Como Brasil e Itália enfrentam a situação ... - Comunità italiana
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www.comunita<strong>italiana</strong>.com<br />
Rio de Janeiro, novembro de 2008 Ano XV – Nº 125<br />
Ciao crise!<br />
<strong>Como</strong> <strong>Brasil</strong> e Itália <strong>enfrentam</strong><br />
a situação econômica mundial<br />
ISSN 1676-3220 R$ 10,90<br />
Giorgetto Giuggiaro, o designer automotivo do século
22<br />
CAPA<br />
Com a crise econômica mundial, a Itália se prepara para enfrentar uma possível recessão, em 2009.<br />
No <strong>Brasil</strong>, a expectativa é manter o crescimento econômico, porém, com índices bem modestos<br />
Editorial<br />
Entre a crise..................................................................................08<br />
Cose Nostre<br />
A Suprema Corte da Itália proibiu que um casal de italianos batizasse o<br />
seu filho com o nome de Venerdì, ‘sexta-feira’ em italiano................09<br />
Política<br />
<strong>Brasil</strong> elege novos prefeitos e dá início a uma nova composição de força<br />
no cenário nacional, de olho na próxima disputa presidencial............ 17<br />
Negócios<br />
À frente de uma das principais empresas brasileiras exportadoras<br />
de rochas ornamentais, o italiano Bruno Zanet foi destaque na 43ª<br />
Marmomacc, em Verona................................................................28<br />
Diplomazia<br />
Il console d’Italia a Rio de Janeiro, Massimo Bellelli, si congeda dal<br />
<strong>Brasil</strong>e portandosi nei bagagli abitudini prettamente cariocas.........34<br />
Filosofia<br />
Em passagem pelo <strong>Brasil</strong>, o filósofo italiano Massimo Borghesi fala<br />
sobre crise econômica e a falta de motivação dos jovens ................ 42<br />
Artes Plásticas<br />
A Itália marca presença na 28º Bienal de<br />
São Paulo com a participação de dois artistas.................................54<br />
Futebol<br />
Aos 23 anos, Fabiano Santacroce é o brasileiro<br />
que integra a seleção <strong>italiana</strong> de futebol........................................57<br />
Roberth Trindade<br />
20<br />
Divulgação<br />
40<br />
46 48<br />
Divulgação<br />
João Carnavos<br />
No Parlamento<br />
Marco Zacchera<br />
O que pensa o presidente do<br />
Comitê Permanente para os<br />
Italianos no Exterior da Câmara<br />
dos Deputados da Itália<br />
Turismo<br />
Paraty<br />
As belezas da cidade fluminense<br />
candidata ao título de<br />
patrimônio mundial da Unesco<br />
Literatura<br />
Roberto Saviano<br />
O escritor italiano está jurado<br />
de morte pela máfia por conta<br />
do livro Gomorra, best-seller que<br />
chega ao <strong>Brasil</strong> em dezembro<br />
Cinema<br />
Exclusivo<br />
Filho do diretor Vitorio de Sica<br />
e neto do produtor Luigi De<br />
Laurentiis, ícones do cinema da<br />
Itália, filmam no Rio de Janeiro<br />
6<br />
C o m u n i t à I t a l i a n a / No v e m b r o 2008
COSE NOSTRE<br />
Julio Vanni<br />
FUNDADA EM MARÇO DE 1994<br />
Diretor-Presidente / Editor:<br />
Pietro Domenico Petraglia<br />
(RJ23820JP)<br />
Diretor: Julio Cezar Vanni<br />
Publicação Mensal e Produção:<br />
Editora Comunità Ltda.<br />
Tiragem: 40.000 exemplares<br />
Esta edição foi concluída em:<br />
05/11/2008 às 17:30h<br />
Distribuição: <strong>Brasil</strong> e Itália<br />
Redação e Administração:<br />
Rua Marquês de Caxias, 31, Niterói,<br />
Centro, RJ CEP: 24030-050<br />
Tel/Fax: (21) 2722-0181 / (21) 2722-2555<br />
e-mail: redacao@comunita<strong>italiana</strong>.com.br<br />
SUBEDItora: Sônia Apolinário<br />
jornalismo@comunita<strong>italiana</strong>.com.br<br />
Redação: Daniele Mengacci;<br />
Guilherme Aquino; Nayra Garofle;<br />
Sarah Castro; Sílvia Souza;<br />
Tatiana Buff; Valquíria Rey;<br />
Janaína Cesar; Lisomar Silva<br />
REVISÃO / TRADUÇÃO: Cristiana Cocco<br />
Projeto Gráfico e Diagramação:<br />
Alberto Carvalho<br />
arte@comunita<strong>italiana</strong>.com.br<br />
CAPA: Grupo Keystone<br />
Colaboradores: Giorgio della Seta; Pietro<br />
Polizzo; Venceslao Soligo; Marco Lucchesi;<br />
Domenico De Masi; Franco Urani; Fernanda<br />
Maranesi; Adroaldo Garani; Beatriz Rassele;<br />
Giordano Iapalucci; Cláudia Monteiro de Castro;<br />
Ezio Maranesi; Fabio Porta; Fernanda Miranda<br />
CorrespondenteS:<br />
Guilherme Aquino (Milão);<br />
Janaína Cesar (Treviso);<br />
Lisomar Silva (Roma);<br />
Publicidade:<br />
Philippe Rosenthal<br />
Rio de Janeiro - Tel/Fax: (21) 2722-0181<br />
philippe@comunita<strong>italiana</strong>.com.br<br />
RepresentanteS:<br />
Brasília - Cláudia Thereza<br />
C3 Comunicação & Marketing<br />
Tel: (61) 3347-5981 / (61) 8414-9346<br />
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Minas Gerais - GC Comunicação & Marketing<br />
Geraldo Cocolo Jr.<br />
Tel: (31) - 3317-7704 / (31) 9978-7636<br />
gcocolo@terra.com.br<br />
ComunitàItaliana está aberta às contribuições<br />
e pesquisas de estudiosos brasileiros, italianos<br />
e estrangeiros. Os artigos assinados são de<br />
inteira responsabilidade de seus autores, sendo<br />
assim, não refletem, necessariamente, as<br />
opiniões e conceitos da revista.<br />
La rivista ComunitàItaliana è aperta ai<br />
contributi e alle ricerche di studiosi ed esperti<br />
brasiliani, italiani e estranieri. I collaboratori<br />
e sprimono, nella massima libertà, personali<br />
opinioni che non riflettono necessariamente il<br />
pensiero della direzione.<br />
ISSN 1676-3220<br />
A<br />
novidade deu na praia. Dentro da garrafa, não havia um pedido de socorro, mas<br />
um aviso: salve-se quem puder. A crise econômica mundial era para ser apenas<br />
um problema dos norte-americanos. A globalização, porém, se encarregou de<br />
contaminar os quatro cantos do mundo com ela. Países que se encontravam debilitados<br />
ficaram imediatamente “gripados”. Quem estava com sua economia fortalecida, escapou<br />
da doença, pelo menos por enquanto. Todos, porém, correram em busca de remédios.<br />
Nossa reportagem de capa mostra como Itália e <strong>Brasil</strong> estão enfrentando a crise.<br />
Lá, os prognósticos para 2009 não são dos melhores. Há quem fale em recessão. Aqui,<br />
o quadro é bem diferente. Empresários acreditam que o próximo ano terá, inclusive,<br />
crescimento. Os índices, porém, tendem a ser mais modestos.<br />
<strong>Como</strong> várias reportagens dessa edição mostram, as apostas no <strong>Brasil</strong> são grandes. A<br />
própria Itália aposta muitas fichas no país. Uma recente rodada de negócio, que trouxe<br />
empresários italianos para cá deixou isso claro.<br />
Mais do que nunca, uma grande integração entre os dois países se mostra importante.<br />
Coincidência ou não, a tão esperada visita oficial do presidente brasileiro à Itália será<br />
feita exatamente neste momento. Nesta edição, mostramos algumas cartas que devem<br />
ser colocadas na mesa pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em jogo, uma maior<br />
participação do <strong>Brasil</strong> no G8, grupo formado pelos países mais<br />
ricos do planeta. A Itália preside o G8 em 2009.<br />
Ainda em termos de integração entre os dois países, um<br />
destaque desta edição é nosso suplemento especial, o Via<br />
Expressa. Nele damos todos os detalhes a respeito da missão<br />
empresarial e cultural chefiada pelo governador de Minas<br />
Gerais, Aécio Neves, ao Piemonte.<br />
Há, também, outros tipos de integração que mostramos.<br />
Uma de nossas reportagens apresenta o jogador brasileiro que<br />
integra a seleção <strong>italiana</strong> de futebol. Em outra, mostramos como<br />
a máfia <strong>italiana</strong> vai inspirar uma nova novela a ser produzida<br />
pela televisão brasileira. Mostramos ainda os artistas italianos<br />
que fazem parte da 28ª Bienal de São Paulo e herdeiros de<br />
ícones do cinema da Itália que escolheram o Rio de Janeiro<br />
como cenário para um filme. São eles o ator Christian De Sica,<br />
filho do diretor Vitorio De Sica e Luigi De Laurentiis, neto e<br />
homônimo do grande produtor italiano que segue a mesma profissão do avô.<br />
Um dos destaques da edição é a entrevista com Giorgetto Giugiaro. Aos 70 anos, o<br />
italiano foi eleito Designer Automotivo do Século.<br />
A revista também conta a história de Roberto Saviano. De autor desconhecido, ele<br />
se tornou o inimigo número 1 da máfia <strong>italiana</strong> por conta do seu livro, Gomorra. A obra<br />
se tornou um best-seller e virou filme candidato ao Oscar. Saviano, porém, continua<br />
jurado de morte.<br />
A destacar, uma despedida. Está prestes a voltar para a Itália, o cônsul geral da Itália<br />
no Rio de Janeiro, Massimo Bellelli. Apaixonado pela cidade, foi um grande parceiro de<br />
todas as iniciativas que tivessem como objetivo promover a sua circunscrição (RJ, ES e<br />
BA) e a Itália. Desde a sua chegada, demonstrou habilidade diplomática, perspicácia,<br />
tenacidade e coragem numa missão que rendeu aos ítalo-brasileiros uma série de vitórias.<br />
Fará falta e deixará saudades.<br />
Boa leitura.<br />
Pietro Petraglia<br />
Editor<br />
editorial<br />
Entretenimento com cultura e informação<br />
Autênticos<br />
Foi arquivado o inquérito sobre a autenticidade dos Brunello<br />
di Montalcino. Com isso, foram liberadas as garrafas da safra<br />
2003 das adegas Antinori, Frescobaldi e Castello Banfi. A<br />
investigação, que durou oito meses, foi solicitada pelo Governo<br />
americano com a ameaça de bloquear as importações. Há, porém,<br />
uma ressalva. O Procurador suspeita que não era respeitada<br />
a regra estabelecida para o produto, que obriga os produtores a<br />
utilizar somente uvas 100% sangiovese. Cúmplices na safra passada,<br />
como foi aquela de 2003, os produtores foram acusados de<br />
ter usado partes de outras variedade de uvas na produção dos<br />
sagrados Brunellos.<br />
Com fome<br />
Quatro chefes da Camorra,<br />
detidos em uma prisão na<br />
Sicília, tentaram subornar um<br />
agente penitenciário para que<br />
ele lhes trouxesse lagosta, caviar,<br />
mozzarella de búfala, champanhe<br />
e outras iguarias para as<br />
suas celas. Os mafiosos haviam<br />
prometido ao guarda uma compensação<br />
financeira e 1,5 mil euros<br />
por mês. O plano deu errado,<br />
pois o agente, ao invés de colaborar<br />
com os criminosos, delatou<br />
o suborno à Justiça.<br />
Ajudinha extra<br />
O<br />
governo italiano está<br />
considerando conceder<br />
incentivos fiscais para a<br />
aquisição de automóveis e<br />
aparelhos domésticos. A informação<br />
é do ministro da<br />
Indústria, Claudio Scajola.<br />
Segundo ele, o governo de<br />
centro-direita está avaliando<br />
a ação “para dar nova força<br />
ao mercado de veículos, paralisado<br />
por toda a Europa, e<br />
também o mercado de utensílios<br />
domésticos”.<br />
Rapidinhas<br />
● Um almoço reuniu no restaurante<br />
O Sarracino, em Minas Gerais,<br />
os presidentes da Câmara Ítalobrasileira,<br />
Giacomo Regaldo, da<br />
<strong>Brasil</strong>-Alemanha, Hans Kampik<br />
da Câmara Portuguesa, Fernando<br />
Meira e o vice-presidente da Câmara<br />
França-<strong>Brasil</strong>, Vincent Reignier.<br />
A conversa era sobre projetos<br />
em comum para o próximo ano.<br />
Sexta-feira, não<br />
A<br />
Por 500 metros e 20 segundos, o sonho do <strong>Brasil</strong> em voltar a<br />
ter um campeão mundial de Fórmula 1 teve de ser adiado.<br />
Aclamado como novo ídolo do esporte no país, o piloto da escuderia<br />
<strong>italiana</strong> Ferrari, Felipe Massa, cumpriu sua missão e venceu<br />
o Grande Prêmio do <strong>Brasil</strong>, em Interlagos. Mas, por um ponto, o<br />
troféu de melhor do mundo foi para o inglês Lewis Hamilton, da<br />
McLaren. No campeonato mais disputado dos últimos anos, no entanto,<br />
o ítalo-brasileiro provou que sabe dosar técnica, emoção e<br />
audácia. Ano que vem promete!<br />
Suprema Corte da Itália proibiu que um casal de italianos batizasse<br />
o seu filho com o nome de Venerdì, ‘sexta-feira’ em italiano.<br />
A decisão se baseia em uma lei <strong>italiana</strong> que proíbe os pais de dar<br />
nomes considerados “ridículos ou constrangedores” aos filhos. Além<br />
disso, os juízes acreditam que o nome remete ao personagem do romance<br />
clássico Robinson Crusoe, de Daniel Defoe, caracterizado por<br />
“sua subserviência e inferioridade”. Eles obrigaram os pais a rebatizar<br />
a criança de Gregório, nome do santo homenageado no aniversário da<br />
criança. Inconformados, os pais disseram que continuarão a chamar<br />
a criança de Venerdì. Mais, se tiverem um próximo filho vão chamá-lo<br />
de Mercoledì, ou seja, ‘quarta-feira’.<br />
Divulgação<br />
● José Viegas Filho é o novo<br />
embaixador do <strong>Brasil</strong> na Itália.<br />
Assume no lugar de Adhemar<br />
Gabriel Bahadian. Viegas Filho<br />
já ocupou o mesmo cargo na Dinamarca,<br />
no Peru, na Rússia e<br />
na Espanha.<br />
● Nova Friburgo agora tem<br />
um vice-consulado Honorário<br />
da Itália. Fica na Praça das Colônias<br />
e a inauguração contou<br />
com a presença do cônsul no<br />
Rio Massimo Bellelli.<br />
● Morreu: Aos 84 anos, o milanês<br />
Ítalo Bianchi radicado no<br />
<strong>Brasil</strong> e cuja história se confunde<br />
com a maturidade da publicidade<br />
nacional. Na Companhia<br />
Cinematográfica Vera Cruz,<br />
Bianchi atuou como cenógrafo<br />
Mulherio<br />
A<br />
Expo 2015 em Milão será<br />
a primeira, na história<br />
das exposições mundiais,<br />
a ter um pavilhão totalmente<br />
dedicado às mulheres.<br />
Isso foi acertado pela prefeita<br />
da cidade, Letizia Moratti,<br />
a diretora para a África<br />
e o Oriente Médio do Banco<br />
Mundial (Bird), Ngozi Okonjo-Iweala<br />
e, a vice-presidente<br />
do Senado Italiano, Emma<br />
Bonino. Elas se comprometeram<br />
a viabilizar projetos de<br />
cooperação internacional articulados<br />
sobre temas de nutrição<br />
e das mulheres.<br />
Futebol de base<br />
A<br />
Roma terá no <strong>Brasil</strong> uma clínica<br />
de futebol. Será voltada<br />
para crianças entre 8 e 14 anos.<br />
Entre os dias 14 e 20 de dezembro,<br />
em Barra do Piraí (RJ), 60<br />
crianças terão treinamento focado<br />
na rotina de um jogador. Os melhores<br />
podem vir a ser aproveitados<br />
nas categorias de base do clube.<br />
O preço, porém, é salgado: 1,6<br />
mil reais por criança.<br />
e diretor de arte até 1954. No<br />
jornal O Estado de S.Paulo, foi<br />
diretor de arte e, inspirado por<br />
Umberto Eco, montou um estúdio<br />
de comunicação visual e<br />
criação publicitária em Recife.<br />
Foi nesta cidade que expôs suas<br />
obras na Galeria Ranulpho<br />
e veio a falecer. Bianchi deixa<br />
mulher e cinco filhos.<br />
8 C o m u n i t à I t a l i a n a / No v e m b r o 2008<br />
N o v e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 9
opinião<br />
serviço<br />
frases<br />
enquete<br />
Berlusconi quer ser presidente<br />
após 2013. Você acha uma boa<br />
opção para a Itália<br />
Não – 62,5%<br />
“Non sono sorpreso della crisi finanziaria<br />
mondiale, visto che episodi come questo sono<br />
stati presenti lungo tutta la storia umana. Però,<br />
nel Medioevo, gli usurai e i finanzieri che si<br />
comportavano male erano messi in galera”,<br />
Dario Fo, scrittore e drammaturgo italiano.<br />
“È chiaro che la sua principale qualità non è<br />
la sua bellezza, ma quello che è, quello che<br />
dice, quello che pensa. Amo la sua maniera<br />
di essere madre. Pochi modelli di coppia<br />
funzionano e noi cerchiamo di fare qualcosa.<br />
Non è un obbligo vederci tutti i giorni, ma<br />
quando stiamo insieme, ci stiamo veramente”,<br />
Vincent Cassell, attore francese,<br />
parlando dell’attrice Monica<br />
Bellucci, con chi è sposato dal 1999.<br />
“Sono la donna più<br />
cornuta d’Italia”,<br />
Ilary Blasi, moglie<br />
del calciatore italiano<br />
Totti, parlando<br />
dei supposti affair<br />
dell’idolo della Roma.<br />
“Forse dopo un allenamento lo<br />
lascerò guidare la mia Yamaha<br />
per farsi qualche giro”,<br />
Valentino Rossi, motociclista<br />
italiano, dopo aver<br />
ricevuto elogi dall’attore<br />
nordamericano Brad Pitt.<br />
Polícia <strong>italiana</strong> patrulhará com<br />
carros apreendidos da máfia. É<br />
uma atitude correta<br />
Sim – 82,4%<br />
“Sono andato via da Rio per<br />
essere derubato in Italia”,<br />
Adriano, calciatore brasiliano<br />
dell’Inter di Milano parlando<br />
della rapina nella<br />
sua casa, in Italia.<br />
Governo italiano quer criar turmas<br />
exlusivas para crianças imigrantes nas<br />
escolas. Você concorda<br />
Não – 71,4%<br />
agenda<br />
Michelangelo em SP<br />
Até dia 30 de novembro, uma<br />
exposição composta por 25 peças<br />
provenientes da Gipsoteca<br />
dell’Istituto Statale d’Arte de<br />
Florença está em cartaz no Mube.<br />
Estátuas, bustos e relevos<br />
em gesso, que retratam tanto a<br />
escultura clássica quanto a produção<br />
de Michelangelo, ilustram<br />
o percurso da escultura antes e<br />
depois do grande artista. Dois<br />
desenhos originais provenientes<br />
da Casa Buonarroti de Florença e<br />
painéis cenográficos de Aurelio<br />
Amendola devolvem ao visitante<br />
o esplendor dos estudos dos nus<br />
desenhados pelo grande mestre<br />
na estante<br />
florentino. De segunda a domingo,<br />
das 10h às 19h. Local: Museu<br />
<strong>Brasil</strong>eiro da Escultura (MuBE),<br />
Rua Alemanha 221, Jardim Europa.<br />
Informações: (11) 2594-2601<br />
/ 3081-8611 e www.mca.org.br<br />
Co r a l em SC<br />
Festival promovido pela Associação<br />
Coral de Criciúma e pela<br />
Fundação Cultural de Criciúma,<br />
com o apoio do Comitato<br />
delle Associazioni Venete<br />
per lo Stato di Santa Catarina<br />
(Comvesc), terá a participação<br />
de dois corais italianos: o Coro<br />
Stelutis di Bologna e o Coro<br />
Monte Pasubio di Rovigo. Além<br />
O efeito Médici. Repleta de histórias sobre interseções<br />
entre campos como ciência, negócios, arte e política, a<br />
obra de Frans Johansson aborda a importância de romper<br />
barreiras associativas e avaliar problemas sob novas<br />
perspectivas. O livro toma a notável evolução artística<br />
e cultural proporcionada pela família de banqueiros<br />
Medici no Renascimento italiano para explicar os encontros<br />
inovadores que regem o mundo. Os “objetos”<br />
de análise do autor são uma equipe de pesquisadores,<br />
um chefe de cozinha e um engenheiro. Em comum, eles<br />
têm a natureza criativa de suas idéias e o modo como a<br />
tornaram possíveis. BestSeller, 25 reais, 280 páginas.<br />
de usar o palco do Teatro Elias<br />
Angeloni, as apresentações ocuparão<br />
as ruas, praças e empresas<br />
de Criciúma, a fim de levar<br />
o canto coral a todas as classes<br />
sociais da região. De 26 a 29 de<br />
novembro. A entrada é franca.<br />
Informações: (48) 3437- 4928<br />
ou (48) 3430-0682.<br />
Santa Teresa – viagem no tempo 1873/2008. Para<br />
quem curte uma bela história de família, o livro da<br />
pesquisadora Sandra Gasparini é um prato feito. A publicação<br />
também vai agradar a todos que simplesmente<br />
desejam saber sobre o contexto econômico, político<br />
e social de uma geração, neste caso, a dos italianos<br />
que começaram a habitar a cidade capixaba no final do<br />
século 19. A partir de imagens e símbolos da preservação<br />
da identidade <strong>italiana</strong> na região, Sandra fala sobre<br />
construções, moda, decoração e culinária, o que permite<br />
uma bela viagem ao passado. 280 páginas. Informações:<br />
(27) 3223-5934 / contato@ihges.com.br<br />
Cu r s o pa r a estrangeiros<br />
Professores e outros profissionais<br />
interessados em ministrar<br />
aulas ou palestras em italiano<br />
para adultos de diferentes nacionalidades<br />
terão a oportunidade<br />
de aprender a língua em<br />
Siena. A Universidade para Estrangeiros<br />
de Siena oferece<br />
o curso “Conteúdo, Método e<br />
Abordagem do ensino de italiano<br />
para adultos estrangeiros”.<br />
As inscrições podem ser feitas<br />
até 15/12. O curso tem duração<br />
de 12 meses. Para mais informações<br />
acesse: www.unistrasi.<br />
it ou pelo telefone: (39) 0511-<br />
240115.<br />
click do leitor<br />
m outubro do ano passado, viajei<br />
“Epela Europa. Conheci a Grécia, a<br />
França, a Holanda, a Inglaterra e, claro,<br />
a Itália. Visitei os principais pontos turísticos<br />
do país. Fui a Roma, Veneza e<br />
não poderia deixar de registrar esta foto<br />
no Lago di <strong>Como</strong>, na Lombardia. Um ano<br />
já se passou e não vejo a hora de poder<br />
fazer esta viagem de novo.”<br />
Clarissa Sena,<br />
Niterói, Rio de Janeiro, por e-mail<br />
Mande sua foto comentada para esta coluna<br />
pelo e-mail: redacao@comunita<strong>italiana</strong>.com.br<br />
Arquivo pessoal<br />
Sim – 37,5%<br />
Enquete apresentada no site www.comunita<strong>italiana</strong>.com<br />
entre os dias 14 a 17 de outubro.<br />
Não – 17,6%<br />
Enquete apresentada no site www.comunita<strong>italiana</strong>.com<br />
entre os dias 17 a 21 de outubro.<br />
ERRATA: Na reportagem “O fiel da balança” publicada na edição 124, a identificação correta da foto à direita é Maria D’Assunção Costa,<br />
diretora presidente do Instituto <strong>Brasil</strong>eiro de Estudos do Direito da Energia (IBDE) e não Ruth Lunardelli<br />
Sim – 28,6%<br />
Enquete apresentada no site www.comunita<strong>italiana</strong>.com<br />
entre os dias 24 a 29 de outubro.<br />
cartas<br />
enho, por meio deste e-mail, manifestar o meu desconten-<br />
a respeito dos consulados italianos deste país. Sou<br />
“Vtamento<br />
brasileiro e filho legítimo de italiano. Dei entrada no requerimento há<br />
mais de cinco anos e até agora nada. Enviei um e-mail para o governo<br />
italiano para eles tomarem providências cabíveis sobre este assunto”.<br />
Marcos Antônio Tadeu Ruggiero – Santos – SP – por e-mail<br />
ue bom constatar que um dos grandes ícones do cinema italia-<br />
Paolo Taviani, continua ativo além de demonstrar simplici-<br />
“Qno,<br />
dade mesmo sendo genial. Apesar do atual renascimento italiano, não<br />
creio que surjam outros diretores tão bons quanto aos que fizeram a verdadeira<br />
escola do cinema italiano do qual Taviani é um dos mestres”.<br />
Felipe M. de Albuquerque – Belo Horizonte – MG – por e-mail<br />
10 C o m u n i t à I t a l i a n a / No v e m b r o 2008<br />
N o v e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 11
Opinione<br />
Franco Urani<br />
Opinione<br />
Ezio Maranesi<br />
eziomaranesi@terra.com.br<br />
La straordinaria<br />
vicenda africana del<br />
finanziere francese<br />
Vincent Bolloré<br />
Nonostante il generale afropessimismo, investe da 20 anni in<br />
infrastrutture per aprire al mondo i commerci del continente nero<br />
All’Africa che cresce, si sviluppa,<br />
entra nel processo<br />
di globalizzazione specie<br />
come importante fornitrice<br />
di materie prime, Vincent Bolloré<br />
– parigino, 55 anni, da tempo<br />
grande amico del Presidente<br />
francese Sarkozy – vi crede da 20<br />
anni, investendovi sistematicamente<br />
una buona parte dei cospicui<br />
capitali della sua impresa<br />
(tra l’altro, Bolloré è associato al<br />
carrozziere torinese Pininfarina<br />
per la realizzazione di una vettura<br />
elettrica d’avanguardia, con<br />
autonomia di 200 Km.)<br />
La sua concezione è di non<br />
coinvolgersi politicamente con<br />
i perlopiù corrotti regimi locali,<br />
di tenersi lontano dai ricorrenti e<br />
spesso interminabili conflitti, di<br />
non dedicarsi direttamente ad attività<br />
minerarie, puntando invece<br />
ad investire strategicamente nel<br />
ripristino e potenziamento delle<br />
infrastrutture dell’antica Africa<br />
francese e, più recentemente, anche<br />
di quella inglese e portoghese<br />
in porti, depositi, docks, ferrovie,<br />
logistica, servizi di supporto<br />
all’estrazione mineraria, cioè<br />
nelle infrastrutture indispensabili<br />
perché le materie prime locali<br />
possano diventare ricchezza.<br />
Si tratta di una nuova geografia<br />
economica che sta cambiando<br />
il continente, riassumibile in 6<br />
porti controllati e 3 in preparazione,<br />
3 ferrovie in concessione<br />
ed una (la Gibuti – Addis Abeba)<br />
in trattativa, presenza in 42 paesi<br />
con 5 milioni di m² di installazioni<br />
e 17.000 dipendenti, un<br />
volume di affari che nel 2007 è<br />
stato di 1,6 miliardi di euro.<br />
Inoltre, al post-colonialismo<br />
africano, di cui Bolloré è stato<br />
pioniere, collaborano sempre più<br />
attivamente i cinesi affamati di<br />
materie prime, in grado di operare<br />
cospicui investimenti con<br />
gli ingenti saldi esportativi e<br />
che condizionano le loro attività<br />
al trasferimento di personale<br />
dirigente proprio che possa agire<br />
in termini manageriali autonomi.<br />
In altre parole: i governi inefficienti<br />
e corrotti guadagnano con<br />
le imposte, con l’occupazione di<br />
crescenti masse proletarie, con la<br />
garanzia che i prezzi d’esportazione<br />
saranno quelli internazionali;<br />
un passo quindi fondamentale<br />
rispetto all’antico colonialismo<br />
basato sulla sola esportazione<br />
delle materie prime a prezzi<br />
irrisori ed allo sfruttamento delle<br />
masse proletarie locali.<br />
Parallelamente, prospettive favorevoli<br />
si aprono per i paesi produttori<br />
di petrolio, specie la Nigeria<br />
e il nord Africa, e per quelli in<br />
cui vi siano le condizioni per coltivazioni<br />
energetiche, specie l’Angola,<br />
i cui prezzi sono in crescita<br />
nonostante le grandi oscillazioni<br />
di questo periodo di incertezze.<br />
Ero stato in Etiopia circa 5<br />
anni fa rilevandovi una miseria<br />
senza speranze. Ma anche lì le<br />
cose stanno cambiando, sia pure<br />
in modo distorto. La capitale<br />
Addis Abeba è diventata sede di<br />
grandi speculazioni immobiliari<br />
come le metropoli del Sudamerica,<br />
per motivi non facilmente<br />
comprensibili, forse ricercabili<br />
nel mondo che si globalizza, che<br />
si muove, che scommette sullo<br />
sviluppo di nuove aree del nostro<br />
conturbato pianeta.<br />
Speriamo che, di pari passo,<br />
si verifichi in Africa la stabilizzazione<br />
della popolazione esplosa<br />
negli ultimi decenni, un periodo<br />
di pace duraturo, una certa moralizzazione<br />
politica.<br />
Immigrazione<br />
illegale<br />
Le leggi italiane sono così inique<br />
Nel luglio scorso l’Unione<br />
Europea ha emesso una<br />
legge che regola l’immigrazione<br />
nei paesi della<br />
Comunità. I 27 paesi membri<br />
dovranno adattare la loro legislazione<br />
a questa norma entro il<br />
2010. La legge prevede l’espulsione<br />
dell’immigrante clandestino;<br />
potrà essere concessa la residenza<br />
per motivi umanitari. La<br />
nuova norma ha molti elementi<br />
in comune con l’attuale legislazione<br />
<strong>italiana</strong> in materia, retta<br />
dalla legge “Bossi-Fini” e dal recente<br />
decreto sulla sicurezza.<br />
La legge ha suscitato reazioni<br />
in vari paesi. In Sudamerica,<br />
il presidente Lula ha parlato di<br />
xenofobia e di paura di perdere<br />
il posto di lavoro, il presidente<br />
Chavez ha parlato di umiliazioni<br />
ed ha minacciato rappresaglie<br />
nei confronti dei paesi europei.<br />
Il problema però è ben più complesso:<br />
da un lato l’Europa ha<br />
bisogno della forza-lavoro degli<br />
immigrati; per contro, deve affrontare<br />
i problemi di sicurezza,<br />
di integrazione e di necessità di<br />
infrastrutture creati dalla massiccia<br />
immigrazione di milioni<br />
di esseri umani culturalmente<br />
così diversi e, quasi sempre,<br />
privi di qualsiasi qualificazione<br />
professionale. Il fenomeno immigratorio<br />
va quindi regolamentato.<br />
Non si può realisticamente<br />
pensare che l’Italia spalanchi le<br />
porte a chiunque decida di vivere<br />
nel Bel Paese.<br />
Il <strong>Brasil</strong>e, paese di cui noi<br />
emigrati siamo ospiti, ha la sua<br />
legge: la n. 6815 del 1980, regolamentata<br />
dal decreto 86715<br />
del 1981. È una legge equilibrata,<br />
rigida nel modo giusto e<br />
sancisce, come la norma <strong>italiana</strong>,<br />
che l’immigrato clandestino<br />
sia deportato o espulso (artt.<br />
56 e 124 comma I). Egli non<br />
può svolgere attività remunerate<br />
(art. 97) e la legge prevede<br />
pene a per chi gli dà lavoro<br />
(art. 124 comma VII). Prevede<br />
anche la rilevazione delle impronte<br />
digitali degli immigrati<br />
che ottengono la residenza<br />
(art. 58 del regolamento) così<br />
come di tutti i cittadini brasiliani,<br />
nonché la possibilità<br />
di vietare l’ingresso al paese a<br />
stranieri affetti da determinate<br />
malattie o che non dimostri<br />
di avere i mezzi di sussistenza<br />
per restare nel paese (art. 51<br />
e 21 del regolamento). Lo straniero<br />
inoltre non può esercitare<br />
attività di natura politica (art.<br />
106). Non mi sembra che questa<br />
legge sia particolarmente<br />
severa; essa è inoltre legge del<br />
paese che ci ospita e non spetta<br />
a noi criticarla. Dobbiamo<br />
solo osservarla.<br />
Magari fosse così in Italia.<br />
Le leggi esistono, e non sono<br />
molto dissimili dalla norma brasiliana,<br />
ma la magistratura e il<br />
buonismo di sinistra non permettono<br />
siano applicate. Vedasi<br />
per esempio: entrambi i sistemi<br />
prevedono la deportazione<br />
dell’immigrato illegale. Entrambi<br />
i paesi sono però molto tolleranti<br />
su questo punto. In Italia<br />
vi sono 3 milioni di immigrati,<br />
in buona parte illegali. Oltre<br />
700.000 illegali lavorano; gli<br />
altri vivono di espedienti, leciti<br />
o illeciti. Se gli immigrati rappresentano<br />
il 5% della popolazione,<br />
nelle carceri 40 reclusi su<br />
100 sono immigrati. È un fenomeno<br />
intollerabile ma comprensibile:<br />
l’immigrato senza lavoro<br />
e senza alcuna professionalità<br />
può essere tentato per sopravvivere<br />
a praticare il crimine. Lo<br />
spaccio della droga è praticamente<br />
in mano agli immigrati.<br />
Roventi critiche della sinistra<br />
hanno accolto la norma che<br />
prevede la rilevazione delle impronte<br />
ai “rom”: nessuno di noi<br />
si è mai sognato di sentirsi umiliato<br />
quando la Polizia Federale<br />
brasiliana ha rilevato le nostre.<br />
In <strong>Brasil</strong>e, 100 anni fa, sono<br />
sbarcati milioni di immigranti,<br />
provenienti da molti paesi europei.<br />
Il <strong>Brasil</strong>e stesso incentivava<br />
questo esodo: c’era bisogno di<br />
braccia. Quegli immigrati hanno<br />
contribuito a fare il <strong>Brasil</strong>e<br />
di oggi. In Italia sbarcano migliaia<br />
di immmigrati; in agosto<br />
oltre 15.000. Provengono da<br />
paesi poverissimi, in particolare<br />
africani, su barche rattoppate.<br />
Spesso la Marina <strong>italiana</strong> li<br />
salva dal naufragio e li porta a<br />
riva, come è giusto che sia. Questi<br />
poveretti, immigranti illegali,<br />
non tolgono il posto di lavoro<br />
a nessuno. Secondo la legge<br />
dovrebbero essere espulsi, ma in<br />
realtà non si riesce a farlo e restano<br />
nel paese, dando origine a<br />
infiniti problemi. Noi immigrati<br />
in <strong>Brasil</strong>e abbiamo sempre accettato<br />
le regole di convivenza<br />
di questo paese. Gli italiani<br />
vorrebbero che gli immigrati in<br />
Italia accettassero le regole di<br />
convivenza della nostra terra e<br />
non imponessero la loro, come<br />
troppo spesso avviene.<br />
12<br />
C o m u n i t à I t a l i a n a / No v e m b r o 2008
Opinione<br />
Fabio Porta<br />
fabioporta@fabioporta.com<br />
Diplomatico, ma<br />
non troppo…<br />
Massimo Bellelli, Console Generale d’Italia a Rio de Janeiro, lascia il <strong>Brasil</strong>e dopo quattro anni di<br />
importanti realizzazioni. La ‘saudade’ della comunità <strong>italiana</strong> e brasiliana per un console… “differente”<br />
Ambasciatori e Consoli non<br />
godono normalmente di<br />
una buona fama; il loro<br />
mestiere è solitamente<br />
associato a benefici e privilegi, e<br />
molto raramente al loro complesso<br />
compito istituzionale.<br />
Questo vale per i diplomatici<br />
di tutti i Paesi; nel corso di questi<br />
anni ne ho conosciuti molti,<br />
potendone apprezzare in alcuni<br />
casi le doti umane e la competenza,<br />
anche se a volte mi sono<br />
trovato a contestarne la superficialità<br />
o l’eccessivo distacco dalla<br />
comunità.<br />
Qualche mio collega pensa<br />
che compito dei parlamentari<br />
eletti all’estero sia quello di<br />
nominare o dimettere Consoli<br />
o Ambasciatori, confondendo il<br />
potere esecutivo (del governo)<br />
con quello legislativo (del Parlamento).<br />
Credo di avere ben chiaro il<br />
mio ruolo, che in questo caso<br />
non è molto diverso da quello<br />
dei cittadini che mi hanno eletto<br />
e che rappresento in Parlamento:<br />
cittadini italiani, quelli<br />
residenti in Italia e quelli che<br />
vivono all’estero; cittadini che<br />
hanno il dovere di rispettare le<br />
leggi dello Stato italiano, ma<br />
che hanno il diritto di poter<br />
usufruire di servizi efficienti ed<br />
adeguati.<br />
È per questo che i diplomatici,<br />
per chi vive all’estero,<br />
sono così importanti. Sono loro<br />
i responsabili diretti di tali<br />
servizi, e in questo senso ci<br />
permettiamo di criticarne – in<br />
positivo o in negativo – il loro<br />
operato e quello delle strutture<br />
che gestiscono.<br />
L’ultima volta che - sulle colonne<br />
di un giornale – mi sono<br />
rivolto ad un diplomatico, l’ho<br />
fatto per denunciare la gravità<br />
di certe sue affermazioni relative<br />
alla nostra comunità e per invitarlo<br />
ad essere più attento all’integrazione<br />
dei servizi consolari<br />
con il sistema costituito da Associazioni,<br />
Comites e Patronati.<br />
Adesso vorrei fare il contrario,<br />
utilizzando le poche, ma autorevoli,<br />
righe di una rivista per<br />
rendere il giusto e dovuto omaggio<br />
ad un diplomatico che, purtroppo<br />
e (speriamo) temporaneamente,<br />
ci lascia per assumere<br />
altri importanti incarichi.<br />
Sto parlando del Console<br />
Generale d’Italia a Rio de Janeiro,<br />
Massimo Bellelli, che dopo i<br />
canonici quattro anni di incarico<br />
lascerà il <strong>Brasil</strong>e per rientrare<br />
in Italia.<br />
Ho conosciuto Massimo Bellelli<br />
qualche anno fa, poco tempo<br />
dopo il suo insediamento nella<br />
bella e centrale sede consolare<br />
della “cidade maravilhosa”.<br />
Fui subito sorpreso dal suo<br />
piglio deciso e dal suo discorso<br />
per nulla “diplomatico”; ossia,<br />
dai suoi pochi giri di parole per<br />
trattare un argomento e soprattutto<br />
dalla sua capacità di vedere<br />
e interpretare le cose ‘dal lato<br />
della comunità <strong>italiana</strong> e italobrasiliana’.<br />
Direi di più: ciò che<br />
mi colpì fu il suo sano pragmatismo,<br />
così poco comune tra i suoi<br />
colleghi diplomatici, spesso più<br />
inclini a individuare gli impedimenti<br />
che le soluzioni di fronte<br />
agli innumerevoli problemi cui si<br />
trova quotidianamente di fronte<br />
la nostra grande collettività.<br />
Roberth Trindade<br />
A conclusione del nostro primo<br />
incontro che, come sempre<br />
(lo avrei scoperto dopo) si prorogava<br />
ben oltre i 15-20 minuti<br />
delle normali visite protocollari,<br />
il Console d’Italia a Rio mi<br />
invitava a conoscere da vicino<br />
il Consolato, accompagnandomi<br />
in tutte le stanze e in tutti gli<br />
uffici dove si svolgeva il lavoro<br />
consolare e dove veniva ricevuto<br />
il pubblico. Era visibile la soddisfazione<br />
del Console nel mostrarmi<br />
la sala d’attesa, dove i nostri<br />
concittadini potevano assistere<br />
alla televisione <strong>italiana</strong> sorseggiando<br />
un buon caffè e leggendo<br />
una rivista (entrambi, ovviamente,<br />
italianissimi!).<br />
Il Bellelli del mio primo incontro<br />
si è così rivelato il Console<br />
di tutti gli italiani: delle<br />
persone semplici che chiedevano<br />
al Consolato un piano di<br />
assistenza socio-sanitaria adeguato<br />
ai loro bisogni, spesso<br />
drammatici; ma anche degli<br />
imprenditori italiani e brasiliani,<br />
che si rivolgevano al Consolato<br />
per rafforzare l’internazionalizzazione<br />
delle loro imprese.<br />
Il Console amico del Comites e<br />
della grande collettività <strong>italiana</strong><br />
degli Stati di Rio de Janeiro,<br />
Espìrito Santo e Bahia; ma<br />
anche il riferimento attento e<br />
disponibile delle autorità brasiliane,<br />
che hanno sempre trovato<br />
in lui un interlocutore serio<br />
e sensibile.<br />
Alcune realizzazioni del Console<br />
Massimo Bellelli sono più<br />
eloquenti di tanti discorsi di circostanza:<br />
mi riferisco alla completa<br />
e utilissima “Guida Consolare”<br />
ideata dallo stesso Bellelli e<br />
divenuta uno strumento essenziale<br />
per chiunque voglia conoscere<br />
da vicino e in maniera semplice e<br />
diretta la realtà brasiliana e l’articolata<br />
rete di servizi esistente a<br />
favore dellà comunità <strong>italiana</strong>.<br />
Ma penso anche alla ormai<br />
tradizionale “Festa Italiana” che,<br />
in occasione del 2 giugno, anima<br />
per tre giorni le strade adiacenti<br />
al Consolato ‘popolarizzando’ la<br />
commemorazione della “Festa della<br />
Repubblica Italiana”, avvicinando<br />
le istituzioni alla comunità del<br />
nostro Paese che qui risiede, ma<br />
anche alla popolazione locale.<br />
Due iniziative che forse meglio<br />
di altre esprimono la grande<br />
intuizione e sensibilità di<br />
questo bravissimo diplomatico:<br />
aver capito che gli italiani e gli<br />
italo-brasiliani costituiscono<br />
davvero, e non in forma retorica,<br />
una risorsa per il nostro Paese,<br />
e lavorare quindi in maniera<br />
conseguente.<br />
Arrivederci, Console Massimo,<br />
anzi: Até logo!<br />
Crisi<br />
La Vale ha annunciato, in ottobre, che vuole investire 14,2<br />
miliardi di dollari nelle sue operazioni nel 2009. Ciò significa<br />
un aumento del 30% in confronto a quanto è stato investito<br />
quest’anno. L’industria metallifera ha fatto sapere che la cifra<br />
coinvolge 30 progetti in perlomeno sette paesi. Il <strong>Brasil</strong>e riceverà<br />
il 70% del totale degli investimenti. La meta dell’impresa è di<br />
produrre, in un periodo entro 5 e 7 anni, 500 milioni di tonnellate<br />
di minerale di ferro, 450mila tonnellate di nichel, 8,2 tonnellate<br />
di allumina.<br />
Elettricità<br />
La centrale di Itaipu va avanti, nel 2009, per battere il suo<br />
stesso record di produzione annuale di energia. Deve superare<br />
la quota di 95 milioni di MWh. Fino ad allora, la sua migliore<br />
quota era stata registrata nel 2000, quando ha prodotto 93,4<br />
milioni di MWh.<br />
Pulizia<br />
Una “barca ecologica” sarà usata dal governo dello stato di<br />
Rio de Janeiro per ripulire dai rifiuti la Baia da Guanabara.<br />
Il Limpia ha previsto l’inizio delle operazioni per questo mese.<br />
Sarà usato per fare la raccolta di residui solidi che si incastrano<br />
nelle eco-barriere installate<br />
alla foce dei fiumi.<br />
Circa 80 tonnellate<br />
di rifiuti vengono gettati<br />
tutti i giorni nella Baia.<br />
La barca è la prima in<br />
<strong>Brasil</strong>e mossa a gas naturale.<br />
Ha autonomia per<br />
due viaggi intorno alla<br />
Baia. L’imbarcazione può<br />
raccogliere fino a cinque<br />
tonnellate di rifiuti ogni viaggio. I residui solidi sono raccolti da<br />
un nastro caricatore frontale e mantenuti in due containers. Visto<br />
che la raccolta è automatica, gli operatori dei nastri non entrano<br />
in contatto con i rifiuti raccolti dai fiumi. Inoltre, il Lìmpia presenta<br />
una gru della capacità di mezza tonnellata e un cannone<br />
d’acqua ad alta pressione.<br />
Ancora sporco<br />
Dati divulgati dal ministero dell’Agricultura Pecuária e Abastecimento<br />
(Mapa) rendono noto che, tra il 2000 e il 2006,<br />
i settori che hanno maggiormente contribuito alla crescita delle<br />
esportazioni degli affari agricoli sono stati quello delle carni<br />
(23,2% dell’aumento assoluto delle vendite all’estero) e quello<br />
dello zucchero/alcol (22,7%). Però, secondo rilevamenti della<br />
Comissão Pastoral da Terra (CPT), il 56% dei casi registrati di<br />
lavoro schiavo in <strong>Brasil</strong>e, tra il 2003 e il 2006, si sono avuti<br />
negli allevamenti. Del totale dei lavoratori liberati dalla schiavitù<br />
contemporanea, durante lo stesso periodo, il 40% facevano<br />
attività legate all’allevamento bovino e il 10% è stato riscattato<br />
dalle piantagioni di canna da zucchero. La maggior<br />
parte dei casi si è avuta nella regione Centro-Ovest del paese.<br />
Dal 2003, il ministero del Trabalho e Emprego (MTE) attualizza<br />
ogni sei mesi un registro di infrattori chiamato lista sporca<br />
del lavoro schiavo.<br />
notizie / articolo<br />
La finestra<br />
Daniele Mengacci<br />
danielemengacci@pwz.com.br<br />
Op o r t u n i t à!<br />
Un ammirevole Mondo Nuovo<br />
sembra profilarsi all’orizzonte,<br />
dalle crisi nascono le opportunità<br />
e così potrebbe essere, se<br />
i governanti del Mondo Occidentale<br />
saranno attenti ai messaggi<br />
che la grande crisi sta mandando<br />
a loro e all’opinione pubblica.<br />
Il più forte, e già accettato, è<br />
quello della necessità di una riforma<br />
totale del sistema finanziario internazionale<br />
e delle sue regole, che<br />
ponga al riparo l’economia reale<br />
dagli eccessi di voracità degli speculatori<br />
e dalla troppa disinvoltura<br />
con cui le banche trattano i depositi<br />
dei clienti. Giustamente, George<br />
Bush ha deciso di convocare un<br />
vertice internazionale per affrontare<br />
la questione dopo le elezioni, in<br />
modo che il nuovo presidente possa<br />
già, in attesa dell’investitura ufficiale,<br />
intendere la situazione, le sue<br />
tendenze e le proposte di soluzione,<br />
a cominciare da quella francese,<br />
anche se recentemente silurata dal<br />
governo tedesco.<br />
Una Orda d’Oro, composta da<br />
banchieri e finanzieri arabi che,<br />
nonostante la crisi che ha colpito<br />
anche loro, dispone di attivi per<br />
circa duemila miliardi di euro, si<br />
sta muovendo per conquistare terreno<br />
nell’economia reale europea.<br />
Lo strumento con cui operano<br />
si chiama Fondo Sovrano. Si tratta<br />
di strumenti finanziari creati<br />
dai propri governi o banche centrali<br />
arabe, e si muovono non solo<br />
a scopo di profitto ma anche con<br />
intento politico. La loro creazione<br />
ha un che di ironico: i fondi glieli<br />
abbiamo forniti noi<br />
comprando petrolio<br />
e manufatti,<br />
e adesso loro vogliono le<br />
nostre migliori aziende.<br />
Destinati all’acquisizione di<br />
partecipazioni nei migliori attivi<br />
europei, in Italia sono già<br />
presenti con il fondo libico Mubadala,<br />
che detiene il 4,2 % di<br />
Unicredit, vuole arrivare al 5%<br />
e rivendica una vice presidenza,<br />
assumibile dal Governatore della<br />
Banca Centrale libica, Farhat<br />
Omar Bengdara.<br />
Mubadala già possiede il 5%<br />
della Ferrari e il 35% della Piaggio<br />
aeronautica e vorrebbe Telecom,<br />
ma non c’è accordo sul prezzo.<br />
Se fosse in vendita comprerebbe<br />
l’ENI per 46 miliardi di euro, tanto<br />
vale sul mercato lo strategico<br />
ente petrolifero nazionale.<br />
Il Cav. Berlusconi, ben conscio<br />
della devastazione che un’azione<br />
totalmente libera di questi fondi<br />
potrebbe causare alla nostra economia,<br />
ha già dichiarato che la<br />
loro partecipazione nelle nostre<br />
aziende non potrà superare il 5%,<br />
e sono state smentite le voci per<br />
cui il fondo di Abu Dhabi stava<br />
negoziando una partecipazione<br />
nel nostro gioiello del settore degli<br />
armamenti, la Finmeccanica.<br />
La crisi ha anche dimostrato<br />
che, nonostante i teorici dell’economia<br />
e certi enunciati dei programmi<br />
di alcuni partiti politici<br />
annuncino il libero mercato, nella<br />
realtà pratica questo non esiste.<br />
Il capitalismo, quando genera<br />
per una sua propria perversione<br />
una crisi che non riesce a risolvere<br />
autonomamente, chiede aiuto allo<br />
Stato, che non può negarlo in ragione<br />
del noto ricatto: “ se io banca<br />
fallisco brucio i risparmi di centinaia<br />
di migliaia di clienti”. Così è<br />
successo con le vicende Parmalat,<br />
Argentina e precedentemente<br />
in <strong>Brasil</strong>e con il<br />
Proer, durante<br />
il primo governo<br />
di Fernando<br />
Henrique<br />
Cardoso.<br />
Divulgação<br />
14 C o m u n i t à I t a l i a n a / No v e m b r o 2008<br />
N o v e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 15
política<br />
política<br />
Sob nova<br />
direção<br />
Em outubro, brasileiros elegeram novos prefeitos e vereadores, em todo o<br />
país. Em Rondônia, a cidade de Cacoal terá um prefeito italiano<br />
Sílvia So u z a e Sô n i a Apolinário<br />
Eduardo Paes<br />
O<br />
governador fluminense<br />
Sérgio Cabral ampliou<br />
seus domínios políticos<br />
também para o município<br />
do Rio de Janeiro. Seu exsecretário<br />
de Turismo, Eduardo<br />
Paes (PMDB), é o novo prefeito<br />
dos cariocas, eleito no mês passado.<br />
Assim, ele passa a “controlar”<br />
dois orçamentos que somam<br />
47 bilhões de reais por ano. Com<br />
a vitória de Paes sobre Fernando<br />
Gabeira (PV), foi dado o primeiro<br />
passo de uma futura candidatura<br />
de Cabral à presidência da República,<br />
em 2010.<br />
A ex-governadora do estado,<br />
Rosinha Garotinho (PMDB), também<br />
voltou ao poder. Ela se elegeu<br />
prefeita de Campos, seu berço<br />
político. Além disso, a filha Clarissa<br />
conquistou uma vaga na Câmara<br />
Municipal do Rio de Janeiro.<br />
Em São Paulo, Gilberto Kassab<br />
(DEM) foi reeleito prefeito da<br />
maior cidade do país. Sua vice é<br />
a ítalo-brasileira Alda Marco Antonio.<br />
Ela é uma das fundadoras<br />
da seção brasileira da Unione Italiani<br />
nel Mondo, da qual é a atual<br />
vice-presidente.<br />
Em Minas Gerais, o governador<br />
Aécio Neves também conseguiu<br />
levar seu candidato Márcio<br />
Lacerda (PSB) à prefeitura de Belo<br />
Horizonte. Neves é outro nome<br />
cotado para disputar a presidência<br />
nas próximas eleições. Em<br />
Manaus (AM), o novo prefeito é<br />
Amazonino Mendes (PTB). Dário<br />
Berger (PMDB) foi reeleito em<br />
Florianópolis (SC) enquanto José<br />
Fogaça (PPS) terá mais quatro<br />
anos à frente da prefeitura de<br />
Porto Alegre. Vitória (ES) também<br />
reelegeu João Coser (PT).<br />
Itália<br />
A cidade de Cacoal, em Rondônia,<br />
tem um prefeito italiano de nascimento<br />
e brasileiro de coração.<br />
Em sua estréia no mundo político,<br />
o padre comboniano Francesco<br />
Vialetto foi eleito com 60,75%<br />
dos votos, o que representa a opção<br />
de 24.601 eleitores num total<br />
de 43.408 votos válidos. Assumirá<br />
o cargo no dia 1º de janeiro<br />
disposto a estender a todo o município<br />
um trabalho missionário<br />
que tem como principal vitrine os<br />
feitos para a construção do hospital<br />
no bairro Eldorado.<br />
Padre Franco, como é conhecido,<br />
foi apresentado aqui na Comunità<br />
na edição 123, que também<br />
trazia os ítalo-brasileiros<br />
Walter Mussolini, João Batista<br />
Bianchini, o “Italiano” e, Enelvo<br />
Felini. Eles concorriam nas cidades<br />
de Maria da Fé (MG), Bebdouro<br />
(SP) e Sidrolândia (Mato<br />
Grosso), mas não conseguiram<br />
se eleger.<br />
Da cadeia<br />
Na cidade do Rio de Janeiro, Carminha<br />
Jerominho, depois de passar<br />
40 dias num presídio de segurança<br />
máxima, teve uma comemoração<br />
dupla. A liberdade e a vitória<br />
nas urnas com mais de 22 mil<br />
votos. Ela havia sido presa na Operação<br />
Voto Limpo da Polícia Federal.<br />
A família da futura vereadora é<br />
acusada de comandar uma milícia<br />
que controla favelas e cooperativas<br />
de transporte na Zona Oeste<br />
da cidade. O pai, Jerominho, também<br />
é vereador e o tio, Natalino<br />
Guimarães, deputado estadual, e o<br />
irmão, ex-policial militar, continuam<br />
presos. Em todo o <strong>Brasil</strong>, dos<br />
Padre Franco<br />
75 vereadores que tinham algum<br />
problema com a Justiça, 37 foram<br />
eleitos ou reeleitos.<br />
Empate<br />
No município mineiro de Dom Cavati,<br />
a eleição terminou empatada.<br />
Segundo a legislação eleitoral, em<br />
casos assim, o candidato mais velho<br />
é declarado vencedor. Resultado:<br />
Jair Vieira (DEM) venceu Pedro<br />
Euzébio Sobrinho (PT). Eles tiveram<br />
1.919 votos cada. E segundo<br />
Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a<br />
diferença por um voto foi decisiva<br />
nas cidades de São Martinho (RS),<br />
Saldanha Marinho (RS), Jussara<br />
(PR), Nazaré (TO) e Arantina (MG).<br />
Questão de nome<br />
Vários candidatos se apresentaram<br />
com nome de jogadores de<br />
futebol. Assim, assumem, em<br />
vários pontos do país, 19 Pelés,<br />
dois Garrinchas, um Taffarel<br />
e cinco Dungas. Já os seis candidatos<br />
que usaram o nome Bin<br />
Laden, terrorista mais procurado<br />
do mundo, e os quatro que utilizaram<br />
Obama, candidato à Presidência<br />
dos EUA, fracassaram nas<br />
eleições deste ano.<br />
Agora vai<br />
Presidente Lula vai à Itália em sua primeira visita oficial, na nova era Berlusconi<br />
Depois de um ano de planejamento<br />
e mudanças<br />
na agenda, chegou a hora.<br />
O presidente brasileiro<br />
Luiz Inácio Lula da Silva desembarca<br />
em Roma no dia 10 de<br />
novembro para sua primeira viagem<br />
oficial à Itália, desde que<br />
Silvio Berlusconi voltou ao cargo<br />
de primeiro-ministro. Será,<br />
porém, a terceira vez, somente<br />
este ano, que os dois se encontrarão.<br />
Eles estiveram juntos na<br />
reunião da FAO e na cúpula do<br />
G8, no início do segundo semestre.<br />
Da programação, é possível<br />
que faça parte uma visita ao presidente<br />
Giorgio Napolitano.<br />
Lula também pode ir a Milão<br />
para participar de um seminário<br />
sobre a infra-estrutura da América<br />
Latina, que contará com a<br />
presença de autoridades dos governos<br />
da América do Sul e América<br />
Central, além de empresários<br />
italianos. Em um momento<br />
de crise econômica, nada melhor<br />
que fortalecer os laços com nações<br />
parceiras. Ainda mais depois<br />
que o primeiro ministro italiano<br />
sinalizou a intenção de aumentar<br />
a participação de países<br />
Sílvia So u z a<br />
Ricardo Stuckert/PR<br />
emergentes no grupo dos oito<br />
mais influentes.<br />
— Tendo a responsabilidade<br />
de presidir o próximo G8 (em<br />
2009), ainda mais frente à crise<br />
econômica que interessa a todos<br />
os países do mundo, confirmo a<br />
vontade do G8 de dar vida com<br />
continuidade a um G14 — declarou<br />
Berlusconi, mês passado, ao<br />
inaugurar a nova sede da Fundação<br />
Itália-China, em Pequim.<br />
A viagem de Lula insere-se<br />
em um contexto de grande atenção<br />
por parte da Itália dirigida<br />
aos países da América Latina.<br />
No final de outubro, o subsecretário<br />
das Relações Exteriores<br />
da Itália, Vincenzo Scotti, visitou<br />
países da América Central.<br />
Na ocasião, destacou a “perfeita<br />
continuidade” nas relações estabelecidas<br />
pelo governo italiano<br />
anterior com a América Latina.<br />
Ele também informou que o exsubsecretário<br />
das Relações Exteriores<br />
da Itália, Donato Di Santo,<br />
foi nomeado pelo chanceler<br />
Franco Frattini para integrar o<br />
comitê da IV Conferência sobre<br />
a América Latina, prevista para<br />
outubro de 2009. O evento será<br />
dedicado à cooperação entre<br />
a Itália e países latino-americanos<br />
nas áreas de infra-estrutura,<br />
energia, pesquisa e pequenas e<br />
médias empresas.<br />
— De 40 empresas <strong>italiana</strong>s<br />
no exterior, quase metade do faturamento<br />
é proveniente de negócios<br />
feitos na América Central<br />
e do Sul — observou Scotti.<br />
16 C o m u n i t à I t a l i a n a / No v e m b r o 2008
política<br />
politica<br />
vamente per marzo e giugno del<br />
2009. La riunione del COMITES<br />
è già stata messa in agenda per<br />
Buenos Aires.<br />
Salas<br />
separadas<br />
Moção aprovada pela Câmara dos Deputados dá o primeiro passo para<br />
isolar crianças <strong>italiana</strong>s de crianças imigrantes, dentro das escolas<br />
No mesmo dia em que no<br />
<strong>Brasil</strong> se comemora o dia<br />
do professor, 15 de outubro,<br />
o governo de Silvio<br />
Berlusconi instituiu medidas que<br />
podem vir a se refletir nas salas de<br />
aula da Itália. Por 256 votos a favor,<br />
246 contra e 1 abstenção, a<br />
Câmara dos Deputados aprovou<br />
uma moção apresentada pelo partido<br />
de extrema direita Liga Norte. O<br />
texto dispõe sobre o acesso de alunos<br />
estrangeiros à escola, a partir<br />
do nível de conhecimento da língua<br />
<strong>italiana</strong>. Quem não for fluente<br />
pode ser encaminhado para uma<br />
“classe de inserção”. Na prática, isso<br />
significa italianos para uma sala,<br />
estrangeiros para outra.<br />
— Deus nos livre da idéia que<br />
possam existir classes separadas.<br />
Até agora, se trata somente<br />
de uma moção, mas se for transformada<br />
em uma proposta de lei,<br />
nós faremos de tudo para que não<br />
seja aprovada no Parlamento —<br />
afirma Walter Veltroni, presidente<br />
do Partido Democrático.<br />
Na avaliação do ministro<br />
“sombra” do Exterior, do gabinete<br />
paralelo do PD, Pier Fasino, se essa<br />
moção virar lei, o governo vai<br />
mexer “na única parte do país que<br />
dava sinais positivos em relação à<br />
integração” de italianos e estrangeiros.<br />
Segundo ele, a moção pode<br />
vir a representar “anos de trabalho<br />
de inserção e didática escolar<br />
que serão praticamente anulados”.<br />
Para Fasino, a moção representa<br />
uma “regressão cultural<br />
que, além de produzir um clima de<br />
discriminação, fará da escola um<br />
ente formador de discriminação<br />
entre as próprias crianças”.<br />
A proposta causou perplexidade<br />
até na centro-direita. O prefeito<br />
de Roma, Gianni Alemanno,<br />
pediu uma “pausa para reflexão”<br />
e um confronto com o mundo do<br />
voluntariado e da Igreja. Até a<br />
deputada pelo Povo da Liberdade,<br />
Alessandra Mussolini, neta de<br />
Benito Mussolini, declarou que<br />
esta é uma “medida racista”.<br />
O texto da moção prevê o ingresso<br />
de crianças estrangeiras<br />
após a realização de um teste em<br />
italiano. Os reprovados são inseridos<br />
nas chamadas “classes pontes”.<br />
Além disso, estabelece que os alunos<br />
estrangeiros podem ser matriculados<br />
somente até o dia 31 de<br />
dezembro, isto é, após 4 meses do<br />
início do ano escolar. Também prevê<br />
uma distribuição dos estudantes<br />
Ja n a í n a Cesar<br />
Correspondente • Treviso<br />
estrangeiros em proporção ao número<br />
de alunos por classe – isto é,<br />
cota para alunos imigrantes.<br />
Segundo Alberto Ruperti, professor<br />
de arte do Liceo Brochi de<br />
Bassano del Grappa, no Vêneto,<br />
não existe nenhum motivo “do<br />
ponto de vista didático e educativo”<br />
para a separação das salas<br />
de aula.<br />
— A classe de inserção nada<br />
mais é do que uma classe separatista<br />
exclusiva para filhos de imigrantes.<br />
Isso reforça ainda mais<br />
o preconceito que vê na presença<br />
de crianças estrangeiras um<br />
enorme problema para o aprendizado<br />
das crianças <strong>italiana</strong>s —<br />
afirma Ruperti.<br />
Reforma escolar<br />
A moção separatista faz parte do<br />
plano de reforma escolar que a<br />
ministra da educação Mariastella<br />
Gelmini está tentando fazer passar<br />
no parlamento. Além das classes<br />
separadas, a reforma prevê a<br />
volta de um único professor para<br />
o ensino primário, nota específica<br />
para comportamento (abaixo de 5,<br />
repete o ano mesmo se a média<br />
escolar for alta), a volta do uniforme,<br />
a volta de ensino de educação<br />
cívica, o prolongamento do<br />
tempo de utilização de livros que<br />
devem ser válidos por cinco anos e<br />
a diminuição para 24 horas semanais<br />
de ensino escolar. A reforma<br />
ainda prevê corte ao financiamento<br />
às escolas, redução do número<br />
de bolsas de estudo e demissão<br />
em massa de professores (cerca<br />
de 24 mil). Além disso, o pacote<br />
pretende cortar 17% do pessoal<br />
que trabalha nas escolas como<br />
ajudante, secretária ou cozinheira.<br />
Ao todo, estão em jogo quase 90<br />
mil empregos, o que já abriu um<br />
duro confronto com os sindicatos.<br />
Seriam fechadas 2 mil escolas em<br />
todo o país por não superarem o<br />
número mínimo de 500 alunos. Ou<br />
seja, as salas de aulas restantes<br />
teriam turmas maiores.<br />
No próprio dia 15 de outubro,<br />
alunos, pais e professores, contrários<br />
à reforma Gelmini, acamparam<br />
durante a noite em escolas<br />
de todo o país. A Confederação<br />
Geral Italiana do Trabalho (CGIL),<br />
Confederação Italiana dos Sindicatos<br />
dos Trabalhadores (Cisl) e<br />
União Italiana do Trabalho (Uil),<br />
já anunciaram que farão greve<br />
geral. Enquanto isso, estudantes<br />
ocuparam as universidades de Roma,<br />
Padova, Milão, Bari, Nápoles,<br />
Aquila, Bolonha, Florença e Turim<br />
em protesto contra o pacote. Eles<br />
pregam, inclusive, a interrupção<br />
do ano escolar, enquanto a situação<br />
não estiver resolvida.<br />
Uniti nella<br />
protesta<br />
Conferenza dei Giovani e proteste contro il taglio nel preventivo di spesa che<br />
riguarda gli italiani all’estero segnano la riunione dell’America Latina del<br />
Consiglio Generale degli Italiani all’Estero, realizzata a Rio de Janeiro<br />
Associazionismo, collettività,<br />
assistenza sociale,<br />
elezioni nei Comitati degli<br />
Italiani all’Estero (CO-<br />
MITES) e nello stesso Consiglio<br />
Generale per gli Italiani all’Estero<br />
(CGIE). L’ordine del giorno preparato<br />
per l’incontro dei rappresentanti<br />
degli italiani in America<br />
Latina era lungo. Fra i tanti temi<br />
che hanno segnato l’evento, durato<br />
tre giorni a Rio de Janeiro:<br />
il taglio nel preventivo di spesa<br />
del governo italiano per gli italiani<br />
che non vivono in Italia e<br />
la Conferenza dei Giovani. Delle<br />
424 persone tra i 18 e i 35 anni<br />
attese per l’evento, che avrà<br />
luogo il mese prossimo a Roma,<br />
l’America Latina (AL) ne invierà<br />
154. Il “taglio”, che entrerà in<br />
vigore nel 2009, prevede una riduzione<br />
nei fondi destinati principalmente<br />
all’area di diffusione<br />
della lingua e dell’assistenza.<br />
— Dei 64 milioni di euro che<br />
noi avevamo all’estero, dovremo<br />
vivere con 32 milioni. Solo per<br />
la diffusione della lingua sono 28<br />
milioni in meno. Nel settore della<br />
cooperazione si parla di una riduzione<br />
da 800 milioni a 350 milioni<br />
di euro, un taglio del 62%. I nostri<br />
sforzi possono essere vanificati.<br />
Sappiamo della necessità in<br />
Italia della riorganizzazione, ma<br />
manca sensibilità ai governanti.<br />
Purtroppo i deputati che abbiamo<br />
eletto non riescono a difenderci<br />
su questo tema — dice il consigliere<br />
Claudio Pieroni, del <strong>Brasil</strong>e.<br />
La speranza che questa ed altre<br />
problematiche possano risolversi<br />
concretamente affida alla<br />
Conferenza dei Giovani un ruolo<br />
importante, secondo Pieroni. Il<br />
<strong>Brasil</strong>e parteciperà con 40 giovani.<br />
Di questi, 13 saranno rappresentati<br />
da giovani che sono già<br />
stati delegati in altre riunioni.<br />
La maggior parte sono stati distribuiti<br />
dall’AIRE (lista dell’occupazione<br />
<strong>italiana</strong> all’estero).<br />
Perciò São Paulo manderà 14 persone;<br />
Rio de Janeiro, sette; Porto<br />
Alegre e Curitiba, sei; Belo Horizonte<br />
quattro e Recife tre.<br />
— Con tutto ciò stiamo cercando<br />
la migliore rappresentazione<br />
possibile. Il criterio, indiscutibile<br />
per la scelta di questi rappresentanti<br />
è parlare italiano. E<br />
poi faremo una selezione secondo<br />
le varie regioni di origine in<br />
Italia, e secondo le carriere o le<br />
occupazioni — spiega Pieroni.<br />
Fotos: Roberth Trindade<br />
Sílvia So u z a<br />
Carla Zuppetti<br />
A parte Pieroni, i lavori a Rio<br />
hanno riunito Antonio Laspro,<br />
anche lui di São Paulo, Walter<br />
Petruzziello, di Curitiba e Mario<br />
Araldi, di Belo Horizonte e membri<br />
del Consiglio dell’Argentina,<br />
Colombia, Cile, Uruguay e altri<br />
paesi dell’AL. Tutto viene seguito<br />
da vicino dalla direttrice generale<br />
per gli Italiani all’Estero e le Politiche<br />
Migratorie, Carla Zuppetti,<br />
e dal vice segretario generale per<br />
l’America Latina del CGIE, Francisco<br />
Nardelli.<br />
Una delle decisioni prese nella<br />
riunione ha definito una protesta,<br />
già questo mese, affinché<br />
ogni circoscrizione del CGIE<br />
America Latina prenda posizione<br />
contro il taglio preventivato. E<br />
mentre alcuni consiglieri puntano<br />
a rimandare le elezioni per il<br />
COMITES e per il futuro rinnovamento<br />
nel CGIE, previsti rispetti-<br />
Cooperazione<br />
“È come tornare bambini”, dichiara<br />
il ministro Carla Zuppetti<br />
in mezzo a dozzine di bambini<br />
assistiti dal Centro Educacional<br />
Cantinho da Natureza. Come<br />
parte del lavoro dei consiglieri,<br />
avrebbero dovuto visitare il progetto<br />
che conta sulla cooperazione<br />
<strong>italiana</strong>, svolto nel Morro dos<br />
Cabritos, a Copacabana. Però meno<br />
della metà dei 30 partecipanti<br />
alla Riunione ha svolto questa<br />
parte del lavoro.<br />
— È veramente complicato<br />
parlare di italiani all’estero<br />
come un tutt’uno, se ogni paese<br />
ha una sua realtà, se la cultura<br />
e la lingua soffrono cambiamenti<br />
e anche se per ogni<br />
luogo c’è stata un’emigrazione<br />
causata da contesti socioeconomici<br />
diversi. D’altra parte<br />
è importante mettere in risalto<br />
il cammino contrario che fa<br />
il governo andando incontro a<br />
queste nuove generazioni. Non<br />
abbandoniamo nessuno — dice<br />
Zuppetti, che occupa da quattro<br />
mesi il suo posto.<br />
La scuola/asilo nido alla fine<br />
della salita della Ladeira dos<br />
Tabajaras accoglie 150 bambini<br />
da zero a sei anni, coordinati da<br />
padre Enrico Arrigoni. I bambini<br />
svolgono attività pedagogiche<br />
mentre i genitori lavorano.<br />
L’istituzione, che riceve l’appoggio<br />
dell’Associazione Volontari<br />
per il Servizio Internazionale<br />
(AVSI), si sforza di integrare<br />
gli 8000 abitanti della comunità<br />
con programmi di educazione<br />
ambientale e salute, e l’80% del<br />
personale è composto da abitanti<br />
del luogo.<br />
18 C o m u n i t à I t a l i a n a / No v e m b r o 2008<br />
N o v e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 19
no parlamento<br />
Italianidade<br />
à prova<br />
Tat i a n a Bu f f<br />
Correspondente • São Paulo<br />
Na sua quinta legislatura consecutiva, o<br />
deputado Marco Zacchera, de 57 anos,<br />
preside o Comitê Permanente para os<br />
Italianos no Exterior desde julho. Nascido<br />
em Verbania, província de Verbano-<br />
Cusio-Ossola, o parlamentar foi eleito e<br />
reeleito para a Câmara dos Deputados da<br />
Itália, desde 1994, pela Aliança Nacional<br />
e pelo Partido do Povo da Liberdade.<br />
Preocupado com os cortes milionários na<br />
Lei Orçamentária de 2009 que atingirão as<br />
comunidades <strong>italiana</strong>s no mundo, assegura<br />
estar “fazendo todo tipo de pressão sobre o<br />
governo para que mude de idéia”. Para isso<br />
quer o apoio dos colegas, inclusive dos eleitos<br />
no território. Favorável a mudanças na lei<br />
do voto no exterior que garantam maior<br />
legitimidade aos resultados, igualmente<br />
defende novas regras para a concessão da<br />
cidadania. Sobre o Primeiro Congresso dos<br />
Jovens Italianos no Mundo, alfineta:<br />
— Espero, realmente, que seja<br />
uma ocasião importante de confronto<br />
e, sobretudo, de proposta, não apenas<br />
uma alocação romana para 420 jovens<br />
recomendados, ou pior, parentes dos<br />
dirigentes dos Comites — afirma ele em<br />
entrevista por e-mail à Comunità.<br />
ComunitàItaliana - Quais<br />
projetos o senhor apresentou<br />
à Câmara nesta<br />
legislatura Algum foi<br />
aprovado<br />
Marco Zacchera - Nenhum, porque<br />
ainda não houve tempo material<br />
para proceder ao itinerário<br />
legislativo previsto pelas normas<br />
parlamentares. De qualquer modo<br />
tenho em curso neste itinerário<br />
alguns projetos de lei referentes<br />
a questões relativas às nossas<br />
comunidades no exterior.<br />
CI - <strong>Como</strong> avalia o pacto sobre a<br />
imigração aprovado pela União<br />
Européia em setembro A Itália<br />
terá leis mais específicas contra<br />
os imigrantes clandestinos<br />
Zacchera - O pacto sobre a imigração<br />
é só um primeiro passo,<br />
mas significativo porque a Europa<br />
deve entender que a imigração<br />
é um problema comum a todo<br />
o continente, não apenas de<br />
um país onde – por proximidade<br />
geográfica – se multiplicam os<br />
desembarques. Além disso, devemos<br />
recordar que a maior parte<br />
do fenômeno migratório não está<br />
relacionada apenas ao que se vê<br />
nos telejornais. Não se trata apenas<br />
dos desembarques de desesperados<br />
dos botes de borracha<br />
em Lampedusa, mas da lenta infiltração<br />
nas fronteiras orientais<br />
da Europa de pessoas provenientes<br />
do leste europeu, dos Bálcãs,<br />
do oriente médio. Eis aí, portanto,<br />
a necessidade não apenas de<br />
controlar as entradas, mas também<br />
de administrar este fenômeno,<br />
que é de dimensão bíblica.<br />
CI - O que pensa da reação do Vaticano<br />
contra a medida<br />
Zacchera - O Vaticano faz bem em<br />
sustentar o que diz porque, justamente,<br />
sublinha os temas, os<br />
valores, os preceitos cristãos em<br />
matéria de caridade e solidariedade<br />
humana. Às vezes, creio, no<br />
entanto, que deveria também se<br />
colocar no papel dos governantes<br />
que querendo ou não devem impor<br />
regras sobre os modos e fluxos<br />
de entrada. Para ajudar é preciso<br />
conhecer e, portanto, identificar,<br />
entender quem chega.<br />
CI - O que espera do Primeiro<br />
Congresso dos Jovens Italianos<br />
no Mundo que será realizado em<br />
Roma no início de dezembro<br />
Zacchera - Espero, realmente,<br />
que seja uma ocasião importante<br />
de confronto e, sobretudo, de<br />
proposta, não apenas uma alocação<br />
romana para 420 jovens recomendados,<br />
ou pior, parentes<br />
dos dirigentes dos Comites (comitês<br />
dos italianos no exterior).<br />
Faz bem o subsecretário (Alfredo)<br />
Mantica em insistir neste ponto.<br />
Igualmente, fazem bem os jovens<br />
a pretender localmente serem eles<br />
a indicar os próprios representantes<br />
a ser enviados a Roma. Participarei<br />
voluntariamente dos trabalhos<br />
da Conferência, também<br />
porque creio que será um importante<br />
momento de aprendizado<br />
para quem, como eu, se ocupa há<br />
vários anos destes problemas.<br />
CI - <strong>Como</strong> presidente do Comitê<br />
Permanente para os Italianos no<br />
Exterior, qual é sua relação com<br />
a comunidade <strong>italiana</strong> na América<br />
Latina Teve oportunidade de<br />
visitar todos os países, inclusive<br />
o <strong>Brasil</strong><br />
Zacchera - Estive diversas vezes<br />
no <strong>Brasil</strong>, tanto particularmente<br />
quanto como conselheiro regional<br />
do Piemonte. Também estive antes<br />
e depois de 1994 como parlamentar.<br />
Visitei muitos estados brasileiros<br />
e quase todos os países da<br />
América Latina inclusive as nossas<br />
comunidades de Punta Arenas<br />
(Chile) a Maracaibo (Venezuela).<br />
Constatei muitos problemas, mas<br />
também muitas possibilidades<br />
inutilizadas, muitas contradições.<br />
A falar disso se abre um livro...<br />
CI - Pensa que a lei do voto no exterior<br />
deva mudar<br />
Zacchera - Absolutamente sim.<br />
Dado o princípio do direito-dever<br />
ao voto inclusive aos nossos emigrados<br />
- um direito que a direita<br />
<strong>italiana</strong> sempre defendeu desde<br />
os anos 50 e que apenas graças<br />
à teimosia de Mirko Tremaglia foi<br />
ratificado na Constituição e ali deve<br />
permanecer - acredito que devemos<br />
absolutamente encontrar e<br />
aplicar regras novas e mais transparentes<br />
para expressar o voto.<br />
Vi coisas inconcebíveis na campanha<br />
eleitoral e durante os escrutínios,<br />
com responsabilidades<br />
graves também do centro-direita.<br />
O voto pelo correio, sobretudo na<br />
América Latina, se demonstrou<br />
aberto a irregularidades de todo<br />
tipo e não é mais crível continuar<br />
assim. Deverão ser, portanto,<br />
mudadas as regras de voto (penso<br />
nas seções eleitorais e no envio<br />
postal apenas sob explícita solicitação<br />
do eleitor) com controle da<br />
identidade dos votantes.<br />
CI - Quais são suas principais<br />
preocupações relativas aos cortes<br />
na Lei Orçamentária de 2009<br />
para as comunidades <strong>italiana</strong>s<br />
no mundo<br />
Zacchera - Estou verdadeiramente<br />
muito preocupado com estes<br />
cortes nos financiamentos e, sobretudo,<br />
não aceito que haja estes<br />
cortes indiscriminados e tão<br />
pesados. Estamos tentando remediar<br />
e fazer todo tipo de pressões<br />
sobre o governo para que<br />
mude de idéia ou, ao menos, reduza<br />
o redimensionamento tão<br />
forte para alguns itens. Acima<br />
de tudo, se alguns cortes são,<br />
no fundo, aceitáveis, aquele da<br />
assistência direta e indireta vai<br />
atingir principalmente as nossas<br />
comunidades sul-americanas. O<br />
comitê parlamentar presidido<br />
por mim não deixará por isso de<br />
fazer ouvir sua voz, que, espero,<br />
seja apoiada não só pelos eleitos<br />
no exterior, mas por todos os<br />
parlamentares.<br />
CI - Com relação a eventuais alterações<br />
na lei de cidadania, está<br />
de acordo com a aplicação de<br />
uma prova de língua <strong>italiana</strong> e<br />
outra de conhecimento da Constituição<br />
antes de concedê-la aos<br />
oriundi<br />
Zacchera - Sim. Creio que as normas<br />
para solicitar a cidadania<br />
<strong>italiana</strong> devem ser revistas em<br />
termos restritivos. O atual sistema<br />
não permite um screening<br />
(classificação) objetivo de quem<br />
tem os títulos para obter a cidadania<br />
<strong>italiana</strong>, conceito que<br />
não pode ser certificado apenas<br />
à base de documentos. Pessoas<br />
em demasia a obtiveram. Muitas<br />
mais ainda a pediram só por motivos<br />
econômicos e pelo passaporte,<br />
mas não tendo nada mais<br />
de “italiano” ou, pior, não tendo<br />
jamais tido.<br />
CI - Está de acordo com o reconhecimento<br />
da cidadania aos filhos<br />
de <strong>italiana</strong>s nascidos antes<br />
de 1948<br />
Zacchera - Juridicamente sim,<br />
mas praticamente não, no sentido<br />
que a mim interessa que a<br />
cidadania seja solicitada e conferida<br />
a pessoas “<strong>italiana</strong>s” por língua,<br />
cultura e tradições. Conheci<br />
pessoas que não a obtiveram<br />
no passado e poderiam no futuro<br />
obtê-la graças a estes princípios<br />
constitucionais, mas devo ressaltar<br />
que conheci outras que – precisamente<br />
– se também pedissem<br />
e conseguissem a cidadania, de<br />
italiano não teriam nada, se não<br />
uma ascendência materna. Creio<br />
que se deva abrir constitucionalmente<br />
a possibilidade de solicitar<br />
a cidadania também a essas<br />
pessoas por uma questão de justiça<br />
jurídica, mas ao mesmo tempo<br />
é útil restringir depois (e a<br />
valer para todos) os parâmetros<br />
para obtê-la. Não basta expressar-se<br />
também em italiano, mas<br />
compreender se o candidato-cidadão<br />
tem um mínimo de verdadeira,<br />
documentada italianidade.<br />
Se a tem e consegue concretamente<br />
demonstrá-lo, então seja<br />
bem-vindo!<br />
CI: A seu ver o governo Berlusconi<br />
está vencendo a batalha contra<br />
as máfias dentro e fora do<br />
país<br />
Zacchera - Há um fortíssimo empenho<br />
do Governo contra a Camorra,<br />
como se está demonstrando<br />
em Nápoles e na Campânia.<br />
Eu espero, portanto, realmente<br />
que sim.<br />
CI - Qual seria sua proposta ou<br />
propostas para reduzir as filas<br />
de solicitantes da cidadania em<br />
frente aos consulados italianos<br />
na América do Sul<br />
Zacchera - Pedimos o envio de<br />
novos funcionários, a contratação<br />
de pessoal local para liquidar<br />
os processos, mas – insisto – eu<br />
acredito que devam também ser<br />
mudados os parâmetros para obter<br />
a cidadania.<br />
Fotos: Divulgação<br />
20 C o m u n i t à I t a l i a n a / No v e m b r o 2008<br />
N o v e m b r o 2008 / C o m u n i t à I t a l i a n a 21
capa<br />
Salve-se<br />
quem puder<br />
Crise econômica mundial faz<br />
Itália prever recessão para 2009.<br />
No <strong>Brasil</strong>, a expectativa é de<br />
manter o crescimento econômico,<br />
porém, com índices modestos<br />
Si salvi<br />
chi può<br />
Crisi economica mondiale<br />
fa prevedere la recessione in<br />
Italia per il 2009. In <strong>Brasil</strong>e,<br />
le attese sono di mantenere<br />
la crescita economica, ma<br />
con indici modesti<br />
Ja n a í n a César, Sô n i a Apolinário e Tat i a n a Bu f f<br />
A<br />
onda se formou nos Estados<br />
Unidos e estourou, em<br />
cheio, em todos os países<br />
do mundo, literalmente.<br />
Em alguns lugares, chegou como<br />
tsunami. Em outros, com tamanho<br />
gigantesco, mas ainda “surfável”.<br />
Teve onde ela chegasse alta<br />
o suficiente para deixar a praia<br />
perigosa e fazer os banhistas voltarem<br />
para casa, ainda que a salvos.<br />
No mundo da economia financeira,<br />
distante, mas não muito,<br />
da economia real, a quebradeira<br />
começou em decorrência da<br />
crise hipotecária norte-americana<br />
e se alastrou pelo planeta.<br />
A intensidade da crise que<br />
atingiu os países varia de acordo<br />
com a saúde financeira de cada<br />
um. Quem estava saudável, se<br />
defendeu. Quem não estava, levou<br />
um “caixote”. Na Europa, tudo<br />
indica que há um “caixote” a<br />
caminho. No <strong>Brasil</strong>, ainda é possível<br />
furar essa onda e usá-la para<br />
chegar de volta à praia.<br />
Na Itália, o Centro de Estudo<br />
da Confederação das Indústrias<br />
(CSC) não prevê um bom futuro.<br />
Segundo a última pesquisa, o país<br />
só sairá do sufoco econômico<br />
2010, por conta da diminuição<br />
do PIB (de 0,2 deste ano para 0,5<br />
L’<br />
onda si è formata negli<br />
Stati Uniti ed è scoppiata<br />
in pieno letteralmente<br />
in tutti i paesi del mondo.<br />
In qualche luogo è arrivata<br />
come uno tsunami. In altri, in dimensioni<br />
gigantesche, ma ancora<br />
“da surfing”. Ci sono stati luoghi<br />
in cui l’onda è arrivata ad un’altezza<br />
sufficiente da rendere pericolosa<br />
la spiaggia e far ritornare<br />
a casa i bagnanti, incolumi. Nel<br />
mondo dell’economia finanziaria,<br />
distante ma non molto dall’economia<br />
reale, il crash è iniziato dovuto<br />
alla crisi ipotecaria nordamericana<br />
e si è sparso per il pianeta.<br />
Berlusconi e Lula: de olhos bem abertos e atentos para a crise<br />
Berlusconi e Lula: ad occhi ben aperti e attenti alla crisi<br />
L’intensità dell’onda che ha<br />
attinto i paesi cambia a seconda<br />
della salute finanziaria di ognuno<br />
di essi. Chi stava bene in salute,<br />
si è difeso. Chi no, è stato<br />
sbattuto a terra dall’onda. In<br />
Italia, tutto dice che ci sarebbe<br />
una “sbattitura” in arrivo. In<br />
<strong>Brasil</strong>e è ancora possibile bucare<br />
quest’onda e usarla per tornare<br />
sul bagnasciuga.<br />
In Italia, il Centro di Studi<br />
della Confederazione delle Industrie<br />
(CSC) non dà buone previsioni.<br />
Secondo gli ultimi sondaggi,<br />
il paese uscirà dalla crisi economica<br />
solo nel 2010, dovuto alla<br />
diminuzione del PIL (da 0,2 di<br />
quest’anno a 0,5 nel 2009), del<br />
consumo (- 0,6%) e degli investimenti<br />
(- 9%).<br />
Il premier Silvio Berlusconi<br />
ha dato dichiarazioni per mantenere<br />
alta la morale della popolazione.<br />
Secondo lui “nessuna banca<br />
<strong>italiana</strong> fallirà e chi investe<br />
non corre pericolo”. Il provvedimento<br />
per “blindare” l’economia<br />
del paese preso dal governo<br />
mette a disposizione del sistema<br />
bancario un fondo di 20 miliardi<br />
di euro per affrontare la crisi. Ha<br />
sono stati approvati due decreti<br />
finanziari per salvare le banche<br />
in situazione di rischio.<br />
em 2009); do consumo (-0,6%) e<br />
dos investimentos (-9%).<br />
O primeiro-ministro Silvio<br />
Berlusconi fez declarações para<br />
manter a moral da população<br />
elevada. Segundo ele, “nenhum<br />
banco italiano falirá e quem investe<br />
não corre perigo”. <strong>Como</strong><br />
providência para blindar a economia<br />
do país, o governo colocou<br />
à disposição do sistema bancário<br />
um fundo de 20 bilhões de<br />
euros para enfrentar a crise. Também<br />
aprovou dois decretos financeiros<br />
para salvar bancos em situação<br />
de perigo.<br />
Os decretos prevêem a recapitalização<br />
e o refinanciamento<br />
das instituições de crédito que<br />
elevam a 100 mil euros o teto de<br />
garantia para os depósitos bancários;<br />
permite que o estado intervenha<br />
no capital dos bancos<br />
no caso de necessidade por intermédio<br />
da compra de ações especiais<br />
sem o direito de voto e<br />
garante o financiamento às empresas.<br />
Berlusconi explicou que<br />
“o objetivo principal (das medidas<br />
adotadas) é o de evitar que<br />
os que poupam sejam pegos pelo<br />
pânico”.<br />
— Se todos resolverem sacar<br />
suas aplicações e colocar (o dinheiro)<br />
embaixo do colchão, aí<br />
sim, a economia do país entrará<br />
em risco — afirmou o primeiroministro,<br />
em pronunciamento.<br />
No <strong>Brasil</strong>, o presidente Luiz<br />
Inácio Lula da Silva chegou a dizer<br />
que a crise, no país, não passava<br />
de uma “marola”. Da dúvida,<br />
porém, agiu. Diminuiu o compulsório<br />
dos bancos para deixá-los<br />
com liquidez e mais dinheiro disponível<br />
para o setor econômico;<br />
controlou o câmbio para evitar<br />
que o dólar disparasse; manteve<br />
o crédito para micro e pequenas<br />
empresas e deu mais autonomia<br />
para o Banco Central que, jun-<br />
22 C o m u n i t à I t a l i a n a / No v e m b r o 2008<br />
N o v e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 23
capa<br />
Acima, o ministro da Fazenda, Guido<br />
Mantega. Ao lado, o presidente do<br />
Banco Etica, Fabio Salviato. Abaixo,<br />
o professor Francisco Barone<br />
Sopra, il ministro da Fazenda, Guido<br />
Mantega. Accanto, il presidente del<br />
Banco Etica, Fabio Salviato. Sotto, il<br />
professore Francisco Barone<br />
to com a Caixa Economia Federal,<br />
foram autorizados a comprar<br />
bancos em perigo como forma de<br />
dar segurança aos poupadores.<br />
O ministro da Fazenda, Guido<br />
Mantega, explicou que a autorização<br />
para os bancos públicos<br />
comprarem bancos privados “não<br />
é uma medida permanente”. Segundo<br />
ele, essa autorização responde<br />
“à necessidade de momento<br />
de crise de liquidez”. Mantega<br />
afirmou que a medida é preventiva<br />
porque o <strong>Brasil</strong> tem “um dos<br />
sistemas financeiros mais sólidos<br />
do mundo”.<br />
O coordenador de Small Business<br />
da Escola <strong>Brasil</strong>eira de<br />
Administração Pública e de Empresas<br />
da Fundação Getúlio Vargas<br />
do Rio de Janeiro, professor<br />
Francisco Barone, avaliou como<br />
“positivo neste momento” as medidas<br />
adotadas pelo governo brasileiro.<br />
Segundo ele, o país está<br />
“surfando na onda” porque a sua<br />
economia está “sólida”.<br />
— Desde 1994, nossa economia<br />
passa por uma boa fase.<br />
Quando assumiu, o presidente<br />
Lula manteve a política do seu<br />
antecessor e deu autonomia para<br />
o Banco Central. Para 2009, não<br />
acredito em recessão, mas vamos<br />
crescer menos. Essa crise é semelhante<br />
à de 1929 e está localizada<br />
na parte financeira da economia.<br />
Por enquanto, a economia<br />
real não foi afetada. As pessoas<br />
físicas só vão começar a senti-la<br />
no início do ano que vem — analisa<br />
o professor que tem cidadania<br />
<strong>italiana</strong>.<br />
Ele acredita que o <strong>Brasil</strong> pode<br />
até vir a se beneficiar com a crise,<br />
se souber agir. Barone lembra<br />
que, com a alta do dólar, o turismo<br />
interno pode ser favorecido.<br />
Além disso, produtos brasileiros<br />
podem passar a substituir produtos<br />
antes importados, na preferência<br />
do consumidor, justamente<br />
porque o preço da mercadoria<br />
que vem de fora vai aumentar.<br />
Apesar das grandes perdas<br />
acionárias por que passaram<br />
empresas em todo o mundo, o<br />
professor mantém a recomendação<br />
de que é hora de comprar<br />
ações. Principalmente de grandes<br />
empresas brasileiras como<br />
Petrobras e Vale. Segundo ele,<br />
esse será um “bom negócio a<br />
longo prazo para quem tem sangue<br />
frio”.<br />
De olho no curto prazo, o<br />
presidente da Federação das Indústrias<br />
do Estado de São Paulo,<br />
Paulo Skaf, já mandou seu recado<br />
para o governo. Segundo ele, é<br />
importante que o Banco Central<br />
brasileiro “nem pense em elevar<br />
a taxa de juros”. Na sua avaliação,<br />
isso seria “inadmissível”<br />
porque poderia levar a uma maior<br />
queda no consumo.<br />
Recessão<br />
Na Itália, o pacote anti-crise<br />
não agradou a todos. Para o<br />
CSC, os procedimentos extraordinários<br />
de intervenção direta<br />
no sistema financeiro ajudarão<br />
a inflamar a dívida pública e patrimonial.<br />
Segundo o Centro, “a<br />
saída do buraco negro da recessão<br />
fica cada vez mais longe e a<br />
provável retomada tão esperada<br />
para o ano que vem será insignificante,<br />
soterrada pela crise<br />
bancária que corre o risco de se<br />
transformar em uma crise real<br />
da economia”.<br />
Fabio Salviato, presidente<br />
do Banco Etica, diz que “antes<br />
da crise, já havia um seguro que<br />
cobria, em 103 mil euros, os depósitos<br />
no caso de falência bancária.<br />
Segundo ele, as medidas<br />
I decreti prevedono la ricapitalizzazione<br />
e il rifinanziamento<br />
degli istituti di credito che portano<br />
a 100mila euro il tetto di<br />
garanzia per i depositi bancari;<br />
permette che lo stato intervenga<br />
nel capitale delle banche in caso<br />
di bisogno grazie all’acquisto di<br />
azioni privilegiate senza diritto di<br />
voto e garantisce il finanziamento<br />
delle imprese. Berlusconi ha spiegato<br />
che “il principale obiettivo<br />
[delle misure adottate] è quello<br />
di evitare che coloro che risparmiano<br />
siano presi dal panico”.<br />
— Se tutti decidono di prelevare<br />
i loro investimenti e di metterli<br />
sotto al materasso, allora sì,<br />
l’economia del paese entrerà in<br />
difficoltà — ha affermato il primo<br />
ministro in un discorso.<br />
In <strong>Brasil</strong>e il presidente Luiz<br />
Inácio Lula da Silva ha addirittura<br />
detto che la crisi non era<br />
altro che “un mare leggermente<br />
mosso”. Ma, nel dubbio, ha agito.<br />
Ha diminuito i prestiti impositivi<br />
delle banche per lasciarle con<br />
maggiore liquidità e più soldi a<br />
disposizione del settore economico;<br />
ha controllato il cambio per<br />
evitare che il dollaro aumentasse;<br />
ha mantenuto il credito per le<br />
micro e piccole imprese e ha dato<br />
più autonomia al Banco Central<br />
che, insieme alla Caixa Economica<br />
Federal, sono state autorizzate<br />
a comprare banche in rischio per<br />
dare sicurezza ai risparmiatori.<br />
Il ministro da Fazenda, Guido<br />
Mantega, ha spiegato che l’autorizzazione<br />
data alle banche statali<br />
di comprare banche private “non è<br />
una misura permanente”. Secondo<br />
lui quest’autorizzazione “risponde<br />
al bisogno del momento di crisi di<br />
liquidità”. Mantega ha detto che<br />
la misura è preventiva perché il<br />
<strong>Brasil</strong>e ha “uno dei sistemi finanziari<br />
più solidi del mondo”.<br />
Il coordinatore di Small Business<br />
della Escola <strong>Brasil</strong>eira de<br />
Administração Pública e de Empresas<br />
della Fundação Getúlio<br />
Vargas di Rio de Janeiro, professor<br />
Francisco Barone, valuta come<br />
“positive in questo momento” le<br />
misura adottade dal governo brasiliano.<br />
Secondo lui il paese sta<br />
facendo “surfing sull’onda” perché<br />
la sua economia è “solida”.<br />
— Fin dal 1994, la nostra<br />
economia vive una buona fase.<br />
Quando si è insediato, il presidente<br />
Lula ha mantenuto la politica<br />
del suo predecessore e ha dato<br />
autonomia al Banco Central. Per<br />
il 2009 non credo alla recessione,<br />
ma cresceremo meno. Questa<br />
crisi è simile a quella del 1929 ed<br />
è nella parte finanziaria dell’economia.<br />
Per ora l’economia reale<br />
non è stata colpita. Le persone<br />
fisiche cominceranno a sentirla<br />
solo all’inizio dell’anno prossimo<br />
— analizza il professore, che ha<br />
la cittadinanza <strong>italiana</strong>.<br />
Barone crede anche che il<br />
<strong>Brasil</strong>e potrà trarre benefici dalla<br />
crisi, se saprà agire. Barone ricorda<br />
che il turismo interno può<br />
essere agevolato dall’aumento<br />
del dollaro. Inoltre, prodotti brasiliani<br />
potranno sostituirne altri<br />
prima importati, secondo le preferenze<br />
dei consumatori, proprio<br />
perché il prezzo delle merci che<br />
vengono dall’estero aumenterà.<br />
Malgrado le grandi perdite<br />
azionarie affrontate dalle imprese<br />
di tutto il mondo, il professore<br />
mantiene la raccomandazione<br />
in cui dice che è il momento<br />
di comprare azioni. Specialmente<br />
di grandi imprese brasiliane come<br />
Petrobras e Vale. Secondo lui<br />
questo sarà un “ottimo affare a<br />
lunga scadenza per chi ha sangue<br />
freddo”.<br />
adotadas pelo governo tranqüilizaram<br />
os investidores. Diferentemente<br />
da Alemanha, por exemplo,<br />
que estipulou um teto máximo<br />
de 500 bilhões de euros para<br />
salvar bancos em falência, a Itália<br />
não estabeleceu um teto. Isso,<br />
explica Salviato, faz com que<br />
o dinheiro público destinado aos<br />
bancos seja ilimitado.<br />
— A Inglaterra e a França investiram<br />
reservas públicas para<br />
capitalizar bancos que precisavam<br />
de dinheiro, mas que ainda<br />
não tinham decretado falência.<br />
Isso gerou uma série de desconfiança<br />
da parte dos investidores.<br />
As medidas adotadas pelo governo<br />
procuram tapar o buraco de<br />
uma represa que está estourando<br />
— analisa Salviato.<br />
Diretor do departamento europeu<br />
do Fundo Monetário Internacional,<br />
Alessandro Leipod,<br />
foi categórico. Segundo ele, “é<br />
muito fácil que a Itália entre<br />
em recessão”. Na sua avaliação,<br />
“a política de ajuda estatal não<br />
caminha na direção correta”. O<br />
que ele recomenda para o país<br />
1929<br />
é “uma maior liberalização no<br />
mercado”. Antonello Soro, presidente<br />
dos deputados do Partido<br />
Democrático (PD) ressalta que “a<br />
Itália não está bem e as camadas<br />
sociais mais expostas à crise<br />
econômica precisam de respostas<br />
efetivas e concretas para que<br />
possam defender a escola, o emprego<br />
e a democracia”.<br />
A favor do governo saiu Giacomo<br />
Stucchi, deputado da Liga<br />
Norte. Ele concorda com a linha<br />
política adotada pela equipe de<br />
Berlusconi. Segundo ele, a política<br />
deve garantir os depósitos<br />
bancários, a solidez das instituições<br />
de crédito e dar a possibilidade<br />
às mesmas instituições de<br />
ter uma perspectiva de desenvolvimento<br />
futuro.<br />
— Se as instituições de crédito<br />
são tranqüilas, quem tem<br />
um financiamento, por exemplo,<br />
da casa, sabe que as parcelas não<br />
aumentarão e nem terão o valor<br />
do financiamento pedido com antecipação<br />
— afirma.<br />
O jornal inglês Financial Times,<br />
no mês passado, fez uma<br />
longa análise dos procedimentos<br />
adotados por Berlusconi para<br />
enfrentar a crise. Segundo Guy<br />
Dimore, correspondente de Roma<br />
“os bancos e o mercado estão<br />
em colapso, mas a crise está beneficiando<br />
Silvio Berlusconi porque<br />
seu governo exerce uma autoridade<br />
que há mais de 10 anos<br />
não si via por aqui. Os italianos<br />
estão celebrando o seu papel de<br />
estado salvador”.<br />
De olho no <strong>Brasil</strong><br />
No mês passado, o Instituto Italiano<br />
para o Comércio Exterior<br />
(ICE) e o Departamento de Promoção<br />
de Intercâmbios da Embaixada<br />
da Itália no <strong>Brasil</strong> promoveram<br />
mais uma rodada de ne-<br />
Com o término da Primeira Guerra Mundial, os EUA passaram<br />
a ser o grande nome do capitalismo mundial. De maior devedor,<br />
se tornou o maior credor mundial. Porém, a partir de 1925,<br />
sua economia começou a ter sérios problemas<br />
com grande desemprego e queda de consumo.<br />
Apesar da crise, investidores mantiveram suas<br />
especulações comercializando papéis por valores<br />
que não condiziam com a real situação das<br />
empresas. Os preços das ações despencaram.<br />
No dia 29 de outubro de 1929, havia 13 milhões<br />
de ações à venda e nenhum comprador.<br />
Isso resultou na quebra da Bolsa de New York e<br />
o início de uma crise econômica mundial.<br />
Pensando alla breve scadenza,<br />
il presidente della Federação das<br />
Indústrias do Estado de São Paulo,<br />
Paulo Skaf, ha già detto la sua<br />
al governo. Secondo lui è importante<br />
che il Banco Central brasiliano<br />
“non ci pensi nemmeno ad<br />
aumentare i tassi di interesse”.<br />
Dal suo punto di vista, ciò sarebbe<br />
“inammissibile” perché potrebbe<br />
causare una maggiore diminuzione<br />
del consumo.<br />
Recessione<br />
In Italia il pacchetto anti-crisi<br />
non è piaciuto a tutti. Per il CSC<br />
le misure straordinarie di intervento<br />
diretto nel sistema finanziario<br />
aiuteranno ad infiammare<br />
il debito pubblico e patrimoniale.<br />
Secondo il Centro “l’uscita<br />
dal buco nero della recessione è<br />
sempre più distante e la probabile<br />
ripresa così attesa per l’anno<br />
prossimo sarà insignificante, sotterrata<br />
dalla crisi bancaria, che<br />
corre il rischio di trasformarsi in<br />
una crisi reale dell’economia”.<br />
Fabio Salviato, presidente della<br />
Banca Etica, dice che “prima della<br />
crisi c’era già un’assicurazione che<br />
copriva, con 103mila euro, i depositi<br />
in caso di fallimento bancario”.<br />
Secondo lui le misure prese dal governo<br />
hanno tranquillizzato gli investitori.<br />
A differenza dalla Germania,<br />
per esempio, che ha stipulato<br />
un tetto massimo di 500 miliardi<br />
di euro per salvare delle banche in<br />
fallimento, l’Italia non ha stabilito<br />
un tetto. Ciò fa sì che, spiega Salviato,<br />
il denaro pubblico destinato<br />
alle banche sia illimitato.<br />
— L’Inghilterra e la Francia<br />
hanno investito riserve pubbliche<br />
per capitalizzare banche che<br />
avevano bisogno di soldi, ma che<br />
non avevano ancora decretato il<br />
fallimento. Ciò ha causato una<br />
serie di atti di sfiducia da parte<br />
degli investitori. Le misure prese<br />
dal governo cercano di tappare i<br />
buchi di una diga che si sta rompendo<br />
— analizza Salviato.<br />
Direttore del dipartimento<br />
europeo del Fondo Monetario Internazionale,<br />
Alessandro Leipod<br />
è stato categorico. Secondo lui<br />
“è molto facile che l’Italia entri<br />
in recessione”, valuta che “la politica<br />
di aiuti statali non va nella<br />
giusta direzione” e raccomanda<br />
al paese “una maggiore liberalizzazione<br />
nel mercato”.<br />
Antonello Soro, presidente<br />
dei deputati del Partito Democratico<br />
(PD) mette in risalto che<br />
“l’Italia non va bene e i ceti sociali<br />
più esposti alla crisi economica<br />
hanno bisogno di risposte<br />
effettive e concrete perché possano<br />
difendere la scuola, l’impiego<br />
e la democrazia”.<br />
Chi si è mosso in difesa del<br />
governo è stato Giacomo Stucchi,<br />
deputato della Lega Nord. È d’accordo<br />
con la linea politica adottata<br />
dalla équipe di Berlusconi. Secondo<br />
lui la politica deve garantire<br />
i depositi bancari, la solidità degli<br />
istituti di credito e dare la possibilità<br />
agli stessi istituti di avere una<br />
prospettiva di sviluppo futuro.<br />
— Se gli istituti di credito<br />
sono tranquilli, chi ottiene, per<br />
esempio, un finanziamento per la<br />
casa sa che le rate non aumenteranno<br />
e non avranno il valore del<br />
finanziamento richiesto in anticipo<br />
— afferma.<br />
Il giornale inglese Financial<br />
Times il mese scorso ha fatto<br />
una lunga analisi delle procedure<br />
adottate da Berlusconi per<br />
affrontare la crisi. Secondo Guy<br />
Dimore, corrispondente da Roma,<br />
“le banche e i mercati sono nei<br />
guai, ma la crisi sta beneficiando<br />
Silvio Berlusconi e il suo governo<br />
sta godendo di un’autorità<br />
Con la fine della Prima Guerra Mondiale, gli USA divennero il grande<br />
nome del capitalismo mondiale. Da maggiori debitori diventarono<br />
maggiori creditori mondiali. Ma dal 1925 la loro economia cominciò<br />
a presentare seri problemi, con una grande<br />
disoccupazione e la diminuzione dei consumi.<br />
Malgrado la crisi, gli investitori mantennero le<br />
loro speculazioni commercializzando titoli per<br />
valori che non corrispondevano alla reale situazione<br />
delle imprese. I prezzi delle azioni crollarono.<br />
Il 29 ottobre 1929 c’erano 13 milioni<br />
di azioni in vendita e nessun acquirente. Ciò<br />
risultò nel crash della Borsa di New York e dette<br />
inizio ad una crisi economica mondiale.<br />
24 C o m u n i t à I t a l i a n a / No v e m b r o 2008<br />
N o v e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 25
capa<br />
Rodada de negócios entre <strong>Brasil</strong> e Itália em São Paulo. Abaixo, Alessandro Karlin, da Enel <strong>Brasil</strong>, e Giovanni Sacchi, diretor do ICE<br />
Incontro affaristico tra <strong>Brasil</strong>e e Italia a São Paulo. Sotto, Alessandro Karlin dell’Enel <strong>Brasil</strong> e Giovanni Sacchi direttore dell’ICE<br />
gócios entre empresários italianos<br />
e brasileiros. O evento deixou<br />
claro que o <strong>Brasil</strong> é visto como<br />
um porto seguro para negócios,<br />
neste momento. O próprio diretor<br />
do ICE em São Paulo, Giovanni<br />
Sacchi, admitiu que a Itália será<br />
mais atingida do que o <strong>Brasil</strong>, pela<br />
crise econômica mundial.<br />
— O <strong>Brasil</strong> parte de uma situação<br />
muito boa, com crescimento<br />
projetado em 5% para este<br />
ano, com acúmulo de reservas e<br />
estabilidade em relação a outros<br />
países. A crise dá sinais, mas, a<br />
influência está acontecendo em<br />
menor medida. Para 2009, a previsão<br />
é crescer de 2,5 a 3% —<br />
afirma Sacchi.<br />
Segundo ele, na Itália, o desequilíbrio<br />
econômico era precedente<br />
por conta de uma retração<br />
do mercado interno, ocorrido nos<br />
últimos cinco anos. Na sua avaliação,<br />
somente empresas <strong>italiana</strong>s<br />
que buscaram a internacionalização<br />
estavam em boa situação.<br />
Sacchi conta que setores de excelência<br />
<strong>italiana</strong> e de maior fluxo<br />
comercial externo já sinalizam<br />
menor demanda em função da crise<br />
como o alimentício, a moda, o<br />
automotivo e o mobiliário.<br />
Uma das participantes da rodada<br />
de negócios foi a Enel <strong>Brasil</strong>,<br />
subsidiária da <strong>italiana</strong> Enel<br />
SpA, uma das maiores produtoras<br />
de energia do mundo. Seu<br />
presidente, Alessandro Karlin,<br />
afirma que não vai alterar a “decisão<br />
estratégica” de investimento<br />
nas fontes brasileiras de<br />
energia renovável.<br />
Segundo ele, o <strong>Brasil</strong> representa<br />
“um país importante para<br />
a empresa”.<br />
— Pode ser que a velocidade do<br />
investimento previsto seja um pouco<br />
mais lenta — pondera Karlin.<br />
Nos próximos quatro anos, a<br />
che non si è vista per decenni.<br />
Gli italiani stanno celebrando il<br />
ruolo dello stato salvatore”.<br />
Pensando al <strong>Brasil</strong>e<br />
Il mese scorso l’Instituto Italiano<br />
para o Comércio Exterior (ICE)<br />
e il Departamento de Promoção<br />
de Intercâmbios dell’Ambasciata<br />
d’Italia in <strong>Brasil</strong>e hanno promosso<br />
un incontro affaristico tra<br />
imprenditori italiani e brasiliani.<br />
L’evento ha lasciato ben chiaro<br />
che il <strong>Brasil</strong>e è visto come un<br />
porto sicuro per gli affari in questo<br />
momento. Lo stesso direttore<br />
dell’ICE di São Paulo, Giovanni<br />
Sacchi, ha ammesso che l’Italia<br />
sarà colpita, più del <strong>Brasil</strong>e, dalla<br />
crisi economica mondiale.<br />
— Il <strong>Brasil</strong>e parte da una<br />
situazione molto positiva, con<br />
crescita prevista del 5% per<br />
quest’anno, con un accumulo<br />
di riserve e stabilità in rapporto<br />
ad altri paesi. La crisi dà segnali,<br />
ma gli influssi sono in atto<br />
in minore misura. Per il 2009 la<br />
previsione di crescita è dal 2,5 al<br />
3% — afferma Sacchi.<br />
Secondo lui, in Italia lo<br />
squilibrio economico già esisteva<br />
dovuto ad una ritrazione del<br />
mercato interno, avutosi negli<br />
ultimi cinque anni. Nella sua valutazione,<br />
solo le imprese italiane<br />
che hanno cercato l’internazionalizzazione<br />
erano in buona<br />
situazione. Sacchi racconta che<br />
settori di eccellenza <strong>italiana</strong> e<br />
di maggior flusso commerciale<br />
estero hanno già segnalato una<br />
domanda minore dovuto alla crisi,<br />
come quello alimentare, della<br />
moda, dell’industria di autoveicoli<br />
e dei mobili.<br />
Una delle partecipanti agli<br />
incontri affaristici è stata la Enel<br />
<strong>Brasil</strong>, sussidiaria dell’<strong>italiana</strong><br />
Enel SpA, uno dei maggiori produttori<br />
di energia nel mondo. Il<br />
suo presidente, Alessandro Karlin,<br />
dice che non cambierà la<br />
“decisione strategica” di investire<br />
in fonti brasiliane di energia<br />
rinnovabile. Secondo lui il <strong>Brasil</strong>e<br />
rappresenta “un paese importante<br />
per l’azienda”.<br />
— Magari la velocità dell’investimento<br />
previsto sarà un po’<br />
più lenta — pondera Karlin.<br />
Nei prossimi quattro anni<br />
l’Enel costruirà centrali eoliche<br />
e piccole centrali idroelettriche<br />
nelle regioni centro-ovest e sudest,<br />
dove già gestisce 20 centrali<br />
con potenza totale installata<br />
di 92 MW. Gli investimenti<br />
futuri, secondo Karlin, saranno<br />
di “centinaia di milioni di dollari”.<br />
Fin dal 1999, nelle due fasi<br />
di azione dell’azienda in <strong>Brasil</strong>e,<br />
di trasmissione e generazione di<br />
energia, gli investimenti totali<br />
sono stati di circa 800 milioni<br />
di dollari.<br />
Questi ultimi incontri affaristici<br />
hanno portato in <strong>Brasil</strong>e 23<br />
imprenditori italiani di vari settori.<br />
Sono state fatte riunioni a<br />
São Paulo, Belo Horizonte e Porto<br />
Alegre. A São Paulo la rappresentante<br />
del Ministero dello Sviluppo<br />
Economico italiano, Maria<br />
Concetta Giorgi, ha dichiarato ad<br />
una platea di 150 persone che gli<br />
Enel vai construir usinas eólicas<br />
e pequenas centrais hidrelétricas<br />
(PCH’s) nas regiões centro-oeste<br />
e sudeste, onde já gerencia 20<br />
centrais, com potência total instalada<br />
de 92 MW. O investimento<br />
futuro, segundo Karlin, será de<br />
“centenas de milhões de dólares”.<br />
Desde 1999, nas duas fases<br />
da atuação da empresa no <strong>Brasil</strong>,<br />
de transmissão e geração energética,<br />
o investimento total foi de<br />
aproximadamente 800 milhões<br />
de dólares.<br />
Essa última rodada de negócios<br />
trouxe ao <strong>Brasil</strong> 23 empresários<br />
italianos de diversos setores.<br />
Foram realizadas reuniões em<br />
São Paulo, Belo Horizonte e Porto<br />
Alegre. Em São Paulo, a representante<br />
do Ministério do Desenvolvimento<br />
Econômico da Itália,<br />
Maria Concetta Giorgi, declarou,<br />
para uma audiência de 150 pessoas,<br />
que o intercâmbio comercial<br />
entre os dois países são “favorecidos<br />
pelo empreendedorismo”<br />
dos empresários. Segundo<br />
ela, há uma “complementaridade”<br />
nos setores da agroindústria,<br />
tecnologia, biotecnologia, eletrônica,<br />
moda e design:<br />
— Em 2004, assinamos um<br />
protocolo de intenções para colaboração<br />
com o Sebrae (Serviço<br />
<strong>Brasil</strong>eiro de Apoio às Micro e Pequenas<br />
Empresas), para ampliar<br />
as joint-ventures entre brasileiros<br />
e italianos nos setores têxtil, alimentício,<br />
calçadista, mobiliário,<br />
mármore, elétrico, agrícola, água,<br />
papel e minérios. Nossa visita é<br />
também uma preparação para<br />
aquela do presidente Lula à Itália,<br />
programada para novembro.<br />
Francesco Paternò, secretário-geral<br />
da Câmara Ítalo-<strong>Brasil</strong>eira<br />
de Comércio, Indústria e<br />
Agricultura de São Paulo, sublinhou,<br />
durante o evento, que “o<br />
<strong>Brasil</strong> é o país do presente, não<br />
apenas do futuro, como se ouve<br />
Reunião<br />
há décadas”. Na sua opinião, o<br />
grande diferencial brasileiro em<br />
relação aos países emergentes “é<br />
a grande presença da comunidade<br />
<strong>italiana</strong>”: 25 milhões no país.<br />
De acordo com o Ministério do<br />
Desenvolvimento Indústria e Comércio<br />
Exterior, o comércio entre<br />
<strong>Brasil</strong> e Itália movimentou, em<br />
2007, 7,8 bilhões de dólares.<br />
Na reunião realizada em Belo<br />
Horizonte, Carlos Eduardo Abijaodi,<br />
gerente do Centro Internacional<br />
da Federação das Indústrias<br />
do Estado de Minas Gerais<br />
(Fiemg), afirmou que também<br />
crê que a crise não afetará tanto<br />
o sistema financeiro brasileiro<br />
em razão do país ter “uma<br />
rede bancária sólida e dos bons<br />
indicadores macroeconômicos<br />
alcançados”. Para ele, o governo<br />
tem tomado medidas preventivas<br />
“interessantes”.<br />
Colaboraram Marco Antonio<br />
Corteleti e Geraldo Coccolo Jr.<br />
Para muitos analistas, a atual crise é pior do que a de 1929. Se<br />
é verdade, ainda é cedo para saber. O que se sabe é que os líderes<br />
de quase todos os países estão em busca<br />
de uma salvação para suas economias. Por conta<br />
disso, o presidente norte-americano George<br />
Bush agendou para o dia 15 de novembro, em<br />
Washington, um encontro mundial para discutir<br />
a crise financeira. Os convidados são os países<br />
do G20, grupo que reúne as sete principais economias<br />
do mundo e países em desenvolvimento<br />
como <strong>Brasil</strong>, China e Índia.<br />
Empresários analisam potencialidades que os países podem unir<br />
Imprenditori studiano potenzialità che i paesi possono legare insieme<br />
interscambi commerciali tra i due<br />
paesi sono “favoriti dall’imprenditorialità”<br />
degli imprenditori.<br />
Secondo lei c’è una “complementarità”<br />
nei settori dell’industria<br />
agricola, tecnologia, biotecnologia,<br />
elettronica, moda e design:<br />
— Nel 2004 abbiamo siglato<br />
un protocollo d’intesa per collaborazioni<br />
con il Sebrae (Serviço<br />
<strong>Brasil</strong>eiro de Apoio às Micro e Pequenas<br />
Empresas) per ampliare le<br />
joint ventures tra brasiliani e italiani<br />
nei settori tessile, alimentare,<br />
calzaturifici, dei mobili, marmo,<br />
elettrico, agricolo, acqua,<br />
carta e minerali. La nostra visita<br />
è anche una preparazione per<br />
quella del presidente Lula in Italia,<br />
programmata per novembre.<br />
Francesco Paternò, segretario<br />
generale della Câmara Ítalo-<strong>Brasil</strong>eira<br />
de Comércio, Indústria e Agricultura<br />
di São Paulo durante l’evento<br />
ha sottolineato che “il <strong>Brasil</strong>e è<br />
un paese del presente, non solo del<br />
futuro, come si sente dire da de-<br />
Riunione<br />
Sebastião Jacinto Jr<br />
cenni”. Secondo lui la grande differenza<br />
del <strong>Brasil</strong>e in rapporto ai<br />
paesi emergenti “è la grande presenza<br />
della comunità <strong>italiana</strong>”: 25<br />
milioni. Secondo il Ministério do<br />
Desenvolvimento, Indústria e Comércio<br />
Exterior, nel 2007 il commercio<br />
tra il <strong>Brasil</strong>e e l’Italia ha<br />
mosso 7,8 miliardi di dollari.<br />
Durante la riunione realizzata<br />
a Belo Horizonte, Carlos Eduardo<br />
Abijaodi, direttore del Centro<br />
Internacional da Federação<br />
das Indústrias do Estado de Minas<br />
Gerais (Fiemg), ha detto che<br />
anche lui crede che la crisi non<br />
attingerà tanto il sistema finanziario<br />
brasiliano perché il paese<br />
ha “una rete bancaria solida e ha<br />
raggiunto dei buoni indicatori<br />
macroeconomici”. Secondo lui il<br />
governo ha preso decisioni preventive<br />
“interessanti”.<br />
Colaborazione di<br />
Marco Antonio Corteleti<br />
e Geraldo Coccolo Jr.<br />
Secondo molti analisti la crisi attuale è peggiore di quella del<br />
’29. Se è vero, è ancora presto per dirlo. Quello che si sa è che i<br />
leader di quasi tutti i paesi sono in cerca di un<br />
salvataggio per le loro economie. Per questo il<br />
presidente nordamericano George Bush ha messo<br />
in agenda per il 15 novembre, a Washington,<br />
un incontro mondiale per discutere la crisi<br />
finanziaria. Gli invitati sono i paesi del G20,<br />
gruppo che riunisce le sette principali economie<br />
del mondo e paesi in via di sviluppo come<br />
il <strong>Brasil</strong>e, la Cina e l’India.<br />
26 C o m u n i t à I t a l i a n a / No v e m b r o 2008<br />
N o v e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 27
negócios<br />
O homem<br />
do mármore<br />
E do granito. Aos 70 anos, o italiano Bruno Zanet está à frente de uma das<br />
principais empresas brasileiras exportadoras de rochas ornamentais do Espírito<br />
Santo. No mês passado, ele participou da 43ª Marmomacc, realizada em Verona<br />
Ele tinha 14 anos e não entendia<br />
nada sobre mármore<br />
e granito quando começou<br />
a se envolver no ramo.<br />
Tudo por “culpa” de seu irmão<br />
que trabalhava com túmulos de<br />
uma forma bem artesanal. Aos<br />
20, mesmo sem muito dinheiro,<br />
comprou e vendeu mármore na<br />
antiga Iugoslávia. Foi a partir<br />
daí, quando as atividades se estenderam<br />
para Bulgária, Turquia,<br />
Grécia e, depois, Portugal e Espanha,<br />
que Bruno Zanet percebeu o<br />
que a vida preparava para ele.<br />
Hoje, aos 70 anos, o italiano<br />
de Veneza se mantém firme<br />
e forte à frente da empresa que,<br />
desde 1990, é estabelecida no<br />
Espírito Santo. Foi naquela época<br />
que o governo brasileiro abriu<br />
oportunidades para que estrangeiros<br />
pudessem comprar áreas<br />
de mineração no país. A Marmi<br />
Bruno Zanet, que completou 50<br />
anos este ano, exporta 70% de<br />
seu mármore e granito atualmente<br />
para a China e os outros 30%<br />
para o resto do mundo.<br />
— Comecei a trabalhar nessa<br />
área em 1958, na ex-Iugoslávia.<br />
Eu nem gostava da pedra.<br />
Foi uma época difícil. A Itália era<br />
proibida de importar a pedra. Eu<br />
sou nascido no município de Veneza,<br />
uma cidade que foi construída<br />
toda com pedras. Na época,<br />
só os marmoristas de Veneza<br />
poderiam receber a licença de<br />
importação. Em 1963, a importação<br />
foi desbloqueada — diz ele,<br />
que comercializa 200 qualidades<br />
diferentes de rochas.<br />
Depois de uma crise no mercado<br />
de mármore, em 1978, Zanet<br />
começou a trabalhar também<br />
com o granito. Atualmente,<br />
o empresário e o filho moram no<br />
<strong>Brasil</strong> enquanto a filha e o genro<br />
vivem na Itália para administrar<br />
as quatro empresas do grupo: duas<br />
em Carrara e duas em Verona.<br />
<strong>Como</strong> não poderia deixar de<br />
ser, a empresa de Zanet participou<br />
da 43ª Feira Internacional<br />
de Mármore, Pedras, Desenho e<br />
Tecnologia (Marmomacc), realizada<br />
em outubro, em Verona,<br />
na Itália. Segundo o “homem do<br />
mármore”, nem mesmo a atual<br />
crise econômica impediu o sucesso<br />
do evento.<br />
Nay r a Garofle<br />
— Tinha muita gente desanimada<br />
e depois que a feira começou<br />
isso mudou. Este ano teve<br />
um grande fluxo de países do<br />
oeste, como Rússia e Romênia.<br />
Apesar de ter acontecido no mesmo<br />
período da crise econômica,<br />
de um modo geral a feira foi boa.<br />
Eu preciso ressaltar que o mercado<br />
vai estar sempre nas mãos<br />
do produtor que têm jazidas próprias.<br />
Está acabando o intermediário<br />
— afirma.<br />
Marmomacc<br />
Além das jazidas no Espírito<br />
Santo, Bahia e Minas Gerais, as<br />
empresas do grupo também vendem<br />
mármore e granito da Ucrânia,<br />
Rússia, Índia, Turquia, Grécia<br />
e Sul da África.<br />
Segundo o empresário, os<br />
mármores mais valiosos e vendidos<br />
por sua empresa são o<br />
Amarelo São Francisco Real e o<br />
Ouro <strong>Brasil</strong>.<br />
— São os designers e arquitetos<br />
que ditam quais são<br />
os mármores do momento e esses<br />
são os mais valiosos. É uma<br />
certa questão de moda. No ano<br />
passado, vendemos cerca de 80<br />
mil toneladas de blocos — conta<br />
Bruno.<br />
O Espírito Santo é o maior<br />
produtor e exportador de rochas<br />
ornamentais do <strong>Brasil</strong>. O estado<br />
respondeu por cerca de 65% das<br />
exportações do país, em 2007.<br />
Foram 726 milhões de dólares<br />
em vendas para o exterior, no<br />
ano passado, contra 679,9 milhões<br />
de dólares em 2006. Do<br />
total de 1,5 milhão de toneladas<br />
de blocos e chapas exportadas<br />
em 2007 pelo Espírito Santo, a<br />
China e a Itália compraram cerca<br />
de 700 mil toneladas de blocos,<br />
enquanto os EUA consumiram<br />
mais de 80% das 700 mil toneladas<br />
de chapas, seguido do mercado<br />
canadense.<br />
Dezoito empresas capixabas participaram da 43ª Marmomacc.<br />
O Espírito Santo foi representado pelo secretário de Desenvolvimento<br />
do Governo do Estado, Guilherme Dias. De acordo com<br />
a secretaria, no ranking mundial dos maiores produtores de rochas<br />
ornamentais, o <strong>Brasil</strong> ocupa o 4º lugar, com mais de 7,5 milhões<br />
de toneladas. E, entre os maiores exportadores, ocupa o 5º lugar,<br />
com cerca de 2,6 milhões de toneladas.<br />
Este ano, a crise no mercado imobiliário norte-americano e<br />
as sucessivas quedas do dólar fizeram as exportações caírem. No<br />
mês de julho, segundo dados do Centrorochas, o recuo chegou a<br />
16,32%, se comparado com as vendas do mesmo período de 2007.<br />
No Espírito Santo, a queda foi ainda mais acentuada: 21,91%. Mesmo<br />
assim, as exportações de rochas movimentaram 93 milhões de<br />
dólares no <strong>Brasil</strong>, sendo 59 milhões de dólares no Espírito Santo.<br />
28<br />
C o m u n i t à I t a l i a n a / No v e m b r o 2008
feira<br />
feira<br />
Feira de<br />
idéias<br />
Inovatec vira palco para o governo de<br />
Minas anunciar investimentos no setor<br />
de pesquisa e tecnologia. A Itália foi o<br />
primeiro país convidado para o evento e<br />
marcou presença na quarta edição da feira<br />
Br e n n o Ro c h a e Marco An to n i o Corteleti, em MG<br />
O<br />
governo de Minas Gerais<br />
vai investir 80 milhões de<br />
reais no desenvolvimento<br />
de pesquisa, ensino e inovação<br />
tecnológica no estado. O<br />
conjunto de medidas que garante<br />
esse investimento no setor foi assinado<br />
pelo governador Aécio Neves<br />
durante a 4ª Inovatec – Feira<br />
de Ciência, Tecnologia e Inovação,<br />
realizada mês passado, em<br />
Belo Horizonte. Ao lado do governador,<br />
esteve o ministro de Ciência<br />
e Tecnologia, Sérgio Rezende.<br />
Maior evento brasileiro de divulgação<br />
e incentivo às inovações<br />
tecnológicas, a feira, pela<br />
primeira vez, teve um país convidado:<br />
a Itália. Por conta disso,<br />
empresas <strong>italiana</strong>s como Ibiritermo,<br />
Fiat, TIM, Brembo e OMR<br />
ocuparam mil metros quadrados<br />
da Expominas para apresentar<br />
suas novidades.<br />
Para o presidente da Câmara<br />
Ítalo-<strong>Brasil</strong>eira de Comércio, com<br />
sede em Belo Horizonte, Giacomo<br />
Regaldo, esta proximidade entre<br />
Itália e Minas é importante porque<br />
permitirá às empresas locais<br />
terem acesso direto às empresas<br />
<strong>italiana</strong>s, “caracterizadas por serem<br />
de pequeno e médio porte,<br />
porém muito dinâmicas”.<br />
— As empresas participantes<br />
poderão avaliar, em conjunto, as<br />
possibilidades de parceria comercial<br />
ou de transferência tecnológica<br />
— afirma Regalo.<br />
Segundo ele, na Itália, aproximadamente<br />
71% dos investimentos<br />
em pesquisa e desenvolvimento<br />
são realizados pelas empresas.<br />
No ano passado, o montante<br />
destinado ao setor foi de<br />
11,5 milhões de euros.<br />
Diretora de Inovação, Pesquisa<br />
e Universidade da Região do<br />
Piemonte, Erica Gay também participou<br />
do evento. Seu interesse,<br />
além de discutir temas de comum<br />
interesse entre os dois países, era<br />
o de observar o desempenho das<br />
empresas <strong>italiana</strong>s no <strong>Brasil</strong>.<br />
Para o governo de Minas, a<br />
Inovatec foi uma oportunidade<br />
para mostrar o potencial do estado<br />
para atrair novos investimentos.<br />
Por conta disso, o governador<br />
Neves aproveitou o evento<br />
para também anunciar um acréscimo<br />
de 30 milhões de reais ao<br />
orçamento deste ano da Fundação<br />
de Amparo à Pesquisa de Minas<br />
Gerais (Fapemig). Segundo<br />
ele, essa medida fará com que o<br />
setor alcance a marca de 200 milhões<br />
de reais em novos aportes.<br />
— Somados aos demais recursos<br />
do Tesouro Estadual e a<br />
outros captados de fontes diversas,<br />
o governo vai investir cerca<br />
de 3 bilhões de reais até 2010 —<br />
informa Aécio Neves.<br />
Em parceria com a Fapemig<br />
e Finep (Financiadora de Estudos<br />
e Projetos do ministério da Ciência<br />
e Tecnologia), a secretaria<br />
de Ciência e Tecnologia liberou<br />
20,5 milhões de reais para o início<br />
dos 71 projetos contemplados<br />
pelo Programa de Apoio à<br />
Pesquisa em Empresas (Pappe),<br />
que permite o investimento de<br />
recursos não-reembolsáveis em<br />
empresas de base tecnológica,<br />
buscando a competitividade dos<br />
seus produtos.<br />
A 4ª Inovatec, que recebeu<br />
um público de cerca de 10 mil<br />
pessoas, reuniu universidades,<br />
empresas públicas e privadas,<br />
centros de pesquisa e instituições<br />
de fomento ao setor. Os expositores<br />
apresentaram pesquisas<br />
e avanços em novas tecnologias<br />
para a produção industrial<br />
e os benefícios para a vida moderna.<br />
Entre os diversos produtos<br />
que puderam ser conferidos pelo<br />
público está o transmissor de potência<br />
para TV digital desenvolvido<br />
pela STB (Superior Technologies<br />
in Broadcasting), de Santa<br />
Rita do Sapucaí, com apoio da<br />
Fapemig, que destinou ao projeto<br />
142 mil reais.<br />
O presidente da Câmara de Comércio, Giacomo Regaldo, acompanhado<br />
da diretora de Inovação, Pesquisa e Universidade do Piemonte, Erica Gay<br />
e o secretário de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais,<br />
Alberto Duque Portugal. No alto, o ministro de Ciência e Tecnologia,<br />
Sérgio Resende, o governador Aécio Neves, o secretário Duque Portugal, e<br />
a deputada Gláucia Brandão e Regaldo.<br />
Provocação<br />
Uma das palestras mais requisitadas do evento foi a do sociólogo<br />
italiano Domenico De Masi. Ele falou sobre “Criatividade,<br />
Inovação e Trabalho”. O sociólogo fechou o ciclo de aulas<br />
magnas dos conferencistas internacionais, no segundo dia do<br />
evento. Aproximadamente 400 pessoas acompanharam sua apresentação.<br />
O sociólogo disse que, em 200 anos, o mundo se transformou<br />
e “chegou” na era pós-industrial. Nessa “fase”, a produção<br />
de idéias se caracteriza por não ter horários fixos. As empresas,<br />
porém, continuam a marcar o tempo do trabalho, o que, na opinião<br />
do sociólogo, “limita a criatividade”.<br />
Raquel Alves (da CCIB)<br />
A crise<br />
voa longe<br />
Apesar do momento, aparentemente, caótico na economia mundial, o setor<br />
turístico pode aproveitar o período para atrair estrangeiros para o <strong>Brasil</strong>. Essa<br />
era a expectativa de operadores da área, durante Feira das Américas, no Rio<br />
A<br />
cidade maravilhosa é o cenário<br />
escolhido pela Associação<br />
<strong>Brasil</strong>eira de Agências<br />
de Viagens (Abav) para<br />
realizar, anualmente, sua feira<br />
de turismo. Este ano, num espaço<br />
maior do que 50 mil metros quadrados,<br />
mais de três mil expositores<br />
ocuparam os cinco pavilhões<br />
do Riocentro, na zona oeste do<br />
Rio, para apresentar seus destinos<br />
e suas melhores ofertas. Não diferente<br />
das edições anteriores, mostrar<br />
o inusitado e as novidades do<br />
setor foi o artifício utilizado pelas<br />
agências e secretarias de turismo.<br />
Porém, uma pergunta não se calou:<br />
o setor turístico já sente os<br />
efeitos da atual crise econômica<br />
Na opinião do presidente da<br />
Abav, Carlos Alberto Amorim Ferreira,<br />
a crise nos mercados americano<br />
e europeu é uma chance de<br />
atrair mais turistas estrangeiros.<br />
Segundo ele, a facilidade de se<br />
obter informações através da internet<br />
também força uma mudança<br />
de pensamento dos operadores<br />
da área, já que este é o principal<br />
motivo que leva os clientes a dispensarem<br />
o serviço das agências.<br />
— As condições no passado<br />
eram mais confortáveis, mas não<br />
podemos voltar atrás. Por isso, é<br />
imperativo ver um desafio em cada<br />
oportunidade — afirma Ferreira.<br />
O ministro do Turismo, Luiz<br />
Barreto, concorda com o presidente<br />
da Abav. Durante o evento,<br />
ele lembrou que a baixa do dólar<br />
se tornou um atrativo para os<br />
estrangeiros, no <strong>Brasil</strong>. Segundo<br />
Barreto, o governo continua observando<br />
o cenário “sem deixar<br />
de acompanhar com atenção o<br />
desenrolar da crise”.<br />
— Este é um momento de<br />
oportunidade. O mercado interno<br />
terá uma grande movimentação.<br />
O dólar cotado a R$ 2,20 significa<br />
que o <strong>Brasil</strong> é um lugar barato<br />
para os estrangeiros — diz.<br />
O governador do Rio, Sérgio<br />
Cabral, também prestigiou a feira<br />
e discursou rapidamente dando<br />
as boas-vindas aos operadores,<br />
além de desejar bom trabalho<br />
aos agentes de viagem “na cidade<br />
mais bonita do mundo”.<br />
Segundo o diretor comercial<br />
internacional da agência CVC,<br />
Michael Barkoczy, não há motivo<br />
para se preocupar, no momento,<br />
com a “nuvem preta” que paira<br />
sobre a economia mundial.<br />
— É claro que existe uma insegurança<br />
por parte dos viajantes.<br />
Devemos ficar alerta, mas<br />
não preocupados. Os pacotes que<br />
deveriam ser vendidos já foram<br />
vendidos. Acredito que tudo isso<br />
vai passar daqui uns dois meses<br />
e, por isso, o setor turístico não<br />
vai nem sentir os efeitos — acredita<br />
Barkoczy.<br />
O diretor explica que mesmo<br />
diante da crise econômica, a<br />
CVC, que atua no <strong>Brasil</strong> e opera<br />
na Europa, tendo a Itália como<br />
um dos destinos mais procurados<br />
pelos turistas, teve até o momento<br />
um crescimento de 28%<br />
com relação ao mesmo período<br />
do ano passado.<br />
Nay r a Garofle<br />
Ernane Assumpção<br />
Para a responsável pela Agência<br />
Nacional do Turismo Italiano<br />
(Enit) no <strong>Brasil</strong>, Fernanda Morici,<br />
ainda é muito cedo para falar sobre<br />
as conseqüências da crise no<br />
setor turístico.<br />
— É prematuro falar sobre os<br />
resultados da crise porque as pessoas<br />
ainda tentam entender o que<br />
está acontecendo. Depois, se tiver<br />
uma diminuição do movimento,<br />
que eu acredito que não terá, mas<br />
se tiver, haverá uma procura por<br />
saídas para compensar a alta do<br />
dólar ou a alta do euro. De repente,<br />
os serviços ficarão mais baratos<br />
para que não se sinta tanta diferença<br />
assim com relação ao câmbio<br />
e para que as pessoas possam<br />
continuar viajando. De imediato,<br />
não acho que a crise vai interferir<br />
no nosso setor — avalia.<br />
Fernanda explica que a Enit<br />
continua trabalhando para divulgar<br />
todas as regiões <strong>italiana</strong>s.<br />
Para isso, está realizando seminários<br />
nas capitais brasileiras,<br />
além de convidar operadores de<br />
agências de viagens e jornalistas<br />
para conhecer a Itália.<br />
— O nosso trabalho é divulgar<br />
as 20 regiões do país. De dois<br />
nos para cá, cerca de 400 mil<br />
brasileiros viajaram para a Itália.<br />
Este ano, esperamos um crescimento<br />
de até 30% — diz.<br />
30<br />
C o m u n i t à I t a l i a n a / No v e m b r o 2008
atualidade<br />
Trabalho<br />
na mesa<br />
Questões como imigração, exploração infantil e direitos foram<br />
discutidos no <strong>Brasil</strong> por especialistas italianos<br />
O<br />
imigrante representa ou<br />
não um perigo para trabalhadores<br />
locais <strong>Como</strong><br />
o mercado de trabalho<br />
atual lida com o assédio moral e<br />
a exploração infantil Essas foram<br />
algumas das questões discutidas<br />
em dois eventos realizados<br />
no <strong>Brasil</strong> e que trouxeram, para o<br />
país, docentes italianos especializados<br />
no assunto.<br />
Segundo o professor de Direito<br />
Trabalhista Fabio Petrucci,<br />
o que está na pauta de debates,<br />
agora, é a “compatibilização”<br />
da disciplina de trabalho entre<br />
os vários países que compõem a<br />
União Européia.<br />
— O trabalho é a base da república<br />
<strong>italiana</strong> e também para<br />
a União Européia é um princípio<br />
básico. Na Itália, muito se tem<br />
falado, por exemplo, sobre a presença<br />
de romenos, que têm uma<br />
disciplina de trabalho, digamos,<br />
um pouco mais baixa que a de<br />
outros países — analisa Petrucci<br />
que leciona Direito Social e do<br />
Trabalho como docente convidado<br />
na Pontifícia Universidade Católica<br />
de Minas Gerais e Curitiba.<br />
Ele e outros três professores<br />
italianos participaram do 3º Seminário<br />
Ítalo-brasileiro de Direito<br />
do Trabalho, realizado no Rio;<br />
e o Seminário Internacional do<br />
Direito do Trabalho, em Fortaleza.<br />
Os encontros abordaram temas<br />
como trabalho infantil e assédio<br />
moral e a necessidade de<br />
Sílvia So u z a<br />
se estabelecer pontes que regulamentem<br />
e punam praticantes<br />
de irregularidades.<br />
De acordo com Petrucci, o<br />
preconceito com o que são vistos<br />
os imigrantes tende a diminuir<br />
quando esses estrangeiros<br />
não representam ameaças aos<br />
trabalhadores locais. Isso sem<br />
falar que, entrando na Itália legalmente,<br />
o imigrante está sujeito<br />
às mesmas regras que qualquer<br />
outro cidadão do país. Há,<br />
porém, problemas nesse trânsito<br />
que precisam ser acompanhados<br />
de perto.<br />
— Algumas questões exigem<br />
respostas mais urgentes como o<br />
trabalho infantil, por exemplo,<br />
que deve ser combatido com<br />
uma normativa penal rígida. E as<br />
mortes no ambiente de trabalho<br />
também. Na Itália, ocorrem mais<br />
no Sul e o setor de construção civil<br />
tem maior número de casos. A<br />
vinda ao <strong>Brasil</strong> apresenta discussões<br />
que só vão melhorar nossas<br />
pesquisas — comenta Petrucci.<br />
Para quem deseja encarar o<br />
trabalho na bota, o médico curitibano<br />
ítalo-brasileiro Pedro Reggiani<br />
Anzuategui criou o site www.<br />
minhaitalia.com.br onde muitas<br />
dicas podem ser encontradas. Ele<br />
observa que “o trabalhador tem<br />
força na Itália”.<br />
— Lá, a oferta de empregos<br />
é grande, principalmente nos níveis<br />
menos especializados. Isso<br />
faz com que o trabalhador não<br />
tenha aquele medo intenso de<br />
perder o emprego, como acontece<br />
com o trabalhador no <strong>Brasil</strong>,<br />
que se sujeita a coisas horríveis<br />
— afirma ele que morou cinco<br />
anos na Itália.<br />
Segundo Anzuategui, “o italiano<br />
enfrenta o patrão e impõe<br />
respeito”. O médico conta que<br />
várias vezes presenciou trabalhadores<br />
que se recusavam a fazer<br />
algum trabalho por ser “muito<br />
pesado” ou “não adequado para<br />
o seu perfil”. Ele afirma que o<br />
trabalho informal na Itália não é<br />
Fotos: Ernane Assumpção<br />
tão disseminado como no <strong>Brasil</strong>.<br />
Existe, “mas apenas entre círculos<br />
fechados como discotecas ou<br />
pequenas lojas”.<br />
Na maioria dos casos, o trabalho,<br />
na Itália, será formal,<br />
com todas as garantias sociais.<br />
Isso, porém, não livra os funcionários<br />
do assédio moral. Com<br />
o agravante que essa questão<br />
ainda não está bem resolvida<br />
em termos de legislação. O professor<br />
Antonio Pileggi, da Universidade<br />
de Roma, informa que<br />
entidades internacionais sinalizam<br />
que, na Itália, 4% dos trabalhadores<br />
seriam vítimas desse<br />
problema.<br />
— Nós, que lidamos diariamente<br />
com o assunto, sabemos<br />
que esse número é pequeno. Isso<br />
acontece porque a maioria das<br />
pessoas não denuncia os casos<br />
de assédio moral, com medo de<br />
retaliação — afirma.<br />
No <strong>Brasil</strong><br />
Até o mês de agosto, o quadro<br />
do emprego formal, no <strong>Brasil</strong>,<br />
era favorável aos trabalhadores.<br />
O Cadastro Geral de Empregados<br />
e Desempregados (Caged) registrou<br />
a criação de mais de 1,8<br />
Pequenos escravos<br />
Prostituição, trabalho forçado<br />
e imposição à pratica da<br />
mendicância são as principais<br />
causas de exploração sofridas<br />
por crianças provenientes do<br />
Leste Europeu e da África, na<br />
Itália. A denúncia faz parte do<br />
relatório “Pequenos Escravos”<br />
da divisão <strong>italiana</strong> da organização<br />
Save the Children. Nigéria<br />
e Romênia seriam os países<br />
que mais atuariam no tráfico de<br />
pessoas e segundo o documento,<br />
938 crianças e adolescentes<br />
exploradas foram atendidas na<br />
Itália entre 2000 e 2007.<br />
— O número de vítimas pode<br />
ser maior por que muitas<br />
crianças são ‘invisíveis’ não recebendo<br />
proteção ou qualquer<br />
tipo de assistência. As crianças<br />
são úteis para os grupos que se<br />
dedicam à exploração, pois são<br />
mais fáceis de aliciar e, no caso<br />
da mendicância, despertam<br />
compaixão. Além disso, os menores<br />
de 14 anos não são imputáveis<br />
criminalmente — explica<br />
a coordenadora da área de proteção<br />
da ONG, Carlotta Bellini.<br />
milhão de novas vagas preenchidas<br />
no país, superando a meta<br />
que o Ministério do Trabalho<br />
e Emprego (MTE) estabelecera<br />
para todo o ano de 2008. Nos<br />
primeiros oito meses de 2007, o<br />
mesmo índice ficou em 1,3 milhão<br />
de empregos. O recorde anterior,<br />
do ano de 2004, era de<br />
1,4 milhão.<br />
O percentual de pessoas no<br />
trabalho formal atingiu 49% do<br />
total dos ocupados, segundo dados<br />
do 1º quadrimestre de 2008<br />
Especialistas em Direito do Trabalho, os professores Antonio Pileggi e Fabio Petrucci<br />
comentam sobre trabalho escravo e assédio moral na Itália<br />
da Pesquisa Mensal de Emprego<br />
(PME) do Instituto <strong>Brasil</strong>eiro de<br />
Geografia e Estatística (IBGE).<br />
Um dos grandes movimentos<br />
no setor trabalhista, no país,<br />
se deu em junho quando foi<br />
lançada, oficialmente, a Frente<br />
Nacional Contra o Trabalho Escravo.<br />
No momento, está em tramitação,<br />
no Congresso Nacional,<br />
a Proposta de Emenda Constitucional<br />
(PEC) 438 que determina<br />
a expropriação (sem pagamento<br />
de indenização) de propriedades<br />
Dicas de Reggiani<br />
onde for constatada a exploração<br />
de mão-de-obra escrava.<br />
Para o procurador Jonas Ratier<br />
Moreno, da Coordenadoria Nacional<br />
de Erradicação do Trabalho Escravo<br />
(Conaete) do Ministério Público<br />
do Trabalho (MPT), a aprovação<br />
da PEC seria uma resposta “à<br />
altura aos questionamentos internacionais<br />
à produção agropecuária<br />
brasileira”. Segundo ele, há acusações<br />
de que produtos brasileiros<br />
podem estar “sujos” pela utilização<br />
de mão-de-obra escrava.<br />
experiência adquirida por Reggiani na Itália fez com que, aqui<br />
A no <strong>Brasil</strong>, o médico transmitisse seus conhecimentos. No seu<br />
site, ele fala a respeito de profissões valorizadas, direitos trabalhistas,<br />
salários e até condições para quem tem dupla cidadania:<br />
● A Itália precisa de mão de obra de todo tipo, especializada e<br />
não especializada. Atividades como a de soldador, eletricista,<br />
mecânico e marceneiro geram trabalho quase que imediatamente.<br />
O emprego altamente especializado (título universitário) pode<br />
ser mais demorado para se encontrar, porém o retorno financeiro<br />
será maior.<br />
● As garantias sociais do trabalho existem e funcionam bem. Existe,<br />
além do 13° salário, o 14° salário, que é pago em julho. Alguns<br />
outros direitos dos trabalhadores são: garantia contra doenças e<br />
acidentes de trabalho, férias longas e remuneradas, licença maternidade<br />
(que pode ser de até 9 meses) e outras licenças garantidas<br />
por lei como greve e problemas pessoais.<br />
● O salário mínimo italiano é cerca de 900 euros. Com esta quantia<br />
um cidadão que não é casado e não tem filhos pode manter um carro,<br />
pagar um aluguel, ter celular, sair à noite, viajar e ir a restaurantes.<br />
São poucos os italianos que ganham salário mínimo e isto ocorre<br />
normalmente no início da carreira e com os menos qualificados.<br />
● Pode acontecer de os empregadores preferirem estrangeiros (com<br />
cidadania <strong>italiana</strong>) porque entendem que aqueles que vêm de países<br />
em desenvolvimento estão acostumados a trabalhar “bastante”,<br />
ou seja, não ligam de fazer hora extra ou trabalhar domingos<br />
ou feriados em troca de um incremento no salário. Em determinadas<br />
áreas, onde se precisa de conhecimentos específicos, pode não<br />
ser uma vantagem ser estrangeiro, mas em outras (por exemplo,<br />
trabalho com turismo, tradução, música, multinacionais), o fato<br />
de ser ítalo-brasileiro é uma vantagem franca.<br />
32 C o m u n i t à I t a l i a n a / No v e m b r o 2008<br />
N o v e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 33
diplomazia<br />
In partenza<br />
Dopo quattro anni, il console di’Italia a Rio de Janeiro si congeda dal<br />
<strong>Brasil</strong>e portandosi nei bagagli abitudini prettamente cariocas. Qui<br />
lascia un’eredità di azioni che segnano la presenza <strong>italiana</strong> nella città<br />
Pan di Zucchero, caipirinha<br />
e churrasco sono cose che<br />
incantano tutti i turisti<br />
che visitano Rio de Janeiro.<br />
Non solo loro. Anche i carioca<br />
adorano tutto ciò. Cosa dire, allora,<br />
di un italiano che diventa<br />
cittadino onorario della città E<br />
questi è un italiano che ha proprio<br />
il Pan di Zucchero come vista<br />
dall’appartamento dove ha<br />
abitato negli ultimi quattro anni.<br />
Questo “italo-carioca” è il console<br />
italiano a Rio de Janeiro, Massimo<br />
Bellelli. Però adesso comincia<br />
a fare le valigie. Dopo otto<br />
anni fuori dall’Italia, ritorna con<br />
la famiglia a Roma, dove lavorerà<br />
al ministero degli Esteri.<br />
Bellelli porterà nei suoi bagagli<br />
i titoli di cittadino onorario<br />
carioca e fluminense. Questi<br />
omaggi non gli sono stati attribuiti<br />
per prassi protocollare. Riflettono<br />
bene il tipo di azioni del<br />
console nella città e nello stato di<br />
Rio de Janeiro. Non è un caso che<br />
lui sia un autentico napoletano. E<br />
sono proprio i napoletani i primi<br />
a dire che Rio e Napoli sono città<br />
che hanno molto in comune.<br />
— Sono nato a Zagabria e sono<br />
abituato a questo “jeitinho”di<br />
tentare di risolvere le cose con il<br />
carisma che solo i carioca hanno.<br />
Spesso io stesso ho presentato<br />
agli italiani che ci hanno visitato<br />
questa caratteristica che ritroviamo<br />
qui — commenta il console,<br />
53 anni, padre di tre figli.<br />
Prima di venire a Rio, Bellelli<br />
è stato console aggiunto a São<br />
Paulo agli inizi degli anni ’90.<br />
Poi ha lavorato a Bruxelles (Belgio)<br />
come capo del settore commerciale.<br />
I suoi primi due figli<br />
sono nati a São Paulo. Invece il<br />
più piccolo è nato in Italia.<br />
L’integrazione del console<br />
con la città sede della sua circoscrizione<br />
(che serve anche gli<br />
La vista che il console contempla<br />
dal terrazzo del Consolato.<br />
Accanto, in posa al Pan di<br />
Zucchero in una visita ufficiale<br />
Sílvia So u z a<br />
stati Espírito Santo e Bahia) è<br />
stata inevitabile. Ancora prima<br />
di trattarsi di un’affinità particolare,<br />
Bellelli ha capito che questo<br />
sarebbe stato fondamentale<br />
per il buon disimpegno del suo<br />
lavoro. In fondo, quando è arrivato<br />
qui la prima cosa che ha<br />
capito è stata che il carioca non<br />
sapeva nemmeno dov’era il consolato<br />
italiano.<br />
— Ho preso un taxi ed ho<br />
chiesto che mi portasse al consolato.<br />
L’autista non sapeva dove<br />
rimaneva e mi ha chiesto l’indirizzo.<br />
Quando gli ho detto che<br />
era all’avenida Presidente Antonio<br />
Carlos, lui mi ha detto: ‘Ah,<br />
accanto al consolato della Francia’<br />
— ricorda.<br />
Da quel momento, Bellelli ha<br />
deciso che bisognava fare qualcosa<br />
affinché la sede del consolato<br />
Roberth Trindade<br />
diventasse riferimento per i discendenti<br />
di italiani e per la popolazione<br />
della città in generale.<br />
Si è reso conto che una grande<br />
opportunità potevano essere i festeggiamenti<br />
per la Proclamazione<br />
della Repubblica Italiana. Così, tre<br />
anni fa, ha instituito la Festa della<br />
Repubblica. La prima edizione,<br />
ancora timida, ha avuto luogo per<br />
la strada, di fronte al consolato.<br />
L’evento si è ingrandito e, dall’anno<br />
seguente, si è “trasferito” nella<br />
piazza Virgílio de Melo Franco, che<br />
rimane dietro al palazzo.<br />
— Con la festa abbiamo segnato<br />
la nostra presenza, abbiamo<br />
presentato le istituzioni che aiutiamo<br />
e abbiamo reso noto il lavoro<br />
che facciamo. Senza dubbio<br />
è stata un’iniziativa che ci ha reso<br />
più visibili — valuta il console.<br />
Anche se è alla fine del mandato,<br />
Bellelli ancora si impegna<br />
per mettere in pratica due progetti.<br />
Uno di essi è la riqualificazione<br />
della Piazza Italia, spazio<br />
che include la strada laterale del<br />
consolato, all’angolo tra le avenidas<br />
Beira Mar e presidente Antonio<br />
Carlos. L’altro è la creazione<br />
di una scuola <strong>italiana</strong> con formazione<br />
per poter corrispondere ai<br />
curriculum brasiliano e italiano.<br />
Bellelli racconta che il progetto<br />
della piazza, presentanto al<br />
sindaco due anni fa, include come<br />
abbellimento un busto dell’imperatrice<br />
Teresa Cristina, p la moglie<br />
napoletana di Dom Pedro II, oltre<br />
ad una illuminazione scenica. Secondo<br />
lui, si tratta di un progetto<br />
che “c’è da un po’ di tempo, ma<br />
che la burocrazia ritarda sempre”.<br />
Invece la scuola è il recupero di<br />
un’istituzione che è già esistita.<br />
Secondo il console, bisogna creare<br />
un luogo di insegnamento “che<br />
apra le porte dell’Europa per figli<br />
e discendenti di italiani”.<br />
Tra i lavori portati a termine,<br />
Bellelli mette in risalto l’avvicinamento<br />
con l’Academia <strong>Brasil</strong>eira<br />
de Letras, in partenariati letterari<br />
e accordi; la pubblicazione di<br />
una guida e di un’agenda consolare<br />
e l’impiantazione, da tre anni,<br />
della tessera Clube Itália, gestita<br />
dal Comitato Olimpico Nazionale<br />
Italiano (CONI). Il documento dà<br />
sconti agli associati in ristoranti,<br />
farmacie e vari altri negozi. Una<br />
delle cose di cui va orgoglioso è<br />
l’adozione di un’assicurazione sanitaria<br />
per italiani carenti della<br />
circoscrizione. Di recente il console<br />
“carioca” ha inaugurato nel<br />
palazzo del consolato la Sala Roma,<br />
dove vengono proiettati tutte<br />
le settimane film italiani.<br />
Nel campo della politica<br />
il console considera come fiore<br />
all’occhiello della sua gestione<br />
il viaggio con il governatore<br />
fluminense Sergio Cabral in Italia,<br />
l’anno scorso. Secondo lui,<br />
l’esperienza come cicerone ha<br />
contribuito all’approfondimento<br />
delle relazioni tra le regioni visitate<br />
e lo stato di Rio.<br />
— Mi piace seguire tutto da<br />
vicino e mi sono sforzato per essere<br />
presente in vari luoghi. È una<br />
brutta cosa che la colonia si muova<br />
e non riceva appoggio dal governo<br />
italiano. Mi ha interessato molto<br />
accompagnare l’équipe fluminense,<br />
perché questo percorso inverso<br />
non è comune. Siamo passati in<br />
Calabria (durante i festeggiamenti<br />
per i 500 anni di San Francesco di<br />
Paola), in Sicilia e in Campania e in<br />
tutti i posti abbiamo potuto sfruttare<br />
le peculiarità con lo sguardo di<br />
chi sta dentro — ha detto.<br />
Durante la gestione di Bellelli<br />
il consolato italiano a Salvador è<br />
stato portato alla posizione di onorario,<br />
l’unico in <strong>Brasil</strong>e. Nell’area<br />
economica, il console crede che le<br />
sue azioni abbiano permesso il recupero<br />
di partnership tra imprese<br />
italiane e italo-brasiliane. La prima<br />
porta aperta per questo percorso<br />
è stata la tradizionale Feira<br />
da Providência, realizzata tutti gli<br />
anni dalla Archidiocesi di Rio. In<br />
questa tappa, Bellelli ha potuto<br />
contare sul grande aiuto della moglie<br />
Matilde:<br />
— Persone legate all’evento<br />
mi hanno chiesto aiuto per l’importazione<br />
di prodotti. Ho designato<br />
mia moglie per seguire tutto<br />
il processo. Gli organizzatori sono<br />
rimasti sorpresi perché, fino a quel<br />
momento, questo non era un procedimento<br />
comune. In realtà pensavano<br />
che fosse un errore non<br />
avere una nostra presenza effettiva<br />
all’evento. Abbiamo cominciato<br />
a portare i prodotti da lanciare sul<br />
mercato. Matilde coordinava tutto<br />
e “ha vestito la camicia”, come si<br />
dice qui — racconta Bellelli.<br />
Ancora nel campo degli affari,<br />
il console mette in risalto<br />
l’apertura dell’ufficio dell’Instituto<br />
Italiano para o Comércio Exterior<br />
(ICE) a Rio come “un differenziale”<br />
dell’azione. E racconta<br />
che, quando è arrivato in città,<br />
“non c’erano queste attenzioni”.<br />
— Ci siamo mossi per collegare<br />
tutte le sfere in cui abbiamo<br />
agito e così le azioni sociali,<br />
politiche, economiche e culturali<br />
hanno avuto un più rappresentativo<br />
riscontro. Abbiamo sfruttato<br />
tutte le opportunità per rendere<br />
noto questo lavoro di insieme —<br />
mette in risalto Bellelli, che è laureato<br />
in Legge presso l’Università<br />
di Roma ed è dottore in Economia,<br />
indirizzo Gestione Aziendale,<br />
presso l’Università di Ginevra.<br />
Lettore vorace, il console di<br />
solito legge da due a tre libri simultaneamente.<br />
Per ciò che riguarda<br />
i libri brasiliani, preferisce<br />
opere storiche e che si occupino<br />
In alto, una foto di Bellelli<br />
nel suo ufficio. Accanto, in<br />
omaggio concesso dal governo<br />
italiano all’architetto Oscar<br />
Niemeyer. Sotto, accanto alla<br />
moglie, Matilde, in uno dei suoi<br />
momenti da fotografo<br />
di politica. Ma come autore, preferisce<br />
lasciare il paese con una<br />
pubblicazione nell’area gastronomica.<br />
Si tratta di un libro di ricette<br />
della cucina mediterranea per<br />
giovani, che sarà lanciato il prossimo<br />
mese. La scelta e produzione<br />
dei piatti presentati nel libro sono<br />
stati scelti dai figli più grandi.<br />
Il ritorno di Bellelli in Italia è<br />
previsto per dicembre. Una delle<br />
cose di cui il console ammette che<br />
sentirà più la mancanza, a Rio,<br />
sarà il carnevale. Tutti gli anni, è<br />
stato presente al Sambodromo per<br />
fare il tifo per la sua scuola del<br />
cuore, la Portela. Ma nella avenida<br />
è entrato una volta sola, l’anno<br />
scorso, quando è stato invitato a<br />
sfilare con l’Império Serrano.<br />
Gran parte del suo amore per<br />
Rio de Janeiro è rimasto registrato<br />
in fotografie. Bellelli ha già avuto<br />
Roberth Trindade<br />
come hobby la fotografia. In gioventù,<br />
a Roma, il diplomatico ha<br />
fatto un corso di due anni di fotografia<br />
e regia cinematografica.<br />
Ha addirittura avuto un laboratorio<br />
fotografico e una radio, con un<br />
gruppo di amici, e firmava un pezzo<br />
sullo sport in un quotidiano.<br />
Da queste parti, le fotografie<br />
della città sono state fatte in camminate<br />
fatte nei luoghi turistici<br />
cariocas come l’Aterro do Flamengo,<br />
la Pedra da Gávea o il Cristo<br />
Redentore. In macchina, ha percorso<br />
vari punti turistici di città<br />
della sua circoscrizione. Ad ogni<br />
fermata ha ripetuto il rito di provare<br />
i piatti tipici della regione e<br />
di conoscere i costumi locali. Chissà<br />
se, in Italia, Bellelli potrà esporre<br />
tutto questo materiale e assumere<br />
una nuova funzione: quella<br />
di “console” di Rio a Roma.<br />
34 C o m u n i t à I t a l i a n a / No v e m b r o 2008<br />
N o v e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 35
cooperação<br />
Paolo de Santis, adido científico da Embaixada da<br />
Itália no <strong>Brasil</strong>; Marco Gilli, vice-reitor do Politécnico<br />
de Turim; Cledorvino Belini, presidente da Fiat para a<br />
América Latina; Antonio Anastasia, vice-governador<br />
de MG; Alberto Portugal, Secretário de Ciência e<br />
Tecnologia e Ensino Superior do Estado de Minas Gerais<br />
e Raphael Guimarães, Secretário de Desenvolvimento<br />
Econômico do Estado de Minas Gerais<br />
Em busca<br />
de excelência<br />
Grupo Fiat e Politécnico de Torino, da região do Piemonte, firmam,<br />
em Minas Gerais, parceria para o desenvolvimento de pesquisa<br />
O<br />
estado de Minas Gerais<br />
e a região do Piemonte<br />
estreitaram ainda mais<br />
seus laços. Em outubro,<br />
um mês antes da missão mineira<br />
chefiada pelo governador Aécio<br />
Neves chegar àquela região<br />
<strong>italiana</strong>, o presidente do Grupo<br />
Fiat, Cledorvino Belini e o vicereitor<br />
do Politécnico de Torino,<br />
Marco Gilli, assinaram um protocolo<br />
de intenções. Com isso, foi<br />
formalizado o início de uma parceria<br />
para a execução de projetos<br />
de interesse comum e promoção<br />
da pesquisa e formação técnicocientífica<br />
em engenharia automotiva,<br />
design e tecnologia em<br />
combustíveis.<br />
A assinatura do acordo, que<br />
aconteceu na Casa Fiat de Cultura,<br />
contou com a presença de<br />
várias autoridades, como o vicegovernador<br />
de Minas Gerais, Antônio<br />
Augusto Anastasia, o secretário<br />
de Estado de Ciência,<br />
Tecnologia e Ensino Superior,<br />
Alberto Duque Portugal e o professor<br />
Paolo Santis, adido cultural<br />
do departamento de estudos<br />
científicos da embaixada da Itália<br />
no <strong>Brasil</strong>.<br />
Entre os principais objetivos<br />
do acordo estão o estímulo à<br />
produção científica e tecnológica<br />
Ge r a l d o Cocolo JR<br />
brasileira e a promoção de intercâmbio<br />
de conhecimentos, a fim<br />
de formar profissionais cada vez<br />
mais qualificados. O protocolo de<br />
intenções prevê também estimular<br />
pesquisas de tecnologias não<br />
poluentes.<br />
— Este é um passo fundamental<br />
para continuarmos na<br />
vanguarda da técnica e do design.<br />
O acordo com o Politécnico<br />
potencializará a produção de<br />
conhecimento com foco na excelência<br />
e na inovação — afirma o<br />
presidente do Grupo Fiat, Cledorvino<br />
Belini — Queremos reproduzir<br />
no <strong>Brasil</strong> a cooperação que<br />
existe entre o Politécnico di Torino<br />
e a Fiat na Itália. As economias<br />
mundiais estão globalizadas<br />
e o <strong>Brasil</strong> está inserido nesse<br />
mercado. Gerar e absorver novos<br />
conhecimentos são vitais para a<br />
Fiat. Temos convênios com diversas<br />
universidades, mas precisamos<br />
de ainda mais saber, para<br />
melhor fazer.<br />
A parceria com o Politécnico<br />
de Turim contribuirá para fortalecer<br />
as atividades de formação<br />
e geração de conhecimento que<br />
o Grupo Fiat desenvolve há cerca<br />
de 15 anos, por meio de acordos<br />
com mais de 40 universidades<br />
brasileiras e outras 12 instituições<br />
no exterior. A aliança<br />
também favorecerá o desenvolvimento<br />
de toda a cadeia produtiva,<br />
com fornecedores dos diversos<br />
setores em que o Grupo Fiat<br />
atua também se beneficiando dos<br />
cursos a serem oferecidos.<br />
De acordo com Belini, os<br />
investimentos anunciados pelo<br />
Grupo Fiat até 2010, no valor<br />
6 bilhões de reais, referem-se<br />
à ampliação da capacidade produtiva,<br />
desenvolvimento de novos<br />
produtos, aprimoramento dos<br />
processos e da qualidade, além<br />
da constante criação de soluções<br />
inovadoras para o setor automobilístico.<br />
Para alcançar todos esses<br />
objetivos é primordial a construção<br />
de novas competências. O<br />
convênio com o Politécnico de<br />
Turim potencializará essa produção<br />
de conhecimento com foco<br />
na excelência e na inovação.<br />
O protocolo de intenções prevê<br />
também estimular pesquisas de<br />
tecnologias não poluentes, inclusive<br />
para a produção de veículos<br />
mais amigáveis ao meio ambiente.<br />
Politécnico de Turim<br />
O Politécnico de Turim é uma<br />
das oito universidades mais importantes<br />
da Europa, tendo sido<br />
fundado em 1859. Com concentração<br />
de estudo nas áreas da Engenharia,<br />
Arquitetura e Design,<br />
o centro universitário de Turim<br />
mantém intensa cooperação com<br />
a Fiat <strong>italiana</strong> há quase um século,<br />
sobretudo através do CRF<br />
– Centro Ricerche Fiat (Centro de<br />
Pesquisas Fiat). No âmbito desta<br />
parceria, o Politecnico de Turim<br />
está implantando o mais importante<br />
centro de pesquisas sobre<br />
biocombustíveis da Europa.<br />
No <strong>Brasil</strong>, o Politécnico de<br />
Turim mantém programas de colaboração<br />
com diversas entidades<br />
brasileiras como a CAPES e<br />
instituições de ensino como USP,<br />
Unicamp, UnB, UFSC e UFMG. Em<br />
Minas Gerais, o Politécnico de<br />
Turim mantém vínculos também<br />
com o governo do Estado para<br />
o desenvolvimento conjunto de<br />
pesquisa científica e tecnológica<br />
na área de design.<br />
36 C o m u n i t à I t a l i a n a / No v e m b r o 2008
ROMA<br />
uteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSalut<br />
Lisomar Silva<br />
Pintores<br />
O<br />
céu de Roma atraiu e fascinou os pintores<br />
flamingos que se inspiraram em cenas<br />
da vida cotidiana para criar suas obras.<br />
Artistas como Caravaggio registraram os tons<br />
de azul intenso e luminoso em seus quadros.<br />
Esses tons também são encontrados nos célebres<br />
afrescos que Rafaello criou nos salões<br />
do Vaticano, além da monumental obra de Michelangelo<br />
na Capela Sistina.<br />
Para você admirar<br />
Para se desvendar os segredos da luz<br />
e do clima romanos, é preciso acordar<br />
cedo. Esse momento do dia é a melhor<br />
hora para se apreciar os tons rosados<br />
da fachada da Basílica de São Pedro no<br />
Vaticano. Após uma entusiástica visita à<br />
Basílica e aos Museus da Santa Sé, é possível<br />
admirar a visão de Roma a partir da<br />
Cúpula de São Pedro. Mas esse não é o<br />
único ponto privilegiado da cidade. Roma<br />
é venerável por inteira do alto da Terrazza<br />
della Quadriga do Monumento Vittoriano,<br />
localizado na Piazza Venezia e dedicado<br />
ao soldado desconhecido. Já as ruínas do<br />
Fórum Romano são apaixonantes quando<br />
admiradas a partir dos terraços do Capitólio<br />
e dos corredores do Coliseu. As luzes<br />
da manhã e os tons púrpuros da tardinha<br />
tornam poéticos os panoramas que<br />
a cidade oferece a partir das Praças Trinità<br />
dei Monti e Quirinale, junto à sede da<br />
Presidência da República. Nas horas do<br />
crepúsculo, é fundamental estar sentado<br />
no gramado ao longo do Circo Mássimo<br />
para se admirar as monumentais ruínas<br />
em tijolos vermelhos do Fórum Palatino,<br />
ou se encostar nos muros da Piazzale Garibaldi,<br />
na colina de Gianícolo, para devorar<br />
com os olhos a mágica beleza que<br />
Roma revela até o anoitecer.<br />
Nel blu dipinto di blu<br />
O<br />
azul infinito do céu descrito há 50<br />
anos na música Volare de Domenico<br />
Modugno, parece estar contido<br />
no imenso leque de cores e matizes do céu<br />
de Roma. É importante olhar para o alto,<br />
de qualquer ponto da cidade. Os edifícios<br />
do centro histórico chegam a ter cinco andares<br />
e, na periferia, não passam dos dez<br />
ou doze andares. Admiram-se milhões de<br />
tonalidades de azul, do mais claro ao blu<br />
cobalto passando pelo blu índaco, que se<br />
fundem desde os primeiros momentos da<br />
aurora até as últimas frações de minutos<br />
do crepúsculo, durante quase todo o ano.<br />
Nos dias ensolarados, com ou sem os<br />
clássicos cirros e os cúmulus nimbus típicos<br />
do céu romano, as nuvens têm reflexos<br />
Até Vinícius<br />
O<br />
céu de Roma foi inspirador de grande e<br />
prazerosa produção cultural na década<br />
de 50 com Vinícius de Moraes e Sergio Buarque<br />
de Hollanda. Naquela época, o célebre<br />
poeta e compositor musical carioca se<br />
encontrava em Roma na veste de Embaixador<br />
brasileiro na sede da Piazza Navona. Já o<br />
famoso historiador paulista lecionava junto<br />
à catedra de Estudos <strong>Brasil</strong>eiros na universidade<br />
La Sapienza de Roma. Ambos puderam<br />
acompanhar também os primeiros passos romanos<br />
do então jovem (e desconhecido) cineasta<br />
Federico Fellini que, em 1987, colocou<br />
o azul profundo e as nuvens brancas do<br />
céu romano em seu filme L’intervista.<br />
de luz branco-rosada ou laranja-salmão até<br />
os tons lilás e violeta. Nas tardes douradas<br />
primaveris e outonais, com temperaturas<br />
amenas e o refrescante sopro do Vento di<br />
Ponente que vem dos mares Tirreno e Adriático,<br />
a cidade e seus monumentos ganham<br />
perspectivas visuais de acentuada profundidade<br />
em contínua transformação. É fruto<br />
do jogo que o contraste de luz e sombra<br />
cria com o passar das horas, em uma surpreendente<br />
série de imagens inéditas, nascidas<br />
de um espaço urbano que é sempre o<br />
mesmo: a Cidade Eterna. A luz crepuscular,<br />
com os últimos raios de sol que avermelham<br />
as paredes e fachadas dos edifícios,<br />
torna o azul do céu ora mais intenso, ora<br />
mais esbranquiçado.<br />
Condenação<br />
O<br />
céu de Roma na Renascença também foi<br />
tema de processos e condenações que<br />
o Tribunal da Inquisição (hoje Congregação<br />
para a Doutrina da Fé) impôs a Galileu Galilei,<br />
em 1616, cinco anos depois que o grande<br />
físico, astrônomo, filósofo e matemático italiano<br />
se transferiu de Florença para Roma como<br />
embaixador do Grão-Ducado de Toscana.<br />
A sentença, confirmada em 1633, foi cancelada<br />
359 anos, 4 meses e 9 dias depois: em 31<br />
de outubro de 1992, Papa João Paulo II, em<br />
discurso pronunciado durante uma audiência<br />
aos componentes da Pontifícia Academia de<br />
Ciências, anunciava que a Santa Sé havia reabilitado<br />
o cientista Galileu Galilei.<br />
Fotos: Arquivo<br />
A culpa é dela<br />
Uma pesquisa norte-americana realizada<br />
pelo Departamento de Assuntos de Veteranos<br />
do Centro Médico da Universidade de<br />
Oklahoma afirma que a bactéria intestinal enterococcus<br />
faecalis pode ser responsável pelo<br />
desenvolvimento de câncer de intestino.<br />
O estudo foi divulgado no Journal of Medical<br />
Microbiology, mas houve quem contestasse.<br />
O microbiólogo da Universidade de Liverpool,<br />
na Grã-Bretanha, afirma que a bactéria pode<br />
ser a culpada, mas que outras presentes<br />
no intestino também podem ser responsáveis<br />
pela doença. “Sabemos que a bactéria está<br />
presente nos intestinos da maioria das pessoas,<br />
porém, nem todos têm câncer. Isso indica<br />
que devem existir outros fatores”.<br />
Sonho perfumado<br />
Um estudo apresentado na reunião anual da<br />
Academia Americana de Otorrinolaringologia,<br />
em Chicago (EUA), indica que os aromas<br />
inalados enquanto uma pessoa dorme influenciam<br />
seus sonhos. Na Alemanha, pesquisadores<br />
do Hospital da Universidade de Mannheim<br />
chegaram à mesma conclusão. Lá, voluntários<br />
foram expostos a odores bons e ruins durante<br />
o sono. Depois de acordados, eles relataram<br />
suas impressões, mas não se lembravam<br />
de haver sentido os cheiros. Os cientistas concluíram<br />
que, quando o odor desagradável foi<br />
usado, o tipo de emoção vivenciada durante<br />
o sonho era negativo. Sob o estímulo do odor<br />
agradável, quase todos os sonhos relatados tinham<br />
conotações positivas.<br />
Arquivo<br />
Reprodução<br />
Azeite, sim!<br />
Ao consumir azeite, uma transformação<br />
ocorre no seu organismo, mais precisamente<br />
no abdômen: ele impede o depósito<br />
de gordura bem ali, na linha da cintura. Parece<br />
um contra-senso, já que o alimento é um<br />
dos mais calóricos. Cada grama oferece cerca<br />
de nove calorias. Mas a descoberta é séria:<br />
o consumo evita mesmo a barriga indesejada.<br />
Cientistas de diversas universidades européias<br />
publicaram seu trabalho no periódico<br />
Diabetes Care, da Associação Americana de<br />
Diabete, em que compararam exames de imagem<br />
de voluntários, antes e depois do consumo<br />
do óleo. Eles observaram que o hábito<br />
diminuiu os depósitos de gordura no abdômen.<br />
O ideal seria consumir duas colheres de<br />
sopa por dia para obter o benefício.<br />
Café da manhã<br />
Também para perder peso, uma dica é comer<br />
ovos no café da manhã. Isso é o que sugere<br />
uma pesquisa feita pelo Departamento de<br />
Obesidade da Pennington Biomedical Research<br />
Center da Universidade da Louisiana (EUA). Os<br />
pesquisadores analisaram 152 pacientes, homens<br />
e mulheres, entre 25 e 60 anos. Parte do<br />
grupo consumiu toda a manhã dois ovos e outra<br />
parte adotou bagel - pão tradicional americano.<br />
Ao final de oito semanas, a perda de peso entre<br />
a turma do ovo foi 65% maior na comparação<br />
com os demais voluntários. O índice de redução<br />
de cintura também foi 34% maior entre eles, assim<br />
como a redução de gordura - 16% maior.<br />
Arquivo<br />
Arquivo<br />
Poluição<br />
Uma pesquisa da Universidade de Calgary,<br />
no Canadá, sugere que a poluição do ar<br />
pode aumentar o risco de inflamação do apêndice.<br />
Os cientistas identificaram mais de 45<br />
mil adultos que foram internados com casos<br />
de apendicite entre 1999 e 2006. O estudo,<br />
apresentado na Conferência de Gastroenterologia<br />
do American College, sugere que a poluição<br />
aumenta o risco geral de inflamação do<br />
tecido. A análise dos casos revelou que os pacientes<br />
tinham 15% a mais de probabilidade<br />
de internação em dias com maiores concentrações<br />
de ozônio no ar, comparado com dias<br />
em que a concentração de ozônio era menor.<br />
Diabete<br />
Uma esperança contra o diabetes foi<br />
apresentada no Congresso Europeu<br />
de Diabetes. Trata-se de uma injeção semanal<br />
de remédio para controlar a glicose<br />
e uma caixinha de materiais biocompatíveis.<br />
Ela tem 4 centímetros de<br />
diâmetro e 2 milímetros de espessura,<br />
contendo células que produzem insulina.<br />
Esta será introduzida no pâncreas e substituirá<br />
as células produtoras de insulina<br />
destruídas pela doença.<br />
<strong>Como</strong> o Viagra<br />
Pesquisadores italianos da Universidade<br />
de Milão desenvolveram um composto<br />
com folhas de uma erva conhecida como chifre<br />
de cabra. Pode ser o início do desenvolvimento<br />
de uma nova droga para tratar a deficiência<br />
orgânica erétil. A planta tem o nome<br />
científico de Epimedium brevicornum. Exames<br />
preliminares indicaram que a droga feita com<br />
o composto causa menos efeitos secundários<br />
do que o Viagra, inclusive em relação ao coração.<br />
Agora, o composto passará por uma longa<br />
fase de testes clínicos antes de ser aprovado<br />
definitivamente. Ou seja, pode demorar<br />
10 anos até ser lançado no mercado.<br />
Arquivo<br />
38 C o m u n i t à I t a l i a n a / No v e m b r o 2008<br />
N o v e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 39
turismo<br />
De toda a<br />
humanidade<br />
Uma das cidades mais antigas do litoral sul do Rio, Paraty aposta no turismo o<br />
ano inteiro e tem suas particularidades descobertas cada vez mais por italianos<br />
Pense em um lugar belo o<br />
bastante para se aproveitar<br />
a natureza marítima em<br />
águas capazes de atrair de<br />
surfistas a famílias numerosas.<br />
Um lugar onde, escondidas numa<br />
densa e preservada Mata Atlântica,<br />
cachoeiras formam véus de<br />
cascatas cristalinas. Onde a vida<br />
noturna põe o visitante em contato<br />
com a arquitetura colonial<br />
brasileira e a gastronomia atende<br />
a todos os gostos. Pense em um<br />
local que tem como vocação receber<br />
e que lança mão de vários<br />
recursos para ser a capital do turismo<br />
no <strong>Brasil</strong>.<br />
Do alto de sua posição de patrimônio<br />
histórico da humanidade,<br />
Paraty tem todos esses atributos.<br />
E está prestes a abocanhar o<br />
título de patrimônio mundial da<br />
Unesco. Em 2009, a organização<br />
renova a lista de indicação e a<br />
grande aposta do governo federal<br />
é o roteiro do Caminho do Ouro,<br />
que percorre o antigo trajeto<br />
usado para transportar o ouro de<br />
Minas Gerais a Portugal, na época<br />
do <strong>Brasil</strong> colonial.<br />
Perto da temporada de calor,<br />
a cidade que já é visada o ano<br />
inteiro, se prepara para acolher<br />
um público cada vez maior. Com<br />
seus quase mil quilômetros quadrados,<br />
o município está a pouco<br />
mais de quatro horas da capital<br />
do Rio de Janeiro e encanta<br />
visitantes de dentro e fora do<br />
país. Nas praias, a coloração do<br />
mar varia do verde esmeralda ao<br />
transparente. O centro histórico,<br />
com calçamento feito por filhos<br />
de escravos e onde carro não entra,<br />
tem igrejas construídas nos<br />
séculos 17 e 18, como a de Santa<br />
Rita, um dos cartões-postais<br />
da cidade - imagem acolhedora a<br />
quem chega pelo cais.<br />
Tudo em Paraty parece ter<br />
sido feito como em nenhum outro<br />
lugar. Talvez por isso, alguns<br />
italianos já tenham encontrado<br />
seu cantinho especial na cidade<br />
que abriga a maior festa literária<br />
do <strong>Brasil</strong> e figura como uma<br />
das poucas a ter um produto<br />
com procedência registrada - a<br />
cachaça. Além de Paraty, só os<br />
vinhos do Vale dos Vinhedos, a<br />
carne do Pampa Gaúcho, no Rio<br />
Grande do Sul, e o café do cerrado,<br />
em Minas Gerais, possuem<br />
essa certificação.<br />
Sílvia So u z a<br />
— Estou há 13 anos no <strong>Brasil</strong><br />
e já estive em outros lugares<br />
aqui e fora. Posso dizer que esse<br />
litoral e a vizinhança chamam a<br />
atenção. Paraty convoca as pessoas<br />
interessadas em conviver<br />
com a realidade cultural brasileira<br />
— comenta o chef Alfonso Tarallo,<br />
italiano nascido em Salerno<br />
(Campania) e proprietário do<br />
Spaghetto, restaurante especializado<br />
na cozinha mediterrânea<br />
— Acontece que nós somos muito<br />
amarrados em nossa culinária.<br />
Gostamos de experimentar novas<br />
sensações, mas sempre voltamos<br />
às raízes e essa dieta é baseada<br />
em produtos saudáveis, que tem<br />
relação com o mar, assim como<br />
em Paraty.<br />
Quem também provou da mistura<br />
paratiense foi o empresário<br />
Guerrino Fabbri, ou melhor, Bruno.<br />
Nascido em Rimini (Emilia<br />
Romagna), o chef se rebatizou,<br />
ainda que não oficialmente, escolhendo<br />
o nome pelo qual todos<br />
o conhecem hoje, na cidade.<br />
— É o que eu gosto e muito<br />
mais simples — explica.<br />
Casado com a brasileira Leslye,<br />
o casal administra o restaurante<br />
Pinóquio, especializado em<br />
massas, e a sorveteria Miracolo,<br />
que levou a Paraty o sorvete artesanal<br />
como ele é tradicionalmente<br />
feito na bota.<br />
— Combinamos que ele fica<br />
com o sorvete e dá assistência<br />
aos negócios na parte da manhã<br />
e eu venho na parte da tarde e da<br />
noite — explica Leslye.<br />
Os nomes dos empreendimentos<br />
repetem os nomes usados nos<br />
locais em que trabalhavam quando<br />
se conheceram, em Aparecida<br />
do Norte, São Paulo. O casal tem<br />
uma filha de seis anos e está em<br />
Paraty há dez. Nas baixas temporadas,<br />
costumam ir à praia, nas<br />
quartas-feiras.<br />
— Há lugares que ainda não<br />
conhecemos apesar do tempo<br />
que vivemos aqui. Além das belezas<br />
naturais, nos sentimos seguros.<br />
Eu me apaixonei e a cidade<br />
tem todo um circuito que o<br />
aproxima da terra dele. Italianos<br />
e europeus em geral nos visitam<br />
— diz Leslye, sendo completada<br />
pelo marido — Ela se apaixonou<br />
e eu comprei a idéia. Só não<br />
gosto muito dessas pedrinhas<br />
no meio do caminho, mas fazer<br />
o quê Paraty tem seu charme<br />
— brinca.<br />
Rumo certo<br />
Cenário para filmes e de portas<br />
abertas para artistas – como o<br />
fotógrafo italiano Giancarlo Mecarelli,<br />
que organiza a mostra<br />
Paraty em Foco e tem a Galeria<br />
Zoom no centro histórico - Paraty<br />
oferece opções diversificadas<br />
a quem a visita, o que pode<br />
causar uma indecisão na hora de<br />
Para todos os gostos: centro histórico tem vida noturna agitada (acima) e as escunas levam turistas à mais belas<br />
ilhas. Leslye e “Bruno” investem na gastronomia <strong>italiana</strong>. O macarrão de chocolate é exclusividade da casa<br />
escolher que atividades realizar.<br />
Só em ilhas, são cerca de 50.<br />
Além disso, há pontos de pesca<br />
e mergulho.<br />
A cidade, que foi fundada em<br />
1667 em torno à Igreja de Nossa<br />
Senhora dos Remédios, sua padroeira,<br />
é convidativa. De dia, é<br />
possível fazer passeios de saveiro,<br />
trilhas, ecológicas na Serra da<br />
Bocaína ou saborear pingas, em<br />
Pousada Corsário<br />
visitas a engenhos. Também se<br />
pode voltar à infância transitando<br />
de bicicleta ou a cavalo. Para<br />
quem gosta de ecoturismo, há<br />
espaço para praticar arvorismo e<br />
se jogar numa tirolesa. À noite,<br />
além dos restaurantes e bares, o<br />
cardápio inclui shows, poesias e<br />
espetáculos teatrais.<br />
Muitos dos rios de Paraty desembocam<br />
no oceano. O Perequê-<br />
Açu, símbolo da cidade, é um deles,<br />
que chega ao centro em curso<br />
paralelo à avenida principal.<br />
No mesmo ponto, é margeado por<br />
pousadas dispostas a oferecer as<br />
facilidades do mundo moderno<br />
sem descuidar da ambientação<br />
natural. A Pousada Corsário, por<br />
exemplo, reproduz com pedras as<br />
vias internas que separam os setores<br />
e mais de 40 quartos. Com<br />
restaurante-bar e salão de jogos<br />
próximos à piscina, é um bom local<br />
para se observar a passagem<br />
de um barco pesqueiro subindo<br />
ou descendo o rio, ou ainda pessoas<br />
bem dispostas se exercitando<br />
na margem oposta.<br />
Ao lado da recepção, uma<br />
sala de estar com juke box e televisão<br />
faz divisa com a sala de<br />
computador. Também fica à disposição<br />
uma sauna. A pousada<br />
tem escuna própria, a Sir Francis<br />
Drake, com roteiros diferentes<br />
para cada dia da semana.<br />
Serviço<br />
Pousada Corsário - Rua João do<br />
Prado, 26 Tel. (24) 3371-1866<br />
Pa r at y To u r s – Av e n i da Roberto<br />
Silveira, 11<br />
Tel. (24) 3371-1327 / 2651 / 6112<br />
Ristorante Spaghetto – Rua da Matriz,<br />
27 Tel. (24) 3371-2947<br />
Restaurante Pinóquio – Rua da Lapa,<br />
11/12 Tel. (24) 3371-1009<br />
Sorveteria e La n c h o n e t e Miracolo<br />
– Praça da Mat r i z, 8 Tel.<br />
(24) 3371-1045<br />
En g e n h o D’Ou r o – Es t r a da Par<br />
at y Cu n h a Km 8 Tel.<br />
(24) 9905-8268<br />
Fa z e n da Mu r y c a n a –<br />
Tel. (24) 3371- 1153 / 3930<br />
Fotos: Roberth Trindade<br />
40 C o m u n i t à I t a l i a n a / No v e m b r o 2008<br />
N o v e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 41
filosofia<br />
Falta<br />
paixão<br />
Filósofo italiano ligado à Igreja Católica faz palestra<br />
no <strong>Brasil</strong> e prega a condenação dos padres pedófilos<br />
Tat i a n a Bu f f<br />
Correspondente • São Paulo<br />
A<br />
crise econômica mundial,<br />
no final das contas,<br />
pode se mostrar<br />
uma boa notícia para<br />
todo o mundo. É nisso que<br />
acredita o filósofo italiano<br />
Massimo Borghesi. Professor<br />
da Universidade de Perugia e<br />
das Pontifícias Universidades<br />
São Boaventura e Urbaniana –<br />
ambas em Roma – ele esteve<br />
pela primeira vez no <strong>Brasil</strong>, no<br />
mês passado, para uma série<br />
de conferências promovidas pela<br />
Pontifícia Universidade Católica<br />
de São Paulo.<br />
A convite do Núcleo de Fé<br />
e Cultura da instituição, as palestras<br />
abordaram temas como<br />
secularização, cultura moderna<br />
e política, a “crise da fé” e a<br />
pedofilia dentro da igreja. Também<br />
no Rio de Janeiro e em Petrópolis,<br />
Borghesi falou a pesquisadores<br />
e estudantes da área.<br />
Contundente, o filósofo declarou em<br />
entrevista à Comunità que a realidade<br />
globalizada transmutou vocações<br />
e valores em meras “funções burocráticas”,<br />
o que se tornou um péssimo<br />
exemplo para os jovens:<br />
— O problema hoje é que não há<br />
mais modelos, nem professores nem<br />
mestres. Essa é a verdadeira globalização<br />
— acredita o filósofo.<br />
Para o filósofo, a partir de<br />
1989, com o fim do muro de Berlim,<br />
passou-se “a uma espécie<br />
de euforia”, que levou a uma<br />
globalização sem regras, permeada<br />
apenas por projetos<br />
de enriquecimento indiscriminado.<br />
Faltou, segundo<br />
ele, “um critério mínimo<br />
Fotos: Claudio Cammarota<br />
de orientação e seleção dos rumos<br />
da economia”. A humanidade,<br />
é claro, paga por isso “com<br />
graves riscos”.<br />
— A crise assinala indubitavelmente<br />
uma passagem que pode<br />
ser vista como um retorno ao<br />
primado da política. Nesses anos<br />
houve o primado da economia,<br />
do mercado, absolutizado como<br />
um modelo quase perfeito, como<br />
se da globalização derivasse<br />
bem-estar para todos. Temos<br />
que nos render que não é assim.<br />
O mercado deve ser regulado. Da<br />
mesma forma, a economia deve<br />
ser real, não puramente financeira.<br />
Este retorno ao primado da<br />
política, por si só, é uma boa notícia<br />
— acredita.<br />
Isso, porém, não significa<br />
que Borghesi pregue como solução<br />
a existência de um Estado<br />
interventor “porque o Estado<br />
não deve engolir tudo”. Sua função<br />
é clara, na opinião do professor:<br />
estabelecer regras para a<br />
economia de modo que os interesses<br />
correspondam a uma utilidade<br />
geral.<br />
— Não devemos ter mais<br />
uma economia simplesmente dirigida<br />
para a vantagem de poucos<br />
indivíduos que perseguem o<br />
próprio interesse egoístico, desinteressando-se<br />
totalmente do<br />
bem-estar geral. Isto não é mais<br />
tolerável. Infelizmente percebemos<br />
isso, como usualmente, com<br />
atraso. Tanto é que, nos Estados<br />
Unidos, com essa manobra de bilhões<br />
de dólares, os contribuintes,<br />
que nada têm a ver com a<br />
especulação, devem pagar a dívida<br />
por culpa de alguns indivíduos<br />
— observa.<br />
E se o futuro sempre foi atribuído<br />
a uma ação protagonizada<br />
por jovens, estamos mal. Na<br />
opinião de Borghesi, “falta paixão”<br />
a eles, atualmente. Para o<br />
filósofo, essa falta de ânimo está<br />
relacionada com a tal globalização<br />
“que transmutou vocações e<br />
valores em meras funções burocráticas,<br />
insuficientes para preencher<br />
as expectativas emocionais<br />
e espirituais de crianças e<br />
adolescentes por bons exemplos<br />
em quem se espelhar”.<br />
Culpa da igreja<br />
Autor de mais de uma dezena de<br />
livros como A figura de Cristo em<br />
Hegel, Secularização e Niilismo e<br />
Pós-modernidade e Cristianismo,<br />
todos inéditos no <strong>Brasil</strong>, Borghesi<br />
culpa a igreja por essa falta<br />
de motivação dos jovens. Afinal,<br />
a instituição também não está<br />
dando bons exemplos. Vide os<br />
casos de pedofilia para os quais<br />
prega o encaminhamento à Justiça<br />
comum para que os envolvidos<br />
sejam presos.<br />
Padres, sacerdotes e quaisquer<br />
membros da igreja responsáveis<br />
por casos de pedofilia cometidos<br />
dentro da igreja católica<br />
devem ser expulsos, denunciados,<br />
presos e julgados pela Justiça, na<br />
opinião do filósofo, muito ligado<br />
à igreja católica. Lembrando<br />
as advertências feitas pelo Papa<br />
Bento XVI acerca dos crimes, enfatizou<br />
que pedofilia é intolerável<br />
e um pecado gravíssimo.<br />
— Recordo o que diz o próprio<br />
Evangelho: ‘quem terá escandalizado<br />
um só destes pequenos<br />
é melhor para ele que pendure<br />
uma mão ao pescoço e se jogue<br />
ao mar’. Jesus convida ao suicídio<br />
estes criminosos; não é só um<br />
pecado gravíssimo e imperdoável,<br />
mas é também um crime contra o<br />
Estado, a sociedade civil e, como<br />
tal, deve ser punido — afirma.<br />
Para Borghesi, não pode haver<br />
mais “omertà” - omissão ou<br />
silêncio coletivo - para com os<br />
pedófilos, em qualquer parte do<br />
mundo. Afinal, eles são a antítese<br />
das referências morais esperadas<br />
da igreja.<br />
— É inadmissível calar-se em<br />
relação aos culpados por esses<br />
crimes. Os bispos não podem esconder<br />
sacerdotes ou religiosos;<br />
eles devem ser denunciados à<br />
autoridade civil e imediatamente<br />
abandonar o hábito sacerdotal.<br />
Estão fora da igreja, assim como<br />
estão fora da sociedade.<br />
Sem bons exemplos<br />
Segundo o pensador, cabe à igreja<br />
restituir aos jovens a fé na<br />
política e nos valores humanos,<br />
“esvaziados por incontáveis histórias<br />
de personalidades corruptas<br />
em todas as áreas”. Paralelamente,<br />
a política “deveria dar o<br />
testemunho de paixão autêntica<br />
por parte de quem governa e representa<br />
a liderança dos países”.<br />
Afinal, se os jovens só vêem corruptos,<br />
“sem a mínima paixão<br />
pela realidade popular e pelos<br />
problemas da gente”, não haverá<br />
ídolos em quem se espelhar.<br />
— O problema hoje é que<br />
não há professores nem mestres.<br />
Essa é a verdadeira globalização.<br />
Assim como se exportam coisas<br />
boas, se exportam ruins. O vazio<br />
juvenil atinge a Europa, os Estados<br />
Unidos, a América Latina e<br />
o sul da Ásia em grande medida,<br />
Coréia e Japão. Na China estão<br />
enfrentando agora os problemas<br />
de um desenvolvimento econômico<br />
acelerado. O verdadeiro nó<br />
é a falta de experiências a serem<br />
propostas como referência.<br />
Na sua avaliação, a desvalorização<br />
da religiosidade, da reverência<br />
por algo superior ao homem,<br />
suas atividades e bens produzidos,<br />
entendida como “secularização”,<br />
significou uma “progressiva<br />
burocratização” que destruiu as<br />
chamadas vocações individuais.<br />
— As principais figuras sociais,<br />
que até 30 anos atrás eram<br />
também morais, como vocações,<br />
se tornaram funções. O médico, o<br />
político, o professor e, às vezes,<br />
até o padre tornaram-se funções<br />
burocráticas. Não são mais vocações<br />
pessoais, correspondem<br />
simplesmente ao exercício de<br />
uma função motivada por um interesse<br />
freqüente de caráter econômico<br />
— exemplifica.<br />
Este fenômeno tem conseqüências<br />
em nível moral, uma vez<br />
que os jovens se identificam com<br />
valores através dos modelos sociais,<br />
alerta o filósofo. Isso porque,<br />
como observa Borghesi, os<br />
valores são abstratos e estão<br />
sempre incorporados às figuras<br />
sociais. Se essas figuras se tornam<br />
anônimas, “se não têm mais<br />
relevância ética, se não indicam<br />
um bem, uma capacidade de dedicação”,<br />
isso se reverte nos jovens<br />
“em um sentido cético da<br />
vida”. Para o filósofo, uma das<br />
piores conseqüências disso é o<br />
recolhimento individual, egoísta,<br />
“no qual o único objetivo é fazer<br />
a própria carreira, sem escrúpulos,<br />
para atingir o mais rápido<br />
possível a satisfação dos próprios<br />
desejos”.<br />
Ele cita como exemplo desse<br />
quadro “o ceticismo político<br />
constatado nas últimas eleições<br />
na Itália”, com grande número<br />
de abstenções. Ele está certo<br />
que esse quadro traduz “um<br />
longo processo de desencanto<br />
geral”. Na sua avaliação, após<br />
o comunismo, especialmente<br />
na península, os partidos políticos,<br />
que eram populares, recebiam<br />
o consenso e constituíam<br />
o ponto de base do Estado e<br />
do governo.<br />
— Depois disso, quem governou<br />
não se preocupou com o<br />
consenso, mas sim em estabelecer<br />
um sistema de poder que o<br />
garantia no exercício das próprias<br />
funções — afirma. — Portanto,<br />
recuperar a paixão política<br />
é um problema. A transbordante<br />
secularização destes anos esvaziou<br />
aquela carga de ideal, a paixão<br />
de solidariedade e o desejo<br />
de bem comum que maturavam<br />
em uma consciência religiosa. Isto<br />
tem conseqüências no terreno<br />
político: uma sociedade feita de<br />
indivíduos e não de comunidades<br />
é composta por sujeitos isolados,<br />
que não têm mais nenhum interesse<br />
comum.<br />
42 C o m u n i t à I t a l i a n a / No v e m b r o 2008<br />
N o v e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 43
Milão<br />
notizie<br />
Guilherme Aquino<br />
Malpensa no chão<br />
Acrise da Alitalia deixa o aeroporto de<br />
Malpensa às moscas. O cancelamento de<br />
179 vôos da companhia de bandeira <strong>italiana</strong><br />
faz do local um mausoléu. O movimento<br />
de passageiros caiu drasticamente e ninguém<br />
sabe o que irá acontecer em um futuro próximo.<br />
De lá os aviões seguiam, principalmente,<br />
para Amsterdã (Holanda), Praga (República<br />
Tcheca) e Munique (Alemanha). Eram rotas<br />
que foram canceladas ou desviadas do aeroporto<br />
de Fiumicino, em Roma. Além disso,<br />
a União Européia considerou ilegal a iniciativa<br />
do estado italiano de conceder um empréstimo-ponte<br />
de 300 milhões de euros à<br />
companhia com o fim de evitar o seu crac<br />
definitivo. Pesam sobre as asas da Alitalia a<br />
irresponsabilidade de quem não soube administrar<br />
um dos bens mais preciosos da aeronáutica<br />
<strong>italiana</strong>.<br />
Carros, fora<br />
O<br />
bairro de Brera, no centro de Milão<br />
é um dos mais agradáveis da cidade.<br />
Ele tem um horto botânico, dezenas<br />
de galerias de arte, bares e restaurantes<br />
tradicionais. Por isso mesmo, é um<br />
engarrafamento único de pessoas e de<br />
carros durante todo o dia. O bairro boêmio<br />
e artístico agora vai poder respirar.<br />
As vias Ciovasso, Ciovassino, Fiori Oscuri<br />
serão fechadas ao trânsito. Um acordo<br />
entre a prefeitura, a Pinacoteca, a Accademia<br />
e os comerciantes, deu sinal verde<br />
para transformar toda esta área em exclusividade<br />
dos pedestres e ciclistas.<br />
Alarme bonde<br />
Dois graves acidentes em menos<br />
de uma semana com os bondes da<br />
ATM, órgão que administra o sistema<br />
de transporte público de Milão, jogaram<br />
um foco de luz em um sistema para muitos<br />
já obsoleto, para outros, apenas mal conservado.<br />
O fato é que os usuários começam<br />
a não confiar mais neste tradicional meio<br />
Ultimato<br />
O<br />
Bie (Buerao Internationals des Expositions),<br />
órgão internacional responsável<br />
pela Expo, deu um ultimato ao comune de<br />
Milão. Até o dia 2 de dezembro a verba para<br />
o começo dos trabalhos deve já ter sido<br />
liberada e encaminhada. Da teoria à pratica,<br />
o atraso contabiliza quase um ano. Todos<br />
os projetos estão no papel e nada ainda foi<br />
construído. Para a realização do plano original,<br />
tudo já deveria ter sido iniciado seis<br />
meses atrás, pelo menos. A guerra de poder<br />
entre as entidades públicas e a burocracia<br />
<strong>italiana</strong> coloca em risco a Expo 2015,<br />
uma oportunidade para revitalizar a cidade<br />
de Milão e dar um destaque ainda maior à<br />
Itália no mundo.<br />
de transporte que já faz parte do cartão<br />
postal de Milão. Os bondes amarelos e os<br />
futurísticos verdes circulam por toda a cidade,<br />
mas entre 2004 e 2007, o número de<br />
acidentes passou de 48 para 106, mais do<br />
que dobraram. O comune está investigando<br />
o que provocou este aumento e exige maior<br />
rigor na segurança.<br />
Contaminado<br />
A<br />
proximidade do inverno levanta as barricadas<br />
da saúde publica de Milão. A estação<br />
do frio, sem os ventos e as mudanças<br />
climáticas do outono contribui para o aumento<br />
da poluição do ar da cidade. Durante o inverno,<br />
principalmente, o nível de monóxido de<br />
carbono em suspensão envenena o ar da cidade<br />
e provoca sérios problemas respiratórios aos<br />
habitantes. O problema não ocorre apenas em<br />
Milão. É um mal que contagia as principais cidades<br />
grandes da Itália. Entre 2001 e 2004, segundo<br />
pesquisa da associação de consumidores<br />
Altroconsumo, foram registrados 8 mil mortes<br />
que tiveram como causa principal a longa exposição<br />
ao ar contaminado das cidades. Milão e<br />
Roma encabeçam a triste estatística.<br />
Fotos: Divulgação<br />
Tournée rimandata<br />
Era tutto pronto per la tournée sudamericana<br />
del cantautore italiano Lucio<br />
Dalla, che avrebbe dovuto presentarsi<br />
in <strong>Brasil</strong>e a São Paulo, Rio de Janeiro, Porto<br />
Alegre e Curitiba il mese scorso, ma il tour è<br />
stato cancellato. Secondo gli assessori del<br />
cantante, Dalla avrebbe preso un’influenza<br />
che gli ha impedito di viaggiare. I concerti<br />
sono stati rimandati al maggio dell’anno<br />
prossimo. Le canzoni di Lucio Dalla hanno<br />
sempre avuto molto successo nel mondo e<br />
sono state anche cantate da Pavarotti. In<br />
<strong>Brasil</strong>e, Chico Buarque, Maria Bethânia, Os Incríveis, Engenheiros do<br />
Havaí, la coppia Zezé de Camargo e Luciano, Toquinho e Martinho da<br />
Vila sono tra i cantanti che hanno già interpretato le sue canzoni.<br />
Devozione<br />
Una delle maggiori feste cattoliche brasiliane, il Círio de Nazaré<br />
ha riunito due milioni di fedeli, il mese scorso, a Belém (PA).<br />
L’evento, considerato la maggior manifestazione religiosa dell’America<br />
Latina, ha luogo fin dal 1793. Il Círio è una processione in omaggio<br />
alla Nossa Senhora de Nazaré, patrona dei paraenses. Sono stati<br />
i padri gesuiti, nel XVII secolo, ad introdurre la devozione alla Senhora<br />
da Nazaré, nel Pará. La tradizione più conosciuta per ciò che<br />
riguarda l’origine della festa dice che, nel 1700, Plácido, un caboclo<br />
discendente di portoghesi, se ne andava vicino ad una zona che oggi<br />
corrisponde al retro della Basilica, quando ha trovato una piccola<br />
statua della Nossa Senhora de Nazaré. Questa immagine, replica di<br />
un’altra che si trova in Portogallo, intagliata in legno e di circa 28<br />
cm di altezza, si trovava tra pietre piene di fango ed era molto rovinata.<br />
Plácido l’ha pulita e ha costruito un altare a casa sua. Ma la<br />
statua, misteriosamente, sarebbe ritornata dove era stata trovata.<br />
Da quel momento vari miracoli sono stati attribuiti alla santa.<br />
Barista<br />
L’<br />
Associação <strong>Brasil</strong>eira de Baristas (ACBB) è sotto nuovo comando.<br />
L’ente responsabile dei Campeonatos <strong>Brasil</strong>eiros de<br />
Baristas, dei Concursos de Latte Art, Coffee in Good Spirits e<br />
del Cup Tasting Competition, è ora presieduta da Edgard Bressani<br />
(Ipanema Coffees). Alla direzione ci sono: Sílvia Magalhães (Octávio<br />
Cafés), Gelma Franco (Il Barista Cafés Especiais), Cléia Junqueira<br />
(Capheteria) e Pedro Lisboa (Café Cristina).<br />
Sponsor<br />
La Petrobras ha lanciato, in ottobre, il suo bando di gara per<br />
sponsor culturali. L’industria petrolifera brasiliana ha destinato<br />
42,3 milioni di reais al settore. L’azienda inoltre destinerà<br />
sussidi supplementari di 40 milioni di reais, che saranno assegnati<br />
ad un pacchettto di progetti che il ministério da Cultura selezionerà.<br />
Lo sponsor della Petrobras considera progetti nelle aree<br />
di produzione e diffusione di audiovisivi, arti sceniche, musica,<br />
letteratura e cultura digitale.<br />
Premio<br />
L’<br />
architetto della provincia di São Paulo Decio Tozzi è il primo<br />
brasiliano ad essere premiato dalla Fondazione Frate<br />
Sole, organizzatrice del Premio Internazionale di Architettura Sacra,<br />
il più famoso della<br />
categoria. Ha vinto<br />
grazie al suo progetto<br />
“Capela da Fazenda<br />
Veneza”, inaugurata<br />
nel 2003, a Valinhos,<br />
costruita sulle rive di<br />
un bacino artificiale,<br />
nell’hinterland paulista. La cerimonia di premiazione è avvenuta<br />
in ottobre a Pavia, in Italia. Con una giuria formata da uno scelto<br />
gruppo di architetti mondiali, come Francesco Dal Co, una delle<br />
maggiori autorità della critica di architettura internazionale,<br />
il premio è alla sua 4ª edizione. È destinato ai professionisti di<br />
tutto il mondo che abbiano realizzato qualche opera religiosa negli<br />
ultimi dieci anni. La premiazione ha luogo ogni quattro anni e<br />
conta sulla sponsorizzazione del Vaticano.<br />
Rio Olimpico<br />
Per riuscire a sediare le Olimpiadi del 2016, Rio de Janeiro<br />
dovrà trasformarsi in un grande cantiere di lavori pubblici,<br />
la maggior parte dei quali riguardanti il settore dei trasporti.<br />
Uno studio coordinato dalla Secretaria Municipal de Urbanismo<br />
ha proposto investimenti di, perlomeno, 1,5 miliardi di reais.<br />
Questa sarebbe la somma necessaria per l’espansione dei servizi<br />
ferroviari e di metropolitana, oltre all’ampliamento della rete<br />
stradale. Lo studio di 400 pagine è stato consegnato al Comitê<br />
Olímpico <strong>Brasil</strong>eiro (COB). Il dossier della candidatura di<br />
Rio sarà consegnato, nel febbraio 2009, al Comitato Olimpico<br />
Internazionale (COI).<br />
44<br />
C o m u n i t à I t a l i a n a / No v e m b r o 2008
literatura<br />
Refém do<br />
sucesso<br />
De escritor desconhecido a autor de best-seller, o italiano Roberto<br />
Saviano é o atual inimigo número 1 da máfia do seu país por<br />
conta do livro Gomorra. A obra já virou peça de teatro e filme<br />
candidato ao Oscar e rendeu a seu autor uma sentença de morte<br />
O<br />
jornalista e escritor Roberto<br />
Saviano, de 29<br />
anos, há dois vive sob<br />
proteção e escolta policial.<br />
Seu crime Ser o autor de<br />
Gomorra, romance-denúncia que<br />
vendeu 1,2 milhão de exemplares<br />
na Itália e foi traduzido em<br />
42 línguas – chega ao <strong>Brasil</strong> pela<br />
editora Bertrand no próximo<br />
mês. A obra é responsável pela<br />
“publicidade não desejada” do<br />
tráfico de drogas e das atividades<br />
de corrupção e máfia do clã dos<br />
Casalesi, que aterroriza a cidade<br />
de Casal de Príncipe, em Caserta,<br />
região da Campania. Com apenas<br />
20 mil habitantes, a cidade possui<br />
1200 condenados pelo artigo<br />
Ja n a í n a Cesar<br />
Correspondente • Treviso<br />
416 bis, associação à máfia, um<br />
dos mais altos índices do país.<br />
Até então desconhecido pela<br />
mídia e, dizem, pela polícia, o<br />
clã dos Casalesi, braço forte e rico<br />
da famosa Camorra, é considerado<br />
um dos mais potentes e perigosos<br />
em atuação. Suas atividades<br />
econômicas ultrapassaram<br />
as fronteiras da região da Campania<br />
e do país - são envolvidos em<br />
esquemas de chantagem, contrabando,<br />
tráfico de drogas e armas<br />
em países comunitários e não<br />
comunitários. Os Casalesi também<br />
estão envolvidos no escândalo<br />
do lixo que soterrou a região<br />
em um mar de mau cheiro e<br />
criou paredões de lixo pelas cidades.<br />
Graças ao livro e à coragem<br />
de Saviano, o clã começou a ser<br />
desmontado e cerca de 40 pessoas<br />
já foram presas. Entre elas estão<br />
políticos e advogados.<br />
Em 2006, quando foi publicado,<br />
Gomorra vendeu modestos 5<br />
mil exemplares. Aos poucos, porém,<br />
a propaganda “boca a boca”<br />
fez com que o livro daquele<br />
escritor desconhecido passasse<br />
a ser procurado em todo o país.<br />
Com uma narrativa fria, faz uma<br />
descrição realística da situação<br />
de sua cidade e, principalmente,<br />
dá “nome aos bois”. Para fazê-lo,<br />
Saviano trabalhou em uma<br />
empresa têxtil e outra de construção,<br />
ambas controladas pela<br />
máfia. Essa organização criminosa<br />
tipicamente <strong>italiana</strong> teria um<br />
faturamento anual de 90 bilhões<br />
de euros, valor que representa<br />
7% do PIB do país.<br />
Em setembro de 2006, Saviano<br />
apresenta o livro durante a inauguração<br />
do ano escolar. Em plena<br />
terra dos chefões, lança um duro<br />
ataque contra o sistema camorrista.<br />
Em um discurso feito na praça<br />
principal de Casal de Príncipe<br />
diz: “Schiavone, Iovine e Zagaria<br />
não valem nada. Meninos, essas<br />
pessoas não são daqui, violentam<br />
nossa terra, mandem embora essa<br />
gente”. Logo após a declaração,<br />
o autor sofre sua primeira ameaça<br />
de morte e entra para o programa<br />
de proteção da polícia.<br />
— Lembro do telefonema alarmante<br />
que recebi de um policial.<br />
Ele dizia que um colaborador tinha<br />
denunciado o perigo. Naquela<br />
época, não podia contar com a<br />
ajuda de quase ninguém. As pessoas<br />
eram quase todas contrárias<br />
às minhas declarações, ao meu livro.<br />
Lembro que saí de casa cercado<br />
por policiais e ouvi alguém<br />
dizendo: ‘Finalmente, foi preso’<br />
— contou Saviano em recente<br />
entrevista concedida ao programa<br />
Matrix exibido pelo Canal 5.<br />
Segundo ele, o que realmente<br />
incomodou os Casalesi foi a visibilidade<br />
que o livro deu à cidade<br />
e às atividades em que o clã estava<br />
envolvido. Agora, todos sabem<br />
quem são os Casalesi.<br />
— A literatura permitiu que<br />
essa história fosse de todos, não<br />
só dos cidadãos de Casal de Príncipe.<br />
Os negócios da máfia não são<br />
apenas naquela cidade perdida do<br />
sul da Itália. O clã ficou tão conhecido<br />
que a este ponto não existe<br />
mais o policial para corromper ou<br />
o jornal para escrever a seu favor<br />
— disse o escritor em Matrix.<br />
Em 2007, Gomorra já é um<br />
sucesso editorial internacional<br />
a ponto do influente jornal<br />
norte-americano New York Times<br />
o incluir na lista dos cem livros<br />
mais interessantes do mundo. Em<br />
2008, a obra de Saviano alcança<br />
as telas do cinema. O homônimo<br />
filme, dirigido pelo italiano<br />
Matteo Garrone, é apresentado<br />
oficialmente durante o Festival<br />
de Cannes, vence o Prêmio do Júri<br />
e é escolhido como o único filme<br />
italiano para concorrer ao Oscar<br />
cujo vencedor será conhecido<br />
no dia 25 de fevereiro de 2009.<br />
Com o sucesso do livro, do filme<br />
e do teatro (a obra também virou<br />
peça teatral no ano passado), Saviano<br />
mais do que nunca ficou na<br />
mira dos chefões dos Casalesi.<br />
A última ameaça chegou no<br />
dia 13 de outubro quando Carmine<br />
Schiavone, um “arrependido”,<br />
primo e homônimo de um dos<br />
chefões mafiosos, disse que o clã<br />
tinha dado uma data precisa para<br />
o assassinato do escritor e dos<br />
policiais que o escoltam: o próximo<br />
dia 24 de dezembro.<br />
— O que posso fazer Não<br />
tenho outra estrada para seguir,<br />
devo somente resistir, resistir e<br />
resistir — declarou Saviano após<br />
a divulgação da data que deveria<br />
ser a da sua morte. Ele admite<br />
que pensa em deixar a Itália,<br />
“por um tempo”:<br />
— Deixo a Itália porque quero<br />
viver. Quero uma casa, quero<br />
me apaixonar e tomar uma cerveja<br />
em público. Quero poder<br />
andar na rua. Tomar sol, pegar<br />
chuva. Visitar minha mãe sem<br />
assustá-la e não sentir medo. Às<br />
vezes me surpreendo pensando<br />
nestas palavras: quero a minha<br />
vida de volta. As repito sempre,<br />
uma por uma.<br />
O desejo de deixar a Itália<br />
causou polêmica, no país. Um dos<br />
primeiros a se manifestar, o ministro<br />
do Interior Roberto Maroni,<br />
declarou ser contrário à idéia por<br />
acreditar que a fuga “não garante<br />
que se evitará a vingança da máfia,<br />
que não tem confim”. Na verdade,<br />
uma nova onda começa a tomar<br />
forma por lá: uma mobilização<br />
para que Saviano não vá embora.<br />
Seis prêmios Nobel - Dario Fo, Mikhail<br />
Gorbaciov, Gunther Grass, Rita<br />
Levi Montalcini, Orhan Pamuk e<br />
Desmond Tutu - assinaram uma<br />
carta pedindo ao governo italiano<br />
que cuide da liberdade e da segurança<br />
de Roberto Saviano. O apelo<br />
publicado pelos jornais La Repubblica<br />
e El País (Espanha), conta<br />
com a assinatura de mais de 100<br />
mil pessoas.<br />
Na telona<br />
Gomorra, o filme, já foi exibido no<br />
<strong>Brasil</strong>, durante o Festival do Rio,<br />
No alto, cena do filme Gomorra. A adaptação da obra de Roberto Saviano (direita) para o cinema foi<br />
feita pelo roteirista Gianni di Gregorio (centro). À esquerda, a capa do polêmico livro<br />
realizado em setembro. Em circuito<br />
comercial, deve chegar até<br />
o início do próximo ano. Seu roteirista,<br />
Gianni di Gregorio, participou<br />
do evento cinematográfico<br />
carioca que também exibiu o filme<br />
dirigido por ele, Il pranzo di<br />
Ferragosto. Detalhe: o diretor de<br />
Gomorra, Matteo Garrone, também<br />
é o produtor de Il pranzo....<br />
— Para mim, Gomorra é um<br />
filme muito importante. É um<br />
filme forte, mas percebo que as<br />
pessoas gostam muito dele —<br />
diz di Gregorio em entrevista<br />
à Comunità — Tive a sorte de<br />
trabalhar com Matteo Garrone.<br />
Seu cinema é um olhar sobre o<br />
mundo. Ele trabalha um pouco o<br />
neo-realismo. Ele faz uma grande<br />
pesquisa sobre o território e<br />
também sobre as pessoas do lugar<br />
que podem ser ou não atores,<br />
pessoas bem normais.<br />
A história de Gomorra é permeada<br />
pelo poder, pelo dinheiro<br />
e pelo sangue e tem como cenário<br />
as províncias de Nápoles e Caserta.<br />
Só na Itália, o filme já rendeu<br />
880 mil euros, o equivalente<br />
a 9 milhões de reais, até agosto.<br />
Na opinião do roteirista, Gomorra<br />
e o longa brasileiro Cidade<br />
de Deus, dirigido por Fernando<br />
Meirelles, têm muito em comum:<br />
— Em Gomorra não há um<br />
estudo da organização criminal.<br />
Nós vemos os efeitos da organização<br />
sobre as pessoas, sobre a<br />
vida cotidiana. É isso que chama<br />
a atenção, que faz a diferença<br />
no filme. É um longa muito<br />
apreciado na Itália, sobretudo<br />
pelos jovens, assim como Cidade<br />
de Deus.<br />
Para di Gregorio, o atual cinema<br />
italiano vive um momento<br />
de renascimento. O motivo Ele<br />
não sabe explicar. Acha que faz<br />
parte de um movimento natural:<br />
“depois de alguns momentos de<br />
pausa, um renascimento”.<br />
Sobre o longa que assina como<br />
diretor, conta que o projeto surgiu<br />
na sua cabeça quando lhe pediram<br />
para cuidar da mãe de uma amiga:<br />
— Sou filho único. Vivi com<br />
a minha mãe de quando ela tinha<br />
80 anos até os 90, quando<br />
morreu. Conheci o mundo dos<br />
idosos. Vi a força deles, mas<br />
também vi o medo da solidão.<br />
Quando ainda vivia com ela,<br />
uma pessoa me pediu que cuidasse<br />
da mãe em um Ferragosto.<br />
Eu receberia por isso, mas não<br />
aceitei. Comecei a pensar no<br />
que aconteceria, se eu tivesse<br />
aceitado, então, escrevi o filme.<br />
No Rio, di Gregorio teve seu<br />
“momento tiete” quando esbarrou<br />
com o cineasta brasileiro<br />
Bruno Barreto. Ele é seu “mito”<br />
por conta do filme Dona Flor e<br />
seus dois maridos - “um dos mais<br />
bonitos que já vi”.<br />
Colaborou Nayra Garofle<br />
46 C o m u n i t à I t a l i a n a / No v e m b r o 2008<br />
N o v e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 47
cinema<br />
Para<br />
italiano<br />
ver<br />
Filmagem reúne no Rio de Janeiro filho<br />
de Vitorio De Sica e neto de Luigi De<br />
Laurentiis, ícones do cinema da Itália<br />
Sílvia So u z a<br />
O<br />
fim de ano está aí e você<br />
escolhe um lugar para A tarefa: sobreviver às situações Veneza. O filme tem como astro<br />
daí, seus dias serão só aventura. nome de prêmio no Festival de<br />
passar uns dias que é o mais inusitadas e impensadas para<br />
o período natalino e tentar se do diretor Vitorio De Sica, respon-<br />
principal Christian De Sica, filho<br />
sonho para muitos turistas<br />
– a cidade do Rio de Janeiro.<br />
Planeja toda a sua viagem para<br />
evitar infortúnios e quando chega<br />
o grande dia, eis que alguma<br />
coisa dá errado. Seu filho adolescente<br />
fica com seu pacote turístico<br />
e você com o dele. A partir<br />
divertir com essa experiência.<br />
O final da história só indo a<br />
um cinema italiano para conferir.<br />
A situação descrita é uma das<br />
tramas desenvolvidas em Natale a<br />
Rio de Janeiro, produção comandada<br />
por Luigi De Laurentiis, neto<br />
do lendário produtor que virou<br />
sável por clássicos italianos como<br />
Umberto D., Matrimônio à Italiana,<br />
Boccaccio 70, e famoso pelas<br />
parcerias com Marcello Mastroianni<br />
e Sophia Loren. Com previsão<br />
de estréia em 19 de dezembro, é<br />
o mais aguardado do ano na Itália<br />
sendo exibido em cerca de 500<br />
salas. Desde 1973 tem como mote<br />
o Natal de italianos em diferentes<br />
cidades do mundo. Há 13 anos,<br />
Neri Parenti assina o roteiro e a<br />
direção do filme, também exibido<br />
na TV <strong>italiana</strong> pela Rai.<br />
— O povo brasileiro tem uma<br />
cultura muito similar à <strong>italiana</strong> e<br />
nos sentimos em casa. O Rio me<br />
lembra Nápoles. Todos querem<br />
aproveitar o sol, o mar. As pessoas<br />
são humildes, têm uma receptividade<br />
enorme e se orgulham<br />
do que fazem e de onde moram.<br />
Tentamos passar tudo isso no filme.<br />
Este país tem um grande potencial<br />
a ser visto em termos cinematográficos,<br />
mas sei que por<br />
aqui assistir novela é como uma<br />
religião, então, o cinema pode levar<br />
um certo tempo para acontecer<br />
– assinala De Laurentiis que<br />
conta ter assistido, recentemente,<br />
o longa brasileiro Tropa de Elite,<br />
que achou “muito interessante”.<br />
Ele também elogiou o trabalho do<br />
diretor Fernando Meirelles.<br />
No Rio, com o apoio da Conspiração<br />
Filmes, a equipe filmou<br />
durante sete semanas. Passou<br />
pelos bairros de Copacabana, Alto<br />
da Boa Vista, Joatinga e Lapa.<br />
Subiu o Pão de Açúcar e a favela<br />
que virou moda, a Tavares Bastos,<br />
no Catete, usada como cenário<br />
para o filme Hulk. A equipe<br />
também esteve em Angra dos<br />
Reis, na costa verde fluminense.<br />
Comunità acompanhou com<br />
exclusividade um dia de trabalho,<br />
todo feito em uma mansão na Joatinga.<br />
Na seqüência, os pais que<br />
têm as viagens trocadas com os filhos<br />
estão hospedados na casa de<br />
uma brasileira. O cenário era uma<br />
residência com dois andares, piscina,<br />
quadra de tênis, sala de ginástica<br />
e um jardim onde coqueiros<br />
dão um tom tropical ao ambiente.<br />
O lugar já havia servido como locação<br />
para a novela Laços de Família,<br />
da Rede Globo. Guirlandas<br />
e uma árvore de Natal decoram o<br />
cenário colorido. Na história, os<br />
hóspedes matam, sem querer, o<br />
estimado gato da anfitriã. Isso é o<br />
estopim para muitas confusões.<br />
Era o segundo dia da equipe<br />
de filmagem composta por cerca<br />
de 70 pessoas naquele local. Ainda<br />
era possível observar as caixas<br />
de velas e imagens de santos e<br />
entidades do candomblé utilizados<br />
na gravação do dia anterior,<br />
quando houve a simulação de um<br />
ritual religioso.<br />
Com a fama... da família<br />
No início da carreia, Christian De<br />
Sica, de 57 anos, explorou seus<br />
dotes musicais como cantor. Antes<br />
de fazer o filme no Rio, ele já<br />
tinha visitado a cidade, na década<br />
de 70, quando foi hóspede do<br />
cantor e humorista Juca Chaves.<br />
Ele não nega a influência do pai<br />
na sua vida artística:<br />
— Sinto-me honrado por todo<br />
o reconhecimento que ele teve e<br />
posso dizer que aprendi muito por<br />
que o via trabalhar sempre. Foi<br />
inevitável seguir esse caminho,<br />
mas eu tentei não seguir. Lembrome<br />
de suas características. Aprendi<br />
com suas idéias. De negativo,<br />
só posso dizer que é a cobrança<br />
da crítica, das comparações que<br />
fizeram. Da parte do público nunca<br />
tive problemas — comenta<br />
Christian tinha 23 anos quando<br />
seu pai morreu. Vitorio de Sica,<br />
reconhecido por obras de<br />
caráter humanista, é considerado<br />
o precursor do neo-realismo<br />
italiano. Em Parlami di me, que<br />
foi apresentado recentemente no<br />
Festival de Roma, Christian, dirigido<br />
pelo filho Brando, faz uma<br />
performance de comédia ao vivo.<br />
Alterna momentos de puro espetáculo<br />
com relatos pessoais sobre<br />
a vida ao lado de Vitorio. Em<br />
uma das cenas mais marcantes,<br />
lembra dos últimos instantes do<br />
pai em hospital parisiense.<br />
— Meu pai era um jogador e<br />
quando éramos pequenos (Vitorio<br />
teve outros dois filhos) ele dizia:<br />
‘garotos, escolham onde querem<br />
ir nas férias’. Dava como opção<br />
Veneza, Sanremo, Monte Carlo ou<br />
Campione, todos locais com cassino.<br />
E nós escolhíamos Veneza<br />
ou Sanremo porque tinha mar.<br />
Conservo belíssimas lembranças,<br />
mas também lembranças de<br />
grandes perdas no jogo.<br />
Na passagem pelo Rio, Christian<br />
é reservado. Apesar de ter<br />
uma cadeira com seu nome bem<br />
próxima ao local da cena, nos intervalos<br />
entre as tomadas recosta-se<br />
em um sofá optando por<br />
abordar sua primeira passagem<br />
pela cidade maravilhosa:<br />
— Do Rio tenho boas lembranças.<br />
Cantei com a Elis Regina,<br />
curti a maravilhosa Bossa Nova<br />
com João Gilberto. Era tudo muito<br />
diferente e na Avenida Atlântica<br />
tinha uma boate fantástica.<br />
Produtor de Natale a Rio,<br />
Luigi De Laurentiis, de 28 anos,<br />
também sente a responsabilidade<br />
em pertencer a uma família<br />
tradicional na bota. O clã está<br />
na terceira geração com pessoas<br />
envolvidas no mundo do cinema<br />
com destaque para nomes como<br />
Aurélio e Dino, que em 1956 trabalhou<br />
com Federico Fellini em<br />
La strada. O produtor segue a risca<br />
as características observadas<br />
em seus familiares. Faz questão<br />
Christian, Luigi e Ghini posam<br />
tendo a Barra da Tijuca ao fundo.<br />
Acima, intervalo de gravação e<br />
alguns ajustes no set. Neri Parenti<br />
se prepara para filmar (ao lado)<br />
de participar de todo o processo<br />
e quando não está ao celular resolvendo<br />
problemas, “perde” um<br />
tempo em conversas com atores,<br />
assistentes e demais membros<br />
da equipe. Aliás, ninguém dá um<br />
passo sem consultá-lo, primeiro.<br />
— Cresci nesse meio e gosto<br />
muito do que faço. Se tudo der certo<br />
com esse filme, a idéia é levar<br />
a empresa para os Estados Unidos<br />
nos próximos anos. Meu avô foi um<br />
grande produtor. No Festival de Veneza,<br />
desde 1996, um prêmio que<br />
foi batizado com seu nome é concedido<br />
a diretores principiantes.<br />
Por falar em diretores principiantes,<br />
Christian De Sica não se<br />
furta a comentar sobre o estágio<br />
em que se encontram as atuais<br />
produções <strong>italiana</strong>s:<br />
— O cinema italiano, apesar<br />
de nunca ter perdido o caráter de<br />
produção mundial, encontra-se numa<br />
fase de crescimento. Há bons<br />
diretores chegando para renovar a<br />
safra e manter essa tradição.<br />
No set<br />
Com a experiência de quem começou<br />
no cinema com 19 anos<br />
(hoje está com 58) e já dirigiu<br />
42 filmes, o diretor Neri Parenti<br />
define o espírito do longa:<br />
— Eu adoro rir e fazer as pessoas<br />
rirem, então não podia ser<br />
diferente. Por estar há tanto tempo<br />
no projeto, já não sinto dificuldade<br />
para criar as histórias e estar<br />
nos lugares me inspira muito. O<br />
grande problema que <strong>enfrentam</strong>os<br />
no Rio foi o mau o tempo. O sol se<br />
escondeu — reclama.<br />
Quem tem o <strong>Brasil</strong> como velho<br />
conhecido é o ator Massimo<br />
Ghini. Ex-noivo de uma carioca,<br />
além do Rio, já visitou Búzios,<br />
Salvador e Brasília.<br />
— Há uns dez anos que não<br />
vinha para cá. A cidade mudou<br />
bastante, me parece mais organizada,<br />
pronta para receber iniciativas<br />
como a que integramos. No filme,<br />
meu personagem, um professor<br />
universitário tem que conviver<br />
com o do Christian, que é um empresário.<br />
São dois mundos diferentes<br />
e o que os une é o fato de seus<br />
filhos estudarem juntos. Então, é<br />
esperar para ver como vão se virar<br />
nessa viagem — diz Ghini.<br />
48 C o m u n i t à I t a l i a n a / No v e m b r o 2008<br />
N o v e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 49
televisão<br />
Máfia à<br />
brasileira<br />
Novela da Record começa a ser gravada este mês, em Palermo. A<br />
trama vai mostrar as relações entre quadrilhas internacionais e o poder<br />
institucional a partir de casos reais tanto da Itália quando do <strong>Brasil</strong><br />
A<br />
máfia <strong>italiana</strong> servirá de<br />
ponto de partida para uma<br />
nova novela brasileira.<br />
Com o título ainda provisório<br />
de Vendeta, começa a ser<br />
gravada pela TV Record, este mês,<br />
em Palermo, capital da Sicília. A<br />
ilha <strong>italiana</strong> servirá de cenário<br />
para os dois primeiros capítulos<br />
da história, prevista para estrear<br />
em março de 2009, no <strong>Brasil</strong>.<br />
A produção é baseada no livro<br />
Honra ou Vendetta, de Silvio<br />
Lancelotti. Lançada em 2001, a<br />
publicação é o único romance<br />
desse jornalista esportivo que já<br />
escreveu 17 livros, a maioria de<br />
gastronomia. Em Vendetta, ele<br />
mergulha no áspero mundo da<br />
máfia, em dois planos: de um lado,<br />
um roteiro de muito suspense<br />
e ação; de outro, um amplo<br />
dossiê a respeito da Cosa Nostra,<br />
com dezenas de biografias de<br />
gângsteres reais.<br />
A adaptação para a televisão<br />
leva a assinatura de Lauro<br />
César Muniz, um dos principais<br />
dramaturgos brasileiros. Quando<br />
era contratado da TV Globo,<br />
principal concorrente da Record<br />
em dramaturgia, o autor chegou<br />
a propor uma minissérie baseada<br />
no livro de Lancelotti, mas a<br />
emissora carioca não se interessou.<br />
Agora, a rival paulista aposta<br />
na história para o horário das<br />
22h, com direito a bastante violência,<br />
como admite Muniz.<br />
— É uma novela densa. Ao<br />
contrário do que possam imaginar,<br />
não será uma história sobre<br />
a máfia <strong>italiana</strong>. A história<br />
vai falar sobre o narcotráfico que<br />
tem na máfia um de seus braços<br />
na Europa — explica o autor.<br />
Quando a história começa,<br />
uma grande dúvida vai ser colocada<br />
na cabeça do público: quem<br />
é, de verdade, Tony Castellamare<br />
(Gabriel Braga Nunes) Na trama,<br />
é um brasileiro de origem <strong>italiana</strong><br />
radicado em Palermo, marcado<br />
para morrer. A ordem para matálo<br />
parte do <strong>Brasil</strong>. Essa ordem é<br />
interceptada por Téo Meira (Tuca<br />
Andrada), delegado especial da<br />
Polícia Federal brasileira, chefe<br />
da operação que investiga uma<br />
poderosa conexão do narcotráfico.<br />
Tony seria um chefão mafioso<br />
disfarçado de comerciante. Será<br />
Com a dúvida a respeito da<br />
real identidade de Tony, o que<br />
Sô n i a Apolinário<br />
Lauro Cesar Muniz<br />
Muniz pretende é “acabar com<br />
o maniqueísmo” que, na opinião<br />
do autor, tomou conta das novelas<br />
brasileiras e fez com que o<br />
gênero “perdesse qualidade”. De<br />
Palermo, a trama se “transfere”<br />
para o <strong>Brasil</strong>, mais precisamente<br />
para São Paulo, onde moram alguns<br />
personagens italianos como<br />
Calógero (Gracindo Jr) e Freda<br />
(atriz ainda não escolhida), pais<br />
de Tony. Na capital paulista se<br />
desenvolve todo o resto da trama,<br />
mas as gravações serão realizadas<br />
no Rio de Janeiro, mesmo,<br />
onde fica o estúdio da emissora.<br />
Segundo Muniz, a principal<br />
ligação entre <strong>Brasil</strong> e Itália será<br />
feita por meio do romance entre<br />
Tony e a jornalista Lídia Brandão<br />
(Mirian Freeland). Ele deixa claro<br />
que não fará uma novela sobre a<br />
Itália, mas sobre o <strong>Brasil</strong>:<br />
— Máfia para nós é um grupo<br />
de pessoas que se organiza como<br />
uma quadrilha que se compõe<br />
com o poder institucional.<br />
Esse é o novo perfil da máfia e,<br />
no <strong>Brasil</strong>, temos vários exemplos<br />
delas que estão por trás dos vários<br />
escândalos financeiros do<br />
país. Temos a máfia dos correios,<br />
do mensalão. Um dos casos mais<br />
recentes, a operação Satiagraha<br />
é um material excelente para se<br />
explorar — afirma Muniz.<br />
A Operação Satiagraha foi deflagrada<br />
pela Polícia Federal brasileira<br />
no último mês de julho<br />
contra uma quadrilha que praticava<br />
crimes financeiros. Levou<br />
para a prisão o banqueiro Daniel<br />
Dantas, dono do grupo Opportunity;<br />
o ex-prefeito de São Paulo<br />
Celso Pitta, e o investidor Naji<br />
Nahas, acusado de ser o responsável<br />
pela quebra da bolsa do Rio<br />
em 1989. Os acusados também<br />
teriam relações com o caso envolvendo<br />
pagamento de propinas<br />
a parlamentares que ficou conhecido<br />
como Escândalo do Mensalão.<br />
O grupo Opportunity já foi<br />
o braço brasileiro da Telecom<br />
Itália. O personagem Téo é inspirado<br />
no delegado Protógenez<br />
Queiroz que comandou a operação<br />
Satiagraha, mas acabou afastado<br />
do caso quando as investigações<br />
chegaram muito próximas<br />
de nomes “quentes” da República<br />
brasileira. Em Vendeta, o grande<br />
mistério da novela é a identidade<br />
do grande capo da máfia.<br />
No elenco da novela também<br />
estão Paloma Duarte, Adriana Garamboni,<br />
Petrônio Contijo, Marcelo<br />
Serrado e Beth Coelho. No<br />
texto, Muniz terá o auxílio de<br />
seis colaboradores e um pesquisador.<br />
A direção-geral é de Ignácio<br />
Coqueiro.<br />
50 C o m u n i t à I t a l i a n a / No v e m b r o 2008
design<br />
Il cavaliere<br />
dos carros<br />
Escolhido Designer Automotivo do Século, Giorgetto Giugiaro comemora 70<br />
anos de vida e os 40 de criação da sua empresa, a Italdesign, com sede em Turim<br />
O<br />
que há em comum entre<br />
um Fiat Uno, um Vollswagem<br />
Golf, um Lamborghini<br />
Cala ou um Bugatti<br />
Chiron Com certeza, não é a<br />
conta bancária do seu proprietário.<br />
Acertou quem respondeu<br />
Giorgetto Giugiaro. Ele é o criador<br />
desses e outros 90 modelos<br />
de carros para as principais marcas<br />
automobilísticas do mundo.<br />
Não por acaso, esse italiano nascido<br />
em Garessio (Piemonte) ganhou,<br />
em 1999, o prêmio de “Designer<br />
Automotivo do Século”.<br />
Aos 70 anos, continua na ativa.<br />
E muito. Há quarenta anos<br />
está à frente da sua empresa, a<br />
Italdesign, com sede em Turim,<br />
capital piemontesa, cidade onde<br />
mora desde os seus 14 anos. Foi<br />
para lá com o objetivo de continuar<br />
seus estudos artísticos<br />
e técnicos. Ao que tudo indica,<br />
Giugiaro estava predestinado a<br />
ter um futuro artístico.<br />
O avô, Luigi, foi um conhecido<br />
pintor de igrejas. O pai, Mario,<br />
Ja n a í n a Cesar<br />
Correspondente • Treviso<br />
O Quaranta, carro<br />
criado por Giugiaro, que<br />
chega a 100km/h em<br />
quatro segundos<br />
alternava decorações sacras com a<br />
pintura a óleo. Para Giugiaro, a arte<br />
figurativa tinha um ar familiar,<br />
porém a escolha do design como<br />
profissão não foi premeditada,<br />
mas pura casualidade da vida.<br />
Após ter mudado para Turim,<br />
começou a freqüentar o liceu<br />
artístico de dia e um curso<br />
de desenho técnico de noite. O<br />
grande passo para uma carreira<br />
espetacular aconteceu em 1955,<br />
quando foi descoberto por Dante<br />
Giacosa, então diretor da Fiat,<br />
durante uma exposição de trabalhos<br />
escolares de final de ano.<br />
Giugiaro tinha criado míni caricaturas<br />
de carros. Giacosa, atento<br />
como era, percebeu o talento<br />
do jovem que, em setembro<br />
daquele mesmo ano, começou a<br />
trabalhar no escritório de estilo<br />
para carros especiais da Fiat.<br />
Em 1959, deu seu segundo<br />
grande passo quando começou a<br />
trabalhar na hoje renomada Bertone.<br />
Nuccio Bertone, proprietário,<br />
arriscou e apostou todas as<br />
cartas naquele jovem de 21 anos.<br />
Giugiaro sempre admitiu que amadureceu<br />
tanto com os bons conselhos<br />
dados pelos ex-chefes quanto<br />
pelos amigos. O tempo passado<br />
ao lado de Bertone foi fundamental<br />
na sua formação. Após seis<br />
intensos anos, em novembro de<br />
1965, Giugiaro entrou para o time<br />
da Carroceria Ghia, onde permaneceu<br />
até 1967, quando criou a sua<br />
própria empresa, a Italdesign.<br />
Il cavaliere, como é carinhosamente<br />
chamado por seus funcionários,<br />
hoje dirige um pequeno império<br />
que reina no mercado do design<br />
automobilístico. Pelas ruas da cidade,<br />
o que ele dirige, mesmo, é<br />
um Lexus RX 400 H, o híbrido japonês<br />
que custa em média 130<br />
mil dólares. Para comemorar os<br />
40 anos da sua empresa, ele criou<br />
o Quaranta, à base de energia solar,<br />
capaz de acelerar de zero a 100<br />
km/h em quatro segundos. Neste<br />
caso, Giugiaro estava pouco preocupado<br />
com a velocidade, mas com<br />
a possibilidade de criar um “carro<br />
verde”, que causasse poucos danos<br />
ambientais. A entrevista a seguir<br />
foi feita por telefone e revelou que<br />
Giugiaro é uma simpatia.<br />
Detalhe da ampla sala<br />
de criação da Italdesign.<br />
Ao lado, Giugiaro em<br />
seu escritório<br />
ComunitàItaliana - Este ano o<br />
senhor completou 40 anos de<br />
Italdesign e 70 anos de vida<br />
apresentando na última edição<br />
do Salão Internacional do Carro<br />
de Genebra seu mais novo<br />
“brinquedo”, o Quaranta. O nome<br />
é uma homenagem aos seus<br />
40 anos<br />
Giorgetto Giugiaro – O carro foi<br />
criado em parceria com Fabrício,<br />
meu filho. As duas gerações devem<br />
fazer alguma coisa boa, interessante,<br />
não Utilizamos o<br />
sistema híbrido da Toyota, com<br />
dois motores, um localizado na<br />
frente e outro atrás, e colocamos<br />
painéis solares no capô, que<br />
fazem girar o ar condicionado e<br />
alimentam o rádio. Na verdade,<br />
esse carro é uma releitura do primeiro<br />
monovolume que criamos,<br />
adaptado para os dias de hoje,<br />
daí o nome: unimos os quaranta<br />
anos de atividade da Italdesign<br />
aos anos do primeiro monovolume<br />
criado por nós.<br />
CI – Podemos dizer que chegamos<br />
a um ponto onde os carros<br />
são amigos da ecologia<br />
GG - A escolha de um carro ecológico<br />
foi correta. Com poucos litros<br />
se faz muitos quilômetros, o<br />
que para o uso diário na cidade é<br />
mais que suficiente. Além disso,<br />
dá até para correr (risos).<br />
CI – Quanto tempo vocês levaram<br />
para criar o Quaranta<br />
GG – Os protótipos que são expostos<br />
nos salões de automóveis,<br />
nascem nos períodos de intervalos<br />
úteis de uma empresa. Fizemos<br />
Quaranta em três meses. Fomos<br />
super velozes e decididos,<br />
não tivemos ninguém que nos<br />
dissesse como deveria ser, decidimos<br />
tudo.<br />
CI – Mas só em três meses<br />
GG – Sim. Geralmente é o cliente<br />
que decide o tempo. Quando você<br />
projeta um barco, um carro,<br />
ou alguma coisa para uma empresa<br />
ou pessoa, todos querem<br />
dar opiniões e idéias, e aí o tempo<br />
fica um pouco mais longo.<br />
CI – A tecnologia e a informática<br />
mudaram seu modo de pensar<br />
GG - A tecnologia mudou o modo<br />
de pensar, mas não mudou o processo<br />
criativo que, por sua vez,<br />
foi atualizado com a informática.<br />
Comparando com alguns anos<br />
atrás, hoje, por causa das novas<br />
tecnologias, você emprega metade<br />
do tempo para desenvolver um<br />
projeto. Hoje tudo é mais rápido,<br />
o mercado pede agilidade e velocidade,<br />
o tempo corre e o processo<br />
criativo também. Pode ser<br />
uma contradição com que estou<br />
dizendo, mas ainda uso o lápis.<br />
CI – <strong>Como</strong><br />
GG – Sim, quando inicio um projeto<br />
uso sempre lápis, para mim<br />
é mais rápido. O modo antigo não<br />
é para ser todo descartado.<br />
CI - Qual é a maior dificuldade<br />
em desenhar um carro<br />
GG – É ter que enfrentar quem realmente<br />
decide, como o pessoal<br />
do marketing, do departamento<br />
econômico, por exemplo. Não é<br />
a mesma coisa imaginar um Fiat<br />
Uno e um Rolls Royce, o processo<br />
é diferente, não é só criatividade.<br />
CI – <strong>Como</strong> é seu processo criativo<br />
O senhor tem algum rito ou<br />
hábito particular que segue na<br />
hora de iniciar um novo projeto<br />
GG - Não, sou muito simples e racional.<br />
Para mim, o importante<br />
é haver pessoas competentes e<br />
corretas ao meu lado para fazer<br />
com que tudo dê certo. O tempo<br />
também é uma coisa compli-<br />
cada. Todo mundo quer tudo para<br />
ontem, mas às vezes, nos permitimos<br />
sonhar. Digo em primeira<br />
pessoa do plural porque não sou<br />
sozinho nesse barco.<br />
CI – Qual carro o senhor possui<br />
GG – Não tenho afeição por nenhum<br />
modelo em particular. Hoje<br />
tenho um Lexus RX 400 H porque<br />
é híbrido, alto e posso ir<br />
ao centro e descer do carro sem<br />
que ninguém me olhe com a cara<br />
feia e não sinto cheiro de gasolina<br />
quando estaciono na garagem,<br />
o que é uma maravilha!<br />
Certamente, no futuro, terei um<br />
carro híbrido e elétrico.<br />
CI – Qual o futuro do mercado automotivo<br />
GG – Com certeza o futuro do<br />
mercado é a bateria elétrica porque<br />
não faz barulho e, principalmente,<br />
não polui. Realmente, em<br />
um futuro, que espero não esteja<br />
tão distante, graças às centrais<br />
nucleares, teremos pontos de<br />
distribuição de energia para poder<br />
abastecer o carro elétrico.<br />
CI – O senhor é um homem que<br />
deve ter tudo aquilo que deseja.<br />
Existe algum desejo em especial<br />
que gostaria de realizar<br />
GG – Sim, tantos, mas a correria<br />
do dia-a-dia, às vezes, não nos<br />
dá tempo para realizar tudo o que<br />
queremos. Digamos que desejo conhecer<br />
uma bela mulher, ter muita<br />
saúde e, claro, continuar projetando<br />
carros. Além de comprar um<br />
I-Phone novo, porque acabei de<br />
descobrir que o que comprei há<br />
três meses já é velho (risos).<br />
CI – O senhor conhece o <strong>Brasil</strong><br />
GG - Estive no <strong>Brasil</strong> duas vezes,<br />
mas não vi nada além do que a<br />
janela do carro ou do avião propiciava,<br />
pois estava sempre de<br />
passagem de uma cidade a outra.<br />
Mas um dia quero voltar e ver as<br />
maravilhas do teu país.<br />
52 C o m u n i t à I t a l i a n a / No v e m b r o 2008<br />
N o v e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 53
artes plásticas<br />
Firenze<br />
Giordano Iapalucci<br />
Não<br />
basta<br />
olhar<br />
A Itália marca presença na 28ª Bienal de São<br />
Paulo com dois artistas que exigem a participação<br />
do público se quiserem “ver” suas obras<br />
Levar para casa uma obra de<br />
arte é sonho de muitos, para<br />
poucos. É justamente esse<br />
apelo irresistível que faz<br />
parte do jogo sensitivo proposto<br />
pelo italiano Armin Linke aos<br />
visitantes da 28ª Bienal de São<br />
Paulo. O fotógrafo e cineasta milanês<br />
é um dos dois representantes<br />
da Itália na exposição internacional<br />
que pode ser conferida<br />
até o dia 6 de dezembro, no Pavilhão<br />
Ciccillo Matarazzo, no Ibirapuera.<br />
Ao todo, 42 artistas de 20<br />
países fazem parte do evento. A<br />
outra atração <strong>italiana</strong> é a arquiteta<br />
romana Micol Assaël. A edição<br />
deste ano da mostra ganhou<br />
o apelido de “Bienal do Vazio”.<br />
A instalação “Fenótipos –<br />
Formas Limitadas”, de Armin<br />
Linke, foi “operada” pela primeira<br />
vez na abertura oficial na<br />
chamada “Bienal do Vazio” pelo<br />
embaixador da Itália no <strong>Brasil</strong>,<br />
Michele Valensise e esposa, embaixatriz<br />
Elena Valensise.<br />
— Nossa participação é dinâmica<br />
e original. Uma oportunidade<br />
para ver o trabalho desses<br />
dois artistas, conhecidos na Itália,<br />
mas ainda pouco conhecidos<br />
no <strong>Brasil</strong>. É também uma chance<br />
Fotos: Claudio Cammarota<br />
Tat i a n a Bu f f<br />
Correspondente • São Paulo<br />
para fazer com que se apreciem,<br />
nesta cidade sofisticada, as nossas<br />
tendências contemporâneas<br />
— afirma Valensise.<br />
Logo após o casal, uma longa<br />
fila se formou para manipular<br />
o atraente sistema do tipo façavocê-mesmo<br />
sua própria mini-coleção<br />
de fotos. Para isso, é preciso<br />
escolher oito entre 700 fotos<br />
feitas pelo artista. São instantâneos<br />
que mostram temas e<br />
lugares diversos como uma seita<br />
em Brasília, o retrato de um arquiteto<br />
suíço ou uma zona rural<br />
do Paquistão. O visitante diagrama<br />
sua seleção sobre uma mesacomputador,<br />
que a identifica por<br />
leitura magnética e realiza a impressão.<br />
Isso, segundo Linke, faz<br />
com que o próprio público se torne<br />
um ‘curador’ da mostra.<br />
A interação desejada pelo autor<br />
começa no momento de vestir<br />
as luvas brancas necessárias ao manuseio<br />
das fotos. Segue a relação<br />
visual e táctil com as reproduções<br />
dispostas em gôndolas – tais como<br />
as de supermercado. Isso, acredita<br />
ele, responde “ao faminto instinto<br />
de consumo das imagens”.<br />
— Minhas fotografias de viagem<br />
exploram a relação entre o<br />
homem, o espaço e a arquitetura.<br />
O trabalho permite vários níveis<br />
de leitura. É interessante observar<br />
a relação do público com as<br />
imagens — ressalta o artista que<br />
vem constantemente ao <strong>Brasil</strong> e<br />
participou da 25ª Bienal.<br />
O projeto “Fenótipos – Formas<br />
Limitadas”, mantido em colaboração<br />
com a universidade alemã de<br />
Karlsruhe, nasceu há cinco anos,<br />
na Bienal de Veneza. Foi desenvolvido<br />
em parceria com o belga Peter<br />
Hanappe. O mecanismo, chamado<br />
de A Book on Demand, por<br />
À esquerda, a arquiteta Micol Assaël.<br />
Acima, o fotógrafo Armin Linke orienta<br />
o embaixador Michele Valensise<br />
possibilitar a impressão de um “livro<br />
sob demanda” resulta também<br />
de cooperação contínua entre várias<br />
universidades, cientistas e o<br />
Laboratório de Ciências da Computação<br />
da multinacional Sony.<br />
Elementos físico-artísticos<br />
No primeiro andar da “Bienal do Vazio”<br />
se instalou Micol Assaël, arquiteta<br />
nascida em Roma, em 1979.<br />
Em um registro bem mais conceitual,<br />
ela convida o público a experimentar<br />
a obra “Sem Título (Dielétrico)”,<br />
que congrega um condutor<br />
de ar, fios elétricos e o efeito desses<br />
elementos juntos; faíscas.<br />
— Funciona como um corte no<br />
ar. É a pura demonstração da relação<br />
entre o ar e a eletricidade.<br />
Aqui há um desafio, pois se você<br />
se aproxima para enxergar a faísca,<br />
tem de enfrentar o vento. Se não<br />
chega perto, o fenômeno não é visível<br />
— explica Micol que estreou<br />
em 2001, em Salerno, na Itália.<br />
A artista privilegia a exploração<br />
da energia com a mínima intervenção<br />
possível. Sua obra convoca o<br />
visitante a uma percepção primeira<br />
do invisível absolutamente presente<br />
e essencial. A apontar que, apenas<br />
no silêncio, é possível enxergar<br />
e sentir o que se faz indispensável.<br />
Nada mais sintonizado com esta<br />
Bienal. Com um andar aberto, inteiramente<br />
nu de propostas, o prédio<br />
da Fundação chegou a ser invadido<br />
no primeiro dia de abertura<br />
ao público por manifestantes e pichadores<br />
que questionavam o atual<br />
sentido do evento, marcado por má<br />
gestão administrativa e financeira<br />
nas últimas edições.<br />
I sovrani dei<br />
giardini d’Europa<br />
Pisa ospiterà la mostra intitolata “Sovrani<br />
nel giardino d’Europa” fino a<br />
domenica 14 dicembre. L’evento è<br />
organizzato sotto l’Alto Patronato del Presidente<br />
della Repubblica e con il patrocinio<br />
della Presidenza del Consiglio dei Ministri<br />
e della Regione Toscana. Grazie agli ultimi<br />
contribuiti storiografici, la rassegna vuole<br />
ricostruire come era il clima politico e culturale<br />
del governo dei Lorena (1737-1859)<br />
50 Giorni di Cinema<br />
Internazionale<br />
È<br />
partita a Firenze la rassegna cinematografica<br />
internazionale che durerà 50<br />
giorni, esattamente fino al 22 dicembre. Un<br />
evento curato dalla Mediateca Regionale Toscana<br />
Film Commission in collaborazione con<br />
la Regione Toscana e presentato nel prestigioso<br />
Cinema Odeon di Firenze. L’edizione<br />
2008 vedrà come “ospite d’onore” il cinema<br />
francese al quale sarà dedicata la parte introduttiva<br />
del festival con una retrospettiva<br />
su Marcel Carnè e Jacques Prèvert. Seguirà<br />
poi in onore al “Cinema e Donne” dove sarà<br />
omaggiato il lavoro di Maria Mercader, attrice<br />
spagnola del primo novecento. Si concluderà<br />
con la consegna dei premi del N.I.C.E., il<br />
più importante festival cinematografico per<br />
la promozione delle opere prime e seconde<br />
del cinema italiano nel mondo.<br />
nella città di Pisa, luogo dove la corte trascorreva<br />
buona parte del periodo invernale.<br />
In mostra saranno presenti dipinti, sculture,<br />
arredi e stampe di collezioni private e<br />
pubbliche sia italiane che straniere, come<br />
anche materiale cartografico con inedite<br />
mappe provenienti dall’Archivio di Stato di<br />
Praga, città dove fu incoronato Pietro Leopoldo<br />
di Lorena nel 1870. Museo Nazionale<br />
di Palazzo Reale di Pisa. Ingresso 6 euro.<br />
“Pinocchio”<br />
Massimo Ceccherini, Alessandro Paci e<br />
Carlo Monni presenteranno “Pinocchio”,<br />
una classica commedia teatrale ripresa<br />
dal libro di Carlo Lorenzini (in arte Collodi)<br />
scritta nel 1883. Sarà una rappresentazione<br />
piena di tratti umoristici, visti i tre attori comici<br />
fiorentini. La storia riadattata vede Pinocchio,<br />
ragazzo rockettaro e metallaro, inseguito<br />
dalla fata turchina ninfomane e amica<br />
di Lucignolo, un cocainomane: una riflessione<br />
ironica sulla vita moderna. Monni interpreterà<br />
Geppetto, un personaggio innamorato del potere;<br />
Ceccherini sarà Lucignolo nelle vesti del<br />
diavolo tentatore e Paci sarà Pinocchio, ossessionato<br />
dalla televisione, dalla vita di periferia,<br />
ma che cerca con le sue forze di uscire dai<br />
problemi che lo assillano. Adatto ad un pubblico<br />
adulto. Biglietti: da 18 a 28 euro presso<br />
il Sashall di Firenze. Giovedi 13 e Venerdì 14<br />
novembre. Info:www.teatropuccini.it<br />
Moda<br />
Firenze ospiterà, per circa 8 mesi, un’iniziativa<br />
di moda che ha per fine quello di<br />
approfondire i legami storici della città con il<br />
settore. Il “Percorsi di Moda a Firenze” coinvolgerà<br />
61 eventi, 20 visite guidate in 26<br />
atelier, dieci luoghi d’arte e quattro musei di<br />
Firenze, tra il 28 ottobre e il 16 giugno del<br />
2009. I musei partecipanti sono: la Galleria<br />
del Costume, il Museo degli Argenti, il Museo<br />
Salvatore Ferragamo e il Museo di Santa<br />
Croce. Inoltre ci saranno visite alle chiese Orsanmichele,<br />
Santa Maria Novella, Chiesa dello<br />
Spirito Santo e alla Cattedrale di Santa Maria<br />
del Fiore, tra le altre. L’iniziativa viene promossa<br />
dall’assessorato alle attività legate al<br />
settore della moda del Comune di Firenze, e si<br />
inserisce nel progetto “Mestieri della Moda”,<br />
realizzato dal settore di turismo della città.<br />
X Festival Giapponese<br />
Dal 14 al 16 Novembre 2008 la Limonaia<br />
di Villa Strozzi a Firenze ospiterà<br />
la VIII Edizione del Festival Giapponese.<br />
All’evento saranno presenti personaggi di<br />
una certa peculiarità e non certo facili<br />
da incontrare in Italia. Dal maestro Nanjou<br />
Chouse, che crea le straordinarie maschere<br />
per il teatro noh, al Maestro della<br />
Scuola di Te Enshuryu, Kochuan Soucho,<br />
che vi introdurrà a questa antica arte un<br />
tempo riservata ai grandi uomini che hanno<br />
governato il Giappone; poi il “Gruppo<br />
Harmony” di suonatori di koto, la cedra<br />
giapponese, che vi faranno ascoltare un<br />
concerto di suoni armoniosi, che uniscono<br />
tradizione ad attualità. In conclusione,<br />
la Maestra Asahi, che ha creato dopo anni<br />
di studi ed esperienza una danza di energia<br />
nata come ginnastica per riportare<br />
equilibrio e rafforzare le proprie capacità<br />
di autoguarigione. Ingresso gratuito.<br />
54 C o m u n i t à I t a l i a n a / No v e m b r o 2008<br />
N o v e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 55
italian style<br />
futebol<br />
Para eles e para elas<br />
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energéticas, as notas para a fragrância feminina combinam<br />
acordes de jasmin e de cassis misturadas com a mandarina.<br />
O ar misterioso fica por conta do vétiver e da patchouli.<br />
Para os homens, ritmo e energia se encontram graças aos<br />
acordes vibrantes de anis, seguidos de framboesa, que por<br />
sua vez, dão lugar à lavanda. As notas de fundo são de<br />
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espetinhos, queijos, e a outra perfeita para<br />
carne, peixe e verduras. Depois de grelhar,<br />
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Fotos: Divulgação<br />
O brasileiro<br />
da Azurra<br />
Aos 23 anos, Fabiano Santacroce é o mais recente<br />
jogador convocado para a seleção <strong>italiana</strong> de futebol<br />
Fabiano Santacroce, zagueiro<br />
do Napoli, é um dos ídolos<br />
do futebol da Itália. No<br />
<strong>Brasil</strong>, porém, poucos conhecem<br />
este jovem nascido em<br />
Camaçari, no interior da Bahia.<br />
Filho de mãe brasileira, ele cresceu<br />
na Itália, terra do pai, para<br />
onde veio aos quatro anos<br />
de idade. A paixão pelo futebol<br />
sempre falou mais alto e ele escalou<br />
todas as divisões de base<br />
até vestir a camisa da Azurra, a<br />
principal seleção <strong>italiana</strong>. E como<br />
zagueiro, posição na qual os<br />
italianos são craques. Em campo,<br />
Santacroce é um marcador<br />
duro, que se antecipa ao lance,<br />
estilo que agradou ao técnico<br />
Marcello Lippi.<br />
— Esta é a chance dele<br />
aprender. O difícil vem agora —<br />
diz “professor” Canavarro, beque<br />
italiano considerado o melhor<br />
jogador do mundo durante<br />
a Copa da Alemanha, da qual<br />
saiu campeão.<br />
A convocação de Santacroce<br />
faz parte do plano de renovação<br />
do técnico italiano. Com a ginga<br />
de bom baiano, o jogador brasileiro<br />
não nega as origens. Ele só<br />
entra em pânico, mesmo, quando<br />
o que está “em jogo” é a língua<br />
portuguesa.<br />
— Entendo tudo, mas se me<br />
fizer falar em português entro<br />
em crise — brinca ele ao encontrar<br />
o repórter da Comunità,<br />
este brasileiro que vos escreve.<br />
Brincadeira dita, por sinal, em<br />
um italiano perfeito, com sotaque<br />
da Brianza — Em português,<br />
aprendi alguns palavõres,<br />
mas não os digo.<br />
Aos 23 anos, ele diz que chegar<br />
à seleção <strong>italiana</strong> é “um sonho”<br />
que ele não imaginava que<br />
Gu i l h e r m e Aq u i n o<br />
Correspondente • Milão<br />
poderia se realizar, pelo menos<br />
tão cedo.<br />
— Há três ou quatro anos,<br />
ainda estava longe da série A<br />
do campeonato italiano. Naquela<br />
época, eu não apostaria uma<br />
lira que chegaria aqui. Hoje, me<br />
sinto mais italiano do que brasileiro<br />
— afirma o jogador afastando<br />
a hipótese de ter vislumbrado,<br />
em algum momento, a<br />
possibilidade de ser convocado<br />
para a seleção brasileira.<br />
Sim, porque esta não seria a<br />
primeira vez que um ítalo-brasileiro<br />
vestiria a camisa de seus<br />
dois países. O atacante Jose Altafini,<br />
durante a copa de 1962,<br />
no Chile, defendeu a seleção <strong>italiana</strong>.<br />
Quatro anos antes, na Suécia,<br />
jogou pela seleção brasileira,<br />
na Copa vencida pelo <strong>Brasil</strong>.<br />
Atualmente, a Fifa não permite<br />
mais que um jogador que tenha<br />
defendido uma seleção mude de<br />
lado e troque de camisa, mesmo<br />
tendo dupla nacionalidade. Não é<br />
caso de Santacroce.<br />
Ele é estreante na seleção e<br />
foi notado bem antes que Dunga<br />
suspeitasse que ele pudesse jogar<br />
pelo <strong>Brasil</strong>. No centro de treinamentos<br />
da Azzurra, em Corveciano,<br />
nos arredores de Florença,<br />
o bom baiano sorri à toa e recebe<br />
tratamento especial. Ele afirma<br />
que não acompanha o campeonato<br />
brasileiro e que, depois dos<br />
jogos e dos treinos, ele se desliga<br />
do mundo.<br />
— Não gosto muito de ver<br />
os jogos de quem não será meu<br />
adversário do próximo turno.<br />
Prefiro fazer outras coisas. Aqui<br />
na seleção sei que tenho que<br />
melhorar muito, ter mais calma,<br />
aprender a usar melhor a cabeça.<br />
Estou aqui para tentar ‘roubar’<br />
um pouco os gestos e as ações<br />
destes grandes campeões com<br />
quem jogo — afirma.<br />
Santacroce nem de longe vê<br />
a sua convocação como uma resposta<br />
ao racismo em campo. Único<br />
jogador negro da Azzurra ele<br />
diz que “pode até haver este tipo<br />
de preocupação”, mas prefere<br />
acreditar que sua convocação foi<br />
um prêmio “por jogar bem”.<br />
— Nunca me vi envolvido em<br />
questões racistas. Apenas quando<br />
era mais jovem aconteceram<br />
alguns eventos isolados, mas nada<br />
importante — conta.<br />
Mesmo longe do <strong>Brasil</strong>, ele<br />
não se esquece da pátria-mãe.<br />
Ele diz ter a intenção de visitar<br />
o lugar onde nasceu e encontrar<br />
todos os seus parentes. O jogador<br />
admite que, em dia de clássico,<br />
“o pau come dentro de casa”<br />
porque a família fica dividida.<br />
Agora, porém, como integrante<br />
da Azzurra ele tem um palpite:<br />
— Sempre que joga <strong>Brasil</strong> contra<br />
a Itália, o pau come entre o meu<br />
pai e a minha mãe. Agora, porém,<br />
acho que, no fundo, ela vai torcer<br />
pela Itália, ou melhor, por mim.<br />
E ele, como se sentirá quando<br />
a seleção <strong>italiana</strong> enfrentar a<br />
brasileira<br />
— Não nego que me sinto<br />
brasileiro. Confesso que seria<br />
uma emoção única jogar contra<br />
uma das seleções mais fortes<br />
no mundo.<br />
56 C o m u n i t à I t a l i a n a / No v e m b r o 2008<br />
N o v e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 57
il lettore racconta<br />
Vitu Lu ig i Pellegrini chega<br />
ao <strong>Brasil</strong> na época do i m p é r io<br />
e estabelece a Fábrica de<br />
Massas Pellegrini ao lado da<br />
casa dos príncipes de Orleans<br />
e Br aga n ç a, em Petrópolis.<br />
Um a h is t ó r i a contada com<br />
o r g u l ho e emoção pela n e ta<br />
Liliana Feiteira Pellegrini.<br />
Depoimento à<br />
repórter Nay r a Garofle<br />
Meu avô, Vitu Luigi Pellegrini,<br />
deixou a Itália<br />
pelo porto de Gênova<br />
em 1887. <strong>Como</strong> a<br />
maioria dos italianos, ele veio para o<br />
<strong>Brasil</strong> à procura de uma vida melhor.<br />
O Rio de Janeiro era seu destino,<br />
mas por conta de uma epidemia de<br />
febre amarela, o navio seguiu para<br />
São Paulo. Assim, o jovem de 22 anos<br />
desembarcou no porto de Santos, com<br />
destino a Itu, onde tinha conhecidos.<br />
No interior paulista, conheceu<br />
um emissário da Companhia Petropolitana<br />
de Tecidos que recrutava imigrantes.<br />
Foi então que aceitou o trabalho<br />
na montagem e depois como<br />
tecelão, durante seis meses.<br />
Por duas vezes, meu avô retornou<br />
à Europa. Na primeira viagem, conheceu<br />
a minha avó Theodósia l’Àbbate<br />
com quem se casou logo depois. Em<br />
Petrópolis, já casado, vovô percebeu o<br />
desenvolvimento dos negócios e comprou<br />
uma boa área na principal rua<br />
da cidade, atual Rua do Imperador.<br />
O fundo da área dava para a casa dos<br />
príncipes de Orleans e Bragança.<br />
Nesse local, vovô instalou a Fábrica de<br />
Massas Pellegrini e abriu um armazém,<br />
conhecida como Casa Pellegrini,<br />
que vendia entre os produtos nacionais,<br />
produtos importados e massas<br />
da fábrica. Quem o orientou para que<br />
pudesse realizar o sonho de ter sua<br />
fábrica de massas foi o conde Francisco<br />
Matarazzo, dono de um negócio<br />
similar, em São Paulo.<br />
O segundo dos 10 filhos que meu<br />
avô teve, Francisco, abriu uma Casa<br />
Pellegrini no Rio de Janeiro<br />
e tornou a marca conhecida na cidade.<br />
Os negócios prosperavam, apesar<br />
da concorrência com o<br />
famoso Moinho Inglês. Contrariando<br />
as expectativas, os<br />
Pellegrini acabariam por<br />
comprar a filial do referido<br />
Moinho Inglês.<br />
No grande sobrado residencial<br />
- e sede tanto da<br />
fábrica quanto do armazém<br />
de comestíveis finos Casa<br />
Pellegrini (quase tudo era<br />
importado!) - encontra-se<br />
hoje o edifício que recebeu o<br />
nome da família.<br />
Apenas Miguel, o sétimo<br />
filho, prosseguiu no ramo industrial.<br />
Sem descendentes<br />
diretos e sem que qualquer<br />
um dos netos do velho Vitu<br />
tivesse, à época, oportunidade<br />
de conduzir o negócio da<br />
família, a fábrica foi fechada<br />
na década de 1970.<br />
Meu pai, Victor Antônio<br />
Pellegrini, é o quinto<br />
filho de meu avô. Ele optou<br />
pelo ramo agrícola e<br />
foi proprietário da Granja<br />
Santa Clara, localizada no<br />
antigo 5º distrito de Petrópolis,<br />
atual cidade de São José do<br />
Vale do Rio Preto.<br />
<strong>Como</strong> bons filhos e netos de italianos,<br />
a boa mesa sempre foi prestigiada<br />
com almoços famosos, tanto no<br />
sítio de meu pai quanto nas casas de<br />
minhas tias Nina, Luíza e Rosina,<br />
na cidade de Petrópolis. Tia Nina<br />
– os petropolitanos com mais de 50<br />
anos certamente vão recordar – fez<br />
fama com suas “almofadinhas” e outras<br />
delícias na loja A Fornarina.<br />
As novas gerações, porém, não<br />
perderam “a mão”: minha irmã Cristina<br />
é banqueteira reconhecida na<br />
cidade serrana, assim como meu primo<br />
Marcelo Kallenback (já falecido)<br />
e sua esposa Ana Maria, donos do<br />
Chalé Manacá, em Petrópolis. Além<br />
disso, Cláudia, minha filha mais nova,<br />
é uma cozinheira de primeiríssima<br />
qualidade que anda planejando reabilitar<br />
a fábrica de Massas Pellegrini.<br />
Essa história ainda está longe<br />
de terminar.<br />
Liliana Feiteira Pellegrini<br />
Niterói, RJ<br />
Mande sua história com material fotográfico para:<br />
redacao@comunita<strong>italiana</strong>.com.br<br />
58<br />
C o m u n i t à I t a l i a n a / No v e m b r o 2008
gastronomia<br />
Sapori d’Italia<br />
Risotto<br />
made in<br />
<strong>Brasil</strong>e<br />
Concorso realizzato a Rio de Janeiro sceglie chef<br />
per gareggiare, l’anno prossimo, in Italia<br />
Gli chef Bruno Marasco,<br />
Raimundo Cícero Nascimento<br />
e Júlia Maselli e la<br />
studentessa Sara Papi de<br />
Azevedo formeranno il team brasiliano<br />
che, nel maggio dell’anno<br />
prossimo, andranno nella città<br />
<strong>italiana</strong> Ivrea, in Piemonte, a difendere<br />
i colori verde e giallo. La<br />
missione è difficile: gareggiare<br />
contro gli italiani in un concorso<br />
di risotto, piatto tipico di quella<br />
regione d’Italia.<br />
I quattri hanno timbrato i loro<br />
passaporti per l’avvenimento<br />
dopo aver vinto, il mese scorso,<br />
il IX Concurso Internacional de<br />
Sô n i a Apolinário<br />
Fotos: Roberth Trindade<br />
A sinistra, lo chef Raimundo Cícero<br />
Nascimento. Sopra, il giurato<br />
Paolo Buffa e Júlia Maselli. Sotto,<br />
Bruno Marasco. A destra, Rafael<br />
Zibelli Neto vicino alla studentessa<br />
Sara Papi de Azevedo e Stefano<br />
Strobbia, giurato e presidente del<br />
Consorzio Canavese<br />
Risoto, realizzato a Rio de Janeiro.<br />
L’evento è stato promosso dal<br />
Consorzio Canavese, produttore<br />
di riso con sede ad Ivrea. Il Piemonte<br />
è il maggior produttore di<br />
riso in Italia.<br />
È la seconda volta che il calabrese<br />
Bruno Marasco vince il concorso<br />
brasiliano. La prima volta è<br />
stata nel 2001. Proprietario del<br />
ristorante Da Carmine, a Niterói,<br />
si è diplomato presso l’Istituto<br />
Alberghiero Guardia Piemontese<br />
ed è già stato alla guida, con il<br />
fratello Carmine, di un ristorante<br />
a Torino prima che venissero<br />
a vivere in <strong>Brasil</strong>e. Stavolta Marasco<br />
è stato vincitore con una<br />
ricetta di risotto di coda con porcini<br />
freschi. La coda è una carne<br />
di bue meno nobile, muscolosa,<br />
usata per fare un piatto tipico<br />
della gastronomia brasiliana.<br />
— Da un anno faccio ricerche<br />
su ricette “povere” regionali italiane.<br />
Il mio risotto è una nuova edizione<br />
di una di queste ricette. La<br />
coda è ciò che possiamo chiamare<br />
un piatto rustico — spiega Marasco<br />
che includerà il suo risotto con<br />
la coda nella lista del ristorante.<br />
Raimundo Cícero Nascimento,<br />
del Gibo Brambini, di Rio de<br />
Janeiro, ha garantito il suo viaggio<br />
in Italia con un risotto alla<br />
milanese con creme di tartufi. Il<br />
Gibo è uno dei ristoranti italiani<br />
più acclamati della città meravigliosa.<br />
Julia Maselli, del Pomodorino,<br />
anch’esso a Rio de Janeiro,<br />
ha presentato ai giurati un risotto<br />
di fiori di zucca. Invece la studentessa<br />
di gastronomia dell’Universidade<br />
Estácio de Sá, Sara Papi<br />
de Azevedo, ha sconfitto gli altri<br />
12 concorrenti, nella categoria<br />
studenti, con il risotto di zucca e<br />
gamberi profumati allo zenzero.<br />
In tutto 8 ristoranti e 13 studenti<br />
hanno partecipato alla gara<br />
organizzata dall’Unione Degli Italiani<br />
Nel Mondo a Rio, con l’appoggio<br />
di Comunità cordinazione<br />
tecnica di Mario Tacconi (Federazione<br />
Italiana Cuochi). Presidente<br />
della UIM, Rafael Zibelli Neto<br />
spiega che i competitori sono<br />
stati scelti sulla base delle ricette<br />
inviate prima dai concorrenti.<br />
Quest’anno il concorso ha<br />
presentato un diverso formato rispetto<br />
agli anni prima. Invece di<br />
riunirsi tutti in un unico luogo<br />
per preparare il risotto, gli otto<br />
giurati si sono spostati nei vari<br />
ristoranti. Il vincitore dell’anno<br />
scorso, Eduardo Salathiel, ha approvato<br />
la novità.<br />
— Nel formato anteriore, i<br />
giurati non accompagnavano la<br />
realizzazione dei piatti, ossia,<br />
non ne vedevano i difetti. Questo<br />
nuovo formato ha attribuito<br />
una maggiore serietà al concorso<br />
— dice lui, che è il proprietario<br />
dell’Ateliê Flor de Sal, una scuola<br />
di gastronomia a Niterói.<br />
Salathiel ha accumulato il<br />
maggior numero di punti totali<br />
l’anno scorso con un risotto di<br />
ricci di mare. Secondo lui, il “principale<br />
ingrediente” usato per vincere<br />
la gara è quello che usa nella<br />
realizzazione di qualsiasi piatto:<br />
dedizione. Salathiel afferma che<br />
si può fare un risotto con qualsiasi<br />
ingrediente e ricorda che il suo<br />
principale avversario l’anno scorso<br />
è stato lo chef paulista Vinícius<br />
Divulgação<br />
Manfredi, che ha creato un risotto<br />
di caffè con carne secca.<br />
Un’altra novità del concorso<br />
riguarda la premiazione stessa.<br />
L’anno scorso, Salathiel è rimasto<br />
una settimana ad Ivrea imparando<br />
le tecniche di preparazione<br />
di risotti. L’anno prossimo ci sarà<br />
per la prima volta una gara per<br />
stimolare gli studi. Stavolta, tornerà<br />
nella città <strong>italiana</strong> come coordinatore<br />
del gruppo dei vincitori<br />
del 2008 del concorso.<br />
Receita da<br />
mamma<br />
Os mais tradicionais restaurantes da capital mineira,<br />
o Dona Derna e o Memo Biadi seguem a tradição<br />
secular dos antepassados do chef e proprietário:<br />
manter o alto padrão da culinária <strong>italiana</strong><br />
Belo Horizonte – A rica e universal culinária <strong>italiana</strong> tem em<br />
Belo Horizonte um endereço certo para aqueles que apreciam<br />
a gastronomia mais tradicional do país que popularizou a pasta<br />
em todo o mundo. Inaugurado há 48 anos, o Dona Derna<br />
segue mantendo o mesmo padrão de exigência e qualidade desde que<br />
o restaurante foi montado por Derna Biadi. Ela chegou ao <strong>Brasil</strong> na década<br />
de 1950 e trouxe na bagagem uma importante herança culinária<br />
familiar, que atua no de restaurantes desde 1890.<br />
Seduzido pelos pratos da mamma, Memmo, que chegou ao <strong>Brasil</strong><br />
aos 14 anos, não pensou duas vezes para entrar no ramo. Hoje, comanda<br />
o restaurante montado por sua mãe, que continua a oferecer o<br />
melhor da tradicional culinária <strong>italiana</strong>, e o Memmo Pasta & Pizza, que<br />
funciona na parte de baixo do mesmo imóvel que abriga o Dona Derna<br />
, no coração da Savassi.<br />
O Dona Derna oferece um cardápio mais diversificado, com direito<br />
a pratos, inclusive, da tradicional culinária mineira.<br />
— Eu comecei a me interessar por cozinha ainda na época da fundação<br />
do Dona Derna acompanhando minha mãe na elaboração dos<br />
pratos. Depois, passei a viajar para a Itália e freqüentar os restaurantes<br />
mais famosos da Toscana, onde nasci — conta Memmo.<br />
Ele nunca fez curso de gastronomia. Tudo o que aprendeu foi na<br />
base do intercâmbio com outros chefs. Ele afirma que, no <strong>Brasil</strong> teve<br />
um “ótimo relacionamento” com o chef Bozzetti, quando comandava<br />
o badalado Fasano, em São Paulo.<br />
Mais do que manter o bom nome da famiglia no cenário gastronômico<br />
mineiro, Memmo foi um pioneiro na cidade, responsável pela<br />
criação de muitos restaurantes que hoje são referência em Belo<br />
Horizonte. O mais famoso e hoje sinônimo<br />
da alta culinária mineira é o<br />
Vecchio Sogno, fundado por ele em<br />
1995 e vendido ao seu ex-sócio Ivo<br />
Faria em 2001.<br />
No Dona Derna, Memmo Biadi comanda<br />
uma equipe de 35 funcionários,<br />
entre garçons e cozinheiros. A<br />
casa oferece pratos que nunca saíram<br />
do cardápio e que são uma referência<br />
do restaurante – uma tradição, com<br />
quase 50 anos de história. O ravióli<br />
de cordeiro com fonduta trufada é<br />
um dos carros-chefes, embora Memmo<br />
se recuse a apontar um prato como<br />
o principal.<br />
— É como filho, não consigo escolher<br />
um preferido — compara Memmo Biadi<br />
o<br />
Ravióli de cordeiro com fonduta trufada<br />
Ge r a l d o Cocolo Jr.<br />
Ingrediente: Massa de ravióli: 20 gemas, 5 ovos inteiros e uma dose<br />
de 50 ml de vinho branco, pitadinha de sal e meia colher de azeite.<br />
Modo de fazer: Depois de pronta, a massa é aberta e cortada em<br />
quadrado. Coloca-se o recheio, feito de um ensopado de cordeiro,<br />
que leva alecrim e faz o refogado com o tricolore (aipo, cenoura e cebola).<br />
Refogar com vinho branco, caldo de galinha ou de carne, que<br />
leva também alho poró, aipo, cenoura, cebola e tomate. Cozinhar por<br />
4 ou 5 horas em fogo baixo até soltar a carne do osso. Desfiar a carne<br />
para o recheio. Incluir um pouquinho de farinha de rosca ou de queijo<br />
parmesão para dar liga. Dobrar em triângulo e cozinhar rapidinho<br />
porque a massa fresca cozinha depressa.<br />
Molho: À base de creme de leite, queijo ralado e um pouco de queijo<br />
prato, aromatizado com manteiga de trufa. Fazer uma “cama” com o<br />
molho branco: os raviólis por cima mais o molho de queijo trufado e<br />
completar com o molho de cozimento do cordeiro, jogando-o por cima.<br />
No meio, acrescentar um pouco de espinafre saltado com pinoli<br />
e uva passa. Para acompanhar, um Brunelo, da Toscana.<br />
chef, pai de dois filhos, ambos com interesse em gastronomia. A filha<br />
Paula é casada com o sommelier Guilherme Correia e o filho Enrico ajuda<br />
o pai a administrar o Dona Derna.<br />
Diferentemente da Itália, onde segundo Memmo, a comida ultimamente<br />
está muito light, o Dona Derna oferece a tradicional comida<br />
<strong>italiana</strong> tropicalizada. Isto significa, pratos mais temperados, ao gosto<br />
do brasileiro, apesar de os ingredientes serem os mesmos. Para ele,<br />
o mais importante de um restauranteur é manter o mesmo padrão de<br />
comida ao longo do tempo.<br />
— Quando uma pessoa vai a um restaurante que já conhece, ela<br />
quer experimentar o mesmo sabor. E é isso que minha mãe e eu sempre<br />
nos preocupamos — afirma.<br />
Serviço: Me m o Pa s ta e Dona Derna Ristorante – Rua To m é de So u z a, 1343<br />
Savassi – B.H - Fone (31) 3223-6954<br />
Fotos: Victor Schwaner<br />
60 C o m u n i t à I t a l i a n a / No v e m b r o 2008<br />
N o v e m b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 61
La gente,<br />
il posto<br />
Claudia Monteiro de Castro<br />
Tem gente que adora o desafio de<br />
subir os inúmeros degraus de um<br />
monumento. Tem quem o evite a<br />
todo custo. O mais comum é subir degraus<br />
para chegar às cupulas das igrejas. E depois<br />
de tanta fatiga, ter o prazer de uma vista<br />
maravilhosa, como a da cúpula da Basílica<br />
de São Pedro, em Roma. Mas num interessante<br />
monumento de Orvieto, cidade<br />
pitoresca da Úmbria, os degraus são para<br />
descer, ao invés de subir. É o Pozzo di San<br />
Patrizio, construído por Antonio da Sangallo<br />
entre 1527 e 1537, a pedido do Papa<br />
Clemente VII, para fornecer água em caso<br />
de cerco à cidade. O poço, de 60 metros, é<br />
constituído por duas rampas helicoidais superpostas,<br />
uma que desce e outra que sobe.<br />
Dessa forma, era possível transportar água<br />
sem ter o problema de quem subia esbarrar<br />
Pozzo di San Patrizio<br />
com quem descia. O poço de San Patrizio,<br />
com seus 248 degraus, é um dos cartões<br />
postais de Orvieto.<br />
Tel. 076 3343768<br />
Ingresso: 4,50 euros<br />
Horário de abertura: 9h 18h45<br />
No escurinho do cinema<br />
Sai verão, entra outono e finalmente reabrem os cinemas da cidade.<br />
Durante os meses de julho e agosto a maioria dos cinemas, em<br />
Roma, não funciona. Para compensar os cinéfilos, são montadas<br />
as arenas, ou seja, os cinema ao ar livre em diversos bairros da cidade.<br />
Mesmo assim, dá saudade do escurinho do cinema, das cadeiras confortáveis<br />
e do fresquinho do ar condicionado. No verão, a programação em<br />
exibição é formada por uma seleção de filmes do ano inteiro ou alguns<br />
clássicos. Assim, quando chegam os meses de setembro e outubro, começam<br />
os lançamentos. É tanto filme novo no circuito que acaba não<br />
dando para ver todos, pois é muita novidade chegando junta.<br />
Esse “ciclo” me faz pensar na primeira vez em que fui ao cinema,<br />
no início de minha estadia em Roma, em 2002. O filme era francês, “O<br />
fabuloso mundo de Amélie Poulain”. Na época, estava toda empolgada<br />
em treinar meu francês, ouvir a língua que é<br />
poesia para meus ouvidos, ver Paris no telão<br />
e tudo mais. Escolhi um cinema bem<br />
confortável, o Adriano, um multi-sala,<br />
ex-teatro onde os Beatles tocaram quando<br />
estiveram em Roma nos anos 60.<br />
A empolgação passou assim que<br />
apareceu na tela o bairro de Montmartre,<br />
onde se passa a história do filme e<br />
o narrador começou a falar em... italiano.<br />
Oh, não, pelo amor de Deus!!! Paris,<br />
em italiano! Mon dieu! Pas possible!<br />
Não dá. Cinema é um faz-de-conta,<br />
é entrar na tela como o personagem da<br />
Rosa púrpura do Cairo de Woody Allen!<br />
Ver Paris com narrador em italiano foi<br />
uma verdadeira desilusão. Para coroar minha<br />
decepção, no meio do filme teve um intervalo de cinco minutos,<br />
comum na maioria dos cinemas na Itália.<br />
Quando é possível, dou preferência aos poucos cinemas que exibem<br />
filmes em língua original, como o Metropolitan, o Nuovo Olimpia<br />
ou alguns centros culturais que fazem mostras retrospectivas de<br />
diretores clássicos, como François Truffaut. Mas é bem difícil arrastar<br />
um amigo italiano para ver um filme em qualquer língua que não<br />
seja a dele.<br />
Com o passar dos anos, um pouco me habituei a ver filmes americanos<br />
(espanhóis, japoneses e franceses) em italiano. Existem várias<br />
escolas de dublagem na Itália e os dubladores representam uma categoria<br />
profissional importante no país. Para os brasileiros, acostumados<br />
com filmes em original, não deixa de ser estranho. A coisa mais engraçada<br />
é ver famosos atores americanos<br />
dizendo palavrão em italiano. Surreal.<br />
Ah, e tem mais um detalhe! Alguns<br />
cinemas têm lugares marcados,<br />
ao comprar o ingresso. Origem de uma<br />
série de problemas.<br />
Muitas pessoas, não satisfeitas<br />
com o próprio lugar, acabam querendo<br />
trocar de poltrona pouco antes de<br />
começar o filme. Cinco minutos depois<br />
que o filme começa, chegam os<br />
“atrasildos” e querem se sentar no lugar<br />
que compraram, que já está ocupado.<br />
Começa, então, o maior bate boca.<br />
Um verdadeiro filme dentro do filme.<br />
Até no escurinho do cinema os italianos<br />
gostam de uma boa baderna.<br />
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C o m u n i t à I t a l i a n a / No v e m b r o 2008