, mas precisamos<br />

de ainda mais saber, para<br />

melhor fazer.<br />

A parceria com o Politécnico<br />

de Turim contribuirá para fortalecer<br />

as atividades de formação<br />

e geração de conhecimento que<br />

o Grupo Fiat desenvolve há cerca<br />

de 15 anos, por meio de acordos<br />

com mais de 40 universidades<br />

brasileiras e outras 12 instituições<br />

no exterior. A aliança<br />

também favorecerá o desenvolvimento<br />

de toda a cadeia produtiva,<br />

com fornecedores dos diversos<br />

setores em que o Grupo Fiat<br />

atua também se beneficiando dos<br />

cursos a serem oferecidos.<br />

De acordo com Belini, os<br />

investimentos anunciados pelo<br />

Grupo Fiat até 2010, no valor<br />

6 bilhões de reais, referem-se<br />

à ampliação da capacidade produtiva,<br />

desenvolvimento de novos<br />

produtos, aprimoramento dos<br />

processos e da qualidade, além<br />

da constante criação de soluções<br />

inovadoras para o setor automobilístico.<br />

Para alcançar todos esses<br />

objetivos é primordial a construção<br />

de novas competências. O<br />

convênio com o Politécnico de<br />

Turim potencializará essa produção<br />

de conhecimento com foco<br />

na excelência e na inovação.<br />

O protocolo de intenções prevê<br />

também estimular pesquisas de<br />

tecnologias não poluentes, inclusive<br />

para a produção de veículos<br />

mais amigáveis ao meio ambiente.<br />

Politécnico de Turim<br />

O Politécnico de Turim é uma<br />

das oito universidades mais importantes<br />

da Europa, tendo sido<br />

fundado em 1859. Com concentração<br />

de estudo nas áreas da Engenharia,<br />

Arquitetura e Design,<br />

o centro universitário de Turim<br />

mantém intensa cooperação com<br />

a Fiat <strong>italiana</strong> há quase um século,<br />

sobretudo através do CRF<br />

– Centro Ricerche Fiat (Centro de<br />

Pesquisas Fiat). No âmbito desta<br />

parceria, o Politecnico de Turim<br />

está implantando o mais importante<br />

centro de pesquisas sobre<br />

biocombustíveis da Europa.<br />

No <strong>Brasil</strong>, o Politécnico de<br />

Turim mantém programas de colaboração<br />

com diversas entidades<br />

brasileiras como a CAPES e<br />

instituições de ensino como USP,<br />

Unicamp, UnB, UFSC e UFMG. Em<br />

Minas Gerais, o Politécnico de<br />

Turim mantém vínculos também<br />

com o governo do Estado para<br />

o desenvolvimento conjunto de<br />

pesquisa científica e tecnológica<br />

na área de design.<br />

36 C o m u n i t à I t a l i a n a / No v e m b r o 2008


ROMA<br />

uteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSalut<br />

Lisomar Silva<br />

Pintores<br />

O<br />

céu de Roma atraiu e fascinou os pintores<br />

flamingos que se inspiraram em cenas<br />

da vida cotidiana para criar suas obras.<br />

Artistas como Caravaggio registraram os tons<br />

de azul intenso e luminoso em seus quadros.<br />

Esses tons também são encontrados nos célebres<br />

afrescos que Rafaello criou nos salões<br />

do Vaticano, além da monumental obra de Michelangelo<br />

na Capela Sistina.<br />

Para você admirar<br />

Para se desvendar os segredos da luz<br />

e do clima romanos, é preciso acordar<br />

cedo. Esse momento do dia é a melhor<br />

hora para se apreciar os tons rosados<br />

da fachada da Basílica de São Pedro no<br />

Vaticano. Após uma entusiástica visita à<br />

Basílica e aos Museus da Santa Sé, é possível<br />

admirar a visão de Roma a partir da<br />

Cúpula de São Pedro. Mas esse não é o<br />

único ponto privilegiado da cidade. Roma<br />

é venerável por inteira do alto da Terrazza<br />

della Quadriga do Monumento Vittoriano,<br />

localizado na Piazza Venezia e dedicado<br />

ao soldado desconhecido. Já as ruínas do<br />

Fórum Romano são apaixonantes quando<br />

admiradas a partir dos terraços do Capitólio<br />

e dos corredores do Coliseu. As luzes<br />

da manhã e os tons púrpuros da tardinha<br />

tornam poéticos os panoramas que<br />

a cidade oferece a partir das Praças Trinità<br />

dei Monti e Quirinale, junto à sede da<br />

Presidência da República. Nas horas do<br />

crepúsculo, é fundamental estar sentado<br />

no gramado ao longo do Circo Mássimo<br />

para se admirar as monumentais ruínas<br />

em tijolos vermelhos do Fórum Palatino,<br />

ou se encostar nos muros da Piazzale Garibaldi,<br />

na colina de Gianícolo, para devorar<br />

com os olhos a mágica beleza que<br />

Roma revela até o anoitecer.<br />

Nel blu dipinto di blu<br />

O<br />

azul infinito do céu descrito há 50<br />

anos na música Volare de Domenico<br />

Modugno, parece estar contido<br />

no imenso leque de cores e matizes do céu<br />

de Roma. É importante olhar para o alto,<br />

de qualquer ponto da cidade. Os edifícios<br />

do centro histórico chegam a ter cinco andares<br />

e, na periferia, não passam dos dez<br />

ou doze andares. Admiram-se milhões de<br />

tonalidades de azul, do mais claro ao blu<br />

cobalto passando pelo blu índaco, que se<br />

fundem desde os primeiros momentos da<br />

aurora até as últimas frações de minutos<br />

do crepúsculo, durante quase todo o ano.<br />

Nos dias ensolarados, com ou sem os<br />

clássicos cirros e os cúmulus nimbus típicos<br />

do céu romano, as nuvens têm reflexos<br />

Até Vinícius<br />

O<br />

céu de Roma foi inspirador de grande e<br />

prazerosa produção cultural na década<br />

de 50 com Vinícius de Moraes e Sergio Buarque<br />

de Hollanda. Naquela época, o célebre<br />

poeta e compositor musical carioca se<br />

encontrava em Roma na veste de Embaixador<br />

brasileiro na sede da Piazza Navona. Já o<br />

famoso historiador paulista lecionava junto<br />

à catedra de Estudos <strong>Brasil</strong>eiros na universidade<br />

La Sapienza de Roma. Ambos puderam<br />

acompanhar também os primeiros passos romanos<br />

do então jovem (e desconhecido) cineasta<br />

Federico Fellini que, em 1987, colocou<br />

o azul profundo e as nuvens brancas do<br />

céu romano em seu filme L’intervista.<br />

de luz branco-rosada ou laranja-salmão até<br />

os tons lilás e violeta. Nas tardes douradas<br />

primaveris e outonais, com temperaturas<br />

amenas e o refrescante sopro do Vento di<br />

Ponente que vem dos mares Tirreno e Adriático,<br />

a cidade e seus monumentos ganham<br />

perspectivas visuais de acentuada profundidade<br />

em contínua transformação. É fruto<br />

do jogo que o contraste de luz e sombra<br />

cria com o passar das horas, em uma surpreendente<br />

série de imagens inéditas, nascidas<br />

de um espaço urbano que é sempre o<br />

mesmo: a Cidade Eterna. A luz crepuscular,<br />

com os últimos raios de sol que avermelham<br />

as paredes e fachadas dos edifícios,<br />

torna o azul do céu ora mais intenso, ora<br />

mais esbranquiçado.<br />

Condenação<br />

O<br />

céu de Roma na Renascença também foi<br />

tema de processos e condenações que<br />

o Tribunal da Inquisição (hoje Congregação<br />

para a Doutrina da Fé) impôs a Galileu Galilei,<br />

em 1616, cinco anos depois que o grande<br />

físico, astrônomo, filósofo e matemático italiano<br />

se transferiu de Florença para Roma como<br />

embaixador do Grão-Ducado de Toscana.<br />

A sentença, confirmada em 1633, foi cancelada<br />

359 anos, 4 meses e 9 dias depois: em 31<br />

de outubro de 1992, Papa João Paulo II, em<br />

discurso pronunciado durante uma audiência<br />

aos componentes da Pontifícia Academia de<br />

Ciências, anunciava que a Santa Sé havia reabilitado<br />

o cientista Galileu Galilei.<br />

Fotos: Arquivo<br />

A culpa é dela<br />

Uma pesquisa norte-americana realizada<br />

pelo Departamento de Assuntos de Veteranos<br />

do Centro Médico da Universidade de<br />

Oklahoma afirma que a bactéria intestinal enterococcus<br />

faecalis pode ser responsável pelo<br />

desenvolvimento de câncer de intestino.<br />

O estudo foi divulgado no Journal of Medical<br />

Microbiology, mas houve quem contestasse.<br />

O microbiólogo da Universidade de Liverpool,<br />

na Grã-Bretanha, afirma que a bactéria pode<br />

ser a culpada, mas que outras presentes<br />

no intestino também podem ser responsáveis<br />

pela doença. “Sabemos que a bactéria está<br />

presente nos intestinos da maioria das pessoas,<br />

porém, nem todos têm câncer. Isso indica<br />

que devem existir outros fatores”.<br />

Sonho perfumado<br />

Um estudo apresentado na reunião anual da<br />

Academia Americana de Otorrinolaringologia,<br />

em Chicago (EUA), indica que os aromas<br />

inalados enquanto uma pessoa dorme influenciam<br />

seus sonhos. Na Alemanha, pesquisadores<br />

do Hospital da Universidade de Mannheim<br />

chegaram à mesma conclusão. Lá, voluntários<br />

foram expostos a odores bons e ruins durante<br />

o sono. Depois de acordados, eles relataram<br />

suas impressões, mas não se lembravam<br />

de haver sentido os cheiros. Os cientistas concluíram<br />

que, quando o odor desagradável foi<br />

usado, o tipo de emoção vivenciada durante<br />

o sonho era negativo. Sob o estímulo do odor<br />

agradável, quase todos os sonhos relatados tinham<br />

conotações positivas.<br />

Arquivo<br />

Reprodução<br />

Azeite, sim!<br />

Ao consumir azeite, uma transformação<br />

ocorre no seu organismo, mais precisamente<br />

no abdômen: ele impede o depósito<br />

de gordura bem ali, na linha da cintura. Parece<br />

um contra-senso, já que o alimento é um<br />

dos mais calóricos. Cada grama oferece cerca<br />

de nove calorias. Mas a descoberta é séria:<br />

o consumo evita mesmo a barriga indesejada.<br />

Cientistas de diversas universidades européias<br />

publicaram seu trabalho no periódico<br />

Diabetes Care, da Associação Americana de<br />

Diabete, em que compararam exames de imagem<br />

de voluntários, antes e depois do consumo<br />

do óleo. Eles observaram que o hábito<br />

diminuiu os depósitos de gordura no abdômen.<br />

O ideal seria consumir duas colheres de<br />

sopa por dia para obter o benefício.<br />

Café da manhã<br />

Também para perder peso, uma dica é comer<br />

ovos no café da manhã. Isso é o que sugere<br />

uma pesquisa feita pelo Departamento de<br />

Obesidade da Pennington Biomedical Research<br />

Center da Universidade da Louisiana (EUA). Os<br />

pesquisadores analisaram 152 pacientes, homens<br />

e mulheres, entre 25 e 60 anos. Parte do<br />

grupo consumiu toda a manhã dois ovos e outra<br />

parte adotou bagel - pão tradicional americano.<br />

Ao final de oito semanas, a perda de peso entre<br />

a turma do ovo foi 65% maior na comparação<br />

com os demais voluntários. O índice de redução<br />

de cintura também foi 34% maior entre eles, assim<br />

como a redução de gordura - 16% maior.<br />

Arquivo<br />

Arquivo<br />

Poluição<br />

Uma pesquisa da Universidade de Calgary,<br />

no Canadá, sugere que a poluição do ar<br />

pode aumentar o risco de inflamação do apêndice.<br />

Os cientistas identificaram mais de 45<br />

mil adultos que foram internados com casos<br />

de apendicite entre 1999 e 2006. O estudo,<br />

apresentado na Conferência de Gastroenterologia<br />

do American College, sugere que a poluição<br />

aumenta o risco geral de inflamação do<br />

tecido. A análise dos casos revelou que os pacientes<br />

tinham 15% a mais de probabilidade<br />

de internação em dias com maiores concentrações<br />

de ozônio no ar, comparado com dias<br />

em que a concentração de ozônio era menor.<br />

Diabete<br />

Uma esperança contra o diabetes foi<br />

apresentada no Congresso Europeu<br />

de Diabetes. Trata-se de uma injeção semanal<br />

de remédio para controlar a glicose<br />

e uma caixinha de materiais biocompatíveis.<br />

Ela tem 4 centímetros de<br />

diâmetro e 2 milímetros de espessura,<br />

contendo células que produzem insulina.<br />

Esta será introduzida no pâncreas e substituirá<br />

as células produtoras de insulina<br />

destruídas pela doença.<br />

<strong>Como</strong> o Viagra<br />

Pesquisadores italianos da Universidade<br />

de Milão desenvolveram um composto<br />

com folhas de uma erva conhecida como chifre<br />

de cabra. Pode ser o início do desenvolvimento<br />

de uma nova droga para tratar a deficiência<br />

orgânica erétil. A planta tem o nome<br />

científico de Epimedium brevicornum. Exames<br />

preliminares indicaram que a droga feita com<br />

o composto causa menos efeitos secundários<br />

do que o Viagra, inclusive em relação ao coração.<br />

Agora, o composto passará por uma longa<br />

fase de testes clínicos antes de ser aprovado<br />

definitivamente. Ou seja, pode demorar<br />

10 anos até ser lançado no mercado.<br />

Arquivo<br />

38 C o m u n i t à I t a l i a n a / No v e m b r o 2008<br />

N o v e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 39


turismo<br />

De toda a<br />

humanidade<br />

Uma das cidades mais antigas do litoral sul do Rio, Paraty aposta no turismo o<br />

ano inteiro e tem suas particularidades descobertas cada vez mais por italianos<br />

Pense em um lugar belo o<br />

bastante para se aproveitar<br />

a natureza marítima em<br />

águas capazes de atrair de<br />

surfistas a famílias numerosas.<br />

Um lugar onde, escondidas numa<br />

densa e preservada Mata Atlântica,<br />

cachoeiras formam véus de<br />

cascatas cristalinas. Onde a vida<br />

noturna põe o visitante em contato<br />

com a arquitetura colonial<br />

brasileira e a gastronomia atende<br />

a todos os gostos. Pense em um<br />

local que tem como vocação receber<br />

e que lança mão de vários<br />

recursos para ser a capital do turismo<br />

no <strong>Brasil</strong>.<br />

Do alto de sua posição de patrimônio<br />

histórico da humanidade,<br />

Paraty tem todos esses atributos.<br />

E está prestes a abocanhar o<br />

título de patrimônio mundial da<br />

Unesco. Em 2009, a organização<br />

renova a lista de indicação e a<br />

grande aposta do governo federal<br />

é o roteiro do Caminho do Ouro,<br />

que percorre o antigo trajeto<br />

usado para transportar o ouro de<br />

Minas Gerais a Portugal, na época<br />

do <strong>Brasil</strong> colonial.<br />

Perto da temporada de calor,<br />

a cidade que já é visada o ano<br />

inteiro, se prepara para acolher<br />

um público cada vez maior. Com<br />

seus quase mil quilômetros quadrados,<br />

o município está a pouco<br />

mais de quatro horas da capital<br />

do Rio de Janeiro e encanta<br />

visitantes de dentro e fora do<br />

país. Nas praias, a coloração do<br />

mar varia do verde esmeralda ao<br />

transparente. O centro histórico,<br />

com calçamento feito por filhos<br />

de escravos e onde carro não entra,<br />

tem igrejas construídas nos<br />

séculos 17 e 18, como a de Santa<br />

Rita, um dos cartões-postais<br />

da cidade - imagem acolhedora a<br />

quem chega pelo cais.<br />

Tudo em Paraty parece ter<br />

sido feito como em nenhum outro<br />

lugar. Talvez por isso, alguns<br />

italianos já tenham encontrado<br />

seu cantinho especial na cidade<br />

que abriga a maior festa literária<br />

do <strong>Brasil</strong> e figura como uma<br />

das poucas a ter um produto<br />

com procedência registrada - a<br />

cachaça. Além de Paraty, só os<br />

vinhos do Vale dos Vinhedos, a<br />

carne do Pampa Gaúcho, no Rio<br />

Grande do Sul, e o café do cerrado,<br />

em Minas Gerais, possuem<br />

essa certificação.<br />

Sílvia So u z a<br />

— Estou há 13 anos no <strong>Brasil</strong><br />

e já estive em outros lugares<br />

aqui e fora. Posso dizer que esse<br />

litoral e a vizinhança chamam a<br />

atenção. Paraty convoca as pessoas<br />

interessadas em conviver<br />

com a realidade cultural brasileira<br />

— comenta o chef Alfonso Tarallo,<br />

italiano nascido em Salerno<br />

(Campania) e proprietário do<br />

Spaghetto, restaurante especializado<br />

na cozinha mediterrânea<br />

— Acontece que nós somos muito<br />

amarrados em nossa culinária.<br />

Gostamos de experimentar novas<br />

sensações, mas sempre voltamos<br />

às raízes e essa dieta é baseada<br />

em produtos saudáveis, que tem<br />

relação com o mar, assim como<br />

em Paraty.<br />

Quem também provou da mistura<br />

paratiense foi o empresário<br />

Guerrino Fabbri, ou melhor, Bruno.<br />

Nascido em Rimini (Emilia<br />

Romagna), o chef se rebatizou,<br />

ainda que não oficialmente, escolhendo<br />

o nome pelo qual todos<br />

o conhecem hoje, na cidade.<br />

— É o que eu gosto e muito<br />

mais simples — explica.<br />

Casado com a brasileira Leslye,<br />

o casal administra o restaurante<br />

Pinóquio, especializado em<br />

massas, e a sorveteria Miracolo,<br />

que levou a Paraty o sorvete artesanal<br />

como ele é tradicionalmente<br />

feito na bota.<br />

— Combinamos que ele fica<br />

com o sorvete e dá assistência<br />

aos negócios na parte da manhã<br />

e eu venho na parte da tarde e da<br />

noite — explica Leslye.<br />

Os nomes dos empreendimentos<br />

repetem os nomes usados nos<br />

locais em que trabalhavam quando<br />

se conheceram, em Aparecida<br />

do Norte, São Paulo. O casal tem<br />

uma filha de seis anos e está em<br />

Paraty há dez. Nas baixas temporadas,<br />

costumam ir à praia, nas<br />

quartas-feiras.<br />

— Há lugares que ainda não<br />

conhecemos apesar do tempo<br />

que vivemos aqui. Além das belezas<br />

naturais, nos sentimos seguros.<br />

Eu me apaixonei e a cidade<br />

tem todo um circuito que o<br />

aproxima da terra dele. Italianos<br />

e europeus em geral nos visitam<br />

— diz Leslye, sendo completada<br />

pelo marido — Ela se apaixonou<br />

e eu comprei a idéia. Só não<br />

gosto muito dessas pedrinhas<br />

no meio do caminho, mas fazer<br />

o quê Paraty tem seu charme<br />

— brinca.<br />

Rumo certo<br />

Cenário para filmes e de portas<br />

abertas para artistas – como o<br />

fotógrafo italiano Giancarlo Mecarelli,<br />

que organiza a mostra<br />

Paraty em Foco e tem a Galeria<br />

Zoom no centro histórico - Paraty<br />

oferece opções diversificadas<br />

a quem a visita, o que pode<br />

causar uma indecisão na hora de<br />

Para todos os gostos: centro histórico tem vida noturna agitada (acima) e as escunas levam turistas à mais belas<br />

ilhas. Leslye e “Bruno” investem na gastronomia <strong>italiana</strong>. O macarrão de chocolate é exclusividade da casa<br />

escolher que atividades realizar.<br />

Só em ilhas, são cerca de 50.<br />

Além disso, há pontos de pesca<br />

e mergulho.<br />

A cidade, que foi fundada em<br />

1667 em torno à Igreja de Nossa<br />

Senhora dos Remédios, sua padroeira,<br />

é convidativa. De dia, é<br />

possível fazer passeios de saveiro,<br />

trilhas, ecológicas na Serra da<br />

Bocaína ou saborear pingas, em<br />

Pousada Corsário<br />

visitas a engenhos. Também se<br />

pode voltar à infância transitando<br />

de bicicleta ou a cavalo. Para<br />

quem gosta de ecoturismo, há<br />

espaço para praticar arvorismo e<br />

se jogar numa tirolesa. À noite,<br />

além dos restaurantes e bares, o<br />

cardápio inclui shows, poesias e<br />

espetáculos teatrais.<br />

Muitos dos rios de Paraty desembocam<br />

no oceano. O Perequê-<br />

Açu, símbolo da cidade, é um deles,<br />

que chega ao centro em curso<br />

paralelo à avenida principal.<br />

No mesmo ponto, é margeado por<br />

pousadas dispostas a oferecer as<br />

facilidades do mundo moderno<br />

sem descuidar da ambientação<br />

natural. A Pousada Corsário, por<br />

exemplo, reproduz com pedras as<br />

vias internas que separam os setores<br />

e mais de 40 quartos. Com<br />

restaurante-bar e salão de jogos<br />

próximos à piscina, é um bom local<br />

para se observar a passagem<br />

de um barco pesqueiro subindo<br />

ou descendo o rio, ou ainda pessoas<br />

bem dispostas se exercitando<br />

na margem oposta.<br />

Ao lado da recepção, uma<br />

sala de estar com juke box e televisão<br />

faz divisa com a sala de<br />

computador. Também fica à disposição<br />

uma sauna. A pousada<br />

tem escuna própria, a Sir Francis<br />

Drake, com roteiros diferentes<br />

para cada dia da semana.<br />

Serviço<br />

Pousada Corsário - Rua João do<br />

Prado, 26 Tel. (24) 3371-1866<br />

Pa r at y To u r s – Av e n i da Roberto<br />

Silveira, 11<br />

Tel. (24) 3371-1327 / 2651 / 6112<br />

Ristorante Spaghetto – Rua da Matriz,<br />

27 Tel. (24) 3371-2947<br />

Restaurante Pinóquio – Rua da Lapa,<br />

11/12 Tel. (24) 3371-1009<br />

Sorveteria e La n c h o n e t e Miracolo<br />

– Praça da Mat r i z, 8 Tel.<br />

(24) 3371-1045<br />

En g e n h o D’Ou r o – Es t r a da Par<br />

at y Cu n h a Km 8 Tel.<br />

(24) 9905-8268<br />

Fa z e n da Mu r y c a n a –<br />

Tel. (24) 3371- 1153 / 3930<br />

Fotos: Roberth Trindade<br />

40 C o m u n i t à I t a l i a n a / No v e m b r o 2008<br />

N o v e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 41


filosofia<br />

Falta<br />

paixão<br />

Filósofo italiano ligado à Igreja Católica faz palestra<br />

no <strong>Brasil</strong> e prega a condenação dos padres pedófilos<br />

Tat i a n a Bu f f<br />

Correspondente • São Paulo<br />

A<br />

crise econômica mundial,<br />

no final das contas,<br />

pode se mostrar<br />

uma boa notícia para<br />

todo o mundo. É nisso que<br />

acredita o filósofo italiano<br />

Massimo Borghesi. Professor<br />

da Universidade de Perugia e<br />

das Pontifícias Universidades<br />

São Boaventura e Urbaniana –<br />

ambas em Roma – ele esteve<br />

pela primeira vez no <strong>Brasil</strong>, no<br />

mês passado, para uma série<br />

de conferências promovidas pela<br />

Pontifícia Universidade Católica<br />

de São Paulo.<br />

A convite do Núcleo de Fé<br />

e Cultura da instituição, as palestras<br />

abordaram temas como<br />

secularização, cultura moderna<br />

e política, a “crise da fé” e a<br />

pedofilia dentro da igreja. Também<br />

no Rio de Janeiro e em Petrópolis,<br />

Borghesi falou a pesquisadores<br />

e estudantes da área.<br />

Contundente, o filósofo declarou em<br />

entrevista à Comunità que a realidade<br />

globalizada transmutou vocações<br />

e valores em meras “funções burocráticas”,<br />

o que se tornou um péssimo<br />

exemplo para os jovens:<br />

— O problema hoje é que não há<br />

mais modelos, nem professores nem<br />

mestres. Essa é a verdadeira globalização<br />

— acredita o filósofo.<br />

Para o filósofo, a partir de<br />

1989, com o fim do muro de Berlim,<br />

passou-se “a uma espécie<br />

de euforia”, que levou a uma<br />

globalização sem regras, permeada<br />

apenas por projetos<br />

de enriquecimento indiscriminado.<br />

Faltou, segundo<br />

ele, “um critério mínimo<br />

Fotos: Claudio Cammarota<br />

de orientação e seleção dos rumos<br />

da economia”. A humanidade,<br />

é claro, paga por isso “com<br />

graves riscos”.<br />

— A crise assinala indubitavelmente<br />

uma passagem que pode<br />

ser vista como um retorno ao<br />

primado da política. Nesses anos<br />

houve o primado da economia,<br />

do mercado, absolutizado como<br />

um modelo quase perfeito, como<br />

se da globalização derivasse<br />

bem-estar para todos. Temos<br />

que nos render que não é assim.<br />

O mercado deve ser regulado. Da<br />

mesma forma, a economia deve<br />

ser real, não puramente financeira.<br />

Este retorno ao primado da<br />

política, por si só, é uma boa notícia<br />

— acredita.<br />

Isso, porém, não significa<br />

que Borghesi pregue como solução<br />

a existência de um Estado<br />

interventor “porque o Estado<br />

não deve engolir tudo”. Sua função<br />

é clara, na opinião do professor:<br />

estabelecer regras para a<br />

economia de modo que os interesses<br />

correspondam a uma utilidade<br />

geral.<br />

— Não devemos ter mais<br />

uma economia simplesmente dirigida<br />

para a vantagem de poucos<br />

indivíduos que perseguem o<br />

próprio interesse egoístico, desinteressando-se<br />

totalmente do<br />

bem-estar geral. Isto não é mais<br />

tolerável. Infelizmente percebemos<br />

isso, como usualmente, com<br />

atraso. Tanto é que, nos Estados<br />

Unidos, com essa manobra de bilhões<br />

de dólares, os contribuintes,<br />

que nada têm a ver com a<br />

especulação, devem pagar a dívida<br />

por culpa de alguns indivíduos<br />

— observa.<br />

E se o futuro sempre foi atribuído<br />

a uma ação protagonizada<br />

por jovens, estamos mal. Na<br />

opinião de Borghesi, “falta paixão”<br />

a eles, atualmente. Para o<br />

filósofo, essa falta de ânimo está<br />

relacionada com a tal globalização<br />

“que transmutou vocações e<br />

valores em meras funções burocráticas,<br />

insuficientes para preencher<br />

as expectativas emocionais<br />

e espirituais de crianças e<br />

adolescentes por bons exemplos<br />

em quem se espelhar”.<br />

Culpa da igreja<br />

Autor de mais de uma dezena de<br />

livros como A figura de Cristo em<br />

Hegel, Secularização e Niilismo e<br />

Pós-modernidade e Cristianismo,<br />

todos inéditos no <strong>Brasil</strong>, Borghesi<br />

culpa a igreja por essa falta<br />

de motivação dos jovens. Afinal,<br />

a instituição também não está<br />

dando bons exemplos. Vide os<br />

casos de pedofilia para os quais<br />

prega o encaminhamento à Justiça<br />

comum para que os envolvidos<br />

sejam presos.<br />

Padres, sacerdotes e quaisquer<br />

membros da igreja responsáveis<br />

por casos de pedofilia cometidos<br />

dentro da igreja católica<br />

devem ser expulsos, denunciados,<br />

presos e julgados pela Justiça, na<br />

opinião do filósofo, muito ligado<br />

à igreja católica. Lembrando<br />

as advertências feitas pelo Papa<br />

Bento XVI acerca dos crimes, enfatizou<br />

que pedofilia é intolerável<br />

e um pecado gravíssimo.<br />

— Recordo o que diz o próprio<br />

Evangelho: ‘quem terá escandalizado<br />

um só destes pequenos<br />

é melhor para ele que pendure<br />

uma mão ao pescoço e se jogue<br />

ao mar’. Jesus convida ao suicídio<br />

estes criminosos; não é só um<br />

pecado gravíssimo e imperdoável,<br />

mas é também um crime contra o<br />

Estado, a sociedade civil e, como<br />

tal, deve ser punido — afirma.<br />

Para Borghesi, não pode haver<br />

mais “omertà” - omissão ou<br />

silêncio coletivo - para com os<br />

pedófilos, em qualquer parte do<br />

mundo. Afinal, eles são a antítese<br />

das referências morais esperadas<br />

da igreja.<br />

— É inadmissível calar-se em<br />

relação aos culpados por esses<br />

crimes. Os bispos não podem esconder<br />

sacerdotes ou religiosos;<br />

eles devem ser denunciados à<br />

autoridade civil e imediatamente<br />

abandonar o hábito sacerdotal.<br />

Estão fora da igreja, assim como<br />

estão fora da sociedade.<br />

Sem bons exemplos<br />

Segundo o pensador, cabe à igreja<br />

restituir aos jovens a fé na<br />

política e nos valores humanos,<br />

“esvaziados por incontáveis histórias<br />

de personalidades corruptas<br />

em todas as áreas”. Paralelamente,<br />

a política “deveria dar o<br />

testemunho de paixão autêntica<br />

por parte de quem governa e representa<br />

a liderança dos países”.<br />

Afinal, se os jovens só vêem corruptos,<br />

“sem a mínima paixão<br />

pela realidade popular e pelos<br />

problemas da gente”, não haverá<br />

ídolos em quem se espelhar.<br />

— O problema hoje é que<br />

não há professores nem mestres.<br />

Essa é a verdadeira globalização.<br />

Assim como se exportam coisas<br />

boas, se exportam ruins. O vazio<br />

juvenil atinge a Europa, os Estados<br />

Unidos, a América Latina e<br />

o sul da Ásia em grande medida,<br />

Coréia e Japão. Na China estão<br />

enfrentando agora os problemas<br />

de um desenvolvimento econômico<br />

acelerado. O verdadeiro nó<br />

é a falta de experiências a serem<br />

propostas como referência.<br />

Na sua avaliação, a desvalorização<br />

da religiosidade, da reverência<br />

por algo superior ao homem,<br />

suas atividades e bens produzidos,<br />

entendida como “secularização”,<br />

significou uma “progressiva<br />

burocratização” que destruiu as<br />

chamadas vocações individuais.<br />

— As principais figuras sociais,<br />

que até 30 anos atrás eram<br />

também morais, como vocações,<br />

se tornaram funções. O médico, o<br />

político, o professor e, às vezes,<br />

até o padre tornaram-se funções<br />

burocráticas. Não são mais vocações<br />

pessoais, correspondem<br />

simplesmente ao exercício de<br />

uma função motivada por um interesse<br />

freqüente de caráter econômico<br />

— exemplifica.<br />

Este fenômeno tem conseqüências<br />

em nível moral, uma vez<br />

que os jovens se identificam com<br />

valores através dos modelos sociais,<br />

alerta o filósofo. Isso porque,<br />

como observa Borghesi, os<br />

valores são abstratos e estão<br />

sempre incorporados às figuras<br />

sociais. Se essas figuras se tornam<br />

anônimas, “se não têm mais<br />

relevância ética, se não indicam<br />

um bem, uma capacidade de dedicação”,<br />

isso se reverte nos jovens<br />

“em um sentido cético da<br />

vida”. Para o filósofo, uma das<br />

piores conseqüências disso é o<br />

recolhimento individual, egoísta,<br />

“no qual o único objetivo é fazer<br />

a própria carreira, sem escrúpulos,<br />

para atingir o mais rápido<br />

possível a satisfação dos próprios<br />

desejos”.<br />

Ele cita como exemplo desse<br />

quadro “o ceticismo político<br />

constatado nas últimas eleições<br />

na Itália”, com grande número<br />

de abstenções. Ele está certo<br />

que esse quadro traduz “um<br />

longo processo de desencanto<br />

geral”. Na sua avaliação, após<br />

o comunismo, especialmente<br />

na península, os partidos políticos,<br />

que eram populares, recebiam<br />

o consenso e constituíam<br />

o ponto de base do Estado e<br />

do governo.<br />

— Depois disso, quem governou<br />

não se preocupou com o<br />

consenso, mas sim em estabelecer<br />

um sistema de poder que o<br />

garantia no exercício das próprias<br />

funções — afirma. — Portanto,<br />

recuperar a paixão política<br />

é um problema. A transbordante<br />

secularização destes anos esvaziou<br />

aquela carga de ideal, a paixão<br />

de solidariedade e o desejo<br />

de bem comum que maturavam<br />

em uma consciência religiosa. Isto<br />

tem conseqüências no terreno<br />

político: uma sociedade feita de<br />

indivíduos e não de comunidades<br />

é composta por sujeitos isolados,<br />

que não têm mais nenhum interesse<br />

comum.<br />

42 C o m u n i t à I t a l i a n a / No v e m b r o 2008<br />

N o v e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 43


Milão<br />

notizie<br />

Guilherme Aquino<br />

Malpensa no chão<br />

Acrise da Alitalia deixa o aeroporto de<br />

Malpensa às moscas. O cancelamento de<br />

179 vôos da companhia de bandeira <strong>italiana</strong><br />

faz do local um mausoléu. O movimento<br />

de passageiros caiu drasticamente e ninguém<br />

sabe o que irá acontecer em um futuro próximo.<br />

De lá os aviões seguiam, principalmente,<br />

para Amsterdã (Holanda), Praga (República<br />

Tcheca) e Munique (Alemanha). Eram rotas<br />

que foram canceladas ou desviadas do aeroporto<br />

de Fiumicino, em Roma. Além disso,<br />

a União Européia considerou ilegal a iniciativa<br />

do estado italiano de conceder um empréstimo-ponte<br />

de 300 milhões de euros à<br />

companhia com o fim de evitar o seu crac<br />

definitivo. Pesam sobre as asas da Alitalia a<br />

irresponsabilidade de quem não soube administrar<br />

um dos bens mais preciosos da aeronáutica<br />

<strong>italiana</strong>.<br />

Carros, fora<br />

O<br />

bairro de Brera, no centro de Milão<br />

é um dos mais agradáveis da cidade.<br />

Ele tem um horto botânico, dezenas<br />

de galerias de arte, bares e restaurantes<br />

tradicionais. Por isso mesmo, é um<br />

engarrafamento único de pessoas e de<br />

carros durante todo o dia. O bairro boêmio<br />

e artístico agora vai poder respirar.<br />

As vias Ciovasso, Ciovassino, Fiori Oscuri<br />

serão fechadas ao trânsito. Um acordo<br />

entre a prefeitura, a Pinacoteca, a Accademia<br />

e os comerciantes, deu sinal verde<br />

para transformar toda esta área em exclusividade<br />

dos pedestres e ciclistas.<br />

Alarme bonde<br />

Dois graves acidentes em menos<br />

de uma semana com os bondes da<br />

ATM, órgão que administra o sistema<br />

de transporte público de Milão, jogaram<br />

um foco de luz em um sistema para muitos<br />

já obsoleto, para outros, apenas mal conservado.<br />

O fato é que os usuários começam<br />

a não confiar mais neste tradicional meio<br />

Ultimato<br />

O<br />

Bie (Buerao Internationals des Expositions),<br />

órgão internacional responsável<br />

pela Expo, deu um ultimato ao comune de<br />

Milão. Até o dia 2 de dezembro a verba para<br />

o começo dos trabalhos deve já ter sido<br />

liberada e encaminhada. Da teoria à pratica,<br />

o atraso contabiliza quase um ano. Todos<br />

os projetos estão no papel e nada ainda foi<br />

construído. Para a realização do plano original,<br />

tudo já deveria ter sido iniciado seis<br />

meses atrás, pelo menos. A guerra de poder<br />

entre as entidades públicas e a burocracia<br />

<strong>italiana</strong> coloca em risco a Expo 2015,<br />

uma oportunidade para revitalizar a cidade<br />

de Milão e dar um destaque ainda maior à<br />

Itália no mundo.<br />

de transporte que já faz parte do cartão<br />

postal de Milão. Os bondes amarelos e os<br />

futurísticos verdes circulam por toda a cidade,<br />

mas entre 2004 e 2007, o número de<br />

acidentes passou de 48 para 106, mais do<br />

que dobraram. O comune está investigando<br />

o que provocou este aumento e exige maior<br />

rigor na segurança.<br />

Contaminado<br />

A<br />

proximidade do inverno levanta as barricadas<br />

da saúde publica de Milão. A estação<br />

do frio, sem os ventos e as mudanças<br />

climáticas do outono contribui para o aumento<br />

da poluição do ar da cidade. Durante o inverno,<br />

principalmente, o nível de monóxido de<br />

carbono em suspensão envenena o ar da cidade<br />

e provoca sérios problemas respiratórios aos<br />

habitantes. O problema não ocorre apenas em<br />

Milão. É um mal que contagia as principais cidades<br />

grandes da Itália. Entre 2001 e 2004, segundo<br />

pesquisa da associação de consumidores<br />

Altroconsumo, foram registrados 8 mil mortes<br />

que tiveram como causa principal a longa exposição<br />

ao ar contaminado das cidades. Milão e<br />

Roma encabeçam a triste estatística.<br />

Fotos: Divulgação<br />

Tournée rimandata<br />

Era tutto pronto per la tournée sudamericana<br />

del cantautore italiano Lucio<br />

Dalla, che avrebbe dovuto presentarsi<br />

in <strong>Brasil</strong>e a São Paulo, Rio de Janeiro, Porto<br />

Alegre e Curitiba il mese scorso, ma il tour è<br />

stato cancellato. Secondo gli assessori del<br />

cantante, Dalla avrebbe preso un’influenza<br />

che gli ha impedito di viaggiare. I concerti<br />

sono stati rimandati al maggio dell’anno<br />

prossimo. Le canzoni di Lucio Dalla hanno<br />

sempre avuto molto successo nel mondo e<br />

sono state anche cantate da Pavarotti. In<br />

<strong>Brasil</strong>e, Chico Buarque, Maria Bethânia, Os Incríveis, Engenheiros do<br />

Havaí, la coppia Zezé de Camargo e Luciano, Toquinho e Martinho da<br />

Vila sono tra i cantanti che hanno già interpretato le sue canzoni.<br />

Devozione<br />

Una delle maggiori feste cattoliche brasiliane, il Círio de Nazaré<br />

ha riunito due milioni di fedeli, il mese scorso, a Belém (PA).<br />

L’evento, considerato la maggior manifestazione religiosa dell’America<br />

Latina, ha luogo fin dal 1793. Il Círio è una processione in omaggio<br />

alla Nossa Senhora de Nazaré, patrona dei paraenses. Sono stati<br />

i padri gesuiti, nel XVII secolo, ad introdurre la devozione alla Senhora<br />

da Nazaré, nel Pará. La tradizione più conosciuta per ciò che<br />

riguarda l’origine della festa dice che, nel 1700, Plácido, un caboclo<br />

discendente di portoghesi, se ne andava vicino ad una zona che oggi<br />

corrisponde al retro della Basilica, quando ha trovato una piccola<br />

statua della Nossa Senhora de Nazaré. Questa immagine, replica di<br />

un’altra che si trova in Portogallo, intagliata in legno e di circa 28<br />

cm di altezza, si trovava tra pietre piene di fango ed era molto rovinata.<br />

Plácido l’ha pulita e ha costruito un altare a casa sua. Ma la<br />

statua, misteriosamente, sarebbe ritornata dove era stata trovata.<br />

Da quel momento vari miracoli sono stati attribuiti alla santa.<br />

Barista<br />

L’<br />

Associação <strong>Brasil</strong>eira de Baristas (ACBB) è sotto nuovo comando.<br />

L’ente responsabile dei Campeonatos <strong>Brasil</strong>eiros de<br />

Baristas, dei Concursos de Latte Art, Coffee in Good Spirits e<br />

del Cup Tasting Competition, è ora presieduta da Edgard Bressani<br />

(Ipanema Coffees). Alla direzione ci sono: Sílvia Magalhães (Octávio<br />

Cafés), Gelma Franco (Il Barista Cafés Especiais), Cléia Junqueira<br />

(Capheteria) e Pedro Lisboa (Café Cristina).<br />

Sponsor<br />

La Petrobras ha lanciato, in ottobre, il suo bando di gara per<br />

sponsor culturali. L’industria petrolifera brasiliana ha destinato<br />

42,3 milioni di reais al settore. L’azienda inoltre destinerà<br />

sussidi supplementari di 40 milioni di reais, che saranno assegnati<br />

ad un pacchettto di progetti che il ministério da Cultura selezionerà.<br />

Lo sponsor della Petrobras considera progetti nelle aree<br />

di produzione e diffusione di audiovisivi, arti sceniche, musica,<br />

letteratura e cultura digitale.<br />

Premio<br />

L’<br />

architetto della provincia di São Paulo Decio Tozzi è il primo<br />

brasiliano ad essere premiato dalla Fondazione Frate<br />

Sole, organizzatrice del Premio Internazionale di Architettura Sacra,<br />

il più famoso della<br />

categoria. Ha vinto<br />

grazie al suo progetto<br />

“Capela da Fazenda<br />

Veneza”, inaugurata<br />

nel 2003, a Valinhos,<br />

costruita sulle rive di<br />

un bacino artificiale,<br />

nell’hinterland paulista. La cerimonia di premiazione è avvenuta<br />

in ottobre a Pavia, in Italia. Con una giuria formata da uno scelto<br />

gruppo di architetti mondiali, come Francesco Dal Co, una delle<br />

maggiori autorità della critica di architettura internazionale,<br />

il premio è alla sua 4ª edizione. È destinato ai professionisti di<br />

tutto il mondo che abbiano realizzato qualche opera religiosa negli<br />

ultimi dieci anni. La premiazione ha luogo ogni quattro anni e<br />

conta sulla sponsorizzazione del Vaticano.<br />

Rio Olimpico<br />

Per riuscire a sediare le Olimpiadi del 2016, Rio de Janeiro<br />

dovrà trasformarsi in un grande cantiere di lavori pubblici,<br />

la maggior parte dei quali riguardanti il settore dei trasporti.<br />

Uno studio coordinato dalla Secretaria Municipal de Urbanismo<br />

ha proposto investimenti di, perlomeno, 1,5 miliardi di reais.<br />

Questa sarebbe la somma necessaria per l’espansione dei servizi<br />

ferroviari e di metropolitana, oltre all’ampliamento della rete<br />

stradale. Lo studio di 400 pagine è stato consegnato al Comitê<br />

Olímpico <strong>Brasil</strong>eiro (COB). Il dossier della candidatura di<br />

Rio sarà consegnato, nel febbraio 2009, al Comitato Olimpico<br />

Internazionale (COI).<br />

44<br />

C o m u n i t à I t a l i a n a / No v e m b r o 2008


literatura<br />

Refém do<br />

sucesso<br />

De escritor desconhecido a autor de best-seller, o italiano Roberto<br />

Saviano é o atual inimigo número 1 da máfia do seu país por<br />

conta do livro Gomorra. A obra já virou peça de teatro e filme<br />

candidato ao Oscar e rendeu a seu autor uma sentença de morte<br />

O<br />

jornalista e escritor Roberto<br />

Saviano, de 29<br />

anos, há dois vive sob<br />

proteção e escolta policial.<br />

Seu crime Ser o autor de<br />

Gomorra, romance-denúncia que<br />

vendeu 1,2 milhão de exemplares<br />

na Itália e foi traduzido em<br />

42 línguas – chega ao <strong>Brasil</strong> pela<br />

editora Bertrand no próximo<br />

mês. A obra é responsável pela<br />

“publicidade não desejada” do<br />

tráfico de drogas e das atividades<br />

de corrupção e máfia do clã dos<br />

Casalesi, que aterroriza a cidade<br />

de Casal de Príncipe, em Caserta,<br />

região da Campania. Com apenas<br />

20 mil habitantes, a cidade possui<br />

1200 condenados pelo artigo<br />

Ja n a í n a Cesar<br />

Correspondente • Treviso<br />

416 bis, associação à máfia, um<br />

dos mais altos índices do país.<br />

Até então desconhecido pela<br />

mídia e, dizem, pela polícia, o<br />

clã dos Casalesi, braço forte e rico<br />

da famosa Camorra, é considerado<br />

um dos mais potentes e perigosos<br />

em atuação. Suas atividades<br />

econômicas ultrapassaram<br />

as fronteiras da região da Campania<br />

e do país - são envolvidos em<br />

esquemas de chantagem, contrabando,<br />

tráfico de drogas e armas<br />

em países comunitários e não<br />

comunitários. Os Casalesi também<br />

estão envolvidos no escândalo<br />

do lixo que soterrou a região<br />

em um mar de mau cheiro e<br />

criou paredões de lixo pelas cidades.<br />

Graças ao livro e à coragem<br />

de Saviano, o clã começou a ser<br />

desmontado e cerca de 40 pessoas<br />

já foram presas. Entre elas estão<br />

políticos e advogados.<br />

Em 2006, quando foi publicado,<br />

Gomorra vendeu modestos 5<br />

mil exemplares. Aos poucos, porém,<br />

a propaganda “boca a boca”<br />

fez com que o livro daquele<br />

escritor desconhecido passasse<br />

a ser procurado em todo o país.<br />

Com uma narrativa fria, faz uma<br />

descrição realística da situação<br />

de sua cidade e, principalmente,<br />

dá “nome aos bois”. Para fazê-lo,<br />

Saviano trabalhou em uma<br />

empresa têxtil e outra de construção,<br />

ambas controladas pela<br />

máfia. Essa organização criminosa<br />

tipicamente <strong>italiana</strong> teria um<br />

faturamento anual de 90 bilhões<br />

de euros, valor que representa<br />

7% do PIB do país.<br />

Em setembro de 2006, Saviano<br />

apresenta o livro durante a inauguração<br />

do ano escolar. Em plena<br />

terra dos chefões, lança um duro<br />

ataque contra o sistema camorrista.<br />

Em um discurso feito na praça<br />

principal de Casal de Príncipe<br />

diz: “Schiavone, Iovine e Zagaria<br />

não valem nada. Meninos, essas<br />

pessoas não são daqui, violentam<br />

nossa terra, mandem embora essa<br />

gente”. Logo após a declaração,<br />

o autor sofre sua primeira ameaça<br />

de morte e entra para o programa<br />

de proteção da polícia.<br />

— Lembro do telefonema alarmante<br />

que recebi de um policial.<br />

Ele dizia que um colaborador tinha<br />

denunciado o perigo. Naquela<br />

época, não podia contar com a<br />

ajuda de quase ninguém. As pessoas<br />

eram quase todas contrárias<br />

às minhas declarações, ao meu livro.<br />

Lembro que saí de casa cercado<br />

por policiais e ouvi alguém<br />

dizendo: ‘Finalmente, foi preso’<br />

— contou Saviano em recente<br />

entrevista concedida ao programa<br />

Matrix exibido pelo Canal 5.<br />

Segundo ele, o que realmente<br />

incomodou os Casalesi foi a visibilidade<br />

que o livro deu à cidade<br />

e às atividades em que o clã estava<br />

envolvido. Agora, todos sabem<br />

quem são os Casalesi.<br />

— A literatura permitiu que<br />

essa história fosse de todos, não<br />

só dos cidadãos de Casal de Príncipe.<br />

Os negócios da máfia não são<br />

apenas naquela cidade perdida do<br />

sul da Itália. O clã ficou tão conhecido<br />

que a este ponto não existe<br />

mais o policial para corromper ou<br />

o jornal para escrever a seu favor<br />

— disse o escritor em Matrix.<br />

Em 2007, Gomorra já é um<br />

sucesso editorial internacional<br />

a ponto do influente jornal<br />

norte-americano New York Times<br />

o incluir na lista dos cem livros<br />

mais interessantes do mundo. Em<br />

2008, a obra de Saviano alcança<br />

as telas do cinema. O homônimo<br />

filme, dirigido pelo italiano<br />

Matteo Garrone, é apresentado<br />

oficialmente durante o Festival<br />

de Cannes, vence o Prêmio do Júri<br />

e é escolhido como o único filme<br />

italiano para concorrer ao Oscar<br />

cujo vencedor será conhecido<br />

no dia 25 de fevereiro de 2009.<br />

Com o sucesso do livro, do filme<br />

e do teatro (a obra também virou<br />

peça teatral no ano passado), Saviano<br />

mais do que nunca ficou na<br />

mira dos chefões dos Casalesi.<br />

A última ameaça chegou no<br />

dia 13 de outubro quando Carmine<br />

Schiavone, um “arrependido”,<br />

primo e homônimo de um dos<br />

chefões mafiosos, disse que o clã<br />

tinha dado uma data precisa para<br />

o assassinato do escritor e dos<br />

policiais que o escoltam: o próximo<br />

dia 24 de dezembro.<br />

— O que posso fazer Não<br />

tenho outra estrada para seguir,<br />

devo somente resistir, resistir e<br />

resistir — declarou Saviano após<br />

a divulgação da data que deveria<br />

ser a da sua morte. Ele admite<br />

que pensa em deixar a Itália,<br />

“por um tempo”:<br />

— Deixo a Itália porque quero<br />

viver. Quero uma casa, quero<br />

me apaixonar e tomar uma cerveja<br />

em público. Quero poder<br />

andar na rua. Tomar sol, pegar<br />

chuva. Visitar minha mãe sem<br />

assustá-la e não sentir medo. Às<br />

vezes me surpreendo pensando<br />

nestas palavras: quero a minha<br />

vida de volta. As repito sempre,<br />

uma por uma.<br />

O desejo de deixar a Itália<br />

causou polêmica, no país. Um dos<br />

primeiros a se manifestar, o ministro<br />

do Interior Roberto Maroni,<br />

declarou ser contrário à idéia por<br />

acreditar que a fuga “não garante<br />

que se evitará a vingança da máfia,<br />

que não tem confim”. Na verdade,<br />

uma nova onda começa a tomar<br />

forma por lá: uma mobilização<br />

para que Saviano não vá embora.<br />

Seis prêmios Nobel - Dario Fo, Mikhail<br />

Gorbaciov, Gunther Grass, Rita<br />

Levi Montalcini, Orhan Pamuk e<br />

Desmond Tutu - assinaram uma<br />

carta pedindo ao governo italiano<br />

que cuide da liberdade e da segurança<br />

de Roberto Saviano. O apelo<br />

publicado pelos jornais La Repubblica<br />

e El País (Espanha), conta<br />

com a assinatura de mais de 100<br />

mil pessoas.<br />

Na telona<br />

Gomorra, o filme, já foi exibido no<br />

<strong>Brasil</strong>, durante o Festival do Rio,<br />

No alto, cena do filme Gomorra. A adaptação da obra de Roberto Saviano (direita) para o cinema foi<br />

feita pelo roteirista Gianni di Gregorio (centro). À esquerda, a capa do polêmico livro<br />

realizado em setembro. Em circuito<br />

comercial, deve chegar até<br />

o início do próximo ano. Seu roteirista,<br />

Gianni di Gregorio, participou<br />

do evento cinematográfico<br />

carioca que também exibiu o filme<br />

dirigido por ele, Il pranzo di<br />

Ferragosto. Detalhe: o diretor de<br />

Gomorra, Matteo Garrone, também<br />

é o produtor de Il pranzo....<br />

— Para mim, Gomorra é um<br />

filme muito importante. É um<br />

filme forte, mas percebo que as<br />

pessoas gostam muito dele —<br />

diz di Gregorio em entrevista<br />

à Comunità — Tive a sorte de<br />

trabalhar com Matteo Garrone.<br />

Seu cinema é um olhar sobre o<br />

mundo. Ele trabalha um pouco o<br />

neo-realismo. Ele faz uma grande<br />

pesquisa sobre o território e<br />

também sobre as pessoas do lugar<br />

que podem ser ou não atores,<br />

pessoas bem normais.<br />

A história de Gomorra é permeada<br />

pelo poder, pelo dinheiro<br />

e pelo sangue e tem como cenário<br />

as províncias de Nápoles e Caserta.<br />

Só na Itália, o filme já rendeu<br />

880 mil euros, o equivalente<br />

a 9 milhões de reais, até agosto.<br />

Na opinião do roteirista, Gomorra<br />

e o longa brasileiro Cidade<br />

de Deus, dirigido por Fernando<br />

Meirelles, têm muito em comum:<br />

— Em Gomorra não há um<br />

estudo da organização criminal.<br />

Nós vemos os efeitos da organização<br />

sobre as pessoas, sobre a<br />

vida cotidiana. É isso que chama<br />

a atenção, que faz a diferença<br />

no filme. É um longa muito<br />

apreciado na Itália, sobretudo<br />

pelos jovens, assim como Cidade<br />

de Deus.<br />

Para di Gregorio, o atual cinema<br />

italiano vive um momento<br />

de renascimento. O motivo Ele<br />

não sabe explicar. Acha que faz<br />

parte de um movimento natural:<br />

“depois de alguns momentos de<br />

pausa, um renascimento”.<br />

Sobre o longa que assina como<br />

diretor, conta que o projeto surgiu<br />

na sua cabeça quando lhe pediram<br />

para cuidar da mãe de uma amiga:<br />

— Sou filho único. Vivi com<br />

a minha mãe de quando ela tinha<br />

80 anos até os 90, quando<br />

morreu. Conheci o mundo dos<br />

idosos. Vi a força deles, mas<br />

também vi o medo da solidão.<br />

Quando ainda vivia com ela,<br />

uma pessoa me pediu que cuidasse<br />

da mãe em um Ferragosto.<br />

Eu receberia por isso, mas não<br />

aceitei. Comecei a pensar no<br />

que aconteceria, se eu tivesse<br />

aceitado, então, escrevi o filme.<br />

No Rio, di Gregorio teve seu<br />

“momento tiete” quando esbarrou<br />

com o cineasta brasileiro<br />

Bruno Barreto. Ele é seu “mito”<br />

por conta do filme Dona Flor e<br />

seus dois maridos - “um dos mais<br />

bonitos que já vi”.<br />

Colaborou Nayra Garofle<br />

46 C o m u n i t à I t a l i a n a / No v e m b r o 2008<br />

N o v e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 47


cinema<br />

Para<br />

italiano<br />

ver<br />

Filmagem reúne no Rio de Janeiro filho<br />

de Vitorio De Sica e neto de Luigi De<br />

Laurentiis, ícones do cinema da Itália<br />

Sílvia So u z a<br />

O<br />

fim de ano está aí e você<br />

escolhe um lugar para A tarefa: sobreviver às situações Veneza. O filme tem como astro<br />

daí, seus dias serão só aventura. nome de prêmio no Festival de<br />

passar uns dias que é o mais inusitadas e impensadas para<br />

o período natalino e tentar se do diretor Vitorio De Sica, respon-<br />

principal Christian De Sica, filho<br />

sonho para muitos turistas<br />

– a cidade do Rio de Janeiro.<br />

Planeja toda a sua viagem para<br />

evitar infortúnios e quando chega<br />

o grande dia, eis que alguma<br />

coisa dá errado. Seu filho adolescente<br />

fica com seu pacote turístico<br />

e você com o dele. A partir<br />

divertir com essa experiência.<br />

O final da história só indo a<br />

um cinema italiano para conferir.<br />

A situação descrita é uma das<br />

tramas desenvolvidas em Natale a<br />

Rio de Janeiro, produção comandada<br />

por Luigi De Laurentiis, neto<br />

do lendário produtor que virou<br />

sável por clássicos italianos como<br />

Umberto D., Matrimônio à Italiana,<br />

Boccaccio 70, e famoso pelas<br />

parcerias com Marcello Mastroianni<br />

e Sophia Loren. Com previsão<br />

de estréia em 19 de dezembro, é<br />

o mais aguardado do ano na Itália<br />

sendo exibido em cerca de 500<br />

salas. Desde 1973 tem como mote<br />

o Natal de italianos em diferentes<br />

cidades do mundo. Há 13 anos,<br />

Neri Parenti assina o roteiro e a<br />

direção do filme, também exibido<br />

na TV <strong>italiana</strong> pela Rai.<br />

— O povo brasileiro tem uma<br />

cultura muito similar à <strong>italiana</strong> e<br />

nos sentimos em casa. O Rio me<br />

lembra Nápoles. Todos querem<br />

aproveitar o sol, o mar. As pessoas<br />

são humildes, têm uma receptividade<br />

enorme e se orgulham<br />

do que fazem e de onde moram.<br />

Tentamos passar tudo isso no filme.<br />

Este país tem um grande potencial<br />

a ser visto em termos cinematográficos,<br />

mas sei que por<br />

aqui assistir novela é como uma<br />

religião, então, o cinema pode levar<br />

um certo tempo para acontecer<br />

– assinala De Laurentiis que<br />

conta ter assistido, recentemente,<br />

o longa brasileiro Tropa de Elite,<br />

que achou “muito interessante”.<br />

Ele também elogiou o trabalho do<br />

diretor Fernando Meirelles.<br />

No Rio, com o apoio da Conspiração<br />

Filmes, a equipe filmou<br />

durante sete semanas. Passou<br />

pelos bairros de Copacabana, Alto<br />

da Boa Vista, Joatinga e Lapa.<br />

Subiu o Pão de Açúcar e a favela<br />

que virou moda, a Tavares Bastos,<br />

no Catete, usada como cenário<br />

para o filme Hulk. A equipe<br />

também esteve em Angra dos<br />

Reis, na costa verde fluminense.<br />

Comunità acompanhou com<br />

exclusividade um dia de trabalho,<br />

todo feito em uma mansão na Joatinga.<br />

Na seqüência, os pais que<br />

têm as viagens trocadas com os filhos<br />

estão hospedados na casa de<br />

uma brasileira. O cenário era uma<br />

residência com dois andares, piscina,<br />

quadra de tênis, sala de ginástica<br />

e um jardim onde coqueiros<br />

dão um tom tropical ao ambiente.<br />

O lugar já havia servido como locação<br />

para a novela Laços de Família,<br />

da Rede Globo. Guirlandas<br />

e uma árvore de Natal decoram o<br />

cenário colorido. Na história, os<br />

hóspedes matam, sem querer, o<br />

estimado gato da anfitriã. Isso é o<br />

estopim para muitas confusões.<br />

Era o segundo dia da equipe<br />

de filmagem composta por cerca<br />

de 70 pessoas naquele local. Ainda<br />

era possível observar as caixas<br />

de velas e imagens de santos e<br />

entidades do candomblé utilizados<br />

na gravação do dia anterior,<br />

quando houve a simulação de um<br />

ritual religioso.<br />

Com a fama... da família<br />

No início da carreia, Christian De<br />

Sica, de 57 anos, explorou seus<br />

dotes musicais como cantor. Antes<br />

de fazer o filme no Rio, ele já<br />

tinha visitado a cidade, na década<br />

de 70, quando foi hóspede do<br />

cantor e humorista Juca Chaves.<br />

Ele não nega a influência do pai<br />

na sua vida artística:<br />

— Sinto-me honrado por todo<br />

o reconhecimento que ele teve e<br />

posso dizer que aprendi muito por<br />

que o via trabalhar sempre. Foi<br />

inevitável seguir esse caminho,<br />

mas eu tentei não seguir. Lembrome<br />

de suas características. Aprendi<br />

com suas idéias. De negativo,<br />

só posso dizer que é a cobrança<br />

da crítica, das comparações que<br />

fizeram. Da parte do público nunca<br />

tive problemas — comenta<br />

Christian tinha 23 anos quando<br />

seu pai morreu. Vitorio de Sica,<br />

reconhecido por obras de<br />

caráter humanista, é considerado<br />

o precursor do neo-realismo<br />

italiano. Em Parlami di me, que<br />

foi apresentado recentemente no<br />

Festival de Roma, Christian, dirigido<br />

pelo filho Brando, faz uma<br />

performance de comédia ao vivo.<br />

Alterna momentos de puro espetáculo<br />

com relatos pessoais sobre<br />

a vida ao lado de Vitorio. Em<br />

uma das cenas mais marcantes,<br />

lembra dos últimos instantes do<br />

pai em hospital parisiense.<br />

— Meu pai era um jogador e<br />

quando éramos pequenos (Vitorio<br />

teve outros dois filhos) ele dizia:<br />

‘garotos, escolham onde querem<br />

ir nas férias’. Dava como opção<br />

Veneza, Sanremo, Monte Carlo ou<br />

Campione, todos locais com cassino.<br />

E nós escolhíamos Veneza<br />

ou Sanremo porque tinha mar.<br />

Conservo belíssimas lembranças,<br />

mas também lembranças de<br />

grandes perdas no jogo.<br />

Na passagem pelo Rio, Christian<br />

é reservado. Apesar de ter<br />

uma cadeira com seu nome bem<br />

próxima ao local da cena, nos intervalos<br />

entre as tomadas recosta-se<br />

em um sofá optando por<br />

abordar sua primeira passagem<br />

pela cidade maravilhosa:<br />

— Do Rio tenho boas lembranças.<br />

Cantei com a Elis Regina,<br />

curti a maravilhosa Bossa Nova<br />

com João Gilberto. Era tudo muito<br />

diferente e na Avenida Atlântica<br />

tinha uma boate fantástica.<br />

Produtor de Natale a Rio,<br />

Luigi De Laurentiis, de 28 anos,<br />

também sente a responsabilidade<br />

em pertencer a uma família<br />

tradicional na bota. O clã está<br />

na terceira geração com pessoas<br />

envolvidas no mundo do cinema<br />

com destaque para nomes como<br />

Aurélio e Dino, que em 1956 trabalhou<br />

com Federico Fellini em<br />

La strada. O produtor segue a risca<br />

as características observadas<br />

em seus familiares. Faz questão<br />

Christian, Luigi e Ghini posam<br />

tendo a Barra da Tijuca ao fundo.<br />

Acima, intervalo de gravação e<br />

alguns ajustes no set. Neri Parenti<br />

se prepara para filmar (ao lado)<br />

de participar de todo o processo<br />

e quando não está ao celular resolvendo<br />

problemas, “perde” um<br />

tempo em conversas com atores,<br />

assistentes e demais membros<br />

da equipe. Aliás, ninguém dá um<br />

passo sem consultá-lo, primeiro.<br />

— Cresci nesse meio e gosto<br />

muito do que faço. Se tudo der certo<br />

com esse filme, a idéia é levar<br />

a empresa para os Estados Unidos<br />

nos próximos anos. Meu avô foi um<br />

grande produtor. No Festival de Veneza,<br />

desde 1996, um prêmio que<br />

foi batizado com seu nome é concedido<br />

a diretores principiantes.<br />

Por falar em diretores principiantes,<br />

Christian De Sica não se<br />

furta a comentar sobre o estágio<br />

em que se encontram as atuais<br />

produções <strong>italiana</strong>s:<br />

— O cinema italiano, apesar<br />

de nunca ter perdido o caráter de<br />

produção mundial, encontra-se numa<br />

fase de crescimento. Há bons<br />

diretores chegando para renovar a<br />

safra e manter essa tradição.<br />

No set<br />

Com a experiência de quem começou<br />

no cinema com 19 anos<br />

(hoje está com 58) e já dirigiu<br />

42 filmes, o diretor Neri Parenti<br />

define o espírito do longa:<br />

— Eu adoro rir e fazer as pessoas<br />

rirem, então não podia ser<br />

diferente. Por estar há tanto tempo<br />

no projeto, já não sinto dificuldade<br />

para criar as histórias e estar<br />

nos lugares me inspira muito. O<br />

grande problema que <strong>enfrentam</strong>os<br />

no Rio foi o mau o tempo. O sol se<br />

escondeu — reclama.<br />

Quem tem o <strong>Brasil</strong> como velho<br />

conhecido é o ator Massimo<br />

Ghini. Ex-noivo de uma carioca,<br />

além do Rio, já visitou Búzios,<br />

Salvador e Brasília.<br />

— Há uns dez anos que não<br />

vinha para cá. A cidade mudou<br />

bastante, me parece mais organizada,<br />

pronta para receber iniciativas<br />

como a que integramos. No filme,<br />

meu personagem, um professor<br />

universitário tem que conviver<br />

com o do Christian, que é um empresário.<br />

São dois mundos diferentes<br />

e o que os une é o fato de seus<br />

filhos estudarem juntos. Então, é<br />

esperar para ver como vão se virar<br />

nessa viagem — diz Ghini.<br />

48 C o m u n i t à I t a l i a n a / No v e m b r o 2008<br />

N o v e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 49


televisão<br />

Máfia à<br />

brasileira<br />

Novela da Record começa a ser gravada este mês, em Palermo. A<br />

trama vai mostrar as relações entre quadrilhas internacionais e o poder<br />

institucional a partir de casos reais tanto da Itália quando do <strong>Brasil</strong><br />

A<br />

máfia <strong>italiana</strong> servirá de<br />

ponto de partida para uma<br />

nova novela brasileira.<br />

Com o título ainda provisório<br />

de Vendeta, começa a ser<br />

gravada pela TV Record, este mês,<br />

em Palermo, capital da Sicília. A<br />

ilha <strong>italiana</strong> servirá de cenário<br />

para os dois primeiros capítulos<br />

da história, prevista para estrear<br />

em março de 2009, no <strong>Brasil</strong>.<br />

A produção é baseada no livro<br />

Honra ou Vendetta, de Silvio<br />

Lancelotti. Lançada em 2001, a<br />

publicação é o único romance<br />

desse jornalista esportivo que já<br />

escreveu 17 livros, a maioria de<br />

gastronomia. Em Vendetta, ele<br />

mergulha no áspero mundo da<br />

máfia, em dois planos: de um lado,<br />

um roteiro de muito suspense<br />

e ação; de outro, um amplo<br />

dossiê a respeito da Cosa Nostra,<br />

com dezenas de biografias de<br />

gângsteres reais.<br />

A adaptação para a televisão<br />

leva a assinatura de Lauro<br />

César Muniz, um dos principais<br />

dramaturgos brasileiros. Quando<br />

era contratado da TV Globo,<br />

principal concorrente da Record<br />

em dramaturgia, o autor chegou<br />

a propor uma minissérie baseada<br />

no livro de Lancelotti, mas a<br />

emissora carioca não se interessou.<br />

Agora, a rival paulista aposta<br />

na história para o horário das<br />

22h, com direito a bastante violência,<br />

como admite Muniz.<br />

— É uma novela densa. Ao<br />

contrário do que possam imaginar,<br />

não será uma história sobre<br />

a máfia <strong>italiana</strong>. A história<br />

vai falar sobre o narcotráfico que<br />

tem na máfia um de seus braços<br />

na Europa — explica o autor.<br />

Quando a história começa,<br />

uma grande dúvida vai ser colocada<br />

na cabeça do público: quem<br />

é, de verdade, Tony Castellamare<br />

(Gabriel Braga Nunes) Na trama,<br />

é um brasileiro de origem <strong>italiana</strong><br />

radicado em Palermo, marcado<br />

para morrer. A ordem para matálo<br />

parte do <strong>Brasil</strong>. Essa ordem é<br />

interceptada por Téo Meira (Tuca<br />

Andrada), delegado especial da<br />

Polícia Federal brasileira, chefe<br />

da operação que investiga uma<br />

poderosa conexão do narcotráfico.<br />

Tony seria um chefão mafioso<br />

disfarçado de comerciante. Será<br />

Com a dúvida a respeito da<br />

real identidade de Tony, o que<br />

Sô n i a Apolinário<br />

Lauro Cesar Muniz<br />

Muniz pretende é “acabar com<br />

o maniqueísmo” que, na opinião<br />

do autor, tomou conta das novelas<br />

brasileiras e fez com que o<br />

gênero “perdesse qualidade”. De<br />

Palermo, a trama se “transfere”<br />

para o <strong>Brasil</strong>, mais precisamente<br />

para São Paulo, onde moram alguns<br />

personagens italianos como<br />

Calógero (Gracindo Jr) e Freda<br />

(atriz ainda não escolhida), pais<br />

de Tony. Na capital paulista se<br />

desenvolve todo o resto da trama,<br />

mas as gravações serão realizadas<br />

no Rio de Janeiro, mesmo,<br />

onde fica o estúdio da emissora.<br />

Segundo Muniz, a principal<br />

ligação entre <strong>Brasil</strong> e Itália será<br />

feita por meio do romance entre<br />

Tony e a jornalista Lídia Brandão<br />

(Mirian Freeland). Ele deixa claro<br />

que não fará uma novela sobre a<br />

Itália, mas sobre o <strong>Brasil</strong>:<br />

— Máfia para nós é um grupo<br />

de pessoas que se organiza como<br />

uma quadrilha que se compõe<br />

com o poder institucional.<br />

Esse é o novo perfil da máfia e,<br />

no <strong>Brasil</strong>, temos vários exemplos<br />

delas que estão por trás dos vários<br />

escândalos financeiros do<br />

país. Temos a máfia dos correios,<br />

do mensalão. Um dos casos mais<br />

recentes, a operação Satiagraha<br />

é um material excelente para se<br />

explorar — afirma Muniz.<br />

A Operação Satiagraha foi deflagrada<br />

pela Polícia Federal brasileira<br />

no último mês de julho<br />

contra uma quadrilha que praticava<br />

crimes financeiros. Levou<br />

para a prisão o banqueiro Daniel<br />

Dantas, dono do grupo Opportunity;<br />

o ex-prefeito de São Paulo<br />

Celso Pitta, e o investidor Naji<br />

Nahas, acusado de ser o responsável<br />

pela quebra da bolsa do Rio<br />

em 1989. Os acusados também<br />

teriam relações com o caso envolvendo<br />

pagamento de propinas<br />

a parlamentares que ficou conhecido<br />

como Escândalo do Mensalão.<br />

O grupo Opportunity já foi<br />

o braço brasileiro da Telecom<br />

Itália. O personagem Téo é inspirado<br />

no delegado Protógenez<br />

Queiroz que comandou a operação<br />

Satiagraha, mas acabou afastado<br />

do caso quando as investigações<br />

chegaram muito próximas<br />

de nomes “quentes” da República<br />

brasileira. Em Vendeta, o grande<br />

mistério da novela é a identidade<br />

do grande capo da máfia.<br />

No elenco da novela também<br />

estão Paloma Duarte, Adriana Garamboni,<br />

Petrônio Contijo, Marcelo<br />

Serrado e Beth Coelho. No<br />

texto, Muniz terá o auxílio de<br />

seis colaboradores e um pesquisador.<br />

A direção-geral é de Ignácio<br />

Coqueiro.<br />

50 C o m u n i t à I t a l i a n a / No v e m b r o 2008


design<br />

Il cavaliere<br />

dos carros<br />

Escolhido Designer Automotivo do Século, Giorgetto Giugiaro comemora 70<br />

anos de vida e os 40 de criação da sua empresa, a Italdesign, com sede em Turim<br />

O<br />

que há em comum entre<br />

um Fiat Uno, um Vollswagem<br />

Golf, um Lamborghini<br />

Cala ou um Bugatti<br />

Chiron Com certeza, não é a<br />

conta bancária do seu proprietário.<br />

Acertou quem respondeu<br />

Giorgetto Giugiaro. Ele é o criador<br />

desses e outros 90 modelos<br />

de carros para as principais marcas<br />

automobilísticas do mundo.<br />

Não por acaso, esse italiano nascido<br />

em Garessio (Piemonte) ganhou,<br />

em 1999, o prêmio de “Designer<br />

Automotivo do Século”.<br />

Aos 70 anos, continua na ativa.<br />

E muito. Há quarenta anos<br />

está à frente da sua empresa, a<br />

Italdesign, com sede em Turim,<br />

capital piemontesa, cidade onde<br />

mora desde os seus 14 anos. Foi<br />

para lá com o objetivo de continuar<br />

seus estudos artísticos<br />

e técnicos. Ao que tudo indica,<br />

Giugiaro estava predestinado a<br />

ter um futuro artístico.<br />

O avô, Luigi, foi um conhecido<br />

pintor de igrejas. O pai, Mario,<br />

Ja n a í n a Cesar<br />

Correspondente • Treviso<br />

O Quaranta, carro<br />

criado por Giugiaro, que<br />

chega a 100km/h em<br />

quatro segundos<br />

alternava decorações sacras com a<br />

pintura a óleo. Para Giugiaro, a arte<br />

figurativa tinha um ar familiar,<br />

porém a escolha do design como<br />

profissão não foi premeditada,<br />

mas pura casualidade da vida.<br />

Após ter mudado para Turim,<br />

começou a freqüentar o liceu<br />

artístico de dia e um curso<br />

de desenho técnico de noite. O<br />

grande passo para uma carreira<br />

espetacular aconteceu em 1955,<br />

quando foi descoberto por Dante<br />

Giacosa, então diretor da Fiat,<br />

durante uma exposição de trabalhos<br />

escolares de final de ano.<br />

Giugiaro tinha criado míni caricaturas<br />

de carros. Giacosa, atento<br />

como era, percebeu o talento<br />

do jovem que, em setembro<br />

daquele mesmo ano, começou a<br />

trabalhar no escritório de estilo<br />

para carros especiais da Fiat.<br />

Em 1959, deu seu segundo<br />

grande passo quando começou a<br />

trabalhar na hoje renomada Bertone.<br />

Nuccio Bertone, proprietário,<br />

arriscou e apostou todas as<br />

cartas naquele jovem de 21 anos.<br />

Giugiaro sempre admitiu que amadureceu<br />

tanto com os bons conselhos<br />

dados pelos ex-chefes quanto<br />

pelos amigos. O tempo passado<br />

ao lado de Bertone foi fundamental<br />

na sua formação. Após seis<br />

intensos anos, em novembro de<br />

1965, Giugiaro entrou para o time<br />

da Carroceria Ghia, onde permaneceu<br />

até 1967, quando criou a sua<br />

própria empresa, a Italdesign.<br />

Il cavaliere, como é carinhosamente<br />

chamado por seus funcionários,<br />

hoje dirige um pequeno império<br />

que reina no mercado do design<br />

automobilístico. Pelas ruas da cidade,<br />

o que ele dirige, mesmo, é<br />

um Lexus RX 400 H, o híbrido japonês<br />

que custa em média 130<br />

mil dólares. Para comemorar os<br />

40 anos da sua empresa, ele criou<br />

o Quaranta, à base de energia solar,<br />

capaz de acelerar de zero a 100<br />

km/h em quatro segundos. Neste<br />

caso, Giugiaro estava pouco preocupado<br />

com a velocidade, mas com<br />

a possibilidade de criar um “carro<br />

verde”, que causasse poucos danos<br />

ambientais. A entrevista a seguir<br />

foi feita por telefone e revelou que<br />

Giugiaro é uma simpatia.<br />

Detalhe da ampla sala<br />

de criação da Italdesign.<br />

Ao lado, Giugiaro em<br />

seu escritório<br />

ComunitàItaliana - Este ano o<br />

senhor completou 40 anos de<br />

Italdesign e 70 anos de vida<br />

apresentando na última edição<br />

do Salão Internacional do Carro<br />

de Genebra seu mais novo<br />

“brinquedo”, o Quaranta. O nome<br />

é uma homenagem aos seus<br />

40 anos<br />

Giorgetto Giugiaro – O carro foi<br />

criado em parceria com Fabrício,<br />

meu filho. As duas gerações devem<br />

fazer alguma coisa boa, interessante,<br />

não Utilizamos o<br />

sistema híbrido da Toyota, com<br />

dois motores, um localizado na<br />

frente e outro atrás, e colocamos<br />

painéis solares no capô, que<br />

fazem girar o ar condicionado e<br />

alimentam o rádio. Na verdade,<br />

esse carro é uma releitura do primeiro<br />

monovolume que criamos,<br />

adaptado para os dias de hoje,<br />

daí o nome: unimos os quaranta<br />

anos de atividade da Italdesign<br />

aos anos do primeiro monovolume<br />

criado por nós.<br />

CI – Podemos dizer que chegamos<br />

a um ponto onde os carros<br />

são amigos da ecologia<br />

GG - A escolha de um carro ecológico<br />

foi correta. Com poucos litros<br />

se faz muitos quilômetros, o<br />

que para o uso diário na cidade é<br />

mais que suficiente. Além disso,<br />

dá até para correr (risos).<br />

CI – Quanto tempo vocês levaram<br />

para criar o Quaranta<br />

GG – Os protótipos que são expostos<br />

nos salões de automóveis,<br />

nascem nos períodos de intervalos<br />

úteis de uma empresa. Fizemos<br />

Quaranta em três meses. Fomos<br />

super velozes e decididos,<br />

não tivemos ninguém que nos<br />

dissesse como deveria ser, decidimos<br />

tudo.<br />

CI – Mas só em três meses<br />

GG – Sim. Geralmente é o cliente<br />

que decide o tempo. Quando você<br />

projeta um barco, um carro,<br />

ou alguma coisa para uma empresa<br />

ou pessoa, todos querem<br />

dar opiniões e idéias, e aí o tempo<br />

fica um pouco mais longo.<br />

CI – A tecnologia e a informática<br />

mudaram seu modo de pensar<br />

GG - A tecnologia mudou o modo<br />

de pensar, mas não mudou o processo<br />

criativo que, por sua vez,<br />

foi atualizado com a informática.<br />

Comparando com alguns anos<br />

atrás, hoje, por causa das novas<br />

tecnologias, você emprega metade<br />

do tempo para desenvolver um<br />

projeto. Hoje tudo é mais rápido,<br />

o mercado pede agilidade e velocidade,<br />

o tempo corre e o processo<br />

criativo também. Pode ser<br />

uma contradição com que estou<br />

dizendo, mas ainda uso o lápis.<br />

CI – <strong>Como</strong><br />

GG – Sim, quando inicio um projeto<br />

uso sempre lápis, para mim<br />

é mais rápido. O modo antigo não<br />

é para ser todo descartado.<br />

CI - Qual é a maior dificuldade<br />

em desenhar um carro<br />

GG – É ter que enfrentar quem realmente<br />

decide, como o pessoal<br />

do marketing, do departamento<br />

econômico, por exemplo. Não é<br />

a mesma coisa imaginar um Fiat<br />

Uno e um Rolls Royce, o processo<br />

é diferente, não é só criatividade.<br />

CI – <strong>Como</strong> é seu processo criativo<br />

O senhor tem algum rito ou<br />

hábito particular que segue na<br />

hora de iniciar um novo projeto<br />

GG - Não, sou muito simples e racional.<br />

Para mim, o importante<br />

é haver pessoas competentes e<br />

corretas ao meu lado para fazer<br />

com que tudo dê certo. O tempo<br />

também é uma coisa compli-<br />

cada. Todo mundo quer tudo para<br />

ontem, mas às vezes, nos permitimos<br />

sonhar. Digo em primeira<br />

pessoa do plural porque não sou<br />

sozinho nesse barco.<br />

CI – Qual carro o senhor possui<br />

GG – Não tenho afeição por nenhum<br />

modelo em particular. Hoje<br />

tenho um Lexus RX 400 H porque<br />

é híbrido, alto e posso ir<br />

ao centro e descer do carro sem<br />

que ninguém me olhe com a cara<br />

feia e não sinto cheiro de gasolina<br />

quando estaciono na garagem,<br />

o que é uma maravilha!<br />

Certamente, no futuro, terei um<br />

carro híbrido e elétrico.<br />

CI – Qual o futuro do mercado automotivo<br />

GG – Com certeza o futuro do<br />

mercado é a bateria elétrica porque<br />

não faz barulho e, principalmente,<br />

não polui. Realmente, em<br />

um futuro, que espero não esteja<br />

tão distante, graças às centrais<br />

nucleares, teremos pontos de<br />

distribuição de energia para poder<br />

abastecer o carro elétrico.<br />

CI – O senhor é um homem que<br />

deve ter tudo aquilo que deseja.<br />

Existe algum desejo em especial<br />

que gostaria de realizar<br />

GG – Sim, tantos, mas a correria<br />

do dia-a-dia, às vezes, não nos<br />

dá tempo para realizar tudo o que<br />

queremos. Digamos que desejo conhecer<br />

uma bela mulher, ter muita<br />

saúde e, claro, continuar projetando<br />

carros. Além de comprar um<br />

I-Phone novo, porque acabei de<br />

descobrir que o que comprei há<br />

três meses já é velho (risos).<br />

CI – O senhor conhece o <strong>Brasil</strong><br />

GG - Estive no <strong>Brasil</strong> duas vezes,<br />

mas não vi nada além do que a<br />

janela do carro ou do avião propiciava,<br />

pois estava sempre de<br />

passagem de uma cidade a outra.<br />

Mas um dia quero voltar e ver as<br />

maravilhas do teu país.<br />

52 C o m u n i t à I t a l i a n a / No v e m b r o 2008<br />

N o v e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 53


artes plásticas<br />

Firenze<br />

Giordano Iapalucci<br />

Não<br />

basta<br />

olhar<br />

A Itália marca presença na 28ª Bienal de São<br />

Paulo com dois artistas que exigem a participação<br />

do público se quiserem “ver” suas obras<br />

Levar para casa uma obra de<br />

arte é sonho de muitos, para<br />

poucos. É justamente esse<br />

apelo irresistível que faz<br />

parte do jogo sensitivo proposto<br />

pelo italiano Armin Linke aos<br />

visitantes da 28ª Bienal de São<br />

Paulo. O fotógrafo e cineasta milanês<br />

é um dos dois representantes<br />

da Itália na exposição internacional<br />

que pode ser conferida<br />

até o dia 6 de dezembro, no Pavilhão<br />

Ciccillo Matarazzo, no Ibirapuera.<br />

Ao todo, 42 artistas de 20<br />

países fazem parte do evento. A<br />

outra atração <strong>italiana</strong> é a arquiteta<br />

romana Micol Assaël. A edição<br />

deste ano da mostra ganhou<br />

o apelido de “Bienal do Vazio”.<br />

A instalação “Fenótipos –<br />

Formas Limitadas”, de Armin<br />

Linke, foi “operada” pela primeira<br />

vez na abertura oficial na<br />

chamada “Bienal do Vazio” pelo<br />

embaixador da Itália no <strong>Brasil</strong>,<br />

Michele Valensise e esposa, embaixatriz<br />

Elena Valensise.<br />

— Nossa participação é dinâmica<br />

e original. Uma oportunidade<br />

para ver o trabalho desses<br />

dois artistas, conhecidos na Itália,<br />

mas ainda pouco conhecidos<br />

no <strong>Brasil</strong>. É também uma chance<br />

Fotos: Claudio Cammarota<br />

Tat i a n a Bu f f<br />

Correspondente • São Paulo<br />

para fazer com que se apreciem,<br />

nesta cidade sofisticada, as nossas<br />

tendências contemporâneas<br />

— afirma Valensise.<br />

Logo após o casal, uma longa<br />

fila se formou para manipular<br />

o atraente sistema do tipo façavocê-mesmo<br />

sua própria mini-coleção<br />

de fotos. Para isso, é preciso<br />

escolher oito entre 700 fotos<br />

feitas pelo artista. São instantâneos<br />

que mostram temas e<br />

lugares diversos como uma seita<br />

em Brasília, o retrato de um arquiteto<br />

suíço ou uma zona rural<br />

do Paquistão. O visitante diagrama<br />

sua seleção sobre uma mesacomputador,<br />

que a identifica por<br />

leitura magnética e realiza a impressão.<br />

Isso, segundo Linke, faz<br />

com que o próprio público se torne<br />

um ‘curador’ da mostra.<br />

A interação desejada pelo autor<br />

começa no momento de vestir<br />

as luvas brancas necessárias ao manuseio<br />

das fotos. Segue a relação<br />

visual e táctil com as reproduções<br />

dispostas em gôndolas – tais como<br />

as de supermercado. Isso, acredita<br />

ele, responde “ao faminto instinto<br />

de consumo das imagens”.<br />

— Minhas fotografias de viagem<br />

exploram a relação entre o<br />

homem, o espaço e a arquitetura.<br />

O trabalho permite vários níveis<br />

de leitura. É interessante observar<br />

a relação do público com as<br />

imagens — ressalta o artista que<br />

vem constantemente ao <strong>Brasil</strong> e<br />

participou da 25ª Bienal.<br />

O projeto “Fenótipos – Formas<br />

Limitadas”, mantido em colaboração<br />

com a universidade alemã de<br />

Karlsruhe, nasceu há cinco anos,<br />

na Bienal de Veneza. Foi desenvolvido<br />

em parceria com o belga Peter<br />

Hanappe. O mecanismo, chamado<br />

de A Book on Demand, por<br />

À esquerda, a arquiteta Micol Assaël.<br />

Acima, o fotógrafo Armin Linke orienta<br />

o embaixador Michele Valensise<br />

possibilitar a impressão de um “livro<br />

sob demanda” resulta também<br />

de cooperação contínua entre várias<br />

universidades, cientistas e o<br />

Laboratório de Ciências da Computação<br />

da multinacional Sony.<br />

Elementos físico-artísticos<br />

No primeiro andar da “Bienal do Vazio”<br />

se instalou Micol Assaël, arquiteta<br />

nascida em Roma, em 1979.<br />

Em um registro bem mais conceitual,<br />

ela convida o público a experimentar<br />

a obra “Sem Título (Dielétrico)”,<br />

que congrega um condutor<br />

de ar, fios elétricos e o efeito desses<br />

elementos juntos; faíscas.<br />

— Funciona como um corte no<br />

ar. É a pura demonstração da relação<br />

entre o ar e a eletricidade.<br />

Aqui há um desafio, pois se você<br />

se aproxima para enxergar a faísca,<br />

tem de enfrentar o vento. Se não<br />

chega perto, o fenômeno não é visível<br />

— explica Micol que estreou<br />

em 2001, em Salerno, na Itália.<br />

A artista privilegia a exploração<br />

da energia com a mínima intervenção<br />

possível. Sua obra convoca o<br />

visitante a uma percepção primeira<br />

do invisível absolutamente presente<br />

e essencial. A apontar que, apenas<br />

no silêncio, é possível enxergar<br />

e sentir o que se faz indispensável.<br />

Nada mais sintonizado com esta<br />

Bienal. Com um andar aberto, inteiramente<br />

nu de propostas, o prédio<br />

da Fundação chegou a ser invadido<br />

no primeiro dia de abertura<br />

ao público por manifestantes e pichadores<br />

que questionavam o atual<br />

sentido do evento, marcado por má<br />

gestão administrativa e financeira<br />

nas últimas edições.<br />

I sovrani dei<br />

giardini d’Europa<br />

Pisa ospiterà la mostra intitolata “Sovrani<br />

nel giardino d’Europa” fino a<br />

domenica 14 dicembre. L’evento è<br />

organizzato sotto l’Alto Patronato del Presidente<br />

della Repubblica e con il patrocinio<br />

della Presidenza del Consiglio dei Ministri<br />

e della Regione Toscana. Grazie agli ultimi<br />

contribuiti storiografici, la rassegna vuole<br />

ricostruire come era il clima politico e culturale<br />

del governo dei Lorena (1737-1859)<br />

50 Giorni di Cinema<br />

Internazionale<br />

È<br />

partita a Firenze la rassegna cinematografica<br />

internazionale che durerà 50<br />

giorni, esattamente fino al 22 dicembre. Un<br />

evento curato dalla Mediateca Regionale Toscana<br />

Film Commission in collaborazione con<br />

la Regione Toscana e presentato nel prestigioso<br />

Cinema Odeon di Firenze. L’edizione<br />

2008 vedrà come “ospite d’onore” il cinema<br />

francese al quale sarà dedicata la parte introduttiva<br />

del festival con una retrospettiva<br />

su Marcel Carnè e Jacques Prèvert. Seguirà<br />

poi in onore al “Cinema e Donne” dove sarà<br />

omaggiato il lavoro di Maria Mercader, attrice<br />

spagnola del primo novecento. Si concluderà<br />

con la consegna dei premi del N.I.C.E., il<br />

più importante festival cinematografico per<br />

la promozione delle opere prime e seconde<br />

del cinema italiano nel mondo.<br />

nella città di Pisa, luogo dove la corte trascorreva<br />

buona parte del periodo invernale.<br />

In mostra saranno presenti dipinti, sculture,<br />

arredi e stampe di collezioni private e<br />

pubbliche sia italiane che straniere, come<br />

anche materiale cartografico con inedite<br />

mappe provenienti dall’Archivio di Stato di<br />

Praga, città dove fu incoronato Pietro Leopoldo<br />

di Lorena nel 1870. Museo Nazionale<br />

di Palazzo Reale di Pisa. Ingresso 6 euro.<br />

“Pinocchio”<br />

Massimo Ceccherini, Alessandro Paci e<br />

Carlo Monni presenteranno “Pinocchio”,<br />

una classica commedia teatrale ripresa<br />

dal libro di Carlo Lorenzini (in arte Collodi)<br />

scritta nel 1883. Sarà una rappresentazione<br />

piena di tratti umoristici, visti i tre attori comici<br />

fiorentini. La storia riadattata vede Pinocchio,<br />

ragazzo rockettaro e metallaro, inseguito<br />

dalla fata turchina ninfomane e amica<br />

di Lucignolo, un cocainomane: una riflessione<br />

ironica sulla vita moderna. Monni interpreterà<br />

Geppetto, un personaggio innamorato del potere;<br />

Ceccherini sarà Lucignolo nelle vesti del<br />

diavolo tentatore e Paci sarà Pinocchio, ossessionato<br />

dalla televisione, dalla vita di periferia,<br />

ma che cerca con le sue forze di uscire dai<br />

problemi che lo assillano. Adatto ad un pubblico<br />

adulto. Biglietti: da 18 a 28 euro presso<br />

il Sashall di Firenze. Giovedi 13 e Venerdì 14<br />

novembre. Info:www.teatropuccini.it<br />

Moda<br />

Firenze ospiterà, per circa 8 mesi, un’iniziativa<br />

di moda che ha per fine quello di<br />

approfondire i legami storici della città con il<br />

settore. Il “Percorsi di Moda a Firenze” coinvolgerà<br />

61 eventi, 20 visite guidate in 26<br />

atelier, dieci luoghi d’arte e quattro musei di<br />

Firenze, tra il 28 ottobre e il 16 giugno del<br />

2009. I musei partecipanti sono: la Galleria<br />

del Costume, il Museo degli Argenti, il Museo<br />

Salvatore Ferragamo e il Museo di Santa<br />

Croce. Inoltre ci saranno visite alle chiese Orsanmichele,<br />

Santa Maria Novella, Chiesa dello<br />

Spirito Santo e alla Cattedrale di Santa Maria<br />

del Fiore, tra le altre. L’iniziativa viene promossa<br />

dall’assessorato alle attività legate al<br />

settore della moda del Comune di Firenze, e si<br />

inserisce nel progetto “Mestieri della Moda”,<br />

realizzato dal settore di turismo della città.<br />

X Festival Giapponese<br />

Dal 14 al 16 Novembre 2008 la Limonaia<br />

di Villa Strozzi a Firenze ospiterà<br />

la VIII Edizione del Festival Giapponese.<br />

All’evento saranno presenti personaggi di<br />

una certa peculiarità e non certo facili<br />

da incontrare in Italia. Dal maestro Nanjou<br />

Chouse, che crea le straordinarie maschere<br />

per il teatro noh, al Maestro della<br />

Scuola di Te Enshuryu, Kochuan Soucho,<br />

che vi introdurrà a questa antica arte un<br />

tempo riservata ai grandi uomini che hanno<br />

governato il Giappone; poi il “Gruppo<br />

Harmony” di suonatori di koto, la cedra<br />

giapponese, che vi faranno ascoltare un<br />

concerto di suoni armoniosi, che uniscono<br />

tradizione ad attualità. In conclusione,<br />

la Maestra Asahi, che ha creato dopo anni<br />

di studi ed esperienza una danza di energia<br />

nata come ginnastica per riportare<br />

equilibrio e rafforzare le proprie capacità<br />

di autoguarigione. Ingresso gratuito.<br />

54 C o m u n i t à I t a l i a n a / No v e m b r o 2008<br />

N o v e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 55


italian style<br />

futebol<br />

Para eles e para elas<br />

Diesel Fuel For Life vai bem para homens e mulheres. Sexy e<br />

energéticas, as notas para a fragrância feminina combinam<br />

acordes de jasmin e de cassis misturadas com a mandarina.<br />

O ar misterioso fica por conta do vétiver e da patchouli.<br />

Para os homens, ritmo e energia se encontram graças aos<br />

acordes vibrantes de anis, seguidos de framboesa, que por<br />

sua vez, dão lugar à lavanda. As notas de fundo são de<br />

vétiver. A partir de R$ 155 www.laffayette.com.br<br />

Na mesa<br />

A chapa de ferro antiaderente permite um<br />

cozimento da comida sem nenhuma fumaça.<br />

Com duas áreas, uma ideal para ovos,<br />

espetinhos, queijos, e a outra perfeita para<br />

carne, peixe e verduras. Depois de grelhar,<br />

a chapa se destaca da base transformandose<br />

numa bandeja que pode ser colocada<br />

diretamente na mesa. € 69,90 www.dmail.it<br />

Os produtos acima mencionados<br />

estão disponíveis no mercado italiano.<br />

Cuocinella<br />

Com este prático forno os alimentos<br />

são assados de uma forma<br />

rápida e uniforme. O cozimento<br />

é instantâneo e termina<br />

automaticamente de acordo<br />

com o tempo programado.<br />

Econômica e portátil,<br />

a Cuocinella é também<br />

ideal para descongelar e<br />

esquentar as comidas.<br />

Pode ser colocada em<br />

cima da mesa. € 99<br />

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óculos Dolce & Gabbana alterna cores clássicas<br />

e inovadoras além de apresentar a qualidade<br />

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Este relógio permite verificar a presença<br />

e a intensidade do sinal wi-fi sem<br />

precisar ligar o computador. Ele indica<br />

se no aeroporto, no hotel ou em<br />

qualquer local tem wireless. Elegante<br />

e prático, este acessório é ótimo para<br />

quem precisa usar internet em lugares<br />

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Fotos: Divulgação<br />

O brasileiro<br />

da Azurra<br />

Aos 23 anos, Fabiano Santacroce é o mais recente<br />

jogador convocado para a seleção <strong>italiana</strong> de futebol<br />

Fabiano Santacroce, zagueiro<br />

do Napoli, é um dos ídolos<br />

do futebol da Itália. No<br />

<strong>Brasil</strong>, porém, poucos conhecem<br />

este jovem nascido em<br />

Camaçari, no interior da Bahia.<br />

Filho de mãe brasileira, ele cresceu<br />

na Itália, terra do pai, para<br />

onde veio aos quatro anos<br />

de idade. A paixão pelo futebol<br />

sempre falou mais alto e ele escalou<br />

todas as divisões de base<br />

até vestir a camisa da Azurra, a<br />

principal seleção <strong>italiana</strong>. E como<br />

zagueiro, posição na qual os<br />

italianos são craques. Em campo,<br />

Santacroce é um marcador<br />

duro, que se antecipa ao lance,<br />

estilo que agradou ao técnico<br />

Marcello Lippi.<br />

— Esta é a chance dele<br />

aprender. O difícil vem agora —<br />

diz “professor” Canavarro, beque<br />

italiano considerado o melhor<br />

jogador do mundo durante<br />

a Copa da Alemanha, da qual<br />

saiu campeão.<br />

A convocação de Santacroce<br />

faz parte do plano de renovação<br />

do técnico italiano. Com a ginga<br />

de bom baiano, o jogador brasileiro<br />

não nega as origens. Ele só<br />

entra em pânico, mesmo, quando<br />

o que está “em jogo” é a língua<br />

portuguesa.<br />

— Entendo tudo, mas se me<br />

fizer falar em português entro<br />

em crise — brinca ele ao encontrar<br />

o repórter da Comunità,<br />

este brasileiro que vos escreve.<br />

Brincadeira dita, por sinal, em<br />

um italiano perfeito, com sotaque<br />

da Brianza — Em português,<br />

aprendi alguns palavõres,<br />

mas não os digo.<br />

Aos 23 anos, ele diz que chegar<br />

à seleção <strong>italiana</strong> é “um sonho”<br />

que ele não imaginava que<br />

Gu i l h e r m e Aq u i n o<br />

Correspondente • Milão<br />

poderia se realizar, pelo menos<br />

tão cedo.<br />

— Há três ou quatro anos,<br />

ainda estava longe da série A<br />

do campeonato italiano. Naquela<br />

época, eu não apostaria uma<br />

lira que chegaria aqui. Hoje, me<br />

sinto mais italiano do que brasileiro<br />

— afirma o jogador afastando<br />

a hipótese de ter vislumbrado,<br />

em algum momento, a<br />

possibilidade de ser convocado<br />

para a seleção brasileira.<br />

Sim, porque esta não seria a<br />

primeira vez que um ítalo-brasileiro<br />

vestiria a camisa de seus<br />

dois países. O atacante Jose Altafini,<br />

durante a copa de 1962,<br />

no Chile, defendeu a seleção <strong>italiana</strong>.<br />

Quatro anos antes, na Suécia,<br />

jogou pela seleção brasileira,<br />

na Copa vencida pelo <strong>Brasil</strong>.<br />

Atualmente, a Fifa não permite<br />

mais que um jogador que tenha<br />

defendido uma seleção mude de<br />

lado e troque de camisa, mesmo<br />

tendo dupla nacionalidade. Não é<br />

caso de Santacroce.<br />

Ele é estreante na seleção e<br />

foi notado bem antes que Dunga<br />

suspeitasse que ele pudesse jogar<br />

pelo <strong>Brasil</strong>. No centro de treinamentos<br />

da Azzurra, em Corveciano,<br />

nos arredores de Florença,<br />

o bom baiano sorri à toa e recebe<br />

tratamento especial. Ele afirma<br />

que não acompanha o campeonato<br />

brasileiro e que, depois dos<br />

jogos e dos treinos, ele se desliga<br />

do mundo.<br />

— Não gosto muito de ver<br />

os jogos de quem não será meu<br />

adversário do próximo turno.<br />

Prefiro fazer outras coisas. Aqui<br />

na seleção sei que tenho que<br />

melhorar muito, ter mais calma,<br />

aprender a usar melhor a cabeça.<br />

Estou aqui para tentar ‘roubar’<br />

um pouco os gestos e as ações<br />

destes grandes campeões com<br />

quem jogo — afirma.<br />

Santacroce nem de longe vê<br />

a sua convocação como uma resposta<br />

ao racismo em campo. Único<br />

jogador negro da Azzurra ele<br />

diz que “pode até haver este tipo<br />

de preocupação”, mas prefere<br />

acreditar que sua convocação foi<br />

um prêmio “por jogar bem”.<br />

— Nunca me vi envolvido em<br />

questões racistas. Apenas quando<br />

era mais jovem aconteceram<br />

alguns eventos isolados, mas nada<br />

importante — conta.<br />

Mesmo longe do <strong>Brasil</strong>, ele<br />

não se esquece da pátria-mãe.<br />

Ele diz ter a intenção de visitar<br />

o lugar onde nasceu e encontrar<br />

todos os seus parentes. O jogador<br />

admite que, em dia de clássico,<br />

“o pau come dentro de casa”<br />

porque a família fica dividida.<br />

Agora, porém, como integrante<br />

da Azzurra ele tem um palpite:<br />

— Sempre que joga <strong>Brasil</strong> contra<br />

a Itália, o pau come entre o meu<br />

pai e a minha mãe. Agora, porém,<br />

acho que, no fundo, ela vai torcer<br />

pela Itália, ou melhor, por mim.<br />

E ele, como se sentirá quando<br />

a seleção <strong>italiana</strong> enfrentar a<br />

brasileira<br />

— Não nego que me sinto<br />

brasileiro. Confesso que seria<br />

uma emoção única jogar contra<br />

uma das seleções mais fortes<br />

no mundo.<br />

56 C o m u n i t à I t a l i a n a / No v e m b r o 2008<br />

N o v e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 57


il lettore racconta<br />

Vitu Lu ig i Pellegrini chega<br />

ao <strong>Brasil</strong> na época do i m p é r io<br />

e estabelece a Fábrica de<br />

Massas Pellegrini ao lado da<br />

casa dos príncipes de Orleans<br />

e Br aga n ç a, em Petrópolis.<br />

Um a h is t ó r i a contada com<br />

o r g u l ho e emoção pela n e ta<br />

Liliana Feiteira Pellegrini.<br />

Depoimento à<br />

repórter Nay r a Garofle<br />

Meu avô, Vitu Luigi Pellegrini,<br />

deixou a Itália<br />

pelo porto de Gênova<br />

em 1887. <strong>Como</strong> a<br />

maioria dos italianos, ele veio para o<br />

<strong>Brasil</strong> à procura de uma vida melhor.<br />

O Rio de Janeiro era seu destino,<br />

mas por conta de uma epidemia de<br />

febre amarela, o navio seguiu para<br />

São Paulo. Assim, o jovem de 22 anos<br />

desembarcou no porto de Santos, com<br />

destino a Itu, onde tinha conhecidos.<br />

No interior paulista, conheceu<br />

um emissário da Companhia Petropolitana<br />

de Tecidos que recrutava imigrantes.<br />

Foi então que aceitou o trabalho<br />

na montagem e depois como<br />

tecelão, durante seis meses.<br />

Por duas vezes, meu avô retornou<br />

à Europa. Na primeira viagem, conheceu<br />

a minha avó Theodósia l’Àbbate<br />

com quem se casou logo depois. Em<br />

Petrópolis, já casado, vovô percebeu o<br />

desenvolvimento dos negócios e comprou<br />

uma boa área na principal rua<br />

da cidade, atual Rua do Imperador.<br />

O fundo da área dava para a casa dos<br />

príncipes de Orleans e Bragança.<br />

Nesse local, vovô instalou a Fábrica de<br />

Massas Pellegrini e abriu um armazém,<br />

conhecida como Casa Pellegrini,<br />

que vendia entre os produtos nacionais,<br />

produtos importados e massas<br />

da fábrica. Quem o orientou para que<br />

pudesse realizar o sonho de ter sua<br />

fábrica de massas foi o conde Francisco<br />

Matarazzo, dono de um negócio<br />

similar, em São Paulo.<br />

O segundo dos 10 filhos que meu<br />

avô teve, Francisco, abriu uma Casa<br />

Pellegrini no Rio de Janeiro<br />

e tornou a marca conhecida na cidade.<br />

Os negócios prosperavam, apesar<br />

da concorrência com o<br />

famoso Moinho Inglês. Contrariando<br />

as expectativas, os<br />

Pellegrini acabariam por<br />

comprar a filial do referido<br />

Moinho Inglês.<br />

No grande sobrado residencial<br />

- e sede tanto da<br />

fábrica quanto do armazém<br />

de comestíveis finos Casa<br />

Pellegrini (quase tudo era<br />

importado!) - encontra-se<br />

hoje o edifício que recebeu o<br />

nome da família.<br />

Apenas Miguel, o sétimo<br />

filho, prosseguiu no ramo industrial.<br />

Sem descendentes<br />

diretos e sem que qualquer<br />

um dos netos do velho Vitu<br />

tivesse, à época, oportunidade<br />

de conduzir o negócio da<br />

família, a fábrica foi fechada<br />

na década de 1970.<br />

Meu pai, Victor Antônio<br />

Pellegrini, é o quinto<br />

filho de meu avô. Ele optou<br />

pelo ramo agrícola e<br />

foi proprietário da Granja<br />

Santa Clara, localizada no<br />

antigo 5º distrito de Petrópolis,<br />

atual cidade de São José do<br />

Vale do Rio Preto.<br />

<strong>Como</strong> bons filhos e netos de italianos,<br />

a boa mesa sempre foi prestigiada<br />

com almoços famosos, tanto no<br />

sítio de meu pai quanto nas casas de<br />

minhas tias Nina, Luíza e Rosina,<br />

na cidade de Petrópolis. Tia Nina<br />

– os petropolitanos com mais de 50<br />

anos certamente vão recordar – fez<br />

fama com suas “almofadinhas” e outras<br />

delícias na loja A Fornarina.<br />

As novas gerações, porém, não<br />

perderam “a mão”: minha irmã Cristina<br />

é banqueteira reconhecida na<br />

cidade serrana, assim como meu primo<br />

Marcelo Kallenback (já falecido)<br />

e sua esposa Ana Maria, donos do<br />

Chalé Manacá, em Petrópolis. Além<br />

disso, Cláudia, minha filha mais nova,<br />

é uma cozinheira de primeiríssima<br />

qualidade que anda planejando reabilitar<br />

a fábrica de Massas Pellegrini.<br />

Essa história ainda está longe<br />

de terminar.<br />

Liliana Feiteira Pellegrini<br />

Niterói, RJ<br />

Mande sua história com material fotográfico para:<br />

redacao@comunita<strong>italiana</strong>.com.br<br />

58<br />

C o m u n i t à I t a l i a n a / No v e m b r o 2008


gastronomia<br />

Sapori d’Italia<br />

Risotto<br />

made in<br />

<strong>Brasil</strong>e<br />

Concorso realizzato a Rio de Janeiro sceglie chef<br />

per gareggiare, l’anno prossimo, in Italia<br />

Gli chef Bruno Marasco,<br />

Raimundo Cícero Nascimento<br />

e Júlia Maselli e la<br />

studentessa Sara Papi de<br />

Azevedo formeranno il team brasiliano<br />

che, nel maggio dell’anno<br />

prossimo, andranno nella città<br />

<strong>italiana</strong> Ivrea, in Piemonte, a difendere<br />

i colori verde e giallo. La<br />

missione è difficile: gareggiare<br />

contro gli italiani in un concorso<br />

di risotto, piatto tipico di quella<br />

regione d’Italia.<br />

I quattri hanno timbrato i loro<br />

passaporti per l’avvenimento<br />

dopo aver vinto, il mese scorso,<br />

il IX Concurso Internacional de<br />

Sô n i a Apolinário<br />

Fotos: Roberth Trindade<br />

A sinistra, lo chef Raimundo Cícero<br />

Nascimento. Sopra, il giurato<br />

Paolo Buffa e Júlia Maselli. Sotto,<br />

Bruno Marasco. A destra, Rafael<br />

Zibelli Neto vicino alla studentessa<br />

Sara Papi de Azevedo e Stefano<br />

Strobbia, giurato e presidente del<br />

Consorzio Canavese<br />

Risoto, realizzato a Rio de Janeiro.<br />

L’evento è stato promosso dal<br />

Consorzio Canavese, produttore<br />

di riso con sede ad Ivrea. Il Piemonte<br />

è il maggior produttore di<br />

riso in Italia.<br />

È la seconda volta che il calabrese<br />

Bruno Marasco vince il concorso<br />

brasiliano. La prima volta è<br />

stata nel 2001. Proprietario del<br />

ristorante Da Carmine, a Niterói,<br />

si è diplomato presso l’Istituto<br />

Alberghiero Guardia Piemontese<br />

ed è già stato alla guida, con il<br />

fratello Carmine, di un ristorante<br />

a Torino prima che venissero<br />

a vivere in <strong>Brasil</strong>e. Stavolta Marasco<br />

è stato vincitore con una<br />

ricetta di risotto di coda con porcini<br />

freschi. La coda è una carne<br />

di bue meno nobile, muscolosa,<br />

usata per fare un piatto tipico<br />

della gastronomia brasiliana.<br />

— Da un anno faccio ricerche<br />

su ricette “povere” regionali italiane.<br />

Il mio risotto è una nuova edizione<br />

di una di queste ricette. La<br />

coda è ciò che possiamo chiamare<br />

un piatto rustico — spiega Marasco<br />

che includerà il suo risotto con<br />

la coda nella lista del ristorante.<br />

Raimundo Cícero Nascimento,<br />

del Gibo Brambini, di Rio de<br />

Janeiro, ha garantito il suo viaggio<br />

in Italia con un risotto alla<br />

milanese con creme di tartufi. Il<br />

Gibo è uno dei ristoranti italiani<br />

più acclamati della città meravigliosa.<br />

Julia Maselli, del Pomodorino,<br />

anch’esso a Rio de Janeiro,<br />

ha presentato ai giurati un risotto<br />

di fiori di zucca. Invece la studentessa<br />

di gastronomia dell’Universidade<br />

Estácio de Sá, Sara Papi<br />

de Azevedo, ha sconfitto gli altri<br />

12 concorrenti, nella categoria<br />

studenti, con il risotto di zucca e<br />

gamberi profumati allo zenzero.<br />

In tutto 8 ristoranti e 13 studenti<br />

hanno partecipato alla gara<br />

organizzata dall’Unione Degli Italiani<br />

Nel Mondo a Rio, con l’appoggio<br />

di Comunità cordinazione<br />

tecnica di Mario Tacconi (Federazione<br />

Italiana Cuochi). Presidente<br />

della UIM, Rafael Zibelli Neto<br />

spiega che i competitori sono<br />

stati scelti sulla base delle ricette<br />

inviate prima dai concorrenti.<br />

Quest’anno il concorso ha<br />

presentato un diverso formato rispetto<br />

agli anni prima. Invece di<br />

riunirsi tutti in un unico luogo<br />

per preparare il risotto, gli otto<br />

giurati si sono spostati nei vari<br />

ristoranti. Il vincitore dell’anno<br />

scorso, Eduardo Salathiel, ha approvato<br />

la novità.<br />

— Nel formato anteriore, i<br />

giurati non accompagnavano la<br />

realizzazione dei piatti, ossia,<br />

non ne vedevano i difetti. Questo<br />

nuovo formato ha attribuito<br />

una maggiore serietà al concorso<br />

— dice lui, che è il proprietario<br />

dell’Ateliê Flor de Sal, una scuola<br />

di gastronomia a Niterói.<br />

Salathiel ha accumulato il<br />

maggior numero di punti totali<br />

l’anno scorso con un risotto di<br />

ricci di mare. Secondo lui, il “principale<br />

ingrediente” usato per vincere<br />

la gara è quello che usa nella<br />

realizzazione di qualsiasi piatto:<br />

dedizione. Salathiel afferma che<br />

si può fare un risotto con qualsiasi<br />

ingrediente e ricorda che il suo<br />

principale avversario l’anno scorso<br />

è stato lo chef paulista Vinícius<br />

Divulgação<br />

Manfredi, che ha creato un risotto<br />

di caffè con carne secca.<br />

Un’altra novità del concorso<br />

riguarda la premiazione stessa.<br />

L’anno scorso, Salathiel è rimasto<br />

una settimana ad Ivrea imparando<br />

le tecniche di preparazione<br />

di risotti. L’anno prossimo ci sarà<br />

per la prima volta una gara per<br />

stimolare gli studi. Stavolta, tornerà<br />

nella città <strong>italiana</strong> come coordinatore<br />

del gruppo dei vincitori<br />

del 2008 del concorso.<br />

Receita da<br />

mamma<br />

Os mais tradicionais restaurantes da capital mineira,<br />

o Dona Derna e o Memo Biadi seguem a tradição<br />

secular dos antepassados do chef e proprietário:<br />

manter o alto padrão da culinária <strong>italiana</strong><br />

Belo Horizonte – A rica e universal culinária <strong>italiana</strong> tem em<br />

Belo Horizonte um endereço certo para aqueles que apreciam<br />

a gastronomia mais tradicional do país que popularizou a pasta<br />

em todo o mundo. Inaugurado há 48 anos, o Dona Derna<br />

segue mantendo o mesmo padrão de exigência e qualidade desde que<br />

o restaurante foi montado por Derna Biadi. Ela chegou ao <strong>Brasil</strong> na década<br />

de 1950 e trouxe na bagagem uma importante herança culinária<br />

familiar, que atua no de restaurantes desde 1890.<br />

Seduzido pelos pratos da mamma, Memmo, que chegou ao <strong>Brasil</strong><br />

aos 14 anos, não pensou duas vezes para entrar no ramo. Hoje, comanda<br />

o restaurante montado por sua mãe, que continua a oferecer o<br />

melhor da tradicional culinária <strong>italiana</strong>, e o Memmo Pasta & Pizza, que<br />

funciona na parte de baixo do mesmo imóvel que abriga o Dona Derna<br />

, no coração da Savassi.<br />

O Dona Derna oferece um cardápio mais diversificado, com direito<br />

a pratos, inclusive, da tradicional culinária mineira.<br />

— Eu comecei a me interessar por cozinha ainda na época da fundação<br />

do Dona Derna acompanhando minha mãe na elaboração dos<br />

pratos. Depois, passei a viajar para a Itália e freqüentar os restaurantes<br />

mais famosos da Toscana, onde nasci — conta Memmo.<br />

Ele nunca fez curso de gastronomia. Tudo o que aprendeu foi na<br />

base do intercâmbio com outros chefs. Ele afirma que, no <strong>Brasil</strong> teve<br />

um “ótimo relacionamento” com o chef Bozzetti, quando comandava<br />

o badalado Fasano, em São Paulo.<br />

Mais do que manter o bom nome da famiglia no cenário gastronômico<br />

mineiro, Memmo foi um pioneiro na cidade, responsável pela<br />

criação de muitos restaurantes que hoje são referência em Belo<br />

Horizonte. O mais famoso e hoje sinônimo<br />

da alta culinária mineira é o<br />

Vecchio Sogno, fundado por ele em<br />

1995 e vendido ao seu ex-sócio Ivo<br />

Faria em 2001.<br />

No Dona Derna, Memmo Biadi comanda<br />

uma equipe de 35 funcionários,<br />

entre garçons e cozinheiros. A<br />

casa oferece pratos que nunca saíram<br />

do cardápio e que são uma referência<br />

do restaurante – uma tradição, com<br />

quase 50 anos de história. O ravióli<br />

de cordeiro com fonduta trufada é<br />

um dos carros-chefes, embora Memmo<br />

se recuse a apontar um prato como<br />

o principal.<br />

— É como filho, não consigo escolher<br />

um preferido — compara Memmo Biadi<br />

o<br />

Ravióli de cordeiro com fonduta trufada<br />

Ge r a l d o Cocolo Jr.<br />

Ingrediente: Massa de ravióli: 20 gemas, 5 ovos inteiros e uma dose<br />

de 50 ml de vinho branco, pitadinha de sal e meia colher de azeite.<br />

Modo de fazer: Depois de pronta, a massa é aberta e cortada em<br />

quadrado. Coloca-se o recheio, feito de um ensopado de cordeiro,<br />

que leva alecrim e faz o refogado com o tricolore (aipo, cenoura e cebola).<br />

Refogar com vinho branco, caldo de galinha ou de carne, que<br />

leva também alho poró, aipo, cenoura, cebola e tomate. Cozinhar por<br />

4 ou 5 horas em fogo baixo até soltar a carne do osso. Desfiar a carne<br />

para o recheio. Incluir um pouquinho de farinha de rosca ou de queijo<br />

parmesão para dar liga. Dobrar em triângulo e cozinhar rapidinho<br />

porque a massa fresca cozinha depressa.<br />

Molho: À base de creme de leite, queijo ralado e um pouco de queijo<br />

prato, aromatizado com manteiga de trufa. Fazer uma “cama” com o<br />

molho branco: os raviólis por cima mais o molho de queijo trufado e<br />

completar com o molho de cozimento do cordeiro, jogando-o por cima.<br />

No meio, acrescentar um pouco de espinafre saltado com pinoli<br />

e uva passa. Para acompanhar, um Brunelo, da Toscana.<br />

chef, pai de dois filhos, ambos com interesse em gastronomia. A filha<br />

Paula é casada com o sommelier Guilherme Correia e o filho Enrico ajuda<br />

o pai a administrar o Dona Derna.<br />

Diferentemente da Itália, onde segundo Memmo, a comida ultimamente<br />

está muito light, o Dona Derna oferece a tradicional comida<br />

<strong>italiana</strong> tropicalizada. Isto significa, pratos mais temperados, ao gosto<br />

do brasileiro, apesar de os ingredientes serem os mesmos. Para ele,<br />

o mais importante de um restauranteur é manter o mesmo padrão de<br />

comida ao longo do tempo.<br />

— Quando uma pessoa vai a um restaurante que já conhece, ela<br />

quer experimentar o mesmo sabor. E é isso que minha mãe e eu sempre<br />

nos preocupamos — afirma.<br />

Serviço: Me m o Pa s ta e Dona Derna Ristorante – Rua To m é de So u z a, 1343<br />

Savassi – B.H - Fone (31) 3223-6954<br />

Fotos: Victor Schwaner<br />

60 C o m u n i t à I t a l i a n a / No v e m b r o 2008<br />

N o v e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 61


La gente,<br />

il posto<br />

Claudia Monteiro de Castro<br />

Tem gente que adora o desafio de<br />

subir os inúmeros degraus de um<br />

monumento. Tem quem o evite a<br />

todo custo. O mais comum é subir degraus<br />

para chegar às cupulas das igrejas. E depois<br />

de tanta fatiga, ter o prazer de uma vista<br />

maravilhosa, como a da cúpula da Basílica<br />

de São Pedro, em Roma. Mas num interessante<br />

monumento de Orvieto, cidade<br />

pitoresca da Úmbria, os degraus são para<br />

descer, ao invés de subir. É o Pozzo di San<br />

Patrizio, construído por Antonio da Sangallo<br />

entre 1527 e 1537, a pedido do Papa<br />

Clemente VII, para fornecer água em caso<br />

de cerco à cidade. O poço, de 60 metros, é<br />

constituído por duas rampas helicoidais superpostas,<br />

uma que desce e outra que sobe.<br />

Dessa forma, era possível transportar água<br />

sem ter o problema de quem subia esbarrar<br />

Pozzo di San Patrizio<br />

com quem descia. O poço de San Patrizio,<br />

com seus 248 degraus, é um dos cartões<br />

postais de Orvieto.<br />

Tel. 076 3343768<br />

Ingresso: 4,50 euros<br />

Horário de abertura: 9h 18h45<br />

No escurinho do cinema<br />

Sai verão, entra outono e finalmente reabrem os cinemas da cidade.<br />

Durante os meses de julho e agosto a maioria dos cinemas, em<br />

Roma, não funciona. Para compensar os cinéfilos, são montadas<br />

as arenas, ou seja, os cinema ao ar livre em diversos bairros da cidade.<br />

Mesmo assim, dá saudade do escurinho do cinema, das cadeiras confortáveis<br />

e do fresquinho do ar condicionado. No verão, a programação em<br />

exibição é formada por uma seleção de filmes do ano inteiro ou alguns<br />

clássicos. Assim, quando chegam os meses de setembro e outubro, começam<br />

os lançamentos. É tanto filme novo no circuito que acaba não<br />

dando para ver todos, pois é muita novidade chegando junta.<br />

Esse “ciclo” me faz pensar na primeira vez em que fui ao cinema,<br />

no início de minha estadia em Roma, em 2002. O filme era francês, “O<br />

fabuloso mundo de Amélie Poulain”. Na época, estava toda empolgada<br />

em treinar meu francês, ouvir a língua que é<br />

poesia para meus ouvidos, ver Paris no telão<br />

e tudo mais. Escolhi um cinema bem<br />

confortável, o Adriano, um multi-sala,<br />

ex-teatro onde os Beatles tocaram quando<br />

estiveram em Roma nos anos 60.<br />

A empolgação passou assim que<br />

apareceu na tela o bairro de Montmartre,<br />

onde se passa a história do filme e<br />

o narrador começou a falar em... italiano.<br />

Oh, não, pelo amor de Deus!!! Paris,<br />

em italiano! Mon dieu! Pas possible!<br />

Não dá. Cinema é um faz-de-conta,<br />

é entrar na tela como o personagem da<br />

Rosa púrpura do Cairo de Woody Allen!<br />

Ver Paris com narrador em italiano foi<br />

uma verdadeira desilusão. Para coroar minha<br />

decepção, no meio do filme teve um intervalo de cinco minutos,<br />

comum na maioria dos cinemas na Itália.<br />

Quando é possível, dou preferência aos poucos cinemas que exibem<br />

filmes em língua original, como o Metropolitan, o Nuovo Olimpia<br />

ou alguns centros culturais que fazem mostras retrospectivas de<br />

diretores clássicos, como François Truffaut. Mas é bem difícil arrastar<br />

um amigo italiano para ver um filme em qualquer língua que não<br />

seja a dele.<br />

Com o passar dos anos, um pouco me habituei a ver filmes americanos<br />

(espanhóis, japoneses e franceses) em italiano. Existem várias<br />

escolas de dublagem na Itália e os dubladores representam uma categoria<br />

profissional importante no país. Para os brasileiros, acostumados<br />

com filmes em original, não deixa de ser estranho. A coisa mais engraçada<br />

é ver famosos atores americanos<br />

dizendo palavrão em italiano. Surreal.<br />

Ah, e tem mais um detalhe! Alguns<br />

cinemas têm lugares marcados,<br />

ao comprar o ingresso. Origem de uma<br />

série de problemas.<br />

Muitas pessoas, não satisfeitas<br />

com o próprio lugar, acabam querendo<br />

trocar de poltrona pouco antes de<br />

começar o filme. Cinco minutos depois<br />

que o filme começa, chegam os<br />

“atrasildos” e querem se sentar no lugar<br />

que compraram, que já está ocupado.<br />

Começa, então, o maior bate boca.<br />

Um verdadeiro filme dentro do filme.<br />

Até no escurinho do cinema os italianos<br />

gostam de uma boa baderna.<br />

62<br />

C o m u n i t à I t a l i a n a / No v e m b r o 2008

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