Numa revolução social nas favelas do Rio ... - Comunità Italiana
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A mAior mídiA dA comunidAde ítAlo-brAsileirA<br />
<strong>Rio</strong> de Janeiro, agosto de 2007 Ano XIV – Nº 110<br />
Guerrilha<br />
da Paz<br />
<strong>Numa</strong> <strong>revolução</strong> <strong>social</strong><br />
<strong>nas</strong> <strong>favelas</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>,<br />
italianos se apresentam<br />
como fortes alia<strong>do</strong>s na<br />
luta contra a violência<br />
e a miséria. Esta união<br />
tem salva<strong>do</strong> vidas como<br />
a <strong>do</strong> jovem Alan<br />
Reportagem especial em edição bilíngüe<br />
www.comunitaitaliana.com<br />
Brasil-UE: parceria estratégica promove boom comercial<br />
ISSN 1676-3220 R$ 7,90
38<br />
CAPA Uma chance à paz<br />
Em meio à miséria e a violência <strong>nas</strong> <strong>favelas</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>,<br />
uma legião de italianos trava uma verdadeira guerrilha<br />
<strong>do</strong> bem que já tem, inclusive, resgata<strong>do</strong> vidas, não<br />
esquecen<strong>do</strong> <strong>do</strong> mais importante: a solidariedade.<br />
Editorial<br />
Vocação para o amor universal ......................................................08<br />
Cose Nostre<br />
Sardenha se mobiliza e diz não à venda de ilhas protegidas a fim de<br />
preservá-las contra qualquer tipo de construção ............................09<br />
Opinione<br />
Porto Velho, Italia... .......................................................................14<br />
Atualidade<br />
Empresa italiana cria projeto de trem-bala <strong>Rio</strong>-São Paulo que fará<br />
percurso em ape<strong>nas</strong> 85 minutos ................................................................19<br />
34<br />
Comportamento<br />
Mais turbinadas<br />
Italia<strong>nas</strong> trocam carro por<br />
implantes de silicone <strong>nas</strong> mamas<br />
ao pedirem os tradicionais<br />
presentes de formatura<br />
6<br />
Reprodução<br />
44<br />
Cultura<br />
Sabato Magaldi<br />
O crítico teatral revela detalhes de<br />
sua convivência com o amigo Nelson<br />
Rodrigues e questiona a cultura <strong>do</strong><br />
teatro em tempos de neoliberalismo<br />
C o m u n i t à i t a l i a n a / ag o s t o 2007<br />
Bruno de Lima<br />
Bruno de Lima<br />
Economia<br />
Exportações brasileiras para a Itália aumentaram, em volume de<br />
dólares, 16,8% no primeiro trimestre deste ano ............................24<br />
Entrevista<br />
Embaixa<strong>do</strong>r da UE em Brasília, João Pacheco revela a quantas andam<br />
as negociações com o Brasil, o Velho Mun<strong>do</strong> e o Mercosul ................28<br />
Saúde<br />
Normal ou Cesariana? Da<strong>do</strong>s oficiais revelam que a opção depende<br />
menos da vontade da gestante e mais da condição financeira ...........32<br />
Notizie<br />
Governo porterà un beneficio monetario – il “tesoretto” – ai<br />
pensionati che hanno raggiunto i 64 anni e vivono all´estero ..........50<br />
46 52<br />
Divulgação<br />
Urbanismo<br />
EUR<br />
Bairro cria<strong>do</strong> para comemorar a era<br />
Mussolini passa por reformulação<br />
urbanística em Roma e, em quatro<br />
anos, ganhará cara nova<br />
Roberth Trindade<br />
Comunidade<br />
Circo in famiglia<br />
Mario Orfei racconta la<br />
traiettoria di suo padre, Orlan<strong>do</strong>,<br />
e parla di cosa significa <strong>nas</strong>cere<br />
sotto un ten<strong>do</strong>ne
FUNDADA EM MARÇO DE 1994<br />
DIREtOR-PRESIDENtE / EDItOR:<br />
Pietro Domenico Petraglia<br />
(RJ23820JP)<br />
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Editora <strong>Comunità</strong> Ltda.<br />
tIRAGEM: 30.000 exemplares<br />
EStA EDIÇãO FOI CONCLUíDA EM:<br />
21/08/2007 às 12:30h<br />
DIStRIbUIÇãO: brasil e Itália<br />
REDAÇãO E ADMINIStRAÇãO:<br />
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Castro; Ezio Maranesi; Fabio Porta<br />
CORRESPONDENtES: Guilherme Aquino<br />
(Milão); Valquíria Rey (Roma);<br />
Fábio Lino (brasília)<br />
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<strong>Comunità</strong><strong>Italiana</strong> está aberta às contribuições<br />
e pesquisas de estudiosos brasileiros, italianos<br />
e estrangeiros. Os artigos assina<strong>do</strong>s são de<br />
inteira responsabilidade de seus autores, sen<strong>do</strong><br />
assim, não refletem, necessariamente, as<br />
opiniões e conceitos da revista.<br />
La rivista <strong>Comunità</strong><strong>Italiana</strong> è aperta ai<br />
contributi e alle ricerche di studiosi ed esperti<br />
brasiliani, italiani e estranieri. I collaboratori<br />
e sprimono, nella massima libertà, personali<br />
opinioni che non riflettono necessariamente il<br />
pensiero della direzione.<br />
ISSN 1676-3220<br />
Filiato all’Associazione<br />
Stampa <strong>Italiana</strong> in brasile<br />
Na cobertura jornalística<br />
de batalhas<br />
como Monte Castelo,<br />
que marcaram a participação<br />
brasileira na Segunda<br />
Guerra Mundial, Joel Silveira<br />
aprendeu a admirar os italianos,<br />
então no campo adversário.<br />
Concluiu em sua experiência<br />
no front que a Itália havia <strong>nas</strong>ci<strong>do</strong> para amar, não para guerrear. O repórterescritor<br />
morreu em agosto, mas continuam repletas de senti<strong>do</strong> as suas palavras, que<br />
traduzem uma característica atemporal <strong>do</strong> povo italiano. Esta vocação para o amor se<br />
traduz, nos dias de hoje, em um movimento que o desembarga<strong>do</strong>r Siro Darlan, <strong>do</strong> Tribunal<br />
de Justiça <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro, batizou de globalização da solidariedade.<br />
Por conta própria ou como membros de ONGs, igrejas, movimentos sociais – ou<br />
ainda como voluntários de um programa de serviço <strong>social</strong> financia<strong>do</strong> pelo governo<br />
italiano – , os filhos da bota peregrinam pelo mun<strong>do</strong> em busca de oportunidades de<br />
participação em ações de amor ao próximo.<br />
No Brasil, formam fileira numa guerrilha pela paz.<br />
Alia<strong>do</strong>s à população local, integram incansável tropa empenhada<br />
no lento e árduo combate à violência e à miséria. No<br />
<strong>Rio</strong>, alguns decidiram, para melhor cumprir a sua missão <strong>social</strong>,<br />
morar em <strong>favelas</strong>, arriscan<strong>do</strong> até mesmo a vida na linha<br />
de tiro de territórios <strong>do</strong>mina<strong>do</strong>s, há mais de duas décadas,<br />
por quadrilhas de traficantes de drogas.<br />
Num mun<strong>do</strong> progressivamente globaliza<strong>do</strong>, a Itália<br />
tem estreita<strong>do</strong> as suas relações com o Brasil não somente<br />
no campo <strong>social</strong>. Também o intercâmbio comercial entre os<br />
<strong>do</strong>is países, depois de um perío<strong>do</strong> de estagnação na déca-<br />
da de 90, vive um boom favoreci<strong>do</strong> pela recente elevação<br />
<strong>do</strong> país sul-americano ao status de parceiro estratégico da<br />
União Européia. Nesta edição, o novo diretor <strong>do</strong> Instituto<br />
Pietro Petraglia<br />
Editor<br />
Italiano de Comércio Exterior (ICE-São Paulo), Giovanni Sacchi, apresenta detalha<strong>do</strong><br />
panorama <strong>do</strong> fluxo comercial Brasil Itália neste início de século e faz os seus prognósticos.<br />
As oportunidades que se vislumbram diante <strong>do</strong> novo contexto <strong>do</strong> relacionamento<br />
Brasil-UE motivaram o governa<strong>do</strong>r Sérgio Cabral a liderar uma missão na Itália,<br />
programada para setembro próximo, com cerca de 200 empresários e autoridades <strong>do</strong>s<br />
diversos setores econômicos fluminenses. Deste mo<strong>do</strong>, o <strong>Rio</strong> sai na frente de outros<br />
esta<strong>do</strong>s na disputa por investimentos italianos, como, por exemplo, <strong>nas</strong> futuras obras<br />
de instalação da via férrea por onde deverá circular o trem-bala <strong>Rio</strong>-SP.<br />
O potencial de expansão dessa relação bilateral não tem limite. Na entrevista<br />
pingue-pongue desta edição, o embaixa<strong>do</strong>r da UE no Brasil, o português João Pacheco,<br />
dá uma senhora aula sobre os primeiros efeitos perceptíveis dessa parceria, não<br />
só no incremento <strong>do</strong> comércio exterior. Também demonstra a sua fé no resulta<strong>do</strong> da<br />
busca conjunta por saídas para um desenvolvimento sustentável, menos agressivo ao<br />
meio ambiente e mais igualitário – onde não haja tanta desigualdade <strong>social</strong> a ameaçar<br />
vidas como a <strong>do</strong> jovem como Alan, mora<strong>do</strong>r de uma favela de Copacabana. Aos 16,<br />
o jovem chegou a ser alicia<strong>do</strong> pelo tráfico de drogas, mas foi salvo da violência por<br />
um gesto simples de amizade: ganhou de um correspondente de guerra italiano uma<br />
bola de basquete. O presente fez Alan acreditar no sonho de se tornar um joga<strong>do</strong>r de<br />
basquete profissional. Ponto para a força aliada ítalo-brasileira em ação na guerrilha<br />
da paz.<br />
Boa leitura!<br />
editorial<br />
entretenimento com cultura e informação<br />
Yoko no vinho<br />
A<br />
Só ganha magrinho<br />
Homens devem perder quatro quilos e as mulheres três. Como prêmio:<br />
50 euros. O concurso de emagrecimento foi iniciativa <strong>do</strong><br />
prefeito da cidade de Varallo, Gianluca buonanno. Cem euros serão destina<strong>do</strong>s<br />
aos que conseguirem manter o peso reduzi<strong>do</strong> nos cinco meses<br />
subseqüentes. Varallo tem 7.500 habitantes. buonanno quer baixar estatística<br />
segun<strong>do</strong> a qual 35% da população da UE está acima <strong>do</strong> peso.<br />
Sardenha:<br />
mobilização<br />
contra venda<br />
de ilhas<br />
A<br />
região da Sardenha decidiu<br />
se mobilizar e dizer<br />
não à venda de algumas<br />
ilhas protegidas. Segun<strong>do</strong> o<br />
presidente da região autônoma<br />
italiana, Renato Soru,<br />
o governo sar<strong>do</strong> se propôs a<br />
comprar as ilhas de Mal di<br />
Ventre (em frente ao golfo<br />
de Oristano, na costa centro<br />
oriental) e de budelli (na<br />
costa norte em frente a La<br />
Maddalena), ambas em área<br />
de proteção ambiental. Assim,<br />
os locais estariam preserva<strong>do</strong>s<br />
contra qualquer<br />
forma de construção e poderiam<br />
ser alvo de tutela<br />
concreta e contínua de seu<br />
ecossistema.<br />
artista japonesa Yoko Ono,<br />
viúva <strong>do</strong> célebre beatle John<br />
Lennon, desenhou um rótulo especial<br />
para a vinícola italiana Nittardi<br />
di Castellina, localizada na<br />
região <strong>do</strong> Chianti, centro-norte da<br />
Itália. O material vai revestir uma<br />
série limitada de três mil garrafas<br />
<strong>do</strong> vinho Chianti Classico Casanuova<br />
de Nittardi, safra de 2005.<br />
Veneza sem pombos<br />
O<br />
s monumentos históricos e os palácios de Veneza são diariamente<br />
“agredi<strong>do</strong>s” à bicada por uma verdadeira “invasão”<br />
de pombos na cidade <strong>do</strong>s canais. A denúncia foi feita<br />
pela Superintendência Arqueológica. As autoridades acreditam<br />
que a principal medida será afastar da Praça de São Marcos os<br />
vende<strong>do</strong>res de milho. Seria o fim às tradicionais fotos tiradas<br />
em meio aos pombos? Quem viver, verá.<br />
COSE NOSTRE<br />
Procura-se<br />
Mais um atrativo em Veneza. Agora, além das tradicionais<br />
gôn<strong>do</strong>las, o turista poderá visualizar o arco central da<br />
ponte, ainda sem nome, desenhada pelo arquiteto espanhol Santiago<br />
Calatrava. A via unirá a estação ferroviária de Santa Lucia<br />
à Praça Roma. Mas há quem fiquei indigna<strong>do</strong> com a obra: “Quatorze<br />
milhões de euros na água”, “Dinheiro triplica<strong>do</strong>, dinheiro<br />
desperdiça<strong>do</strong>”, diziam alguns opositores no último dia 7, quan<strong>do</strong><br />
a arcada central foi transportada pelo grande canal de Veneza e<br />
levada à Praça.<br />
Italiano?<br />
O<br />
traficante colombiano Juan Carlos Ramírez Abadía posava<br />
como “um respeitável cidadão italiano” em São Paulo<br />
até ser preso no con<strong>do</strong>mínio de luxo onde morava. ‘Chupeta’,<br />
como é conheci<strong>do</strong> em seu país, chama-se na verdade Marcelo<br />
Javier Unzue. Acusa<strong>do</strong> por crimes de narcotráfico e de<br />
lavagem de dinheiro, também é aponta<strong>do</strong> como mandante de<br />
pelo menos 300 assassinatos ao longo de 22 anos de carreira<br />
criminosa.<br />
Julio Vanni<br />
As baleias sofrem com ruí<strong>do</strong> excessivo no mar. Por este motivo,<br />
no ano de 2002, elas desapareceram por completo <strong>do</strong><br />
Mar da Ligúria, costa noroeste da Itália, segun<strong>do</strong> estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> Instituto<br />
Central para a Investigação Cientifica e tecnológica Aplicada<br />
ao Mar (Icram). O barulho de obras realizadas a mais de 200<br />
km de distância, próximo a Saint tropez, na Costa Azul francesa,<br />
levou as baleias a desaparecer.<br />
Fórum cultural<br />
Ansa<br />
Pesar<br />
Correspondente durante<br />
nove meses, pelos Diários<br />
Associa<strong>do</strong>s, da campanha<br />
da Força Expedicionária<br />
brasileira (Feb) na Itália, na<br />
Segunda Guerra, o alagoano<br />
Joel Silveira morreu, no dia<br />
15 deste mês, aos 88 anos,<br />
no seu apartamento em Copacabana,<br />
no <strong>Rio</strong>. ícone<br />
<strong>do</strong> jornalismo no país e no<br />
mun<strong>do</strong>, ele fez a última entrevista<br />
com o então presidente<br />
da República Getúlio<br />
Vargas, 15 dias antes deste<br />
se suicidar, Silveira também<br />
se tornou escritor de reconheci<strong>do</strong><br />
talento. Ficaram famosos<br />
os seus contos basea<strong>do</strong>s<br />
em histórias reais. Sofria<br />
de câncer na próstata.<br />
Rua “gay”<br />
O<br />
principal grupo de defesa<br />
<strong>do</strong>s direitos <strong>do</strong>s homossexuais<br />
na Itália, Arcigay, batizou a<br />
via San Giovani in Laterno, próxima<br />
ao Coliseu, de “Rua Gay”,<br />
É que vários estabelecimentos<br />
freqüenta<strong>do</strong>s por homossexuais<br />
abriram as portas na rua a partir<br />
de 2001, em uma cidade européia<br />
que ainda não tinha um<br />
reduto gay, como outras metrópoles.<br />
A iniciativa foi motivada<br />
pela prisão de um casal homossexual<br />
na rua.<br />
Nápoles vai sediar o Fórum Universal da Cultura de 2013,<br />
graças ao empenho <strong>do</strong> governo, que destinou cinco milhões<br />
de euros para o evento. O objetivo: desenvolver o diálogo<br />
entre os povos e propor modelos de convivência, de desenvolvimento<br />
sustentável e de condições para a paz. No Fórum, com<br />
duração de 90 dias, são espera<strong>do</strong>s 2,5 a 5 milhões de visitantes<br />
na cidade italiana.<br />
8 C o m u n i t à i t a l i a n a / ag o s t o 2007<br />
a g o s t o 2007 / Co m u n i t à i t a l i a n a 9
opinião serviço<br />
frases<br />
“Darei rapidamente autorização a<br />
minha chefe de Polícia para que seja<br />
feita uma limpeza étnica <strong>do</strong>s gays. Eles<br />
devem ir para outras capitais de regiões<br />
dispostas a aceitá-los. Aqui em Treviso<br />
não há nenhuma possibilidade para<br />
gays e similares”,<br />
Giancarlo Gentilini, vice-prefeito de<br />
Treviso, no nordeste da Itália ao descobrir<br />
que um estacionamento da cidade tinha<br />
si<strong>do</strong> transforma<strong>do</strong> em ponto de encontro e<br />
troca de casais.<br />
“ Mi spiace perché a questa maglia ho<br />
sempre tenuto, ma fisicamente non<br />
riesco più a fare tutte queste partite.<br />
Personalmente cre<strong>do</strong> che con maggior<br />
riposo il mio rendimento possa essere<br />
ancora buono nel tempo”,<br />
alessandro nesta, giocatore, sulla<br />
decisione di ritirarsi dalla nazionale nella<br />
quale ha lasciato però aperto un piccolo<br />
spiraglio pensan<strong>do</strong> al prossimo Mondiale.<br />
enquete<br />
“Sono single da un anno e per la<br />
prima volta nella mia vita non la<br />
vivo come una frustrazione. Sono<br />
serena perché la mia felicità non è<br />
più nelle mani di un uomo”,<br />
Manuela arcuri, attrice, una delle<br />
<strong>do</strong>nne più ammirate e corteggiate<br />
d´Italia al parlare della sua<br />
“singletudine” beata e spensierata.<br />
“Esta será a última experiência<br />
de Romano. Quan<strong>do</strong> estava em<br />
Bruxelas, sempre tinha quem,<br />
como os ingleses, o criticasse<br />
pela sua linha política. No<br />
Palácio Chigi, em Roma, ao<br />
contrário, to<strong>do</strong> dia existe um<br />
problema novo, e nunca é<br />
aquele que, de manhã, você<br />
havia planeja<strong>do</strong> enfrentá-lo”,<br />
Flavia Prodi, esposa <strong>do</strong> primeiroministro<br />
italiano, em uma<br />
entrevista à imprensa italiana.<br />
Você tem me<strong>do</strong> de viajar de avião no brasil?<br />
Não - 56,3%<br />
Sim - 43,8%<br />
Enquete apresentada no site www.comunitaitaliana.com<br />
entre os dias 20 e 23 de julho.<br />
Você acha que a “rua gay”, em Roma, pode<br />
virar um ponto turístico?<br />
Sim - 69,2%<br />
Não - 30,8%<br />
Enquete apresentada no site www.comunitaitaliana.com<br />
entre os dias 3 e 6 de agosto.<br />
ERRATA: Diferentemente <strong>do</strong> que foi publica<strong>do</strong> na seção Sapori D´Italia, na última edição, o restaurante D´Amici<br />
fica na Rua Antônio Vieira, 18 , no Leme, <strong>Rio</strong> de Janeiro. O telefone é 2541-4477.<br />
Fotos: Divulgação<br />
agenda cultural<br />
Da Vi n c i in <strong>Rio</strong> – A Casa Françabrasil,<br />
no <strong>Rio</strong> de Janeiro, abriga<br />
110 peças que oferecem um<br />
panorama das áreas de estu<strong>do</strong><br />
de Leonar<strong>do</strong> da Vinci. Leonar<strong>do</strong><br />
da Vinci - A Exibição de um<br />
Gênio está dividida em 13 segmentos<br />
e traz reproduções, em<br />
tamanho original, das suas principais<br />
criações. Elas foram feitas<br />
na Itália, usan<strong>do</strong> técnicas e materiais<br />
que o artista teria usa<strong>do</strong><br />
no século 15. Endereço: Rua Visconde<br />
de Itaboraí, 78, Centro.<br />
Até 9 de setembro, das 8h30 às<br />
20h30, de segunda a <strong>do</strong>mingo.<br />
Ingressos a R$ 30 e R$ 15 (meia<br />
na estante<br />
Os “Lenzi” de Samone. O livro<br />
de Mauro Lenzi narra a história<br />
de quatro irmãos (Pietro Giuseppe,<br />
Damiano Gervasio, Ângelo<br />
e Zaccaria) que deixaram trentino,<br />
em 1875, para se aventurarem<br />
em terras brasileiras,<br />
atraí<strong>do</strong>s pelas promessas <strong>do</strong><br />
El<strong>do</strong>ra<strong>do</strong>. O leitor pode acompanhar<br />
desde o contexto sócioeconômico<br />
da região natal <strong>do</strong>s<br />
Lenzi até a realidade atual <strong>do</strong><br />
clã. O<strong>do</strong>rizzi Editora Gráfica,<br />
581 págs. Preço sob consulta.<br />
cartas<br />
entrada). Mais informações, no<br />
site www.exposicaoleonar<strong>do</strong>davinci.com.br,<br />
ou pelos telefones<br />
(21) 2156-7300 (de segunda a<br />
sexta, das 10h às 19h) e 0300-<br />
789-6846 (to<strong>do</strong>s os dias, das 9h<br />
às 21h).<br />
10º FestiVal D e Pizza (es) – Distante<br />
103 quilômetros de Vitória,<br />
Venda Nova <strong>do</strong> Imigrante<br />
prepara um festival de pizza para<br />
os dias 1º e 2 de setembro.<br />
Na comunidade de São José de<br />
Alto Viçosa, haverá degustação<br />
da massa nos seus mais diversos<br />
sabores. Informações: (28)<br />
3546-1434.<br />
Garibaldi: A cidade e o herói.<br />
Se a bibliografia existente sobre<br />
Giuseppe Garibaldi, Herói de Dois<br />
Mun<strong>do</strong>s, talvez não dê conta da<br />
importância <strong>do</strong> seu trabalho como<br />
guerreiro e articula<strong>do</strong>r político<br />
na América, especialmente<br />
no <strong>Rio</strong> Grande <strong>do</strong> Sul, o livro de<br />
Elenita Girondi Koof e Elma Santana<br />
estabelece a relação entre o<br />
herói e a cidade que leva o seu<br />
nome, desde os primórdios da colonização<br />
<strong>do</strong> município, por Conde<br />
D’Eu (entre 1870/1900) até os<br />
dias atuais. Editora, número de<br />
pági<strong>nas</strong> e preço sob consulta.<br />
ive o privilégio de renovar minha assinatura com o maior or-<br />
“Tgulho, pois a Revista <strong>Comunità</strong> <strong>Italiana</strong>, ao meu ver, é a mais<br />
resumida e com reportagens diversas de alto nível. Com certeza terei<br />
a satisfação de receber sim, por mais um ano, essa preciosa revista”.<br />
CaRlos alBeRto tavolaRo,<br />
São Sebastião, SP — por e-mail<br />
La traviata (PR) – A ópera de<br />
Giuseppe Verdi traz a soprano<br />
italiana Luiza Giannini como<br />
Violeta e as mezzo sopra<strong>nas</strong><br />
curitiba<strong>nas</strong> Diana Daniel (Flora)<br />
e Ariadne Oliveira (Annina). A<br />
obra é baseada na história real<br />
da prostituta Marie Duplessis,<br />
musa da alta sociedade parisiense<br />
na década de 1840. Até<br />
26 de agosto. Local: teatro Guaíra,<br />
Rua 15 de Novembro, 971,<br />
Curitiba. Informações: (41)<br />
3304-7900<br />
PaR a a c R i a n ç a Da (sP) – O personagem<br />
mais mentiroso <strong>do</strong>s contos<br />
de fadas ganha vida graças à<br />
click <strong>do</strong> leitor<br />
manipulação da companhia bonequeira<br />
teatro Por um triz. Pinóquio<br />
etc. e tal, é a versão de<br />
Márcia Nunes e Péricles Raggio<br />
para a história de Carlo Collodi.<br />
Na trama, os atores são funcionários<br />
de uma desocupada marcenaria<br />
e recebem a incumbência<br />
de construir o tal boneco.<br />
Com ferramentas e muita criatividade,<br />
o grupo cria to<strong>do</strong>s os<br />
personagens da peça. Local: teatro<br />
<strong>do</strong> Sesc Pompéia, Rua Clélia,<br />
93, Pompéia. Até 7 de setembro.<br />
Sába<strong>do</strong>, 13h30; <strong>do</strong>mingo, 12h.<br />
Ingressos a R$ 6,00. Informações:<br />
(11) 3871-7700.<br />
Minha família retornou às suas origens num maravilhoso passei<br />
à Itália. Voltamos a treviso, no Vêneto. Iniciamos o percurso<br />
por Milão, fomos até Nápoles e Pompéia. A Itália está linda e rica! Na<br />
foto, a bela Galeria Vittorio Emanuele, em Milão. Um espetáculo!<br />
José Carlos Busanello - <strong>Rio</strong> de Janeiro, RJ - por e-mail<br />
Mande sua foto comentada para esta coluna<br />
pelo e-mail: redacao@comunitaitaliana.com.br<br />
chei o máximo a forma como foi aborda<strong>do</strong> o tema sobre o<br />
“APan na última edição, 109. Mostrar a participação italiana<br />
dentro de um evento como aquele foi surpreendente. Eu nem imaginava<br />
que isso era possível”<br />
BIanCa Mattoso,<br />
<strong>Rio</strong> de Janeiro, RJ — por e-mail<br />
10 C o m u n i t à i t a l i a n a / ag o s t o 2007<br />
a g o s t o 2007 / Co m u n i t à i t a l i a n a 11<br />
Arquivo pessoal
Divulgação<br />
opinione opinione<br />
Problemi e speranze<br />
per <strong>Rio</strong> de Janeiro<br />
Il pensiero dell’economista André Urani<br />
umana dell’ultimo<br />
secolo, consentita<br />
dal progresso delle<br />
L’evoluzione<br />
scienze e tecnologie, ha<br />
portato - con ritmi crescenti e<br />
vertiginosi - all’aumento della<br />
popolazione per la progressiva<br />
riduzione dell’indice di mortalità<br />
e ad un processo di accelerata<br />
urbanizzazione motivato<br />
dalla graduale meccanizzazione<br />
dell’agricoltura e dalla necessità<br />
di concentrare masse proletarie<br />
per le nuove produzioni industriali,<br />
costruzioni, servizi.<br />
Quanto è avvenuto in brasile,<br />
dal mio arrivo nel 1964, è sintomatico.<br />
Il Paese contava allora su<br />
di un 70 milioni di abitanti, metà<br />
cittadini e metà contadini. Ora la<br />
popolazione viene stimata in 190<br />
milioni e tutto l’eccesso di circa<br />
120 milioni del perio<strong>do</strong> di poco<br />
più di 40 anni, si è riversato sulle<br />
città con effetti dirompenti.<br />
Mio figlio André Urani è un conosciuto<br />
e cre<strong>do</strong> apprezzato economista<br />
internazionale, professo-<br />
re all’Università Federale di RJ,<br />
con un vasto curriculum di studi,<br />
pubblicazioni, lavori, consulenze<br />
ed una parentesi politica di alcuni<br />
anni. I suoi molteplici interessi<br />
si sono da sempre rivolti alle aree<br />
della razionalizzazione del lavoro,<br />
distribuzione dei redditi, organizzazione<br />
e collaborazione della<br />
società e, da qualche tempo, anche<br />
alle complesse tematiche che<br />
presentano alcune grandi metropoli<br />
latino-americane cresciute<br />
a dismisura specie in funzione<br />
industriale e poi entrate in crisi<br />
per globalizzazione, intasamento,<br />
violenza, inquinamento (Città del<br />
Messico, San Paolo, buenos Aires,<br />
<strong>Rio</strong> de Janeiro, bogotà, Caracas).<br />
Fenomeni questi universali ed affrontati<br />
con esito in varie città<br />
nord-americane ed europee, quali<br />
New York, Chicago, barcellona,<br />
Lisbona e – in Italia – Milano e<br />
torino, con soluzioni che André<br />
ha avuto mo<strong>do</strong> di studiare in loco<br />
nella sua vita movimentata.<br />
Il suo interesse appassionato<br />
si è da qualche tempo concentrato<br />
su <strong>Rio</strong> de Janeiro, <strong>do</strong>ve risiede<br />
da ormai 30 anni, facen<strong>do</strong>si portavoce<br />
- attraverso i mezzi di comunicazione,<br />
il suo Istituto di<br />
studi economici IEtS, congressi,<br />
pubblicazioni - che<br />
starebbero maturan<strong>do</strong> i<br />
tempi per una possibile<br />
ripresa di questa città,<br />
<strong>do</strong>po ormai quasi 50 anni<br />
di sofferenze iniziate con<br />
lo spostamento della capitale<br />
federale a brasilia e via<br />
via acuite da aumento della<br />
popolazione, speculazione<br />
immobiliare, smantellamento<br />
industriale, processo di favelizzazione,<br />
violenza, incompetenza<br />
governativa, derivan<strong>do</strong>ne un PIL<br />
fermo dall’epoca della fusione,<br />
un indice di disoccupazione<br />
elevatissimo del<br />
13%, insoddisfacenti<br />
livelli scolastici dei giovani, difficoltà<br />
di reperire a tutti i livelli<br />
lavoro equamente remunerato,<br />
indici turistici del tutto insoddisfacenti.<br />
Preso atto dell’attuale scoraggiante<br />
situazione, si tratta –<br />
dice André - di mobilitare Governi,<br />
Enti, Associazioni, privati ed<br />
opinione pubblica per reagire.<br />
Innanzitutto, da circa un decennio,<br />
il cespite extra più significativo<br />
per lo Stato di <strong>Rio</strong> de Janeiro<br />
è costituito dalle royalties<br />
del petrolio che viene estratto in<br />
gran parte dal bacino marittimo<br />
di Campos: 26 miliardi di Reais<br />
negli ultimi 7 anni (10 miliardi),<br />
in gran parte sprecato da amministrazioni<br />
pubbliche inefficienti.<br />
Ora, con il Governo Cabral, pare<br />
stia <strong>nas</strong>cen<strong>do</strong> un nuovo spirito<br />
pubblico ed imprenditoriale ed<br />
André ha trovato un vali<strong>do</strong> interlocutore<br />
nel Segretario dello Sviluppo<br />
Economico, Julio bueno.<br />
Inoltre, il Governo federale<br />
pare si stia finalmente sensibilizzan<strong>do</strong><br />
con le problematiche dello<br />
Stato di <strong>Rio</strong> ed ha programmato<br />
nel prossimo quinquennio<br />
investimenti per R$ 110 miliardi<br />
(44 miliardi) costituiti dalla<br />
centrale nucleare Angra 3, catene<br />
produttive del petrolio e settore<br />
gaschimico, infrastruttura,<br />
siderurgiche, cellulosa. Si tratta<br />
di industrie tradizionali che generano<br />
pochi impieghi, ma da<br />
cui potranno scaturire risorse per<br />
rinforzare o generare attività moderne,<br />
quali tecnologia dell’informazione<br />
e audiovisuale, assicurazioni,<br />
servizi, turismo, ricerca,<br />
industrie di elevata tecnologia.<br />
Ma la condizione basica per<br />
potere invertire la rotta è affrontare<br />
e risolvere il problema fondamentale<br />
della sicurezza che<br />
- specie nella metropoli di <strong>Rio</strong> -<br />
è estremamente critico, mediante<br />
interventi <strong>social</strong>i profondi e<br />
con l’efficiente azione delle forze<br />
Fr a n c o Ur a n i<br />
dell’ordine. I recenti programmi<br />
di integrazione di alcune grandi<br />
<strong>favelas</strong> ed i decisi interventi della<br />
polizia contro le organizzazioni<br />
criminali che controllano il traffico<br />
di droga fanno bene sperare.<br />
Occorre poi, dice André sulla<br />
falsariga di quanto già si sta facen<strong>do</strong><br />
altrove e specie a barcellona,<br />
costituire nuovi meccanismi<br />
per portare avanti i piani di lungo<br />
termine che si ren<strong>do</strong>no necessari<br />
per affrontare temi complessi,<br />
quali il risanamento della baia di<br />
Guanabara, la rivitalizzazione dei<br />
sobborghi, l’assorbimento urbanistico,<br />
<strong>social</strong>e ed economico delle<br />
<strong>favelas</strong> dal tessuto cittadino, la<br />
riduzione dell’informalità, la disoccupazione,<br />
il sistema stradale,<br />
le ferrovie, i programmi culturali<br />
e turistici. Sarebbe appunto<br />
in questi meccanismi che si <strong>do</strong>vrebbero<br />
cristallizzare alleanze<br />
di diverso tipo tra i vari livelli<br />
di governo e l’iniziativa privata,<br />
crean<strong>do</strong>si specifiche istituzioni<br />
di interesse pubblico ma private,<br />
non solo per attrarre le indispensabili<br />
risorse per gli investimenti,<br />
ma anche e soprattutto perché<br />
le iniziative possano sopravvivere<br />
agli inevitabili cicli politici.<br />
Un lavoro appassionante di<br />
fantasia, inventiva, coordinamento,<br />
contatti internazionali che,<br />
come già avvenuto in altre metropoli,<br />
potrebbe essere favorito dallo<br />
spirito delle attuali olimpiadi<br />
panamericane, in quanto stimolano<br />
la sincronizzazione delle agende<br />
dei diversi attori, spingen<strong>do</strong>li<br />
a “giocare insieme”, così come<br />
avvenuto a barcellona e torino.<br />
E si tratterebbe di una redenzione<br />
più che mai necessaria, anche<br />
perché <strong>Rio</strong>, nonostante tutto,<br />
rimane pur sempre “una città meravigliosa”,<br />
unica, con la sua natura<br />
ineguagliabile ed il suo Cristo<br />
– ora riconosciuto tra le nuove 7<br />
meraviglie del mon<strong>do</strong> – che svetta<br />
e benedice dal Corcova<strong>do</strong>.<br />
L’abbiamo persa?<br />
Povera Alitalia, di <strong>do</strong>lore ostello, nave senza nocchiero in gran tempesta,<br />
... scriveva, pressappoco, Dante.<br />
Aggiungeva poi un giudizio durissimo,<br />
che sarebbe confacente.<br />
Per il rispetto che si deve ai moribondi,<br />
glissiamo. Il nostro premier,<br />
esperiente in svendite del<br />
patrimonio pubblico, questa volta<br />
ha fatto il duro: all’asta per la<br />
vendita del pacchetto Alitalia in<br />
mano al governo si sono presentati<br />
molti concorrenti che, prima<br />
del battere del martello, si sono<br />
squagliati come neve al sole, dichiaran<strong>do</strong><br />
che le condizioni imposte<br />
dal governo e dai sindacati<br />
avrebbero reso impossibile il risanamento<br />
dell’azienda. Anche<br />
un bambino l’avrebbe capito. E<br />
nessuno, a questo mon<strong>do</strong>, salvo<br />
il potere pubblico, getta i soldi<br />
dalla finestra.<br />
I bilanci degli ultimi anni<br />
sono tutti in perdita. Dal 2003<br />
al 2006 Alitalia ha perso oltre<br />
2.1 miliardi di euro. Cattiva gestione?<br />
È la causa principale. I<br />
managers della cosa pubblica<br />
non si sono mai distinti in sagacia<br />
amministrativa. Sono molto<br />
più abili nella danza delle poltrone.<br />
Giancarlo Cimoli nel 1995<br />
ricevette da Prodi l’incarico di<br />
“”It ut luptat,<br />
quisiscin erci<br />
tatio ea consed<br />
ecte <strong>do</strong>lorting<br />
et nos eraessed<br />
dunt lut nos dions<br />
exercilla feugiat<br />
nons nim ad<br />
eliquat. Duissim<br />
vulla con vullan<br />
utem zzrilisi.<br />
Ommo<strong>do</strong>lutat<br />
risanare le ferrovie. Non ci riuscí.<br />
Fu premiato con 6,7 milioni<br />
di euro di buonuscita. Nel 2005<br />
Cimoli prese il timone di Alitalia.<br />
Si è dimesso a febbraio del<br />
2007 e ha incassato, secon<strong>do</strong> le<br />
cronache, 8 milioni di euro. Era<br />
il premio per aver perso 625 milioni<br />
di euro nel 2006. Come stipendio<br />
incassava 190 mila euro/<br />
mese, contro i 64, 45 e 29 dei<br />
suoi pari gra<strong>do</strong> di british, KLM<br />
e AirFrance, imprese floride. Una<br />
folta corte di pessimi consiglieri<br />
troppo pagati, cooptati per meriti<br />
politici, l’hanno aiutato ad<br />
appiedare la nostra impresa aerea.<br />
Un’impresa privata l’avrebbe<br />
spedito in Siberia. Noi lo ab-<br />
Grupo Keystone<br />
biamo premiato. Ma i politici<br />
spen<strong>do</strong>no i soldi nostri, e non<br />
i loro.<br />
Ci sono altre cause: lo stipendio<br />
medio dei dipendenti<br />
Alitalia è del 30% superiore<br />
a quello di altre compagnie, la<br />
flotta ha una vita media di oltre<br />
10 anni, i consumi di materiali e<br />
servizi hanno superato nel 2006<br />
l’80% dei ricavi. È un incredibile<br />
pessimo indice; si spende troppo<br />
e male. Cimoli non poteva<br />
fare il miracolo di rattoppare le<br />
colpe degli amministratori che<br />
l’hanno preceduto. Responsabilità<br />
pesanti sono da attribuire<br />
ai sindacati, minuscoli e prepotenti<br />
che, giorno sì, giorno no,<br />
Ezio MaranEsi<br />
indicono lo sciopero, lascian<strong>do</strong><br />
a piedi coloro che pagano il loro<br />
stipendio e infieren<strong>do</strong>, come<br />
Maramal<strong>do</strong>, su una compagnia<br />
già allo stremo. Nel 2004 i voli<br />
cancellati per sciopero sono<br />
stati 2848; Alitalia ha perso in<br />
quell’anno 858 milioni di euro.<br />
Sono sicuri i nostri paladini di<br />
aver fatto gli interessi dei dipendenti?<br />
I dipendenti Alitalia, più vittime<br />
che colpevoli, hanno assimilato<br />
la cultura, diffusa nelle<br />
imprese pubbliche, per cui efficienza<br />
e equilibrio dei conti non<br />
sono importanti. Mancano soldi?<br />
Ci pensano i contribuenti, cioè<br />
noi. Ora siamo al terminal, soldi<br />
non ce ne sono più. Le norme comunitarie<br />
non permetterebbero<br />
di soccorrere, ancora una volta,<br />
la compagnia dalla bandiera ormai<br />
ammainata.<br />
Il ministro Di Pietro sostiene<br />
che l’unica soluzione è il fallimento.<br />
Swissair <strong>do</strong>cet: <strong>do</strong>po<br />
il fallimento è rifiorita in poco<br />
tempo. Il costo <strong>social</strong>e sarebbe<br />
elevato, ma il settore aereo cresce<br />
e chi ha voglia di lavorare<br />
tornerebbe a fare il suo mestiere<br />
in un’altra compagnia. Altri ministri<br />
vogliono negoziare; <strong>do</strong>po<br />
l’asta fallita negoziare significa<br />
svendere, le condizioni le farà<br />
il compratore. Gli acquirenti ci<br />
sono, perché Alitalia ha i suoi<br />
“tesoretti”: i diritti sulle sue<br />
linee internazionali e il mercato<br />
interno. AirFrance dichiara<br />
che Alitalia non le interessa,<br />
ma l’attrae l’idea di formare<br />
una forte compagnia europea.<br />
E attrarrebbe anche noi se Alitalia<br />
potesse sedere al tavolo<br />
della sala e non a quello della<br />
cucina. Air One potrebbe creare<br />
una efficiente impresa italiana,<br />
e farebbe piacere a tutti.<br />
Il governo, incapace di decidere,<br />
prende tempo. Ora tutti al<br />
mare. Alitalia getta alle ortiche<br />
1,5 milioni di euro al giorno. Ma<br />
a chi importa; tanto sono soldi<br />
nostri.<br />
12 C o m u n i t à i t a l i a n a / ag o s t o 2007<br />
a g o s t o 2007 / Co m u n i t à i t a l i a n a 13
opinione<br />
Porto Velho, Italia...<br />
Quan<strong>do</strong> il volontariato e la cooperazione sono la nostra vera bandiera<br />
Se c’è una cosa della quale<br />
gli italiani possono essere<br />
orgogliosi, e non per<br />
motivi di carattere più o<br />
meno retorico (la migliore pizza,<br />
il più grande museo a cielo aperto…),<br />
questa è la “generosità”.<br />
Sí, l’altruismo, la bontà d’animo,<br />
la solidarietà con chi soffre<br />
ed è meno fortunato di noi: tutti<br />
valori semplici ma chiari, tangibili<br />
e non aleatori.<br />
tutti gli indicatori normalmente<br />
utilizzati per “misurare”<br />
il livello di generosità, ossia la<br />
quantità di tempo – oltre che di<br />
denaro – destinata dagli italiani<br />
ad attività di volontariato ed a<br />
qualche titolo legati ad esperienze<br />
di solidarietà, mettono l’Italia<br />
in testa all’ideale classifica dei<br />
“buoni del mon<strong>do</strong>”.<br />
È un dato consolidato la crescita<br />
esponenziale del fenomeno<br />
del volontariato in questi ultimi<br />
anni in Italia, come anche<br />
l’espansione della rete del terzo<br />
settore italiano anche all’estero.<br />
tutti fenomeni e comportamenti<br />
che ben conosciamo, noi,<br />
italiani in Sudamerica.<br />
Ne ho avuto una riprova proprio<br />
in questi giorni, recan<strong>do</strong>mi<br />
(non era la prima volta) a Porto<br />
Velho, una delle meno note capitali<br />
di uno degli Stati della Repubblica<br />
Federale del brasile, la Ron<strong>do</strong>nia.<br />
È proprio qui, a Porto Velho,<br />
in piena foresta amazzonica, in<br />
una delle città più povere e violente<br />
del brasile, che il fenomeno<br />
della solidarietà italiana all’estero<br />
si presenta e si esprime in una<br />
maniera bella e prorompente.<br />
Forse proprio la distanza<br />
dall’Italia, 18 mila chilometri<br />
(!), rende ancora più nitida ed<br />
evidente questa esperienza, anzi<br />
queste esperienze.<br />
Sì, perché si tratta di esperienze<br />
al plurale, ed è difficile<br />
dare a qualcuno questo ideale<br />
“Oscar” delle buone azioni.<br />
È a Porto Velho che vivono<br />
alcuni eroi, troppo volte dimenticati<br />
ma senza dubbio emblematici:<br />
parlo di Padre Marcello bertolusso,<br />
il salesiano che da solo<br />
coordina una gigantesca struttura<br />
di solidarietà, fatta di officine<br />
di falegnameria, artigianato,<br />
confezioni e computer, tanti<br />
computer ottenuti (udite, udite…)<br />
anche dal plurimilionario<br />
bill Gates e dalla sua fondazione;<br />
solo la forza, la tenacia e la<br />
credibilità di Padre Marcello potevano<br />
arrivare a tanto, e oggi<br />
Nara Vieira da Silva<br />
l’ISMA (Istituto Salesiano Missionario)<br />
di Porto Velho è la maggiore<br />
struttura di sostegno a favore<br />
degli a<strong>do</strong>lescenti “a rischio”<br />
di quella città.<br />
E’ sempre a Porto Velho che<br />
esiste dal 1992 l’esperienza di<br />
“Casa Rosetta”, l’associazione<br />
fondata in Sicilia negli anni ’80<br />
da Padre Vincenzo Sorce, specializzata<br />
in interventi nelle aree di<br />
estremo disagio <strong>social</strong>e.<br />
Oggi i giovani eroi di “Casa<br />
Rosetta” gestiscono un grande<br />
centro di recupero per tossicodipendenti<br />
(una mini-fazenda a<br />
30 Km dal centro della capitale,<br />
<strong>do</strong>ve i giovani imparano anche<br />
un mestiere in un ambiente che<br />
li tiene lontani dal vizio ma anche<br />
vicini ad una natura di per sé<br />
suggestiva e terapeutica…). Ma<br />
non solo: di “Casa Rosetta” è anche<br />
la “Casa Paolo VI”, un Centro<br />
di Riabilitazione Neuropsicomotoria<br />
che si occupa di handicappati<br />
gravi e di solito abban<strong>do</strong>na-<br />
Fabio Po rta<br />
ti dalle stesse famiglie ai margini<br />
della strada: un altro ‘miracolo’<br />
dell’amore italiano in Ron<strong>do</strong>nia.<br />
Di Padre Enzo Mangano ho<br />
già parlato in questa colonna.<br />
Lui dell’eroe ha anche le sembianze:<br />
forte e barbuto, questo<br />
Garibaldi siciliano, ‘eroe dei due<br />
mondi’ della solidarietà, da 17 anni<br />
a Porto Velho, sembra un motore<br />
permanentemente in azione.<br />
Dopo aver fondato la Parrocchia<br />
“São tiago”, riferimento<br />
certo per quasi centomila abitanti<br />
della poverissima ‘periferia est’<br />
della città, non si è fermato un<br />
attimo: l’asilo per i bambini poveri,<br />
la mensa per i giovani, la<br />
prima casa-famiglia.<br />
Addirittura un “Museo Internazionale<br />
del Presepe”, che con oltre<br />
mille pezzi provenienti da tutto il<br />
mon<strong>do</strong> rappresenta un esempio<br />
unico in tutto il Sudamerica.<br />
E, più recentemente, la<br />
“Scuola professionale di Ceramica<br />
São tiago Maior”, nuovo ponte<br />
tra Porto Velho e Caltagirone,<br />
la città natale del missionario famosa<br />
da secoli per la millenaria<br />
cultura artistica della ceramica.<br />
Piccoli esempi di una solidarietà<br />
concreta, visibile, lontana<br />
dai riflettori di <strong>Rio</strong> de Janeiro<br />
o San Paolo, e forse proprio per<br />
questo ancora più meritevoli di<br />
un riconoscimento pubblico da<br />
parte di tutti noi.<br />
È questa l’Italia della quale va<strong>do</strong><br />
orgoglioso, è questa la Sicilia che<br />
mi riempie il cuore di gioia.<br />
marco lucchesi / intervista<br />
Le grandi<br />
passioni di Heloísa<br />
Buarque di Hollanda<br />
Marco Lucchesi – Da<br />
quan<strong>do</strong>, Heloísa, hai<br />
deciso di cambiare il<br />
centro per l’estremità?<br />
Helóisa Buarque de Hollanda –<br />
Penso che sia stato a partire da<br />
uno sconforto con l’universo accademico.<br />
Perfino Freud lo ha<br />
spiegato: mio padre era professore<br />
di medicina, orgoglioso proprietario<br />
di una immensa biblioteca,<br />
direttore dell’Istituto di<br />
Puericultura della UFRJ, membro<br />
dell’Accademia di Medicina<br />
ecc. Non mi ha diretto in nessuna<br />
istituzione accademica, nemmeno<br />
nello stesso dipartimento,<br />
ed infine mai mi candiderei<br />
all’AbL. Ma, parlan<strong>do</strong> sul serio,<br />
la mia formazione fu in lettere<br />
classiche per passione e convinzione<br />
poi mi sono resa conto<br />
che non c’era mercato. In quel<br />
momento ho scoperto fuori dal<br />
brasile, nel pieno degli anni ‘60,<br />
mentre accompagnavo mio marito<br />
per un <strong>do</strong>ttorato ad Harvard,<br />
l’America Latina ed il suo input<br />
politico. Improvvisamente la politica<br />
ha sostituito Omero nel mio<br />
cuore e sono tornata ad essere<br />
un’accademica-attivista, categoria<br />
che forse esisteva solo nella<br />
mia fantasia. Di conseguenza<br />
il mescolare proteste pubbliche<br />
contro autori con poca legittimità<br />
in ambito letterario e partire<br />
per una crociata di interpellazione<br />
alla regola avvenne in un<br />
balzo. Da quan<strong>do</strong> è iniziata la<br />
mia carriera il mio fuoco è sempre<br />
stato l’incertezza storica dei<br />
margini e la sua importanza decisiva<br />
verso l’intelletto delle logiche<br />
culture. Nel quadro istituzionale,<br />
la mia lotta per l’inclusione<br />
dei “margini” e le minoranze come<br />
obiettivi legittimi dei nostri<br />
grandi disciplinari fu ricorrente.<br />
Il successo del lavoro fu poco ma<br />
il piacere enorme.<br />
Lucchesi – Considero il suo osservatorio-laboratorio,<br />
come un<br />
luogo di perenne inquietudine<br />
e di scoperta. Certe volte lei ha<br />
scritto sulla necessità di accertare<br />
con i nostri occhi il nuovo.<br />
Come lavora la sua pupilla?<br />
Heloísa – La mia pupilla forse è<br />
il principale strumento critico<br />
ma sono mossa verso una curiosità<br />
quasi patologica nel definire<br />
<strong>do</strong>ve sono, in quale contesto<br />
sto lavoran<strong>do</strong>, e ciò che posso<br />
fare professionalmente, che modelli<br />
di conoscenza devo produrre<br />
per intervenire in questo<br />
contesto. Guardan<strong>do</strong> in maniera<br />
retrospettiva, ve<strong>do</strong>, con maggior<br />
chiarezza, che questa è l’unica<br />
preoccupazione del mio lavoro:<br />
come identificare le tendenze<br />
e le prospettive che si disegnano<br />
e ridisegnano continuamente<br />
nel nostro orizzonte culturale<br />
e come potenzializzare il potere<br />
critico o legittimare questo luogo<br />
privilegiato in cui abitiamo,<br />
l’accademia.<br />
Dal punto di vista operativo o<br />
strategico, parto sempre da una<br />
posizione di cui non so niente, su<br />
un determinato segnale o fenomeno<br />
emergente, ma permetterà<br />
che vi sia lo spazio per un grande<br />
silenzio che si fa percepire in alcun<br />
mo<strong>do</strong>.<br />
Lucchesi – Occupare uno spazio<br />
accademico, e non patteggiare<br />
con letture esclusivamente canoniche.<br />
Lo spazio del pericolo e<br />
della rifondazione dell’orizzonte<br />
– di un presente quasi irraggiungibile.<br />
Come si governano questi<br />
estremi?<br />
Heloísa – Penso che <strong>do</strong>ven<strong>do</strong> relativizzare<br />
ognuno di questi capoversi.<br />
Non cre<strong>do</strong> di occupare<br />
au grand complet lo spazio accademico.<br />
Sono una professionista<br />
con un profilo controverso,<br />
per la quale è sempre necessa-<br />
rio costruire spazi istituzionali<br />
propri per sviluppare il proprio<br />
lavoro. In questo senso, ho creato<br />
il CIEC (Centro Interdisciplinare<br />
di Studi Culturali) ad ECO<br />
nel 1985 che, più tardi si ampliò<br />
nella PACC (Programma Avanzato<br />
di Studi Contemporanei) del<br />
Forum sulla Scienza e Cultura.<br />
Quindi, diciamo che la necessità<br />
di questo sforzo, per me sola<br />
denuncia una laboriosa guerra<br />
di territorio nell’accademia… Per<br />
ciò che riguarda le letture canoniche,<br />
non ho mai avuto molta<br />
resistenza. Al contrario, la teoria<br />
e la poesia (per me abbastanza<br />
simili) sono le mie grandi passioni.<br />
Leggo tutto. E mi piace quasi<br />
tutto. Il difficile è che qui gli<br />
oggetti di ricerca, che studio e<br />
scelgo, sono quasi sempre nuovi,<br />
difficili, ancora non concettuali,<br />
non passivi, che saranno assorbiti<br />
dall’arsenale teorico canonico<br />
disponibile. Inoltre, mi appello<br />
alle diverse strategie, piraterie<br />
e processi di clonazione disciplinari<br />
per affrontare queste nuove<br />
problematiche. In questi casi, il<br />
pericolo è la norma e il margine<br />
di errore è enorme.<br />
Lucchesi – L’Antologia dei poeti<br />
degli anni ‘90 ha segnato<br />
un’epoca nell’interpretazione<br />
della nostra biodiversità. Ma la<br />
storia inizia molto prima, nella<br />
generazione mimeografa, nei difficili<br />
anni ‘60…<br />
Heloísa – Organizzo antologie di<br />
poesia quan<strong>do</strong> ho difficoltà nel capire<br />
l’ethos di un’epoca. Con pochi<br />
lettori, la poesia è sottomessa al<br />
disinteresse del mercato editoriale,<br />
si colloca in un campo più libero<br />
da pressioni e compromessi e<br />
riesce ad esprimere, a mio avviso<br />
più chiaramente di quale finzione<br />
o zeigeist del momento. Sono 26<br />
i poetas hoje, nella poesia marginale,<br />
i quali giungono ad un’idea<br />
di “vuoto culturale” che <strong>do</strong>minava<br />
l’epoca. I poeti, con facilità, smentirono<br />
questo consenso. Negli anni<br />
‘90, mi sono sentita confusa davanti<br />
alla ricorrente affermazione<br />
in cui la produzione culturale era<br />
sotto il gioco ed il controllo di una<br />
supposta dittatura del mercato. In<br />
entrambi i casi, la poesia emergente<br />
ha risposto con efficacia e<br />
rapidità. Alla prossima situazione<br />
difficile sia politica che teorica,<br />
probabilmente, prenderò questo<br />
stratagemma di nuovo.<br />
Lucchesi – Normalmente, nel<br />
suo <strong>do</strong>minio di interpretazione,<br />
ci muoviamo tra giudizi contrari,<br />
apocalittici o integrati, l’eccesso<br />
della scuola di Francoforte o la<br />
celebrazione di quanto si realizza<br />
nel nome del moderno…Qual<br />
è la sua prospettiva?<br />
Heloísa – La mia prospettiva è<br />
tanto apocalittica quanto integrata,<br />
ed allo stesso tempo lenta.<br />
Se ci si rimbocca le maniche e<br />
si lavora verifican<strong>do</strong> la complessità<br />
logica dei processi culturali<br />
non conterranno più etichette<br />
inflessibili.<br />
Lucchesi – Delle sue molte attività,<br />
la separazione con la rivista Z,<br />
editrice Aeroplano, il PAC, e il suo<br />
lavoro come professoressa della<br />
Eco e conferenziera. Qual è la casa<br />
di Heloisa?<br />
Heloísa – La casa di Heloisa è la<br />
casa di una lavoratrice che fa ciò<br />
che gli si offre o ciò che gli si<br />
rivela come necessario in maniera<br />
quasi compulsa ma con molta<br />
allegria e con un pizzico di irresponsabilità.<br />
Lucchesi – I suoi piani del futuro<br />
immediato…<br />
Heloísa – Dipenderà direttamente<br />
dalle tentazioni che in questo<br />
futuro immediato mi saranno<br />
offerte…<br />
Traduzione di Antonella Genna<br />
a g o s t o 2007 / Co m u n i t à i t a l i a n a<br />
15
Grupo Keystone<br />
atualidade<br />
A desconfiança<br />
paira no ar<br />
Crise brasileira no sistema de controle de vôos reduz quantidade de viagens aéreas, tanto as de negócios como as<br />
de turismo, afetan<strong>do</strong> o caixa e a rotina <strong>nas</strong> empresas, especialmente as atuantes no merca<strong>do</strong> de comércio exterior<br />
O<br />
vai-e-vem de acusações<br />
mútuas entre setores <strong>do</strong><br />
governo, companhias aéreas,<br />
fabricantes de aviões<br />
e passageiros – sobre o acidente<br />
com o avião da tAM em<br />
julho, no Aeroporto de Congonhas<br />
em São Paulo, em que morreram<br />
199 pessoas – abriu mais<br />
ainda a ferida já exposta da crise<br />
no sistema aéreo brasileiro. A<br />
amplitude desta pode ser medida<br />
por seus efeitos no cenário internacional.<br />
O Ministério das Relações<br />
Exteriores da Itália divulgou<br />
um alerta aos turistas sobre a situação<br />
de risco nos vôos para o<br />
brasil. Notícias <strong>do</strong> gênero correm<br />
o mun<strong>do</strong> e têm desperta<strong>do</strong> a desconfiança<br />
de empresários estrangeiros<br />
<strong>do</strong> setor.<br />
A revista italiana Panorama<br />
publicou, logo após o acidente,<br />
uma série de reportagens especiais<br />
sobre a crise aérea brasileira. Na<br />
edição eletrônica de 26 de julho,<br />
uma ex-funcionária da tAM junto<br />
à Agência <strong>Italiana</strong> para Segurança<br />
de Vôos (ANSV) denunciou<br />
que “os <strong>do</strong>is aviões MD-11 da tAM<br />
colocam em risco os passageiros<br />
da linha Milão-São Paulo-Milão”.<br />
Funcionários da companhia na<br />
Itália, ainda que no anonimato,<br />
reiteraram as denúncias sobre as<br />
condições de manutenção das aeronaves<br />
da empresa. A ANSV não<br />
quis comentar o caso.<br />
A diretora da Promos brasil,<br />
agência especial da Câmara de<br />
Comércio de Milão para o desenvolvimento<br />
de atividades internacionais,<br />
Patrícia Orrico, acredita<br />
que a imagem <strong>do</strong> brasil no<br />
exterior esteja muito prejudicada<br />
pela repercussão da crise no espaço<br />
aéreo.<br />
— Com este acidente, somamse<br />
fatos recentes que certamente<br />
criam uma imagem negativa para<br />
o país — afirma a diretora <strong>do</strong><br />
órgão italiano, para quem os mal<br />
impressiona<strong>do</strong>s são, principalmente,<br />
os europeus, que costumam<br />
primar por conceitos como<br />
segurança e apoio ao cidadão.<br />
Para Patrícia, o próprio processo<br />
de desmantelamento da<br />
Varig, com os cancelamentos <strong>do</strong>s<br />
vôos diretos para a Itália, era<br />
já sinal evidente de crise. Desde<br />
junho de 2006, quan<strong>do</strong> a Varig<br />
– após mais de um ano em<br />
processo de recuperação judicial<br />
e pouco antes da sua venda em<br />
leilão para a ex-subsidiária VARI-<br />
GLog – deixou de operar a maior<br />
parte <strong>do</strong>s seus vôos nacionais e<br />
internacionais, a única companhia<br />
aérea que operava vôos diretos<br />
e diários entre a Itália e o<br />
brasil era a Alitalia.<br />
Em março deste ano, a tAM<br />
inaugurou a sua rota Milão-São<br />
Paulo. A empresa se tornou então<br />
a única brasileira a realizar esse<br />
trajeto, na expectativa de absorver<br />
parte da demanda de merca<strong>do</strong><br />
entre os <strong>do</strong>is países. Mas Patrícia,<br />
experiente na organização<br />
de missões de empresários italianos<br />
no brasil, tem observa<strong>do</strong> que<br />
a maioria destes tem opta<strong>do</strong> por<br />
vir ao brasil por meio de companhias<br />
européias. Para eles, tratase<br />
de uma possível conseqüência<br />
<strong>do</strong> problema que abate as empre-<br />
al i n E bUa E s E ValqUíria rEy<br />
sas aéreas brasileiras. Enquanto<br />
isso, a Alitalia não tem consegui<strong>do</strong><br />
suprir essa demanda. Diante<br />
disso, passageiros têm escolhi<strong>do</strong><br />
empresas como a alemã Lufthansa<br />
ou a portuguesa tAP, mesmo<br />
sen<strong>do</strong> obriga<strong>do</strong>s a realizar escalas<br />
em outras capitais européias,<br />
como Munique ou Lisboa.<br />
O diretor-geral da Alitalia brasil,<br />
Alessandro Amadeo, garante<br />
que a empresa de bandeira italiana<br />
não foi afetada pela crise <strong>do</strong>s aeroportos<br />
brasileiros, a qual considera<br />
“conseqüência das reestruturações<br />
das atuais infra-estruturas aeroportuárias,<br />
cujo desenvolvimento<br />
não permitiu a devida gestão em<br />
relação ao aumento da demanda<br />
gerada pelo grande crescimento da<br />
indústria aérea brasileira”.<br />
Mudança de hábitos<br />
O eco internacional da crise aérea<br />
brasileira tem afeta<strong>do</strong> diretamente<br />
a rotina e o bolso <strong>do</strong>s empresários<br />
<strong>do</strong> ramo de comércio exterior.<br />
Manten<strong>do</strong> representações e<br />
parcerias com empresas italia<strong>nas</strong><br />
“Com este acidente,<br />
somam-se fatos recentes<br />
que certamente criam uma<br />
imagem negativa para o país”,<br />
Patrícia Or r i c O,<br />
d i r e t O r a d a Pr O m O s Br a s i l<br />
da área de equipamentos para a<br />
indústria alimentícia, Vincenzo<br />
Florio, estabeleci<strong>do</strong> em São Paulo<br />
há quase meio século, decidiu<br />
restringir ao máximo as viagens<br />
de avião em suas empresas, numa<br />
medida com reflexo direto no volume<br />
de seus negócios.<br />
— Qualquer dificuldade para<br />
o intercâmbio sempre afeta<br />
os negócios — afirma Florio, ao<br />
lembrar que a desordem tem provoca<strong>do</strong><br />
desconfiança no exterior.<br />
— Hoje as notícias chegam<br />
rapidamente, recebo telefonemas<br />
da família na Itália perguntan<strong>do</strong><br />
o que está acontecen<strong>do</strong>, os estrangeiros<br />
estão pon<strong>do</strong> em dúvida<br />
a capacidade <strong>do</strong> brasil em<br />
manter um espaço aéreo seguro<br />
— complementa.<br />
De acor<strong>do</strong> com Florio, além<br />
<strong>do</strong> risco que representam, outro<br />
motivo para o corte seria o fato<br />
de não se poder mais confiar no<br />
avião como garantia de pontualidade<br />
<strong>nas</strong> reuniões de negócios.<br />
também o representante de<br />
marcas italia<strong>nas</strong> no brasil Enrico<br />
Vezzani, presidente da Vomm<br />
brasil, tem evita<strong>do</strong> as viagens de<br />
avião em suas empresas, “geran<strong>do</strong><br />
economia tanto de dinheiro quanto<br />
de tempo”. Segun<strong>do</strong> o empresário,<br />
o acidente foi o motivo concreto<br />
para a decisão, tomada nos<br />
últimos meses devi<strong>do</strong> à desorganização<br />
<strong>do</strong> sistema aérea brasileiro.<br />
Vezanni ainda lamenta o fim<br />
da Varig e conta que, desde o fechamento<br />
da tradicional companhia<br />
brasileira, tem voa<strong>do</strong> ape<strong>nas</strong><br />
com as empresas européias.<br />
Única a realizar vôos diretos brasil-Itália,<br />
a tAM não passa ao representante<br />
comercial, segun<strong>do</strong><br />
ele, “segurança pela comparação<br />
com a tradição das outras”.<br />
Ele acredita que, em médio<br />
prazo, a crise possa prejudicar<br />
mais o turismo <strong>do</strong> que os negócios<br />
em geral.<br />
— O negócio reage e se orienta<br />
de uma nova forma, enquanto<br />
o turismo não, se não tem vôos,<br />
não se viaja para o Nordeste.<br />
As empresas vão se adaptan<strong>do</strong><br />
a essa nova realidade e vão<br />
fazer negócios de qualquer jeito<br />
— ressalta, citan<strong>do</strong> o exemplo<br />
da Vomm brasil, onde viagens de<br />
avião tornaram-se raras, sen<strong>do</strong><br />
substituídas por reuniões virtuais,<br />
pela Internet, com os parceiros<br />
da empresa em Roma e com<br />
os seus representantes e clientes<br />
em to<strong>do</strong> o brasil.<br />
Reviravolta em Brasília<br />
O caos aéreo que se instalou no<br />
país desde o acidente com a avião<br />
da Gol, está servin<strong>do</strong> de mais novo<br />
palco de disputa política entre<br />
governo e oposição no Congresso<br />
Nacional, onde funcionam duas<br />
Comissões Parlamentares de Inquérito<br />
(CPIs): no Sena<strong>do</strong> e na Câmara<br />
<strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s. Além disso, a<br />
crise provocou a queda de um <strong>do</strong>s<br />
amigos <strong>do</strong> presidente Lula, o exministro<br />
da Defesa Waldir Pires.<br />
O novo ministro, Nelson Jobim,<br />
que foi ministro da Justiça<br />
no governo de Fernan<strong>do</strong> Henrique<br />
Car<strong>do</strong>so, chegou para colocar<br />
ordem na casa. Apesar da carta<br />
branca dada por Lula, nos corre<strong>do</strong>res<br />
<strong>do</strong> Congresso, muito políticos<br />
analisam que a missão de Jobim<br />
é ingrata, pois é um político<br />
de expressão e poderá ser o próximo<br />
candidato a Presidência da<br />
República pelo PMDb em 2010.<br />
Isso prejudicará o projeto político<br />
<strong>do</strong> Parti<strong>do</strong> <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res,<br />
que deve lançar candidato.<br />
Ce<strong>nas</strong> polêmicas<br />
A divulgação, ao vivo na televisão,<br />
<strong>do</strong>s últimos diálogos entre<br />
os pilotos <strong>do</strong> avião da tAM, além<br />
da condecoração <strong>do</strong> presidente<br />
da Agência Nacional de Aviação<br />
Civil (Anac), Milton Zuanazzi,<br />
indignaram o presidente da Associazione<br />
Arma Aeronáutica <strong>Italiana</strong>,<br />
seção São Paulo, Lorenzo<br />
Volpe e seu vice, Enrico Vezzani.<br />
Esses, entre outros fatores, acabaram<br />
por motivar os <strong>do</strong>is a escreverem<br />
uma carta à imprensa<br />
com o título “tragédia em Congonhas:<br />
Deboche e Condecoração”,<br />
onde mostram a insatisfação<br />
diante da postura de alguns<br />
membros <strong>do</strong> governo brasileiro<br />
nos dias que se seguiram ao<br />
maior acidente aéreo da história<br />
da aviação no brasil.<br />
— Foi um espetáculo político<br />
feito ape<strong>nas</strong> para mostrar que<br />
não era a pista, e sim, erro <strong>do</strong><br />
piloto — opina Vezzani, acrescentan<strong>do</strong><br />
que os deputa<strong>do</strong>s promoveram<br />
“a banalização de um<br />
tema de extrema complexidade”.<br />
— Este foi mais um episódio<br />
que comprova o despreparo, onde<br />
a morte não é levada a sério<br />
— acrescenta.<br />
Em relação à homenagem a<br />
Zuanazzi, eles consideram o caso<br />
“mais grave” , visto que a cerimônia<br />
poderia ter si<strong>do</strong> cancelada.<br />
Eles reprovaram também o caso<br />
Aline Buaes<br />
de “autoridades dentro <strong>do</strong> Palácio<br />
<strong>do</strong> Planalto festejan<strong>do</strong>, com<br />
gestos vulgares, uma reportagem<br />
da televisão sobre uma possível<br />
falha mecânica <strong>do</strong> avião”. A carta<br />
se referiu, especificamente nesse<br />
trecho, à cena, filmada clandestinamente,<br />
em que aparece o assessor<br />
especial da Presidência da<br />
República, Marco Aurélio Garcia,<br />
em aparente comemoração de<br />
notícia no Jornal Nacional<br />
sobre as possíveis<br />
causas <strong>do</strong> acidente.<br />
— Foi um ato de tamanho<br />
absur<strong>do</strong> e degradação<br />
vin<strong>do</strong> de um político,<br />
enquanto ainda se procuravam<br />
corpos nos escombros <strong>do</strong><br />
prédio da tAM — sentencia<br />
Vezzani explica que, por<br />
motivos como estes, “é proibida<br />
por determinação de<br />
uma convenção internacional”<br />
a abertura <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s secretos<br />
da caixa-preta <strong>do</strong>s aviões, para<br />
evitar que se “quebre uma lógica<br />
complicada ligada à segurança<br />
de vôo”.<br />
O vice-presidente da associação<br />
citou como exemplo de<br />
um “excesso ao contrário”, o<br />
caso <strong>do</strong> acidente da Ilha<br />
de Ustica, ocorri<strong>do</strong> em<br />
1980, quan<strong>do</strong> um avião<br />
da companhia aérea italiana<br />
Itavia caiu misteriosamente<br />
no mar matan<strong>do</strong> 81 pessoas.<br />
Vezzani considera que, naquele<br />
caso, ocorreu “um exagero para<br />
preservar a imagem” da Aeronáutica<br />
italiana, pois, nunca<br />
foram reveladas as informações<br />
da caixa-preta, o que, até hoje,<br />
suscita inúmeras polêmicas e interpretações<br />
conspiratórias para<br />
o caso.<br />
“O negócio reage<br />
e se orienta de<br />
uma nova forma,<br />
enquanto o<br />
turismo não, se<br />
não tem vôos,<br />
não se viaja para<br />
o Nordeste. As<br />
empresas vão<br />
se adaptan<strong>do</strong><br />
a essa nova<br />
realidade e vão<br />
fazer negócios de<br />
qualquer jeito”,<br />
en r i c O Ve z z a n i,<br />
Presidente d a VO m m Br a s i l<br />
16 C o m u n i t à i t a l i a n a / ag o s t o 2007<br />
a g o s t o 2007 / Co m u n i t à i t a l i a n a 17<br />
Linda DuBose
atualidade<br />
Ficou para depois<br />
Os planos de mais vôos diretos<br />
da Europa para o Distrito Federal<br />
foram adia<strong>do</strong>s. Desde o início de<br />
julho, ape<strong>nas</strong> a companhia tAP<br />
tem feito o trajeto Lisboa-brasília<br />
sem escalas. A informação<br />
foi revelada recentemente pela<br />
secretária executiva <strong>do</strong> brasília e<br />
Região Convention e Visitors bureau,<br />
Jackeyline Reis.<br />
Apesar disso, o governo brasileiro<br />
acredita que a crise aérea não<br />
será obstáculo para a ambiciosa<br />
meta de atrair mais de 430 mil<br />
turistas italianos em 2010. Segun<strong>do</strong><br />
a presidente <strong>do</strong> Instituto<br />
brasileiro de turismo (Embratur),<br />
Jeanine Pires, para os vôos internacionais,<br />
há preferência em<br />
pouso e decolagem e, por isso,<br />
os transtornos serão poucos.<br />
Enquanto isso na Itália...<br />
Milhares de bagagens sem embarcar,<br />
perdidas e devolvidas aos<br />
<strong>do</strong>nos com horas ou vários dias<br />
de atraso. Nas férias de verão, isso<br />
virou pura rotina no maior aeroporto<br />
de Roma, o Leonar<strong>do</strong> da<br />
Vinci, em Fiumicino.<br />
Segun<strong>do</strong> o Ministério <strong>do</strong>s<br />
transportes, a desorganização e<br />
a falta de investimentos foram as<br />
principais causas detectadas para<br />
o problema. tu<strong>do</strong> começou no<br />
último fim de semana de julho,<br />
quan<strong>do</strong> uma queda de tensão na<br />
rede elétrica paralisou o aeroporto<br />
por várias horas, apagan<strong>do</strong> os<br />
monitores que indicam as chegadas<br />
e as saídas e atrasan<strong>do</strong> uma<br />
centena de vôos. Justamente no<br />
mesmo dia que o sistema de separação<br />
automática de bagagens<br />
entrou em pane, ocasiona<strong>do</strong> filas<br />
enormes, em um local onde costumam<br />
circular cerca de 100 mil<br />
pessoas por dia.<br />
Representantes da Enac, a<br />
entidade que controla a aviação<br />
civil no país, chegaram a pensar<br />
em sabotagem, mas essa possibilidade<br />
acabou sen<strong>do</strong> descartada.<br />
— Há cinco anos, não se investe<br />
em um novo sistema para<br />
a separação de bagagens. Chegamos<br />
a pensar que os opera<strong>do</strong>res<br />
poderiam estar sabotan<strong>do</strong> o<br />
sistema para trabalhar com mais<br />
tranqüilidade — admite o presidente<br />
da Enac, Vito Riggio.<br />
Problema semelhante tinha si<strong>do</strong><br />
registra<strong>do</strong> em 25 de agosto <strong>do</strong><br />
ano passa<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> os passageiros,<br />
cansa<strong>do</strong>s pelo contínuo atraso<br />
na entrega das malas, invadiram a<br />
pista como forma de protesto.<br />
Por conta disso, o ministro<br />
<strong>do</strong>s transportes italiano, Alessandro<br />
bianchi, anunciou a chegada<br />
de 80 pessoas para normalizar o<br />
serviço de movimentação de bagagens,<br />
além da liberação de 60<br />
milhões de euros para investimentos<br />
considera<strong>do</strong>s de urgência.<br />
Em conseqüência <strong>do</strong> problema<br />
em Fiumicino os aeroportos<br />
<strong>do</strong> norte <strong>do</strong> país – entre eles o<br />
de Malpensa, de Milão – também<br />
registraram atrasos na entrega<br />
das bagagens <strong>do</strong>s passageiros.<br />
Na avaliação <strong>do</strong>s sindicatos de<br />
trabalha<strong>do</strong>res, a privatização da<br />
empresa que administra os aeroportos<br />
de Roma resultou em descui<strong>do</strong><br />
na manutenção <strong>do</strong> sistema<br />
de separação e entrega de bagagens.<br />
Isto e mais a falta de fiscalização<br />
sobre os serviços presta<strong>do</strong>s<br />
são os culpa<strong>do</strong>s, na visão das<br />
entidades de classe, pelo caos.<br />
Embratur<br />
Problemas semelhantes podem<br />
ocorrer também no aeroporto de<br />
Ciampino, conforme denunciam<br />
representantes de vários sindicatos<br />
de trabalha<strong>do</strong>res.<br />
— Ciampino não tem mais<br />
condições de suportar o tráfego<br />
que recebe atualmente — diz o<br />
secretário da União <strong>Italiana</strong> de<br />
trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong> transporte, Corra<strong>do</strong><br />
Funari.<br />
Afora o atraso e o desaparecimento<br />
de bagagens em Fiumicino,<br />
na Itália, o último registro<br />
de acidentes aéreos graves data<br />
de outubro de 2001, quan<strong>do</strong><br />
um McDonnell Douglas MD-87<br />
da Scandinavian Airlines System<br />
colidiu com um Cessna Citation,<br />
matan<strong>do</strong> 118 pessoas no aeroporto<br />
de Milão-Linate. Na ocasião,<br />
foram detectadas várias falhas:<br />
o radar de terra não funcionava;<br />
houve erro <strong>do</strong> piloto <strong>do</strong> Cessna e<br />
<strong>do</strong>s controla<strong>do</strong>res de tráfego aéreo;<br />
além da demora no socorro.<br />
O diretor-geral <strong>do</strong> Enac, Silvano<br />
Manera, , diz que depois <strong>do</strong><br />
acidente várias medidas de segu-<br />
A presidente da Embratur, Jeanine Pires e<br />
o diretor-geral <strong>do</strong> Enac, Silvano Manera<br />
Divulgação<br />
rança entraram em vigor. Segun<strong>do</strong><br />
ele, a verificação inclui itens<br />
como dimensão, espaço em torno<br />
da pista, iluminação, instalação<br />
de rádio-assistência, área de<br />
risco próxima ao aeroporto, além<br />
<strong>do</strong> sistema de qualidade que monitora<br />
a eficácia de to<strong>do</strong>s os aeroportos.<br />
Ainda de acor<strong>do</strong> com<br />
diretor-geral, os pilotos de aeronaves<br />
de linha na Europa são<br />
submeti<strong>do</strong>s a uma normative que<br />
prevê treinamentos para evitar a<br />
ocorrência de erros humanos.<br />
Manera revela que, em conjunto<br />
com os demais países europeus,<br />
a Itália exerce controle<br />
sobre as empresas aéreas estrangeiras<br />
e, a cada três meses,<br />
elabora uma lista daquelas que<br />
podem oferecer riscos aos passageiros.<br />
Quanto ao aeroporto<br />
de Ciampino, ele revela que, em<br />
2010, será fecha<strong>do</strong> totalmente<br />
por, pelo menos, <strong>do</strong>is meses<br />
para que a pista seja melhorada.<br />
Até lá, o governo terá tempo para<br />
encontrar um aeroporto alternativo.<br />
Adriano Gonçalves<br />
Fotos: Divulgação da Siemens<br />
Vagão de<br />
oportunidades<br />
Projeto de trem-bala <strong>Rio</strong>-SP deve sair <strong>do</strong> papel em 2008<br />
e empresa italiana é a responsável pelo projeto<br />
Ape<strong>nas</strong> 85 minutos de viagem.<br />
Este será o tempo de<br />
duração <strong>do</strong> trajeto <strong>Rio</strong>-São<br />
Paulo a bor<strong>do</strong> de um trem<br />
de Alta Velocidade (tAV). Em meio<br />
à crise aérea brasileira, a iniciativa<br />
veio bem a calhar. Foram longos<br />
30 anos de espera para a execução<br />
<strong>do</strong> projeto. Mesmo assim,<br />
os futuros passageiros <strong>do</strong> chama<strong>do</strong><br />
trem-bala ainda terão que esperar<br />
por quase uma década até<br />
a obra ficar pronta. Pelo menos,<br />
agora, o andamento <strong>do</strong>s trabalhos<br />
evolui rapidamente e uma das<br />
grandes responsáveis pela obra é<br />
a empresa italiana Italplan.<br />
Até a década de 90, quem quisesse<br />
viajar <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro a São<br />
Paulo contava, como alternativa<br />
aos aviões e a Via Dutra – chamada,<br />
na época de Ro<strong>do</strong>via da Morte<br />
– ape<strong>nas</strong> com o trajeto por via férrea.<br />
Mas a viagem por trilhos demorava<br />
cerca de 11 horas no trem<br />
de Prata. O alto custo da passagem<br />
e o enorme tempo gasto acabarm<br />
por provocar a diminuição gradativa<br />
no número de passageiros, o<br />
que culminou na extinção <strong>do</strong> serviço,<br />
de caráter mais turístico, pelo<br />
luxo das acomodações e <strong>do</strong>s serviços<br />
presta<strong>do</strong>s aos passageiros.<br />
Desde a década de 70, o governo<br />
brasileiro descartava propostas<br />
por causa <strong>do</strong> custo alto<br />
<strong>do</strong>s projetos apresenta<strong>do</strong>s. Até<br />
que, em 2005, a italiana Italplan,<br />
foi a primeira a elaborar<br />
um programa considera<strong>do</strong> economicamente<br />
viável. Disposta a investir<br />
capital próprio de mais de<br />
10 bilhões de euros, ape<strong>nas</strong> uma<br />
fração menor <strong>do</strong>s nove bilhões<br />
de dólares <strong>do</strong> custo total <strong>do</strong> projeto,<br />
a empresa de consultoria<br />
representou, enfim, a primeira<br />
oportunidade no país de instalação<br />
<strong>do</strong> tAV com investimento exclusivamente<br />
priva<strong>do</strong>.<br />
Em contrapartida, os financia<strong>do</strong>res<br />
da nova ligação <strong>Rio</strong>-SP<br />
obteriam a concessão <strong>do</strong> trecho<br />
para exploração comercial por,<br />
pelo menos, 35 anos. A Italplan<br />
ficaria responsável pela captação<br />
O veículo terá espaço<br />
para 855 passageiros<br />
br U n a cEnço<br />
em bancos internacionais <strong>do</strong> restante<br />
<strong>do</strong>s recursos necessários.<br />
Estima-se que a conclusão<br />
das obras se dê em sete ou oito<br />
anos no máximo. A origem e<br />
o destino <strong>do</strong> trem-bala seriam a<br />
Estação da Luz, em São Paulo, e<br />
a Central <strong>do</strong> brasil, no <strong>Rio</strong> de Janeiro.<br />
O veículo tem capacidade<br />
para percorrer o trecho de 403<br />
quilômetros de trilhos em uma<br />
hora e 25 minutos, alcançan<strong>do</strong><br />
velocidade máxima de 360 km/h.<br />
Com capacidade para 855 passageiros,<br />
os módulos devem partir<br />
a cada 15 minutos, de acor<strong>do</strong><br />
com o projeto da Italplan.<br />
O projeto da empresa italiana<br />
prevê o menor preço de passagem<br />
para o trajeto, o equivalente a 60<br />
dólares (algo entre 110 e 120 dólares),<br />
valor abaixo daquele atualmente<br />
cobra<strong>do</strong> na ponte aérea<br />
<strong>Rio</strong>-SP, de até 250 reais na classe<br />
econômica, de acor<strong>do</strong> com a<br />
companhia. Há expectativa de<br />
venda de 32 milhões de bilhetes<br />
por ano.<br />
Empresários de diversos países<br />
demonstraram interesse em<br />
participar <strong>do</strong> projeto da empresa<br />
italiana. O edital de licitação internacional<br />
deveria ser divulga<strong>do</strong><br />
neste mês, mas, não pela primeira<br />
vez, houve o adiamento desta<br />
etapa <strong>do</strong> processo. Até que o<br />
atualidade<br />
edital seja publica<strong>do</strong>, há ainda a<br />
possibilidade de novos consórcios<br />
se formarem, segun<strong>do</strong> o diretor<br />
da unidade de transportes da Siemens,<br />
Nelson branco Marchetti:<br />
— Nenhuma hipótese está<br />
descartada. Pouco antes de sair o<br />
edital, as empresas costumam se<br />
unir em grupos para concorrer. A<br />
Siemens participou <strong>do</strong> projeto alemão<br />
da década de 90, mas nada<br />
impede que nos juntemos a Italplan<br />
ou a alguma outra empresa.<br />
Segun<strong>do</strong> Marchetti, a Itália<br />
detém tecnologia bastante diversificada<br />
em relação a esse meio<br />
específico de transporte.<br />
— A Itália tem muito trem. Por<br />
isso, cada um foi feito em determinada<br />
época, com intuitos diferentes<br />
e tecnologias cada vez mais<br />
novas. A Siemens, inclusive, já participou<br />
bastante de construção de<br />
trens na própria Itália, normalmente<br />
em consórcios — lembra.<br />
Em visita ao brasil, no primeiro<br />
semestre deste ano, o viceministro<br />
das Relações Exteriores,<br />
Franco Danielli, relatou a conversa<br />
sua sobre o assunto que teve<br />
com a ministra-chefe da Casa Civil<br />
brasileira, Dilma Roussef. Segun<strong>do</strong><br />
ele, Dilma listou as melhores áreas<br />
no brasil para o investimento italiano,<br />
e um <strong>do</strong>s projetos cita<strong>do</strong>s<br />
foi justamente o <strong>do</strong> tVA <strong>Rio</strong>-SP. Há<br />
cerca de um mês, foi Dilma quem<br />
viajou para a Itália, onde travou<br />
contato com o banco Internacional<br />
Europeu (bEI), um <strong>do</strong>s possíveis<br />
financia<strong>do</strong>res <strong>do</strong> tAV.<br />
O projeto executivo <strong>do</strong> trembala<br />
já foi aprova<strong>do</strong> pelo tribunal<br />
de Contas da União (tCU), que autorizou<br />
a publicação <strong>do</strong> edital de<br />
licitação da concessão, dependen<strong>do</strong><br />
agora somente da aprovação <strong>do</strong><br />
Instituto brasileiro <strong>do</strong> Meio Ambiente<br />
e <strong>do</strong>s Recursos Naturais Renováveis<br />
(Ibama) para o início das<br />
obras. Caso o processo burocrático<br />
não sofra novos atrasos, as obras<br />
devem começar em 2008.<br />
18 C o m u n i t à i t a l i a n a / ag o s t o 2007<br />
a g o s t o 2007 / Co m u n i t à i t a l i a n a 19
articolo / notizie<br />
La confusione regna sovrana<br />
nella politica italiana<br />
di quest’Agosto, e non ostante<br />
il saggio invito del Presidente<br />
della Repubblica, Giorgio Napolitano,<br />
di approfittare la pausa<br />
estiva per raffreddare gli animi,<br />
la classe politica continua<br />
a discutere e dividersi trasversalmente<br />
sulle grandi questioni<br />
irrisolte.<br />
La riforma del regime pensionistico<br />
e l’accor<strong>do</strong> sul wellfare,<br />
firmato da presidente della<br />
CONFINDUStRIA Luca Cordero di<br />
Montezemolo, hanno tutt’altro<br />
che il consenso delle forze sindacali<br />
e della sinistra radicale,<br />
quest’ultima nel suo stile battagliero<br />
vede soprattutto l’occasione<br />
per distruggere la legge<br />
biagi. Montezemolo ha preteso,<br />
per firmare, che il testo elaborato<br />
dal Governo rimanga immutato<br />
quan<strong>do</strong>, a settembre, sarà<br />
inviato all’approvazione delle<br />
Camere.<br />
Il presidente di CONFINDU-<br />
StRIA dimentica però che nel<br />
nostro sistema costituzionale il<br />
Parlamento è sovrano, e certamente<br />
non mancheranno innumeri<br />
emendamenti, che porteranno<br />
ad un testo modificato con<br />
buona pace degli industriali.<br />
La questione che però più<br />
preoccupa la cosiddetta “casta”<br />
politica è quella scatenata<br />
dall’inattesa raccolta di ben ottocento<br />
e sessanta mila firme a<br />
favore dei tre referendum proposti<br />
da Mario Segni.<br />
Papa fashion<br />
La fiNESTRa<br />
Daniele Mengacci<br />
danielemengacci@pwz.com.br<br />
la c a s ta<br />
L’insoddisfazione con l’attuale<br />
legge, varata dal governo berlusconi,<br />
è generale, c’è chi vuole<br />
rafforzare il sistema di coalizione<br />
bipolare, chi pensa, ma poco lo<br />
dice al ritorno al sistema proporzionale<br />
pieno, c’è chi stringe alleanze<br />
apparentemente contraddittorie<br />
come quella tra Fini e Di<br />
Pietro, e chi tituba tatticamente<br />
come il Cavaliere.<br />
Chi ha avuto la pazienza di<br />
leggere le proposte referendarie<br />
deve essersi spaventato con la<br />
complessità dei quesiti, in sostanza<br />
però le proposte sono di<br />
riservare il premio di maggioranza<br />
al solo partito di maggior<br />
votazione e non a tutta la coalizione,<br />
eliminare le candidature<br />
in differenti collegi del leader<br />
della coalizione, e soprattutto<br />
limitare il potere d’interdizione<br />
dei piccoli partiti, con<br />
due sbarramenti percentuali,<br />
4% alla Camera e 8% al Senato,<br />
la clausola di sbarramento<br />
è però prevista, anche se al solo<br />
5%, nelle proposte di legge<br />
parlamentari.<br />
La Corte Cassazione <strong>do</strong>vrà<br />
ancora verificare le firme e dichiarare<br />
la procedibilità del referendum,<br />
il Parlamento ha dunque<br />
tutto il tempo per evitare<br />
la consulta popolare varan<strong>do</strong> in<br />
autunno la riforma della legge<br />
elettorale, e pure quella per gli<br />
italiani all’estero, in mo<strong>do</strong> che<br />
nella primavera del 2008 si possano<br />
svolgere nuove elezioni politiche.<br />
Papa benedetto XVI, per la rivista americana Esquire, è l’uomo<br />
<strong>do</strong>tato dell’accessorio di moda più elegante dell’anno: le<br />
scarpe rosse. La classifica degli uomini “meglio vestiti” vede al<br />
suo vertice tom brady, David beckham, Daniel Craig, barack Obama<br />
e Scooter Libby. Seguono Luca Cordero di Montezemolo e il<br />
presidente Sarkozy. tuttavia nessuno di loro, per quanto elegante<br />
sia, è <strong>do</strong>tato di un accessorio tanto raffinato quanto le scarpe del<br />
pontefice, elette “accessorio dell’anno”.<br />
Rapporto di lavoro<br />
È<br />
stato firmato um memorandum di intesa fra i Ministeri<br />
del Lavoro brasiliano e italiano per lo sviluppo di um programma<br />
di cooperazione. Uno degli obiettivi si riferisce alla<br />
impiantazione di meto<strong>do</strong>logie e pratiche innovative che consentano<br />
al programma “Primeiro Emprego”, in brasile, una gestione<br />
più efficace e diffusa delle azioni di inserimento nel<br />
merca<strong>do</strong> del lavoro dei giovani in forma dependente o autonoma.<br />
Così il governo italiano, attraverso l’agenzia di assistenza<br />
tecnica Italia Lavoro, metterà a disposizione competenze<br />
e strumenti in materia di supporto delle rete dei servizi<br />
locali, meto<strong>do</strong>logie e modelli di servizio per la formazione e<br />
l´inserimento al lavoro delle fasce svantaggiate, tecnologie di<br />
gestione e monitoraggio dei programmi nazionali e la rete relazionale<br />
com gli organismi <strong>do</strong>nanti. Il Ministero brasiliano finanzierà<br />
i costi di logistica e le missioni in Italia e brasile durante<br />
la prima fase di attuazione del programma nella quale,<br />
in sei mesi, si <strong>do</strong>vrà fornire assistenza tecnica all’implementazione<br />
del “Primeiro Emprego” ed elaborare il programma dettagliato<br />
di lavoro per il perseguimento degli obiettivi. La vicenda<br />
si è svolta durante il viaggio del ministro brasiliano Carlos<br />
Lupi in Italia in luglio. (R.C.)<br />
Ferragosto<br />
Roma, con 350 mila partenze, è al primo posto tra le città<br />
<strong>do</strong>ve si è registrato un eso<strong>do</strong> maggiore per Ferragosto.<br />
Seguono Milano (200 mila), torino (80 mila) e con 40 mila partenze<br />
Genova e bologna. traffico intenso sulle strade italiane,<br />
perché il 65% del popolo dei vacanzieri si è spostato in auto. Il<br />
25% ha invece scelto il treno, il 10% l’aereo. Gli ultimi vacanzieri<br />
in partenza hanno raggiunto località di mare e di montagna,<br />
soggiornan<strong>do</strong> nella «seconda casa»: è il 70% a raggiungere<br />
l’abitazione di parenti e amici. Per l’Italia le preferenze sono<br />
state la costa adriatica e quella ligure, per la montagna il trentino<br />
Alto Adige e la Valle d’Aosta. Per l’Europa, Parigi è stata in<br />
testa seguita da barcellona e Londra; interesse c’è stato anche<br />
per la Croazia e la Grecia.<br />
Eros e Ricky<br />
insieme<br />
Due degli artisti maschili<br />
più amati dalla ragazze<br />
italiane e sud-americane si<br />
uniscono insieme per un singolo<br />
che sarà molto probabilmente<br />
un tormentone del<br />
prossimo autunno. “Noi siamo<br />
soli”, questo il titolo del<br />
brano che vedrà collaborare<br />
insieme per la prima volta<br />
Ricky Martin e Eros Ramazzotti<br />
nel nuovo álbum del<br />
cantautore romano, un <strong>do</strong>ppio best in uscita il 26 ottobre. Secon<strong>do</strong><br />
quanto si e’ appreso, l’album di Ramazzotti, il cui titolo<br />
e’ ancora top secret, avra’ una tipologia di ‘best’ mai utilizzata<br />
da un artista, a livello mondiale, sia dal punto di vista artistico<br />
sia da quello del marketing applicato al pro<strong>do</strong>tto discografico.<br />
Quello con Ricky Martin è l’ultimo di una serie di duetti di Ramazzotti<br />
- 35 milioni di dischi venduti in tutto il mon<strong>do</strong>.<br />
Bruno de Lima<br />
Ecco perché il<br />
Governo Prodi<br />
non cade<br />
L´ opinione del senatore Pollastri sulla questione e sulle modifiche<br />
necessarie alla legge elettorale per gli italiani all’estero<br />
Lo sviluppo di fonti energetiche<br />
alternative agli idrocarburi,<br />
in special mo<strong>do</strong> i<br />
biodiesel, è stato oggetto<br />
di un interessante incontro tra<br />
imprenditori e esponenti delle<br />
pubbliche amministrazioni, organizzato<br />
a <strong>Rio</strong> de Janeiro dalla Camera<br />
di Commercio Italia brasile<br />
e dalla Associazione delle Camere<br />
di Commercio Estere.<br />
Ospitato nei bei saloni della<br />
Federazione delle Industrie di<br />
<strong>Rio</strong> de Janeiro, l’incontro, intitolato<br />
“America del Sud punto<br />
di partenza”, ha trattato il tema<br />
dello sviluppo municipale delle<br />
coltivazioni delle piante oleaginose<br />
con migliori capacità di<br />
produzione di biodiesel come le<br />
arachidi, il girasole, o il tipico<br />
pinhao manso, adatto a coltivazione<br />
in zone semi aride come il<br />
nord est brasiliano.<br />
L’apertura dei lavori è stata<br />
del vice ministro al Commercio<br />
Internazionale, on.Milos budin,<br />
che ha portato gli auguri di<br />
Romano Prodi, capo del Governo<br />
italiano, e ha ribadito la disponibilità<br />
e interesse italiani all’utilizzo<br />
di queste nuove tecnologie<br />
energetiche.<br />
Il vice ministro, in una pausa<br />
dei lavori, ha cortesemente con-<br />
Da n i E l E MEngacci<br />
versato con <strong>Comunità</strong> su vari argomenti<br />
della cronaca economica<br />
e politica.<br />
Parlan<strong>do</strong> degli effetti della<br />
corsa al mais per la produzione<br />
di etanolo, budin ha commentato<br />
una notizia che affetta la tavola<br />
degli italiani, l’aumento del<br />
prezzo della pasta annunciato da<br />
alcune delle maggiori case produttrici.<br />
Attribuito più alla diminuzione<br />
della raccolta di grano duro<br />
che a una conversione di coltivazioni,<br />
secon<strong>do</strong> il Vice Ministro,<br />
non affetterà le esportazioni di<br />
uno dei nostri migliori diffusori<br />
del Made in Italy: “Il Made<br />
in Italy è comunque un marchio<br />
che ha una sua gran forza d’attrazione<br />
e anche perché le nostre<br />
aziende stanno puntan<strong>do</strong> molto<br />
sulla qualità. Nello stesso tempo<br />
voglio affermare che noi siamo<br />
molto impegnati come governo<br />
perché si raggiunga un accor<strong>do</strong><br />
in sede di WtO in seguito al Doha<br />
round, che si sblocchi quindi<br />
questa impasse in cui si trovano<br />
le trattative ora”.<br />
Il Ministero di Emma bonino,<br />
erede dell’antico Commercio<br />
Estero, lavora riconosciutamente<br />
con efficacia per diffondere il<br />
Made in Italy e sostenere le nostre<br />
esportazioni, <strong>Comunità</strong> ha<br />
chiesto all’on. budin la sua opinione<br />
sul ruolo che la stampa<br />
italiana all’estero può svolgere a<br />
sostegno del Made in Italy, che<br />
ha così risposto: “è molto importante<br />
per la diffusione del Made<br />
in Italy nel Mon<strong>do</strong> e lo è ancora<br />
di più in quei paesi <strong>do</strong>ve c’è<br />
politica<br />
una cosiddetta richiesta d’Italia<br />
anche per i legami storici e culturali<br />
che conosciamo, come è il<br />
caso dell’America Latina”.<br />
Passan<strong>do</strong> poi a commentare<br />
gli aspetti più importanti della<br />
politica interna italiana e conferman<strong>do</strong><br />
quanto detto nel suo<br />
saluto di apertura, il Vice Ministro<br />
ha evidenziato perché, non<br />
ostante la rissosità interna e gli<br />
attacchi esterni, il Governo Prodi<br />
non cade: “perché non c’è un’alternativa<br />
che possa garantire<br />
una maggiore efficacia ed efficienza<br />
nei provvedimenti di governo<br />
e nella attività di riforme<br />
con questo parlamento, quan<strong>do</strong><br />
ci sarà un nuovo parlamento,<br />
con una nuova legge elettorale,<br />
ci potrà essere anche una maggioranza<br />
più omogenea che potrà<br />
agire con maggiore velocità, ma<br />
intanto con questo parlamento<br />
non è, a mio vedere, possibile. Il<br />
secon<strong>do</strong> motivo è che comunque<br />
questo governo non ostante quel<br />
che dice l’opposizione, quello<br />
che appare nei titoli dei giornali,<br />
perché c’è una forte litigiosità<br />
e conflittualità all’interno della<br />
maggioranza, non ostante questo,<br />
questo governo sta producen<strong>do</strong><br />
dei risultati.<br />
Chiuden<strong>do</strong> l’intervista, <strong>Comunità</strong><br />
ha chiesto all’on budin<br />
di commentare Il travaglio di<br />
parto che complica la <strong>nas</strong>cita<br />
del nuovo soggetto politico della<br />
sinistra, il Partito Democratico,<br />
con le varie candidature alternative<br />
a quella di Veltroni e il<br />
ruolo di rinnovo e aggregazione<br />
che questi potrà avere nel futuro<br />
della sinistra, e la vicenda referendaria<br />
che si è conclusa con<br />
una raccolta di firme ben al di la<br />
del necessario, che così ha risposto:<br />
“il processo di costituzione<br />
del Partito Democratico è nato<br />
proprio con questa consapevolezza,<br />
che bisogna superare la<br />
frammentarietà e bisogna mettere<br />
insieme le forze politiche in<br />
un grande partito perché <strong>do</strong>po,<br />
invece di guardare in primo luogo<br />
al proprio elettorato, si guarderà<br />
con più primaria attenzione<br />
agli interessi generali del Paese,<br />
e cre<strong>do</strong> che la richiesta di referendum<br />
abbia raggiunto le firme<br />
sia un ottimo stimolo perché il<br />
Parlamento prosegua sulla strada<br />
della riforma della legge elettorale,<br />
perché se non lo farà, lo<br />
faranno di sicuro i cittadini con<br />
il referendum”.<br />
20 C o m u n i t à i t a l i a n a / ag o s t o 2007<br />
a g o s t o 2007 / Co m u n i t à i t a l i a n a 21
politica<br />
Contro i brogli,<br />
voti chi vuole<br />
L´ opinione del senatore Pollastri sulla questione e sulle modifiche<br />
necessarie alla legge elettorale per gli italiani all’estero<br />
La questione dei brogli elettorali,<br />
per le politiche del<br />
2006, scorre lentamente<br />
come un fiume carsico sotto<br />
il Parlamento. Vari tipi di brogli<br />
sono avvenuti in alcune regioni<br />
come Emilia e Romagna, Liguria,<br />
Lazio, Sardegna e Puglia.<br />
La maggioranza non dimostra<br />
molto entusiasmo e l’opposizio-<br />
ne lamenta la lentezza dei lavori<br />
dell’apposita commissione. La<br />
questione è recentemente riaffiorata<br />
all’attenzione delle cronache<br />
a causa di un supposto video girato<br />
in Australia, che mostrerebbe<br />
come sia possibile indirizzare<br />
le schede ancora in bianco verso<br />
questo o quel partito e candidato,<br />
ma anche in altri paesi sono<br />
state riscontrate violazioni del<br />
voto: Stati Uniti, belgio, Canada,<br />
Svizzera, Argentina,<br />
Uruguai e Venezuela.<br />
Particolare il broglio<br />
commesso nella sezione<br />
619 di Caracas: lì sono<br />
stati trasferiti 130 voti<br />
dalla candidata dei DS,<br />
Mirella Giai, al candidato<br />
della Margherita, E<strong>do</strong>ar<strong>do</strong><br />
Pollastri.<br />
<strong>Comunità</strong> ha approfittato<br />
della partecipazione del senatore<br />
Pollastri al con-<br />
vegno delle Camere Estere, del<br />
quale riferiamo in altre linee, per<br />
sapere la sua opinione sulla questione<br />
dei brogli e sulle modifiche<br />
necessarie alla legge elettorale<br />
per gli italiani all’estero.<br />
La prima <strong>do</strong>manda di <strong>Comunità</strong><br />
è stata sulla vicenda elettorale<br />
del senatore, che ha risposto:<br />
“Io non ho assolutamente<br />
opinioni in merito, mi tengo alle<br />
dichiarazioni che sono state fatte<br />
dalla Corte, quan<strong>do</strong> mi ha mandato<br />
una nomina a seguito di una<br />
revisione che è stata fatta. Per<br />
me, assolutamente esclu<strong>do</strong> qualunque<br />
tipo di broglio o qualcosa<br />
del genere e mi atten<strong>do</strong> a quella<br />
che è la normativa in corso”.<br />
<strong>Comunità</strong> <strong>do</strong>manda chi può<br />
aver mescolato le carte, e il senatore<br />
ribadisce che:” Non ne<br />
ho la più pallida idea, certamente<br />
nessuno da parte mia, assolutamente<br />
ripeto, io sono escluso<br />
da questo discorso di risultati<br />
elettorali, nella maniera più categorica,<br />
la mia etica più che riconosciuta<br />
mi impone un’astensione<br />
totale”.<br />
<strong>Comunità</strong> ha chiesto chi<br />
può aver insegnato a fare i brogli<br />
segnalati. Insofferente, il<br />
senatore ha risposto: “Sono <strong>do</strong>mande<br />
un poco strane, perché<br />
io vivo in un mon<strong>do</strong> di assoluta<br />
correttezza, il mon<strong>do</strong> delle<br />
Camere di Commercio, il mon<strong>do</strong><br />
della imprenditoria etica,<br />
quindi non me ne ren<strong>do</strong><br />
conto. È in corso un processo<br />
di revisione della legge<br />
elettorale, in mo<strong>do</strong> da<br />
rendere il più trasparente<br />
possibile il risultato, con<br />
tutti i controlli che possono<br />
essere necessari e<br />
indispensabili, in mo<strong>do</strong><br />
da non poter dar adito a<br />
Da n i E l E MEngacci<br />
nessuno di eseguire operazioni<br />
che siano poco corrette. È stato<br />
appena costituito un comitato<br />
al Senato, e mi auguro che ci<br />
sia un risultato bipartisan per<br />
una modifica di questa legge<br />
in mo<strong>do</strong> da avere trasparenza e<br />
chiarezza”.<br />
Approfonden<strong>do</strong> la questione<br />
della riforma elettorale, <strong>Comunità</strong><br />
ha chiesto se l’abolizione del<br />
voto per corrispondenza risolverebbe<br />
il problema. Ecco la risposta<br />
del senatore : “Si potrebbe<br />
eliminare il voto postale, quindi<br />
ciascuno va presso i consolati<br />
o altre entità per dare il suo<br />
voto, sarebbe molto più chiaro<br />
e trasparente, però potrebbe<br />
indurre moltissimi a non votare.<br />
Un’altra soluzione che potrebbe<br />
essere, invece, molto più viabile<br />
(sic), sarebbe l’obbligatorietà<br />
di iscriversi anteriormente alle<br />
liste elettorali per cui il Consolato<br />
manderebbe le buste solo<br />
ed esclusivamente a coloro che<br />
hanno chiesto l’iscrizione alla lista<br />
elettorale e che quindi sono<br />
disponibili a votare”.<br />
Chiuden<strong>do</strong> l’intervista, <strong>Comunità</strong><br />
ha chiesto: sono in discussione<br />
sia la legge elettorale<br />
generale come quella per gli italiani<br />
all’estero. Si può dire che il<br />
centrodestra, quan<strong>do</strong> era al governo,<br />
ha fatto le pentole ma<br />
non i coperchi?<br />
Ecco la monocorde risposta<br />
del Senatore: “Io continuo<br />
ad avere grande ammirazione<br />
per il ministro tremaglia che ha<br />
fatto della sua vita un obiettivo,<br />
quello di concedere il voto<br />
degli italiani all’estero, evidentemente<br />
qualcosa non ha funzionato<br />
e poteva essere anche<br />
prevedibile che era bastanza<br />
(sic) complesso”.<br />
Cadea<strong>do</strong> <strong>do</strong> amor<br />
A<br />
Prefeitura de Roma acaba de encontrar<br />
uma solução para manter<br />
viva a chama de amor que tomou<br />
conta da Ponte Milvio, no bairro trastevere.<br />
Nada de mudanças de local. Casais<br />
apaixona<strong>do</strong>s poderão seguir o já conheci<strong>do</strong><br />
ritual de escrever os nomes nos cadea<strong>do</strong>s,<br />
fazer juras de amor eterno e jogar as<br />
chaves no <strong>Rio</strong> tibre. Mas, agora, os lampi-<br />
Rumo ao shopping<br />
Quem conhece ape<strong>nas</strong> o centro histórico de Roma<br />
pode até pensar que não existem shopping centers<br />
na capital italiana. Puro engano. Fazer compras<br />
na Cidade Eterna não se resume a uma ida à Via dei<br />
Con<strong>do</strong>tti, onde estão as grandes grifes, ou até mesmo<br />
às ruas próximas aos principais pontos turísticos.<br />
A cidade conta com muitos shopping centers, espalha<strong>do</strong>s<br />
por toda a cidade. O mais novo, apresenta<strong>do</strong><br />
como o maior de toda a Europa, foi inaugura<strong>do</strong> no<br />
fim de julho. Porta di Roma possui 220 lojas, 14 salas<br />
de cinema, 17 restaurantes e um estacionamento<br />
com sete mil vagas. Localiza<strong>do</strong> no coração <strong>do</strong> bairro<br />
bufalotta, na periferia norte, o novo centro comercial<br />
foi construí<strong>do</strong> numa superfície de 150 mil metros<br />
quadra<strong>do</strong>s. Além de lojas tradicionais como Oviesse,<br />
Ikea, H&M, Ri<strong>nas</strong>cente, Zara, Fnac e Coin, no teto <strong>do</strong><br />
Porta di Roma tem uma academia de ginástica com<br />
piscina, quatro quadras de tênis, área de recreação<br />
para as crianças e <strong>do</strong>is restaurantes.<br />
ões serão poupa<strong>do</strong>s. Ao longo da histórica<br />
ponte, foram coloca<strong>do</strong>s 24 suportes metálicos<br />
liga<strong>do</strong>s por correntes, nos quais os<br />
casais poderão deixar tranqüilamente os<br />
cadea<strong>do</strong>s sem que eles corram a ameaça<br />
de cair, como ocorreu com os lampiões. A<br />
moda foi lançada pelo casal de protagonistas<br />
<strong>do</strong> livro Ho voglia di te, de Federico<br />
Moccia.<br />
Fotos: Reprodução<br />
ROma<br />
Valquíria Rey<br />
A céu aberto<br />
Em Roma, faça como os romanos. De acor<strong>do</strong><br />
com uma pesquisa divulgada recentemente,<br />
a moda neste verão é almoçar com<br />
os amigos a céu aberto. Isso mesmo. Nada<br />
de restaurantes convencionais. Segun<strong>do</strong> o levantamento,<br />
38% <strong>do</strong>s jovens da cidade buscam<br />
na internet soluções rápidas e práticas<br />
para fazer um piquenique, sem perder tempo<br />
na preparação da comida. Entre os produtos<br />
preferi<strong>do</strong>s, salada de arroz, ovos, tortas rústicas,<br />
carpaccio de peixe espada defuma<strong>do</strong> e<br />
uma boa garrafa de vinho. Onde ir? A qualquer<br />
um <strong>do</strong>s inúmeros parques da cidade.<br />
Noite em claro<br />
Para quem vai estar em Roma no início<br />
de setembro, uma boa dica é se<br />
preparar para a Notte bianca, a noite em<br />
claro organizada pela Prefeitura. No dia<br />
7, está programa<strong>do</strong> o Esperan<strong>do</strong> pela notte<br />
bianca, evento com inúmeras atrações<br />
das 21h às 24h. Já no dia 8, das 20h às<br />
8h, tu<strong>do</strong> vai funcionar na cidade: transporte<br />
público, restaurantes, museus, cinemas,<br />
lojas, mostras e exposições para<br />
to<strong>do</strong>s os gostos e estilos. Para quem quiser<br />
conferir as atividades que serão oferecidas<br />
na versão 2007, a página www.<br />
lanottebianca.it já mostra os detalhes.<br />
Boca-livre<br />
Comer de graça em Roma é possível, sim<br />
senhor. basta descobrir os lugares certos<br />
e a hora adequada: sempre no início da<br />
noite. A happy hour romana não é como a<br />
brasileira, em que a maioria <strong>do</strong>s lugares oferece<br />
bebida com 50% de desconto ou o <strong>do</strong>uble<br />
drink. Aqui, você pede algo para beber<br />
– cerveja, vinho ou coquetéis – e tem direito<br />
a comer o quanto quiser nos bufês que são<br />
ofereci<strong>do</strong>s nos barzinhos romanos. Em muitos<br />
locais, a variedade é enorme e as opções<br />
equivalem a uma refeição: queijos, salames,<br />
saladas, bruschette, sanduíches e por aí vai.<br />
22 C o m u n i t à i t a l i a n a / ag o s t o 2007<br />
a g o s t o 2007 / Co m u n i t à i t a l i a n a 23
economia<br />
Aline Buaes<br />
A<br />
troca comercial entre brasil<br />
e Itália flui em ritmo<br />
acelera<strong>do</strong>. E as estatísticas<br />
comprovam que este<br />
intercâmbio tem evoluí<strong>do</strong> com<br />
vantagens em via de mão dupla.<br />
As exportações brasileiras para o<br />
parceiro europeu aumentaram,<br />
em volume de dólares, 16,8%<br />
no primeiro trimestre deste ano,<br />
compara<strong>do</strong> com o de 2006. Os<br />
italianos demonstraram ainda<br />
mais agilidade: no mesmo perío<strong>do</strong>,<br />
elevou-se em 33,3% o valor<br />
das importações feitas pelo país<br />
latino-americano.<br />
Diante <strong>do</strong> momento especialmente<br />
propício – após a recente<br />
elevação <strong>do</strong> brasil ao status de<br />
parceiro estratégico da União Européia<br />
– para atrair investimentos<br />
italianos no <strong>Rio</strong>, o governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong><br />
esta<strong>do</strong>, Sérgio Cabral, não perdeu<br />
tempo. Organizou uma comitiva<br />
com cerca de 200 empresários e<br />
autoridades de diversos setores<br />
<strong>do</strong> poder público e deve partir,<br />
no próximo 15 de setembro, em<br />
viagem de negócios à Itália.<br />
Atualmente, embora a penetração<br />
italiana no país se dê de<br />
mo<strong>do</strong> mais veloz <strong>do</strong> que o inverso,<br />
a balança comercial pende,<br />
em valores absolutos, a favor <strong>do</strong><br />
brasil. Segun<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s da Agência<br />
de Promoção de Exportações<br />
e Investimentos <strong>do</strong> brasil (Apexbrasil),<br />
<strong>do</strong>s 33.919 bilhões de<br />
dólares obti<strong>do</strong>s pela exportação<br />
de produtos brasileiros, 1,10 bilhão<br />
veio da Itália. Em contrapartida,<br />
a Itália conseguiu 733<br />
milhões de dólares em produtos<br />
adquiri<strong>do</strong>s pelo brasil em 2007,<br />
enquanto em 2006, foram vendi<strong>do</strong>s<br />
550 milhões.<br />
Ainda em 2006, houve registro<br />
de mais de três bilhões de dólares<br />
em exportações brasileiras<br />
para a Itália. Da<strong>do</strong>s como este<br />
injetaram ânimo à futura missão<br />
de Cabral em terras italia<strong>nas</strong>.<br />
Representantes da indústria, <strong>do</strong><br />
comércio, assim como <strong>do</strong>s setores<br />
de serviços e de agronegócios<br />
vão integrar a comitiva liderada<br />
pelo governa<strong>do</strong>r, com o objetivo<br />
de abrir espaço no merca<strong>do</strong> italiano<br />
para o investimento de empresários<br />
fluminenses.<br />
Se o <strong>Rio</strong> partiu na frente de<br />
outros esta<strong>do</strong>s para aproveitar<br />
o momento favorável e estabelecer<br />
parcerias comerciais com<br />
a Itália, esta teve o mérito das<br />
primeiras iniciativas diplomáticas<br />
de aproximação com o país<br />
<strong>do</strong> hemisfério sul. Em curto espaço<br />
de tempo, vieram ao brasil<br />
três influentes vozes italia<strong>nas</strong>: o<br />
premier Romano Prodi, no fim de<br />
março; o vice-ministro das Relações<br />
Exteriores, Franco Danielli,<br />
em maio e, o próprio ministro<br />
das Relações Exteriores, Massimo<br />
D’Alema, no final de 2006.<br />
Cabral pretende estreitar os<br />
laços que garantiram a instalação<br />
no <strong>Rio</strong> de Janeiro de empresas<br />
italia<strong>nas</strong> de grande porte<br />
como a tim Celular, a terna Participações<br />
e a Enel, de energia elétrica,<br />
e a Eni, <strong>do</strong> ramo de combustíveis.<br />
No contexto nacional,<br />
há marcas fortes como a Fiat, a<br />
Campari, o Intesa Sanpaolo e a<br />
Via expressa<br />
<strong>Rio</strong>-Roma<br />
O fluxo de investimentos na rota Brasil-Itália nunca foi tão intenso<br />
e os fluminenses partem na dianteira na disputa por oportunidades<br />
de incrementar esse intercâmbio comercial<br />
sílVia so U z a E al i n E bUa E s<br />
Principais empresas brasileiras na Itália<br />
(Fonte: Ministério <strong>do</strong> Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior)<br />
Alitalia também fincaram raízes<br />
deste la<strong>do</strong> <strong>do</strong> Atlântico.<br />
O trânsito entre as duas nações<br />
escoa cada vez mais intenso,<br />
mas o brasil não figura ainda<br />
entre os principais países fornece<strong>do</strong>res<br />
ou importa<strong>do</strong>res da bota<br />
(Alemanha, França, China e<br />
Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s). E ela aparece<br />
no quinto lugar entre os mais<br />
fortes países investi<strong>do</strong>res, sen<strong>do</strong><br />
que o brasil mantém contatos<br />
ainda mais profícuos com os<br />
Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, Argentina, Alemanha<br />
e Japão.<br />
Portanto, o governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong><br />
<strong>Rio</strong> tem pela frente o desafio de<br />
incrementar a troca comercial<br />
brasil-Itália. Como meta, o <strong>Rio</strong><br />
tem a conquistar, não só novas<br />
oportunidades de investimentos,<br />
como abrir espaço no país europeu<br />
para os produtos e serviços<br />
fluminenses.<br />
União contra o perigo chinês<br />
As indústrias mecânicas no brasil<br />
e na Itália estão mais unidas<br />
<strong>do</strong> que nunca para enfrentar a<br />
China, voraz concorrente por sua<br />
Principais empresas italia<strong>nas</strong> no Brasil<br />
(Fonte: Câmara Ítalo-brasileira de Comércio e Indústria de São Paulo)<br />
produção de baixíssimo custo<br />
também neste setor. Por exemplo,<br />
há um projeto desenvolvi<strong>do</strong><br />
em conjunto que envolve tecnologias<br />
e produção de plásticos.<br />
— É uma área na qual o brasil<br />
possui uma forte tradição industrial,<br />
enquanto a Itália mantém<br />
liderança importante. A partir<br />
<strong>do</strong>s próximos meses, estaremos<br />
desenvolven<strong>do</strong> uma parceria estratégica<br />
entre empresas de maquinário<br />
brasileiras e italia<strong>nas</strong>,<br />
que deverá levar à constituição<br />
de empresas de capital misto ítalo-brasileiras.<br />
Para enfrentar essa<br />
concorrência chinesa, na indústria<br />
mecânica, produtores italianos<br />
e brasileiros estudam formas<br />
de parcerias para se chegar a um<br />
produto que possa ser competitivo<br />
em termos de preços em relação<br />
aos produtos chineses e que,<br />
ao mesmo tempo, seja um produto<br />
qualitativamente superior<br />
— diz o diretor <strong>do</strong> Instituto de<br />
Comércio Exterior da Itália (ICE),<br />
Giovanni Sacchi.<br />
Segun<strong>do</strong> ele, recém-chega<strong>do</strong><br />
a São Paulo, onde assumiu o cargo<br />
em 3 de julho, o brasil interessa<br />
tanto à Itália que ela decidiu,<br />
nos últimos meses, abrir<br />
três sedes operativas no país.<br />
Uma delas já funciona no <strong>Rio</strong> de<br />
Janeiro, e as outras duas devem<br />
ser instaladas em breve, em belo<br />
Horizonte e em Porto Alegre.<br />
— tive sorte em chegar ao<br />
brasil num momento em que as<br />
relações com a Itália estão em<br />
forte expansão e crescimento.<br />
Pelos da<strong>do</strong>s estatísticos, muito<br />
provavelmente em 2007 o intercâmbio<br />
comercial deve chegar<br />
a 7,5 bilhões de dólares e<br />
as exportações brasileiras para<br />
a Itália continuarão muito fortes.<br />
Estamos realmente em um<br />
perío<strong>do</strong> de grande efervescência<br />
— avalia Sacchi, que trabalhou<br />
<strong>nas</strong> sedes <strong>do</strong> ICE em Hong Kong,<br />
na ásia, e na bulgária, no Leste<br />
Europeu.<br />
Para Sacchi, há uma tendência<br />
evolutiva <strong>nas</strong> relações entre<br />
os países parceiros. Em 2006,<br />
segun<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> governo brasileiro,<br />
as exportações da Itália<br />
para o brasil já haviam aumenta<strong>do</strong><br />
27,6% em relação ao mesmo<br />
perío<strong>do</strong> <strong>do</strong> ano anterior.<br />
Troca-troca em mutação<br />
Se a Itália envia para o país latino-americano<br />
tecnologia e maquinário,<br />
este tem exporta<strong>do</strong> para<br />
Evolução da<br />
importação<br />
e exportação<br />
Brasil-Itália<br />
Brasil - Exportação<br />
Jan-Mar 2006<br />
29.387<br />
bilhões<br />
33.919<br />
bilhões<br />
20.110<br />
bilhões<br />
25.219<br />
bilhões<br />
945<br />
milhões<br />
Mun<strong>do</strong> Itália<br />
Brasil - Exportação<br />
Jan-Mar 2007<br />
1.104<br />
bilhões<br />
Mun<strong>do</strong> Itália<br />
Aumento de 16,8%. As exportações<br />
para a Itália representam 3,3% <strong>do</strong><br />
total feito pelo Brasil.<br />
Itália - Exportação<br />
Jan-Mar 2006<br />
550<br />
milhões<br />
Mun<strong>do</strong> Brasil<br />
Itália - Exportação<br />
Jan-Mar 2007<br />
733<br />
milhões<br />
Mun<strong>do</strong> Brasil<br />
Aumento de 33,3%. As exportações<br />
para o Brasil representam 2,9% <strong>do</strong><br />
total feito pela Itália.<br />
Sal<strong>do</strong> comercial superavitário é igual<br />
a Us$371 milhões para o Brasil<br />
24 C o m u n i t à i t a l i a n a / ag o s t o 2007<br />
a g o s t o 2007 / Co m u n i t à i t a l i a n a 25<br />
Fonte: Apex-Brasil
Infográfico: Alberto Carvalho / Fonte: Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio e Indústria de São Paulo<br />
economia<br />
“Pelos da<strong>do</strong>s<br />
estatísticos,<br />
muito<br />
provavelmente<br />
em 2007, o<br />
intercâmbio<br />
comercial<br />
entre Brasil e<br />
Itália chega a<br />
7,5 bilhões de<br />
dólares”<br />
GiO V a n n i sa c c h i , d i r e t O r<br />
d O ice-sã O Pa u l O”<br />
o parceiro europeu principalmente<br />
alimentos e matéria-prima –<br />
com registro de superávit de 371<br />
milhões de dólares. Mas o secretário-geral<br />
da Câmara ítalo-brasileira<br />
de Comércio e Indústria<br />
de São Paulo, Francesco Paternò,<br />
acredita em mudanças no quadro<br />
de itens de interesse <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is países<br />
nos próximos anos. Empre-<br />
Principais produtos importa<strong>do</strong>s da Itália<br />
Máqui<strong>nas</strong>; utensílios<br />
industriais e acessórios<br />
Veículos; partes de outras máqui<strong>nas</strong><br />
e aparelhos de terraplanagem; peças<br />
de reposição e acessórios<br />
Produtos químicos<br />
e deriva<strong>do</strong>s<br />
Instrumentos óticos e<br />
fotográficos, de medida e<br />
controle; médico-cirúrgicos<br />
Produtos têxteis;<br />
calça<strong>do</strong>s e couro<br />
3,4%<br />
sas italia<strong>nas</strong> já demonstram a<br />
intenção, segun<strong>do</strong> Paternò, de<br />
pré-elaborar produtos no brasil,<br />
em função da mão-de-obra mais<br />
barata e da adequação <strong>do</strong> desenvolvimento<br />
tecnológico brasileiro<br />
aos padrões internacionais.<br />
— O país deve passar a importar<br />
da Itália produtos semimanufatura<strong>do</strong>s,<br />
ou seja, ao invés<br />
de adquirir mármores e granitos<br />
prontos, esses materiais serão<br />
trabalha<strong>do</strong>s aqui no brasil, agregan<strong>do</strong><br />
mais valor à peça final —<br />
explica, lembran<strong>do</strong> que a estabilidade<br />
econômica, a diminuição<br />
<strong>do</strong> Risco brasil e o valor <strong>do</strong> câmbio<br />
têm favoreci<strong>do</strong> as exportações<br />
brasileiras.<br />
O brasil fornece atualmente<br />
para a bota café não-torra<strong>do</strong>,<br />
não-descafeina<strong>do</strong> e em grãos; minério<br />
de ferro aglomera<strong>do</strong> e seus<br />
concentra<strong>do</strong>s; grãos de soja, mesmo<br />
tritura<strong>do</strong>s, e pasta química de<br />
madeira de árvores não coníferas.<br />
tais produtos representam, juntos,<br />
mais de 30% <strong>do</strong> total de produtos<br />
destina<strong>do</strong>s à Itália.<br />
O país europeu, por sua vez,<br />
tem exporta<strong>do</strong> para o brasil, em<br />
maior quantidade, máqui<strong>nas</strong>,<br />
utensílios industriais e acessórios;<br />
veículos; partes de outras<br />
máqui<strong>nas</strong> e aparelhos de terra-<br />
13,2%<br />
11,2%<br />
19,5%<br />
planagem; peças de reposição<br />
e acessórios; produtos químicos<br />
e deriva<strong>do</strong>s; instrumentos óticos<br />
e fotográficos, instrumentos<br />
de medida e controle; aparelhos<br />
médico-cirúrgicos, partes destes<br />
e acessórios; além de produtos<br />
têxteis, roupas, calça<strong>do</strong>s e couro.<br />
A lista representa mais de<br />
70% <strong>do</strong> que o brasil importou.<br />
Fim da era <strong>do</strong> gelo<br />
O novo status de estabilidade da<br />
economia brasileira, com o aumento<br />
<strong>do</strong> poder aquisitivo da população,<br />
tem favoreci<strong>do</strong> a aproximação<br />
brasil-Itália. Mas houve<br />
um perío<strong>do</strong> de inércia nesse relacionamento.<br />
— Esse perío<strong>do</strong> de estagnação<br />
só foi rompi<strong>do</strong> nos últimos<br />
três anos — analisa Francesco<br />
Paternò, para quem o pontapé<br />
inicial, na quebra <strong>do</strong> gelo<br />
na relação econômica,<br />
foi a inclusão <strong>do</strong> país em<br />
desenvolvimento no bRIC<br />
(brasil, Rússia, índia e<br />
China).<br />
Com isso, segun<strong>do</strong><br />
ele, a Itália tem expandi<strong>do</strong><br />
a sua presença institucional<br />
e empresarial<br />
no brasil. Mas o secretário-geral<br />
da Câmara ad-<br />
33,4%<br />
mite que os acor<strong>do</strong>s poderiam<br />
ser mais freqüentes e<br />
melhor aproveita<strong>do</strong>s.<br />
— Na verdade, o brasil<br />
precisava estabelecer<br />
regras mais claras e<br />
definidas para investimentos<br />
em suas agências<br />
de promoção, o<br />
que facilitaria os contratos.<br />
Esse é um problema<br />
internacional, ou<br />
seja, gera prejuízo nos negócios<br />
com outros países também<br />
— pondera.<br />
Para melhor divulgar<br />
produtos e empresas, mesmo<br />
as de pequeno ou de<br />
médio porte, ambos os<br />
países têm investi<strong>do</strong>,<br />
entre outras coisas,<br />
na participação em<br />
feiras e atividades<br />
promocionais. Caso<br />
de uma missão<br />
empresarial brasileira<br />
ao Convention Wine<br />
Food Abruzzo e da participação<br />
da Itália, em<br />
São Paulo, na Feira Internacional<br />
de Meio Ambiente<br />
Industrial (Fimai), eventos<br />
financia<strong>do</strong>s pelo ICE, e<br />
previstos para acontecerem em<br />
setembro e outubro, respectivamente.<br />
— Neste último evento,<br />
vamos intervir com seminários<br />
tecnológicos sobre<br />
alguns setores importantes,<br />
como a reciclagem<br />
de materiais plásticos,<br />
e também buscaremos<br />
ajudar e apoiar as empresas<br />
italia<strong>nas</strong> no contato<br />
com parceiros brasileiros<br />
— anuncia Sacchi,<br />
diretor <strong>do</strong> ICE.<br />
O planejamento para<br />
promover o made in Italy<br />
tem passa<strong>do</strong> pela elaboração<br />
de planos conjuntos entre<br />
ministérios e organizações. Geralmente,<br />
as agendas são fechadas<br />
a cada três anos. tu<strong>do</strong> para<br />
internacionalizar as empresas<br />
italia<strong>nas</strong> que querem globalizar<br />
seus serviços.<br />
Segun<strong>do</strong> a Câmara de ítalobrasileira<br />
de Comércio e Indústria<br />
de São Paulo, as empresas italia<strong>nas</strong><br />
têm se interessa<strong>do</strong> em participar<br />
da economia em esta<strong>do</strong>s da<br />
região Centro-Sul <strong>do</strong> brasil, mas<br />
destacam-se os setores de turismo,<br />
açúcar, álcool e bioenergia,<br />
com empresas parceiras atuan<strong>do</strong><br />
em esta<strong>do</strong>s como São Paulo, Mato<br />
Grosso, Mato Grosso <strong>do</strong> Sul, tocantins<br />
e Goiás. Mas sempre há as<br />
exceções, exemplo da M&G.<br />
— <strong>Italiana</strong> de tortona, Piemonte,<br />
a empresa Mossi Ghisolfi<br />
(M&G) fez um grande investimento<br />
em fevereiro deste ano inauguran<strong>do</strong><br />
no esta<strong>do</strong> de Pernambuco<br />
a maior fábrica <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> para a<br />
produção de resina PEt, matéria-<br />
Principais produtos exporta<strong>do</strong>s para a Itália<br />
18,1%<br />
16,9%<br />
Couro e pele<br />
Minérios de ferro aglomera<strong>do</strong>s<br />
e seus concentra<strong>do</strong>s<br />
7,2%<br />
6,7%<br />
6,6%<br />
prima utilizada na produção de<br />
garrafas de refrigerantes, água<br />
mineral e óleos comestíveis. A<br />
M&G é hoje uma empresa de proporções<br />
multinacionais, mas tra-<br />
“O Brasil<br />
precisava<br />
estabelecer<br />
regras mais<br />
claras e<br />
definidas para<br />
investimentos<br />
em suas<br />
agências”<br />
Fra n c e s c O Pa t e r n ò ,<br />
s e c r e tá r i O-G e r a l d a<br />
câ m a r a íta l O-Br a s i l e i r a d e<br />
cO m é r c i O e in d u s t r i a d e sP<br />
Grãos, frutas e plantas<br />
6,2%<br />
pasta química de<br />
madeira de árvores<br />
não coníferas<br />
café não-torra<strong>do</strong>,<br />
não-descafeina<strong>do</strong><br />
e em grãos<br />
Carne<br />
dicionalmente italiana, com uma<br />
administração 100% italiana —<br />
recorda Sacchi.<br />
E o secretário-geral da Câmara<br />
de ítalo-brasileira de Comércio<br />
e Indústria de São Paulo ainda<br />
lembra outro caso de empreendimento<br />
fora <strong>do</strong> eixo tradicional de<br />
rodadas de negócios no brasil.<br />
— A Danieli <strong>do</strong> brasil, siderúrgica<br />
cuja produção de aço<br />
plano tem grande crescimento,<br />
está em Fortaleza. E para os italianos,<br />
interessam as redes turísticas<br />
da bahia ao <strong>Rio</strong> Grande <strong>do</strong><br />
Norte — salienta Paternò, lembran<strong>do</strong><br />
que Milão já importa moda<br />
brasileira, incluin<strong>do</strong> o couro,<br />
item importante na lista de compra<br />
italiana.<br />
— Esperamos os frutos da associação<br />
entre Petrobras e ENI,<br />
no campo da energia. Mas quan<strong>do</strong><br />
se fala em cerâmica, setor<br />
moveleiro e agroindústria, é a<br />
região da Emilia Romagna quem<br />
mais mantém intercâmbio com o<br />
brasil — aponta.<br />
26 C o m u n i t à i t a l i a n a / ag o s t o 2007<br />
a g o s t o 2007 / Co m u n i t à i t a l i a n a 27
entrevista<br />
A redescoberta<br />
<strong>do</strong> Novo Mun<strong>do</strong><br />
Embaixa<strong>do</strong>r da União Européia (UE) no Brasil, o português João José Soares Pacheco, é um entusiasta<br />
<strong>do</strong> momento político e econômico <strong>do</strong> Brasil, que ele vê como uma das nações mais importantes entre<br />
as emergentes, um lugar onde, segun<strong>do</strong> ele, a Europa está disposta a investir mais <strong>do</strong> que nunca. Em<br />
entrevista exclusiva a <strong>Comunità</strong>, em Brasília, João Pacheco revela a quantas andam as negociações<br />
comerciais entre o Velho Mun<strong>do</strong>, Brasil e Mercosul. Diz que aposta numa evolução ainda mais ágil<br />
nesse intercâmbio com a conclusão da Rodada de Doha [negociações no âmbito da Ordem Mundial<br />
de Comércio (OMC) para redução de barreiras comerciais no mun<strong>do</strong>]. Pacheco demonstra estar atento<br />
também ao que ocorre ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Brasil. Vê com bons olhos a entrada da Venezuela no Mercosul,<br />
embora admita se manter em compasso de espera enquanto aguarda o detalhamento das condições em<br />
torno desse ingresso. Defende ainda a legitimidade da medida boliviana de se apoderar de seus recursos<br />
naturais, mas adverte que tal procedimento pode, sim, afugentar investi<strong>do</strong>res estrangeiros.<br />
Fábio li n o<br />
Divulgação<br />
<strong>Comunità</strong> <strong>Italiana</strong> – Como<br />
o Brasil se insere no seio<br />
da UE?<br />
João Pacheco – Os investimentos<br />
diretos da União<br />
Européia no brasil [mais de 80<br />
bilhões de euros] são superiores<br />
à soma de investimentos diretos<br />
nos outros países bRIC, ou seja,<br />
na Rússia, na índia e na China,<br />
o que é muito importante. Para<br />
nós, o brasil é uma das nações<br />
mais importantes entre os países<br />
emergentes. Nós temos uma<br />
história de relações que é muito<br />
longa, de séculos. E temos<br />
uma história de investimentos<br />
no brasil que para muitas companhias<br />
é centenária. Não é algo<br />
que aconteceu agora, mas há<br />
muitos anos.<br />
CI – Um <strong>do</strong>s objetivos de Portugal<br />
à frente da UE é fazer com que esta<br />
olhe mais para a América Latina,<br />
por intermédio <strong>do</strong> Brasil. A<br />
região estava esquecida? Como<br />
seria esse novo olhar?<br />
JP – Eu não acho justo dizer que<br />
a UE esqueceu a América Latina.<br />
Há um esforço de aproximação.<br />
temos realiza<strong>do</strong> cimeiras com a<br />
região a cada <strong>do</strong>is anos. A última<br />
foi em Viena e vamos ter no<br />
próximo ano uma em Lima (Peru).<br />
Agora, acho que a parceria<br />
estratégica com o brasil vai reforçar<br />
o interesse da Europa na<br />
América <strong>do</strong> Sul e o interesse <strong>do</strong><br />
brasil pela Europa.<br />
CI – O Brasil era o único <strong>do</strong>s países<br />
BRIC que não tinha parceria<br />
estratégica com a UE. A proposta<br />
partiu de Portugal. O que a UE espera<br />
dela?<br />
JP – Nós achamos que é uma iniciativa<br />
que só peca por ter vin<strong>do</strong><br />
agora. Porque, como disse antes,<br />
só não tinha uma parceria estratégica<br />
com o brasil. Reconhecemos<br />
agora que o brasil tem uma<br />
influência cada vez maior no mun<strong>do</strong>,<br />
além da que tem na região.<br />
Nós, europeus, queremos ter uma<br />
boa relação como os países que<br />
tenham a maior influência na sua<br />
região e que tenham mais a dizer<br />
ao mun<strong>do</strong>. Isso ajuda a construir<br />
um mun<strong>do</strong> mais equilibra<strong>do</strong>,<br />
mais multipolar. Além disso, vai<br />
nos trazer uma maior colaboração<br />
em to<strong>do</strong>s os assuntos mundiais.<br />
Por exemplo, a questão das mudanças<br />
climáticas. Um <strong>do</strong>s temas<br />
centrais da nossa parceria estratégica<br />
é ver o que nós podemos<br />
fazer em comum <strong>nas</strong> Nações Unidas<br />
para ir além <strong>do</strong> protocolo de<br />
Kyoto. também <strong>nas</strong> Nações Unidas<br />
devemos trabalhar de forma<br />
mais estreita na Comissão <strong>do</strong>s Direitos<br />
Humanos, na Comissão para<br />
a Paz. Vamos explorar toda cooperação<br />
possível porque temos<br />
valores muito próximos. Vamos<br />
fazer mais <strong>do</strong> que temos agora.<br />
CI – Nos termos da parceria há<br />
uma questão energética. Como<br />
será esse trabalho?<br />
JP – Nós queremos incorporar<br />
mais biocombustível na gasolina<br />
e no óleo diesel na Europa. O<br />
brasil é o líder na produção desse<br />
tipo de produto, sobretu<strong>do</strong> o<br />
etanol. Já temos um memoran<strong>do</strong><br />
de entendimento que já foi assina<strong>do</strong><br />
em bruxelas, durante a visita<br />
<strong>do</strong> presidente Lula de julho.<br />
Devemos desenvolver a cooperação<br />
para explorar novas gerações<br />
de biocombustíveis em outros<br />
países, provavelmente na áfrica,<br />
aproveitan<strong>do</strong> a técnica <strong>do</strong> brasil.<br />
Além disso, vamos desenvolver<br />
nossa parceria no meio da pesqui-<br />
sa, ciência e tecnologia. Aliás, em<br />
setembro, teremos reuniões para<br />
lançar essa parceria com o brasil,<br />
que é, fora <strong>do</strong> G8, o país que mais<br />
produz em termos científicos. Nós<br />
temos interesse em desenvolver<br />
pesquisa e desenvolvimento, não<br />
só na área de energia renovável,<br />
mas em todas as áreas, transporte<br />
marítimo, educação...<br />
CI – Como está a cooperação<br />
nessas questões?<br />
JP – Há duas grandes áreas de<br />
cooperação em educação. Uma<br />
envolve a oferta de bolsas para<br />
estudantes brasileiros de mestra<strong>do</strong><br />
e de <strong>do</strong>utora<strong>do</strong> na Europa.<br />
Nos últimos cinco anos, mais de<br />
2.500 estudantes ganharam bolsas.<br />
Nós queremos <strong>do</strong>brar esse<br />
número. Na outra área, queremos<br />
criar institutos de estu<strong>do</strong>s europeus.<br />
Vamos procurar universidades<br />
que desenvolvem atividades<br />
em relações internacionais para<br />
que invistam em estu<strong>do</strong>s europeus.<br />
temos recursos financeiros<br />
e discutiremos com o governo<br />
brasileiro e entidades universitárias.<br />
Creio que podemos criar<br />
cinco ou seis centros de estu<strong>do</strong>s<br />
europeus aqui no brasil. O que já<br />
é uma boa atuação. temos ainda<br />
rede de cooperação entre universidades<br />
que queremos continuar.<br />
CI – E no setor de transportes?<br />
JP – Nós assinamos um memoran<strong>do</strong><br />
de entendimento com o brasil<br />
sobre transporte marítimo. A idéia<br />
é saber como melhorar ligações<br />
marítimas, sobretu<strong>do</strong> para transporte<br />
de merca<strong>do</strong>rias. Nós achamos<br />
que o brasil tem interesse de<br />
ter mais oferta marítima de transporte<br />
de carga porque isso baixa<br />
o custo da exportação <strong>do</strong> produto<br />
brasileiro, principalmente para<br />
a Europa. E para as nossas empresas<br />
de transportes marítimos<br />
é interessante ter mais negócio.<br />
também estamos ven<strong>do</strong> a possibilidade<br />
de ajuda para melhorar<br />
os portos brasileiros, como dragagens,<br />
e a navegação fluvial. Neste<br />
quesito, inclusive, temos bastante<br />
competência e condição de ajudar<br />
o brasil, e estamos no começo de<br />
um bom diálogo. O país tem grande<br />
potencial de navegação fluvial<br />
que não é aproveita<strong>do</strong>. Na Europa<br />
nós temos uma navegação dinâmica,<br />
competência e interesse de<br />
ter uma parceria com o brasil.<br />
CI – A Europa tem interesse em<br />
investir <strong>nas</strong> obras <strong>do</strong> Programa<br />
de Aceleração <strong>do</strong> Crescimento<br />
(PAC)?<br />
JP – Cada empresa européia está<br />
ven<strong>do</strong> como pode contribuir para<br />
o PAC. É uma área interessante.<br />
Nós também temos interesse <strong>nas</strong><br />
Parcerias Público Priva<strong>do</strong> (PPP) e<br />
de ajudar <strong>nas</strong> agências regula<strong>do</strong>ras.<br />
Ou seja, temos que ter um<br />
clima de segurança que favoreça<br />
os investimentos.<br />
“Eu não acho<br />
justo dizer que<br />
a UE esqueceu a<br />
América Latina.<br />
Há um esforço<br />
de aproximação.<br />
Temos realiza<strong>do</strong><br />
cimeiras com<br />
América <strong>do</strong> Sul<br />
e Caribe a cada<br />
<strong>do</strong>is anos”<br />
CI – O senhor falou em segurança<br />
para os investimentos. O<br />
Mercosul está com a proposta<br />
de inclusão de países que estão<br />
passan<strong>do</strong> com grandes problemas<br />
internos, como a Venezuela.<br />
O senhor acredita que esse fator<br />
pode diminuir os investimentos<br />
europeus na região?<br />
JP – A nossa posição é favorável<br />
à integração regional. E, portanto,<br />
nós vemos com bons olhos o<br />
ingresso da Venezuela ao Mercosul.<br />
É mais um parceiro, importante.<br />
É algo que em principio é<br />
positivo. Agora, precisamos ter<br />
mais clareza sobre as condições<br />
estabelecidas para este ingresso.<br />
O processo de integração da Venezuela<br />
no Mercosul foi feito de<br />
forma contrária aos processos de<br />
alargamento na União Européia.<br />
Lá, os países se candidatam e<br />
têm que negociar uma série de<br />
questões. Aqui foi diferente, mas<br />
essas situações não devem ser<br />
necessariamente iguais. Estamos<br />
confiantes de que a entrada da<br />
Venezuela não vai colocar em<br />
xeque as boas relações que temos<br />
com o Mercosul, e estamos<br />
atentos às negociações.<br />
CI – Como a UE vê os governos latinos<br />
de esquerda?<br />
JP – Na Europa tem governos de<br />
esquerda, de centro e de direi-<br />
28 C o m u n i t à i t a l i a n a / ag o s t o 2007<br />
a g o s t o 2007 / Co m u n i t à i t a l i a n a 29
entrevista<br />
ta. temos alternância normal. Na<br />
Itália, atualmente o governo é<br />
de esquerda, mas já foi de direita.<br />
Não temos qualquer problema<br />
em relação a isso, desde que se<br />
respeitem os princípios democráticos.<br />
Agora, nós temos uma<br />
posição de critica quanto a atenta<strong>do</strong>s<br />
à liberdade de expressão e<br />
vemos com inquietação o impedimento<br />
à prorrogação da concessão<br />
de um canal de televisão<br />
na Venezuela. Dizemos isso clara<br />
e fracamente e não afirmamos isso<br />
ape<strong>nas</strong> na América <strong>do</strong> Sul. Há<br />
problemas na Rússia, à qual nós<br />
também alertamos. Não é uma<br />
questão ape<strong>nas</strong> de ser de esquerda<br />
ou de direita. É uma questão<br />
de respeito à democracia.<br />
CI – Na Bolívia, o governo desapropriou<br />
várias empresas. Até<br />
onde isso implica nos investimentos<br />
no país?<br />
JP – Eu sou o representante da<br />
UE no brasil, portanto o enfoque<br />
sobre a bolívia não é fácil para<br />
mim. O que posso dizer é que nós<br />
respeitamos o direito de to<strong>do</strong>s os<br />
países a se apoderar, de maneira<br />
legítima, de seus recursos naturais.<br />
Agora, certas medidas tomadas<br />
não parecem facilitar a entrada<br />
de investimentos estrangeiros.<br />
São contra o investimento estrangeiro.<br />
Não creio que isso seja<br />
bom para a bolívia, assim como<br />
não é bom para qualquer outro<br />
país. O investimento estrangeiro<br />
direto na capacidade produtiva<br />
trás mais empregos, tecnologia e<br />
distribuição de riqueza. tu<strong>do</strong> isso<br />
enquadra<strong>do</strong> no respeito às leis<br />
de cada país. Medidas que podem<br />
ser entendidas contrárias aos investimentos<br />
estrangeiros não favorecem<br />
o desenvolvimento. Mas<br />
cada país decide por si.<br />
CI – Como deve evoluir o tratamento<br />
da UE em relação ao Brasil<br />
e ao Mercosul?<br />
JP – Nós continuamos interessa<strong>do</strong>s<br />
em reforçar a integração regional.<br />
Achamos que isso é bom<br />
para o desenvolvimento <strong>do</strong> país<br />
e para a estabilidade na região.<br />
Portanto, nós tu<strong>do</strong> faremos para<br />
ajudar a integração regional.<br />
Vamos fazer prosseguin<strong>do</strong> as negociações<br />
com o Mercosul, como<br />
bloco. Agora, dentro <strong>do</strong> Mercosul<br />
temos uma relação especial com<br />
o brasil. A questão é: será que<br />
isso ajuda? Acho que isso ajuda<br />
a nossa relação com o Mercosul<br />
porque se tivermos uma relação<br />
mais estreita, um diálogo mais<br />
concreto, compreenden<strong>do</strong> mais<br />
questões de um e de outros, isso<br />
vai nos auxiliar também na compreensão<br />
sobre o que a gente pode<br />
colaborar com o Mercosul.<br />
CI – O que falta para haver um<br />
salto de qualidade <strong>nas</strong> relações<br />
com o Mercosul?<br />
JP – O acor<strong>do</strong> ajuda muito. A UE é<br />
o maior bloco comercial <strong>do</strong> mun<strong>do</strong><br />
e o maior destino das exportações<br />
brasileiras, além de ser<br />
maior investi<strong>do</strong>r <strong>do</strong> brasil. E isso<br />
também deveria ser aborda<strong>do</strong><br />
com os outros países na hora de<br />
um acor<strong>do</strong>. O que falta é termos<br />
clareza sobre aquilo que é principal<br />
na negociação para to<strong>do</strong>s<br />
nós, brasil, países <strong>do</strong> Mercosul e<br />
UE, que é fechar a Rodada de Doha.<br />
Quan<strong>do</strong> nós tivermos clareza<br />
de quan<strong>do</strong> isso seria possível,<br />
podemos relançar as negociações<br />
com o Mercosul.<br />
CI – O Brasil se queixa de enfrentar<br />
dificuldades em por os<br />
seus produtos agrícolas na UE.<br />
A recente parceria pode ajudar a<br />
mudar isso?<br />
JP – Não diretamente, porque as<br />
questões comerciais devem ser resolvidas<br />
na Rodada de Doha ou na<br />
negociação com o Mercosul. Não<br />
haverá uma negociação comercial<br />
com o brasil porque o país já faz<br />
parte de um bloco comercial. Nós<br />
não podemos negociar só com o<br />
brasil, nós temos que negociar<br />
com os parceiros <strong>do</strong> Mercosul.<br />
Agora, deixa eu lhe dizer: em termos<br />
de barreiras, o brasil enfrenta<br />
menos barreiras com a Europa<br />
<strong>do</strong> que com o resto <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Já<br />
somos o maior destinatário de exportação<br />
<strong>do</strong> brasil e somos, ainda,<br />
de forma mais clara, o principal<br />
destinatário das exportações agrícolas<br />
brasileiras. O brasil exporta<br />
muito mais para a Europa <strong>do</strong> que<br />
para os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s. O brasil<br />
exporta carne fresca para a Europa<br />
e não exporta um único bife<br />
para o EUA. Acho que há menos<br />
barreiras na UE <strong>do</strong> que noutros<br />
países. A prova está na diferença<br />
entre esses fluxos comerciais.<br />
CI – Um <strong>do</strong>s itens da parceria são<br />
os Direitos Humanos. Como a UE<br />
pode contribuir nesta questão?<br />
JP – É uma questão interna. A Europa<br />
e o brasil têm a mesma visão<br />
de Direitos Humanos. O que<br />
há no brasil é um problema de<br />
respeito aos direitos humanos<br />
em determinadas áreas. Há um<br />
grande esforço <strong>do</strong> governo federal<br />
para resolver a situação.<br />
“O Brasil exporta<br />
muito mais para<br />
a Europa <strong>do</strong> que<br />
para os Esta<strong>do</strong>s<br />
Uni<strong>do</strong>s. O Brasil<br />
exporta carne<br />
fresca para a<br />
Europa e não<br />
exporta um único<br />
bife para o EUA”<br />
temos projetos de cooperação<br />
com o brasil. Eu vou te dar um<br />
exemplo: temos um para instalar<br />
ouvi<strong>do</strong>rias de polícias, temos<br />
outro para combater a violência<br />
e a tortura. Estamos sempre dispostos<br />
a ajudar. O problema não<br />
é de leis e nem de vontade política.<br />
O problema está na realidade<br />
<strong>do</strong> dia-a-dia. Agora, é algo<br />
que compete ape<strong>nas</strong> ao brasil resolver.<br />
Nós podemos ajudar, mas,<br />
para ser sincero, a maior parte <strong>do</strong><br />
trabalho tem que ser feito pelos<br />
brasileiros.<br />
Divulgação<br />
CI – E como está o investimento<br />
brasileiro na Europa?<br />
JP – Está melhoran<strong>do</strong>. No último<br />
ano, houve cinco bilhões de euros<br />
de investimento brasileiro na Europa,<br />
o que é uma coisa extraordinária.<br />
O brasil já está entre os dez<br />
maiores investi<strong>do</strong>res na Europa.<br />
Isso é bom. Isso quer dizer que as<br />
empresas brasileiras estão se internacionalizan<strong>do</strong><br />
e investin<strong>do</strong>.<br />
CI – E o investimento brasileiro<br />
na Europa tende a evoluir?<br />
JP – Isso é com as empresas. É<br />
muito difícil dizer. O que posso<br />
dizer é que o vemos com bons<br />
olhos. Gostamos muito de investimentos<br />
estrangeiros na Europa<br />
e, em particular, <strong>do</strong>s brasileiros.<br />
Isso é muito boa noticia.<br />
CI – Como o senhor analisa a inserção<br />
da Itália na EU?<br />
JP – A Itália é um grande país<br />
funda<strong>do</strong>r da União Européia.<br />
Entre os seis paises funda<strong>do</strong>res<br />
estava a Itália. O trata<strong>do</strong> de<br />
fundação da União Européia é<br />
o trata<strong>do</strong> de Roma. Eu sei que<br />
a Itália aqui no brasil tem uma<br />
das maiores comunidades e tem<br />
muitos brasileiros que possuem o<br />
passaporte italiano. Eu julgo que<br />
essa parceria estratégica com o<br />
brasil vai ajudar aproximar ainda<br />
mais os <strong>do</strong>is países.<br />
SaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSa<br />
Xô TPM!<br />
Os transtornos da tensão Pré-Menstrual<br />
(tPM) não atingem ape<strong>nas</strong><br />
as mulheres que sofrem desse mal, mas<br />
to<strong>do</strong>s a sua volta. Há, no entanto, como<br />
evitá-los. Cientistas da Universidade<br />
de Massachusetts, nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s,<br />
afirmam que uma dieta rica em cálcio e<br />
vitamina D ajuda a minimizar o problema.<br />
Um estu<strong>do</strong> comprovou que as mulheres<br />
sem tPM costumavam ingerir em<br />
média quatro porções por dia de leite<br />
desnata<strong>do</strong>, além de suco de laranja ou<br />
laticínios de baixo teor de gordura, como<br />
iogurtes.<br />
Coração na balança<br />
Obesos têm mais chances de sobreviver<br />
a ataques <strong>do</strong> coração e a crises<br />
de angina <strong>do</strong> que pessoas magras. Depois<br />
de analisar 1.676 pacientes, com peso<br />
normal e acima da média, interna<strong>do</strong>s<br />
após enfrentar um desses problemas,<br />
pesquisa<strong>do</strong>res suíços e alemães concluíram<br />
que, apesar da maior suscetibilidade<br />
às <strong>do</strong>enças cardíacas, os<br />
obesos têm três vezes menos chances<br />
de morrer em até três anos após<br />
o tratamento.<br />
Grupo Keystone<br />
Grupo Keystone<br />
Contra a cistite<br />
A<br />
<strong>do</strong>ença inflamatória ou infecciosa da bexiga<br />
atinge de 20 a 30% das mulheres entre<br />
20 e 50 anos, pelo menos uma vez por ano. Segun<strong>do</strong><br />
o professor Ro<strong>do</strong>lfo Milani, <strong>do</strong> Ospedale<br />
bassini Azienda Ospedaliera San Gerar<strong>do</strong> di<br />
Monza e da Università degli Studi Milano-bicocca,<br />
é possível diminuir os riscos de contraí-la.<br />
Além de sempre cuidar da higiene íntima com<br />
uma boa limpeza da área genital e urinária, o<br />
médico recomenda uma dieta rica em fibras e<br />
também beber <strong>do</strong>is litros de água por dia.<br />
Reprodução<br />
Inconveniente<br />
ma non troppo<br />
Pigmento existente no jamelão conheci<strong>do</strong><br />
por provocar o transtorno<br />
de manchas, quem diria, também pode<br />
ajudar na luta contra o câncer. Segun<strong>do</strong><br />
pesquisa<strong>do</strong>res da Universidade Estadual<br />
de Campi<strong>nas</strong> (Unicamp), o extrato da<br />
fruta contém antociaci<strong>nas</strong>, substâncias<br />
presentes na pigmentação que, em testes<br />
de laboratório, causaram a morte de<br />
uma média de 90% de células leucêmicas.<br />
Os testes foram feitos também em<br />
células sadias, das quais 20% morreram.<br />
Cuida<strong>do</strong> com a carne<br />
Pesquisa<strong>do</strong>res da Universidade de Leeds,<br />
na Inglaterra, reforçaram a idéia de que<br />
comer carne vermelha pode causar câncer de<br />
mama. De acor<strong>do</strong> com o estu<strong>do</strong> feito com 35<br />
mil mulheres, de 35 a 69 anos, as pacientes<br />
que comeram mais de 57 gramas diárias tiveram<br />
o risco da <strong>do</strong>ença eleva<strong>do</strong> em 56%. A<br />
taxa subiu para 64 % entre as que colocavam<br />
no prato mais de 20 gramas de carne processada<br />
industrialmente.<br />
Grupo Keystone<br />
Grupo Keystone<br />
Lá vem o sol I<br />
Em tempos de aquecimento global, o<br />
sol tem se destaca<strong>do</strong> mais pelo papel<br />
de vilão. Mas pesquisa<strong>do</strong>res da Universidade<br />
<strong>do</strong> Sul da Califórnia, nos Esta<strong>do</strong>s<br />
Uni<strong>do</strong>s, acabam de descobrir que,<br />
além <strong>do</strong>s seus inúmeros efeitos benéficos<br />
e maléficos já conheci<strong>do</strong>s, o astro<br />
ainda auxilia na diminuição <strong>do</strong> risco de<br />
desenvolvimento da esclerose múltipla.<br />
É que os raios UV oferecem proteção ao<br />
alterar as respostas imunológicas das<br />
células ou ao aumentar os níveis de vitamina<br />
D no organismo.<br />
Lá vem o sol II<br />
Uma xícara de café pode ajudar a proteger<br />
a pele de <strong>do</strong>enças provocadas<br />
pelo sol. Cientistas americanos, em experimentos<br />
feitos com ratos de laboratório,<br />
constataram que a combinação de exercícios<br />
físicos com água e cafeína se revelou<br />
capaz de reduzir danos causa<strong>do</strong>s pela<br />
radiação ultravioleta. Segun<strong>do</strong> o estu<strong>do</strong>,<br />
publica<strong>do</strong> em the Proceedings of the<br />
National Academy of Sciences, a defesa<br />
natural <strong>do</strong>s ratos contra células<br />
pré-cancerosas foi estimulada em até<br />
400%. Espera-se resulta<strong>do</strong> semelhante<br />
em seres humanos.<br />
30 C o m u n i t à i t a l i a n a / ag o s t o 2007<br />
a g o s t o 2007 / Co m u n i t à i t a l i a n a 31<br />
Mojan Sami
Kedson Kede<br />
Andreia<br />
Barbalho não<br />
tem me<strong>do</strong> de<br />
parto normal:<br />
“tenho mais<br />
me<strong>do</strong> de ‘entrar<br />
na faca’”<br />
Uma<br />
escolha<br />
para<br />
poucas<br />
Números oficiais revelam que o parto normal pre<strong>do</strong>mina<br />
no Brasil, especialmente <strong>nas</strong> regiões mais pobres.<br />
Enquanto isso, na Itália, em cinco anos, o índice de<br />
grávidas que recorreram à cesariana se elevou<br />
de 29,9% para 35,2%. Médicos admitem<br />
que o perfil-sócio econômico <strong>do</strong>s pais<br />
determina como <strong>nas</strong>cem os bebês<br />
nay r a garoFlE<br />
Poucas mulheres têm o poder de decidir<br />
como devem <strong>nas</strong>cer os seus filhos.<br />
O perfil sócio-econômico das<br />
grávidas, de acor<strong>do</strong> com as estatísticas<br />
oficiais, determina a técnica utilizada<br />
pelos médicos. Se na rede pública de<br />
saúde pre<strong>do</strong>mina a prática <strong>do</strong> parto normal,<br />
nos hospitais priva<strong>do</strong>s a maioria <strong>do</strong>s<br />
bebês vem à luz em cesaria<strong>nas</strong>. Obstetras<br />
admitem a preferência pelo procedimento<br />
cirúrgico, que representa economia de tempo,<br />
além de ser mais bem pago.<br />
Não bastasse livrar os médicos de correrias<br />
inesperadas às maternidades e da espera de prazo<br />
imprevisível pelo término <strong>do</strong> parto normal, as cesaria<strong>nas</strong><br />
ainda envolvem menos risco de ações judiciais,<br />
por eventuais erros no procedimento, segun<strong>do</strong><br />
constata a professora Rosiane Mattar,<br />
da Escola Paulista de Medicina da Universidade<br />
Federal de São Paulo (Unifesp):<br />
— O parto cesáreo é mais rápi<strong>do</strong>,<br />
pode acontecer no momento em que<br />
não atrapalha o médico e nem o casal.<br />
Na visão da maioria <strong>do</strong>s obstetras,<br />
este também é mais seguro<br />
no senti<strong>do</strong> de proteger a<br />
criança de anoxia [falta de<br />
oxigenação] ou de traumatismo.<br />
A técnica protege<br />
o médico de ações judiciais<br />
porque quan<strong>do</strong><br />
uteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSalut<br />
dá algo erra<strong>do</strong> no parto, o médico<br />
da esquina, o advoga<strong>do</strong> e o<br />
juiz vão perguntar por que não<br />
foi feita a cesariana.<br />
Se há alguns aspectos positivos<br />
na cesariana, a obstetra reconhece<br />
que a cirurgia envolve riscos mais<br />
graves <strong>do</strong> que o parto normal:<br />
— Se a vantagem da cesariana<br />
é ser rápida, a desvantagem se<br />
refere aos riscos muito maiores de<br />
mortalidade materna e fetal, além<br />
da possibilidade de eventuais complicações<br />
posteriores. O parto normal,<br />
como o termo indica, é normal<br />
e o seu principal valor está na emoção<br />
que o casal sente ao ver o filho<br />
<strong>nas</strong>cer. Sem contar que (pelo méto<strong>do</strong><br />
natural) a criança <strong>nas</strong>ce somente<br />
quan<strong>do</strong> está madura, tem menos<br />
complicações respiratórias e a amamentação<br />
dá muito mais certo.<br />
Diante de tantos prós e contras<br />
de cada méto<strong>do</strong>, os números<br />
oficiais revelam que a opção final<br />
depende menos da vontade da<br />
grávida e mais da sua condição<br />
financeira. No brasil, pesquisa<br />
<strong>do</strong> Ministério da Saúde, de 2005,<br />
mostra que em três milhões de<br />
partos no país, 57% foram <strong>do</strong><br />
tipo normal. No Nordeste brasileiro,<br />
este ocorreu em 67,8% de<br />
922 mil casos. No Sudeste, onde<br />
o padrão de vida, em média, é<br />
mais alto, verificou-se o inverso:<br />
51,6% de um milhão de mães se<br />
submeteram à cesariana.<br />
Enquanto isso, na Itália, pesquisa<br />
<strong>do</strong> Istituto Nazionale di<br />
Statistica (Istat), de 2006, mostra<br />
que, de 2000 a 2005, elevou-se<br />
a média de cesaria<strong>nas</strong> de<br />
29,9% para 35,2%.<br />
As estatísticas não são os<br />
únicos sinais da relação direta<br />
entre o méto<strong>do</strong> emprega<strong>do</strong> nos<br />
partos e a condição financeira<br />
“Acho até que o<br />
médico deveria<br />
receber mais<br />
pelo parto<br />
normal porque<br />
este exige<br />
mais a sua<br />
disponibilidade”<br />
da n i e l l a ca s t e l lO t t i,<br />
O B s t et r a<br />
das grávidas: as tabelas de pagamento<br />
pelo serviço, na saúde<br />
pública e na rede privada, revelam<br />
que cesaria<strong>nas</strong> custam, normalmente,<br />
mais caro.<br />
Na rede privada, a variação<br />
de preços flutua entre três mil<br />
e 15 mil reais. Já os planos de<br />
saúde repassam às equipes de<br />
900 a 10 mil reais, conforme a<br />
modalidade. Na tabela <strong>do</strong> Sistema<br />
Único de Saúde (SUS) <strong>do</strong> governo<br />
federal, o valor repassa<strong>do</strong><br />
aos hospitais convenia<strong>do</strong>s também<br />
varia: por partos normais,<br />
maternidades recebem de 283,60<br />
a 306,73 reais, de acor<strong>do</strong> com o<br />
nível de risco <strong>do</strong> procedimento.<br />
Por cesaria<strong>nas</strong>, o valor oscila entre<br />
435,86 e 621,68.<br />
— Na rede privada, a diferença<br />
<strong>do</strong>s valores de um para o outro<br />
é muito pouca. Acho até que o<br />
médico deveria receber mais pelo<br />
parto normal porque este exige<br />
mais a sua disponibilidade.<br />
É impraticável para um médico<br />
que faz muitos partos só realizar<br />
o normal — assume a obstetra<br />
Daniella Castellotti, que já trabalhou<br />
na rede <strong>do</strong> SUS: — trabalhei<br />
em hospital público e, para<br />
quem está de plantão, tanto faz<br />
um méto<strong>do</strong> ou outro.<br />
E ainda há interesses econômicos<br />
indiretos a permear o processo<br />
de decisão. Médicos reclamam,<br />
por exemplo, <strong>do</strong> dinheiro que deixam<br />
de ganhar, estan<strong>do</strong> “presos” à<br />
realização de um parto normal.<br />
— O trabalho de parto pode<br />
durar até 12 horas e este acaba<br />
sen<strong>do</strong> um inconveniente para o<br />
médico, principalmente para os<br />
que fazem o parto por convênio.<br />
Para os obstetras, o parto normal<br />
deveria ser mais bem pago pelos<br />
convênios, visto que, não raramente,<br />
temos de ficar mais de 10<br />
horas no hospital, enquanto num<br />
cesáreo ficamos em torno de 2<br />
horas — afirma a obstetra.<br />
O me<strong>do</strong> da <strong>do</strong>r<br />
A técnica de enfermagem Sabrina<br />
de Souza, de 25 anos, está entre<br />
aquelas que, de antemão, escolheram<br />
a cesariana para dar a luz:<br />
— Sempre morri de me<strong>do</strong> de<br />
sentir <strong>do</strong>r e exigi que meu médico<br />
fizesse a cirurgia. Graças a Deus<br />
correu tu<strong>do</strong> bem, antes e depois,<br />
e não me arrepen<strong>do</strong>. Quan<strong>do</strong><br />
eu tiver o meu segun<strong>do</strong> filho<br />
vou querer cesariana novamente<br />
— afirma Sabrina, mãe de Maria<br />
Eduarda, hoje com cinco anos.<br />
Divulgação<br />
A atriz Vanessa Giácomo, aos três meses de gravidez, sonha com parto<br />
normal. Fernanda Fiore não teve escolha e fez cesariana<br />
Segun<strong>do</strong> a obstetra Daniella<br />
Castellotti, antes de optar por<br />
um determina<strong>do</strong> méto<strong>do</strong> de parto,<br />
a mãe precisa se informar<br />
bem sobre os procedimentos:<br />
— Uma paciente que não pode<br />
sequer ouvir falar no parto<br />
normal não tem como realizá-lo<br />
de mo<strong>do</strong> harmonioso e tranqüilo,<br />
assim como aquelas que querem<br />
muito o méto<strong>do</strong> normal tendem a<br />
evoluir melhor.<br />
Indicações médicas de realização<br />
de um parto por um ou outro<br />
méto<strong>do</strong> só têm como ser definidas,<br />
na maioria <strong>do</strong>s casos, mais<br />
para o final da gestação:<br />
— Isso vai depender de fatores<br />
como, por exemplo, a posição<br />
<strong>do</strong> bebê. O importante é esclarecer<br />
a paciente de como será to<strong>do</strong><br />
o processo, o que ela vai sentir,<br />
como são as contrações, anestesia,<br />
entre outros detalhes.<br />
Expectativa frustrada<br />
A brasileira Fernanda Fiore, de<br />
37, acredita que o parto normal<br />
é mais incentiva<strong>do</strong> na Itália <strong>do</strong><br />
que no brasil.<br />
— Me parece que aqui o parto<br />
natural é mais incentiva<strong>do</strong>.<br />
Meu médico renuncia às suas férias<br />
inteiras para poder respeitar<br />
a hora certa de cada gestante.<br />
Não posso generalizar, mas os<br />
filhos das minhas amigas daqui<br />
<strong>nas</strong>ceram de parto normal e no<br />
caso <strong>do</strong>s que <strong>nas</strong>ceram de cesariana,<br />
houve uma razão para isso<br />
— diz Fernanda, casada com um<br />
italiano e há três anos viven<strong>do</strong><br />
em Nápoles.<br />
Embora ela tenha se prepara<strong>do</strong><br />
durante nove meses para<br />
o parto normal, o primeiro filho<br />
da brasileira, Enrico, de um ano,<br />
<strong>nas</strong>ceu numa cesariana:<br />
Arquivo pessoal<br />
— Não tive escolha. Minha<br />
pressão arterial subiu muito. Fui<br />
para o hospital, repeti vários<br />
exames e o meu médico decidiu<br />
que era hora, pois temia a gestose<br />
[manifestação toxêmica que<br />
ocorre durante a gravidez]. Foi<br />
uma decisão correta.<br />
Está quase na hora<br />
Prestes a dar à luz ao primeiro<br />
filho, a designer gráfica Andreia<br />
barbalho, de 34, já aprontou o<br />
quarto <strong>do</strong> bebê e as roupinhas<br />
estão lavadas. Matheus virá ao<br />
mun<strong>do</strong> pelo méto<strong>do</strong> natural, se<br />
depender da mãe.<br />
— Parto normal em primeiro<br />
lugar! O único receio que tenho é<br />
de que eu não consiga ter o Matheus<br />
assim por alguma complicação.<br />
tenho mais me<strong>do</strong> de “entrar<br />
na faca” — conta.<br />
O <strong>nas</strong>cimento de Matheus está<br />
previsto para o final de setembro.<br />
A médica de Andreia a deixou<br />
escolher o tipo de parto.<br />
— A preferência dela é por parto<br />
normal, cesariana somente por<br />
alguma complicação — comenta.<br />
Já a atriz Vanessa Giácomo<br />
curte os primeiros três meses de<br />
gravidez. Ela e o seu mari<strong>do</strong>, o ator<br />
Daniel de Oliveira, estão empolga<strong>do</strong>s<br />
a espera <strong>do</strong> primeiro filho.<br />
— Está tu<strong>do</strong> corren<strong>do</strong> bem.<br />
Fiquei saben<strong>do</strong> da gravidez um<br />
pouco antes de ser convidada<br />
para a novela, quan<strong>do</strong> o Wolf<br />
[Maia, diretor] me ligou. Não estou<br />
enjoan<strong>do</strong>, nunca passei mal!<br />
As gravações estão sen<strong>do</strong> uma<br />
delícia e estou muito feliz, numa<br />
fase especial da minha vida! Ainda<br />
não comprei nada para o bebê<br />
porque estou esperan<strong>do</strong> um pouco<br />
— declara Vanessa, que sonha<br />
com o parto normal.<br />
32 C o m u n i t à i t a l i a n a / ag o s t o 2007<br />
a g o s t o 2007 / Co m u n i t à i t a l i a n a 33
comportamento<br />
A pé, mas<br />
turbinadas<br />
Os seios diminutos da Vênus de Millo não fazem mais a cabeça das jovens<br />
italia<strong>nas</strong>. Elas têm preferi<strong>do</strong>, aos tradicionais presentes de formatura, como<br />
carros, implantes de silicone <strong>nas</strong> mamas. No Brasil o tamanho <strong>do</strong> derrière<br />
também já não impera como principal recurso de sedução<br />
A<br />
jovem Grazia Zocchi está<br />
curtin<strong>do</strong> as melhores férias<br />
de verão da sua vida.<br />
Aos 18 anos, ela acaba<br />
de ganhar <strong>do</strong>s pais o presente<br />
há muito tempo prometi<strong>do</strong> para<br />
quan<strong>do</strong> passasse no “esame di<br />
maturità”. Aprovada no provão<br />
nacional <strong>do</strong> Ministério de Educação<br />
da Itália ao término <strong>do</strong> 2º<br />
grau, o seu prêmio foi a sonhada<br />
cirurgia para aumentar os seios.<br />
— Desde os 16, usava sutiãs<br />
com enchimento e sonhava em implantar<br />
silicone. O meu pai sempre<br />
foi contra e, mesmo assim, quan<strong>do</strong><br />
ele me perguntou o que queria de<br />
presente pela aprovação no exame,<br />
não pensei duas vezes. Não foi<br />
fácil convencê-lo, mas ele acabou<br />
ceden<strong>do</strong> — conta a jovem.<br />
Como Grazia, muitas jovens<br />
italia<strong>nas</strong> não querem mais saber<br />
<strong>do</strong>s presentes de costume, como<br />
motos, carros, ou viagens para o<br />
exterior. A cirurgia estética para<br />
aumentar os seios é cada vez<br />
mais freqüente entre os pedi<strong>do</strong>s<br />
feitos aos pais pelas garotas de<br />
18 a 20 anos.<br />
— É uma moda que se firmou<br />
nos últimos três anos —<br />
afirma Giulio basoccu, responsável<br />
pela divisão de Cirurgia<br />
Plástica <strong>do</strong> Instituto traumatológico<br />
Italiano.<br />
Para o cirurgião, as jovens<br />
são cada vez mais precoces:<br />
nay r a garoFlE E ValqUíria rEy<br />
— Antigamente, se começava<br />
a sair, a ter namora<strong>do</strong>, aos 20, 25<br />
anos. Hoje, aos 15, 16 anos, as<br />
meni<strong>nas</strong> já têm vida <strong>social</strong>, afetiva<br />
e amorosa. Isso quer dizer que<br />
tu<strong>do</strong> começa cada vez mais ce<strong>do</strong>.<br />
Segun<strong>do</strong> basoccu, aos 18,<br />
as jovens atingem a maioridade,<br />
sentin<strong>do</strong>-se mulheres, preparadas<br />
para dar adeus a problemas<br />
que afetam a auto-estima.<br />
— Elas são bombardeadas pelas<br />
imagens da televisão, que mostram<br />
a qualquer hora <strong>do</strong> dia mulheres<br />
belíssimas, com medidas perfeitas<br />
— constata o médico, que conclui:<br />
— Essa vontade de mudar alguma<br />
coisa no corpo <strong>nas</strong>ce <strong>do</strong> me<strong>do</strong> de<br />
não ser aceita, desejada.<br />
Grazia diz que nunca se achou<br />
feia. Mas, com os seios pequenos,<br />
não se sentia 100% mulher.<br />
— Eu não parecia muito feminina.<br />
Não chamava a atenção<br />
e os meninos não olhavam para<br />
mim como uma garota interessante<br />
— recorda a estudante,<br />
agora de auto-estima bastante<br />
elevada: — Agora, posso até fazer<br />
topless na praia.<br />
O cirurgião Savio Marziani<br />
confirma a existência da moda<br />
<strong>do</strong> bisturi pós-diploma, como estão<br />
sen<strong>do</strong> classificadas na Itália<br />
as cirurgias estéticas feitas pelas<br />
jovens depois da aprovação no<br />
exame. Ele confirma que esta é<br />
uma tendência que se comprova<br />
nos consultórios italianos.<br />
Na lista das cirurgias para aumentar<br />
os seios neste verão, Marziani<br />
contabiliza duas deze<strong>nas</strong> de<br />
pós-diplomadas neste verão.<br />
Mais agressiva <strong>do</strong> que Grazia,<br />
Mirella Ferri, de 19, admite ter<br />
chantagea<strong>do</strong> os pais e os avós.<br />
— Eu disse que só estudaria<br />
se ganhasse a plástica de presente.<br />
Até ameacei parar de comer,<br />
porque não agüentava mais viver<br />
assim, me odian<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s os dias<br />
— lembra Mirella.<br />
E a pressão funcionou:<br />
— Minha família entendeu que<br />
eu estava deprimida, que não<br />
queria mais sair de casa e se uniu<br />
para pagar os seis mil euros da<br />
cirurgia. Na minha primeira consulta<br />
ao cirurgião, levei junto a<br />
minha avó e a minha mãe.<br />
Arlen Roche<br />
Conforme basoccu, em 2007,<br />
o número de cirurgias pós-diploma<br />
aumentou cerca de 5% em relação<br />
ao ano passa<strong>do</strong>.<br />
— Na primeira colocação entre<br />
as operações estéticas mais<br />
realizadas está, sem dúvida, a<br />
que aumenta o volume <strong>do</strong>s seios.<br />
Depois, vêm a lipoaspiração; a rinoplastia,<br />
que remodela o nariz;<br />
e os liftings — assegura o especialista.<br />
Intervenções para aumentar<br />
os lábios também têm si<strong>do</strong> muito<br />
freqüentes na Itália, mas, por<br />
serem simples demais. O atendimento<br />
é ambulatorial, não requer<br />
internação, feito ape<strong>nas</strong> injetan<strong>do</strong><br />
com uma seringa a substância<br />
apropriada nos lábios. Daí estes<br />
serem procedimentos considera<strong>do</strong>s<br />
light na medicina estética,<br />
segun<strong>do</strong> basoccu.<br />
De acor<strong>do</strong> com o cirurgião,<br />
os resulta<strong>do</strong>s de uma plástica, <strong>do</strong><br />
ponto de vista psicológico, nem<br />
sempre são positivos.<br />
— Se a jovem já tem algum<br />
tipo de insegurança e a cirurgia<br />
não traz os resulta<strong>do</strong>s deseja<strong>do</strong>s,<br />
ela terá mais problemas no futuro,<br />
porque nessa idade elas costumam<br />
ter conflitos com os colegas,<br />
namora<strong>do</strong>, sociedade e a<br />
tendência é que eles sejam agrava<strong>do</strong>s<br />
— diz basucco, com uma<br />
ressalva: — Se a intervenção cirúrgica<br />
se concluir bem, ela viverá<br />
melhor <strong>social</strong>mente, e a sua<br />
qualidade de vida também vai<br />
melhorar.<br />
basucco lembra que, tempos<br />
atrás, as técnicas das cirurgias<br />
estéticas no nariz, no seio<br />
e de lifting não eram tão evoluídas.<br />
Era fácil identificar quem tinha<br />
passa<strong>do</strong> por um intervento<br />
cirúrgico.Hoje, é tu<strong>do</strong> diferente.<br />
Segun<strong>do</strong> o médico, o resulta<strong>do</strong><br />
é cada vez mais personaliza<strong>do</strong><br />
e natural. E o pedi<strong>do</strong> de um par<br />
de seios novos como prêmio pelo<br />
sucesso no “esame di maturità”<br />
raramente decepciona as jovens.<br />
Pelo contrário: elas recebem exatamente<br />
o que desejam, sentemse<br />
mais seguras, mais bonitas e<br />
mais felizes.<br />
No Brasil<br />
Se, na Europa, jovens apostam no<br />
aumento <strong>do</strong>s seios como recurso<br />
para atrair o sexo oposto, no<br />
brasil os contornos e o volume <strong>do</strong><br />
bumbum ainda são importantes<br />
armas de sedução. Mas há quem<br />
suspeite de que a primazia <strong>do</strong> derrière<br />
empina<strong>do</strong> esteja sob ameaça<br />
no país que inventou o biquíni estilo<br />
fio dental. O cirurgião plástico<br />
Milton Peruzzo, de São Paulo,<br />
constata que, de fato, os conceitos<br />
estéticos brasileiros estão mudan<strong>do</strong>,<br />
na opinião <strong>do</strong> médico, por<br />
influência da alta moda.<br />
— O destaque de modelos<br />
brasileiras tornadas em símbolos<br />
de beleza internacional tem muda<strong>do</strong><br />
o conceito tradicional brasileiro<br />
de corpo bonito, com seios<br />
pequenos e bumbum grande —<br />
explica o médico, referin<strong>do</strong>-se a<br />
um padrão estético nacional que<br />
vem sen<strong>do</strong> desbanca<strong>do</strong> pelo perfil<br />
globaliza<strong>do</strong> das top models de<br />
qualquer parte <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, de corpos<br />
longilíneos, bumbuns magros<br />
e peitos silicona<strong>do</strong>s.<br />
A despeito da nacionalidade<br />
ou mesmo da idade, Peruzzo defende<br />
o direito das mulheres de<br />
buscar a própria felicidade.<br />
— Se sua imagem prejudica a<br />
sua auto-estima, você deve buscar<br />
um cirurgião plástico. Com<br />
arte e competência é possível, de<br />
Antes e depois da cirurgia: formas mais femini<strong>nas</strong><br />
DIvulgação<br />
Vanessa Gagno: 235 mililitros<br />
em cada mama. Giulio Basoccu,<br />
cirurgião italiano<br />
forma segura e confortável, promover<br />
uma melhora desta autoestima<br />
— diz.<br />
No brasil, o desejo de aumentar<br />
os seios não se dissemina somente<br />
entre mulheres jovens. Peruzzo<br />
conta que tem atendi<strong>do</strong> de<br />
10 a 15 pacientes por mês, de todas<br />
as idades. todas com a autoestima<br />
baixa, com complexo de<br />
inferioridade e capazes de fazer<br />
de tu<strong>do</strong> para se sentir melhor.<br />
— Aten<strong>do</strong> mulheres em qualquer<br />
faixa etária que apresentam<br />
flacidez mamária, com pouco teci<strong>do</strong><br />
glandular ou de gordura. Isso<br />
é muito comum após partos,<br />
quan<strong>do</strong> ocorre involução das<br />
glândulas mamárias. As mais jovens<br />
também buscam cada vez<br />
mais ce<strong>do</strong> a cirurgia para elevar<br />
auto-estima — explica.<br />
Vanessa Gagno, de 23, realizou<br />
o sonho que cultivava desde a<br />
a<strong>do</strong>lescência: aos 21 anos, depois<br />
de juntar o dinheiro necessário,<br />
aumentou os seios. Do manequim<br />
38 passou a vestir sutiã 42.<br />
— Pus 235 mililitros de silicone<br />
em cada mama. Eu não tinha<br />
nada e para piorar os meus<br />
ombros são largos. Ficava incomodada<br />
ao usar certas roupas —<br />
diz Vanessa, que juntou os 1.500<br />
reais da entrada pela cirurgia e<br />
ainda pagou dez prestações de<br />
300 reais.<br />
Além <strong>do</strong> implante de silicone,<br />
Vanessa também já passou<br />
por uma rinoplastia:<br />
— Eu sempre dizia que quan<strong>do</strong><br />
começasse a trabalhar, iria<br />
realizar as minhas três grandes<br />
vontades. A primeira, comprar<br />
um carro; a segunda, pôr silico-<br />
Arquivo pessoal<br />
DIvulgação<br />
ne; e a terceira, fazer a cirurgia<br />
no nariz. Então juntei dinheiro e<br />
fui eliminan<strong>do</strong> cada uma delas<br />
— conta a jovem, que trabalha<br />
com o pai na loja da família, de<br />
material de construção, e enfrentou<br />
com galhardia a insônia causada<br />
pelas <strong>do</strong>res pós-cirúrgicas:<br />
— Parecia que tinha um peso em<br />
cima de mim e eu não conseguia<br />
respirar. Incomodava um pouco.<br />
De acor<strong>do</strong> com Peruzzo, a cirurgia<br />
de implante de silicone<br />
<strong>nas</strong> mamas deixa cicatrizes bem<br />
disfarçadas.<br />
— O processo pós-cirúrgico é<br />
bastante simples. três dias de repouso<br />
de movimentos <strong>do</strong>s braços<br />
e vida normal após este perío<strong>do</strong>.<br />
Para exercícios fortes como natação,<br />
tênis, musculação, aguardamos<br />
30 dias — informa o cirurgião,<br />
que costuma operar muitos<br />
pacientes italianos.<br />
A cirurgia no brasil sai, segun<strong>do</strong><br />
ele, mais barata <strong>do</strong> que na<br />
Europa ou nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s,<br />
varian<strong>do</strong> o valor das próteses entre<br />
seis mil e 18 mil reais — afirma<br />
o médico.<br />
34 C o m u n i t à i t a l i a n a / ag o s t o 2007<br />
a g o s t o 2007 / Co m u n i t à i t a l i a n a 35
sport<br />
Successo con<br />
tutti i colori<br />
Brasile batte record nei Jogos Pan-americanos con il<br />
contributo degli oriundi, oltre a rivelare modalità poco conosciute<br />
Sforzo, perseveranza, su<strong>do</strong>re<br />
e lacrime. Gli ingredienti<br />
sono noti ma, nella<br />
storia dei Giochi Panamericani,<br />
il brasile non ha mai<br />
ottenuto così tanti successi. In<br />
17 giorni di gare, dei 660 atleti<br />
che hanno rappresentato il paese<br />
315 (ovvero il 48%) hanno vinto<br />
medaglie nel <strong>Rio</strong> 2007. La ricetta<br />
ha garantito che la squadra verde<br />
e gialla salisse 54 volte sul gradino<br />
più alto del podio. Condita da<br />
pizzichi di glamour nella costruzione<br />
di installazioni sportive e<br />
dalla presenza italiana, grazie a<br />
tecnici e perfino ad un brasiliano<br />
venuto direttamente dallo Stivale,<br />
sono state molte le curiosità<br />
presenti nei Giochi di <strong>Rio</strong>.<br />
Natália Falavigna: l’oriunda<br />
sale sul podio per ricevere<br />
l’argento nel taekwon<strong>do</strong><br />
Su due ruote e taglian<strong>do</strong> il<br />
vento di chi si arrischia all’adrenalina<br />
della velocità, il ciclista<br />
Luciano Pagliarini, 29, ha garantito<br />
il bronzo in una gara <strong>do</strong>ve è<br />
prevalso il superamento. Il competitore,<br />
che abita a treviso, ha<br />
commentato nel suo sito personale<br />
(www.lucianopagliarini.com)<br />
com’è stata l’esperienza di partecipare<br />
al Pan a <strong>Rio</strong>.<br />
— Stare in brasile è stato<br />
fantastico. Mi sono preparato<br />
molto per questa gara. Ho corso<br />
il rischio di passare sulla destra<br />
tra le grate di protezione e il cubano<br />
che sprintava davanti a me.<br />
Era cadere o passare. Alla fine<br />
sono proprio passato, toccan<strong>do</strong><br />
due volte con il pedale destro la<br />
sílVia so U z a<br />
base della grata. Ero al 10° posto<br />
e, con la strada libera, sono<br />
riuscito a recuperare otto posti<br />
— narra il fan di Ayrton Senna<br />
e Valentino Rossi, che ha anche<br />
<strong>do</strong>vuto risolvere il problema di<br />
una gomma bucata nel primo giro<br />
della gara posteriore a 16 km.<br />
di corsa.<br />
Il brasiliano si è aggrappato<br />
con unghie e denti all’opportunità<br />
di allenarsi in Italia quan<strong>do</strong>,<br />
alla fine del 1998, <strong>do</strong>po aver<br />
vinto la Selezione Olimpica,<br />
ha conseguito un contatto con<br />
Ivan Parolin, uno dei dirigenti<br />
dell’équipe IMA italiana.<br />
Con il contratto firmato,<br />
avrebbe corso l’anno seguente.<br />
In questo momento, il cicli-<br />
sta si trova nell’équipe spagnola<br />
Saunier Duval-Prodir. Di ritorno<br />
a <strong>Rio</strong>, il paranaense ha percorso<br />
156 km nel Parque <strong>do</strong> Flamengo,<br />
in 3 ore e 38 minuti di pedalate,<br />
tutto molto intenso, come la sua<br />
vita a treviso.<br />
— Le strade sono eccellenti<br />
e la regione è privilegiata per i<br />
ciclisti, dato che riunisce lunghe<br />
distanze di pianure e di salite per<br />
oltre 30 chilometri, così possone<br />
essere realizzati allenamenti di<br />
qualità e completi per un atleta<br />
— mette in risalto Paglia, come<br />
viene chiamato dagli amici.<br />
Medaglia d’argento nella categoria<br />
superiore ai 67 chili,<br />
l’italo-brasiliana Natália Falavigna,<br />
23, ha aiutato a debellare i<br />
preconcetti e a divulgare la lotta,<br />
dato che fin dagli inizi della<br />
sua carriera si è abituata a vincere<br />
titoli, come il Mondiale.<br />
All Sports<br />
Arquivo pessoal<br />
Deonise posa con l’oro ottenuto con l’ampio risultato nella finale contro<br />
Cuba. Il Brasile ha segnato 30 goal contro i 17 della squadra di Fidel Castro<br />
— Con questo titolo sono<br />
stata premiata dal Comitato<br />
Olimpico brasiliano come migliore<br />
atleta del 2005 e, da quel momento,<br />
le porte mi si sono aperte<br />
— ricorda Natália.<br />
Natália mette in risalto che<br />
la mancanza di pianificazione per<br />
gare internazionali potrebbe aver<br />
compromesso il suo risultato ed<br />
è stato il peggior momento nella<br />
preparazione del Pan.<br />
— Ero preparata per il tour europeo<br />
(una serie di due e tre tornei<br />
di altissimo livello) e, poco prima<br />
del viaggio, hanno cancellato<br />
tutto. Questo intralcia e demotiva<br />
molto, ma ho avuto fiducia in Dio<br />
— osserva la giovane, in ritmo di<br />
allenamenti per il pre-olimpico che<br />
sarà realizzato in settembre.<br />
Se sul tatami, nelle piste e<br />
sui campi il brasile ha ottenuto<br />
molti successi individuali, nelle<br />
modalità disputate in équipe il<br />
successo era già atteso. Centrocampo<br />
della selezione brasiliana<br />
di pallamano, l’italo-brasiliana<br />
Deonise Facchinello è stata un altro<br />
esempio di questa mescolanza<br />
che è sfociata in gente nuova<br />
e vittorie meritate. Vincitrice con<br />
la selezione (in quattro tornei disputati:<br />
Olanda, Ucraina, Pan di<br />
Selezioni e Jogos Pan Americanos<br />
di <strong>Rio</strong>, è stata campionessa<br />
di tutti), invece la vita di Dê non<br />
è sempre stata così facile.<br />
— Subito <strong>do</strong>po il Mondiale<br />
Juniores in Mace<strong>do</strong>nia nel 2003,<br />
ho subìto una lesione alla spalla<br />
destra. È stato un brutto momento,<br />
ho pensato di abban<strong>do</strong>nare lo<br />
sport e di avere una vita differente.<br />
Ma mio marito (allora fidan-<br />
João Neto Photo e Grafia<br />
zato) non mi ha fatto desistere e<br />
mi ha convinta a ricominciare. È<br />
stata la decisione giusta, sono riuscita<br />
a recuperarmi e a realizzare<br />
dei sogni che avevo — ricorda<br />
l’atleta, che ha avuto la sua prima<br />
esperienza nella pallamano come<br />
portiere e recentemente ha cominciato<br />
a giocare nello spagnolo<br />
S.D. Itxako Navarra.<br />
Con risultati un tanto elastici<br />
(nella finale ha battuto Cuba per 30<br />
a 17), il brasile, che ha molti dei<br />
suoi giocatori uomini e <strong>do</strong>nne in<br />
squadre all’estero, ha fatto vedere<br />
il suo potenziale. Ma per Deonise,<br />
un momento in particolare è stato<br />
speciale nella partita decisiva.<br />
— L’équipe era molto centrata<br />
nella partita e avevamo certezza<br />
di vincere l’oro, ma ai 14<br />
minuti del secon<strong>do</strong> tempo della<br />
finale, l’intera tifoseria ha cominciato<br />
a cantare l’inno nazionale<br />
brasiliano. E lì ho avuto l’assoluta<br />
certezza che l’oro non ci<br />
sarebbe sfuggito, è stato molto<br />
emozionante, non me ne dimenticherò<br />
in tutta la mia vita! —<br />
dice la giocatrice, che tiene nel<br />
suo sito personale (www.deonise.com)<br />
foto e informazioni che<br />
condivide con i suoi fan.<br />
Nipote di italiani, a Deonise,<br />
quan<strong>do</strong> non si dedica allo sport,<br />
piace restare a casa col marito<br />
e i suoi cani, abban<strong>do</strong>nan<strong>do</strong>si a<br />
partite di bowling con amici, oltre<br />
a mangiare una buona pizza.<br />
E, malgra<strong>do</strong> le piaccia viaggiare e<br />
non abbia molto tempo per farlo,<br />
ha come meta per il 2008 conoscere<br />
la terra dei suoi avi.<br />
— Ho la passione per l’Italia.<br />
Ho molte riviste che parlano di<br />
Roma, Venezia e Milano. Se andrà<br />
tutto bene, nel 2008 metterò<br />
in pratica il mio sogno di conoscere<br />
questa terra così bella.<br />
L’architettura e la culinaria sono<br />
le caratteristiche che più mi affascinano<br />
dell’Italia — confessa.<br />
Ultimo vincitore di medaglie<br />
brasiliano del Pan, il tennista<br />
Flávio Saretta ha arricchito ancor<br />
di più il sal<strong>do</strong> record del quadro<br />
brasiliano. Discendente di italiani,<br />
il paulista dell’Americana si è<br />
preparato per i Giochi giocan<strong>do</strong><br />
tornei in Europa, <strong>do</strong>ve è rimasto<br />
per due mesi.<br />
— La mia famiglia è 100% italiana,<br />
là ho dei parenti, i miei bisnonni<br />
erano italiani. Sono già stato<br />
molte volte a giocare in Italia,<br />
a<strong>do</strong>ro quel paese — spiega Flávio,<br />
che per un momento ha pensato<br />
che poteva perdere la partita contro<br />
il cileno ádrian Garcia.<br />
— Nel momento in cui ho<br />
avuto i due match point contro,<br />
sicuramente sono rimasto un po’<br />
deluso e triste. Ma quan<strong>do</strong> sono<br />
riuscito a salvare il primo, la mia<br />
mente ha ricominciato a crederci,<br />
come era successo anche nella<br />
semifinale — aggiunge.<br />
Il tennista ha recuperato la<br />
partita vincen<strong>do</strong> 2 set a 1 (parziali<br />
di 6-2 e 4-6 e 7-6) provan<strong>do</strong><br />
che la stanchezza può essere superata<br />
da azioni vincenti.<br />
Cacciatori di talenti<br />
Loro non hanno gareggiato, ma forse<br />
si sono innervositi tanto quanto<br />
gli atleti. Lavoran<strong>do</strong> praticamente<br />
dietro le quinte, due italiani sono<br />
stati molto importanti nella preparazione<br />
dei brasiliani delle selezioni<br />
di tiro. Direttore tecnico della<br />
Confederação brasileira de tiro<br />
com Arco (CbtArco), Eros Fauni si<br />
è dedicato, durante tre anni, all’organizzazione<br />
e ispezione dell’area<br />
di gara, portan<strong>do</strong> uno dei migliori<br />
tecnici della modalità (l’italiano<br />
Renzo Ruele) per allenare gli arcieri<br />
di tiro con l’arco che avrebbero<br />
rappresentato il brasile.<br />
— Ci siamo classificati al<br />
quarto posto per équipe, molto<br />
meglio del Pan di Santo Domingo,<br />
ma il tiro non fa parte della<br />
linea di spettacoli, non colpisce<br />
la gente, quindi ci manca ancora<br />
lo sponsor perché gli atleti si occupino<br />
soltanto ad allenarsi per i<br />
campionati — mette in risalto.<br />
Un altro italiano coinvolto con<br />
lo sport brasiliano, il tecnico Carlo<br />
Danna è riuscito a dare coraggio<br />
ai suoi atleti per superare una crisi<br />
interna nella Confederação brasileira<br />
de tiro Esportivo (CbtE).<br />
— Sono in brasile da sette anni.<br />
Il tiro è uno sport tecnico, ma<br />
è anche molto emotivo. La mancanza<br />
di incentivi dell’anteriore<br />
gestione ha contribuito affinché<br />
non vincessimo medaglie nel Pan.<br />
Non c’erano strutture né interesse<br />
di sviluppare le attività. Inoltre,<br />
gli atleti sono di altre regioni<br />
del brasile, quindi ci riunivamo<br />
quattro o cinque giorni al mese —<br />
informa il tecnico della selezione<br />
brasiliana di tiro al piattello, che<br />
nutre speranze nei risultati del<br />
Mondiale della categoria che verrà<br />
disputato in settembre.<br />
Oriundi che hanno fatto la festa nel Pan<br />
Oro Argento Bronzo<br />
Marcelo Giardi -<br />
Wakeboard<br />
Danielle Zangran<strong>do</strong><br />
Ju<strong>do</strong> (categoria leggeri<br />
femm. – fino ai 57kg)<br />
Deonise Fachinello –<br />
Pallamano femminile<br />
Jardel Pizzinatto,<br />
Leonar<strong>do</strong> tezzelli<br />
bortolini, Alexandre<br />
Morelli – Pallamano<br />
Maschile<br />
César Cielo – Nuoto<br />
50 m stile libero<br />
Ana Flávia Sgobin -<br />
Ciclismo su strada -<br />
bMX femminile<br />
Fabiola Molina -<br />
Nuoto 100 m <strong>do</strong>rso<br />
Leandro tozzo e<br />
Anderson Nocetti –<br />
Canottaggio (otto con)<br />
Flávia Delaroli -<br />
Nuoto 4 x 100m<br />
stile libero<br />
Natália Falavigna<br />
-taekwon<strong>do</strong><br />
categoria più di 67kg<br />
Luciano Pagliarini -<br />
Ciclismo – Corsa su<br />
strada individuale<br />
maschile<br />
Flávia Delaroli -<br />
Nuoto 100m stile<br />
libero<br />
Lucas Salatta -<br />
Nuoto 200m <strong>do</strong>rso<br />
Fabíola Molina -<br />
Natação 4 x 100m<br />
medley<br />
Anderson Nocetti -<br />
Canottaggio<br />
(due senza)<br />
36 C o m u n i t à i t a l i a n a / ag o s t o 2007<br />
a g o s t o 2007 / Co m u n i t à i t a l i a n a 37
capa<br />
Solidariedade<br />
‘al dente’<br />
Solidarietà ‘al dente’<br />
Por conta própria, integra<strong>do</strong>s a movimentos, ONGs e projetos governamentais, voluntários italianos cruzam as<br />
fronteiras das <strong>favelas</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> como militantes de uma guerrilha pela paz. A seguir, <strong>Comunità</strong> apresenta histórias<br />
emblemáticas de sucesso na união ítalo-brasileira para o combate à violência urbana e à desigualdade <strong>social</strong>.<br />
Na laje da casa sem emboço,<br />
Paulo, padrasto de Alan, e<br />
Márcia, mãe <strong>do</strong> aprendiz<br />
de basquete, com os irmãos<br />
Marcos e Maurício<br />
Per conto proprio, integrati a movimenti, ONGs, progetti governativi, volontari<br />
italiani scavalcano le frontiere delle <strong>favelas</strong> di <strong>Rio</strong> come militanti di una guerriglia per<br />
la pace. In seguito, <strong>Comunità</strong> presenta storie emblematiche di successo nell’unione<br />
italo-brasiliana per la lotta contro la violenza urbana e la disuguaglianza <strong>social</strong>e<br />
PaU l a Máiran, rosangEla co M U n a l E E sílVia so U z a<br />
Bruno de Lima<br />
Alan ouviu e testemunhou<br />
muitas histórias sobre<br />
a guerrilha. Afinal, os<br />
confrontos se iniciaram<br />
bem antes de ele <strong>nas</strong>cer. E ainda<br />
ocorrem, por vezes, ao re<strong>do</strong>r<br />
de sua casa, no alto <strong>do</strong> Morro<br />
<strong>do</strong>s Cabritos, em Copacabana,<br />
Zona Sul <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro. Ele<br />
viu morrer ou serem presos amigos<br />
de infância, mas assim mesmo,<br />
aos 16 anos, encarou como<br />
natural o ingresso no tráfico de<br />
drogas.<br />
O mun<strong>do</strong>, então, parecia a<br />
Alan um lugar sem alternativas<br />
de vida mais atraentes <strong>do</strong> que<br />
aquela vaga na boca-de-fumo.<br />
— É muita desigualdade.<br />
Quem tem dinheiro sempre se dá<br />
bem, e quem não tem sempre se<br />
dá mal. Não pode ser assim sempre.<br />
Se eu pudesse fazer alguma<br />
coisa para mudar isso, eu faria,<br />
mas o quê? Acho que não tenho<br />
como mudar nada... — explica,<br />
sobre o sentimento de injustiça<br />
que o fez deixar a escola, depois<br />
das férias passadas, com o plano<br />
pragmático de ganhar dinheiro<br />
com a venda de drogas, para terminar<br />
a construção da casa sem<br />
emboço, comprar tênis e roupas<br />
da moda, escolher garotas...<br />
Um amigo alertou o padrasto<br />
de Alan sobre onde andava<br />
o garoto. O inspetor de clube<br />
Paulo Rodrigues, de 41, correu<br />
ao bunker <strong>do</strong> tráfico para resgatá-lo.<br />
— Não bati nele, mas mostrei<br />
que aquele caminho só dava<br />
em morte ou cadeia — lembra<br />
Paulo, saben<strong>do</strong> que a firmeza de<br />
seu gesto não bastaria para interromper<br />
o roteiro em curso.<br />
A auxiliar de creche Márcia<br />
Rodrigues, de 38, mãe de Alan,<br />
resolveu pedir ajuda a um casal<br />
amigo, o italiano Gherar<strong>do</strong> Milanesi,<br />
também de 38, e a americana<br />
Kareen Spence, de 34, mora<strong>do</strong>res<br />
da Avenida Atlântica, em<br />
Copacabana.<br />
— A nossa amizade é sem<br />
máscaras. Desabafei minha aflição<br />
com a Kareen e, numa conversa<br />
dela com o meu filho, ela<br />
viu uma saída — conta Márcia.<br />
Alan não voltou mais para<br />
a boca. Não empunhou mais<br />
armas. Passou a treinar numa<br />
cesta imaginária, na quadra de<br />
cimento da favela, o <strong>do</strong>mínio<br />
em suas mãos de uma bola de<br />
basquete – presente de Kareen<br />
e Gherar<strong>do</strong>.<br />
Eles conheciam um casal de<br />
Milão que se dispôs a financiar as<br />
mensalidades de uma escolinha<br />
oficial de basquete, para o a<strong>do</strong>lescente<br />
de quase 1,80 metro.<br />
— Nunca tinha visto um jogo<br />
e o primeiro dia de aula foi muito<br />
engraça<strong>do</strong> porque fiz várias coisas<br />
erradas — conta Alan, que<br />
sonha em se tornar joga<strong>do</strong>r profissional.<br />
Alan tem concilia<strong>do</strong> nos últimos<br />
<strong>do</strong>is meses o aprendiza<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
esporte com o ofício de aprendiz<br />
de restauro de móveis. O amigo<br />
italiano se preocupa porque ele<br />
ainda não voltou aos estu<strong>do</strong>s.<br />
— Criamos um laço de amizade.<br />
Eles sabem que podem contar<br />
com a gente — afirma Gherar<strong>do</strong>,<br />
cuja filha, de sete anos, mora na<br />
Europa e, <strong>nas</strong> férias, brinca com<br />
os filhos mais novos de Márcia.<br />
Alan está determina<strong>do</strong>:<br />
— Não posso perder a esperança<br />
de seguir em frente. Acordei<br />
e vi que não valia a pena<br />
aquela vida. Esbarrei outro dia<br />
no morro com um amigo to<strong>do</strong> larga<strong>do</strong>,<br />
cabelu<strong>do</strong>, sujo, descalço, e<br />
ele me contou que quase morreu<br />
num tiroteio. Acho que a família<br />
desistiu dele.<br />
Alan ha sentito e<br />
testimoniato molte<br />
storie sulla guerriglia.<br />
In fon<strong>do</strong>, i<br />
confronti sono iniziati molto<br />
prima di <strong>nas</strong>cere. E ancora succe<strong>do</strong>no,<br />
intorno alla sua casa,<br />
sulla cima del Morro <strong>do</strong>s Cabritos,<br />
a Copacabana, zona sud di<br />
<strong>Rio</strong> de Janeiro. Ha visto morire o<br />
essere arrestati amici d’infanzia,<br />
ma nonostante ciò, a 16 anni, ha<br />
considerato naturale l’entrata nel<br />
traffico di droga.<br />
Il mon<strong>do</strong>, allora, gli sembrava<br />
un luogo senza alternative di vita<br />
più attraenti di quelle offerte dal<br />
‘posto’ di spacciatore.<br />
— È una grande disuguaglianza.<br />
A chi ha i soldi gli va<br />
sempre bene, e a chi non ce l’ha,<br />
sempre male. Non può continuare<br />
così. Se potessi fare qualcosa per<br />
cambiare questo, lo farei, ma cosa?<br />
Cre<strong>do</strong> di non poter cambiare<br />
niente... — spiega parlan<strong>do</strong> del<br />
sentimento di ingiustizia che gli<br />
ha fatto abban<strong>do</strong>nare la scuola,<br />
<strong>do</strong>po le vacanze scorse, con il<br />
piano pragmatico di guadagnare<br />
soldi con lo spaccio per finire la<br />
costruzione della casa senza intonaco,<br />
comprarsi un paio di scarpe<br />
Gherar<strong>do</strong> e a filha Francesca na casa de Alan com sua família.<br />
Correspondente em ação no front<br />
Divulgação<br />
Bruno de Lima<br />
“O policial ganha uma<br />
miséria e mora ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
traficante e <strong>do</strong> mora<strong>do</strong>r.<br />
As relações se perdem<br />
entre o Brasil miserável<br />
e o primeiromundista.<br />
Esses Brasis devem ser<br />
integra<strong>do</strong>s”<br />
Gherar<strong>do</strong> Milanesi,<br />
jornalista<br />
da tennis e vestiti alla moda, scegliere<br />
ragazze...<br />
Un amico ha avvisato il patrigno<br />
di Alan della situazione.<br />
L’ispettore di club Paulo Rodrigues,<br />
41, è corso al bunker del<br />
traffico per riprenderselo.<br />
— Non l’ho picchiato, ma gli<br />
ho fatto vedere che quella strada<br />
finisce in morte o prigione — ricorda<br />
Paulo, sapen<strong>do</strong> che la fermezza<br />
del suo gesto non sarebbe bastata<br />
per interrompere quella storia.<br />
L’assistente di asilo ni<strong>do</strong><br />
Márcia Rodrigues, 38, madre di<br />
Alan, ha deciso di chiedere aiuto<br />
ad una coppia di amici, l’italiano<br />
Gherar<strong>do</strong> Milanesi, 38, e l’americana<br />
Kareen Spence, 34, che abitano<br />
nell’Avenida Atlântica, a Copacabana.<br />
— La nostra amicizia è senza<br />
maschere. Mi sono sfogata con<br />
Kareen e, in una sua chiacchierata<br />
con mio figlio, lei ha intravisto una<br />
via d’uscita — racconta Márcia.<br />
Alan non ci è più tornato allo<br />
spaccio. Non ha più preso un’arma<br />
tra le mani. Ha cominciato ad<br />
allenarsi con un canestro immaginario<br />
nel campo di cemento della<br />
favela, il <strong>do</strong>minio nelle sue mani<br />
di un pallone da basket – regalo<br />
di Kareen e Gherar<strong>do</strong>.<br />
Loro conoscevano una coppia<br />
di Milano che si è offerta per finanziare<br />
i mensili di una scuola<br />
ufficiale di basket per l’a<strong>do</strong>lescente<br />
alto quasi 1,80.<br />
— Non avevo mai visto una<br />
partita e il primo giorno di lezione<br />
è stato molto divertente perché<br />
ho fatto un sacco di cose<br />
sbagliate — racconta Alan, che<br />
sogna di diventare giocatore professionista.<br />
Alan, negli ultimi due mesi,<br />
ha affiancato gli allenamenti al<br />
mestiere di apprendista di restauro<br />
di mobili. L’amico italiano si<br />
preoccupa perché non ha ancora<br />
ricominciato a studiare.<br />
38 C o m u n i t à i t a l i a n a / ag o s t o 2007 a g o s t o 2007 / Co m u n i t à i t a l i a n a<br />
39
capa<br />
Confiança e amizade<br />
Há <strong>do</strong>is anos, a agrônoma Paola<br />
Gaggini, de 40, deixou a Itália<br />
para assumir a coordenação<br />
de cursos profissionalizantes no<br />
Morro <strong>do</strong>s Cabritos. Do brasil, conhecia<br />
pouco.<br />
— Sabia das <strong>favelas</strong> e da desigualdade<br />
<strong>social</strong> — conta Paola,<br />
que veio para o brasil a convite<br />
da Associação de Voluntários para<br />
o Serviço Internacional (Avsi),<br />
ONG voltada para o desenvolvimento<br />
de 40 países.<br />
Quinze jovens foram inseri<strong>do</strong>s<br />
no merca<strong>do</strong> de trabalho em<br />
2006 pela Avsi, quase metade <strong>do</strong><br />
total de alunos.<br />
— Constatei que a comunidade<br />
vivia num contexto muito fecha<strong>do</strong>,<br />
sem perspectivas. Os jovens<br />
aqui no morro têm toda a capacidade<br />
<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Mas não sabem<br />
lidar com ela. Infelizmente, nem<br />
to<strong>do</strong>s levam adiante a idéia de ganhar<br />
um emprego — declara.<br />
Para Paola, o problema pode<br />
estar numa carência de relações<br />
huma<strong>nas</strong>.<br />
— Com a amizade, eles criam<br />
mais comprometimento. É preciso<br />
cativá-los — conclui.<br />
Ensinan<strong>do</strong> e<br />
aprenden<strong>do</strong> a lutar<br />
Há 14 anos, a italiana Nadia Maria<br />
Rocha barbazza, de 39, decidiu<br />
se mudar da Suíça para o<br />
brasil – mais precisamente para<br />
o Morro <strong>do</strong> borel, na tijuca, Zona<br />
Norte <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>. Missionária <strong>do</strong> movimento<br />
cristão Jovens com uma<br />
Missão (Jocum), ela logo aprendeu<br />
que havia entra<strong>do</strong> “em um<br />
mun<strong>do</strong> dentro de outro mun<strong>do</strong>”.<br />
— O cotidiano é sofri<strong>do</strong> na<br />
favela, mas a visão de fora é<br />
limitada. Eu mesma tive que<br />
aprender a ver as coisas boas que<br />
existem no morro — revela.<br />
“A luta contra a violência<br />
não é responsabilidade<br />
ape<strong>nas</strong> das forças de<br />
segurança, mas da<br />
sociedade como um to<strong>do</strong>.<br />
O combate ao crime<br />
passa pelo resgate <strong>social</strong>”<br />
José Mariano Beltrame,<br />
secretário estadual de<br />
Segurança Pública<br />
No Morro <strong>do</strong>s Cabritos, Paola<br />
cria oportunidades de futuro<br />
profissional para os jovens. A<br />
missionária Nadia mora no Morro<br />
<strong>do</strong> Borel, na Tijuca, onde mantém<br />
creche para 400 crianças<br />
Nadia se casou com um companheiro<br />
da Jocum, o carioca Pedro<br />
Rocha Júnior, de 43, ex-opera<strong>do</strong>r<br />
da bolsa de Valores. Os <strong>do</strong>is<br />
filhos <strong>do</strong> casal <strong>nas</strong>ceram e vivem<br />
na favela:<br />
— Fiquei mais forte aqui,<br />
mais segura de que luto porque<br />
sei que é possível mudar a história<br />
— diz Nadia, que mantém<br />
no morro uma creche para 400<br />
crianças, ambulatório e ofici<strong>nas</strong><br />
de música e artes, entre outras.<br />
O objetivo de tu<strong>do</strong> isso: convencer<br />
pessoas a acreditar em si<br />
mesmas.<br />
— A pior pobreza é a que<br />
existe na cabeça, que leva alguém<br />
a achar que o governo ou<br />
outra pessoa tem de salvá-la.<br />
O nosso trabalho é promover a<br />
auto-estima. O resulta<strong>do</strong> disso<br />
representa muito em prevenção<br />
— analisa.<br />
Nadia lembra de con-<br />
quistas que dão senti<strong>do</strong> à<br />
vida na favela:<br />
— Conheci meninos<br />
que mal comiam uma re-<br />
Fotos: Bruno de Lima<br />
— Abbiamo stretto amicizia.<br />
Loro sanno che possono contare<br />
su di noi — afferma Gherar<strong>do</strong>, la<br />
cui figlia di sette anni abita in Europa<br />
e, durante le vacanze, gioca<br />
con i figli più giovani di Márcia.<br />
Alan è determinato:<br />
— Non posso perdere la speranza<br />
di andare avanti. Mi sono<br />
svegliato e ho visto che quella<br />
vita non valeva la pena. L’altro<br />
giorno ho visto un amico nel morro<br />
tutto trasandato, con i capelli<br />
lunghi, sporco, scalzo e mi ha raccontato<br />
che è quasi morto in una<br />
sparatoria. Penso che la sua famiglia<br />
non abbia più speranze.<br />
Fiducia e amicizia<br />
Due anni fa, l’agronoma Paola<br />
Gaggini, 40, ha lasciato l’Italia<br />
per assumere il coordinamento di<br />
corsi professionalizzanti nel Morro<br />
<strong>do</strong>s Cabritos. Del Brasile sapeva<br />
poco.<br />
— Sapevo delle <strong>favelas</strong> e della<br />
disuguaglianza <strong>social</strong>e — racconta<br />
Paola, venuta in Brasile su<br />
invito dell’Associação de Voluntários<br />
para o Serviço Internacional<br />
(Avsi), ONG rivolta allo sviluppo<br />
di 40 paesi.<br />
Quindici giovani sono stati inseriti<br />
nel mercato del lavoro nel<br />
2006 dall’Avsi, quasi la metà del<br />
totale degli alunni.<br />
— Ho constatato che la comunità<br />
viveva in un contesto molto<br />
chiuso, senza prospettive. I giovani<br />
qui nel morro hanno capacità<br />
complete. Ma non le sanno sfruttare.<br />
Purtroppo non tutti portano<br />
avanti l’idea di ottenere un impiego<br />
— dichiara. Secon<strong>do</strong> Paola,<br />
il problema potrebbe risiedere in<br />
una carenza di relazioni umane.<br />
— Con l’amicizia, loro creano<br />
più impegno. Bisogna accattivarli<br />
— conclude.<br />
Insegnan<strong>do</strong> e<br />
imparan<strong>do</strong> a lottare<br />
Quattordici anni fa, l’italiana Nadia<br />
Maria Rocha Barbazza, 39, ha<br />
deciso di trasferirsi dalla Svizzera<br />
in Brasile — più precisamente<br />
nel Morro <strong>do</strong> Borel, a Tijuca, zona<br />
nord di <strong>Rio</strong>.<br />
Missionaria del movimento<br />
cristiano Jovens com uma Missão<br />
(Jocum), ha subito capito che era<br />
entrata “in un mon<strong>do</strong> dentro un<br />
altro mon<strong>do</strong>”.<br />
— Il quotidiano nella favela è<br />
sofferto, ma la visione da fuori è<br />
limitata. Io stessa ho <strong>do</strong>vuto imparare<br />
a vedere le cose buone che<br />
ci sono nel morro — rivela.<br />
Nadia si è sposata con un collega<br />
della Jocum, il carioca Pedro<br />
Rocha Júnior, 43, ex operatore<br />
della Borsa di Valori. I due figli<br />
della coppia sono nati e vivono<br />
nella favela:<br />
— Sono diventata più forte<br />
qui, più sicura del fatto di lottare<br />
perché so che è possibile cambiare<br />
la storia — dice Nadia, che<br />
tiene nel morro un asilo ni<strong>do</strong> per<br />
400 bambini, un ambulatorio e<br />
officine di musica e arte, tra le altre<br />
attività.<br />
L’obiettivo di tutto questo:<br />
convincere le persone a credere in<br />
se stesse.<br />
feição por dia, com pais que bebiam<br />
e que batiam neles. Mas<br />
eles souberam cortar o rumo <strong>do</strong><br />
destino e aproveitaram as oportunidades.<br />
Num lugar onde o poder público<br />
é quase sinônimo de ação<br />
policial, ela confessa que a vida<br />
nem sempre é fácil.<br />
— Onde o poder público se<br />
mostra ausente, a lei (<strong>do</strong> poder<br />
paralelo) é dura. O convívio com<br />
a violência cotidiana é difícil —<br />
admite.<br />
Novata no front<br />
A advogada italiana Laura burocco,<br />
de 32, pensava em ficar no<br />
<strong>Rio</strong> por, no máximo, seis meses.<br />
Desde então, passaram-se três<br />
anos. Laura trabalha para a AR-<br />
CI, associação italiana de cultura<br />
e desenvolvimento. Envolveu-se<br />
até o pescoço em projetos culturais<br />
e de economia solidária, em<br />
mais de dez <strong>favelas</strong> da cidade e<br />
na baixada Fluminense.<br />
Recém-chegada ao <strong>Rio</strong>, cometia<br />
gafes ao transitar, sem noção<br />
das leis <strong>do</strong> tráfico, entre a<br />
favela e o asfalto.<br />
— Uma vez fui ao Morro Casa<br />
branca, na tijuca, toda vestida<br />
de vermelho. Precisei de escolta<br />
para sair em segurança da comunidade,<br />
<strong>do</strong>minada por uma facção<br />
<strong>do</strong> tráfico de drogas rival da<br />
que tem o vermelho como símbolo<br />
— lembra Laura, nem por isso<br />
intimidada em sua peregrinação<br />
pelo <strong>Rio</strong>.<br />
Intercâmbio e preconceito<br />
O líder comunitário Itamar Silva,<br />
da favela Santa Marta, de botafogo,<br />
esteve por mais de uma vez<br />
na Itália. <strong>Numa</strong> dessas, conheceu<br />
o presidente da Arci, Giampiero<br />
Rasimelli que, em visita à<br />
favela, em 2002, vibrou com as<br />
300 crianças da colônia de férias.<br />
Nasceu ali a parceria que viabiliza,<br />
to<strong>do</strong> ano, a visita ao morro<br />
de oito jovens italianos. Durante<br />
15 dias, eles se hospedam em casas<br />
de mora<strong>do</strong>res e trabalham na<br />
colônia como monitores.<br />
Itamar também já levou quatro<br />
jovens da favela para acampar<br />
<strong>nas</strong> montanhas de terni, na<br />
região da Umbria:<br />
— O melhor da viagem foi<br />
ver a arquitetura de peque<strong>nas</strong><br />
cidades medievais. Favelas muito<br />
chiques, ainda assim, <strong>favelas</strong>.<br />
Imaginei nossas <strong>favelas</strong> assim,<br />
urbanizadas, com qualidade de<br />
vida, lixo recolhi<strong>do</strong>, saneadas e<br />
charmosas.<br />
Ele reconhece que a relação<br />
com os estrangeiros nem sempre<br />
é tão afinada:<br />
— O intercâmbio favorece o<br />
encontro de soluções para ambas<br />
as partes, mas o preconceito, às<br />
vezes, atrapalha a comunicação.<br />
No Santa Marta, por exemplo,<br />
não aceitamos posturas paternalistas.<br />
Já houve quem achasse<br />
que deveríamos ser mais dóceis,<br />
discutir menos.<br />
Sobre esse sistema de intercâmbio<br />
– para o qual não conseguiu<br />
o patrocínio da viagem<br />
<strong>do</strong>s jovens da favela – Itamar<br />
adverte:<br />
— Não se trata de turismo,<br />
de visita ao zoológico, e, sim,<br />
da oportunidade de desconstruir<br />
mitos, como o de que to<strong>do</strong> pobre<br />
é violento ou de que sempre<br />
é solidário. Nada disso. Italianos<br />
podem financiar as viagens, os<br />
jovens da favela, não. Por isso,<br />
só fomos uma vez. Acham que<br />
pobre não tem que viajar. Mais<br />
fácil captar recursos para cursos<br />
de carpintaria.<br />
— La peggiore povertà<br />
è quella che esiste nelle<br />
menti, che porta uno a credere<br />
che il governo o un’altra<br />
persona debba salvarlo. Il<br />
nostro lavoro consiste nel promuovere<br />
l’autostima. Il risultato<br />
di ciò rappresenta molto in<br />
prevenzione — analizza.<br />
Nadia ricorda le conquiste<br />
che danno un senso alla vita nella<br />
favela:<br />
— Ho conosciuto bambini che<br />
a malapena facevano un pasto al<br />
giorno, con genitori che bevevano<br />
e li picchiavano. Ma loro hanno<br />
saputo dare un basta al destino<br />
e hanno sfruttato le opportunità.<br />
In un luogo <strong>do</strong>ve il potere pubblico<br />
è quasi sinonimo di azione poliziesca,<br />
confessa che la vita non<br />
è sempre facile.<br />
— Lad<strong>do</strong>ve il potere pubblico<br />
si dimostra assente, la legge (del<br />
potere parallelo) è dura. La convivenza<br />
con la violenza quotidiana<br />
è difficile — ammette.<br />
Alle prime armi sul front<br />
Laura Burocco, avvocato italiano,<br />
32, pensava di rimanere a <strong>Rio</strong><br />
Laura e Itamar: guerrilheiros da<br />
paz de origens diferentes, mas com<br />
o mesmo ideal. Abaixo, espaço de<br />
reuniões no Morro Dona Marta<br />
“O governo italiano<br />
instituiu incentivos<br />
fiscais em favor de<br />
entidades <strong>do</strong> Terceiro<br />
Setor, mas não se<br />
pode perder o foco<br />
<strong>nas</strong> necessidades das<br />
populações assistidas”<br />
Massimo Bellelli,<br />
cônsul geral da Itália<br />
per, al massimo, sei mesi. Da allora<br />
sono passati tre anni. Lavora<br />
per l’ARCI, associazione italiana<br />
di cultura e sviluppo. Si è coinvolta<br />
fino al collo in progetti culturali<br />
e di economia solidale in più<br />
di dieci <strong>favelas</strong> della città e della<br />
Baixada Fluminense.<br />
Appena arrivata a <strong>Rio</strong>, faceva<br />
gaffe allo spostarsi, non conoscen<strong>do</strong><br />
le leggi del traffico di droga,<br />
tra la favela e l’asfalto.<br />
— Una volta sono andata al<br />
Morro Casa Branca, nella Tijuca,<br />
tutta vestita di rosso. Ho avuto<br />
bisogno di una scorta per uscire<br />
salvaguardata dalla comunità,<br />
<strong>do</strong>minata da una fazione del narcotraffico<br />
rivale di quella che ha<br />
il rosso come simbolo — ricorda<br />
Laura, che malgra<strong>do</strong> questo nei<br />
suoi pellegrinaggi non si è lasciata<br />
intimidire.<br />
Interscambio e preconcetto<br />
Il leader comunitario Itamar Silva,<br />
della favela Santa Marta, a<br />
Botafogo, è stato più di una volta<br />
in Italia. Una delle volte ha<br />
conosciuto il presidente dell’Arci,<br />
Giampiero Rasimelli che, in<br />
visita alla favela nel 2002, ha vibrato<br />
per i 300 bambini in colonia.<br />
Lì è nata la partnership che<br />
rende possibile, tutti gli anni, la<br />
visita al morro di otto giovani<br />
italiani. Durante 15 giorni, vengono<br />
ospitati in abitazioni locali<br />
e lavorano nella colonia come<br />
assistenti.<br />
Itamar inoltre ha già portato<br />
quattro giovani della favela ad<br />
accampare nelle montagne di Terni,<br />
in Umbria:<br />
— Il meglio del viaggio è stato<br />
vedere l’architettura di piccole<br />
città medioevali. Favelas molto<br />
chic, ma comunque <strong>favelas</strong>.<br />
Ho immaginato le nostre <strong>favelas</strong><br />
così, urbanizzate, con qualità di<br />
vita, nettezza urbana, risanate e<br />
affascinanti.<br />
40 C o m u n i t à i t a l i a n a / ag o s t o 2007 a g o s t o 2007 / Co m u n i t à i t a l i a n a<br />
41
capa<br />
“Considero mais eficaz a<br />
ajuda feita pessoalmente<br />
<strong>do</strong> que a simples <strong>do</strong>ação de<br />
dinheiro, nem sempre<br />
bem usa<strong>do</strong>. O povo italiano<br />
promove a globalização da<br />
solidariedade”<br />
Siro Darlan,<br />
desembarga<strong>do</strong>r <strong>do</strong><br />
Tribunal de Justiça <strong>do</strong> <strong>Rio</strong><br />
Na zona de conflito<br />
O sociólogo italiano Stefano<br />
Donà, de 27, desembarcou<br />
no <strong>Rio</strong>, em setembro de 2006,<br />
com uma missão definida, mas<br />
um destino incerto. Instala<strong>do</strong><br />
no município de Duque de Caxias,<br />
base da ONG Projeto Luar,<br />
coube a ele o trabalho no pólo<br />
<strong>do</strong> Projeto Luar na Vila Cruzeiro,<br />
Penha, Zona Norte <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>,<br />
ministran<strong>do</strong> ofici<strong>nas</strong> sobre meio<br />
ambiente para meni<strong>nas</strong> de 14 a<br />
16. Sem poder trabalhar durante<br />
um mês – entre maio e junho últimos,<br />
quan<strong>do</strong> a Força Nacional<br />
de Segurança passou a monitorar<br />
a área e os conflitos na região<br />
se intensificaram – Stefano<br />
teve de abrir mão das ofici<strong>nas</strong><br />
de reciclagem:<br />
— Quan<strong>do</strong> a guerrilha explodiu,<br />
me senti impotente. Não<br />
havia como manter comunicação<br />
com os alunos. Fiquei isola<strong>do</strong> —<br />
relembra o italiano, de volta à<br />
Verona no fim de agosto.<br />
Mas Donà garante que a violência<br />
na comunidade nunca o<br />
assombrou. Segun<strong>do</strong> ele, o sentimento<br />
de solidariedade falou<br />
mais alto.<br />
— Fiquei com mais me<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
Centro e da Zona Sul <strong>do</strong> que das<br />
<strong>favelas</strong>. Fui furta<strong>do</strong> em um passeio<br />
à Candelária. Nunca me senti<br />
ameaça<strong>do</strong> <strong>nas</strong> comunidades. O<br />
que vai ficar para mim é o contato<br />
com essa gente, o seu sentimento<br />
de solidariedade — salienta.<br />
Doná também não vai ser esqueci<strong>do</strong>:<br />
— É muito legal saber que,<br />
<strong>do</strong> mesmo mo<strong>do</strong> que ele nos ensinou<br />
muita coisa, nós também<br />
contribuímos para que ele se<br />
sentisse melhor aqui — diz a<br />
professora da ONG, Nathalia Moraes,<br />
de 16.<br />
Bruno de Lima<br />
Um leão por dia<br />
Caminhan<strong>do</strong> ligeiro, passos firmes,<br />
ela sorri para nove entre<br />
dez pessoas com quem esbarra<br />
<strong>nas</strong> vielas da maior favela<br />
<strong>do</strong> <strong>Rio</strong>. São jovens a maioria<br />
<strong>do</strong>s “fãs” da italiana barbara<br />
Olivi, de 47, há sete radicada<br />
na Rocinha.<br />
— Estou viven<strong>do</strong> os<br />
melhores anos da minha<br />
vida! Claro que, antes de<br />
decidir vir para cá, eu<br />
tive que me preparar, os<br />
Lui riconosce che il rapporto<br />
con gli stranieri non è sempre così<br />
armonico:<br />
— L’interscambio favorisce il<br />
trovare soluzioni per ambedue le<br />
parti, ma il preconcetto alle volte<br />
intralcia la comunicazione. Nel<br />
Santa Marta, ad esempio, non accettiamo<br />
atteggiamenti paternalisti.<br />
C’è già stato chi pensava che<br />
<strong>do</strong>vevamo essere più <strong>do</strong>cili, discutere<br />
meno. Su questo sistema di<br />
interscambio – con il quale non è<br />
riuscito ad ottenere lo sponsor del<br />
viaggio dei giovani della favela —<br />
avvisa Itamar:<br />
— Non si tratta di turismo,<br />
di visita allo zoo, ma dell’opportunità<br />
di smontare miti come<br />
quello che dice che tutti i poveri<br />
sono violenti o sempre solidali.<br />
Non è così. Gli italiani possono<br />
finanziare i viaggi, i giovani della<br />
favela, no. Perciò siamo andati<br />
una volta sola. Pensano che<br />
i poveri non devono viaggiare. È<br />
più facile captare risorse per corsi<br />
di carpenteria.<br />
Nella zona di conflitto<br />
Il sociologo italiano Stefano<br />
Donà, 27, è approdato a <strong>Rio</strong> nel<br />
Na Rocinha, Barbara se sente no papel de mãe de cente<strong>nas</strong>.<br />
Abaixo, ensaio de dança no pólo <strong>do</strong> Projeto Luar em Vila Cruzeiro<br />
Bruno de Lima<br />
settembre 2006 con una missione<br />
definita ma un destino incerto.<br />
Preso posto nel comune di<br />
Duque de Caxias, base della ONG<br />
Projeto Luar, gli è stato attribuito<br />
il lavoro nel polo del Projeto<br />
Luar nella Vila Cruzeiro, Penha,<br />
zona nord di <strong>Rio</strong>, tenen<strong>do</strong> officine<br />
sull’ambiente per bambine dai 14<br />
ai 16 anni. Senza poter lavorare<br />
per un mese – tra maggio e giugno<br />
passati, quan<strong>do</strong> la Força Nacional<br />
de Segurança ha cominciato<br />
a controllare l’area e i conflitti<br />
nella regione si sono intensificati<br />
– Stefano ha <strong>do</strong>vuto rinunciare<br />
alle officine di riciclaggio:<br />
— Quan<strong>do</strong> la guerriglia è<br />
esplosa, mi sono sentito impotente.<br />
Non potevo mantenere contatti<br />
con gli allievi. Sono rimasto isolato<br />
– ricorda l’italiano, di ritorno<br />
a Verona alla fine di agosto.<br />
Ma Donà garantisce che la<br />
violenza in comunità non l’ha mai<br />
spaventato. Per lui, il sentimento<br />
di solidarietà ha prevalso.<br />
— Ho avuto più paura al centro<br />
di <strong>Rio</strong> o nella zona sud che<br />
nelle <strong>favelas</strong>. Mi hanno derubato<br />
in una gita alla Candelaria. Non<br />
mi sono mai sentito minacciato<br />
nelle comunità. Ciò che mi rimane<br />
è il contatto con questa gente,<br />
il loro sentimento di solidarietà –<br />
risalta.<br />
Anche Donà non sarà dimenticato:<br />
— È ottimo sapere che, così<br />
come lui ci ha insegnato molto,<br />
anche noi abbiamo contribuito<br />
affinché lui si sentisse meglio qui<br />
– dice la professoressa della ONG,<br />
Nathalia Moraes, 16.<br />
Un leone al giorno<br />
Camminan<strong>do</strong> rapidamente, a passi<br />
fermi, sorride a nove tra dieci<br />
persone che incontra nelle viuzze<br />
della maggior favela di <strong>Rio</strong>. Sono<br />
giovani la maggior parte dei<br />
“fan” di Barbara Olivi, 47, che<br />
da sette ha messo radici nella<br />
Rocinha.<br />
— Sto viven<strong>do</strong> i migliori anni<br />
della mia vita! È chiaro che prima<br />
di decidere di venire qui mi<br />
sono <strong>do</strong>vuta preparare, gli stessi<br />
abitanti mi dicevano di non venire.<br />
Essere <strong>do</strong>nna, bionda, single e<br />
straniera ha reso le cose più difficili<br />
— racconta l’ex agente immobiliare<br />
di Reggio Emilia.<br />
Barbara deve “uccidere un<br />
leone al giorno” per impedire<br />
che bambini e giovani siano reclutati<br />
dal narcotraffico. Il suo<br />
próprios mora<strong>do</strong>res diziam para eu<br />
não vir. Ser mulher, loira, solteira<br />
e estrangeira tornou as coisas<br />
mais difíceis — conta a ex-agente<br />
imobiliária, de Reggio Emiglia.<br />
barbara tem que “matar um<br />
leão por dia” para impedir que<br />
crianças e jovens sejam alicia<strong>do</strong>s<br />
pelo tráfico. Seu trunfo: a creche-escola<br />
Saci Sabe tu<strong>do</strong>, com<br />
300 crianças.<br />
Me<strong>do</strong> de conviver com a violência,<br />
diz que nunca teve.<br />
— Sou italiana, né? A máfia<br />
<strong>nas</strong>ceu lá. tá no nosso sangue<br />
saber lidar com isso. Passo pelas<br />
bocas-de-fumo, vejo meninos<br />
com armas enormes <strong>nas</strong> mãos, sei<br />
de muitas histórias. O negócio é<br />
não perguntar. Outro dia, conseguimos<br />
cooptar <strong>do</strong>is meninos.<br />
Um era olheiro e desistiu porque<br />
o melhor amigo caiu <strong>nas</strong> mãos<br />
<strong>do</strong>s bandi<strong>do</strong>s. Agora é assalaria<strong>do</strong><br />
e nos ajuda na escola. tem muita<br />
responsabilidade — ressalta.<br />
bárbara chegou ao <strong>Rio</strong> há nove<br />
anos, ao fim <strong>do</strong> primeiro casamento.<br />
Casada de novo, ela não<br />
tem filhos biológicos.<br />
— Sou mãe de cente<strong>nas</strong>. A<br />
chave <strong>do</strong> nosso projeto é o coração.<br />
Gostaria muito que meus<br />
jovens se salvassem. Fico arrasada<br />
em vê-los sem perspectivas —<br />
confessa.<br />
bárbara fez escola. A romana<br />
Concetta Cardinale, de 40, também<br />
aportou na Rocinha, há <strong>do</strong>is<br />
anos e meio. Professora particular<br />
de italiano na barra da tijuca,<br />
onde mora, Concetta é voluntária<br />
na Saci Sabe tu<strong>do</strong>.<br />
— Não preciso estar elegante<br />
e bem vestida para ser respeitada,<br />
não encontro competição no<br />
ambiente de trabalho e venho para<br />
um lugar com muita luz, vida<br />
e música, às vezes alta demais,<br />
mas um lugar lin<strong>do</strong> — descreve.<br />
Ela só se assusta com o noticiário<br />
<strong>do</strong>s conflitos <strong>nas</strong> <strong>favelas</strong>:<br />
— Nunca fui parada nem<br />
confundida enquanto transitava<br />
por aqui. Mas me assusta assistir<br />
à televisão. tomo dimensão da<br />
aflição que minha família passa.<br />
Nos <strong>do</strong>is meses em que morei na<br />
Rocinha, fiquei três dias sem poder<br />
sair de casa. Escutava os tiros<br />
e andava abaixada sem chegar<br />
perto da janela.<br />
Contraste <strong>social</strong><br />
Era o fim <strong>do</strong>s anos 70 e o jovem<br />
André Urani, aos 18 anos, já tinha<br />
deixa<strong>do</strong> a sua turim para acompa-<br />
Bruno de Lima<br />
Divulgação<br />
Concetta e a creche com 300 crianças na Rocinha. Abaixo, Franco Urani, a<br />
mulher Giulianna e a filha Lidia: parceria com mora<strong>do</strong>res de Vila Canoas<br />
nhar o pai Franco, a mãe Giulianna<br />
e a irmã Lídia ao brasil. De Mi<strong>nas</strong><br />
Gerais mudaram-se para o <strong>Rio</strong>.<br />
Ao abrir a janela da casa nova, em<br />
São Conra<strong>do</strong>, na Zona Sul, um dia,<br />
uma surpresa: Vila Canoas, a favela<br />
que, timidamente, surgia.<br />
— O fato de ter vivi<strong>do</strong> numa<br />
casa boa, ao la<strong>do</strong> de uma favela,<br />
me obrigou a questionar o senti<strong>do</strong><br />
disso tu<strong>do</strong> — admite André,<br />
de 47, economista.<br />
Os Urani arregaçaram as mangas:<br />
— Era impossível viver serenamente<br />
saben<strong>do</strong> que existiam<br />
cente<strong>nas</strong> de pessoas moran<strong>do</strong> ao<br />
nosso la<strong>do</strong> sem o mínimo necessário<br />
— lembra o empresário Franco<br />
Urani, de 77, que aproveitou as<br />
relações mantidas na Itália para<br />
atrair recursos e projetos que mudaram<br />
a realidade de Vila Canoas.<br />
André aprendeu com os pais<br />
uma lição:<br />
— Meus pais, quan<strong>do</strong> chegaram<br />
para morar ali, em momento<br />
algum pensaram em fugir daquela<br />
realidade. tentaram entender<br />
as diferenças. Aprendi e faço o<br />
mesmo com os meus filhos — revela<br />
André.<br />
asso nella manica: l’asilo-scuola<br />
Saci Sabe Tu<strong>do</strong>, con 300 bambini.<br />
La paura di convivere con la<br />
violenza, dice di non averla mai<br />
avuta.<br />
— Sono italiana, non è vero?<br />
La mafia è nata là. Ce l’abbiamo<br />
nel sangue il mo<strong>do</strong> di cavarcela.<br />
Passo per i luoghi di spaccio,<br />
ve<strong>do</strong> ragazzini con armi enormi<br />
fra le mani, so molte storie. Il<br />
segreto è non <strong>do</strong>mandare. L’altro<br />
giorno siamo riusciti a cooptare<br />
due ragazzini. Uno faceva lo<br />
“olheiro” e ha desistito perché il<br />
suo migliore amico è caduto nelle<br />
mani dei banditi. Ora ha un<br />
impiego e ci aiuta a scuola. È<br />
molto responsabile — risalta.<br />
Barbara è arrivata a <strong>Rio</strong> nove<br />
anni fa, alla fine del primo matrimonio.<br />
Risposata, non ha figli<br />
biologici.<br />
— Sono la mamma di centinaia.<br />
La chiave del nostro progetto<br />
è il cuore. Vorrei tanto che i<br />
miei giovani si salvassero. Mi distrugge<br />
vederli senza prospettive<br />
— confessa.<br />
Barbara ha fatto scuola. La<br />
romana Concetta Cardinale, 40,<br />
è anche lei approdata alla Ro-<br />
cinha due anni e mezzo fa. Professoressa<br />
privata di italiano alla<br />
Barra da Tijuca, <strong>do</strong>ve abita,<br />
Concetta è volontaria nella Saci<br />
Sabe Tu<strong>do</strong>.<br />
— Non ho bisogno di essere<br />
elegante e ben vestita per essere<br />
rispettata, non trovo competizione<br />
nell’ambiente di lavoro e<br />
vengo in un posto con molta luce,<br />
vita e musica, a volte un po’ troppo<br />
alta, ma un bellissimo posto<br />
— descrive.<br />
Lei si spaventa soltanto con le<br />
notizie sui conflitti nelle <strong>favelas</strong>:<br />
— Non sono mai stata né fermata<br />
né confusa [con altri] quan<strong>do</strong><br />
camminavo qui. Ma mi spaventa<br />
vedere la televisione. Mi ren<strong>do</strong><br />
conto della preoccupazione della<br />
mia famiglia. Nei due mesi in cui<br />
ho abitato alla Rocinha, sono rimasta<br />
tre giorni senza poter uscire<br />
di casa. Sentivo gli spari e camminavo<br />
china senza andare vicino<br />
alla finestra.<br />
Contrasto <strong>social</strong>e<br />
Era la fine degli anni ’70 quan<strong>do</strong><br />
il giovane André Urani, allora<br />
a 18 anni, aveva già lasciato la<br />
sua Torino per accompagnare il<br />
padre Franco, la madre Giuliana e<br />
la sorella Lidia in Brasile. Da Mi<strong>nas</strong><br />
Gerais si sono trasferiti a <strong>Rio</strong>.<br />
Un giorno, apren<strong>do</strong> la finestra<br />
della nuova casa, a São Conra<strong>do</strong>,<br />
zona sud, una sorpresa: Vila Canoas,<br />
la favela che, timidamente,<br />
spuntava.<br />
— Il fatto di aver vissuto in<br />
una bella casa, accanto ad una<br />
favela, mi ha obbligata a mettere<br />
in discussione il senso di tutto<br />
questo — ammette André, 47,<br />
economista.<br />
Gli Urani si sono tirati su le<br />
maniche:<br />
— Era impossibile vivere serenamente<br />
sapen<strong>do</strong> che c’erano accanto<br />
a noi centinaia di persone<br />
che vivevano senza il minimo necessario<br />
— ricorda l’imprenditore<br />
Franco Urani, 77, che ha sfruttato<br />
rapporti mantenuti in Italia<br />
per attrarre risorse e progetti che<br />
hanno cambiato la realtà di Vila<br />
Canoas.<br />
André ha imparato con i genitori<br />
una lezione:<br />
— I miei, quan<strong>do</strong> sono arrivati<br />
per abitare lì, in nessun momento<br />
hanno pensato di fuggire<br />
da quella realtà. Hanno cercato<br />
di capire le diversità. Ho imparato<br />
e faccio la stessa cosa con i<br />
miei figli — rivela André.<br />
42 C o m u n i t à i t a l i a n a / ag o s t o 2007 a g o s t o 2007 / Co m u n i t à i t a l i a n a<br />
43
cultura<br />
“Não<br />
penso<br />
em<br />
parar”<br />
Aos 80 anos, o crítico teatral Sábato Magaldi<br />
tem muitas histórias para contar. Entre elas, não<br />
poderia faltar a que envolve sua amizade com o<br />
dramaturgo Nelson Rodrigues. Desnecessário dizer<br />
que, por conta disso, tornou-se especialista em obras<br />
rodriguia<strong>nas</strong>. Mas, segun<strong>do</strong> ele, observan<strong>do</strong> os<br />
princípios da ética profissional. “Sempre fiz crítica<br />
observan<strong>do</strong> total imparcialidade”, destaca.<br />
nay r a garoFlE<br />
Quan<strong>do</strong> deixou belo Horizonte<br />
rumo ao <strong>Rio</strong> de Janeiro,<br />
em 1950, Sábato<br />
Magaldi passou a cumprir,<br />
na então capital <strong>do</strong> país, expediente<br />
no antigo Instituto<br />
de Previdência à Assistência<br />
<strong>do</strong>s Servi<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><br />
(Ipase). A rotina<br />
burocrática, tão alheia<br />
à vocação para o mun<strong>do</strong><br />
da arte, promoveu,<br />
no entanto, o primeiro<br />
encontro de Magaldi<br />
com o escritor Nelson Rodrigues.<br />
O relacionamento<br />
entre o crítico de teatro em<br />
início de carreira e o dramaturgo<br />
de produção polêmica<br />
tinha tu<strong>do</strong> para dar erra<strong>do</strong>.<br />
Mas entre tantos batepapos,<br />
nos cafés vespertinos em<br />
um estabelecimento em frente<br />
ao prédio da Associação brasileira<br />
de Imprensa (AbI), a amizade<br />
evoluiu. Foi selada pela ousadia<br />
<strong>do</strong> crítico em defender uma obra<br />
rejeitada pela maioria de então –<br />
Nelson era considera<strong>do</strong> polêmico<br />
ao inovar o teatro brasileiro, ao<br />
alterar toda a estrutura dramatúrgica<br />
da época. E não só: Magaldi<br />
se tornou o estudioso mais aplica<strong>do</strong><br />
das obras de Nelson, de quem<br />
organizou o Teatro Completo.<br />
Neste ano, a Festa Literária<br />
Internacional de Parati (Flip) homenageou<br />
o autor de O Beijo no<br />
Asfalto e, Magaldi, feliz com a<br />
lembrança, diz que esta foi mais<br />
<strong>do</strong> que merecida.<br />
— Não tenho dúvidas em afirmar<br />
que, até hoje, Nelson Rodrigues<br />
é nosso maior dramaturgo.<br />
Sua obra, consolidada no brasil,<br />
começa a ser encenada e admirada<br />
no exterior. Como eu o elogiava<br />
e, na imprensa, com raras<br />
exceções, ele era muito controverti<strong>do</strong>,<br />
seria impossível não nos<br />
tornarmos amigos. Nós nos telefonávamos<br />
quase que diariamen-<br />
te até a morte dele. Sinto muita<br />
falta da sua amizade — destaca.<br />
As afinidades entre os <strong>do</strong>is<br />
eram tantas que, quan<strong>do</strong> Nelson<br />
se submeteu a exames médicos,<br />
em São Paulo, foi na casa de Magaldi<br />
que se hospe<strong>do</strong>u.<br />
— A gente se divertia muito,<br />
nos bate-papos. Naturalmente,<br />
sinto falta da presença dele, que<br />
era também um estímulo para o<br />
meu trabalho — revela.<br />
Quan<strong>do</strong> começou a defender as<br />
obras rodriguia<strong>nas</strong> – que tinham<br />
foco em paixões exacerbadas,<br />
gestos exagera<strong>do</strong>s, obsessões, taras,<br />
incestos e conflitos – Magaldi<br />
estava em início de carreira como<br />
crítico <strong>do</strong> Diário Carioca. No entanto,<br />
segun<strong>do</strong> ele, nunca sofreu<br />
preconceito por analisar o teatro<br />
de Nelson em um momento em<br />
que ele era alvo de polêmicas:<br />
— Não sofri nenhum preconceito.<br />
A qualidade da dramaturgia<br />
foi o que mais me chamou atenção<br />
Bruno de Lima<br />
no teatro de Nelson. Era diferente<br />
da subliteratura que <strong>do</strong>minava<br />
os cartazes. Ele já tinha o apoio<br />
de Manuel bandeira e de outros<br />
intelectuais de valor. Além disso,<br />
Pompeu de Souza, secretário <strong>do</strong><br />
Diário Carioca, foi <strong>do</strong>s primeiros<br />
a valorizar, com inteligência, o<br />
teatro rodriguiano.<br />
Crítica amordaçada<br />
A cultura brasileira definha diante<br />
<strong>do</strong>s olhos de Sábato Magaldi –<br />
testemunha de tempos melhores.<br />
O crítico lembra que o país já teve,<br />
por exemplo, um Serviço Nacional<br />
de teatro. Mas na opinião<br />
<strong>do</strong> intelectual a força da política<br />
pública para o setor foi se dissolven<strong>do</strong><br />
em meio a uma progressiva<br />
perda de foco.<br />
— A desgraça <strong>do</strong> neoliberalismo<br />
procura, sobretu<strong>do</strong>, o lucro<br />
de privilegia<strong>do</strong>s financeiramente,<br />
esquecen<strong>do</strong> a responsabilidade<br />
plena com o país. Sinto vergonha<br />
em lembrar que até a ditadura<br />
respeitou a cultura, enquanto o<br />
neoliberalismo só tentou enterrá-la<br />
— desabafa.<br />
Sem disfarçar o tom indigna<strong>do</strong>,<br />
o crítico cobra uma revisão<br />
profunda de rumos.<br />
— Esta situação só será revertida<br />
quan<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s os poderes<br />
tomarem vergonha, acreditan<strong>do</strong><br />
que, sem apoio financeiro, não<br />
há como fazer arte. Os governos<br />
europeus e as fundações norteamerica<strong>nas</strong><br />
conhecem bem o problema,<br />
resolven<strong>do</strong>-o a contento<br />
— alerta, apontan<strong>do</strong> caminhos<br />
para essa mudança.<br />
Magaldi lamenta que países<br />
europeus, entre os quais a Itália,<br />
tenham deixa<strong>do</strong> de enviar<br />
à América <strong>do</strong> Sul suas melhores<br />
companhias, como o Piccolo Teatro<br />
di Milano, Vittorio Gassmann,<br />
Franca Rame e Dario Fo.<br />
— Logo depois da segunda<br />
grande guerra, a França e a Itália,<br />
sobretu<strong>do</strong>, utilizaram as temporadas<br />
teatrais no exterior para mostrar<br />
a sua força. A valorização da<br />
arte poupava-lhes as possíveis críticas<br />
pelas mortes numerosas. Mas a<br />
redução das viagens marítimas, que<br />
permitiam o transporte de cenários<br />
e vestimentas, não conseguia idêntica<br />
facilidade nos aviões. E as excursões<br />
tornaram-se extremamente<br />
dispendiosas, deixan<strong>do</strong> de ser prioritárias<br />
para os governos — explica<br />
o sempre atento observa<strong>do</strong>r das<br />
razões por detrás de tantas mudanças,<br />
nem sempre para melhor, no<br />
cenário teatral brasileiro.<br />
Por falar em Europa, o crítico<br />
admite que não se sente seguro<br />
para analisar a produção teatral<br />
italiana, mas afirma que o Piccolo<br />
Teatro di Milano, entre outros,<br />
sempre foi exemplo da importância<br />
que a Itália dá ao palco:<br />
— Pudemos aproveitar a qualidade<br />
de encena<strong>do</strong>res como Ruggero<br />
Jacobbi, A<strong>do</strong>lfo Celi, Luciano<br />
Salce e Flaminio Bollini Cerri que<br />
ampliaram a contribuição <strong>do</strong> polonês<br />
Ziembisnki.<br />
também o espaço para a crítica<br />
teatral tem se reduzi<strong>do</strong> na visão<br />
de Magaldi, que viveu uma época<br />
em que o papel <strong>do</strong> crítico na imprensa<br />
era o de ajudar o leitor a<br />
Obras fundamentais:<br />
Moderna Dramaturgia<br />
Brasileira<br />
Perspectiva<br />
223 pági<strong>nas</strong><br />
R$45<br />
Depois <strong>do</strong> Espetáculo<br />
Perspectiva<br />
344 pági<strong>nas</strong><br />
R$51<br />
Panorama <strong>do</strong> teatro<br />
brasileiro<br />
Global Editora<br />
328 pági<strong>nas</strong><br />
R$49<br />
Teatro da obsessão:<br />
Nelson Rodrigues<br />
Global Editora<br />
187 pági<strong>nas</strong><br />
R$34<br />
compreender a obra. Para ele, os<br />
jornais dispunham de mais espaço,<br />
facilitan<strong>do</strong>, no comentário<br />
crítico, a possibilidade de orientar<br />
melhor o leitor. Atualmente,<br />
segun<strong>do</strong> o escritor, os cadernos<br />
de cultura na mídia impressa não<br />
oferecem mais tanto espaço para<br />
a crítica especializada.<br />
— A arte <strong>do</strong>s palcos passou a<br />
ter de dividir espaço com a música,<br />
as artes plásticas e a televisão<br />
— constata Magaldi, que afirma<br />
sempre ter lida<strong>do</strong> muito bem com<br />
a linha tênue <strong>do</strong> relacionamento<br />
entre o crítico e os autores de<br />
obras teatrais: — Sempre fiz crítica<br />
observan<strong>do</strong> total imparcialidade<br />
e, por isso, creio que os profissionais<br />
<strong>do</strong> palco me respeitam.<br />
Itália <strong>nas</strong> veias<br />
Jornalista, professor, procura<strong>do</strong>r<br />
<strong>do</strong> Instituto Nacional de Seguridade<br />
Social (INSS) e escritor. São<br />
muitas as funções acumuladas ao<br />
longo da vida. A paixão pela arte<br />
começou ainda em belo Horizonte,<br />
numa escola italiana da qual<br />
não se lembra o nome, onde os<br />
alunos já faziam teatro.<br />
— Fiz o primário e o secundário<br />
em belo Horizonte, minha<br />
cidade natal, em grupo e ginásio<br />
italianos, que valorizavam muito o<br />
teatro. Na revista Edifício, que Wilson<br />
Figueire<strong>do</strong>, Autran Doura<strong>do</strong> e<br />
eu, entre outros amigos, criamos,<br />
logo pendi para o teatro. No <strong>Rio</strong> de<br />
Janeiro, fui redator <strong>do</strong> Diário Carioca,<br />
e comecei a fazer a coluna<br />
informativa. Pompeu de Souza, secretário<br />
<strong>do</strong> jornal e ótimo crítico,<br />
me confiou a coluna, com aprovação<br />
<strong>do</strong> meu amigo Carlos Castello<br />
branco — rememora Magaldi, sobre<br />
a sua iniciação na crítica.<br />
Mineiro de belo Horizonte,<br />
Sábato Antônio Magaldi tem ascendência<br />
italiana. Sua família<br />
tem origem no norte e no sul da<br />
Itália – os avós maternos são de<br />
Nelson Rodrigues, ao centro, entre a esposa e um amigo.<br />
Atrás, Sábato Magaldi<br />
Acervo Sábato Magalti<br />
Verona e o seu pai de Rivello, em<br />
Potenza. Casa<strong>do</strong> há quase 30 anos<br />
com a escritora catarinense Edla<br />
van Steen, o crítico tem <strong>do</strong>is filhos<br />
<strong>do</strong> primeiro casamento. Magaldi<br />
“parla l’italiano”, mas não<br />
tem cidadania.<br />
Desde jovem, Magaldi nunca<br />
esteve para<strong>do</strong>. Na década de 50,<br />
o mineiro estava em Paris estudan<strong>do</strong><br />
estética. Já nos anos 60,<br />
passou a lecionar história <strong>do</strong> teatro<br />
na Escola de Arte Dramática<br />
(EAD), em São Paulo.<br />
— Fui aluno na Sorbonne <strong>do</strong><br />
grande esteta Etienne Souriau.<br />
Mas nunca tive coragem de dizerlhe<br />
que era crítico. Voltei mais tarde<br />
como professor associa<strong>do</strong> na<br />
Sorbonne e na Universidade de Aixen-Provence.<br />
Aqui e na França, há<br />
bons e maus alunos. Depois de estudar<br />
na França, Alfre<strong>do</strong> Mesquita<br />
me recomen<strong>do</strong>u para trabalhar em<br />
O Esta<strong>do</strong> de São Paulo, onde fiz o<br />
noticiário especializa<strong>do</strong>, e depois<br />
assumi a coluna teatral <strong>do</strong> Suplemento<br />
Literário, dirigi<strong>do</strong> pelo excelente<br />
crítico Décio de Almeida<br />
Pra<strong>do</strong>. Mais tarde me tornei crítico<br />
<strong>do</strong> Jornal da tarde — conta.<br />
Hoje, o crítico e também historia<strong>do</strong>r<br />
de teatro divide o seu tempo<br />
entre <strong>Rio</strong> e São Paulo e, apesar de<br />
concordar que tem uma vida muito<br />
corrida, não pensa em parar.<br />
— Há muito tempo me aposentei<br />
no ensino, mas divi<strong>do</strong> a<br />
moradia entre São Paulo e <strong>Rio</strong>, por<br />
ser membro da Academia brasileira<br />
de Letras. Minha vida é, sim,<br />
bastante agitada e não penso em<br />
parar — afirma Magaldi que se<br />
dedica, hoje, preferencialmente,<br />
à publicação de livros. O lançamento<br />
<strong>do</strong> 16º está previsto para<br />
o próximo ano e o título é Presença<br />
<strong>do</strong> Teatro. A sua primeira obra,<br />
Panorama <strong>do</strong> Teatro Brasileiro, foi<br />
publicada em 1962. Além da produção<br />
jornalística, são 45 anos de<br />
atividade ininterrupta.<br />
44 C o m u n i t à i t a l i a n a / ag o s t o 2007<br />
a g o s t o 2007 / Co m u n i t à i t a l i a n a 45
urbanismo<br />
Uma<br />
outra<br />
Roma<br />
Concebi<strong>do</strong> para celebrar o poder da ditadura da era<br />
Mussolini, o EUR, quase meio século após o seu<br />
surgimento, passa por uma <strong>revolução</strong> urbanística,<br />
com obras de arquitetura e de infra-estrutura que<br />
devem mudar a estrutura e a imagem <strong>do</strong> bairro<br />
Na marcante cena inicial de<br />
La Dolce Vita, de Federico<br />
Fellini, um Cristo gigante<br />
de braços abertos pendura<strong>do</strong><br />
num helicóptero atravessa<br />
o EUR e sobrevoa seus prédios<br />
brancos e quadra<strong>do</strong>s, marcas da<br />
arquitetura racionalista italiana.<br />
O ano era 1960 e o EUR – considera<strong>do</strong><br />
o bairro mais moderno da<br />
ValqUíria rEy<br />
Correspondente • ro m a<br />
capital da Itália, <strong>nas</strong>ci<strong>do</strong> no final<br />
da década de 30 – ainda estava<br />
sen<strong>do</strong> construí<strong>do</strong>.<br />
Mais de quatro décadas depois,<br />
o bairro, que além de Fellini,<br />
seduziu cineastas como Michelangelo<br />
Antonioni, bernar<strong>do</strong><br />
bertolucci e Roberto Rossellini,<br />
se prepara para o que muitos podem<br />
considerar como uma <strong>revolução</strong><br />
urbanística.<br />
Alguns <strong>do</strong>s mais importantes<br />
arquitetos italianos estão envolvi<strong>do</strong>s<br />
no projeto que mudará a<br />
cara <strong>do</strong> EUR até 2011.<br />
— O EUR é o bairro romano<br />
com a arquitetura mais importante<br />
<strong>do</strong> século passa<strong>do</strong>. Não só aquela<br />
definida como fascista-racionalista,<br />
presente também em outros<br />
países — afirma Paolo Cucccia,<br />
presidente da EUR Spa, sociedade<br />
criada em 2000, responsável pela<br />
administração <strong>do</strong> patrimônio arquitetônico<br />
<strong>do</strong> bairro.<br />
Segun<strong>do</strong> ele, há previsão de<br />
novos investimentos estima<strong>do</strong>s em<br />
cerca de 700 milhões de euros.<br />
— Projetos importantes estão<br />
sain<strong>do</strong> <strong>do</strong> papel e estará tu<strong>do</strong><br />
completo até 2011. Quer dizer,<br />
70 anos depois da fundação,<br />
a estrutura <strong>do</strong> EUR será reformulada<br />
— informa.<br />
A obra mais vistosa e revolucionária<br />
é a Nuvola – Novo Centro<br />
de Congressos –, <strong>do</strong> arquiteto<br />
romano Massimiliano Fuksas. Orça<strong>do</strong><br />
em 250 milhões de euros,<br />
o prédio tem 32 metros de altura.<br />
No seu interior, haverá uma<br />
nuvem gigantesca e cintilante,<br />
feita de um material chama<strong>do</strong><br />
gore-tex, que flutuará em uma<br />
estrutura de aço e vidro. Contará<br />
com auditório de 11 mil lugares e<br />
salas de reunião. Mais ao centro,<br />
haverá outras três salas e espaço<br />
para foyers, cafés e restaurante.<br />
— É uma obra de extraordinário<br />
valor artístico, caracterizada<br />
por soluções inova<strong>do</strong>ras e pela<br />
escolha de materiais tecnologicamente<br />
avança<strong>do</strong>s — diz Cuccia.<br />
—O novo complexo terá ainda<br />
um hotel e estacionamento<br />
para 600 carros — acrescenta.<br />
O prefeito de Roma Walter<br />
Veltroni acredita que, com a Nuvola<br />
de Fuksas, a cidade vai se<br />
enriquecer com mais um lugar de<br />
grande arquitetura que restará<br />
no tempo.<br />
— O Novo Centro de Congressos<br />
preencherá a lacuna sobre turismo<br />
congressual na cidade. Com<br />
ele, a partir de 2010, poderemos<br />
atrair para Roma importante parcela<br />
desse segmento de merca<strong>do</strong><br />
— explica Veltroni.<br />
Fuksas, que desenhou o projeto<br />
em 1999, espera que a obra<br />
se torne uma das imagens mais<br />
importantes de Roma. Em frente<br />
à Nuvola, um projeto <strong>do</strong> arquiteto<br />
genovês Renzo Piano: um complexo<br />
residencial com a forma de<br />
C e em sintonia com o meio-ambiente.<br />
Para o cria<strong>do</strong>r <strong>do</strong> projeto,<br />
é como “uma caixa mágica”, com<br />
400 apartamentos, onde poderão<br />
viver em torno de 1.200 pessoas,<br />
além de haver uma pequena quota<br />
comercial:<br />
— Vai ser um edifício extremamente<br />
transparente e total-<br />
Fotos: Divulgação<br />
mente ecológico, com captura de<br />
energia solar e luz, com a fachada<br />
de vidro, e com um grande jardim<br />
aberto ao público de cerca<br />
de 11 mil metros quadra<strong>do</strong>s.<br />
Além <strong>do</strong>s novos projetos, na<br />
metade de julho, a Prefeitura de<br />
Roma anunciou o plano de investir<br />
470 milhões de euros em obras<br />
de infra-estrutura e transporte no<br />
EUR, assim como em bairros vizinhos<br />
até 2011. Destes, 352 milhões<br />
de euros já estão disponíveis<br />
para a realização de inúmeras obras<br />
que, de acor<strong>do</strong> com a Prefeitura,<br />
deverão “revolucionar a viabilidade<br />
e a visibilidade <strong>do</strong> bairro”.<br />
— Será um grande investimento.<br />
O EUR é um bairro importante<br />
pela sua história, pela função<br />
que tem hoje e por aquelas<br />
que estão por vir. É, além disso,<br />
a porta da cidade — define Veltroni,<br />
referin<strong>do</strong>-se ao bairro localiza<strong>do</strong><br />
no sul de Roma.<br />
Uma <strong>revolução</strong> conceitual<br />
Arquitetos e urbanistas se dividem<br />
ao avaliar o conceito <strong>do</strong> bairro.<br />
Para alguns, trata-se ape<strong>nas</strong><br />
de arquitetura de regime, retórica<br />
e anti-histórica. Outros dizem<br />
que foi uma tentativa de fazer arquitetura<br />
moderna em Roma.<br />
— É a cidade dentro da cidade.<br />
Aqui há de tu<strong>do</strong> e os 14 mil<br />
mora<strong>do</strong>res não têm necessidade<br />
de se deslocar ao centro da cidade<br />
para encontrar o que precisam.<br />
É um bairro burguês, com<br />
belas casas e apartamentos —<br />
revela Cuccia.<br />
Entre as mudanças que estão<br />
por vir, o Palazzo della Civiltà<br />
<strong>Italiana</strong> – símbolo não ape<strong>nas</strong> <strong>do</strong><br />
EUR, mas da capital italiana – vai<br />
ser reestrutura<strong>do</strong> e transforma<strong>do</strong><br />
em Museu <strong>do</strong> Audiovisual.<br />
O prédio, pouco utiliza<strong>do</strong> nos<br />
últimos anos, vai abrigar, em seu<br />
último andar, um requinta<strong>do</strong> restaurante<br />
panorâmico. O projeto<br />
estava previsto nos anos 40, mas<br />
nunca foi concretiza<strong>do</strong>.<br />
Em avança<strong>do</strong> esta<strong>do</strong> de construção<br />
está o Europarco, um complexo<br />
com duas torres – uma delas<br />
projetada pelo arquiteto Franco<br />
Purini e denominada Eurosky.<br />
Compreenderá hotel, centro comercial,<br />
torre residencial, salas<br />
de exposição e praça central com<br />
32 mil metros quadra<strong>do</strong>s – área<br />
maior <strong>do</strong> que a da Praça Navona,<br />
onde fica a Embaixada <strong>do</strong> brasil.<br />
Membros de parti<strong>do</strong>s da esquerda,<br />
como o Rifondazione Co-<br />
munista, têm critica<strong>do</strong> o projeto.<br />
Eles alegam que a cidade precisa<br />
de mais casas para habitantes de<br />
baixa renda <strong>do</strong> que de luxo. Mas<br />
arquitetos envolvi<strong>do</strong>s no trabalho<br />
defendem o projeto por sua<br />
capacidade de mudar sensivelmente<br />
a imagem <strong>do</strong> bairro.<br />
Arranha-céus<br />
Serão os primeiros arranha-céus<br />
de Roma, mais altos <strong>do</strong> que qualquer<br />
outro edifício construí<strong>do</strong> na<br />
cidade até hoje, com 120 metros<br />
de altura, dividi<strong>do</strong> em 30 andares<br />
cada um. Na praça, estarão esculturas<br />
e obras de arte, seguin<strong>do</strong><br />
exemplo <strong>do</strong> bairro parisiense<br />
da Dèfense, além de restaurantes,<br />
bares e outros negócios.<br />
Além da construção de obras<br />
moder<strong>nas</strong>, no projeto de re<strong>nas</strong>cimento<br />
<strong>do</strong> EUR também estão<br />
previstas transformações no Velodromo<br />
Olimpico, projeta<strong>do</strong> por<br />
Silvano Ricci. No local, deve surgir<br />
um grande centro esportivo,<br />
com uma arquitetura esteticamente<br />
funcional e manten<strong>do</strong> as<br />
características originais.<br />
Segun<strong>do</strong> Cuccia, vai ser cria<strong>do</strong><br />
um grande centro aquático, com<br />
escolas, parques, áreas para jogos,<br />
reabilitação e atividades esportivas.<br />
De acor<strong>do</strong> com ele, parte da<br />
nova estrutura poderá ser utilizada<br />
para o Campeonato Mundial de<br />
Natação de 2009. Programas para<br />
promover a valorização das áreas<br />
verdes <strong>do</strong> bairro também estão em<br />
andamento e devem ser concluí<strong>do</strong>s<br />
nos próximos três anos.<br />
O parque de diversões Luneur,<br />
<strong>nas</strong>ci<strong>do</strong> como atração temporária<br />
da feira agrícola que aconteceu<br />
no local em 1953, também deve-<br />
Ro core magnim nulputpat aliquis nos<br />
nos duis esed tat <strong>do</strong>luptat la facil<br />
O presidente da EUR Spa, Paolo Cuccia e o Nuvola, novo centro de congressos que terá,<br />
no interior, uma nuvem gigantesca feita de gore-tex<br />
rá passar por remodelação. Atualmente,<br />
conta com 70 atrações,<br />
várias mostras, museus e espetáculos.<br />
O administra<strong>do</strong>r delega<strong>do</strong><br />
da sociedade EUR Spa, Mauro Miccio,<br />
defende a idéia de transformar<br />
o parque num “mix entre atrações<br />
fixas e atividades itinerantes,<br />
igual ao tivoli, de Copenhagen”.<br />
— Apesar <strong>do</strong> EUR ter <strong>nas</strong>ci<strong>do</strong><br />
de uma proposta de Mussolini, o<br />
bairro é ainda o sinal de um talento<br />
que permanece — afirma o<br />
ministro da Cultura e vice-presidente<br />
<strong>do</strong> Conselho de Ministros<br />
da Itália, Francesco Rutelli.<br />
Origem polêmica<br />
O EUR começou a ser construí<strong>do</strong><br />
em 1939, por decisão <strong>do</strong> dita<strong>do</strong>r<br />
benito Mussolini, com o fim de<br />
sediar, no ano de 1942, a Exposição<br />
Universal de Roma – a qual<br />
emprestou as iniciais para batizar<br />
o bairro – mas que não chegou<br />
a ocorrer, por causa da II<br />
Guerra Mundial. Com o evento, o<br />
plano era festejar o 20º aniversário<br />
<strong>do</strong> fascismo no poder.<br />
As obras de construção <strong>do</strong><br />
bairro só se concluíram nos anos<br />
60. E, ainda hoje, o EUR se apresenta<br />
como uma das áreas moder<strong>nas</strong><br />
mais interessantes<br />
de Roma.<br />
A idéia inicial previa<br />
a criação de uma<br />
grande zona urbana<br />
com prédios<br />
imponentes, com estilo arquitetônico<br />
monumental e cenográfico,<br />
serviço público e grande área<br />
verde. Para ligar o EUR ao centro<br />
de Roma (Piazza Venezia), foi<br />
construída uma grande avenida. A<br />
Via Imperiale (hoje Via Cristoforo<br />
Colombo) foi então mais uma das<br />
intervenções urbanísticas promovidas<br />
para celebrar a grandeza <strong>do</strong><br />
império fascista.<br />
Grandes arquitetos da época,<br />
como Marcello Piacentini, Ettore<br />
Rossi e Luigi Vietti, foram os<br />
responsáveis pelos grandes projetos<br />
<strong>do</strong> novo bairro, de cerca de<br />
474 hectares, com edifícios majestosos<br />
e imponentes, maciços e<br />
quadra<strong>do</strong>s, construí<strong>do</strong>s em mármore<br />
branco, lembran<strong>do</strong> os prédios<br />
e templos da Roma imperial.<br />
Entre as obras que caracterizam<br />
o EUR, consideradas as mais representativas<br />
da arquitetura fascista,<br />
destacam-se o Palazzo dei<br />
Congressi e o Palazzo della Civiltà<br />
<strong>Italiana</strong>, este conheci<strong>do</strong> como<br />
o coliseu quadra<strong>do</strong>.<br />
O EUR, além de zona residencial,<br />
também é sede de muitos escritórios,<br />
entre estes, a sede da<br />
Confederação Geral da Indústria<br />
<strong>Italiana</strong> (Confindustria), os ministérios<br />
da Saúde, da Comunicação<br />
e várias multinacionais.<br />
46 C o m u n i t à i t a l i a n a / ag o s t o 2007<br />
a g o s t o 2007 / Co m u n i t à i t a l i a n a 47
meio ambiente<br />
Itália, 40 graus<br />
Calor excessivo, consumo de energia eleva<strong>do</strong> e medusas fora de época <strong>nas</strong> águas italia<strong>nas</strong>.<br />
Eis as primeiras conseqüências <strong>do</strong> aquecimento global no verão da península ao Sul da Europa<br />
Ondas de calor escaldante,<br />
a água <strong>do</strong> mar ultragelada<br />
e infestada de águas-vivas.<br />
Nunca se viu um verão<br />
assim na Itália. Os termômetros<br />
chegaram a superar a marca<br />
<strong>do</strong>s 40 graus no sul <strong>do</strong> país. Houve<br />
incêndios em escala incomum.<br />
A Worldwide Fund for Nature<br />
(WWF), organização internacional<br />
de defesa <strong>do</strong> meio ambiente,<br />
denunciou “um ano negro” para o<br />
patrimônio natural da península,<br />
ao anunciar que, em julho, pelo<br />
menos 4.500 hectares de parques<br />
protegi<strong>do</strong>s foram devasta<strong>do</strong>s pelas<br />
chamas. Culpa <strong>do</strong> aquecimento<br />
global? Provavelmente, na<br />
avaliação <strong>do</strong> ambientalista, economista<br />
e presidente <strong>do</strong> Instituto<br />
Municipal de Urbanismo Pereira<br />
Passos (IPP), Sérgio besserman.<br />
— trabalhamos com estatísticas<br />
e acontecimentos ocorri<strong>do</strong>s<br />
em seqüência, mas temos por<br />
que acreditar que, certamente, o<br />
aquecimento global pode fazer<br />
com que essas ondas de calor se<br />
tornem muito mais freqüentes sobre<br />
a Europa. Não fosse o aquecimento<br />
provoca<strong>do</strong> pela emissão<br />
humana de gases de efeito estufa,<br />
a atual onda de calor seria menos<br />
grave — afirma o ambientalista.<br />
O calor excessivo provocou<br />
uma elevação a níveis anormais<br />
<strong>do</strong> consumo de energia elétrica na<br />
Itália. Segun<strong>do</strong> a terna, a companhia<br />
nacional de eletricidade, às<br />
11h45 de 16 de julho, o sistema<br />
exigiu 53.189 megawatts, contra<br />
as previsões de 51.100 megawatts<br />
para o perío<strong>do</strong>. Uma demanda<br />
superior aos 53 mil megawatts<br />
prosseguiu até pouco depois <strong>do</strong><br />
meio-dia local, quan<strong>do</strong>, então, o<br />
consumo começou a baixar.<br />
— Natural que a população<br />
se defenda compran<strong>do</strong> aparelhos<br />
de ar condiciona<strong>do</strong>, aumentan<strong>do</strong><br />
o consumo de energia. Num<br />
prazo de tempo mais longo, sabemos<br />
que mudanças estruturais<br />
muito profundas serão necessárias<br />
na arquitetura <strong>do</strong>s prédios,<br />
no urbanismo mesmo, para aliviar<br />
o calor — prevê besserman.<br />
Turismo em clima de alarme<br />
Em abril deste ano, a jornalista<br />
<strong>do</strong> <strong>Rio</strong> Vera Perfeito esteve<br />
na Itália em passeio pelo sul da<br />
península. Ela sentiu na pele a<br />
intensidade <strong>do</strong> calor neste verão<br />
europeu. Ao chegar à paradisíaca<br />
Costa Amalfitana, constatou que<br />
os efeitos <strong>do</strong> aquecimento global<br />
já não preocupam somente os<br />
cientistas, mas a própria população<br />
italiana.<br />
Na tropea, na Calábria, Vera<br />
conta ter ouvi<strong>do</strong> <strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res<br />
relatos aturdi<strong>do</strong>s sobre outros<br />
efeitos, além <strong>do</strong> forte calor, no<br />
ambiente. Segun<strong>do</strong> ela, a população<br />
atribui ao<br />
desequilíbrio na natureza<br />
o fato de o<br />
vulcão Stromboli, por<br />
exemplo, <strong>nas</strong> ilhas Eólias,<br />
ter decepciona<strong>do</strong> os<br />
turistas neste ano ao passar<br />
dias sem dar o ar de sua graça,<br />
sem soltar uma fagulha.<br />
Mas a cidade, segun<strong>do</strong> a jornalista,<br />
que mais vem sofren<strong>do</strong> com<br />
Arquivo pessoal<br />
os fenômenos é a deslumbrante<br />
taormina, onde se localiza o Etna:<br />
— As chamadas neves eter<strong>nas</strong>,<br />
únicas da Sicília, que pairaram<br />
desde sempre sobre o maior vulcão<br />
europeu, estão derreten<strong>do</strong> antes<br />
mesmo da chegada <strong>do</strong> verão, frustran<strong>do</strong><br />
os visitantes — ressalta.<br />
Efeito enregelante<br />
Não só as nuvens <strong>do</strong> Etna, mas<br />
as geleiras polares estão derreten<strong>do</strong><br />
e na Itália isso também<br />
tem afeta<strong>do</strong> a qualidade de vida<br />
<strong>do</strong>s turistas e da população local<br />
durante o alto verão. As águas<br />
<strong>do</strong> Norte enregelam as correntes<br />
marinhas que banham o litoral<br />
italiano. Efeito evidente disso,<br />
de acor<strong>do</strong> com besserman: a proliferação<br />
de águas-vivas no mar.<br />
— Na medida em que as geleiras<br />
estão descongelan<strong>do</strong> mais<br />
ce<strong>do</strong>, altera-se a temperatura da<br />
água e as águas-vivas são também<br />
atraídas precocemente. Isso<br />
nay r a garoFlE<br />
Reprodução<br />
Calor excessivo levam crianças a se<br />
esbaldarem pelas ruas da Itália. Rodrigo<br />
já não suporta as altas temperaturas<br />
prejudicou o turismo, pois não<br />
se esperava por isso — reflete o<br />
pesquisa<strong>do</strong>r.<br />
E as medusas, de fato, atrapalharam<br />
as férias de Vera, em<br />
sua passagem pela Sicília, pois<br />
ela não pôde aproveitar as<br />
águas claras e mansas <strong>do</strong> Mediterrêneo.<br />
Milão escaldante<br />
também no extremo norte da Itália,<br />
em pontos bem distantes <strong>do</strong><br />
mar, o calor atribuí<strong>do</strong> ao efeito<br />
estufa tem si<strong>do</strong> difícil de tolerar<br />
mesmo para um estrangeiro que<br />
passou a maior parte da vida sob<br />
o intenso calor tropical brasileiro.<br />
Há três meses em Corsico, na<br />
província de Milão, o professor de<br />
Educação Física Rodrigo Caetano,<br />
de 27 anos, <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro, diz<br />
que, para ele, o verão europeu<br />
tem representa<strong>do</strong> um desafio à<br />
beira <strong>do</strong> limite <strong>do</strong> insuportável.<br />
— Para falar a verdade, o calor<br />
daqui às vezes “torra” a minha<br />
paciência. Em Milão não tem<br />
praia e o sol aparece das seis da<br />
manhã às 22h — desabafa o brasileiro,<br />
que está na Itália para<br />
aprender uma nova língua, conhecer<br />
uma nova cultura e tentar<br />
ganhar um dinheiro extra com a<br />
sua profissão.<br />
urante o verão, no mês de agosto, Milão fica praticamente deserta. Já foi pior há dez anos<br />
quan<strong>do</strong>, para fazer compras, os habitantes tinham de dar uma volta enorme em busca de<br />
um supermerca<strong>do</strong> aberto. Mesmo assim, os mora<strong>do</strong>res que podem, se mudam com malas e cuias<br />
para as praias. O titular desta coluna também entrou neste roldão e foi parar na Ilha da Sardenha,<br />
destino final de bilionários <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> inteiro e de milhares de italianos remedia<strong>do</strong>s em<br />
busca de sombra, água fresca e um mar paradisíaco. E, como não poderia deixar de ser, acabou<br />
conferin<strong>do</strong> alguns points imperdíveis para se esbaldar no mês <strong>do</strong> famoso Ferragosto.<br />
Fotos: Guilherme Aquino D<br />
Só com tempo bom<br />
A<br />
cerca de duas horas e meia de carro<br />
de Cagliari pela SS125, passan<strong>do</strong><br />
por praias que não deixam nada a<br />
desejar para as da Polinésia Gauguin, chega-se<br />
a Santa Maria Navarrese. Um pequeno<br />
povoa<strong>do</strong> fantasma durante o ano e badala<strong>do</strong><br />
no verão. Daqui saem excursões para<br />
as praias com acesso ape<strong>nas</strong> pelo mar. Os<br />
points são Cala Sisine, Gabbiani, Mariolu e<br />
Grotta del Fico, uma imensa caverna dentro<br />
<strong>do</strong> desfiladeiro. Já para a Cala Goloritze, pa-<br />
Para circular<br />
As companhias de navegação Moby e tirrenia<br />
percorrem diferentes rotas rumo à Sardenha.<br />
Para quem não quiser pousar de avião<br />
nos aeroportos de Olbia, no nordeste da ilha,<br />
ou de Cagliari, a capital, os barcos são a opção<br />
mais em conta. Uma viagem de Gênova – embarque<br />
mais próximo de Milão – a Porto torres,<br />
no norte da Sardenha, custa de 15 a 150 euros.<br />
O transporte <strong>do</strong> carro no mesmo navio não sai<br />
por menos de 90 euros, mas vale a pena, pois,<br />
ao desembarcar, ele será necessário para o passeio<br />
pelas praias e cidades da ilha.<br />
trimônio da humanidade, o aventureiro pode<br />
ir nadan<strong>do</strong> <strong>do</strong> barco – que não pode se<br />
aproximar da praia – ou tem que caminhar<br />
mais de uma hora em meio à vegetação mediterrânea.<br />
Mas vale a pena o sacrifício. O<br />
passeio custa 30 euros por pessoa. Os barcos<br />
saem da marina de Santa Maria Navarrese<br />
to<strong>do</strong>s os dias. Com Netuno e São Pedro<br />
autorizan<strong>do</strong>, é claro. Mas, no verão italiano,<br />
até os deuses e os santos tiram férias e viajam<br />
para a Sardenha <strong>do</strong> tempo bom.<br />
Em pleno “paradiso”<br />
Cerca de meia hora de carro de Porto torres<br />
e o viajante chega à localidade de<br />
Capo Falcone, promontório paradisíaco com<br />
uma torre sarracena na extremidade <strong>do</strong> cabo.<br />
Do outro la<strong>do</strong> <strong>do</strong> canal, está a ilha de Asinara,<br />
povoada por sar<strong>do</strong>s, com suas mulas e asnos.<br />
No meio, orlas e bancos de areia. Nesta<br />
área de Alghero e Stintino, pode-se ter um<br />
tranqüilo banho de mar em águas calmas e<br />
cristali<strong>nas</strong>. Para chegar até a areia, é possível<br />
caminhar por um con<strong>do</strong>mínio de casas mimetizadas<br />
com o terreno.<br />
miLãO<br />
Guilherme Aquino<br />
Lembranças<br />
históricas<br />
Cagliari tem muitas atrações, além das<br />
praias espetaculares, como a de Chias com<br />
du<strong>nas</strong> e lagoas povoadas de pelicanos. Uma delas<br />
é o Museu Arqueológico Nacional. Cente<strong>nas</strong><br />
de peque<strong>nas</strong> esculturas em bronze contam<br />
a história da misteriosa civilização nuragiche.<br />
Foram encontradas nos sítios arqueológicos espalha<strong>do</strong>s<br />
por toda a ilha, soterra<strong>do</strong>s nos templos,<br />
santuários e tumbas. As necrópoles sardas<br />
são uma fonte inesgotável de pesquisas. Objetos<br />
de decoração e jóias em ouro, <strong>do</strong>s fenícios<br />
que estiveram em tharros, foram encontra<strong>do</strong>s<br />
onde viveram os etruscos. todas as etapas desde<br />
o perío<strong>do</strong> neolítico estão presentes num rico<br />
acervo que ajuda a contar e a entender passagens<br />
de mais de três mil anos de história.<br />
Bons ares<br />
A<br />
Igreja de Nostra Signora di Bonaria<br />
fica praticamente diante <strong>do</strong> Porto de<br />
Cagliari. Foi construída no século 16 sobre<br />
os escombros de uma edificação <strong>do</strong> perío<strong>do</strong><br />
Aragones, de <strong>do</strong>minação espanhola.<br />
Erguida em pedra de calcário branco,<br />
ela pode ser vista à distância. Uma lenda<br />
conta que a imagem da Ma<strong>do</strong>nna ficou<br />
associada aos marinheiros que passaram<br />
a cultuá-la em 1370. É que, num veleiro,<br />
em meio a uma tempestade na rota para a<br />
Espanha, uma caixa de madeira com a sua<br />
escultura foi dar na praia. E, por trás deste<br />
nome, Senhora <strong>do</strong>s bons Ares, estaria a<br />
origem da denominação da cidade de buenos<br />
Aires. As tripulações sardas, que embarcavam<br />
<strong>nas</strong> grandes navegações rumo à<br />
América, eram devotas da Nostra Signora<br />
di bonaria e isto teria influencia<strong>do</strong> na escolha<br />
<strong>do</strong> nome da capital argentina.<br />
48 C o m u n i t à i t a l i a n a / ag o s t o 2007<br />
a g o s t o 2007 / Co m u n i t à i t a l i a n a 49
notizie turismo<br />
Bond in<br />
Basilicata<br />
Il prossimo James bond<br />
farà tappa anche in<br />
basilicata. L’annuncio è<br />
stato fatto nel corso del<br />
Lucania Film Festival. Le<br />
location scelte al momento<br />
sono la ‘variante’ di Craco (Matera), i via<strong>do</strong>tti della diga<br />
di Montecotugno di Senise e la strada per San biagio di Maratea<br />
(Potenza). Il nuovo James bond avraà quindi un’altra location<br />
italiana <strong>do</strong>po la toscana, <strong>do</strong>ve sarà ripreso il celebre Palio<br />
dell’Assunta.<br />
Contro l´influenza<br />
Il ministro della salute Livia turco ha emanato una circolare con<br />
le raccomandazioni contro l’influenza stagionale che arriverà<br />
in autunno-inverno. La stagione influenzale, secon<strong>do</strong> gli epidemiologi,<br />
non <strong>do</strong>vrebbe essere particolarmente aggressiva. I ceppi<br />
virali attesi sono infatti quelli degli ultimi anni e la popolazione<br />
<strong>do</strong>vrebbe essere quindi gia’ parzialmente immunizzata. Nelle<br />
raccomandazioni del ministero c’è quella di vaccinare gli anziani<br />
portatori di alcune malattie, come i cardiopatici.<br />
Tesoretto ai pensionati<br />
Dopo la Camera, anche il Senato ha approvato, com 161 voti favorevoli,<br />
la legge che porterà um beneficio monetário – il “tesoretto”<br />
– ai pensionati che hanno raggiunto i 64 anni e che possie<strong>do</strong>no um<br />
reddito complessivo lor<strong>do</strong> che non supera gli 8.504,73 euro all’anno.<br />
A partire di novembre, i pensionati potranno contare su una<br />
“somma aggiuntiva” corrisposta in un’unica soluzione, di importo<br />
variabile in relazione all’anzianità contributiva maturata. Ad esempio,<br />
se il lavoratore dipendente ha un’anzianità contributiva di 15<br />
anni, la somma corrisposta sarà di 262 euro. Se gli anni di contributi<br />
sono compresi tra i 15 ed i 25, la “somma aggiuntiva” raggiungerà<br />
i 327 euro. Infine, i pensionati che possono vantare un’anzianità<br />
contributiva superiore ai 25 anni riceveranno 392 euro.<br />
I pensionati all’estero non <strong>do</strong>vranno fare richieste o <strong>do</strong>mande<br />
specifiche.<br />
Spiagge vietate<br />
È<br />
in funzione sul sito del Ministero della Salute l’aggiornamento<br />
in tempo reale dei tratti di costa <strong>do</strong>ve è vietata la balneazione.<br />
Il servizio è destinato ai cittadini e segnala le zone <strong>do</strong>ve è<br />
vietato fare il bagno a causa di inquinamento o altri motivi, come<br />
la presenza di parchi marini, zone militari, porti e aeroporti. L’aggiornamento<br />
avviene sulla base delle ordinanze dei Sindaci e la<br />
consultazione è possibile per regione, provincia o comune.<br />
O salto<br />
da bota<br />
A Puglia, no Sul da Itália, reúne lembranças da<br />
Magna Grécia em uma paisagem diversificada<br />
pela beleza de seus mares e bosques<br />
Se a bota se chama Itália,<br />
seu tacco atende por Puglia.<br />
Ela é uma das regiões<br />
mais bonitas <strong>do</strong> país<br />
– também a mais rica <strong>do</strong> sul – e<br />
não deixa a desejar em relação<br />
a qualquer outra em paisagem<br />
e cultura. A natureza forjou este<br />
pedaço de terra, bem na parte<br />
mais oriental da península, com<br />
um solo fértil e um mar, ou melhor,<br />
<strong>do</strong>is mares de beleza indescritível:<br />
o Adriático, a leste, e o<br />
Iônico, ao sul.<br />
Puglia, herdeira legítima da<br />
Magna Grécia, foi povoada por<br />
diferentes civilizações: os apuli<br />
– daí a origem <strong>do</strong> nome Puglia<br />
– os gregos, os romanos e, antes<br />
de to<strong>do</strong>s, os messapi. to<strong>do</strong>s<br />
passaram por lá e deixaram uma<br />
quantidade enorme de objetos e<br />
monumentos para os arqueólogos<br />
que viriam séculos mais tarde.<br />
São mais de três mil anos de<br />
história emoldura<strong>do</strong>s pelos campos<br />
de grão-turco e de oliveiras,<br />
que colorem a terra com o <strong>do</strong>ura<strong>do</strong><br />
das espigas e o pratea<strong>do</strong> da<br />
folhas <strong>do</strong>s troncos retorci<strong>do</strong>s pelo<br />
tempo. As plantações estão espalhadas<br />
pelas coli<strong>nas</strong> e planícies ao<br />
longo <strong>do</strong> território. Elas são testemunhas<br />
de uma cultura milenar de<br />
sobrevivência, baseada na força<br />
de trabalho das mãos <strong>do</strong> homem.<br />
Os bosques de pinheiros marítimos<br />
ornamentam a praia de<br />
gU i l h E r M E aq U i n o<br />
Correspondente • milão<br />
areias brancas, onde chega a<br />
água verde-esmeralda. E nem a<br />
recente tragédia <strong>do</strong>s incêndios –<br />
provoca<strong>do</strong>s pelas altas temperaturas<br />
deste verão e pela ação de<br />
incendiários – afastou da região<br />
os turistas de toda a Europa,<br />
principalmente os alemães.<br />
Algumas das principais atrações<br />
da Puglia dificilmente estão<br />
assinaladas nos mapas e nos<br />
guias. trata-se da gente local e<br />
das pracinhas públicas. Os mora<strong>do</strong>res<br />
das cidadezinhas da região<br />
são tranqüilos, atenciosos, generosos<br />
entre si e com os visitantes.<br />
Eles são capazes de interromper<br />
um jogo de cartas na<br />
rua para levar, pessoalmente, um<br />
turista perdi<strong>do</strong> a um restaurante,<br />
levan<strong>do</strong>-o, diga-se de passagem,<br />
até a porta <strong>do</strong> estabelecimento.<br />
<strong>Numa</strong> população regional de<br />
pouco mais de quatro milhões de<br />
pessoas, existem exceções, claro,<br />
que justificam essa regra. O forasteiro<br />
de passagem, com razão, pode<br />
até desconfiar de tanta atenção,<br />
mal habitua<strong>do</strong> com a falta de<br />
educação, a pressa desenfreada e<br />
as armadilhas de grandes cidades<br />
como Roma e Milão. Mas vale a<br />
pena entregar-se aos “pugliesi”,<br />
estan<strong>do</strong> assim em boas mãos. A<br />
Puglia deve ser vista e “vivida”<br />
com calma e confiança.<br />
Quem não vive nos casarios<br />
urbanos está <strong>nas</strong> “masserias”,<br />
pequenos terrenos agrícolas. São<br />
como casas coloniais. tempos<br />
atrás, eram centros de produção<br />
de azeito<strong>nas</strong>, e de hortifrutigranjeiros<br />
em geral. Hoje, se transformaram<br />
em pousadas para turistas.<br />
Elas estão por to<strong>do</strong>s os la<strong>do</strong>s<br />
e, normalmente, vêm passan<strong>do</strong><br />
de pai para filho ao longo <strong>do</strong>s<br />
séculos, heranças de gerações.<br />
Os móveis parecem saí<strong>do</strong>s de um<br />
filme de época e são capazes de<br />
fazer a alegria de um antiquário.<br />
Mesas, penteadeiras, escadas,<br />
aparelhos de louça, fogão a<br />
lenha, estantes e escrivaninhas,<br />
cristaleiras e camas com armação<br />
de ferro bati<strong>do</strong> compõem o cenário<br />
da época de nossos bisavós.<br />
Um muro protege a masseria <strong>do</strong><br />
exterior. Lá dentro, no pátio in-<br />
Povoada por diversas civilizações,<br />
como os apuli, os gregos e romanos,<br />
a região torna-se um verdadeiro<br />
tesouro para os arqueólogos<br />
terno, ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> poço central,<br />
no lugar <strong>do</strong>s cavalos e carroças,<br />
ficam os carros <strong>do</strong>s turistas, ávi<strong>do</strong>s<br />
pelo pernoite no local e pelo<br />
consumo <strong>do</strong> azeite de oliva, das<br />
frutas ali produzidas – a Puglia<br />
tem o melão mais <strong>do</strong>ce <strong>do</strong> planeta<br />
– <strong>do</strong>s queijos em suas infinitas<br />
variáveis, isso sem falar da pasta<br />
orecchete, <strong>do</strong> grão duro local. Na<br />
maioria <strong>do</strong>s casos, uma masseria<br />
é composta de uma grande casa<br />
e de outras duas ou três menores,<br />
espalhadas pelo terreno.<br />
Antigos estábulos ganharam<br />
moder<strong>nas</strong> reformas e viraram<br />
confortáveis apartamentos para<br />
famílias inteiras em férias. Janelas,<br />
portas e paredes com mais<br />
de um metro de espessura e três<br />
de altura garantem ventilação e<br />
temperaturas adequadas mesmo<br />
quan<strong>do</strong>, lá fora, nem uma folha<br />
se mexe e o sol lembra um maçarico.<br />
Isolada <strong>do</strong> burburinho das<br />
cidades, numa masseria parece<br />
que o tempo parou.<br />
Um outro ponto pelo qual se<br />
pode começar o tour pela Puglia<br />
pode ser o litoral com os bosques<br />
de pinheiros marítimos -a garantir<br />
sombra para quem não quer se expor<br />
ao calor <strong>do</strong> sol - e águas mansas,<br />
cristali<strong>nas</strong> e mor<strong>nas</strong> no verão.<br />
Muitas praias possuem serviço<br />
personaliza<strong>do</strong> na areia, com o<br />
aluguel de barracas e de cadeiras,<br />
Fotos: Guilherme Aquino<br />
além de quiosques onde se come<br />
o peixe fresco, <strong>do</strong> dia. A areia faz<br />
a festa da criançada acostumada<br />
a orlas com pedras, como na Ligúria.<br />
O ecletismo pugliese, enfim,<br />
reina em uma paisagem pra<br />
lá de democrática e que agrada a<br />
to<strong>do</strong>s os gostos e idades.<br />
a g o s t o 2007 / Co m u n i t à i t a l i a n a<br />
51
Fotos: Roberth Trindade<br />
comunità<br />
Tra risate<br />
e applausi<br />
Dopo 80 anni di esistenza, il Circo Orlan<strong>do</strong> Orfei continua ad incantare<br />
i bambini, carpisce sguardi perplessi, risate e conquista la simpatia del<br />
pubblico. Sesta generazione della famiglia, Mario Orfei racconta la traiettoria<br />
di suo padre, Orlan<strong>do</strong>, e parla di cosa significa <strong>nas</strong>cere sotto un ten<strong>do</strong>ne<br />
Nel 1822, il sacer<strong>do</strong>te lascia<br />
la tonaca e si innamora<br />
di una giovane di<br />
una famiglia famosa. I<br />
due fuggono e cominciano a presentarsi<br />
come saltimbanchi per le<br />
vie dell’Italia e dell’Europa perché<br />
la famiglia di lei è contro il<br />
loro rapporto. No, questa non è<br />
una favola. È l’inizio della traiettoria<br />
della famiglia Orfei,<br />
che mantiene circhi in tutto<br />
il mon<strong>do</strong>, uno di essi portato<br />
in brasile da Orlan<strong>do</strong>,<br />
che oggi ha 87 anni.<br />
A 23 anni, Orlan<strong>do</strong><br />
prese le redini del circo<br />
in Italia e lo ha trasformato.<br />
Ciò che prima aveva<br />
un sapore regionale gli rese fama<br />
internazionale. Nel 1968, ad un<br />
imprenditore brasiliano piacque<br />
ciò che vide in Italia e portò Orlan<strong>do</strong><br />
in brasile. Il circo ha già<br />
percorso tutta l’America Latina.<br />
Ora è a <strong>Rio</strong> de Janeiro.<br />
Orlan<strong>do</strong> ha sei figli e tutti,<br />
eccetto uno che si trova in Austria,<br />
vivono in brasile. Uno di<br />
essi, Mario Orfei, 55, la sesta generazione<br />
della famiglia, è stato<br />
allevato, così come il padre, sotto<br />
il ten<strong>do</strong>ne.<br />
La mia infanzia è stata come<br />
quella di tutti i bambini del circo.<br />
tutte le settimane eravamo in<br />
un luogo diverso, studiavamo in<br />
una scuola diversa. Qui, come in<br />
nay r a garoFlE<br />
Italia, era facile accettare bambini<br />
nelle scuole. Facevo molte<br />
amicizie e giocavo nel circo perché<br />
il circo è il miglior cortile del<br />
mon<strong>do</strong> per giocare ― dice l’italiano<br />
della provincia di Modena, in<br />
Emilia-Romagna.<br />
Il patriarca Orlan<strong>do</strong> vive per il<br />
circo, e si è allontanato dal ten<strong>do</strong>ne<br />
soltanto una volta, quan<strong>do</strong><br />
“Il circo è il<br />
miglior cortile<br />
del mon<strong>do</strong> per<br />
giocare”<br />
un ictus cerebrale l’ha allontanato<br />
per un anno. Prima di entrare<br />
nelle gabbie delle belve per <strong>do</strong>marle<br />
è stato pagliaccio, giocoliere,<br />
ciclista acrobatico e mago.<br />
Così come suo padre, Mario<br />
ha messo il piede nel circo per la<br />
prima volta a sei anni, come aiutante<br />
di pagliaccio, ma il suo primo<br />
numero come professionista è<br />
stato a 11 anni, facen<strong>do</strong> acrobazie<br />
a cavallo.<br />
Il circo è una delle più antiche<br />
arti di spettacolo del mon<strong>do</strong>.<br />
La sua origine risale ai popoli<br />
nomadi dell’Europa e dell’Asia.<br />
L’universo circense è un insieme<br />
di arti come quella dei giocolieri,<br />
dei pagliacci, dell’acrobazia,<br />
dell’addestramento di animali e<br />
molte altre. Con il passare degli<br />
anni, alcuni circhi si sono perfezionati<br />
e hanno creato numeri<br />
differenti. Il circo Orlan<strong>do</strong> Orfei,<br />
però, promuove la sensazione di<br />
rivivere tempi passati, con numeri<br />
antichi. Malgra<strong>do</strong> non detenga<br />
tutta la tecnologia futurista<br />
degli spettacoli presentati<br />
dai concorrenti, come il Cirque<br />
du Soleil, il circo Orfei ancora incanta<br />
i bambini.<br />
― Il circo deve viaggiare, avere<br />
animali, pagliacci, acrobati.<br />
Deve avere tutto ciò che rappresenta<br />
il circo. È questo che piace<br />
al pubblico ― afferma.<br />
Nato e cresciuto nel mon<strong>do</strong><br />
Mario: sesta generazione della famiglia Orfei.<br />
Il circo, con le sue innumerevoli presentazioni, incanta i bambini<br />
<strong>do</strong>ve il mestiere è quello di divertire<br />
le persone, Mario dice di<br />
non sapere cosa farebbe nella vita<br />
se non fosse nato nel circo.<br />
― Non so, sinceramente, cosa<br />
farei se non lavorassi nel circo.<br />
Cerco di immaginarlo, ma non ci<br />
riesco. Ricevere applausi e riconoscimento<br />
del pubblico è ciò<br />
che dà piacere all’artista ― racconta<br />
Mario a cui, da piccolo,<br />
non piaceva studiare. Preferiva<br />
giocare con i coetanei nel cortile<br />
della sua casa, sotto il ten<strong>do</strong>ne.<br />
Attualmente single, Mario è<br />
già stato sposato due volte. Ha<br />
avuto quattro figli, ma solo uno<br />
lavora nel mon<strong>do</strong> circense.<br />
Ho quattro figli ma nessuno<br />
abita vicino. Sono tutti brasiliani,<br />
ma ce n’è uno che è in Messico,<br />
è l’unico artista di circo.<br />
Uno in Argentina, uno in Italia<br />
e l’altro qui in brasile, in Goiânia<br />
― dice.<br />
Dovuto all’età, Orlan<strong>do</strong> alle<br />
volte non si fa presente agli<br />
spettacoli. Quan<strong>do</strong> questo succede,<br />
è Mario che prende il suo<br />
posto per fare lo spettacolo delle<br />
acque danzanti. La sua traiettoria<br />
segue, in mo<strong>do</strong> quasi identico,<br />
quella del padre.<br />
Ho vissuto tutta la mia vita<br />
qui e ho lavorato con lui.<br />
Visto che posso dare continuità<br />
a tutto questo, spero di<br />
“Non so cosa<br />
farei se non<br />
lavorassi nel<br />
circo”<br />
poter continuare, perché sarebbe<br />
triste lasciare questo lavoro ― afferma<br />
l’erede.<br />
Esistono controversie sull’uso<br />
degli animali nel circo e perfino<br />
una legge statale, nel caso di<br />
<strong>Rio</strong>, che proibisce la presentazione<br />
di belve feroci o di animali<br />
ammaestrati. Mentre c’è gente<br />
che crede che gli animali subiscano<br />
maltrattamenti, oltre allo<br />
stress, altri pensano che il circo<br />
senza animali non sia vero circo.<br />
Gli animali sono nostri compagni,<br />
amici, ci aiutano a lavorare.<br />
Il mio elefante è morto a<br />
62 anni, lavoravamo con lui da<br />
54 anni. Era arrivato prima che<br />
<strong>nas</strong>cessi. Come dice mio padre, il<br />
circo senza animali perde l’anima<br />
― difende Orlan<strong>do</strong>.<br />
tra risate, applausi e occhi infantili<br />
che brillano, Orlan<strong>do</strong> Orfei<br />
festeggia 80 anni di circo a <strong>Rio</strong> de<br />
Janeiro. Mario, da più di 50 anni<br />
sotto il ten<strong>do</strong>ne, segue i passi<br />
del padre, diverten<strong>do</strong> e incantan<strong>do</strong><br />
il pubblico.<br />
52 C o m u n i t à i t a l i a n a / ag o s t o 2007<br />
a g o s t o 2007 / Co m u n i t à i t a l i a n a 53
il lettore racconta<br />
Com a pátria assolada por uma guerra e por u ma<br />
ditadura, a família de franCesChina CasCar<strong>do</strong> de<br />
si mo n e deCidiu partir da Calábria para o brasil<br />
quan<strong>do</strong> ela tinha 12 anos. no rio de Janeiro, Com<br />
os pais e três irmãos, a menina aprendeu lições de<br />
Coragem e determinação, na luta pela sobrevivênCia.<br />
a solidariedade de parentes e Conterrâneos também<br />
se mostrou fundamental. franCesChina se orgulha<br />
de ter preserva<strong>do</strong> tais valores nos Corações de seus<br />
três filhos e <strong>do</strong>is netos.<br />
depoimento à repórter<br />
paula máiran<br />
Eu, Franceschina Cascar<strong>do</strong><br />
de Simone, <strong>nas</strong>ci em Paola<br />
na Itália. Aos 12 anos<br />
vim com meu pai Francesco,<br />
minha mãe Maria e meus<br />
irmãos Pedro, Pascoal e Angeolina<br />
para o Brasil, fugin<strong>do</strong> da guerra e<br />
da ditadura de Mussolini.<br />
Quan<strong>do</strong> chegamos ao Brasil, no<br />
<strong>Rio</strong> de Janeiro, nenhum de nós<br />
falava ou escrevia o português. Meu<br />
pai tinha uma irmã que já morava<br />
no Brasil, mas sem notícias dela.<br />
Foi então que ele ficou saben<strong>do</strong> que,<br />
com a ajuda <strong>do</strong> Consula<strong>do</strong> Italiano,<br />
havia como encontrá-la. E foi possível<br />
descobrir que ela estava moran<strong>do</strong><br />
no bairro <strong>do</strong> Maracanã.<br />
Chegan<strong>do</strong> à casa de minha tia,<br />
ficamos moran<strong>do</strong> em sua casa, enquanto<br />
o meu pai procurava emprego.<br />
Como éramos novos no país e não<br />
falávamos o português, ficava difícil<br />
arrumar emprego. Aí meu pai foi<br />
apresenta<strong>do</strong> a um italiano que já<br />
morava no Brasil e era jornaleiro.<br />
Assim, meu pai começou a trabalhar<br />
como jornaleiro numa banca de<br />
jornal alugada no Centro <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>.<br />
Com muito trabalho e dificuldades,<br />
mas com a ajuda de um outro<br />
amigo jornaleiro que meu pai conheceu,<br />
compramos uma casa no subúrbio.<br />
Com o passar <strong>do</strong> tempo, o meu<br />
pai comprou uma banca no bairro<br />
de Botafogo. Minha mãe o ajudava,<br />
enquanto eu ficava em casa cuidan<strong>do</strong><br />
de meus irmãos.<br />
Sempre que podia, eu ia até a<br />
banca de jornal de meu pai. <strong>Numa</strong><br />
dessas idas, conheci Mario de Simone,<br />
um jovem italiano que também<br />
veio para o Brasil para traba-<br />
lhar. Ele também era jornaleiro e<br />
conheci<strong>do</strong> de meu pai.<br />
Conforme o tempo ia passan<strong>do</strong>, a<br />
minha amizade com Mario ficava<br />
mais forte e acabou viran<strong>do</strong> namoro.<br />
Em pouco tempo, nos casamos.<br />
Meus irmãos, já cresci<strong>do</strong>s, também<br />
se casaram e, por coincidência<br />
ou destino, to<strong>do</strong>s se casaram com<br />
italianos também. Meu irmão Pascoal<br />
também começou a trabalhar<br />
como jornaleiro num bairro da zona<br />
norte <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>. Minha irmã Angelina<br />
se casou com um ex-militar<br />
italiano e o meu irmão Pedro trabalhava<br />
em uma fábrica.<br />
Um ano após meu casamento, tive<br />
minha primeira filha, Emília. Logo<br />
após veio um menino, que o meu mari<strong>do</strong><br />
queria que também se chamasse<br />
Mario, e a última se chama Marcia.<br />
Como não tínhamos dinheiro sobran<strong>do</strong>,<br />
colocamos nossos três filhos<br />
em uma escola pública <strong>do</strong> bairro.<br />
Acordava às 4h para preparar o café<br />
<strong>do</strong> meu mari<strong>do</strong>, pois ele tinha<br />
que estar às 5h na banca, para receber<br />
os jornais <strong>do</strong> dia, e depois<br />
levava as crianças ao colégio.<br />
Nos fins de semana, Mario gostava<br />
de pescar. Sempre que podia, eu ia<br />
junto e levava os meus filhos à praia,<br />
para esquecer um pouco da luta que<br />
tinha durante toda a semana.<br />
O tempo foi passan<strong>do</strong> e com muito<br />
esforço e orgulho, vi to<strong>do</strong>s os meus<br />
filhos se formarem. Alguns anos depois,<br />
minha primeira filha se casou.<br />
Fiquei feliz em ver minha filha se<br />
casan<strong>do</strong>, pois ela teve um casamento<br />
que eu não pude ter quan<strong>do</strong> jovem.<br />
Logo após, veio o meu primeiro<br />
neto Thiago. Como os seus pais<br />
trabalhavam fora, eu cuidava dele<br />
durante a semana. Anos depois que<br />
ele <strong>nas</strong>ceu, o meu filho, o <strong>do</strong> meio,<br />
se casou. Mais uma vez tive a alegria<br />
de ver mais um filho entran<strong>do</strong><br />
na igreja.<br />
Cinco anos após o casamento de<br />
meu filho, tive mais um neto de<br />
minha primeira filha, o Pedro.<br />
Alguns anos depois, tive a minha<br />
primeira grande tristeza: a<br />
morte de meu irmão Pedro, após<br />
uma operação mal sucedida. Ficamos<br />
arrasa<strong>do</strong>s, pois passamos por muitas<br />
dificuldades juntos e perdemos um<br />
irmão por uma falha humana.<br />
Depois, a minha tristeza se amenizou<br />
com o <strong>nas</strong>cimento de meu terceiro<br />
neto, filho de Mario: Geovanni.<br />
Com a família crescen<strong>do</strong>, começamos<br />
a passar no Natal to<strong>do</strong>s em<br />
minha casa. Passamos vários anos juntos<br />
o dia 25 de dezembro. Mas,<br />
conforme os anos passavam, meu mari<strong>do</strong><br />
sofria com problema de hérnia<br />
e a <strong>do</strong>ença se agravava. Algum<br />
tempo depois veio a minha segunda<br />
maior tristeza, a morte dele, em<br />
2003, que por uma infeliz coincidência,<br />
também resultou de uma<br />
operação mal sucedida.<br />
Com o passar <strong>do</strong> tempo, a <strong>do</strong>r foi<br />
diminuin<strong>do</strong> e hoje, quatro anos depois,<br />
continuo a cuidar da banca de<br />
meu faleci<strong>do</strong> mari<strong>do</strong>, com a ajuda de<br />
minha filha mais velha. Assim, não<br />
deixo se apagar a história de uma luta<br />
que começou bem longe daqui.<br />
<strong>Rio</strong> de Janeiro (RJ)<br />
SFranceschina Cascar<strong>do</strong><br />
de Simone, de 72 anos<br />
Mande sua história com material fotográfico para:<br />
redacao@comunitaitaliana.com.br<br />
Fotos: Arquivo pessoal<br />
Macchiaioli,<br />
impressionisti italiani<br />
SaDopo quasi mezzo secolo di abban<strong>do</strong>no<br />
Villa bardini ha riaperto<br />
le porte con una mostra di grande<br />
spessore sulla pittura italiana di fine ottocento-inizi<br />
novecento. Intitolata “Cabianca<br />
e la civiltà dei macchiaioli” l’esposizione<br />
offre un centinaio di opere dello<br />
stesso Vincenzo Cabianca affiancate da<br />
Anima Mundi<br />
Giovedì 13 settembre torna a Pisa<br />
l’appuntamento con la musica sacra<br />
nella cornice del programma “Anima Mundi”.<br />
Giunta alla sua VII edizione, promossa<br />
dall’Opera della Primiziale Pisana, dalla<br />
Fondazione Cassa di Risparmio di San Miniato,<br />
dal Comune e dalla Provincia di Pisa,<br />
il Festival è risultato essere uno degli<br />
eventi musicali di grande spessore internazionale.<br />
La Royal Philarmonic Orchestra,<br />
diretta dal maestro Daniele Gatti, presenterà<br />
un programma interamente dedicato<br />
alle sinfonie n° 4 e 6 di Ludwig Van beethoven.<br />
Info: www.opapisa.it<br />
circa 25 dipinti di artisti come telemaco<br />
Signorini, Giovanni Fattori e Silvestro<br />
Lega, tre dei più importanti nomi dell’impressionismo<br />
italiano chiamato come corrente<br />
dei “Macchiaioli”. Villa bardini, Costa<br />
San Giorgio 4. Ingresso gratuito. Dalle<br />
8.15 alle 19.30 fino al 14 ottobre. www.<br />
mostracabianca.it<br />
Vasco Rossi<br />
in concerto<br />
Per chi fosse interessato a conoscere colui<br />
che è considerato il più grande cantante<br />
rock italiano, l’appuntamento è a Firenze<br />
l’11 settembre con Vasco Rossi. Non<br />
molto conosciuto all’estero e dal cognome<br />
non certo originale, l’artista musicale modenese<br />
riesce sempre con i suoi brani a riunire<br />
come minimo 50, 60 mila persone in qualsiasi<br />
stadio italiano che solchi. tra le sue<br />
musiche più famose “Albachiara”, “Vivere”,<br />
“Una canzone per te” e “Vita spericolata”.<br />
Stadio “Artemio Franchi”. Prezzi da 34 a 40<br />
euro presso: www.ticketone.it<br />
fiRENzE<br />
Giordano Iapalucci<br />
Lorenzo Viani<br />
La Cassa di Risparmio di Firenze promuove<br />
la mostra del pittore viareggino Lorenzo<br />
Viani “Ritratti e persone della Versilia del<br />
primo novecento”. Con una raccolta di circa<br />
70 bozzetti l’artista toscano viene ricordato<br />
per una pittura forte ed energica piena di<br />
espressività con strascichi malinconici in cui<br />
i personaggi vengono principalmente ritratti<br />
all’ombra dei porticcioli (chiamati “darsene”)<br />
della città di Viareggio (costa toscana). Presso<br />
Cassa di Risparmio di Firenze, Sala delle<br />
Colonne, Via bufalini nr. 6. Aperta fino al 29<br />
agosto con orario: 8.30-18.30 la mostra è ad<br />
ingresso gratuito.<br />
Dario Fo<br />
Nell’ambito della programmazione di<br />
“Fi.Esta 2007” (Firenze Estate) dal 30<br />
al 31 agosto, in prima assoluta in Italia, è<br />
possibile assistere allo spettacolo di Dario<br />
Fo (già premio Nobel per la letteratura nel<br />
1997) in omaggio al grande genio Michelangelo<br />
buonarroti. L’evento, organizzato<br />
da teatro Puccini Associazione Culturale e<br />
Comune di Firenze in collaborazione con<br />
la 60° Estate Fiesolana, prevede una lezione-spettacolo<br />
sulla vita e sull’arte del<br />
grande artista toscano nato nel 1475. teatro<br />
Romano di Fiesole. biglietti da 15 a<br />
25 euro acquistabili presso: www.boxol.it.<br />
Info: www.estatefiesolana.it<br />
54 C o m u n i t à i t a l i a n a / ag o s t o 2007<br />
a g o s t o 2007 / Co m u n i t à i t a l i a n a 55<br />
Fotos: Reprodução
italian style<br />
Fotos: Divulgação<br />
Prada nos pés<br />
Elegância e sofisticação: duas palavras<br />
que combinam com a mulher moderna.<br />
Para compor o visual, sapatos Prada com<br />
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imagens digitais. Com um hard disk de 160 gigabyte, se<br />
conecta à internet sem fio e permite baixar filmes e clipes<br />
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conectá-lo na tv. Chegará no merca<strong>do</strong> no outono europeu,<br />
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mente sã,<br />
corpo são<br />
Gastronomia sarda é um <strong>do</strong>s segre<strong>do</strong>s<br />
para a longevidade em pratos que<br />
revelam sabores da terra e <strong>do</strong> mar<br />
Sardenha – terra de pastores e de pesca<strong>do</strong>res, fácil se torna<br />
então imaginar a dieta típica <strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res da Ilha da Sardenha:<br />
sabores da terra e <strong>do</strong> mar. Os milhares de turistas que<br />
invadem o balneário durante o verão não fazem por menos. A<br />
alimentação, por sinal, assim como o banho de mar, representa um raro<br />
denomina<strong>do</strong>r comum entre bilionários e remedia<strong>do</strong>s que ali passam<br />
as férias. A não ser pelos vinhos escolhi<strong>do</strong>s para o acompanhamento,<br />
algo que, ao final, pode mudar consideravelmente o valor da conta, em<br />
pouco ou nada diferem entre si, no que se refere aos ingredientes ou<br />
ao sabor, os pratos servi<strong>do</strong>s aos ricos e aos pobres.<br />
Embora cerca<strong>do</strong> pelas águas <strong>do</strong> Atlântico, o povo sar<strong>do</strong> tem <strong>nas</strong><br />
montanhas <strong>do</strong> interior da ilha a origem de características adquiridas<br />
ao longo das décadas em que viveu <strong>nas</strong> paredes das coli<strong>nas</strong>, refúgio<br />
contra perigos que sempre vinham <strong>do</strong> mar. Invasões sucessivas, desde<br />
os fenícios na Antigüidade até a Segunda Guerra Mundial, escaldaram<br />
os mora<strong>do</strong>res. Ape<strong>nas</strong> no pós-guerra esta gente um tanto eremita se<br />
atreveu a descer para as praias e a incrementar a vida nos poucos vilarejos<br />
à beira-mar. Enfim, o mar se tornou fonte de prazer e de matériaprima<br />
para a elaboração <strong>do</strong>s pratos locais.<br />
Às margens das estradas, sempre se vê bois, vacas e ovelhas pastan<strong>do</strong><br />
à sombra de oliveiras <strong>nas</strong> encostas. E essa mesma paisagem<br />
oferece a imagem de barquinhos de pesca a recortar o horizonte, de<br />
manhã bem ce<strong>do</strong>. Essas atividades garantem os fundamentos <strong>do</strong> orgulho<br />
sar<strong>do</strong> por sua cultura gastronômica e pelas prateleiras <strong>do</strong>s supermerca<strong>do</strong>s<br />
repletas de produtos locais, da massa aos queijos.<br />
Um prato forte é o Malloreddus, espécie de gnocchi de grão-turco<br />
condimenta<strong>do</strong> com molho de tomate e salsicha. De sobremesa, boa<br />
pedida é o pardulas, <strong>do</strong>ce típico da ilha com recheio de queijo fresco.<br />
Sabe-se muito bem na Sardenha, aliás, como pescar o cliente logo<br />
no começo da sessão gastronômica. O rodízio de iguarias evolui<br />
Na Sardenha, além <strong>do</strong> mar, um <strong>do</strong>s atrativos é a cultura gastronômica<br />
Sapori d’Italia<br />
Malloreddus<br />
gU i l h E r M E aq U i n o<br />
Ingredientes:<br />
1 cebola cortada em 1/2 lua; 1 xícara de azeite extra-virgem; 1/2<br />
kg tomate pela<strong>do</strong>; 2 colheres de vinagre branco; 2 dentes de alho;<br />
400 g de linguiça tipo italiana; 500 g de massa; manjericão; queijo<br />
peccorino rala<strong>do</strong>; sal e pimenta <strong>do</strong> reino.<br />
Mo<strong>do</strong> de preparo:<br />
Coloca-se o azeite numa caçarola, <strong>do</strong>urar e retirar o alho. Coloque<br />
a cebola, <strong>do</strong>urar no fogo bran<strong>do</strong>. Coloque as lingüiças sem a pele e<br />
picada. Refogar no fogo forte até terem aspectos de grelha<strong>do</strong>s. Coloque<br />
o vinagre, e depois de evapora<strong>do</strong>, o tomate, manjericão, sal<br />
e pimenta à gosto. Cozinhar com a panela tampada no fogo bran<strong>do</strong><br />
durante uma hora. Adicionar um pouco de cal<strong>do</strong> de carne, se achar<br />
necessário. Cozinhar a massa al dente, escorrer e juntar com o molho.<br />
Servir com queijo peccorino a gosto.<br />
Rendimento: 4 porções<br />
com agilidade, o intervalo entre uma e outra suficiente ape<strong>nas</strong> para<br />
o cliente poder lamber os beiços, limpar a boca com o guardanapo e<br />
fazer cara de quero-mais. Polvo picadinho banha<strong>do</strong> na burrida; peixe<br />
gatuccio fatia<strong>do</strong> e marina<strong>do</strong> com aceto de vinho branco, com nozes e<br />
alho trita<strong>do</strong>s; lulas com salsa picante, verduras fritas, salada de atum,<br />
maionese, tomates e alcaparras; carpaccio de peixe-espada; risoto de<br />
camarão com carciofi – uma inusitada e saborosa combinação –, camarões<br />
miú<strong>do</strong>s com favas e la fregola con arselle. Fica difícil, por<br />
vezes, distinguir as entradas <strong>do</strong>s pratos principais. Isso sem falar no<br />
bezerro na brasa, na bisteca de boi ou de asno, <strong>nas</strong> coietas, que são<br />
enroladinhos de carne com bacon e queijo de ovelha.<br />
O encontro da cozinha montanhesa com aquela da pesca resultou<br />
em uma dieta rica em proteí<strong>nas</strong> e carboidratos. Há quem suspeite de<br />
que este seja o segre<strong>do</strong> da longevidade de um povo acostuma<strong>do</strong> a passar<br />
<strong>do</strong>s 90 anos, com a mente e o corpo sãos.<br />
serviço: ristorante dal Conte – via Cav o u r, 83 – Cagliari – telefone: 070663336<br />
56 C o m u n i t à i t a l i a n a / ag o s t o 2007<br />
a g o s t o 2007 / Co m u n i t à i t a l i a n a 57<br />
Fotos: Guilherme Aquino
Como Paris, Roma também tem sua<br />
ilha. Fica no <strong>Rio</strong> tibre, que corta a cidade<br />
e se chama Isola tiberina. A ilha<br />
é pequena e abriga um <strong>do</strong>s melhores hospitais<br />
de Roma, Fatebenetratelli, uma farmácia, duas<br />
igrejas, uma adjacente ao hospital e outra numa<br />
pracinha, Piazza San bartolomeo, um café<br />
e um restaurante tradicional, Sora Lella.<br />
São várias as lendas sobre a ilha. Principalmente<br />
sobre a origem de sua vocação<br />
hospitalar. tu<strong>do</strong> comecou em 293 a.C. Roma<br />
vivia uma grande epidemia de peste e os romanos<br />
resolveram consultar os Libri Sibillini,<br />
compilação de oráculos de origem grega,<br />
para saber o que fazer para vencer a peste.<br />
A resposta? Que se deveria trazer a Roma a<br />
imagem de culto ao deus da medicina, Esculápio,<br />
de Epidauro, na Grécia, seu mais<br />
importante santuário. O Sena<strong>do</strong> organizou<br />
uma delegação que deveria ir até o templo<br />
pedir para que fosse concedida a tal imagem.<br />
E a expedição partiu, via mar. Quan<strong>do</strong><br />
estavam no caminho para Epidauro, o próprio<br />
deus da medicina apareceu no navio,<br />
La gENTE, iL pOSTO<br />
Claudia Monteiro de Castro<br />
Uma ilha no Tibre<br />
Se o brasil pára durante o Carnaval, o mesmo vale para a Itália<br />
no mês de agosto. Nunca vou esquecer um dia de fim de agosto<br />
de 2002, ano em que me transferi para Roma. tinha acaba<strong>do</strong><br />
de voltar de uma viagem a Sardenha com um amigo e, recém-chegada<br />
à Roma, aceitei o convite para almoçar em sua casa em Monteverde,<br />
bairro residencial da cidade, perto de trastevere. Depois <strong>do</strong> almoço,<br />
com um sol de rachar, era hora de voltar para casa, como sempre,<br />
usan<strong>do</strong> transporte público.<br />
Um pequeno detalhe: em Roma, o motorista não vende bilhete<br />
de ônibus no próprio veículo e não existe cobra<strong>do</strong>r. Só recentemente<br />
colocaram em alguns bondinhos e ônibus máqui<strong>nas</strong><br />
automáticas de bilhetes. Portanto, é preciso<br />
comprar o bilhete com antecedência no tabaccaio,<br />
que vende, além de tíquete de ônibus/metrô,<br />
cigarro, selo, envolope, chocolate e quinquilharias<br />
várias.<br />
Voltan<strong>do</strong> ao relato, era agosto, e eu não tinha<br />
nenhum bilhete de ônibus. O que fazer? Ir<br />
em busca <strong>do</strong> Santo Graal, um tabaccaio aberto.<br />
tentei o primeiro, a duas quadras da casa de<br />
meu amigo: fecha<strong>do</strong>. Andei mais duas quadras.<br />
Nada feito. Continuei a busca por uma boa meia<br />
hora. Parecia caminhar num deserto procuran<strong>do</strong><br />
um oásis. Mas não vi nem oásis, nem tabaccaio,<br />
nem alma viva. Que paz! Onde estavam as vespas<br />
ronzan<strong>do</strong> seus motores? Onde foram parar os ita-<br />
58<br />
em forma de uma serpente, resolven<strong>do</strong> a situação.<br />
Com esta poderosa aparição-surpresa,<br />
eles já poderiam voltar para Roma.<br />
Chegan<strong>do</strong> à cidade eterna pelo tibre, a<br />
serpente subiu até o mastro <strong>do</strong> navio, deu<br />
uma olhada ao re<strong>do</strong>r, desceu <strong>do</strong> mastro, saiu<br />
<strong>do</strong> navio e se instalou na ilha. Conforme a<br />
indicação da serpente, construiu-se sobre a<br />
ilha um templo de culto a Esculápio. Esta<br />
é a lenda. Na realidade, a ilha foi escolhida<br />
como lugar de cura desde o século XVI,<br />
por duas vantagens: era isolada e, ao mesmo<br />
tempo, central. Perfeito para destinar as<br />
Roma em agosto<br />
C o m u n i t à i t a l i a n a / ag o s t o 2007<br />
Reprodução<br />
pessoas que haviam contraí<strong>do</strong> a peste. Mas<br />
a história da serpente impressionou tanto<br />
os romanos que eles resolveram dar à ilha a<br />
forma de um navio, colocan<strong>do</strong> em seu perímetro<br />
mármore travertino, ressaltan<strong>do</strong> sua<br />
popa e proa. Hoje, sobre os restos <strong>do</strong> templo<br />
dedica<strong>do</strong> ao deus da medicina, encontra-se<br />
a igreja de S. bartolomeo.<br />
Ligada à terra firme por duas pontes, Fabricio<br />
e Cestio, no verão, a ilha ganha um brilho<br />
especial. Há vários eventos organiza<strong>do</strong>s<br />
na Isola tiberina. Durante o evento Isola del<br />
Cinema, em junho e julho, <strong>do</strong>is cinemas são<br />
construí<strong>do</strong>s ao ar livre, e a programação muda<br />
diariamente. Outro evento é o Lungo er tevere,<br />
de frente para a ilha, <strong>nas</strong> margens <strong>do</strong> tibre.<br />
Aqui são instaladas várias barraquinhas de artesanato,<br />
restaurantes e um palco que oferece<br />
música ao vivo à noite durante to<strong>do</strong> o verão.<br />
Mas vale a pena passear pela ilha durante<br />
o ano to<strong>do</strong>. Principalmente quan<strong>do</strong> o turista<br />
ou mora<strong>do</strong>r precisa de uma pausa para recuperar<br />
as energias e ter um pouco de sombra<br />
e água fresca.<br />
lianos discutin<strong>do</strong> empolga<strong>do</strong>s <strong>nas</strong> ruas, por pura chiacchiera ou uma<br />
pequena briguinha? Nada, era como se o mun<strong>do</strong> tivesse para<strong>do</strong>. Se eu<br />
tivesse um infarte e caísse durinha no chão, acho que só me descobririam<br />
em setembro. Acabei me conforman<strong>do</strong> e fazen<strong>do</strong> uma transgressão<br />
que nunca faço: peguei o ônibus, depois de uma boa espera,<br />
sem bilhete mesmo.<br />
Agosto é assim. Mais da metade <strong>do</strong>s restaurantes fecham. Farmácias<br />
fecham, cabeleireiros fecham. Mas devo admitir que, nos últimos<br />
anos, a situação vem mudan<strong>do</strong>. Há turnos mais rigorosos para restaurantes<br />
e bares e, portanto, pelo menos dá para encontrar alguns estabelecimentos<br />
abertos.<br />
Recentemente li no jornal que, segun<strong>do</strong> as<br />
pesquisas, de cada <strong>do</strong>is italianos, um não vai sair<br />
de férias neste verão. Dizem que é a crise. Com a<br />
introdução <strong>do</strong> euro em 2002, muitos consumi<strong>do</strong>res<br />
afirmam, diferentemente <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s oficiais,<br />
que a inflação para alguns produtos e serviços<br />
foi de quase 100%. tu<strong>do</strong> aumentou, exceto os<br />
salários. O jeito é não viajar ou viajar menos. Roma<br />
vai ficar, portanto, menos vazia e é bem mais<br />
provável achar um restaurante, uma farmácia ou<br />
um tabaccaio abertos. Isso sem contar a programação<br />
cultural <strong>do</strong> verão romano que aumenta a<br />
cada ano, com filmes, música e teatro ao ar livre.<br />
Pelo jeito, Roma, em agosto, já não é mais a<br />
mesma. Graças a Deus!