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Numa revolução social nas favelas do Rio ... - Comunità Italiana

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A mAior mídiA dA comunidAde ítAlo-brAsileirA<br />

<strong>Rio</strong> de Janeiro, agosto de 2007 Ano XIV – Nº 110<br />

Guerrilha<br />

da Paz<br />

<strong>Numa</strong> <strong>revolução</strong> <strong>social</strong><br />

<strong>nas</strong> <strong>favelas</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>,<br />

italianos se apresentam<br />

como fortes alia<strong>do</strong>s na<br />

luta contra a violência<br />

e a miséria. Esta união<br />

tem salva<strong>do</strong> vidas como<br />

a <strong>do</strong> jovem Alan<br />

Reportagem especial em edição bilíngüe<br />

www.comunitaitaliana.com<br />

Brasil-UE: parceria estratégica promove boom comercial<br />

ISSN 1676-3220 R$ 7,90


38<br />

CAPA Uma chance à paz<br />

Em meio à miséria e a violência <strong>nas</strong> <strong>favelas</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>,<br />

uma legião de italianos trava uma verdadeira guerrilha<br />

<strong>do</strong> bem que já tem, inclusive, resgata<strong>do</strong> vidas, não<br />

esquecen<strong>do</strong> <strong>do</strong> mais importante: a solidariedade.<br />

Editorial<br />

Vocação para o amor universal ......................................................08<br />

Cose Nostre<br />

Sardenha se mobiliza e diz não à venda de ilhas protegidas a fim de<br />

preservá-las contra qualquer tipo de construção ............................09<br />

Opinione<br />

Porto Velho, Italia... .......................................................................14<br />

Atualidade<br />

Empresa italiana cria projeto de trem-bala <strong>Rio</strong>-São Paulo que fará<br />

percurso em ape<strong>nas</strong> 85 minutos ................................................................19<br />

34<br />

Comportamento<br />

Mais turbinadas<br />

Italia<strong>nas</strong> trocam carro por<br />

implantes de silicone <strong>nas</strong> mamas<br />

ao pedirem os tradicionais<br />

presentes de formatura<br />

6<br />

Reprodução<br />

44<br />

Cultura<br />

Sabato Magaldi<br />

O crítico teatral revela detalhes de<br />

sua convivência com o amigo Nelson<br />

Rodrigues e questiona a cultura <strong>do</strong><br />

teatro em tempos de neoliberalismo<br />

C o m u n i t à i t a l i a n a / ag o s t o 2007<br />

Bruno de Lima<br />

Bruno de Lima<br />

Economia<br />

Exportações brasileiras para a Itália aumentaram, em volume de<br />

dólares, 16,8% no primeiro trimestre deste ano ............................24<br />

Entrevista<br />

Embaixa<strong>do</strong>r da UE em Brasília, João Pacheco revela a quantas andam<br />

as negociações com o Brasil, o Velho Mun<strong>do</strong> e o Mercosul ................28<br />

Saúde<br />

Normal ou Cesariana? Da<strong>do</strong>s oficiais revelam que a opção depende<br />

menos da vontade da gestante e mais da condição financeira ...........32<br />

Notizie<br />

Governo porterà un beneficio monetario – il “tesoretto” – ai<br />

pensionati che hanno raggiunto i 64 anni e vivono all´estero ..........50<br />

46 52<br />

Divulgação<br />

Urbanismo<br />

EUR<br />

Bairro cria<strong>do</strong> para comemorar a era<br />

Mussolini passa por reformulação<br />

urbanística em Roma e, em quatro<br />

anos, ganhará cara nova<br />

Roberth Trindade<br />

Comunidade<br />

Circo in famiglia<br />

Mario Orfei racconta la<br />

traiettoria di suo padre, Orlan<strong>do</strong>,<br />

e parla di cosa significa <strong>nas</strong>cere<br />

sotto un ten<strong>do</strong>ne


FUNDADA EM MARÇO DE 1994<br />

DIREtOR-PRESIDENtE / EDItOR:<br />

Pietro Domenico Petraglia<br />

(RJ23820JP)<br />

DIREtOR: Julio Cezar Vanni<br />

VICE-DIREtOR EXECUtIVO: A. Garani<br />

PUbLICAÇãO MENSAL E PRODUÇãO:<br />

Editora <strong>Comunità</strong> Ltda.<br />

tIRAGEM: 30.000 exemplares<br />

EStA EDIÇãO FOI CONCLUíDA EM:<br />

21/08/2007 às 12:30h<br />

DIStRIbUIÇãO: brasil e Itália<br />

REDAÇãO E ADMINIStRAÇãO:<br />

Rua Marquês de Caxias, 31, Niterói,<br />

Centro, RJ CEP: 24030-050<br />

tel/Fax: (21) 2722-0181 / (21) 2719-1468<br />

E-MAIL: redacao@comunitaitaliana.com.br<br />

EDItORA ADJUNtA: Paula Máiran<br />

SUbEDIÇãO: Rosangela Comunale<br />

reportagem@comunitaitaliana.com.br<br />

REDAÇãO: Aline buaes; bruna Cenço;<br />

Fábio Lino; Guilherme Aquino; Nayra<br />

Garofle; Rosangela Comunale; Sílvia Souza;<br />

Valquíria Rey<br />

REVISãO / tRADUÇãO: Cristiana Cocco<br />

PROJEtO GRáFICO E DIAGRAMAÇãO:<br />

Alberto Carvalho<br />

CAPA: Andréa Moraes/ Marcos Alexandre<br />

Agência O Globo<br />

COLAbORADORES: braz Maiolino; Pietro<br />

Polizzo; Venceslao Soligo; Marco Lucchesi;<br />

Domenico De Masi; Franco Urani; Fernanda<br />

Maranesi; Giuseppe Fusco; beatriz Rassele;<br />

Giordano Iapalucci; Cláudia Monteiro de<br />

Castro; Ezio Maranesi; Fabio Porta<br />

CORRESPONDENtES: Guilherme Aquino<br />

(Milão); Valquíria Rey (Roma);<br />

Fábio Lino (brasília)<br />

PUbLICIDADE:<br />

<strong>Rio</strong> de Janeiro - tel/Fax: (21) 2722-0181<br />

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REPRESENtANtES:<br />

<strong>Rio</strong> de Janeiro - João Ricar<strong>do</strong> Matta<br />

tel: (21) 8131-5821<br />

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brasília - Cláudia thereza<br />

C3 Comunicação & Marketing<br />

tel: (61) 3347-5981 / (61) 8414-9346<br />

claudia.thereza@apis.com.br<br />

<strong>Comunità</strong><strong>Italiana</strong> está aberta às contribuições<br />

e pesquisas de estudiosos brasileiros, italianos<br />

e estrangeiros. Os artigos assina<strong>do</strong>s são de<br />

inteira responsabilidade de seus autores, sen<strong>do</strong><br />

assim, não refletem, necessariamente, as<br />

opiniões e conceitos da revista.<br />

La rivista <strong>Comunità</strong><strong>Italiana</strong> è aperta ai<br />

contributi e alle ricerche di studiosi ed esperti<br />

brasiliani, italiani e estranieri. I collaboratori<br />

e sprimono, nella massima libertà, personali<br />

opinioni che non riflettono necessariamente il<br />

pensiero della direzione.<br />

ISSN 1676-3220<br />

Filiato all’Associazione<br />

Stampa <strong>Italiana</strong> in brasile<br />

Na cobertura jornalística<br />

de batalhas<br />

como Monte Castelo,<br />

que marcaram a participação<br />

brasileira na Segunda<br />

Guerra Mundial, Joel Silveira<br />

aprendeu a admirar os italianos,<br />

então no campo adversário.<br />

Concluiu em sua experiência<br />

no front que a Itália havia <strong>nas</strong>ci<strong>do</strong> para amar, não para guerrear. O repórterescritor<br />

morreu em agosto, mas continuam repletas de senti<strong>do</strong> as suas palavras, que<br />

traduzem uma característica atemporal <strong>do</strong> povo italiano. Esta vocação para o amor se<br />

traduz, nos dias de hoje, em um movimento que o desembarga<strong>do</strong>r Siro Darlan, <strong>do</strong> Tribunal<br />

de Justiça <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro, batizou de globalização da solidariedade.<br />

Por conta própria ou como membros de ONGs, igrejas, movimentos sociais – ou<br />

ainda como voluntários de um programa de serviço <strong>social</strong> financia<strong>do</strong> pelo governo<br />

italiano – , os filhos da bota peregrinam pelo mun<strong>do</strong> em busca de oportunidades de<br />

participação em ações de amor ao próximo.<br />

No Brasil, formam fileira numa guerrilha pela paz.<br />

Alia<strong>do</strong>s à população local, integram incansável tropa empenhada<br />

no lento e árduo combate à violência e à miséria. No<br />

<strong>Rio</strong>, alguns decidiram, para melhor cumprir a sua missão <strong>social</strong>,<br />

morar em <strong>favelas</strong>, arriscan<strong>do</strong> até mesmo a vida na linha<br />

de tiro de territórios <strong>do</strong>mina<strong>do</strong>s, há mais de duas décadas,<br />

por quadrilhas de traficantes de drogas.<br />

Num mun<strong>do</strong> progressivamente globaliza<strong>do</strong>, a Itália<br />

tem estreita<strong>do</strong> as suas relações com o Brasil não somente<br />

no campo <strong>social</strong>. Também o intercâmbio comercial entre os<br />

<strong>do</strong>is países, depois de um perío<strong>do</strong> de estagnação na déca-<br />

da de 90, vive um boom favoreci<strong>do</strong> pela recente elevação<br />

<strong>do</strong> país sul-americano ao status de parceiro estratégico da<br />

União Européia. Nesta edição, o novo diretor <strong>do</strong> Instituto<br />

Pietro Petraglia<br />

Editor<br />

Italiano de Comércio Exterior (ICE-São Paulo), Giovanni Sacchi, apresenta detalha<strong>do</strong><br />

panorama <strong>do</strong> fluxo comercial Brasil Itália neste início de século e faz os seus prognósticos.<br />

As oportunidades que se vislumbram diante <strong>do</strong> novo contexto <strong>do</strong> relacionamento<br />

Brasil-UE motivaram o governa<strong>do</strong>r Sérgio Cabral a liderar uma missão na Itália,<br />

programada para setembro próximo, com cerca de 200 empresários e autoridades <strong>do</strong>s<br />

diversos setores econômicos fluminenses. Deste mo<strong>do</strong>, o <strong>Rio</strong> sai na frente de outros<br />

esta<strong>do</strong>s na disputa por investimentos italianos, como, por exemplo, <strong>nas</strong> futuras obras<br />

de instalação da via férrea por onde deverá circular o trem-bala <strong>Rio</strong>-SP.<br />

O potencial de expansão dessa relação bilateral não tem limite. Na entrevista<br />

pingue-pongue desta edição, o embaixa<strong>do</strong>r da UE no Brasil, o português João Pacheco,<br />

dá uma senhora aula sobre os primeiros efeitos perceptíveis dessa parceria, não<br />

só no incremento <strong>do</strong> comércio exterior. Também demonstra a sua fé no resulta<strong>do</strong> da<br />

busca conjunta por saídas para um desenvolvimento sustentável, menos agressivo ao<br />

meio ambiente e mais igualitário – onde não haja tanta desigualdade <strong>social</strong> a ameaçar<br />

vidas como a <strong>do</strong> jovem como Alan, mora<strong>do</strong>r de uma favela de Copacabana. Aos 16,<br />

o jovem chegou a ser alicia<strong>do</strong> pelo tráfico de drogas, mas foi salvo da violência por<br />

um gesto simples de amizade: ganhou de um correspondente de guerra italiano uma<br />

bola de basquete. O presente fez Alan acreditar no sonho de se tornar um joga<strong>do</strong>r de<br />

basquete profissional. Ponto para a força aliada ítalo-brasileira em ação na guerrilha<br />

da paz.<br />

Boa leitura!<br />

editorial<br />

entretenimento com cultura e informação<br />

Yoko no vinho<br />

A<br />

Só ganha magrinho<br />

Homens devem perder quatro quilos e as mulheres três. Como prêmio:<br />

50 euros. O concurso de emagrecimento foi iniciativa <strong>do</strong><br />

prefeito da cidade de Varallo, Gianluca buonanno. Cem euros serão destina<strong>do</strong>s<br />

aos que conseguirem manter o peso reduzi<strong>do</strong> nos cinco meses<br />

subseqüentes. Varallo tem 7.500 habitantes. buonanno quer baixar estatística<br />

segun<strong>do</strong> a qual 35% da população da UE está acima <strong>do</strong> peso.<br />

Sardenha:<br />

mobilização<br />

contra venda<br />

de ilhas<br />

A<br />

região da Sardenha decidiu<br />

se mobilizar e dizer<br />

não à venda de algumas<br />

ilhas protegidas. Segun<strong>do</strong> o<br />

presidente da região autônoma<br />

italiana, Renato Soru,<br />

o governo sar<strong>do</strong> se propôs a<br />

comprar as ilhas de Mal di<br />

Ventre (em frente ao golfo<br />

de Oristano, na costa centro<br />

oriental) e de budelli (na<br />

costa norte em frente a La<br />

Maddalena), ambas em área<br />

de proteção ambiental. Assim,<br />

os locais estariam preserva<strong>do</strong>s<br />

contra qualquer<br />

forma de construção e poderiam<br />

ser alvo de tutela<br />

concreta e contínua de seu<br />

ecossistema.<br />

artista japonesa Yoko Ono,<br />

viúva <strong>do</strong> célebre beatle John<br />

Lennon, desenhou um rótulo especial<br />

para a vinícola italiana Nittardi<br />

di Castellina, localizada na<br />

região <strong>do</strong> Chianti, centro-norte da<br />

Itália. O material vai revestir uma<br />

série limitada de três mil garrafas<br />

<strong>do</strong> vinho Chianti Classico Casanuova<br />

de Nittardi, safra de 2005.<br />

Veneza sem pombos<br />

O<br />

s monumentos históricos e os palácios de Veneza são diariamente<br />

“agredi<strong>do</strong>s” à bicada por uma verdadeira “invasão”<br />

de pombos na cidade <strong>do</strong>s canais. A denúncia foi feita<br />

pela Superintendência Arqueológica. As autoridades acreditam<br />

que a principal medida será afastar da Praça de São Marcos os<br />

vende<strong>do</strong>res de milho. Seria o fim às tradicionais fotos tiradas<br />

em meio aos pombos? Quem viver, verá.<br />

COSE NOSTRE<br />

Procura-se<br />

Mais um atrativo em Veneza. Agora, além das tradicionais<br />

gôn<strong>do</strong>las, o turista poderá visualizar o arco central da<br />

ponte, ainda sem nome, desenhada pelo arquiteto espanhol Santiago<br />

Calatrava. A via unirá a estação ferroviária de Santa Lucia<br />

à Praça Roma. Mas há quem fiquei indigna<strong>do</strong> com a obra: “Quatorze<br />

milhões de euros na água”, “Dinheiro triplica<strong>do</strong>, dinheiro<br />

desperdiça<strong>do</strong>”, diziam alguns opositores no último dia 7, quan<strong>do</strong><br />

a arcada central foi transportada pelo grande canal de Veneza e<br />

levada à Praça.<br />

Italiano?<br />

O<br />

traficante colombiano Juan Carlos Ramírez Abadía posava<br />

como “um respeitável cidadão italiano” em São Paulo<br />

até ser preso no con<strong>do</strong>mínio de luxo onde morava. ‘Chupeta’,<br />

como é conheci<strong>do</strong> em seu país, chama-se na verdade Marcelo<br />

Javier Unzue. Acusa<strong>do</strong> por crimes de narcotráfico e de<br />

lavagem de dinheiro, também é aponta<strong>do</strong> como mandante de<br />

pelo menos 300 assassinatos ao longo de 22 anos de carreira<br />

criminosa.<br />

Julio Vanni<br />

As baleias sofrem com ruí<strong>do</strong> excessivo no mar. Por este motivo,<br />

no ano de 2002, elas desapareceram por completo <strong>do</strong><br />

Mar da Ligúria, costa noroeste da Itália, segun<strong>do</strong> estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> Instituto<br />

Central para a Investigação Cientifica e tecnológica Aplicada<br />

ao Mar (Icram). O barulho de obras realizadas a mais de 200<br />

km de distância, próximo a Saint tropez, na Costa Azul francesa,<br />

levou as baleias a desaparecer.<br />

Fórum cultural<br />

Ansa<br />

Pesar<br />

Correspondente durante<br />

nove meses, pelos Diários<br />

Associa<strong>do</strong>s, da campanha<br />

da Força Expedicionária<br />

brasileira (Feb) na Itália, na<br />

Segunda Guerra, o alagoano<br />

Joel Silveira morreu, no dia<br />

15 deste mês, aos 88 anos,<br />

no seu apartamento em Copacabana,<br />

no <strong>Rio</strong>. ícone<br />

<strong>do</strong> jornalismo no país e no<br />

mun<strong>do</strong>, ele fez a última entrevista<br />

com o então presidente<br />

da República Getúlio<br />

Vargas, 15 dias antes deste<br />

se suicidar, Silveira também<br />

se tornou escritor de reconheci<strong>do</strong><br />

talento. Ficaram famosos<br />

os seus contos basea<strong>do</strong>s<br />

em histórias reais. Sofria<br />

de câncer na próstata.<br />

Rua “gay”<br />

O<br />

principal grupo de defesa<br />

<strong>do</strong>s direitos <strong>do</strong>s homossexuais<br />

na Itália, Arcigay, batizou a<br />

via San Giovani in Laterno, próxima<br />

ao Coliseu, de “Rua Gay”,<br />

É que vários estabelecimentos<br />

freqüenta<strong>do</strong>s por homossexuais<br />

abriram as portas na rua a partir<br />

de 2001, em uma cidade européia<br />

que ainda não tinha um<br />

reduto gay, como outras metrópoles.<br />

A iniciativa foi motivada<br />

pela prisão de um casal homossexual<br />

na rua.<br />

Nápoles vai sediar o Fórum Universal da Cultura de 2013,<br />

graças ao empenho <strong>do</strong> governo, que destinou cinco milhões<br />

de euros para o evento. O objetivo: desenvolver o diálogo<br />

entre os povos e propor modelos de convivência, de desenvolvimento<br />

sustentável e de condições para a paz. No Fórum, com<br />

duração de 90 dias, são espera<strong>do</strong>s 2,5 a 5 milhões de visitantes<br />

na cidade italiana.<br />

8 C o m u n i t à i t a l i a n a / ag o s t o 2007<br />

a g o s t o 2007 / Co m u n i t à i t a l i a n a 9


opinião serviço<br />

frases<br />

“Darei rapidamente autorização a<br />

minha chefe de Polícia para que seja<br />

feita uma limpeza étnica <strong>do</strong>s gays. Eles<br />

devem ir para outras capitais de regiões<br />

dispostas a aceitá-los. Aqui em Treviso<br />

não há nenhuma possibilidade para<br />

gays e similares”,<br />

Giancarlo Gentilini, vice-prefeito de<br />

Treviso, no nordeste da Itália ao descobrir<br />

que um estacionamento da cidade tinha<br />

si<strong>do</strong> transforma<strong>do</strong> em ponto de encontro e<br />

troca de casais.<br />

“ Mi spiace perché a questa maglia ho<br />

sempre tenuto, ma fisicamente non<br />

riesco più a fare tutte queste partite.<br />

Personalmente cre<strong>do</strong> che con maggior<br />

riposo il mio rendimento possa essere<br />

ancora buono nel tempo”,<br />

alessandro nesta, giocatore, sulla<br />

decisione di ritirarsi dalla nazionale nella<br />

quale ha lasciato però aperto un piccolo<br />

spiraglio pensan<strong>do</strong> al prossimo Mondiale.<br />

enquete<br />

“Sono single da un anno e per la<br />

prima volta nella mia vita non la<br />

vivo come una frustrazione. Sono<br />

serena perché la mia felicità non è<br />

più nelle mani di un uomo”,<br />

Manuela arcuri, attrice, una delle<br />

<strong>do</strong>nne più ammirate e corteggiate<br />

d´Italia al parlare della sua<br />

“singletudine” beata e spensierata.<br />

“Esta será a última experiência<br />

de Romano. Quan<strong>do</strong> estava em<br />

Bruxelas, sempre tinha quem,<br />

como os ingleses, o criticasse<br />

pela sua linha política. No<br />

Palácio Chigi, em Roma, ao<br />

contrário, to<strong>do</strong> dia existe um<br />

problema novo, e nunca é<br />

aquele que, de manhã, você<br />

havia planeja<strong>do</strong> enfrentá-lo”,<br />

Flavia Prodi, esposa <strong>do</strong> primeiroministro<br />

italiano, em uma<br />

entrevista à imprensa italiana.<br />

Você tem me<strong>do</strong> de viajar de avião no brasil?<br />

Não - 56,3%<br />

Sim - 43,8%<br />

Enquete apresentada no site www.comunitaitaliana.com<br />

entre os dias 20 e 23 de julho.<br />

Você acha que a “rua gay”, em Roma, pode<br />

virar um ponto turístico?<br />

Sim - 69,2%<br />

Não - 30,8%<br />

Enquete apresentada no site www.comunitaitaliana.com<br />

entre os dias 3 e 6 de agosto.<br />

ERRATA: Diferentemente <strong>do</strong> que foi publica<strong>do</strong> na seção Sapori D´Italia, na última edição, o restaurante D´Amici<br />

fica na Rua Antônio Vieira, 18 , no Leme, <strong>Rio</strong> de Janeiro. O telefone é 2541-4477.<br />

Fotos: Divulgação<br />

agenda cultural<br />

Da Vi n c i in <strong>Rio</strong> – A Casa Françabrasil,<br />

no <strong>Rio</strong> de Janeiro, abriga<br />

110 peças que oferecem um<br />

panorama das áreas de estu<strong>do</strong><br />

de Leonar<strong>do</strong> da Vinci. Leonar<strong>do</strong><br />

da Vinci - A Exibição de um<br />

Gênio está dividida em 13 segmentos<br />

e traz reproduções, em<br />

tamanho original, das suas principais<br />

criações. Elas foram feitas<br />

na Itália, usan<strong>do</strong> técnicas e materiais<br />

que o artista teria usa<strong>do</strong><br />

no século 15. Endereço: Rua Visconde<br />

de Itaboraí, 78, Centro.<br />

Até 9 de setembro, das 8h30 às<br />

20h30, de segunda a <strong>do</strong>mingo.<br />

Ingressos a R$ 30 e R$ 15 (meia<br />

na estante<br />

Os “Lenzi” de Samone. O livro<br />

de Mauro Lenzi narra a história<br />

de quatro irmãos (Pietro Giuseppe,<br />

Damiano Gervasio, Ângelo<br />

e Zaccaria) que deixaram trentino,<br />

em 1875, para se aventurarem<br />

em terras brasileiras,<br />

atraí<strong>do</strong>s pelas promessas <strong>do</strong><br />

El<strong>do</strong>ra<strong>do</strong>. O leitor pode acompanhar<br />

desde o contexto sócioeconômico<br />

da região natal <strong>do</strong>s<br />

Lenzi até a realidade atual <strong>do</strong><br />

clã. O<strong>do</strong>rizzi Editora Gráfica,<br />

581 págs. Preço sob consulta.<br />

cartas<br />

entrada). Mais informações, no<br />

site www.exposicaoleonar<strong>do</strong>davinci.com.br,<br />

ou pelos telefones<br />

(21) 2156-7300 (de segunda a<br />

sexta, das 10h às 19h) e 0300-<br />

789-6846 (to<strong>do</strong>s os dias, das 9h<br />

às 21h).<br />

10º FestiVal D e Pizza (es) – Distante<br />

103 quilômetros de Vitória,<br />

Venda Nova <strong>do</strong> Imigrante<br />

prepara um festival de pizza para<br />

os dias 1º e 2 de setembro.<br />

Na comunidade de São José de<br />

Alto Viçosa, haverá degustação<br />

da massa nos seus mais diversos<br />

sabores. Informações: (28)<br />

3546-1434.<br />

Garibaldi: A cidade e o herói.<br />

Se a bibliografia existente sobre<br />

Giuseppe Garibaldi, Herói de Dois<br />

Mun<strong>do</strong>s, talvez não dê conta da<br />

importância <strong>do</strong> seu trabalho como<br />

guerreiro e articula<strong>do</strong>r político<br />

na América, especialmente<br />

no <strong>Rio</strong> Grande <strong>do</strong> Sul, o livro de<br />

Elenita Girondi Koof e Elma Santana<br />

estabelece a relação entre o<br />

herói e a cidade que leva o seu<br />

nome, desde os primórdios da colonização<br />

<strong>do</strong> município, por Conde<br />

D’Eu (entre 1870/1900) até os<br />

dias atuais. Editora, número de<br />

pági<strong>nas</strong> e preço sob consulta.<br />

ive o privilégio de renovar minha assinatura com o maior or-<br />

“Tgulho, pois a Revista <strong>Comunità</strong> <strong>Italiana</strong>, ao meu ver, é a mais<br />

resumida e com reportagens diversas de alto nível. Com certeza terei<br />

a satisfação de receber sim, por mais um ano, essa preciosa revista”.<br />

CaRlos alBeRto tavolaRo,<br />

São Sebastião, SP — por e-mail<br />

La traviata (PR) – A ópera de<br />

Giuseppe Verdi traz a soprano<br />

italiana Luiza Giannini como<br />

Violeta e as mezzo sopra<strong>nas</strong><br />

curitiba<strong>nas</strong> Diana Daniel (Flora)<br />

e Ariadne Oliveira (Annina). A<br />

obra é baseada na história real<br />

da prostituta Marie Duplessis,<br />

musa da alta sociedade parisiense<br />

na década de 1840. Até<br />

26 de agosto. Local: teatro Guaíra,<br />

Rua 15 de Novembro, 971,<br />

Curitiba. Informações: (41)<br />

3304-7900<br />

PaR a a c R i a n ç a Da (sP) – O personagem<br />

mais mentiroso <strong>do</strong>s contos<br />

de fadas ganha vida graças à<br />

click <strong>do</strong> leitor<br />

manipulação da companhia bonequeira<br />

teatro Por um triz. Pinóquio<br />

etc. e tal, é a versão de<br />

Márcia Nunes e Péricles Raggio<br />

para a história de Carlo Collodi.<br />

Na trama, os atores são funcionários<br />

de uma desocupada marcenaria<br />

e recebem a incumbência<br />

de construir o tal boneco.<br />

Com ferramentas e muita criatividade,<br />

o grupo cria to<strong>do</strong>s os<br />

personagens da peça. Local: teatro<br />

<strong>do</strong> Sesc Pompéia, Rua Clélia,<br />

93, Pompéia. Até 7 de setembro.<br />

Sába<strong>do</strong>, 13h30; <strong>do</strong>mingo, 12h.<br />

Ingressos a R$ 6,00. Informações:<br />

(11) 3871-7700.<br />

Minha família retornou às suas origens num maravilhoso passei<br />

à Itália. Voltamos a treviso, no Vêneto. Iniciamos o percurso<br />

por Milão, fomos até Nápoles e Pompéia. A Itália está linda e rica! Na<br />

foto, a bela Galeria Vittorio Emanuele, em Milão. Um espetáculo!<br />

José Carlos Busanello - <strong>Rio</strong> de Janeiro, RJ - por e-mail<br />

Mande sua foto comentada para esta coluna<br />

pelo e-mail: redacao@comunitaitaliana.com.br<br />

chei o máximo a forma como foi aborda<strong>do</strong> o tema sobre o<br />

“APan na última edição, 109. Mostrar a participação italiana<br />

dentro de um evento como aquele foi surpreendente. Eu nem imaginava<br />

que isso era possível”<br />

BIanCa Mattoso,<br />

<strong>Rio</strong> de Janeiro, RJ — por e-mail<br />

10 C o m u n i t à i t a l i a n a / ag o s t o 2007<br />

a g o s t o 2007 / Co m u n i t à i t a l i a n a 11<br />

Arquivo pessoal


Divulgação<br />

opinione opinione<br />

Problemi e speranze<br />

per <strong>Rio</strong> de Janeiro<br />

Il pensiero dell’economista André Urani<br />

umana dell’ultimo<br />

secolo, consentita<br />

dal progresso delle<br />

L’evoluzione<br />

scienze e tecnologie, ha<br />

portato - con ritmi crescenti e<br />

vertiginosi - all’aumento della<br />

popolazione per la progressiva<br />

riduzione dell’indice di mortalità<br />

e ad un processo di accelerata<br />

urbanizzazione motivato<br />

dalla graduale meccanizzazione<br />

dell’agricoltura e dalla necessità<br />

di concentrare masse proletarie<br />

per le nuove produzioni industriali,<br />

costruzioni, servizi.<br />

Quanto è avvenuto in brasile,<br />

dal mio arrivo nel 1964, è sintomatico.<br />

Il Paese contava allora su<br />

di un 70 milioni di abitanti, metà<br />

cittadini e metà contadini. Ora la<br />

popolazione viene stimata in 190<br />

milioni e tutto l’eccesso di circa<br />

120 milioni del perio<strong>do</strong> di poco<br />

più di 40 anni, si è riversato sulle<br />

città con effetti dirompenti.<br />

Mio figlio André Urani è un conosciuto<br />

e cre<strong>do</strong> apprezzato economista<br />

internazionale, professo-<br />

re all’Università Federale di RJ,<br />

con un vasto curriculum di studi,<br />

pubblicazioni, lavori, consulenze<br />

ed una parentesi politica di alcuni<br />

anni. I suoi molteplici interessi<br />

si sono da sempre rivolti alle aree<br />

della razionalizzazione del lavoro,<br />

distribuzione dei redditi, organizzazione<br />

e collaborazione della<br />

società e, da qualche tempo, anche<br />

alle complesse tematiche che<br />

presentano alcune grandi metropoli<br />

latino-americane cresciute<br />

a dismisura specie in funzione<br />

industriale e poi entrate in crisi<br />

per globalizzazione, intasamento,<br />

violenza, inquinamento (Città del<br />

Messico, San Paolo, buenos Aires,<br />

<strong>Rio</strong> de Janeiro, bogotà, Caracas).<br />

Fenomeni questi universali ed affrontati<br />

con esito in varie città<br />

nord-americane ed europee, quali<br />

New York, Chicago, barcellona,<br />

Lisbona e – in Italia – Milano e<br />

torino, con soluzioni che André<br />

ha avuto mo<strong>do</strong> di studiare in loco<br />

nella sua vita movimentata.<br />

Il suo interesse appassionato<br />

si è da qualche tempo concentrato<br />

su <strong>Rio</strong> de Janeiro, <strong>do</strong>ve risiede<br />

da ormai 30 anni, facen<strong>do</strong>si portavoce<br />

- attraverso i mezzi di comunicazione,<br />

il suo Istituto di<br />

studi economici IEtS, congressi,<br />

pubblicazioni - che<br />

starebbero maturan<strong>do</strong> i<br />

tempi per una possibile<br />

ripresa di questa città,<br />

<strong>do</strong>po ormai quasi 50 anni<br />

di sofferenze iniziate con<br />

lo spostamento della capitale<br />

federale a brasilia e via<br />

via acuite da aumento della<br />

popolazione, speculazione<br />

immobiliare, smantellamento<br />

industriale, processo di favelizzazione,<br />

violenza, incompetenza<br />

governativa, derivan<strong>do</strong>ne un PIL<br />

fermo dall’epoca della fusione,<br />

un indice di disoccupazione<br />

elevatissimo del<br />

13%, insoddisfacenti<br />

livelli scolastici dei giovani, difficoltà<br />

di reperire a tutti i livelli<br />

lavoro equamente remunerato,<br />

indici turistici del tutto insoddisfacenti.<br />

Preso atto dell’attuale scoraggiante<br />

situazione, si tratta –<br />

dice André - di mobilitare Governi,<br />

Enti, Associazioni, privati ed<br />

opinione pubblica per reagire.<br />

Innanzitutto, da circa un decennio,<br />

il cespite extra più significativo<br />

per lo Stato di <strong>Rio</strong> de Janeiro<br />

è costituito dalle royalties<br />

del petrolio che viene estratto in<br />

gran parte dal bacino marittimo<br />

di Campos: 26 miliardi di Reais<br />

negli ultimi 7 anni (10 miliardi),<br />

in gran parte sprecato da amministrazioni<br />

pubbliche inefficienti.<br />

Ora, con il Governo Cabral, pare<br />

stia <strong>nas</strong>cen<strong>do</strong> un nuovo spirito<br />

pubblico ed imprenditoriale ed<br />

André ha trovato un vali<strong>do</strong> interlocutore<br />

nel Segretario dello Sviluppo<br />

Economico, Julio bueno.<br />

Inoltre, il Governo federale<br />

pare si stia finalmente sensibilizzan<strong>do</strong><br />

con le problematiche dello<br />

Stato di <strong>Rio</strong> ed ha programmato<br />

nel prossimo quinquennio<br />

investimenti per R$ 110 miliardi<br />

(44 miliardi) costituiti dalla<br />

centrale nucleare Angra 3, catene<br />

produttive del petrolio e settore<br />

gaschimico, infrastruttura,<br />

siderurgiche, cellulosa. Si tratta<br />

di industrie tradizionali che generano<br />

pochi impieghi, ma da<br />

cui potranno scaturire risorse per<br />

rinforzare o generare attività moderne,<br />

quali tecnologia dell’informazione<br />

e audiovisuale, assicurazioni,<br />

servizi, turismo, ricerca,<br />

industrie di elevata tecnologia.<br />

Ma la condizione basica per<br />

potere invertire la rotta è affrontare<br />

e risolvere il problema fondamentale<br />

della sicurezza che<br />

- specie nella metropoli di <strong>Rio</strong> -<br />

è estremamente critico, mediante<br />

interventi <strong>social</strong>i profondi e<br />

con l’efficiente azione delle forze<br />

Fr a n c o Ur a n i<br />

dell’ordine. I recenti programmi<br />

di integrazione di alcune grandi<br />

<strong>favelas</strong> ed i decisi interventi della<br />

polizia contro le organizzazioni<br />

criminali che controllano il traffico<br />

di droga fanno bene sperare.<br />

Occorre poi, dice André sulla<br />

falsariga di quanto già si sta facen<strong>do</strong><br />

altrove e specie a barcellona,<br />

costituire nuovi meccanismi<br />

per portare avanti i piani di lungo<br />

termine che si ren<strong>do</strong>no necessari<br />

per affrontare temi complessi,<br />

quali il risanamento della baia di<br />

Guanabara, la rivitalizzazione dei<br />

sobborghi, l’assorbimento urbanistico,<br />

<strong>social</strong>e ed economico delle<br />

<strong>favelas</strong> dal tessuto cittadino, la<br />

riduzione dell’informalità, la disoccupazione,<br />

il sistema stradale,<br />

le ferrovie, i programmi culturali<br />

e turistici. Sarebbe appunto<br />

in questi meccanismi che si <strong>do</strong>vrebbero<br />

cristallizzare alleanze<br />

di diverso tipo tra i vari livelli<br />

di governo e l’iniziativa privata,<br />

crean<strong>do</strong>si specifiche istituzioni<br />

di interesse pubblico ma private,<br />

non solo per attrarre le indispensabili<br />

risorse per gli investimenti,<br />

ma anche e soprattutto perché<br />

le iniziative possano sopravvivere<br />

agli inevitabili cicli politici.<br />

Un lavoro appassionante di<br />

fantasia, inventiva, coordinamento,<br />

contatti internazionali che,<br />

come già avvenuto in altre metropoli,<br />

potrebbe essere favorito dallo<br />

spirito delle attuali olimpiadi<br />

panamericane, in quanto stimolano<br />

la sincronizzazione delle agende<br />

dei diversi attori, spingen<strong>do</strong>li<br />

a “giocare insieme”, così come<br />

avvenuto a barcellona e torino.<br />

E si tratterebbe di una redenzione<br />

più che mai necessaria, anche<br />

perché <strong>Rio</strong>, nonostante tutto,<br />

rimane pur sempre “una città meravigliosa”,<br />

unica, con la sua natura<br />

ineguagliabile ed il suo Cristo<br />

– ora riconosciuto tra le nuove 7<br />

meraviglie del mon<strong>do</strong> – che svetta<br />

e benedice dal Corcova<strong>do</strong>.<br />

L’abbiamo persa?<br />

Povera Alitalia, di <strong>do</strong>lore ostello, nave senza nocchiero in gran tempesta,<br />

... scriveva, pressappoco, Dante.<br />

Aggiungeva poi un giudizio durissimo,<br />

che sarebbe confacente.<br />

Per il rispetto che si deve ai moribondi,<br />

glissiamo. Il nostro premier,<br />

esperiente in svendite del<br />

patrimonio pubblico, questa volta<br />

ha fatto il duro: all’asta per la<br />

vendita del pacchetto Alitalia in<br />

mano al governo si sono presentati<br />

molti concorrenti che, prima<br />

del battere del martello, si sono<br />

squagliati come neve al sole, dichiaran<strong>do</strong><br />

che le condizioni imposte<br />

dal governo e dai sindacati<br />

avrebbero reso impossibile il risanamento<br />

dell’azienda. Anche<br />

un bambino l’avrebbe capito. E<br />

nessuno, a questo mon<strong>do</strong>, salvo<br />

il potere pubblico, getta i soldi<br />

dalla finestra.<br />

I bilanci degli ultimi anni<br />

sono tutti in perdita. Dal 2003<br />

al 2006 Alitalia ha perso oltre<br />

2.1 miliardi di euro. Cattiva gestione?<br />

È la causa principale. I<br />

managers della cosa pubblica<br />

non si sono mai distinti in sagacia<br />

amministrativa. Sono molto<br />

più abili nella danza delle poltrone.<br />

Giancarlo Cimoli nel 1995<br />

ricevette da Prodi l’incarico di<br />

“”It ut luptat,<br />

quisiscin erci<br />

tatio ea consed<br />

ecte <strong>do</strong>lorting<br />

et nos eraessed<br />

dunt lut nos dions<br />

exercilla feugiat<br />

nons nim ad<br />

eliquat. Duissim<br />

vulla con vullan<br />

utem zzrilisi.<br />

Ommo<strong>do</strong>lutat<br />

risanare le ferrovie. Non ci riuscí.<br />

Fu premiato con 6,7 milioni<br />

di euro di buonuscita. Nel 2005<br />

Cimoli prese il timone di Alitalia.<br />

Si è dimesso a febbraio del<br />

2007 e ha incassato, secon<strong>do</strong> le<br />

cronache, 8 milioni di euro. Era<br />

il premio per aver perso 625 milioni<br />

di euro nel 2006. Come stipendio<br />

incassava 190 mila euro/<br />

mese, contro i 64, 45 e 29 dei<br />

suoi pari gra<strong>do</strong> di british, KLM<br />

e AirFrance, imprese floride. Una<br />

folta corte di pessimi consiglieri<br />

troppo pagati, cooptati per meriti<br />

politici, l’hanno aiutato ad<br />

appiedare la nostra impresa aerea.<br />

Un’impresa privata l’avrebbe<br />

spedito in Siberia. Noi lo ab-<br />

Grupo Keystone<br />

biamo premiato. Ma i politici<br />

spen<strong>do</strong>no i soldi nostri, e non<br />

i loro.<br />

Ci sono altre cause: lo stipendio<br />

medio dei dipendenti<br />

Alitalia è del 30% superiore<br />

a quello di altre compagnie, la<br />

flotta ha una vita media di oltre<br />

10 anni, i consumi di materiali e<br />

servizi hanno superato nel 2006<br />

l’80% dei ricavi. È un incredibile<br />

pessimo indice; si spende troppo<br />

e male. Cimoli non poteva<br />

fare il miracolo di rattoppare le<br />

colpe degli amministratori che<br />

l’hanno preceduto. Responsabilità<br />

pesanti sono da attribuire<br />

ai sindacati, minuscoli e prepotenti<br />

che, giorno sì, giorno no,<br />

Ezio MaranEsi<br />

indicono lo sciopero, lascian<strong>do</strong><br />

a piedi coloro che pagano il loro<br />

stipendio e infieren<strong>do</strong>, come<br />

Maramal<strong>do</strong>, su una compagnia<br />

già allo stremo. Nel 2004 i voli<br />

cancellati per sciopero sono<br />

stati 2848; Alitalia ha perso in<br />

quell’anno 858 milioni di euro.<br />

Sono sicuri i nostri paladini di<br />

aver fatto gli interessi dei dipendenti?<br />

I dipendenti Alitalia, più vittime<br />

che colpevoli, hanno assimilato<br />

la cultura, diffusa nelle<br />

imprese pubbliche, per cui efficienza<br />

e equilibrio dei conti non<br />

sono importanti. Mancano soldi?<br />

Ci pensano i contribuenti, cioè<br />

noi. Ora siamo al terminal, soldi<br />

non ce ne sono più. Le norme comunitarie<br />

non permetterebbero<br />

di soccorrere, ancora una volta,<br />

la compagnia dalla bandiera ormai<br />

ammainata.<br />

Il ministro Di Pietro sostiene<br />

che l’unica soluzione è il fallimento.<br />

Swissair <strong>do</strong>cet: <strong>do</strong>po<br />

il fallimento è rifiorita in poco<br />

tempo. Il costo <strong>social</strong>e sarebbe<br />

elevato, ma il settore aereo cresce<br />

e chi ha voglia di lavorare<br />

tornerebbe a fare il suo mestiere<br />

in un’altra compagnia. Altri ministri<br />

vogliono negoziare; <strong>do</strong>po<br />

l’asta fallita negoziare significa<br />

svendere, le condizioni le farà<br />

il compratore. Gli acquirenti ci<br />

sono, perché Alitalia ha i suoi<br />

“tesoretti”: i diritti sulle sue<br />

linee internazionali e il mercato<br />

interno. AirFrance dichiara<br />

che Alitalia non le interessa,<br />

ma l’attrae l’idea di formare<br />

una forte compagnia europea.<br />

E attrarrebbe anche noi se Alitalia<br />

potesse sedere al tavolo<br />

della sala e non a quello della<br />

cucina. Air One potrebbe creare<br />

una efficiente impresa italiana,<br />

e farebbe piacere a tutti.<br />

Il governo, incapace di decidere,<br />

prende tempo. Ora tutti al<br />

mare. Alitalia getta alle ortiche<br />

1,5 milioni di euro al giorno. Ma<br />

a chi importa; tanto sono soldi<br />

nostri.<br />

12 C o m u n i t à i t a l i a n a / ag o s t o 2007<br />

a g o s t o 2007 / Co m u n i t à i t a l i a n a 13


opinione<br />

Porto Velho, Italia...<br />

Quan<strong>do</strong> il volontariato e la cooperazione sono la nostra vera bandiera<br />

Se c’è una cosa della quale<br />

gli italiani possono essere<br />

orgogliosi, e non per<br />

motivi di carattere più o<br />

meno retorico (la migliore pizza,<br />

il più grande museo a cielo aperto…),<br />

questa è la “generosità”.<br />

Sí, l’altruismo, la bontà d’animo,<br />

la solidarietà con chi soffre<br />

ed è meno fortunato di noi: tutti<br />

valori semplici ma chiari, tangibili<br />

e non aleatori.<br />

tutti gli indicatori normalmente<br />

utilizzati per “misurare”<br />

il livello di generosità, ossia la<br />

quantità di tempo – oltre che di<br />

denaro – destinata dagli italiani<br />

ad attività di volontariato ed a<br />

qualche titolo legati ad esperienze<br />

di solidarietà, mettono l’Italia<br />

in testa all’ideale classifica dei<br />

“buoni del mon<strong>do</strong>”.<br />

È un dato consolidato la crescita<br />

esponenziale del fenomeno<br />

del volontariato in questi ultimi<br />

anni in Italia, come anche<br />

l’espansione della rete del terzo<br />

settore italiano anche all’estero.<br />

tutti fenomeni e comportamenti<br />

che ben conosciamo, noi,<br />

italiani in Sudamerica.<br />

Ne ho avuto una riprova proprio<br />

in questi giorni, recan<strong>do</strong>mi<br />

(non era la prima volta) a Porto<br />

Velho, una delle meno note capitali<br />

di uno degli Stati della Repubblica<br />

Federale del brasile, la Ron<strong>do</strong>nia.<br />

È proprio qui, a Porto Velho,<br />

in piena foresta amazzonica, in<br />

una delle città più povere e violente<br />

del brasile, che il fenomeno<br />

della solidarietà italiana all’estero<br />

si presenta e si esprime in una<br />

maniera bella e prorompente.<br />

Forse proprio la distanza<br />

dall’Italia, 18 mila chilometri<br />

(!), rende ancora più nitida ed<br />

evidente questa esperienza, anzi<br />

queste esperienze.<br />

Sì, perché si tratta di esperienze<br />

al plurale, ed è difficile<br />

dare a qualcuno questo ideale<br />

“Oscar” delle buone azioni.<br />

È a Porto Velho che vivono<br />

alcuni eroi, troppo volte dimenticati<br />

ma senza dubbio emblematici:<br />

parlo di Padre Marcello bertolusso,<br />

il salesiano che da solo<br />

coordina una gigantesca struttura<br />

di solidarietà, fatta di officine<br />

di falegnameria, artigianato,<br />

confezioni e computer, tanti<br />

computer ottenuti (udite, udite…)<br />

anche dal plurimilionario<br />

bill Gates e dalla sua fondazione;<br />

solo la forza, la tenacia e la<br />

credibilità di Padre Marcello potevano<br />

arrivare a tanto, e oggi<br />

Nara Vieira da Silva<br />

l’ISMA (Istituto Salesiano Missionario)<br />

di Porto Velho è la maggiore<br />

struttura di sostegno a favore<br />

degli a<strong>do</strong>lescenti “a rischio”<br />

di quella città.<br />

E’ sempre a Porto Velho che<br />

esiste dal 1992 l’esperienza di<br />

“Casa Rosetta”, l’associazione<br />

fondata in Sicilia negli anni ’80<br />

da Padre Vincenzo Sorce, specializzata<br />

in interventi nelle aree di<br />

estremo disagio <strong>social</strong>e.<br />

Oggi i giovani eroi di “Casa<br />

Rosetta” gestiscono un grande<br />

centro di recupero per tossicodipendenti<br />

(una mini-fazenda a<br />

30 Km dal centro della capitale,<br />

<strong>do</strong>ve i giovani imparano anche<br />

un mestiere in un ambiente che<br />

li tiene lontani dal vizio ma anche<br />

vicini ad una natura di per sé<br />

suggestiva e terapeutica…). Ma<br />

non solo: di “Casa Rosetta” è anche<br />

la “Casa Paolo VI”, un Centro<br />

di Riabilitazione Neuropsicomotoria<br />

che si occupa di handicappati<br />

gravi e di solito abban<strong>do</strong>na-<br />

Fabio Po rta<br />

ti dalle stesse famiglie ai margini<br />

della strada: un altro ‘miracolo’<br />

dell’amore italiano in Ron<strong>do</strong>nia.<br />

Di Padre Enzo Mangano ho<br />

già parlato in questa colonna.<br />

Lui dell’eroe ha anche le sembianze:<br />

forte e barbuto, questo<br />

Garibaldi siciliano, ‘eroe dei due<br />

mondi’ della solidarietà, da 17 anni<br />

a Porto Velho, sembra un motore<br />

permanentemente in azione.<br />

Dopo aver fondato la Parrocchia<br />

“São tiago”, riferimento<br />

certo per quasi centomila abitanti<br />

della poverissima ‘periferia est’<br />

della città, non si è fermato un<br />

attimo: l’asilo per i bambini poveri,<br />

la mensa per i giovani, la<br />

prima casa-famiglia.<br />

Addirittura un “Museo Internazionale<br />

del Presepe”, che con oltre<br />

mille pezzi provenienti da tutto il<br />

mon<strong>do</strong> rappresenta un esempio<br />

unico in tutto il Sudamerica.<br />

E, più recentemente, la<br />

“Scuola professionale di Ceramica<br />

São tiago Maior”, nuovo ponte<br />

tra Porto Velho e Caltagirone,<br />

la città natale del missionario famosa<br />

da secoli per la millenaria<br />

cultura artistica della ceramica.<br />

Piccoli esempi di una solidarietà<br />

concreta, visibile, lontana<br />

dai riflettori di <strong>Rio</strong> de Janeiro<br />

o San Paolo, e forse proprio per<br />

questo ancora più meritevoli di<br />

un riconoscimento pubblico da<br />

parte di tutti noi.<br />

È questa l’Italia della quale va<strong>do</strong><br />

orgoglioso, è questa la Sicilia che<br />

mi riempie il cuore di gioia.<br />

marco lucchesi / intervista<br />

Le grandi<br />

passioni di Heloísa<br />

Buarque di Hollanda<br />

Marco Lucchesi – Da<br />

quan<strong>do</strong>, Heloísa, hai<br />

deciso di cambiare il<br />

centro per l’estremità?<br />

Helóisa Buarque de Hollanda –<br />

Penso che sia stato a partire da<br />

uno sconforto con l’universo accademico.<br />

Perfino Freud lo ha<br />

spiegato: mio padre era professore<br />

di medicina, orgoglioso proprietario<br />

di una immensa biblioteca,<br />

direttore dell’Istituto di<br />

Puericultura della UFRJ, membro<br />

dell’Accademia di Medicina<br />

ecc. Non mi ha diretto in nessuna<br />

istituzione accademica, nemmeno<br />

nello stesso dipartimento,<br />

ed infine mai mi candiderei<br />

all’AbL. Ma, parlan<strong>do</strong> sul serio,<br />

la mia formazione fu in lettere<br />

classiche per passione e convinzione<br />

poi mi sono resa conto<br />

che non c’era mercato. In quel<br />

momento ho scoperto fuori dal<br />

brasile, nel pieno degli anni ‘60,<br />

mentre accompagnavo mio marito<br />

per un <strong>do</strong>ttorato ad Harvard,<br />

l’America Latina ed il suo input<br />

politico. Improvvisamente la politica<br />

ha sostituito Omero nel mio<br />

cuore e sono tornata ad essere<br />

un’accademica-attivista, categoria<br />

che forse esisteva solo nella<br />

mia fantasia. Di conseguenza<br />

il mescolare proteste pubbliche<br />

contro autori con poca legittimità<br />

in ambito letterario e partire<br />

per una crociata di interpellazione<br />

alla regola avvenne in un<br />

balzo. Da quan<strong>do</strong> è iniziata la<br />

mia carriera il mio fuoco è sempre<br />

stato l’incertezza storica dei<br />

margini e la sua importanza decisiva<br />

verso l’intelletto delle logiche<br />

culture. Nel quadro istituzionale,<br />

la mia lotta per l’inclusione<br />

dei “margini” e le minoranze come<br />

obiettivi legittimi dei nostri<br />

grandi disciplinari fu ricorrente.<br />

Il successo del lavoro fu poco ma<br />

il piacere enorme.<br />

Lucchesi – Considero il suo osservatorio-laboratorio,<br />

come un<br />

luogo di perenne inquietudine<br />

e di scoperta. Certe volte lei ha<br />

scritto sulla necessità di accertare<br />

con i nostri occhi il nuovo.<br />

Come lavora la sua pupilla?<br />

Heloísa – La mia pupilla forse è<br />

il principale strumento critico<br />

ma sono mossa verso una curiosità<br />

quasi patologica nel definire<br />

<strong>do</strong>ve sono, in quale contesto<br />

sto lavoran<strong>do</strong>, e ciò che posso<br />

fare professionalmente, che modelli<br />

di conoscenza devo produrre<br />

per intervenire in questo<br />

contesto. Guardan<strong>do</strong> in maniera<br />

retrospettiva, ve<strong>do</strong>, con maggior<br />

chiarezza, che questa è l’unica<br />

preoccupazione del mio lavoro:<br />

come identificare le tendenze<br />

e le prospettive che si disegnano<br />

e ridisegnano continuamente<br />

nel nostro orizzonte culturale<br />

e come potenzializzare il potere<br />

critico o legittimare questo luogo<br />

privilegiato in cui abitiamo,<br />

l’accademia.<br />

Dal punto di vista operativo o<br />

strategico, parto sempre da una<br />

posizione di cui non so niente, su<br />

un determinato segnale o fenomeno<br />

emergente, ma permetterà<br />

che vi sia lo spazio per un grande<br />

silenzio che si fa percepire in alcun<br />

mo<strong>do</strong>.<br />

Lucchesi – Occupare uno spazio<br />

accademico, e non patteggiare<br />

con letture esclusivamente canoniche.<br />

Lo spazio del pericolo e<br />

della rifondazione dell’orizzonte<br />

– di un presente quasi irraggiungibile.<br />

Come si governano questi<br />

estremi?<br />

Heloísa – Penso che <strong>do</strong>ven<strong>do</strong> relativizzare<br />

ognuno di questi capoversi.<br />

Non cre<strong>do</strong> di occupare<br />

au grand complet lo spazio accademico.<br />

Sono una professionista<br />

con un profilo controverso,<br />

per la quale è sempre necessa-<br />

rio costruire spazi istituzionali<br />

propri per sviluppare il proprio<br />

lavoro. In questo senso, ho creato<br />

il CIEC (Centro Interdisciplinare<br />

di Studi Culturali) ad ECO<br />

nel 1985 che, più tardi si ampliò<br />

nella PACC (Programma Avanzato<br />

di Studi Contemporanei) del<br />

Forum sulla Scienza e Cultura.<br />

Quindi, diciamo che la necessità<br />

di questo sforzo, per me sola<br />

denuncia una laboriosa guerra<br />

di territorio nell’accademia… Per<br />

ciò che riguarda le letture canoniche,<br />

non ho mai avuto molta<br />

resistenza. Al contrario, la teoria<br />

e la poesia (per me abbastanza<br />

simili) sono le mie grandi passioni.<br />

Leggo tutto. E mi piace quasi<br />

tutto. Il difficile è che qui gli<br />

oggetti di ricerca, che studio e<br />

scelgo, sono quasi sempre nuovi,<br />

difficili, ancora non concettuali,<br />

non passivi, che saranno assorbiti<br />

dall’arsenale teorico canonico<br />

disponibile. Inoltre, mi appello<br />

alle diverse strategie, piraterie<br />

e processi di clonazione disciplinari<br />

per affrontare queste nuove<br />

problematiche. In questi casi, il<br />

pericolo è la norma e il margine<br />

di errore è enorme.<br />

Lucchesi – L’Antologia dei poeti<br />

degli anni ‘90 ha segnato<br />

un’epoca nell’interpretazione<br />

della nostra biodiversità. Ma la<br />

storia inizia molto prima, nella<br />

generazione mimeografa, nei difficili<br />

anni ‘60…<br />

Heloísa – Organizzo antologie di<br />

poesia quan<strong>do</strong> ho difficoltà nel capire<br />

l’ethos di un’epoca. Con pochi<br />

lettori, la poesia è sottomessa al<br />

disinteresse del mercato editoriale,<br />

si colloca in un campo più libero<br />

da pressioni e compromessi e<br />

riesce ad esprimere, a mio avviso<br />

più chiaramente di quale finzione<br />

o zeigeist del momento. Sono 26<br />

i poetas hoje, nella poesia marginale,<br />

i quali giungono ad un’idea<br />

di “vuoto culturale” che <strong>do</strong>minava<br />

l’epoca. I poeti, con facilità, smentirono<br />

questo consenso. Negli anni<br />

‘90, mi sono sentita confusa davanti<br />

alla ricorrente affermazione<br />

in cui la produzione culturale era<br />

sotto il gioco ed il controllo di una<br />

supposta dittatura del mercato. In<br />

entrambi i casi, la poesia emergente<br />

ha risposto con efficacia e<br />

rapidità. Alla prossima situazione<br />

difficile sia politica che teorica,<br />

probabilmente, prenderò questo<br />

stratagemma di nuovo.<br />

Lucchesi – Normalmente, nel<br />

suo <strong>do</strong>minio di interpretazione,<br />

ci muoviamo tra giudizi contrari,<br />

apocalittici o integrati, l’eccesso<br />

della scuola di Francoforte o la<br />

celebrazione di quanto si realizza<br />

nel nome del moderno…Qual<br />

è la sua prospettiva?<br />

Heloísa – La mia prospettiva è<br />

tanto apocalittica quanto integrata,<br />

ed allo stesso tempo lenta.<br />

Se ci si rimbocca le maniche e<br />

si lavora verifican<strong>do</strong> la complessità<br />

logica dei processi culturali<br />

non conterranno più etichette<br />

inflessibili.<br />

Lucchesi – Delle sue molte attività,<br />

la separazione con la rivista Z,<br />

editrice Aeroplano, il PAC, e il suo<br />

lavoro come professoressa della<br />

Eco e conferenziera. Qual è la casa<br />

di Heloisa?<br />

Heloísa – La casa di Heloisa è la<br />

casa di una lavoratrice che fa ciò<br />

che gli si offre o ciò che gli si<br />

rivela come necessario in maniera<br />

quasi compulsa ma con molta<br />

allegria e con un pizzico di irresponsabilità.<br />

Lucchesi – I suoi piani del futuro<br />

immediato…<br />

Heloísa – Dipenderà direttamente<br />

dalle tentazioni che in questo<br />

futuro immediato mi saranno<br />

offerte…<br />

Traduzione di Antonella Genna<br />

a g o s t o 2007 / Co m u n i t à i t a l i a n a<br />

15


Grupo Keystone<br />

atualidade<br />

A desconfiança<br />

paira no ar<br />

Crise brasileira no sistema de controle de vôos reduz quantidade de viagens aéreas, tanto as de negócios como as<br />

de turismo, afetan<strong>do</strong> o caixa e a rotina <strong>nas</strong> empresas, especialmente as atuantes no merca<strong>do</strong> de comércio exterior<br />

O<br />

vai-e-vem de acusações<br />

mútuas entre setores <strong>do</strong><br />

governo, companhias aéreas,<br />

fabricantes de aviões<br />

e passageiros – sobre o acidente<br />

com o avião da tAM em<br />

julho, no Aeroporto de Congonhas<br />

em São Paulo, em que morreram<br />

199 pessoas – abriu mais<br />

ainda a ferida já exposta da crise<br />

no sistema aéreo brasileiro. A<br />

amplitude desta pode ser medida<br />

por seus efeitos no cenário internacional.<br />

O Ministério das Relações<br />

Exteriores da Itália divulgou<br />

um alerta aos turistas sobre a situação<br />

de risco nos vôos para o<br />

brasil. Notícias <strong>do</strong> gênero correm<br />

o mun<strong>do</strong> e têm desperta<strong>do</strong> a desconfiança<br />

de empresários estrangeiros<br />

<strong>do</strong> setor.<br />

A revista italiana Panorama<br />

publicou, logo após o acidente,<br />

uma série de reportagens especiais<br />

sobre a crise aérea brasileira. Na<br />

edição eletrônica de 26 de julho,<br />

uma ex-funcionária da tAM junto<br />

à Agência <strong>Italiana</strong> para Segurança<br />

de Vôos (ANSV) denunciou<br />

que “os <strong>do</strong>is aviões MD-11 da tAM<br />

colocam em risco os passageiros<br />

da linha Milão-São Paulo-Milão”.<br />

Funcionários da companhia na<br />

Itália, ainda que no anonimato,<br />

reiteraram as denúncias sobre as<br />

condições de manutenção das aeronaves<br />

da empresa. A ANSV não<br />

quis comentar o caso.<br />

A diretora da Promos brasil,<br />

agência especial da Câmara de<br />

Comércio de Milão para o desenvolvimento<br />

de atividades internacionais,<br />

Patrícia Orrico, acredita<br />

que a imagem <strong>do</strong> brasil no<br />

exterior esteja muito prejudicada<br />

pela repercussão da crise no espaço<br />

aéreo.<br />

— Com este acidente, somamse<br />

fatos recentes que certamente<br />

criam uma imagem negativa para<br />

o país — afirma a diretora <strong>do</strong><br />

órgão italiano, para quem os mal<br />

impressiona<strong>do</strong>s são, principalmente,<br />

os europeus, que costumam<br />

primar por conceitos como<br />

segurança e apoio ao cidadão.<br />

Para Patrícia, o próprio processo<br />

de desmantelamento da<br />

Varig, com os cancelamentos <strong>do</strong>s<br />

vôos diretos para a Itália, era<br />

já sinal evidente de crise. Desde<br />

junho de 2006, quan<strong>do</strong> a Varig<br />

– após mais de um ano em<br />

processo de recuperação judicial<br />

e pouco antes da sua venda em<br />

leilão para a ex-subsidiária VARI-<br />

GLog – deixou de operar a maior<br />

parte <strong>do</strong>s seus vôos nacionais e<br />

internacionais, a única companhia<br />

aérea que operava vôos diretos<br />

e diários entre a Itália e o<br />

brasil era a Alitalia.<br />

Em março deste ano, a tAM<br />

inaugurou a sua rota Milão-São<br />

Paulo. A empresa se tornou então<br />

a única brasileira a realizar esse<br />

trajeto, na expectativa de absorver<br />

parte da demanda de merca<strong>do</strong><br />

entre os <strong>do</strong>is países. Mas Patrícia,<br />

experiente na organização<br />

de missões de empresários italianos<br />

no brasil, tem observa<strong>do</strong> que<br />

a maioria destes tem opta<strong>do</strong> por<br />

vir ao brasil por meio de companhias<br />

européias. Para eles, tratase<br />

de uma possível conseqüência<br />

<strong>do</strong> problema que abate as empre-<br />

al i n E bUa E s E ValqUíria rEy<br />

sas aéreas brasileiras. Enquanto<br />

isso, a Alitalia não tem consegui<strong>do</strong><br />

suprir essa demanda. Diante<br />

disso, passageiros têm escolhi<strong>do</strong><br />

empresas como a alemã Lufthansa<br />

ou a portuguesa tAP, mesmo<br />

sen<strong>do</strong> obriga<strong>do</strong>s a realizar escalas<br />

em outras capitais européias,<br />

como Munique ou Lisboa.<br />

O diretor-geral da Alitalia brasil,<br />

Alessandro Amadeo, garante<br />

que a empresa de bandeira italiana<br />

não foi afetada pela crise <strong>do</strong>s aeroportos<br />

brasileiros, a qual considera<br />

“conseqüência das reestruturações<br />

das atuais infra-estruturas aeroportuárias,<br />

cujo desenvolvimento<br />

não permitiu a devida gestão em<br />

relação ao aumento da demanda<br />

gerada pelo grande crescimento da<br />

indústria aérea brasileira”.<br />

Mudança de hábitos<br />

O eco internacional da crise aérea<br />

brasileira tem afeta<strong>do</strong> diretamente<br />

a rotina e o bolso <strong>do</strong>s empresários<br />

<strong>do</strong> ramo de comércio exterior.<br />

Manten<strong>do</strong> representações e<br />

parcerias com empresas italia<strong>nas</strong><br />

“Com este acidente,<br />

somam-se fatos recentes<br />

que certamente criam uma<br />

imagem negativa para o país”,<br />

Patrícia Or r i c O,<br />

d i r e t O r a d a Pr O m O s Br a s i l<br />

da área de equipamentos para a<br />

indústria alimentícia, Vincenzo<br />

Florio, estabeleci<strong>do</strong> em São Paulo<br />

há quase meio século, decidiu<br />

restringir ao máximo as viagens<br />

de avião em suas empresas, numa<br />

medida com reflexo direto no volume<br />

de seus negócios.<br />

— Qualquer dificuldade para<br />

o intercâmbio sempre afeta<br />

os negócios — afirma Florio, ao<br />

lembrar que a desordem tem provoca<strong>do</strong><br />

desconfiança no exterior.<br />

— Hoje as notícias chegam<br />

rapidamente, recebo telefonemas<br />

da família na Itália perguntan<strong>do</strong><br />

o que está acontecen<strong>do</strong>, os estrangeiros<br />

estão pon<strong>do</strong> em dúvida<br />

a capacidade <strong>do</strong> brasil em<br />

manter um espaço aéreo seguro<br />

— complementa.<br />

De acor<strong>do</strong> com Florio, além<br />

<strong>do</strong> risco que representam, outro<br />

motivo para o corte seria o fato<br />

de não se poder mais confiar no<br />

avião como garantia de pontualidade<br />

<strong>nas</strong> reuniões de negócios.<br />

também o representante de<br />

marcas italia<strong>nas</strong> no brasil Enrico<br />

Vezzani, presidente da Vomm<br />

brasil, tem evita<strong>do</strong> as viagens de<br />

avião em suas empresas, “geran<strong>do</strong><br />

economia tanto de dinheiro quanto<br />

de tempo”. Segun<strong>do</strong> o empresário,<br />

o acidente foi o motivo concreto<br />

para a decisão, tomada nos<br />

últimos meses devi<strong>do</strong> à desorganização<br />

<strong>do</strong> sistema aérea brasileiro.<br />

Vezanni ainda lamenta o fim<br />

da Varig e conta que, desde o fechamento<br />

da tradicional companhia<br />

brasileira, tem voa<strong>do</strong> ape<strong>nas</strong><br />

com as empresas européias.<br />

Única a realizar vôos diretos brasil-Itália,<br />

a tAM não passa ao representante<br />

comercial, segun<strong>do</strong><br />

ele, “segurança pela comparação<br />

com a tradição das outras”.<br />

Ele acredita que, em médio<br />

prazo, a crise possa prejudicar<br />

mais o turismo <strong>do</strong> que os negócios<br />

em geral.<br />

— O negócio reage e se orienta<br />

de uma nova forma, enquanto<br />

o turismo não, se não tem vôos,<br />

não se viaja para o Nordeste.<br />

As empresas vão se adaptan<strong>do</strong><br />

a essa nova realidade e vão<br />

fazer negócios de qualquer jeito<br />

— ressalta, citan<strong>do</strong> o exemplo<br />

da Vomm brasil, onde viagens de<br />

avião tornaram-se raras, sen<strong>do</strong><br />

substituídas por reuniões virtuais,<br />

pela Internet, com os parceiros<br />

da empresa em Roma e com<br />

os seus representantes e clientes<br />

em to<strong>do</strong> o brasil.<br />

Reviravolta em Brasília<br />

O caos aéreo que se instalou no<br />

país desde o acidente com a avião<br />

da Gol, está servin<strong>do</strong> de mais novo<br />

palco de disputa política entre<br />

governo e oposição no Congresso<br />

Nacional, onde funcionam duas<br />

Comissões Parlamentares de Inquérito<br />

(CPIs): no Sena<strong>do</strong> e na Câmara<br />

<strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s. Além disso, a<br />

crise provocou a queda de um <strong>do</strong>s<br />

amigos <strong>do</strong> presidente Lula, o exministro<br />

da Defesa Waldir Pires.<br />

O novo ministro, Nelson Jobim,<br />

que foi ministro da Justiça<br />

no governo de Fernan<strong>do</strong> Henrique<br />

Car<strong>do</strong>so, chegou para colocar<br />

ordem na casa. Apesar da carta<br />

branca dada por Lula, nos corre<strong>do</strong>res<br />

<strong>do</strong> Congresso, muito políticos<br />

analisam que a missão de Jobim<br />

é ingrata, pois é um político<br />

de expressão e poderá ser o próximo<br />

candidato a Presidência da<br />

República pelo PMDb em 2010.<br />

Isso prejudicará o projeto político<br />

<strong>do</strong> Parti<strong>do</strong> <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res,<br />

que deve lançar candidato.<br />

Ce<strong>nas</strong> polêmicas<br />

A divulgação, ao vivo na televisão,<br />

<strong>do</strong>s últimos diálogos entre<br />

os pilotos <strong>do</strong> avião da tAM, além<br />

da condecoração <strong>do</strong> presidente<br />

da Agência Nacional de Aviação<br />

Civil (Anac), Milton Zuanazzi,<br />

indignaram o presidente da Associazione<br />

Arma Aeronáutica <strong>Italiana</strong>,<br />

seção São Paulo, Lorenzo<br />

Volpe e seu vice, Enrico Vezzani.<br />

Esses, entre outros fatores, acabaram<br />

por motivar os <strong>do</strong>is a escreverem<br />

uma carta à imprensa<br />

com o título “tragédia em Congonhas:<br />

Deboche e Condecoração”,<br />

onde mostram a insatisfação<br />

diante da postura de alguns<br />

membros <strong>do</strong> governo brasileiro<br />

nos dias que se seguiram ao<br />

maior acidente aéreo da história<br />

da aviação no brasil.<br />

— Foi um espetáculo político<br />

feito ape<strong>nas</strong> para mostrar que<br />

não era a pista, e sim, erro <strong>do</strong><br />

piloto — opina Vezzani, acrescentan<strong>do</strong><br />

que os deputa<strong>do</strong>s promoveram<br />

“a banalização de um<br />

tema de extrema complexidade”.<br />

— Este foi mais um episódio<br />

que comprova o despreparo, onde<br />

a morte não é levada a sério<br />

— acrescenta.<br />

Em relação à homenagem a<br />

Zuanazzi, eles consideram o caso<br />

“mais grave” , visto que a cerimônia<br />

poderia ter si<strong>do</strong> cancelada.<br />

Eles reprovaram também o caso<br />

Aline Buaes<br />

de “autoridades dentro <strong>do</strong> Palácio<br />

<strong>do</strong> Planalto festejan<strong>do</strong>, com<br />

gestos vulgares, uma reportagem<br />

da televisão sobre uma possível<br />

falha mecânica <strong>do</strong> avião”. A carta<br />

se referiu, especificamente nesse<br />

trecho, à cena, filmada clandestinamente,<br />

em que aparece o assessor<br />

especial da Presidência da<br />

República, Marco Aurélio Garcia,<br />

em aparente comemoração de<br />

notícia no Jornal Nacional<br />

sobre as possíveis<br />

causas <strong>do</strong> acidente.<br />

— Foi um ato de tamanho<br />

absur<strong>do</strong> e degradação<br />

vin<strong>do</strong> de um político,<br />

enquanto ainda se procuravam<br />

corpos nos escombros <strong>do</strong><br />

prédio da tAM — sentencia<br />

Vezzani explica que, por<br />

motivos como estes, “é proibida<br />

por determinação de<br />

uma convenção internacional”<br />

a abertura <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s secretos<br />

da caixa-preta <strong>do</strong>s aviões, para<br />

evitar que se “quebre uma lógica<br />

complicada ligada à segurança<br />

de vôo”.<br />

O vice-presidente da associação<br />

citou como exemplo de<br />

um “excesso ao contrário”, o<br />

caso <strong>do</strong> acidente da Ilha<br />

de Ustica, ocorri<strong>do</strong> em<br />

1980, quan<strong>do</strong> um avião<br />

da companhia aérea italiana<br />

Itavia caiu misteriosamente<br />

no mar matan<strong>do</strong> 81 pessoas.<br />

Vezzani considera que, naquele<br />

caso, ocorreu “um exagero para<br />

preservar a imagem” da Aeronáutica<br />

italiana, pois, nunca<br />

foram reveladas as informações<br />

da caixa-preta, o que, até hoje,<br />

suscita inúmeras polêmicas e interpretações<br />

conspiratórias para<br />

o caso.<br />

“O negócio reage<br />

e se orienta de<br />

uma nova forma,<br />

enquanto o<br />

turismo não, se<br />

não tem vôos,<br />

não se viaja para<br />

o Nordeste. As<br />

empresas vão<br />

se adaptan<strong>do</strong><br />

a essa nova<br />

realidade e vão<br />

fazer negócios de<br />

qualquer jeito”,<br />

en r i c O Ve z z a n i,<br />

Presidente d a VO m m Br a s i l<br />

16 C o m u n i t à i t a l i a n a / ag o s t o 2007<br />

a g o s t o 2007 / Co m u n i t à i t a l i a n a 17<br />

Linda DuBose


atualidade<br />

Ficou para depois<br />

Os planos de mais vôos diretos<br />

da Europa para o Distrito Federal<br />

foram adia<strong>do</strong>s. Desde o início de<br />

julho, ape<strong>nas</strong> a companhia tAP<br />

tem feito o trajeto Lisboa-brasília<br />

sem escalas. A informação<br />

foi revelada recentemente pela<br />

secretária executiva <strong>do</strong> brasília e<br />

Região Convention e Visitors bureau,<br />

Jackeyline Reis.<br />

Apesar disso, o governo brasileiro<br />

acredita que a crise aérea não<br />

será obstáculo para a ambiciosa<br />

meta de atrair mais de 430 mil<br />

turistas italianos em 2010. Segun<strong>do</strong><br />

a presidente <strong>do</strong> Instituto<br />

brasileiro de turismo (Embratur),<br />

Jeanine Pires, para os vôos internacionais,<br />

há preferência em<br />

pouso e decolagem e, por isso,<br />

os transtornos serão poucos.<br />

Enquanto isso na Itália...<br />

Milhares de bagagens sem embarcar,<br />

perdidas e devolvidas aos<br />

<strong>do</strong>nos com horas ou vários dias<br />

de atraso. Nas férias de verão, isso<br />

virou pura rotina no maior aeroporto<br />

de Roma, o Leonar<strong>do</strong> da<br />

Vinci, em Fiumicino.<br />

Segun<strong>do</strong> o Ministério <strong>do</strong>s<br />

transportes, a desorganização e<br />

a falta de investimentos foram as<br />

principais causas detectadas para<br />

o problema. tu<strong>do</strong> começou no<br />

último fim de semana de julho,<br />

quan<strong>do</strong> uma queda de tensão na<br />

rede elétrica paralisou o aeroporto<br />

por várias horas, apagan<strong>do</strong> os<br />

monitores que indicam as chegadas<br />

e as saídas e atrasan<strong>do</strong> uma<br />

centena de vôos. Justamente no<br />

mesmo dia que o sistema de separação<br />

automática de bagagens<br />

entrou em pane, ocasiona<strong>do</strong> filas<br />

enormes, em um local onde costumam<br />

circular cerca de 100 mil<br />

pessoas por dia.<br />

Representantes da Enac, a<br />

entidade que controla a aviação<br />

civil no país, chegaram a pensar<br />

em sabotagem, mas essa possibilidade<br />

acabou sen<strong>do</strong> descartada.<br />

— Há cinco anos, não se investe<br />

em um novo sistema para<br />

a separação de bagagens. Chegamos<br />

a pensar que os opera<strong>do</strong>res<br />

poderiam estar sabotan<strong>do</strong> o<br />

sistema para trabalhar com mais<br />

tranqüilidade — admite o presidente<br />

da Enac, Vito Riggio.<br />

Problema semelhante tinha si<strong>do</strong><br />

registra<strong>do</strong> em 25 de agosto <strong>do</strong><br />

ano passa<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> os passageiros,<br />

cansa<strong>do</strong>s pelo contínuo atraso<br />

na entrega das malas, invadiram a<br />

pista como forma de protesto.<br />

Por conta disso, o ministro<br />

<strong>do</strong>s transportes italiano, Alessandro<br />

bianchi, anunciou a chegada<br />

de 80 pessoas para normalizar o<br />

serviço de movimentação de bagagens,<br />

além da liberação de 60<br />

milhões de euros para investimentos<br />

considera<strong>do</strong>s de urgência.<br />

Em conseqüência <strong>do</strong> problema<br />

em Fiumicino os aeroportos<br />

<strong>do</strong> norte <strong>do</strong> país – entre eles o<br />

de Malpensa, de Milão – também<br />

registraram atrasos na entrega<br />

das bagagens <strong>do</strong>s passageiros.<br />

Na avaliação <strong>do</strong>s sindicatos de<br />

trabalha<strong>do</strong>res, a privatização da<br />

empresa que administra os aeroportos<br />

de Roma resultou em descui<strong>do</strong><br />

na manutenção <strong>do</strong> sistema<br />

de separação e entrega de bagagens.<br />

Isto e mais a falta de fiscalização<br />

sobre os serviços presta<strong>do</strong>s<br />

são os culpa<strong>do</strong>s, na visão das<br />

entidades de classe, pelo caos.<br />

Embratur<br />

Problemas semelhantes podem<br />

ocorrer também no aeroporto de<br />

Ciampino, conforme denunciam<br />

representantes de vários sindicatos<br />

de trabalha<strong>do</strong>res.<br />

— Ciampino não tem mais<br />

condições de suportar o tráfego<br />

que recebe atualmente — diz o<br />

secretário da União <strong>Italiana</strong> de<br />

trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong> transporte, Corra<strong>do</strong><br />

Funari.<br />

Afora o atraso e o desaparecimento<br />

de bagagens em Fiumicino,<br />

na Itália, o último registro<br />

de acidentes aéreos graves data<br />

de outubro de 2001, quan<strong>do</strong><br />

um McDonnell Douglas MD-87<br />

da Scandinavian Airlines System<br />

colidiu com um Cessna Citation,<br />

matan<strong>do</strong> 118 pessoas no aeroporto<br />

de Milão-Linate. Na ocasião,<br />

foram detectadas várias falhas:<br />

o radar de terra não funcionava;<br />

houve erro <strong>do</strong> piloto <strong>do</strong> Cessna e<br />

<strong>do</strong>s controla<strong>do</strong>res de tráfego aéreo;<br />

além da demora no socorro.<br />

O diretor-geral <strong>do</strong> Enac, Silvano<br />

Manera, , diz que depois <strong>do</strong><br />

acidente várias medidas de segu-<br />

A presidente da Embratur, Jeanine Pires e<br />

o diretor-geral <strong>do</strong> Enac, Silvano Manera<br />

Divulgação<br />

rança entraram em vigor. Segun<strong>do</strong><br />

ele, a verificação inclui itens<br />

como dimensão, espaço em torno<br />

da pista, iluminação, instalação<br />

de rádio-assistência, área de<br />

risco próxima ao aeroporto, além<br />

<strong>do</strong> sistema de qualidade que monitora<br />

a eficácia de to<strong>do</strong>s os aeroportos.<br />

Ainda de acor<strong>do</strong> com<br />

diretor-geral, os pilotos de aeronaves<br />

de linha na Europa são<br />

submeti<strong>do</strong>s a uma normative que<br />

prevê treinamentos para evitar a<br />

ocorrência de erros humanos.<br />

Manera revela que, em conjunto<br />

com os demais países europeus,<br />

a Itália exerce controle<br />

sobre as empresas aéreas estrangeiras<br />

e, a cada três meses,<br />

elabora uma lista daquelas que<br />

podem oferecer riscos aos passageiros.<br />

Quanto ao aeroporto<br />

de Ciampino, ele revela que, em<br />

2010, será fecha<strong>do</strong> totalmente<br />

por, pelo menos, <strong>do</strong>is meses<br />

para que a pista seja melhorada.<br />

Até lá, o governo terá tempo para<br />

encontrar um aeroporto alternativo.<br />

Adriano Gonçalves<br />

Fotos: Divulgação da Siemens<br />

Vagão de<br />

oportunidades<br />

Projeto de trem-bala <strong>Rio</strong>-SP deve sair <strong>do</strong> papel em 2008<br />

e empresa italiana é a responsável pelo projeto<br />

Ape<strong>nas</strong> 85 minutos de viagem.<br />

Este será o tempo de<br />

duração <strong>do</strong> trajeto <strong>Rio</strong>-São<br />

Paulo a bor<strong>do</strong> de um trem<br />

de Alta Velocidade (tAV). Em meio<br />

à crise aérea brasileira, a iniciativa<br />

veio bem a calhar. Foram longos<br />

30 anos de espera para a execução<br />

<strong>do</strong> projeto. Mesmo assim,<br />

os futuros passageiros <strong>do</strong> chama<strong>do</strong><br />

trem-bala ainda terão que esperar<br />

por quase uma década até<br />

a obra ficar pronta. Pelo menos,<br />

agora, o andamento <strong>do</strong>s trabalhos<br />

evolui rapidamente e uma das<br />

grandes responsáveis pela obra é<br />

a empresa italiana Italplan.<br />

Até a década de 90, quem quisesse<br />

viajar <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro a São<br />

Paulo contava, como alternativa<br />

aos aviões e a Via Dutra – chamada,<br />

na época de Ro<strong>do</strong>via da Morte<br />

– ape<strong>nas</strong> com o trajeto por via férrea.<br />

Mas a viagem por trilhos demorava<br />

cerca de 11 horas no trem<br />

de Prata. O alto custo da passagem<br />

e o enorme tempo gasto acabarm<br />

por provocar a diminuição gradativa<br />

no número de passageiros, o<br />

que culminou na extinção <strong>do</strong> serviço,<br />

de caráter mais turístico, pelo<br />

luxo das acomodações e <strong>do</strong>s serviços<br />

presta<strong>do</strong>s aos passageiros.<br />

Desde a década de 70, o governo<br />

brasileiro descartava propostas<br />

por causa <strong>do</strong> custo alto<br />

<strong>do</strong>s projetos apresenta<strong>do</strong>s. Até<br />

que, em 2005, a italiana Italplan,<br />

foi a primeira a elaborar<br />

um programa considera<strong>do</strong> economicamente<br />

viável. Disposta a investir<br />

capital próprio de mais de<br />

10 bilhões de euros, ape<strong>nas</strong> uma<br />

fração menor <strong>do</strong>s nove bilhões<br />

de dólares <strong>do</strong> custo total <strong>do</strong> projeto,<br />

a empresa de consultoria<br />

representou, enfim, a primeira<br />

oportunidade no país de instalação<br />

<strong>do</strong> tAV com investimento exclusivamente<br />

priva<strong>do</strong>.<br />

Em contrapartida, os financia<strong>do</strong>res<br />

da nova ligação <strong>Rio</strong>-SP<br />

obteriam a concessão <strong>do</strong> trecho<br />

para exploração comercial por,<br />

pelo menos, 35 anos. A Italplan<br />

ficaria responsável pela captação<br />

O veículo terá espaço<br />

para 855 passageiros<br />

br U n a cEnço<br />

em bancos internacionais <strong>do</strong> restante<br />

<strong>do</strong>s recursos necessários.<br />

Estima-se que a conclusão<br />

das obras se dê em sete ou oito<br />

anos no máximo. A origem e<br />

o destino <strong>do</strong> trem-bala seriam a<br />

Estação da Luz, em São Paulo, e<br />

a Central <strong>do</strong> brasil, no <strong>Rio</strong> de Janeiro.<br />

O veículo tem capacidade<br />

para percorrer o trecho de 403<br />

quilômetros de trilhos em uma<br />

hora e 25 minutos, alcançan<strong>do</strong><br />

velocidade máxima de 360 km/h.<br />

Com capacidade para 855 passageiros,<br />

os módulos devem partir<br />

a cada 15 minutos, de acor<strong>do</strong><br />

com o projeto da Italplan.<br />

O projeto da empresa italiana<br />

prevê o menor preço de passagem<br />

para o trajeto, o equivalente a 60<br />

dólares (algo entre 110 e 120 dólares),<br />

valor abaixo daquele atualmente<br />

cobra<strong>do</strong> na ponte aérea<br />

<strong>Rio</strong>-SP, de até 250 reais na classe<br />

econômica, de acor<strong>do</strong> com a<br />

companhia. Há expectativa de<br />

venda de 32 milhões de bilhetes<br />

por ano.<br />

Empresários de diversos países<br />

demonstraram interesse em<br />

participar <strong>do</strong> projeto da empresa<br />

italiana. O edital de licitação internacional<br />

deveria ser divulga<strong>do</strong><br />

neste mês, mas, não pela primeira<br />

vez, houve o adiamento desta<br />

etapa <strong>do</strong> processo. Até que o<br />

atualidade<br />

edital seja publica<strong>do</strong>, há ainda a<br />

possibilidade de novos consórcios<br />

se formarem, segun<strong>do</strong> o diretor<br />

da unidade de transportes da Siemens,<br />

Nelson branco Marchetti:<br />

— Nenhuma hipótese está<br />

descartada. Pouco antes de sair o<br />

edital, as empresas costumam se<br />

unir em grupos para concorrer. A<br />

Siemens participou <strong>do</strong> projeto alemão<br />

da década de 90, mas nada<br />

impede que nos juntemos a Italplan<br />

ou a alguma outra empresa.<br />

Segun<strong>do</strong> Marchetti, a Itália<br />

detém tecnologia bastante diversificada<br />

em relação a esse meio<br />

específico de transporte.<br />

— A Itália tem muito trem. Por<br />

isso, cada um foi feito em determinada<br />

época, com intuitos diferentes<br />

e tecnologias cada vez mais<br />

novas. A Siemens, inclusive, já participou<br />

bastante de construção de<br />

trens na própria Itália, normalmente<br />

em consórcios — lembra.<br />

Em visita ao brasil, no primeiro<br />

semestre deste ano, o viceministro<br />

das Relações Exteriores,<br />

Franco Danielli, relatou a conversa<br />

sua sobre o assunto que teve<br />

com a ministra-chefe da Casa Civil<br />

brasileira, Dilma Roussef. Segun<strong>do</strong><br />

ele, Dilma listou as melhores áreas<br />

no brasil para o investimento italiano,<br />

e um <strong>do</strong>s projetos cita<strong>do</strong>s<br />

foi justamente o <strong>do</strong> tVA <strong>Rio</strong>-SP. Há<br />

cerca de um mês, foi Dilma quem<br />

viajou para a Itália, onde travou<br />

contato com o banco Internacional<br />

Europeu (bEI), um <strong>do</strong>s possíveis<br />

financia<strong>do</strong>res <strong>do</strong> tAV.<br />

O projeto executivo <strong>do</strong> trembala<br />

já foi aprova<strong>do</strong> pelo tribunal<br />

de Contas da União (tCU), que autorizou<br />

a publicação <strong>do</strong> edital de<br />

licitação da concessão, dependen<strong>do</strong><br />

agora somente da aprovação <strong>do</strong><br />

Instituto brasileiro <strong>do</strong> Meio Ambiente<br />

e <strong>do</strong>s Recursos Naturais Renováveis<br />

(Ibama) para o início das<br />

obras. Caso o processo burocrático<br />

não sofra novos atrasos, as obras<br />

devem começar em 2008.<br />

18 C o m u n i t à i t a l i a n a / ag o s t o 2007<br />

a g o s t o 2007 / Co m u n i t à i t a l i a n a 19


articolo / notizie<br />

La confusione regna sovrana<br />

nella politica italiana<br />

di quest’Agosto, e non ostante<br />

il saggio invito del Presidente<br />

della Repubblica, Giorgio Napolitano,<br />

di approfittare la pausa<br />

estiva per raffreddare gli animi,<br />

la classe politica continua<br />

a discutere e dividersi trasversalmente<br />

sulle grandi questioni<br />

irrisolte.<br />

La riforma del regime pensionistico<br />

e l’accor<strong>do</strong> sul wellfare,<br />

firmato da presidente della<br />

CONFINDUStRIA Luca Cordero di<br />

Montezemolo, hanno tutt’altro<br />

che il consenso delle forze sindacali<br />

e della sinistra radicale,<br />

quest’ultima nel suo stile battagliero<br />

vede soprattutto l’occasione<br />

per distruggere la legge<br />

biagi. Montezemolo ha preteso,<br />

per firmare, che il testo elaborato<br />

dal Governo rimanga immutato<br />

quan<strong>do</strong>, a settembre, sarà<br />

inviato all’approvazione delle<br />

Camere.<br />

Il presidente di CONFINDU-<br />

StRIA dimentica però che nel<br />

nostro sistema costituzionale il<br />

Parlamento è sovrano, e certamente<br />

non mancheranno innumeri<br />

emendamenti, che porteranno<br />

ad un testo modificato con<br />

buona pace degli industriali.<br />

La questione che però più<br />

preoccupa la cosiddetta “casta”<br />

politica è quella scatenata<br />

dall’inattesa raccolta di ben ottocento<br />

e sessanta mila firme a<br />

favore dei tre referendum proposti<br />

da Mario Segni.<br />

Papa fashion<br />

La fiNESTRa<br />

Daniele Mengacci<br />

danielemengacci@pwz.com.br<br />

la c a s ta<br />

L’insoddisfazione con l’attuale<br />

legge, varata dal governo berlusconi,<br />

è generale, c’è chi vuole<br />

rafforzare il sistema di coalizione<br />

bipolare, chi pensa, ma poco lo<br />

dice al ritorno al sistema proporzionale<br />

pieno, c’è chi stringe alleanze<br />

apparentemente contraddittorie<br />

come quella tra Fini e Di<br />

Pietro, e chi tituba tatticamente<br />

come il Cavaliere.<br />

Chi ha avuto la pazienza di<br />

leggere le proposte referendarie<br />

deve essersi spaventato con la<br />

complessità dei quesiti, in sostanza<br />

però le proposte sono di<br />

riservare il premio di maggioranza<br />

al solo partito di maggior<br />

votazione e non a tutta la coalizione,<br />

eliminare le candidature<br />

in differenti collegi del leader<br />

della coalizione, e soprattutto<br />

limitare il potere d’interdizione<br />

dei piccoli partiti, con<br />

due sbarramenti percentuali,<br />

4% alla Camera e 8% al Senato,<br />

la clausola di sbarramento<br />

è però prevista, anche se al solo<br />

5%, nelle proposte di legge<br />

parlamentari.<br />

La Corte Cassazione <strong>do</strong>vrà<br />

ancora verificare le firme e dichiarare<br />

la procedibilità del referendum,<br />

il Parlamento ha dunque<br />

tutto il tempo per evitare<br />

la consulta popolare varan<strong>do</strong> in<br />

autunno la riforma della legge<br />

elettorale, e pure quella per gli<br />

italiani all’estero, in mo<strong>do</strong> che<br />

nella primavera del 2008 si possano<br />

svolgere nuove elezioni politiche.<br />

Papa benedetto XVI, per la rivista americana Esquire, è l’uomo<br />

<strong>do</strong>tato dell’accessorio di moda più elegante dell’anno: le<br />

scarpe rosse. La classifica degli uomini “meglio vestiti” vede al<br />

suo vertice tom brady, David beckham, Daniel Craig, barack Obama<br />

e Scooter Libby. Seguono Luca Cordero di Montezemolo e il<br />

presidente Sarkozy. tuttavia nessuno di loro, per quanto elegante<br />

sia, è <strong>do</strong>tato di un accessorio tanto raffinato quanto le scarpe del<br />

pontefice, elette “accessorio dell’anno”.<br />

Rapporto di lavoro<br />

È<br />

stato firmato um memorandum di intesa fra i Ministeri<br />

del Lavoro brasiliano e italiano per lo sviluppo di um programma<br />

di cooperazione. Uno degli obiettivi si riferisce alla<br />

impiantazione di meto<strong>do</strong>logie e pratiche innovative che consentano<br />

al programma “Primeiro Emprego”, in brasile, una gestione<br />

più efficace e diffusa delle azioni di inserimento nel<br />

merca<strong>do</strong> del lavoro dei giovani in forma dependente o autonoma.<br />

Così il governo italiano, attraverso l’agenzia di assistenza<br />

tecnica Italia Lavoro, metterà a disposizione competenze<br />

e strumenti in materia di supporto delle rete dei servizi<br />

locali, meto<strong>do</strong>logie e modelli di servizio per la formazione e<br />

l´inserimento al lavoro delle fasce svantaggiate, tecnologie di<br />

gestione e monitoraggio dei programmi nazionali e la rete relazionale<br />

com gli organismi <strong>do</strong>nanti. Il Ministero brasiliano finanzierà<br />

i costi di logistica e le missioni in Italia e brasile durante<br />

la prima fase di attuazione del programma nella quale,<br />

in sei mesi, si <strong>do</strong>vrà fornire assistenza tecnica all’implementazione<br />

del “Primeiro Emprego” ed elaborare il programma dettagliato<br />

di lavoro per il perseguimento degli obiettivi. La vicenda<br />

si è svolta durante il viaggio del ministro brasiliano Carlos<br />

Lupi in Italia in luglio. (R.C.)<br />

Ferragosto<br />

Roma, con 350 mila partenze, è al primo posto tra le città<br />

<strong>do</strong>ve si è registrato un eso<strong>do</strong> maggiore per Ferragosto.<br />

Seguono Milano (200 mila), torino (80 mila) e con 40 mila partenze<br />

Genova e bologna. traffico intenso sulle strade italiane,<br />

perché il 65% del popolo dei vacanzieri si è spostato in auto. Il<br />

25% ha invece scelto il treno, il 10% l’aereo. Gli ultimi vacanzieri<br />

in partenza hanno raggiunto località di mare e di montagna,<br />

soggiornan<strong>do</strong> nella «seconda casa»: è il 70% a raggiungere<br />

l’abitazione di parenti e amici. Per l’Italia le preferenze sono<br />

state la costa adriatica e quella ligure, per la montagna il trentino<br />

Alto Adige e la Valle d’Aosta. Per l’Europa, Parigi è stata in<br />

testa seguita da barcellona e Londra; interesse c’è stato anche<br />

per la Croazia e la Grecia.<br />

Eros e Ricky<br />

insieme<br />

Due degli artisti maschili<br />

più amati dalla ragazze<br />

italiane e sud-americane si<br />

uniscono insieme per un singolo<br />

che sarà molto probabilmente<br />

un tormentone del<br />

prossimo autunno. “Noi siamo<br />

soli”, questo il titolo del<br />

brano che vedrà collaborare<br />

insieme per la prima volta<br />

Ricky Martin e Eros Ramazzotti<br />

nel nuovo álbum del<br />

cantautore romano, un <strong>do</strong>ppio best in uscita il 26 ottobre. Secon<strong>do</strong><br />

quanto si e’ appreso, l’album di Ramazzotti, il cui titolo<br />

e’ ancora top secret, avra’ una tipologia di ‘best’ mai utilizzata<br />

da un artista, a livello mondiale, sia dal punto di vista artistico<br />

sia da quello del marketing applicato al pro<strong>do</strong>tto discografico.<br />

Quello con Ricky Martin è l’ultimo di una serie di duetti di Ramazzotti<br />

- 35 milioni di dischi venduti in tutto il mon<strong>do</strong>.<br />

Bruno de Lima<br />

Ecco perché il<br />

Governo Prodi<br />

non cade<br />

L´ opinione del senatore Pollastri sulla questione e sulle modifiche<br />

necessarie alla legge elettorale per gli italiani all’estero<br />

Lo sviluppo di fonti energetiche<br />

alternative agli idrocarburi,<br />

in special mo<strong>do</strong> i<br />

biodiesel, è stato oggetto<br />

di un interessante incontro tra<br />

imprenditori e esponenti delle<br />

pubbliche amministrazioni, organizzato<br />

a <strong>Rio</strong> de Janeiro dalla Camera<br />

di Commercio Italia brasile<br />

e dalla Associazione delle Camere<br />

di Commercio Estere.<br />

Ospitato nei bei saloni della<br />

Federazione delle Industrie di<br />

<strong>Rio</strong> de Janeiro, l’incontro, intitolato<br />

“America del Sud punto<br />

di partenza”, ha trattato il tema<br />

dello sviluppo municipale delle<br />

coltivazioni delle piante oleaginose<br />

con migliori capacità di<br />

produzione di biodiesel come le<br />

arachidi, il girasole, o il tipico<br />

pinhao manso, adatto a coltivazione<br />

in zone semi aride come il<br />

nord est brasiliano.<br />

L’apertura dei lavori è stata<br />

del vice ministro al Commercio<br />

Internazionale, on.Milos budin,<br />

che ha portato gli auguri di<br />

Romano Prodi, capo del Governo<br />

italiano, e ha ribadito la disponibilità<br />

e interesse italiani all’utilizzo<br />

di queste nuove tecnologie<br />

energetiche.<br />

Il vice ministro, in una pausa<br />

dei lavori, ha cortesemente con-<br />

Da n i E l E MEngacci<br />

versato con <strong>Comunità</strong> su vari argomenti<br />

della cronaca economica<br />

e politica.<br />

Parlan<strong>do</strong> degli effetti della<br />

corsa al mais per la produzione<br />

di etanolo, budin ha commentato<br />

una notizia che affetta la tavola<br />

degli italiani, l’aumento del<br />

prezzo della pasta annunciato da<br />

alcune delle maggiori case produttrici.<br />

Attribuito più alla diminuzione<br />

della raccolta di grano duro<br />

che a una conversione di coltivazioni,<br />

secon<strong>do</strong> il Vice Ministro,<br />

non affetterà le esportazioni di<br />

uno dei nostri migliori diffusori<br />

del Made in Italy: “Il Made<br />

in Italy è comunque un marchio<br />

che ha una sua gran forza d’attrazione<br />

e anche perché le nostre<br />

aziende stanno puntan<strong>do</strong> molto<br />

sulla qualità. Nello stesso tempo<br />

voglio affermare che noi siamo<br />

molto impegnati come governo<br />

perché si raggiunga un accor<strong>do</strong><br />

in sede di WtO in seguito al Doha<br />

round, che si sblocchi quindi<br />

questa impasse in cui si trovano<br />

le trattative ora”.<br />

Il Ministero di Emma bonino,<br />

erede dell’antico Commercio<br />

Estero, lavora riconosciutamente<br />

con efficacia per diffondere il<br />

Made in Italy e sostenere le nostre<br />

esportazioni, <strong>Comunità</strong> ha<br />

chiesto all’on. budin la sua opinione<br />

sul ruolo che la stampa<br />

italiana all’estero può svolgere a<br />

sostegno del Made in Italy, che<br />

ha così risposto: “è molto importante<br />

per la diffusione del Made<br />

in Italy nel Mon<strong>do</strong> e lo è ancora<br />

di più in quei paesi <strong>do</strong>ve c’è<br />

politica<br />

una cosiddetta richiesta d’Italia<br />

anche per i legami storici e culturali<br />

che conosciamo, come è il<br />

caso dell’America Latina”.<br />

Passan<strong>do</strong> poi a commentare<br />

gli aspetti più importanti della<br />

politica interna italiana e conferman<strong>do</strong><br />

quanto detto nel suo<br />

saluto di apertura, il Vice Ministro<br />

ha evidenziato perché, non<br />

ostante la rissosità interna e gli<br />

attacchi esterni, il Governo Prodi<br />

non cade: “perché non c’è un’alternativa<br />

che possa garantire<br />

una maggiore efficacia ed efficienza<br />

nei provvedimenti di governo<br />

e nella attività di riforme<br />

con questo parlamento, quan<strong>do</strong><br />

ci sarà un nuovo parlamento,<br />

con una nuova legge elettorale,<br />

ci potrà essere anche una maggioranza<br />

più omogenea che potrà<br />

agire con maggiore velocità, ma<br />

intanto con questo parlamento<br />

non è, a mio vedere, possibile. Il<br />

secon<strong>do</strong> motivo è che comunque<br />

questo governo non ostante quel<br />

che dice l’opposizione, quello<br />

che appare nei titoli dei giornali,<br />

perché c’è una forte litigiosità<br />

e conflittualità all’interno della<br />

maggioranza, non ostante questo,<br />

questo governo sta producen<strong>do</strong><br />

dei risultati.<br />

Chiuden<strong>do</strong> l’intervista, <strong>Comunità</strong><br />

ha chiesto all’on budin<br />

di commentare Il travaglio di<br />

parto che complica la <strong>nas</strong>cita<br />

del nuovo soggetto politico della<br />

sinistra, il Partito Democratico,<br />

con le varie candidature alternative<br />

a quella di Veltroni e il<br />

ruolo di rinnovo e aggregazione<br />

che questi potrà avere nel futuro<br />

della sinistra, e la vicenda referendaria<br />

che si è conclusa con<br />

una raccolta di firme ben al di la<br />

del necessario, che così ha risposto:<br />

“il processo di costituzione<br />

del Partito Democratico è nato<br />

proprio con questa consapevolezza,<br />

che bisogna superare la<br />

frammentarietà e bisogna mettere<br />

insieme le forze politiche in<br />

un grande partito perché <strong>do</strong>po,<br />

invece di guardare in primo luogo<br />

al proprio elettorato, si guarderà<br />

con più primaria attenzione<br />

agli interessi generali del Paese,<br />

e cre<strong>do</strong> che la richiesta di referendum<br />

abbia raggiunto le firme<br />

sia un ottimo stimolo perché il<br />

Parlamento prosegua sulla strada<br />

della riforma della legge elettorale,<br />

perché se non lo farà, lo<br />

faranno di sicuro i cittadini con<br />

il referendum”.<br />

20 C o m u n i t à i t a l i a n a / ag o s t o 2007<br />

a g o s t o 2007 / Co m u n i t à i t a l i a n a 21


politica<br />

Contro i brogli,<br />

voti chi vuole<br />

L´ opinione del senatore Pollastri sulla questione e sulle modifiche<br />

necessarie alla legge elettorale per gli italiani all’estero<br />

La questione dei brogli elettorali,<br />

per le politiche del<br />

2006, scorre lentamente<br />

come un fiume carsico sotto<br />

il Parlamento. Vari tipi di brogli<br />

sono avvenuti in alcune regioni<br />

come Emilia e Romagna, Liguria,<br />

Lazio, Sardegna e Puglia.<br />

La maggioranza non dimostra<br />

molto entusiasmo e l’opposizio-<br />

ne lamenta la lentezza dei lavori<br />

dell’apposita commissione. La<br />

questione è recentemente riaffiorata<br />

all’attenzione delle cronache<br />

a causa di un supposto video girato<br />

in Australia, che mostrerebbe<br />

come sia possibile indirizzare<br />

le schede ancora in bianco verso<br />

questo o quel partito e candidato,<br />

ma anche in altri paesi sono<br />

state riscontrate violazioni del<br />

voto: Stati Uniti, belgio, Canada,<br />

Svizzera, Argentina,<br />

Uruguai e Venezuela.<br />

Particolare il broglio<br />

commesso nella sezione<br />

619 di Caracas: lì sono<br />

stati trasferiti 130 voti<br />

dalla candidata dei DS,<br />

Mirella Giai, al candidato<br />

della Margherita, E<strong>do</strong>ar<strong>do</strong><br />

Pollastri.<br />

<strong>Comunità</strong> ha approfittato<br />

della partecipazione del senatore<br />

Pollastri al con-<br />

vegno delle Camere Estere, del<br />

quale riferiamo in altre linee, per<br />

sapere la sua opinione sulla questione<br />

dei brogli e sulle modifiche<br />

necessarie alla legge elettorale<br />

per gli italiani all’estero.<br />

La prima <strong>do</strong>manda di <strong>Comunità</strong><br />

è stata sulla vicenda elettorale<br />

del senatore, che ha risposto:<br />

“Io non ho assolutamente<br />

opinioni in merito, mi tengo alle<br />

dichiarazioni che sono state fatte<br />

dalla Corte, quan<strong>do</strong> mi ha mandato<br />

una nomina a seguito di una<br />

revisione che è stata fatta. Per<br />

me, assolutamente esclu<strong>do</strong> qualunque<br />

tipo di broglio o qualcosa<br />

del genere e mi atten<strong>do</strong> a quella<br />

che è la normativa in corso”.<br />

<strong>Comunità</strong> <strong>do</strong>manda chi può<br />

aver mescolato le carte, e il senatore<br />

ribadisce che:” Non ne<br />

ho la più pallida idea, certamente<br />

nessuno da parte mia, assolutamente<br />

ripeto, io sono escluso<br />

da questo discorso di risultati<br />

elettorali, nella maniera più categorica,<br />

la mia etica più che riconosciuta<br />

mi impone un’astensione<br />

totale”.<br />

<strong>Comunità</strong> ha chiesto chi<br />

può aver insegnato a fare i brogli<br />

segnalati. Insofferente, il<br />

senatore ha risposto: “Sono <strong>do</strong>mande<br />

un poco strane, perché<br />

io vivo in un mon<strong>do</strong> di assoluta<br />

correttezza, il mon<strong>do</strong> delle<br />

Camere di Commercio, il mon<strong>do</strong><br />

della imprenditoria etica,<br />

quindi non me ne ren<strong>do</strong><br />

conto. È in corso un processo<br />

di revisione della legge<br />

elettorale, in mo<strong>do</strong> da<br />

rendere il più trasparente<br />

possibile il risultato, con<br />

tutti i controlli che possono<br />

essere necessari e<br />

indispensabili, in mo<strong>do</strong><br />

da non poter dar adito a<br />

Da n i E l E MEngacci<br />

nessuno di eseguire operazioni<br />

che siano poco corrette. È stato<br />

appena costituito un comitato<br />

al Senato, e mi auguro che ci<br />

sia un risultato bipartisan per<br />

una modifica di questa legge<br />

in mo<strong>do</strong> da avere trasparenza e<br />

chiarezza”.<br />

Approfonden<strong>do</strong> la questione<br />

della riforma elettorale, <strong>Comunità</strong><br />

ha chiesto se l’abolizione del<br />

voto per corrispondenza risolverebbe<br />

il problema. Ecco la risposta<br />

del senatore : “Si potrebbe<br />

eliminare il voto postale, quindi<br />

ciascuno va presso i consolati<br />

o altre entità per dare il suo<br />

voto, sarebbe molto più chiaro<br />

e trasparente, però potrebbe<br />

indurre moltissimi a non votare.<br />

Un’altra soluzione che potrebbe<br />

essere, invece, molto più viabile<br />

(sic), sarebbe l’obbligatorietà<br />

di iscriversi anteriormente alle<br />

liste elettorali per cui il Consolato<br />

manderebbe le buste solo<br />

ed esclusivamente a coloro che<br />

hanno chiesto l’iscrizione alla lista<br />

elettorale e che quindi sono<br />

disponibili a votare”.<br />

Chiuden<strong>do</strong> l’intervista, <strong>Comunità</strong><br />

ha chiesto: sono in discussione<br />

sia la legge elettorale<br />

generale come quella per gli italiani<br />

all’estero. Si può dire che il<br />

centrodestra, quan<strong>do</strong> era al governo,<br />

ha fatto le pentole ma<br />

non i coperchi?<br />

Ecco la monocorde risposta<br />

del Senatore: “Io continuo<br />

ad avere grande ammirazione<br />

per il ministro tremaglia che ha<br />

fatto della sua vita un obiettivo,<br />

quello di concedere il voto<br />

degli italiani all’estero, evidentemente<br />

qualcosa non ha funzionato<br />

e poteva essere anche<br />

prevedibile che era bastanza<br />

(sic) complesso”.<br />

Cadea<strong>do</strong> <strong>do</strong> amor<br />

A<br />

Prefeitura de Roma acaba de encontrar<br />

uma solução para manter<br />

viva a chama de amor que tomou<br />

conta da Ponte Milvio, no bairro trastevere.<br />

Nada de mudanças de local. Casais<br />

apaixona<strong>do</strong>s poderão seguir o já conheci<strong>do</strong><br />

ritual de escrever os nomes nos cadea<strong>do</strong>s,<br />

fazer juras de amor eterno e jogar as<br />

chaves no <strong>Rio</strong> tibre. Mas, agora, os lampi-<br />

Rumo ao shopping<br />

Quem conhece ape<strong>nas</strong> o centro histórico de Roma<br />

pode até pensar que não existem shopping centers<br />

na capital italiana. Puro engano. Fazer compras<br />

na Cidade Eterna não se resume a uma ida à Via dei<br />

Con<strong>do</strong>tti, onde estão as grandes grifes, ou até mesmo<br />

às ruas próximas aos principais pontos turísticos.<br />

A cidade conta com muitos shopping centers, espalha<strong>do</strong>s<br />

por toda a cidade. O mais novo, apresenta<strong>do</strong><br />

como o maior de toda a Europa, foi inaugura<strong>do</strong> no<br />

fim de julho. Porta di Roma possui 220 lojas, 14 salas<br />

de cinema, 17 restaurantes e um estacionamento<br />

com sete mil vagas. Localiza<strong>do</strong> no coração <strong>do</strong> bairro<br />

bufalotta, na periferia norte, o novo centro comercial<br />

foi construí<strong>do</strong> numa superfície de 150 mil metros<br />

quadra<strong>do</strong>s. Além de lojas tradicionais como Oviesse,<br />

Ikea, H&M, Ri<strong>nas</strong>cente, Zara, Fnac e Coin, no teto <strong>do</strong><br />

Porta di Roma tem uma academia de ginástica com<br />

piscina, quatro quadras de tênis, área de recreação<br />

para as crianças e <strong>do</strong>is restaurantes.<br />

ões serão poupa<strong>do</strong>s. Ao longo da histórica<br />

ponte, foram coloca<strong>do</strong>s 24 suportes metálicos<br />

liga<strong>do</strong>s por correntes, nos quais os<br />

casais poderão deixar tranqüilamente os<br />

cadea<strong>do</strong>s sem que eles corram a ameaça<br />

de cair, como ocorreu com os lampiões. A<br />

moda foi lançada pelo casal de protagonistas<br />

<strong>do</strong> livro Ho voglia di te, de Federico<br />

Moccia.<br />

Fotos: Reprodução<br />

ROma<br />

Valquíria Rey<br />

A céu aberto<br />

Em Roma, faça como os romanos. De acor<strong>do</strong><br />

com uma pesquisa divulgada recentemente,<br />

a moda neste verão é almoçar com<br />

os amigos a céu aberto. Isso mesmo. Nada<br />

de restaurantes convencionais. Segun<strong>do</strong> o levantamento,<br />

38% <strong>do</strong>s jovens da cidade buscam<br />

na internet soluções rápidas e práticas<br />

para fazer um piquenique, sem perder tempo<br />

na preparação da comida. Entre os produtos<br />

preferi<strong>do</strong>s, salada de arroz, ovos, tortas rústicas,<br />

carpaccio de peixe espada defuma<strong>do</strong> e<br />

uma boa garrafa de vinho. Onde ir? A qualquer<br />

um <strong>do</strong>s inúmeros parques da cidade.<br />

Noite em claro<br />

Para quem vai estar em Roma no início<br />

de setembro, uma boa dica é se<br />

preparar para a Notte bianca, a noite em<br />

claro organizada pela Prefeitura. No dia<br />

7, está programa<strong>do</strong> o Esperan<strong>do</strong> pela notte<br />

bianca, evento com inúmeras atrações<br />

das 21h às 24h. Já no dia 8, das 20h às<br />

8h, tu<strong>do</strong> vai funcionar na cidade: transporte<br />

público, restaurantes, museus, cinemas,<br />

lojas, mostras e exposições para<br />

to<strong>do</strong>s os gostos e estilos. Para quem quiser<br />

conferir as atividades que serão oferecidas<br />

na versão 2007, a página www.<br />

lanottebianca.it já mostra os detalhes.<br />

Boca-livre<br />

Comer de graça em Roma é possível, sim<br />

senhor. basta descobrir os lugares certos<br />

e a hora adequada: sempre no início da<br />

noite. A happy hour romana não é como a<br />

brasileira, em que a maioria <strong>do</strong>s lugares oferece<br />

bebida com 50% de desconto ou o <strong>do</strong>uble<br />

drink. Aqui, você pede algo para beber<br />

– cerveja, vinho ou coquetéis – e tem direito<br />

a comer o quanto quiser nos bufês que são<br />

ofereci<strong>do</strong>s nos barzinhos romanos. Em muitos<br />

locais, a variedade é enorme e as opções<br />

equivalem a uma refeição: queijos, salames,<br />

saladas, bruschette, sanduíches e por aí vai.<br />

22 C o m u n i t à i t a l i a n a / ag o s t o 2007<br />

a g o s t o 2007 / Co m u n i t à i t a l i a n a 23


economia<br />

Aline Buaes<br />

A<br />

troca comercial entre brasil<br />

e Itália flui em ritmo<br />

acelera<strong>do</strong>. E as estatísticas<br />

comprovam que este<br />

intercâmbio tem evoluí<strong>do</strong> com<br />

vantagens em via de mão dupla.<br />

As exportações brasileiras para o<br />

parceiro europeu aumentaram,<br />

em volume de dólares, 16,8%<br />

no primeiro trimestre deste ano,<br />

compara<strong>do</strong> com o de 2006. Os<br />

italianos demonstraram ainda<br />

mais agilidade: no mesmo perío<strong>do</strong>,<br />

elevou-se em 33,3% o valor<br />

das importações feitas pelo país<br />

latino-americano.<br />

Diante <strong>do</strong> momento especialmente<br />

propício – após a recente<br />

elevação <strong>do</strong> brasil ao status de<br />

parceiro estratégico da União Européia<br />

– para atrair investimentos<br />

italianos no <strong>Rio</strong>, o governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong><br />

esta<strong>do</strong>, Sérgio Cabral, não perdeu<br />

tempo. Organizou uma comitiva<br />

com cerca de 200 empresários e<br />

autoridades de diversos setores<br />

<strong>do</strong> poder público e deve partir,<br />

no próximo 15 de setembro, em<br />

viagem de negócios à Itália.<br />

Atualmente, embora a penetração<br />

italiana no país se dê de<br />

mo<strong>do</strong> mais veloz <strong>do</strong> que o inverso,<br />

a balança comercial pende,<br />

em valores absolutos, a favor <strong>do</strong><br />

brasil. Segun<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s da Agência<br />

de Promoção de Exportações<br />

e Investimentos <strong>do</strong> brasil (Apexbrasil),<br />

<strong>do</strong>s 33.919 bilhões de<br />

dólares obti<strong>do</strong>s pela exportação<br />

de produtos brasileiros, 1,10 bilhão<br />

veio da Itália. Em contrapartida,<br />

a Itália conseguiu 733<br />

milhões de dólares em produtos<br />

adquiri<strong>do</strong>s pelo brasil em 2007,<br />

enquanto em 2006, foram vendi<strong>do</strong>s<br />

550 milhões.<br />

Ainda em 2006, houve registro<br />

de mais de três bilhões de dólares<br />

em exportações brasileiras<br />

para a Itália. Da<strong>do</strong>s como este<br />

injetaram ânimo à futura missão<br />

de Cabral em terras italia<strong>nas</strong>.<br />

Representantes da indústria, <strong>do</strong><br />

comércio, assim como <strong>do</strong>s setores<br />

de serviços e de agronegócios<br />

vão integrar a comitiva liderada<br />

pelo governa<strong>do</strong>r, com o objetivo<br />

de abrir espaço no merca<strong>do</strong> italiano<br />

para o investimento de empresários<br />

fluminenses.<br />

Se o <strong>Rio</strong> partiu na frente de<br />

outros esta<strong>do</strong>s para aproveitar<br />

o momento favorável e estabelecer<br />

parcerias comerciais com<br />

a Itália, esta teve o mérito das<br />

primeiras iniciativas diplomáticas<br />

de aproximação com o país<br />

<strong>do</strong> hemisfério sul. Em curto espaço<br />

de tempo, vieram ao brasil<br />

três influentes vozes italia<strong>nas</strong>: o<br />

premier Romano Prodi, no fim de<br />

março; o vice-ministro das Relações<br />

Exteriores, Franco Danielli,<br />

em maio e, o próprio ministro<br />

das Relações Exteriores, Massimo<br />

D’Alema, no final de 2006.<br />

Cabral pretende estreitar os<br />

laços que garantiram a instalação<br />

no <strong>Rio</strong> de Janeiro de empresas<br />

italia<strong>nas</strong> de grande porte<br />

como a tim Celular, a terna Participações<br />

e a Enel, de energia elétrica,<br />

e a Eni, <strong>do</strong> ramo de combustíveis.<br />

No contexto nacional,<br />

há marcas fortes como a Fiat, a<br />

Campari, o Intesa Sanpaolo e a<br />

Via expressa<br />

<strong>Rio</strong>-Roma<br />

O fluxo de investimentos na rota Brasil-Itália nunca foi tão intenso<br />

e os fluminenses partem na dianteira na disputa por oportunidades<br />

de incrementar esse intercâmbio comercial<br />

sílVia so U z a E al i n E bUa E s<br />

Principais empresas brasileiras na Itália<br />

(Fonte: Ministério <strong>do</strong> Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior)<br />

Alitalia também fincaram raízes<br />

deste la<strong>do</strong> <strong>do</strong> Atlântico.<br />

O trânsito entre as duas nações<br />

escoa cada vez mais intenso,<br />

mas o brasil não figura ainda<br />

entre os principais países fornece<strong>do</strong>res<br />

ou importa<strong>do</strong>res da bota<br />

(Alemanha, França, China e<br />

Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s). E ela aparece<br />

no quinto lugar entre os mais<br />

fortes países investi<strong>do</strong>res, sen<strong>do</strong><br />

que o brasil mantém contatos<br />

ainda mais profícuos com os<br />

Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, Argentina, Alemanha<br />

e Japão.<br />

Portanto, o governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong><br />

<strong>Rio</strong> tem pela frente o desafio de<br />

incrementar a troca comercial<br />

brasil-Itália. Como meta, o <strong>Rio</strong><br />

tem a conquistar, não só novas<br />

oportunidades de investimentos,<br />

como abrir espaço no país europeu<br />

para os produtos e serviços<br />

fluminenses.<br />

União contra o perigo chinês<br />

As indústrias mecânicas no brasil<br />

e na Itália estão mais unidas<br />

<strong>do</strong> que nunca para enfrentar a<br />

China, voraz concorrente por sua<br />

Principais empresas italia<strong>nas</strong> no Brasil<br />

(Fonte: Câmara Ítalo-brasileira de Comércio e Indústria de São Paulo)<br />

produção de baixíssimo custo<br />

também neste setor. Por exemplo,<br />

há um projeto desenvolvi<strong>do</strong><br />

em conjunto que envolve tecnologias<br />

e produção de plásticos.<br />

— É uma área na qual o brasil<br />

possui uma forte tradição industrial,<br />

enquanto a Itália mantém<br />

liderança importante. A partir<br />

<strong>do</strong>s próximos meses, estaremos<br />

desenvolven<strong>do</strong> uma parceria estratégica<br />

entre empresas de maquinário<br />

brasileiras e italia<strong>nas</strong>,<br />

que deverá levar à constituição<br />

de empresas de capital misto ítalo-brasileiras.<br />

Para enfrentar essa<br />

concorrência chinesa, na indústria<br />

mecânica, produtores italianos<br />

e brasileiros estudam formas<br />

de parcerias para se chegar a um<br />

produto que possa ser competitivo<br />

em termos de preços em relação<br />

aos produtos chineses e que,<br />

ao mesmo tempo, seja um produto<br />

qualitativamente superior<br />

— diz o diretor <strong>do</strong> Instituto de<br />

Comércio Exterior da Itália (ICE),<br />

Giovanni Sacchi.<br />

Segun<strong>do</strong> ele, recém-chega<strong>do</strong><br />

a São Paulo, onde assumiu o cargo<br />

em 3 de julho, o brasil interessa<br />

tanto à Itália que ela decidiu,<br />

nos últimos meses, abrir<br />

três sedes operativas no país.<br />

Uma delas já funciona no <strong>Rio</strong> de<br />

Janeiro, e as outras duas devem<br />

ser instaladas em breve, em belo<br />

Horizonte e em Porto Alegre.<br />

— tive sorte em chegar ao<br />

brasil num momento em que as<br />

relações com a Itália estão em<br />

forte expansão e crescimento.<br />

Pelos da<strong>do</strong>s estatísticos, muito<br />

provavelmente em 2007 o intercâmbio<br />

comercial deve chegar<br />

a 7,5 bilhões de dólares e<br />

as exportações brasileiras para<br />

a Itália continuarão muito fortes.<br />

Estamos realmente em um<br />

perío<strong>do</strong> de grande efervescência<br />

— avalia Sacchi, que trabalhou<br />

<strong>nas</strong> sedes <strong>do</strong> ICE em Hong Kong,<br />

na ásia, e na bulgária, no Leste<br />

Europeu.<br />

Para Sacchi, há uma tendência<br />

evolutiva <strong>nas</strong> relações entre<br />

os países parceiros. Em 2006,<br />

segun<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> governo brasileiro,<br />

as exportações da Itália<br />

para o brasil já haviam aumenta<strong>do</strong><br />

27,6% em relação ao mesmo<br />

perío<strong>do</strong> <strong>do</strong> ano anterior.<br />

Troca-troca em mutação<br />

Se a Itália envia para o país latino-americano<br />

tecnologia e maquinário,<br />

este tem exporta<strong>do</strong> para<br />

Evolução da<br />

importação<br />

e exportação<br />

Brasil-Itália<br />

Brasil - Exportação<br />

Jan-Mar 2006<br />

29.387<br />

bilhões<br />

33.919<br />

bilhões<br />

20.110<br />

bilhões<br />

25.219<br />

bilhões<br />

945<br />

milhões<br />

Mun<strong>do</strong> Itália<br />

Brasil - Exportação<br />

Jan-Mar 2007<br />

1.104<br />

bilhões<br />

Mun<strong>do</strong> Itália<br />

Aumento de 16,8%. As exportações<br />

para a Itália representam 3,3% <strong>do</strong><br />

total feito pelo Brasil.<br />

Itália - Exportação<br />

Jan-Mar 2006<br />

550<br />

milhões<br />

Mun<strong>do</strong> Brasil<br />

Itália - Exportação<br />

Jan-Mar 2007<br />

733<br />

milhões<br />

Mun<strong>do</strong> Brasil<br />

Aumento de 33,3%. As exportações<br />

para o Brasil representam 2,9% <strong>do</strong><br />

total feito pela Itália.<br />

Sal<strong>do</strong> comercial superavitário é igual<br />

a Us$371 milhões para o Brasil<br />

24 C o m u n i t à i t a l i a n a / ag o s t o 2007<br />

a g o s t o 2007 / Co m u n i t à i t a l i a n a 25<br />

Fonte: Apex-Brasil


Infográfico: Alberto Carvalho / Fonte: Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio e Indústria de São Paulo<br />

economia<br />

“Pelos da<strong>do</strong>s<br />

estatísticos,<br />

muito<br />

provavelmente<br />

em 2007, o<br />

intercâmbio<br />

comercial<br />

entre Brasil e<br />

Itália chega a<br />

7,5 bilhões de<br />

dólares”<br />

GiO V a n n i sa c c h i , d i r e t O r<br />

d O ice-sã O Pa u l O”<br />

o parceiro europeu principalmente<br />

alimentos e matéria-prima –<br />

com registro de superávit de 371<br />

milhões de dólares. Mas o secretário-geral<br />

da Câmara ítalo-brasileira<br />

de Comércio e Indústria<br />

de São Paulo, Francesco Paternò,<br />

acredita em mudanças no quadro<br />

de itens de interesse <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is países<br />

nos próximos anos. Empre-<br />

Principais produtos importa<strong>do</strong>s da Itália<br />

Máqui<strong>nas</strong>; utensílios<br />

industriais e acessórios<br />

Veículos; partes de outras máqui<strong>nas</strong><br />

e aparelhos de terraplanagem; peças<br />

de reposição e acessórios<br />

Produtos químicos<br />

e deriva<strong>do</strong>s<br />

Instrumentos óticos e<br />

fotográficos, de medida e<br />

controle; médico-cirúrgicos<br />

Produtos têxteis;<br />

calça<strong>do</strong>s e couro<br />

3,4%<br />

sas italia<strong>nas</strong> já demonstram a<br />

intenção, segun<strong>do</strong> Paternò, de<br />

pré-elaborar produtos no brasil,<br />

em função da mão-de-obra mais<br />

barata e da adequação <strong>do</strong> desenvolvimento<br />

tecnológico brasileiro<br />

aos padrões internacionais.<br />

— O país deve passar a importar<br />

da Itália produtos semimanufatura<strong>do</strong>s,<br />

ou seja, ao invés<br />

de adquirir mármores e granitos<br />

prontos, esses materiais serão<br />

trabalha<strong>do</strong>s aqui no brasil, agregan<strong>do</strong><br />

mais valor à peça final —<br />

explica, lembran<strong>do</strong> que a estabilidade<br />

econômica, a diminuição<br />

<strong>do</strong> Risco brasil e o valor <strong>do</strong> câmbio<br />

têm favoreci<strong>do</strong> as exportações<br />

brasileiras.<br />

O brasil fornece atualmente<br />

para a bota café não-torra<strong>do</strong>,<br />

não-descafeina<strong>do</strong> e em grãos; minério<br />

de ferro aglomera<strong>do</strong> e seus<br />

concentra<strong>do</strong>s; grãos de soja, mesmo<br />

tritura<strong>do</strong>s, e pasta química de<br />

madeira de árvores não coníferas.<br />

tais produtos representam, juntos,<br />

mais de 30% <strong>do</strong> total de produtos<br />

destina<strong>do</strong>s à Itália.<br />

O país europeu, por sua vez,<br />

tem exporta<strong>do</strong> para o brasil, em<br />

maior quantidade, máqui<strong>nas</strong>,<br />

utensílios industriais e acessórios;<br />

veículos; partes de outras<br />

máqui<strong>nas</strong> e aparelhos de terra-<br />

13,2%<br />

11,2%<br />

19,5%<br />

planagem; peças de reposição<br />

e acessórios; produtos químicos<br />

e deriva<strong>do</strong>s; instrumentos óticos<br />

e fotográficos, instrumentos<br />

de medida e controle; aparelhos<br />

médico-cirúrgicos, partes destes<br />

e acessórios; além de produtos<br />

têxteis, roupas, calça<strong>do</strong>s e couro.<br />

A lista representa mais de<br />

70% <strong>do</strong> que o brasil importou.<br />

Fim da era <strong>do</strong> gelo<br />

O novo status de estabilidade da<br />

economia brasileira, com o aumento<br />

<strong>do</strong> poder aquisitivo da população,<br />

tem favoreci<strong>do</strong> a aproximação<br />

brasil-Itália. Mas houve<br />

um perío<strong>do</strong> de inércia nesse relacionamento.<br />

— Esse perío<strong>do</strong> de estagnação<br />

só foi rompi<strong>do</strong> nos últimos<br />

três anos — analisa Francesco<br />

Paternò, para quem o pontapé<br />

inicial, na quebra <strong>do</strong> gelo<br />

na relação econômica,<br />

foi a inclusão <strong>do</strong> país em<br />

desenvolvimento no bRIC<br />

(brasil, Rússia, índia e<br />

China).<br />

Com isso, segun<strong>do</strong><br />

ele, a Itália tem expandi<strong>do</strong><br />

a sua presença institucional<br />

e empresarial<br />

no brasil. Mas o secretário-geral<br />

da Câmara ad-<br />

33,4%<br />

mite que os acor<strong>do</strong>s poderiam<br />

ser mais freqüentes e<br />

melhor aproveita<strong>do</strong>s.<br />

— Na verdade, o brasil<br />

precisava estabelecer<br />

regras mais claras e<br />

definidas para investimentos<br />

em suas agências<br />

de promoção, o<br />

que facilitaria os contratos.<br />

Esse é um problema<br />

internacional, ou<br />

seja, gera prejuízo nos negócios<br />

com outros países também<br />

— pondera.<br />

Para melhor divulgar<br />

produtos e empresas, mesmo<br />

as de pequeno ou de<br />

médio porte, ambos os<br />

países têm investi<strong>do</strong>,<br />

entre outras coisas,<br />

na participação em<br />

feiras e atividades<br />

promocionais. Caso<br />

de uma missão<br />

empresarial brasileira<br />

ao Convention Wine<br />

Food Abruzzo e da participação<br />

da Itália, em<br />

São Paulo, na Feira Internacional<br />

de Meio Ambiente<br />

Industrial (Fimai), eventos<br />

financia<strong>do</strong>s pelo ICE, e<br />

previstos para acontecerem em<br />

setembro e outubro, respectivamente.<br />

— Neste último evento,<br />

vamos intervir com seminários<br />

tecnológicos sobre<br />

alguns setores importantes,<br />

como a reciclagem<br />

de materiais plásticos,<br />

e também buscaremos<br />

ajudar e apoiar as empresas<br />

italia<strong>nas</strong> no contato<br />

com parceiros brasileiros<br />

— anuncia Sacchi,<br />

diretor <strong>do</strong> ICE.<br />

O planejamento para<br />

promover o made in Italy<br />

tem passa<strong>do</strong> pela elaboração<br />

de planos conjuntos entre<br />

ministérios e organizações. Geralmente,<br />

as agendas são fechadas<br />

a cada três anos. tu<strong>do</strong> para<br />

internacionalizar as empresas<br />

italia<strong>nas</strong> que querem globalizar<br />

seus serviços.<br />

Segun<strong>do</strong> a Câmara de ítalobrasileira<br />

de Comércio e Indústria<br />

de São Paulo, as empresas italia<strong>nas</strong><br />

têm se interessa<strong>do</strong> em participar<br />

da economia em esta<strong>do</strong>s da<br />

região Centro-Sul <strong>do</strong> brasil, mas<br />

destacam-se os setores de turismo,<br />

açúcar, álcool e bioenergia,<br />

com empresas parceiras atuan<strong>do</strong><br />

em esta<strong>do</strong>s como São Paulo, Mato<br />

Grosso, Mato Grosso <strong>do</strong> Sul, tocantins<br />

e Goiás. Mas sempre há as<br />

exceções, exemplo da M&G.<br />

— <strong>Italiana</strong> de tortona, Piemonte,<br />

a empresa Mossi Ghisolfi<br />

(M&G) fez um grande investimento<br />

em fevereiro deste ano inauguran<strong>do</strong><br />

no esta<strong>do</strong> de Pernambuco<br />

a maior fábrica <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> para a<br />

produção de resina PEt, matéria-<br />

Principais produtos exporta<strong>do</strong>s para a Itália<br />

18,1%<br />

16,9%<br />

Couro e pele<br />

Minérios de ferro aglomera<strong>do</strong>s<br />

e seus concentra<strong>do</strong>s<br />

7,2%<br />

6,7%<br />

6,6%<br />

prima utilizada na produção de<br />

garrafas de refrigerantes, água<br />

mineral e óleos comestíveis. A<br />

M&G é hoje uma empresa de proporções<br />

multinacionais, mas tra-<br />

“O Brasil<br />

precisava<br />

estabelecer<br />

regras mais<br />

claras e<br />

definidas para<br />

investimentos<br />

em suas<br />

agências”<br />

Fra n c e s c O Pa t e r n ò ,<br />

s e c r e tá r i O-G e r a l d a<br />

câ m a r a íta l O-Br a s i l e i r a d e<br />

cO m é r c i O e in d u s t r i a d e sP<br />

Grãos, frutas e plantas<br />

6,2%<br />

pasta química de<br />

madeira de árvores<br />

não coníferas<br />

café não-torra<strong>do</strong>,<br />

não-descafeina<strong>do</strong><br />

e em grãos<br />

Carne<br />

dicionalmente italiana, com uma<br />

administração 100% italiana —<br />

recorda Sacchi.<br />

E o secretário-geral da Câmara<br />

de ítalo-brasileira de Comércio<br />

e Indústria de São Paulo ainda<br />

lembra outro caso de empreendimento<br />

fora <strong>do</strong> eixo tradicional de<br />

rodadas de negócios no brasil.<br />

— A Danieli <strong>do</strong> brasil, siderúrgica<br />

cuja produção de aço<br />

plano tem grande crescimento,<br />

está em Fortaleza. E para os italianos,<br />

interessam as redes turísticas<br />

da bahia ao <strong>Rio</strong> Grande <strong>do</strong><br />

Norte — salienta Paternò, lembran<strong>do</strong><br />

que Milão já importa moda<br />

brasileira, incluin<strong>do</strong> o couro,<br />

item importante na lista de compra<br />

italiana.<br />

— Esperamos os frutos da associação<br />

entre Petrobras e ENI,<br />

no campo da energia. Mas quan<strong>do</strong><br />

se fala em cerâmica, setor<br />

moveleiro e agroindústria, é a<br />

região da Emilia Romagna quem<br />

mais mantém intercâmbio com o<br />

brasil — aponta.<br />

26 C o m u n i t à i t a l i a n a / ag o s t o 2007<br />

a g o s t o 2007 / Co m u n i t à i t a l i a n a 27


entrevista<br />

A redescoberta<br />

<strong>do</strong> Novo Mun<strong>do</strong><br />

Embaixa<strong>do</strong>r da União Européia (UE) no Brasil, o português João José Soares Pacheco, é um entusiasta<br />

<strong>do</strong> momento político e econômico <strong>do</strong> Brasil, que ele vê como uma das nações mais importantes entre<br />

as emergentes, um lugar onde, segun<strong>do</strong> ele, a Europa está disposta a investir mais <strong>do</strong> que nunca. Em<br />

entrevista exclusiva a <strong>Comunità</strong>, em Brasília, João Pacheco revela a quantas andam as negociações<br />

comerciais entre o Velho Mun<strong>do</strong>, Brasil e Mercosul. Diz que aposta numa evolução ainda mais ágil<br />

nesse intercâmbio com a conclusão da Rodada de Doha [negociações no âmbito da Ordem Mundial<br />

de Comércio (OMC) para redução de barreiras comerciais no mun<strong>do</strong>]. Pacheco demonstra estar atento<br />

também ao que ocorre ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Brasil. Vê com bons olhos a entrada da Venezuela no Mercosul,<br />

embora admita se manter em compasso de espera enquanto aguarda o detalhamento das condições em<br />

torno desse ingresso. Defende ainda a legitimidade da medida boliviana de se apoderar de seus recursos<br />

naturais, mas adverte que tal procedimento pode, sim, afugentar investi<strong>do</strong>res estrangeiros.<br />

Fábio li n o<br />

Divulgação<br />

<strong>Comunità</strong> <strong>Italiana</strong> – Como<br />

o Brasil se insere no seio<br />

da UE?<br />

João Pacheco – Os investimentos<br />

diretos da União<br />

Européia no brasil [mais de 80<br />

bilhões de euros] são superiores<br />

à soma de investimentos diretos<br />

nos outros países bRIC, ou seja,<br />

na Rússia, na índia e na China,<br />

o que é muito importante. Para<br />

nós, o brasil é uma das nações<br />

mais importantes entre os países<br />

emergentes. Nós temos uma<br />

história de relações que é muito<br />

longa, de séculos. E temos<br />

uma história de investimentos<br />

no brasil que para muitas companhias<br />

é centenária. Não é algo<br />

que aconteceu agora, mas há<br />

muitos anos.<br />

CI – Um <strong>do</strong>s objetivos de Portugal<br />

à frente da UE é fazer com que esta<br />

olhe mais para a América Latina,<br />

por intermédio <strong>do</strong> Brasil. A<br />

região estava esquecida? Como<br />

seria esse novo olhar?<br />

JP – Eu não acho justo dizer que<br />

a UE esqueceu a América Latina.<br />

Há um esforço de aproximação.<br />

temos realiza<strong>do</strong> cimeiras com a<br />

região a cada <strong>do</strong>is anos. A última<br />

foi em Viena e vamos ter no<br />

próximo ano uma em Lima (Peru).<br />

Agora, acho que a parceria<br />

estratégica com o brasil vai reforçar<br />

o interesse da Europa na<br />

América <strong>do</strong> Sul e o interesse <strong>do</strong><br />

brasil pela Europa.<br />

CI – O Brasil era o único <strong>do</strong>s países<br />

BRIC que não tinha parceria<br />

estratégica com a UE. A proposta<br />

partiu de Portugal. O que a UE espera<br />

dela?<br />

JP – Nós achamos que é uma iniciativa<br />

que só peca por ter vin<strong>do</strong><br />

agora. Porque, como disse antes,<br />

só não tinha uma parceria estratégica<br />

com o brasil. Reconhecemos<br />

agora que o brasil tem uma<br />

influência cada vez maior no mun<strong>do</strong>,<br />

além da que tem na região.<br />

Nós, europeus, queremos ter uma<br />

boa relação como os países que<br />

tenham a maior influência na sua<br />

região e que tenham mais a dizer<br />

ao mun<strong>do</strong>. Isso ajuda a construir<br />

um mun<strong>do</strong> mais equilibra<strong>do</strong>,<br />

mais multipolar. Além disso, vai<br />

nos trazer uma maior colaboração<br />

em to<strong>do</strong>s os assuntos mundiais.<br />

Por exemplo, a questão das mudanças<br />

climáticas. Um <strong>do</strong>s temas<br />

centrais da nossa parceria estratégica<br />

é ver o que nós podemos<br />

fazer em comum <strong>nas</strong> Nações Unidas<br />

para ir além <strong>do</strong> protocolo de<br />

Kyoto. também <strong>nas</strong> Nações Unidas<br />

devemos trabalhar de forma<br />

mais estreita na Comissão <strong>do</strong>s Direitos<br />

Humanos, na Comissão para<br />

a Paz. Vamos explorar toda cooperação<br />

possível porque temos<br />

valores muito próximos. Vamos<br />

fazer mais <strong>do</strong> que temos agora.<br />

CI – Nos termos da parceria há<br />

uma questão energética. Como<br />

será esse trabalho?<br />

JP – Nós queremos incorporar<br />

mais biocombustível na gasolina<br />

e no óleo diesel na Europa. O<br />

brasil é o líder na produção desse<br />

tipo de produto, sobretu<strong>do</strong> o<br />

etanol. Já temos um memoran<strong>do</strong><br />

de entendimento que já foi assina<strong>do</strong><br />

em bruxelas, durante a visita<br />

<strong>do</strong> presidente Lula de julho.<br />

Devemos desenvolver a cooperação<br />

para explorar novas gerações<br />

de biocombustíveis em outros<br />

países, provavelmente na áfrica,<br />

aproveitan<strong>do</strong> a técnica <strong>do</strong> brasil.<br />

Além disso, vamos desenvolver<br />

nossa parceria no meio da pesqui-<br />

sa, ciência e tecnologia. Aliás, em<br />

setembro, teremos reuniões para<br />

lançar essa parceria com o brasil,<br />

que é, fora <strong>do</strong> G8, o país que mais<br />

produz em termos científicos. Nós<br />

temos interesse em desenvolver<br />

pesquisa e desenvolvimento, não<br />

só na área de energia renovável,<br />

mas em todas as áreas, transporte<br />

marítimo, educação...<br />

CI – Como está a cooperação<br />

nessas questões?<br />

JP – Há duas grandes áreas de<br />

cooperação em educação. Uma<br />

envolve a oferta de bolsas para<br />

estudantes brasileiros de mestra<strong>do</strong><br />

e de <strong>do</strong>utora<strong>do</strong> na Europa.<br />

Nos últimos cinco anos, mais de<br />

2.500 estudantes ganharam bolsas.<br />

Nós queremos <strong>do</strong>brar esse<br />

número. Na outra área, queremos<br />

criar institutos de estu<strong>do</strong>s europeus.<br />

Vamos procurar universidades<br />

que desenvolvem atividades<br />

em relações internacionais para<br />

que invistam em estu<strong>do</strong>s europeus.<br />

temos recursos financeiros<br />

e discutiremos com o governo<br />

brasileiro e entidades universitárias.<br />

Creio que podemos criar<br />

cinco ou seis centros de estu<strong>do</strong>s<br />

europeus aqui no brasil. O que já<br />

é uma boa atuação. temos ainda<br />

rede de cooperação entre universidades<br />

que queremos continuar.<br />

CI – E no setor de transportes?<br />

JP – Nós assinamos um memoran<strong>do</strong><br />

de entendimento com o brasil<br />

sobre transporte marítimo. A idéia<br />

é saber como melhorar ligações<br />

marítimas, sobretu<strong>do</strong> para transporte<br />

de merca<strong>do</strong>rias. Nós achamos<br />

que o brasil tem interesse de<br />

ter mais oferta marítima de transporte<br />

de carga porque isso baixa<br />

o custo da exportação <strong>do</strong> produto<br />

brasileiro, principalmente para<br />

a Europa. E para as nossas empresas<br />

de transportes marítimos<br />

é interessante ter mais negócio.<br />

também estamos ven<strong>do</strong> a possibilidade<br />

de ajuda para melhorar<br />

os portos brasileiros, como dragagens,<br />

e a navegação fluvial. Neste<br />

quesito, inclusive, temos bastante<br />

competência e condição de ajudar<br />

o brasil, e estamos no começo de<br />

um bom diálogo. O país tem grande<br />

potencial de navegação fluvial<br />

que não é aproveita<strong>do</strong>. Na Europa<br />

nós temos uma navegação dinâmica,<br />

competência e interesse de<br />

ter uma parceria com o brasil.<br />

CI – A Europa tem interesse em<br />

investir <strong>nas</strong> obras <strong>do</strong> Programa<br />

de Aceleração <strong>do</strong> Crescimento<br />

(PAC)?<br />

JP – Cada empresa européia está<br />

ven<strong>do</strong> como pode contribuir para<br />

o PAC. É uma área interessante.<br />

Nós também temos interesse <strong>nas</strong><br />

Parcerias Público Priva<strong>do</strong> (PPP) e<br />

de ajudar <strong>nas</strong> agências regula<strong>do</strong>ras.<br />

Ou seja, temos que ter um<br />

clima de segurança que favoreça<br />

os investimentos.<br />

“Eu não acho<br />

justo dizer que<br />

a UE esqueceu a<br />

América Latina.<br />

Há um esforço<br />

de aproximação.<br />

Temos realiza<strong>do</strong><br />

cimeiras com<br />

América <strong>do</strong> Sul<br />

e Caribe a cada<br />

<strong>do</strong>is anos”<br />

CI – O senhor falou em segurança<br />

para os investimentos. O<br />

Mercosul está com a proposta<br />

de inclusão de países que estão<br />

passan<strong>do</strong> com grandes problemas<br />

internos, como a Venezuela.<br />

O senhor acredita que esse fator<br />

pode diminuir os investimentos<br />

europeus na região?<br />

JP – A nossa posição é favorável<br />

à integração regional. E, portanto,<br />

nós vemos com bons olhos o<br />

ingresso da Venezuela ao Mercosul.<br />

É mais um parceiro, importante.<br />

É algo que em principio é<br />

positivo. Agora, precisamos ter<br />

mais clareza sobre as condições<br />

estabelecidas para este ingresso.<br />

O processo de integração da Venezuela<br />

no Mercosul foi feito de<br />

forma contrária aos processos de<br />

alargamento na União Européia.<br />

Lá, os países se candidatam e<br />

têm que negociar uma série de<br />

questões. Aqui foi diferente, mas<br />

essas situações não devem ser<br />

necessariamente iguais. Estamos<br />

confiantes de que a entrada da<br />

Venezuela não vai colocar em<br />

xeque as boas relações que temos<br />

com o Mercosul, e estamos<br />

atentos às negociações.<br />

CI – Como a UE vê os governos latinos<br />

de esquerda?<br />

JP – Na Europa tem governos de<br />

esquerda, de centro e de direi-<br />

28 C o m u n i t à i t a l i a n a / ag o s t o 2007<br />

a g o s t o 2007 / Co m u n i t à i t a l i a n a 29


entrevista<br />

ta. temos alternância normal. Na<br />

Itália, atualmente o governo é<br />

de esquerda, mas já foi de direita.<br />

Não temos qualquer problema<br />

em relação a isso, desde que se<br />

respeitem os princípios democráticos.<br />

Agora, nós temos uma<br />

posição de critica quanto a atenta<strong>do</strong>s<br />

à liberdade de expressão e<br />

vemos com inquietação o impedimento<br />

à prorrogação da concessão<br />

de um canal de televisão<br />

na Venezuela. Dizemos isso clara<br />

e fracamente e não afirmamos isso<br />

ape<strong>nas</strong> na América <strong>do</strong> Sul. Há<br />

problemas na Rússia, à qual nós<br />

também alertamos. Não é uma<br />

questão ape<strong>nas</strong> de ser de esquerda<br />

ou de direita. É uma questão<br />

de respeito à democracia.<br />

CI – Na Bolívia, o governo desapropriou<br />

várias empresas. Até<br />

onde isso implica nos investimentos<br />

no país?<br />

JP – Eu sou o representante da<br />

UE no brasil, portanto o enfoque<br />

sobre a bolívia não é fácil para<br />

mim. O que posso dizer é que nós<br />

respeitamos o direito de to<strong>do</strong>s os<br />

países a se apoderar, de maneira<br />

legítima, de seus recursos naturais.<br />

Agora, certas medidas tomadas<br />

não parecem facilitar a entrada<br />

de investimentos estrangeiros.<br />

São contra o investimento estrangeiro.<br />

Não creio que isso seja<br />

bom para a bolívia, assim como<br />

não é bom para qualquer outro<br />

país. O investimento estrangeiro<br />

direto na capacidade produtiva<br />

trás mais empregos, tecnologia e<br />

distribuição de riqueza. tu<strong>do</strong> isso<br />

enquadra<strong>do</strong> no respeito às leis<br />

de cada país. Medidas que podem<br />

ser entendidas contrárias aos investimentos<br />

estrangeiros não favorecem<br />

o desenvolvimento. Mas<br />

cada país decide por si.<br />

CI – Como deve evoluir o tratamento<br />

da UE em relação ao Brasil<br />

e ao Mercosul?<br />

JP – Nós continuamos interessa<strong>do</strong>s<br />

em reforçar a integração regional.<br />

Achamos que isso é bom<br />

para o desenvolvimento <strong>do</strong> país<br />

e para a estabilidade na região.<br />

Portanto, nós tu<strong>do</strong> faremos para<br />

ajudar a integração regional.<br />

Vamos fazer prosseguin<strong>do</strong> as negociações<br />

com o Mercosul, como<br />

bloco. Agora, dentro <strong>do</strong> Mercosul<br />

temos uma relação especial com<br />

o brasil. A questão é: será que<br />

isso ajuda? Acho que isso ajuda<br />

a nossa relação com o Mercosul<br />

porque se tivermos uma relação<br />

mais estreita, um diálogo mais<br />

concreto, compreenden<strong>do</strong> mais<br />

questões de um e de outros, isso<br />

vai nos auxiliar também na compreensão<br />

sobre o que a gente pode<br />

colaborar com o Mercosul.<br />

CI – O que falta para haver um<br />

salto de qualidade <strong>nas</strong> relações<br />

com o Mercosul?<br />

JP – O acor<strong>do</strong> ajuda muito. A UE é<br />

o maior bloco comercial <strong>do</strong> mun<strong>do</strong><br />

e o maior destino das exportações<br />

brasileiras, além de ser<br />

maior investi<strong>do</strong>r <strong>do</strong> brasil. E isso<br />

também deveria ser aborda<strong>do</strong><br />

com os outros países na hora de<br />

um acor<strong>do</strong>. O que falta é termos<br />

clareza sobre aquilo que é principal<br />

na negociação para to<strong>do</strong>s<br />

nós, brasil, países <strong>do</strong> Mercosul e<br />

UE, que é fechar a Rodada de Doha.<br />

Quan<strong>do</strong> nós tivermos clareza<br />

de quan<strong>do</strong> isso seria possível,<br />

podemos relançar as negociações<br />

com o Mercosul.<br />

CI – O Brasil se queixa de enfrentar<br />

dificuldades em por os<br />

seus produtos agrícolas na UE.<br />

A recente parceria pode ajudar a<br />

mudar isso?<br />

JP – Não diretamente, porque as<br />

questões comerciais devem ser resolvidas<br />

na Rodada de Doha ou na<br />

negociação com o Mercosul. Não<br />

haverá uma negociação comercial<br />

com o brasil porque o país já faz<br />

parte de um bloco comercial. Nós<br />

não podemos negociar só com o<br />

brasil, nós temos que negociar<br />

com os parceiros <strong>do</strong> Mercosul.<br />

Agora, deixa eu lhe dizer: em termos<br />

de barreiras, o brasil enfrenta<br />

menos barreiras com a Europa<br />

<strong>do</strong> que com o resto <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Já<br />

somos o maior destinatário de exportação<br />

<strong>do</strong> brasil e somos, ainda,<br />

de forma mais clara, o principal<br />

destinatário das exportações agrícolas<br />

brasileiras. O brasil exporta<br />

muito mais para a Europa <strong>do</strong> que<br />

para os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s. O brasil<br />

exporta carne fresca para a Europa<br />

e não exporta um único bife<br />

para o EUA. Acho que há menos<br />

barreiras na UE <strong>do</strong> que noutros<br />

países. A prova está na diferença<br />

entre esses fluxos comerciais.<br />

CI – Um <strong>do</strong>s itens da parceria são<br />

os Direitos Humanos. Como a UE<br />

pode contribuir nesta questão?<br />

JP – É uma questão interna. A Europa<br />

e o brasil têm a mesma visão<br />

de Direitos Humanos. O que<br />

há no brasil é um problema de<br />

respeito aos direitos humanos<br />

em determinadas áreas. Há um<br />

grande esforço <strong>do</strong> governo federal<br />

para resolver a situação.<br />

“O Brasil exporta<br />

muito mais para<br />

a Europa <strong>do</strong> que<br />

para os Esta<strong>do</strong>s<br />

Uni<strong>do</strong>s. O Brasil<br />

exporta carne<br />

fresca para a<br />

Europa e não<br />

exporta um único<br />

bife para o EUA”<br />

temos projetos de cooperação<br />

com o brasil. Eu vou te dar um<br />

exemplo: temos um para instalar<br />

ouvi<strong>do</strong>rias de polícias, temos<br />

outro para combater a violência<br />

e a tortura. Estamos sempre dispostos<br />

a ajudar. O problema não<br />

é de leis e nem de vontade política.<br />

O problema está na realidade<br />

<strong>do</strong> dia-a-dia. Agora, é algo<br />

que compete ape<strong>nas</strong> ao brasil resolver.<br />

Nós podemos ajudar, mas,<br />

para ser sincero, a maior parte <strong>do</strong><br />

trabalho tem que ser feito pelos<br />

brasileiros.<br />

Divulgação<br />

CI – E como está o investimento<br />

brasileiro na Europa?<br />

JP – Está melhoran<strong>do</strong>. No último<br />

ano, houve cinco bilhões de euros<br />

de investimento brasileiro na Europa,<br />

o que é uma coisa extraordinária.<br />

O brasil já está entre os dez<br />

maiores investi<strong>do</strong>res na Europa.<br />

Isso é bom. Isso quer dizer que as<br />

empresas brasileiras estão se internacionalizan<strong>do</strong><br />

e investin<strong>do</strong>.<br />

CI – E o investimento brasileiro<br />

na Europa tende a evoluir?<br />

JP – Isso é com as empresas. É<br />

muito difícil dizer. O que posso<br />

dizer é que o vemos com bons<br />

olhos. Gostamos muito de investimentos<br />

estrangeiros na Europa<br />

e, em particular, <strong>do</strong>s brasileiros.<br />

Isso é muito boa noticia.<br />

CI – Como o senhor analisa a inserção<br />

da Itália na EU?<br />

JP – A Itália é um grande país<br />

funda<strong>do</strong>r da União Européia.<br />

Entre os seis paises funda<strong>do</strong>res<br />

estava a Itália. O trata<strong>do</strong> de<br />

fundação da União Européia é<br />

o trata<strong>do</strong> de Roma. Eu sei que<br />

a Itália aqui no brasil tem uma<br />

das maiores comunidades e tem<br />

muitos brasileiros que possuem o<br />

passaporte italiano. Eu julgo que<br />

essa parceria estratégica com o<br />

brasil vai ajudar aproximar ainda<br />

mais os <strong>do</strong>is países.<br />

SaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSa<br />

Xô TPM!<br />

Os transtornos da tensão Pré-Menstrual<br />

(tPM) não atingem ape<strong>nas</strong><br />

as mulheres que sofrem desse mal, mas<br />

to<strong>do</strong>s a sua volta. Há, no entanto, como<br />

evitá-los. Cientistas da Universidade<br />

de Massachusetts, nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s,<br />

afirmam que uma dieta rica em cálcio e<br />

vitamina D ajuda a minimizar o problema.<br />

Um estu<strong>do</strong> comprovou que as mulheres<br />

sem tPM costumavam ingerir em<br />

média quatro porções por dia de leite<br />

desnata<strong>do</strong>, além de suco de laranja ou<br />

laticínios de baixo teor de gordura, como<br />

iogurtes.<br />

Coração na balança<br />

Obesos têm mais chances de sobreviver<br />

a ataques <strong>do</strong> coração e a crises<br />

de angina <strong>do</strong> que pessoas magras. Depois<br />

de analisar 1.676 pacientes, com peso<br />

normal e acima da média, interna<strong>do</strong>s<br />

após enfrentar um desses problemas,<br />

pesquisa<strong>do</strong>res suíços e alemães concluíram<br />

que, apesar da maior suscetibilidade<br />

às <strong>do</strong>enças cardíacas, os<br />

obesos têm três vezes menos chances<br />

de morrer em até três anos após<br />

o tratamento.<br />

Grupo Keystone<br />

Grupo Keystone<br />

Contra a cistite<br />

A<br />

<strong>do</strong>ença inflamatória ou infecciosa da bexiga<br />

atinge de 20 a 30% das mulheres entre<br />

20 e 50 anos, pelo menos uma vez por ano. Segun<strong>do</strong><br />

o professor Ro<strong>do</strong>lfo Milani, <strong>do</strong> Ospedale<br />

bassini Azienda Ospedaliera San Gerar<strong>do</strong> di<br />

Monza e da Università degli Studi Milano-bicocca,<br />

é possível diminuir os riscos de contraí-la.<br />

Além de sempre cuidar da higiene íntima com<br />

uma boa limpeza da área genital e urinária, o<br />

médico recomenda uma dieta rica em fibras e<br />

também beber <strong>do</strong>is litros de água por dia.<br />

Reprodução<br />

Inconveniente<br />

ma non troppo<br />

Pigmento existente no jamelão conheci<strong>do</strong><br />

por provocar o transtorno<br />

de manchas, quem diria, também pode<br />

ajudar na luta contra o câncer. Segun<strong>do</strong><br />

pesquisa<strong>do</strong>res da Universidade Estadual<br />

de Campi<strong>nas</strong> (Unicamp), o extrato da<br />

fruta contém antociaci<strong>nas</strong>, substâncias<br />

presentes na pigmentação que, em testes<br />

de laboratório, causaram a morte de<br />

uma média de 90% de células leucêmicas.<br />

Os testes foram feitos também em<br />

células sadias, das quais 20% morreram.<br />

Cuida<strong>do</strong> com a carne<br />

Pesquisa<strong>do</strong>res da Universidade de Leeds,<br />

na Inglaterra, reforçaram a idéia de que<br />

comer carne vermelha pode causar câncer de<br />

mama. De acor<strong>do</strong> com o estu<strong>do</strong> feito com 35<br />

mil mulheres, de 35 a 69 anos, as pacientes<br />

que comeram mais de 57 gramas diárias tiveram<br />

o risco da <strong>do</strong>ença eleva<strong>do</strong> em 56%. A<br />

taxa subiu para 64 % entre as que colocavam<br />

no prato mais de 20 gramas de carne processada<br />

industrialmente.<br />

Grupo Keystone<br />

Grupo Keystone<br />

Lá vem o sol I<br />

Em tempos de aquecimento global, o<br />

sol tem se destaca<strong>do</strong> mais pelo papel<br />

de vilão. Mas pesquisa<strong>do</strong>res da Universidade<br />

<strong>do</strong> Sul da Califórnia, nos Esta<strong>do</strong>s<br />

Uni<strong>do</strong>s, acabam de descobrir que,<br />

além <strong>do</strong>s seus inúmeros efeitos benéficos<br />

e maléficos já conheci<strong>do</strong>s, o astro<br />

ainda auxilia na diminuição <strong>do</strong> risco de<br />

desenvolvimento da esclerose múltipla.<br />

É que os raios UV oferecem proteção ao<br />

alterar as respostas imunológicas das<br />

células ou ao aumentar os níveis de vitamina<br />

D no organismo.<br />

Lá vem o sol II<br />

Uma xícara de café pode ajudar a proteger<br />

a pele de <strong>do</strong>enças provocadas<br />

pelo sol. Cientistas americanos, em experimentos<br />

feitos com ratos de laboratório,<br />

constataram que a combinação de exercícios<br />

físicos com água e cafeína se revelou<br />

capaz de reduzir danos causa<strong>do</strong>s pela<br />

radiação ultravioleta. Segun<strong>do</strong> o estu<strong>do</strong>,<br />

publica<strong>do</strong> em the Proceedings of the<br />

National Academy of Sciences, a defesa<br />

natural <strong>do</strong>s ratos contra células<br />

pré-cancerosas foi estimulada em até<br />

400%. Espera-se resulta<strong>do</strong> semelhante<br />

em seres humanos.<br />

30 C o m u n i t à i t a l i a n a / ag o s t o 2007<br />

a g o s t o 2007 / Co m u n i t à i t a l i a n a 31<br />

Mojan Sami


Kedson Kede<br />

Andreia<br />

Barbalho não<br />

tem me<strong>do</strong> de<br />

parto normal:<br />

“tenho mais<br />

me<strong>do</strong> de ‘entrar<br />

na faca’”<br />

Uma<br />

escolha<br />

para<br />

poucas<br />

Números oficiais revelam que o parto normal pre<strong>do</strong>mina<br />

no Brasil, especialmente <strong>nas</strong> regiões mais pobres.<br />

Enquanto isso, na Itália, em cinco anos, o índice de<br />

grávidas que recorreram à cesariana se elevou<br />

de 29,9% para 35,2%. Médicos admitem<br />

que o perfil-sócio econômico <strong>do</strong>s pais<br />

determina como <strong>nas</strong>cem os bebês<br />

nay r a garoFlE<br />

Poucas mulheres têm o poder de decidir<br />

como devem <strong>nas</strong>cer os seus filhos.<br />

O perfil sócio-econômico das<br />

grávidas, de acor<strong>do</strong> com as estatísticas<br />

oficiais, determina a técnica utilizada<br />

pelos médicos. Se na rede pública de<br />

saúde pre<strong>do</strong>mina a prática <strong>do</strong> parto normal,<br />

nos hospitais priva<strong>do</strong>s a maioria <strong>do</strong>s<br />

bebês vem à luz em cesaria<strong>nas</strong>. Obstetras<br />

admitem a preferência pelo procedimento<br />

cirúrgico, que representa economia de tempo,<br />

além de ser mais bem pago.<br />

Não bastasse livrar os médicos de correrias<br />

inesperadas às maternidades e da espera de prazo<br />

imprevisível pelo término <strong>do</strong> parto normal, as cesaria<strong>nas</strong><br />

ainda envolvem menos risco de ações judiciais,<br />

por eventuais erros no procedimento, segun<strong>do</strong><br />

constata a professora Rosiane Mattar,<br />

da Escola Paulista de Medicina da Universidade<br />

Federal de São Paulo (Unifesp):<br />

— O parto cesáreo é mais rápi<strong>do</strong>,<br />

pode acontecer no momento em que<br />

não atrapalha o médico e nem o casal.<br />

Na visão da maioria <strong>do</strong>s obstetras,<br />

este também é mais seguro<br />

no senti<strong>do</strong> de proteger a<br />

criança de anoxia [falta de<br />

oxigenação] ou de traumatismo.<br />

A técnica protege<br />

o médico de ações judiciais<br />

porque quan<strong>do</strong><br />

uteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSalut<br />

dá algo erra<strong>do</strong> no parto, o médico<br />

da esquina, o advoga<strong>do</strong> e o<br />

juiz vão perguntar por que não<br />

foi feita a cesariana.<br />

Se há alguns aspectos positivos<br />

na cesariana, a obstetra reconhece<br />

que a cirurgia envolve riscos mais<br />

graves <strong>do</strong> que o parto normal:<br />

— Se a vantagem da cesariana<br />

é ser rápida, a desvantagem se<br />

refere aos riscos muito maiores de<br />

mortalidade materna e fetal, além<br />

da possibilidade de eventuais complicações<br />

posteriores. O parto normal,<br />

como o termo indica, é normal<br />

e o seu principal valor está na emoção<br />

que o casal sente ao ver o filho<br />

<strong>nas</strong>cer. Sem contar que (pelo méto<strong>do</strong><br />

natural) a criança <strong>nas</strong>ce somente<br />

quan<strong>do</strong> está madura, tem menos<br />

complicações respiratórias e a amamentação<br />

dá muito mais certo.<br />

Diante de tantos prós e contras<br />

de cada méto<strong>do</strong>, os números<br />

oficiais revelam que a opção final<br />

depende menos da vontade da<br />

grávida e mais da sua condição<br />

financeira. No brasil, pesquisa<br />

<strong>do</strong> Ministério da Saúde, de 2005,<br />

mostra que em três milhões de<br />

partos no país, 57% foram <strong>do</strong><br />

tipo normal. No Nordeste brasileiro,<br />

este ocorreu em 67,8% de<br />

922 mil casos. No Sudeste, onde<br />

o padrão de vida, em média, é<br />

mais alto, verificou-se o inverso:<br />

51,6% de um milhão de mães se<br />

submeteram à cesariana.<br />

Enquanto isso, na Itália, pesquisa<br />

<strong>do</strong> Istituto Nazionale di<br />

Statistica (Istat), de 2006, mostra<br />

que, de 2000 a 2005, elevou-se<br />

a média de cesaria<strong>nas</strong> de<br />

29,9% para 35,2%.<br />

As estatísticas não são os<br />

únicos sinais da relação direta<br />

entre o méto<strong>do</strong> emprega<strong>do</strong> nos<br />

partos e a condição financeira<br />

“Acho até que o<br />

médico deveria<br />

receber mais<br />

pelo parto<br />

normal porque<br />

este exige<br />

mais a sua<br />

disponibilidade”<br />

da n i e l l a ca s t e l lO t t i,<br />

O B s t et r a<br />

das grávidas: as tabelas de pagamento<br />

pelo serviço, na saúde<br />

pública e na rede privada, revelam<br />

que cesaria<strong>nas</strong> custam, normalmente,<br />

mais caro.<br />

Na rede privada, a variação<br />

de preços flutua entre três mil<br />

e 15 mil reais. Já os planos de<br />

saúde repassam às equipes de<br />

900 a 10 mil reais, conforme a<br />

modalidade. Na tabela <strong>do</strong> Sistema<br />

Único de Saúde (SUS) <strong>do</strong> governo<br />

federal, o valor repassa<strong>do</strong><br />

aos hospitais convenia<strong>do</strong>s também<br />

varia: por partos normais,<br />

maternidades recebem de 283,60<br />

a 306,73 reais, de acor<strong>do</strong> com o<br />

nível de risco <strong>do</strong> procedimento.<br />

Por cesaria<strong>nas</strong>, o valor oscila entre<br />

435,86 e 621,68.<br />

— Na rede privada, a diferença<br />

<strong>do</strong>s valores de um para o outro<br />

é muito pouca. Acho até que o<br />

médico deveria receber mais pelo<br />

parto normal porque este exige<br />

mais a sua disponibilidade.<br />

É impraticável para um médico<br />

que faz muitos partos só realizar<br />

o normal — assume a obstetra<br />

Daniella Castellotti, que já trabalhou<br />

na rede <strong>do</strong> SUS: — trabalhei<br />

em hospital público e, para<br />

quem está de plantão, tanto faz<br />

um méto<strong>do</strong> ou outro.<br />

E ainda há interesses econômicos<br />

indiretos a permear o processo<br />

de decisão. Médicos reclamam,<br />

por exemplo, <strong>do</strong> dinheiro que deixam<br />

de ganhar, estan<strong>do</strong> “presos” à<br />

realização de um parto normal.<br />

— O trabalho de parto pode<br />

durar até 12 horas e este acaba<br />

sen<strong>do</strong> um inconveniente para o<br />

médico, principalmente para os<br />

que fazem o parto por convênio.<br />

Para os obstetras, o parto normal<br />

deveria ser mais bem pago pelos<br />

convênios, visto que, não raramente,<br />

temos de ficar mais de 10<br />

horas no hospital, enquanto num<br />

cesáreo ficamos em torno de 2<br />

horas — afirma a obstetra.<br />

O me<strong>do</strong> da <strong>do</strong>r<br />

A técnica de enfermagem Sabrina<br />

de Souza, de 25 anos, está entre<br />

aquelas que, de antemão, escolheram<br />

a cesariana para dar a luz:<br />

— Sempre morri de me<strong>do</strong> de<br />

sentir <strong>do</strong>r e exigi que meu médico<br />

fizesse a cirurgia. Graças a Deus<br />

correu tu<strong>do</strong> bem, antes e depois,<br />

e não me arrepen<strong>do</strong>. Quan<strong>do</strong><br />

eu tiver o meu segun<strong>do</strong> filho<br />

vou querer cesariana novamente<br />

— afirma Sabrina, mãe de Maria<br />

Eduarda, hoje com cinco anos.<br />

Divulgação<br />

A atriz Vanessa Giácomo, aos três meses de gravidez, sonha com parto<br />

normal. Fernanda Fiore não teve escolha e fez cesariana<br />

Segun<strong>do</strong> a obstetra Daniella<br />

Castellotti, antes de optar por<br />

um determina<strong>do</strong> méto<strong>do</strong> de parto,<br />

a mãe precisa se informar<br />

bem sobre os procedimentos:<br />

— Uma paciente que não pode<br />

sequer ouvir falar no parto<br />

normal não tem como realizá-lo<br />

de mo<strong>do</strong> harmonioso e tranqüilo,<br />

assim como aquelas que querem<br />

muito o méto<strong>do</strong> normal tendem a<br />

evoluir melhor.<br />

Indicações médicas de realização<br />

de um parto por um ou outro<br />

méto<strong>do</strong> só têm como ser definidas,<br />

na maioria <strong>do</strong>s casos, mais<br />

para o final da gestação:<br />

— Isso vai depender de fatores<br />

como, por exemplo, a posição<br />

<strong>do</strong> bebê. O importante é esclarecer<br />

a paciente de como será to<strong>do</strong><br />

o processo, o que ela vai sentir,<br />

como são as contrações, anestesia,<br />

entre outros detalhes.<br />

Expectativa frustrada<br />

A brasileira Fernanda Fiore, de<br />

37, acredita que o parto normal<br />

é mais incentiva<strong>do</strong> na Itália <strong>do</strong><br />

que no brasil.<br />

— Me parece que aqui o parto<br />

natural é mais incentiva<strong>do</strong>.<br />

Meu médico renuncia às suas férias<br />

inteiras para poder respeitar<br />

a hora certa de cada gestante.<br />

Não posso generalizar, mas os<br />

filhos das minhas amigas daqui<br />

<strong>nas</strong>ceram de parto normal e no<br />

caso <strong>do</strong>s que <strong>nas</strong>ceram de cesariana,<br />

houve uma razão para isso<br />

— diz Fernanda, casada com um<br />

italiano e há três anos viven<strong>do</strong><br />

em Nápoles.<br />

Embora ela tenha se prepara<strong>do</strong><br />

durante nove meses para<br />

o parto normal, o primeiro filho<br />

da brasileira, Enrico, de um ano,<br />

<strong>nas</strong>ceu numa cesariana:<br />

Arquivo pessoal<br />

— Não tive escolha. Minha<br />

pressão arterial subiu muito. Fui<br />

para o hospital, repeti vários<br />

exames e o meu médico decidiu<br />

que era hora, pois temia a gestose<br />

[manifestação toxêmica que<br />

ocorre durante a gravidez]. Foi<br />

uma decisão correta.<br />

Está quase na hora<br />

Prestes a dar à luz ao primeiro<br />

filho, a designer gráfica Andreia<br />

barbalho, de 34, já aprontou o<br />

quarto <strong>do</strong> bebê e as roupinhas<br />

estão lavadas. Matheus virá ao<br />

mun<strong>do</strong> pelo méto<strong>do</strong> natural, se<br />

depender da mãe.<br />

— Parto normal em primeiro<br />

lugar! O único receio que tenho é<br />

de que eu não consiga ter o Matheus<br />

assim por alguma complicação.<br />

tenho mais me<strong>do</strong> de “entrar<br />

na faca” — conta.<br />

O <strong>nas</strong>cimento de Matheus está<br />

previsto para o final de setembro.<br />

A médica de Andreia a deixou<br />

escolher o tipo de parto.<br />

— A preferência dela é por parto<br />

normal, cesariana somente por<br />

alguma complicação — comenta.<br />

Já a atriz Vanessa Giácomo<br />

curte os primeiros três meses de<br />

gravidez. Ela e o seu mari<strong>do</strong>, o ator<br />

Daniel de Oliveira, estão empolga<strong>do</strong>s<br />

a espera <strong>do</strong> primeiro filho.<br />

— Está tu<strong>do</strong> corren<strong>do</strong> bem.<br />

Fiquei saben<strong>do</strong> da gravidez um<br />

pouco antes de ser convidada<br />

para a novela, quan<strong>do</strong> o Wolf<br />

[Maia, diretor] me ligou. Não estou<br />

enjoan<strong>do</strong>, nunca passei mal!<br />

As gravações estão sen<strong>do</strong> uma<br />

delícia e estou muito feliz, numa<br />

fase especial da minha vida! Ainda<br />

não comprei nada para o bebê<br />

porque estou esperan<strong>do</strong> um pouco<br />

— declara Vanessa, que sonha<br />

com o parto normal.<br />

32 C o m u n i t à i t a l i a n a / ag o s t o 2007<br />

a g o s t o 2007 / Co m u n i t à i t a l i a n a 33


comportamento<br />

A pé, mas<br />

turbinadas<br />

Os seios diminutos da Vênus de Millo não fazem mais a cabeça das jovens<br />

italia<strong>nas</strong>. Elas têm preferi<strong>do</strong>, aos tradicionais presentes de formatura, como<br />

carros, implantes de silicone <strong>nas</strong> mamas. No Brasil o tamanho <strong>do</strong> derrière<br />

também já não impera como principal recurso de sedução<br />

A<br />

jovem Grazia Zocchi está<br />

curtin<strong>do</strong> as melhores férias<br />

de verão da sua vida.<br />

Aos 18 anos, ela acaba<br />

de ganhar <strong>do</strong>s pais o presente<br />

há muito tempo prometi<strong>do</strong> para<br />

quan<strong>do</strong> passasse no “esame di<br />

maturità”. Aprovada no provão<br />

nacional <strong>do</strong> Ministério de Educação<br />

da Itália ao término <strong>do</strong> 2º<br />

grau, o seu prêmio foi a sonhada<br />

cirurgia para aumentar os seios.<br />

— Desde os 16, usava sutiãs<br />

com enchimento e sonhava em implantar<br />

silicone. O meu pai sempre<br />

foi contra e, mesmo assim, quan<strong>do</strong><br />

ele me perguntou o que queria de<br />

presente pela aprovação no exame,<br />

não pensei duas vezes. Não foi<br />

fácil convencê-lo, mas ele acabou<br />

ceden<strong>do</strong> — conta a jovem.<br />

Como Grazia, muitas jovens<br />

italia<strong>nas</strong> não querem mais saber<br />

<strong>do</strong>s presentes de costume, como<br />

motos, carros, ou viagens para o<br />

exterior. A cirurgia estética para<br />

aumentar os seios é cada vez<br />

mais freqüente entre os pedi<strong>do</strong>s<br />

feitos aos pais pelas garotas de<br />

18 a 20 anos.<br />

— É uma moda que se firmou<br />

nos últimos três anos —<br />

afirma Giulio basoccu, responsável<br />

pela divisão de Cirurgia<br />

Plástica <strong>do</strong> Instituto traumatológico<br />

Italiano.<br />

Para o cirurgião, as jovens<br />

são cada vez mais precoces:<br />

nay r a garoFlE E ValqUíria rEy<br />

— Antigamente, se começava<br />

a sair, a ter namora<strong>do</strong>, aos 20, 25<br />

anos. Hoje, aos 15, 16 anos, as<br />

meni<strong>nas</strong> já têm vida <strong>social</strong>, afetiva<br />

e amorosa. Isso quer dizer que<br />

tu<strong>do</strong> começa cada vez mais ce<strong>do</strong>.<br />

Segun<strong>do</strong> basoccu, aos 18,<br />

as jovens atingem a maioridade,<br />

sentin<strong>do</strong>-se mulheres, preparadas<br />

para dar adeus a problemas<br />

que afetam a auto-estima.<br />

— Elas são bombardeadas pelas<br />

imagens da televisão, que mostram<br />

a qualquer hora <strong>do</strong> dia mulheres<br />

belíssimas, com medidas perfeitas<br />

— constata o médico, que conclui:<br />

— Essa vontade de mudar alguma<br />

coisa no corpo <strong>nas</strong>ce <strong>do</strong> me<strong>do</strong> de<br />

não ser aceita, desejada.<br />

Grazia diz que nunca se achou<br />

feia. Mas, com os seios pequenos,<br />

não se sentia 100% mulher.<br />

— Eu não parecia muito feminina.<br />

Não chamava a atenção<br />

e os meninos não olhavam para<br />

mim como uma garota interessante<br />

— recorda a estudante,<br />

agora de auto-estima bastante<br />

elevada: — Agora, posso até fazer<br />

topless na praia.<br />

O cirurgião Savio Marziani<br />

confirma a existência da moda<br />

<strong>do</strong> bisturi pós-diploma, como estão<br />

sen<strong>do</strong> classificadas na Itália<br />

as cirurgias estéticas feitas pelas<br />

jovens depois da aprovação no<br />

exame. Ele confirma que esta é<br />

uma tendência que se comprova<br />

nos consultórios italianos.<br />

Na lista das cirurgias para aumentar<br />

os seios neste verão, Marziani<br />

contabiliza duas deze<strong>nas</strong> de<br />

pós-diplomadas neste verão.<br />

Mais agressiva <strong>do</strong> que Grazia,<br />

Mirella Ferri, de 19, admite ter<br />

chantagea<strong>do</strong> os pais e os avós.<br />

— Eu disse que só estudaria<br />

se ganhasse a plástica de presente.<br />

Até ameacei parar de comer,<br />

porque não agüentava mais viver<br />

assim, me odian<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s os dias<br />

— lembra Mirella.<br />

E a pressão funcionou:<br />

— Minha família entendeu que<br />

eu estava deprimida, que não<br />

queria mais sair de casa e se uniu<br />

para pagar os seis mil euros da<br />

cirurgia. Na minha primeira consulta<br />

ao cirurgião, levei junto a<br />

minha avó e a minha mãe.<br />

Arlen Roche<br />

Conforme basoccu, em 2007,<br />

o número de cirurgias pós-diploma<br />

aumentou cerca de 5% em relação<br />

ao ano passa<strong>do</strong>.<br />

— Na primeira colocação entre<br />

as operações estéticas mais<br />

realizadas está, sem dúvida, a<br />

que aumenta o volume <strong>do</strong>s seios.<br />

Depois, vêm a lipoaspiração; a rinoplastia,<br />

que remodela o nariz;<br />

e os liftings — assegura o especialista.<br />

Intervenções para aumentar<br />

os lábios também têm si<strong>do</strong> muito<br />

freqüentes na Itália, mas, por<br />

serem simples demais. O atendimento<br />

é ambulatorial, não requer<br />

internação, feito ape<strong>nas</strong> injetan<strong>do</strong><br />

com uma seringa a substância<br />

apropriada nos lábios. Daí estes<br />

serem procedimentos considera<strong>do</strong>s<br />

light na medicina estética,<br />

segun<strong>do</strong> basoccu.<br />

De acor<strong>do</strong> com o cirurgião,<br />

os resulta<strong>do</strong>s de uma plástica, <strong>do</strong><br />

ponto de vista psicológico, nem<br />

sempre são positivos.<br />

— Se a jovem já tem algum<br />

tipo de insegurança e a cirurgia<br />

não traz os resulta<strong>do</strong>s deseja<strong>do</strong>s,<br />

ela terá mais problemas no futuro,<br />

porque nessa idade elas costumam<br />

ter conflitos com os colegas,<br />

namora<strong>do</strong>, sociedade e a<br />

tendência é que eles sejam agrava<strong>do</strong>s<br />

— diz basucco, com uma<br />

ressalva: — Se a intervenção cirúrgica<br />

se concluir bem, ela viverá<br />

melhor <strong>social</strong>mente, e a sua<br />

qualidade de vida também vai<br />

melhorar.<br />

basucco lembra que, tempos<br />

atrás, as técnicas das cirurgias<br />

estéticas no nariz, no seio<br />

e de lifting não eram tão evoluídas.<br />

Era fácil identificar quem tinha<br />

passa<strong>do</strong> por um intervento<br />

cirúrgico.Hoje, é tu<strong>do</strong> diferente.<br />

Segun<strong>do</strong> o médico, o resulta<strong>do</strong><br />

é cada vez mais personaliza<strong>do</strong><br />

e natural. E o pedi<strong>do</strong> de um par<br />

de seios novos como prêmio pelo<br />

sucesso no “esame di maturità”<br />

raramente decepciona as jovens.<br />

Pelo contrário: elas recebem exatamente<br />

o que desejam, sentemse<br />

mais seguras, mais bonitas e<br />

mais felizes.<br />

No Brasil<br />

Se, na Europa, jovens apostam no<br />

aumento <strong>do</strong>s seios como recurso<br />

para atrair o sexo oposto, no<br />

brasil os contornos e o volume <strong>do</strong><br />

bumbum ainda são importantes<br />

armas de sedução. Mas há quem<br />

suspeite de que a primazia <strong>do</strong> derrière<br />

empina<strong>do</strong> esteja sob ameaça<br />

no país que inventou o biquíni estilo<br />

fio dental. O cirurgião plástico<br />

Milton Peruzzo, de São Paulo,<br />

constata que, de fato, os conceitos<br />

estéticos brasileiros estão mudan<strong>do</strong>,<br />

na opinião <strong>do</strong> médico, por<br />

influência da alta moda.<br />

— O destaque de modelos<br />

brasileiras tornadas em símbolos<br />

de beleza internacional tem muda<strong>do</strong><br />

o conceito tradicional brasileiro<br />

de corpo bonito, com seios<br />

pequenos e bumbum grande —<br />

explica o médico, referin<strong>do</strong>-se a<br />

um padrão estético nacional que<br />

vem sen<strong>do</strong> desbanca<strong>do</strong> pelo perfil<br />

globaliza<strong>do</strong> das top models de<br />

qualquer parte <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, de corpos<br />

longilíneos, bumbuns magros<br />

e peitos silicona<strong>do</strong>s.<br />

A despeito da nacionalidade<br />

ou mesmo da idade, Peruzzo defende<br />

o direito das mulheres de<br />

buscar a própria felicidade.<br />

— Se sua imagem prejudica a<br />

sua auto-estima, você deve buscar<br />

um cirurgião plástico. Com<br />

arte e competência é possível, de<br />

Antes e depois da cirurgia: formas mais femini<strong>nas</strong><br />

DIvulgação<br />

Vanessa Gagno: 235 mililitros<br />

em cada mama. Giulio Basoccu,<br />

cirurgião italiano<br />

forma segura e confortável, promover<br />

uma melhora desta autoestima<br />

— diz.<br />

No brasil, o desejo de aumentar<br />

os seios não se dissemina somente<br />

entre mulheres jovens. Peruzzo<br />

conta que tem atendi<strong>do</strong> de<br />

10 a 15 pacientes por mês, de todas<br />

as idades. todas com a autoestima<br />

baixa, com complexo de<br />

inferioridade e capazes de fazer<br />

de tu<strong>do</strong> para se sentir melhor.<br />

— Aten<strong>do</strong> mulheres em qualquer<br />

faixa etária que apresentam<br />

flacidez mamária, com pouco teci<strong>do</strong><br />

glandular ou de gordura. Isso<br />

é muito comum após partos,<br />

quan<strong>do</strong> ocorre involução das<br />

glândulas mamárias. As mais jovens<br />

também buscam cada vez<br />

mais ce<strong>do</strong> a cirurgia para elevar<br />

auto-estima — explica.<br />

Vanessa Gagno, de 23, realizou<br />

o sonho que cultivava desde a<br />

a<strong>do</strong>lescência: aos 21 anos, depois<br />

de juntar o dinheiro necessário,<br />

aumentou os seios. Do manequim<br />

38 passou a vestir sutiã 42.<br />

— Pus 235 mililitros de silicone<br />

em cada mama. Eu não tinha<br />

nada e para piorar os meus<br />

ombros são largos. Ficava incomodada<br />

ao usar certas roupas —<br />

diz Vanessa, que juntou os 1.500<br />

reais da entrada pela cirurgia e<br />

ainda pagou dez prestações de<br />

300 reais.<br />

Além <strong>do</strong> implante de silicone,<br />

Vanessa também já passou<br />

por uma rinoplastia:<br />

— Eu sempre dizia que quan<strong>do</strong><br />

começasse a trabalhar, iria<br />

realizar as minhas três grandes<br />

vontades. A primeira, comprar<br />

um carro; a segunda, pôr silico-<br />

Arquivo pessoal<br />

DIvulgação<br />

ne; e a terceira, fazer a cirurgia<br />

no nariz. Então juntei dinheiro e<br />

fui eliminan<strong>do</strong> cada uma delas<br />

— conta a jovem, que trabalha<br />

com o pai na loja da família, de<br />

material de construção, e enfrentou<br />

com galhardia a insônia causada<br />

pelas <strong>do</strong>res pós-cirúrgicas:<br />

— Parecia que tinha um peso em<br />

cima de mim e eu não conseguia<br />

respirar. Incomodava um pouco.<br />

De acor<strong>do</strong> com Peruzzo, a cirurgia<br />

de implante de silicone<br />

<strong>nas</strong> mamas deixa cicatrizes bem<br />

disfarçadas.<br />

— O processo pós-cirúrgico é<br />

bastante simples. três dias de repouso<br />

de movimentos <strong>do</strong>s braços<br />

e vida normal após este perío<strong>do</strong>.<br />

Para exercícios fortes como natação,<br />

tênis, musculação, aguardamos<br />

30 dias — informa o cirurgião,<br />

que costuma operar muitos<br />

pacientes italianos.<br />

A cirurgia no brasil sai, segun<strong>do</strong><br />

ele, mais barata <strong>do</strong> que na<br />

Europa ou nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s,<br />

varian<strong>do</strong> o valor das próteses entre<br />

seis mil e 18 mil reais — afirma<br />

o médico.<br />

34 C o m u n i t à i t a l i a n a / ag o s t o 2007<br />

a g o s t o 2007 / Co m u n i t à i t a l i a n a 35


sport<br />

Successo con<br />

tutti i colori<br />

Brasile batte record nei Jogos Pan-americanos con il<br />

contributo degli oriundi, oltre a rivelare modalità poco conosciute<br />

Sforzo, perseveranza, su<strong>do</strong>re<br />

e lacrime. Gli ingredienti<br />

sono noti ma, nella<br />

storia dei Giochi Panamericani,<br />

il brasile non ha mai<br />

ottenuto così tanti successi. In<br />

17 giorni di gare, dei 660 atleti<br />

che hanno rappresentato il paese<br />

315 (ovvero il 48%) hanno vinto<br />

medaglie nel <strong>Rio</strong> 2007. La ricetta<br />

ha garantito che la squadra verde<br />

e gialla salisse 54 volte sul gradino<br />

più alto del podio. Condita da<br />

pizzichi di glamour nella costruzione<br />

di installazioni sportive e<br />

dalla presenza italiana, grazie a<br />

tecnici e perfino ad un brasiliano<br />

venuto direttamente dallo Stivale,<br />

sono state molte le curiosità<br />

presenti nei Giochi di <strong>Rio</strong>.<br />

Natália Falavigna: l’oriunda<br />

sale sul podio per ricevere<br />

l’argento nel taekwon<strong>do</strong><br />

Su due ruote e taglian<strong>do</strong> il<br />

vento di chi si arrischia all’adrenalina<br />

della velocità, il ciclista<br />

Luciano Pagliarini, 29, ha garantito<br />

il bronzo in una gara <strong>do</strong>ve è<br />

prevalso il superamento. Il competitore,<br />

che abita a treviso, ha<br />

commentato nel suo sito personale<br />

(www.lucianopagliarini.com)<br />

com’è stata l’esperienza di partecipare<br />

al Pan a <strong>Rio</strong>.<br />

— Stare in brasile è stato<br />

fantastico. Mi sono preparato<br />

molto per questa gara. Ho corso<br />

il rischio di passare sulla destra<br />

tra le grate di protezione e il cubano<br />

che sprintava davanti a me.<br />

Era cadere o passare. Alla fine<br />

sono proprio passato, toccan<strong>do</strong><br />

due volte con il pedale destro la<br />

sílVia so U z a<br />

base della grata. Ero al 10° posto<br />

e, con la strada libera, sono<br />

riuscito a recuperare otto posti<br />

— narra il fan di Ayrton Senna<br />

e Valentino Rossi, che ha anche<br />

<strong>do</strong>vuto risolvere il problema di<br />

una gomma bucata nel primo giro<br />

della gara posteriore a 16 km.<br />

di corsa.<br />

Il brasiliano si è aggrappato<br />

con unghie e denti all’opportunità<br />

di allenarsi in Italia quan<strong>do</strong>,<br />

alla fine del 1998, <strong>do</strong>po aver<br />

vinto la Selezione Olimpica,<br />

ha conseguito un contatto con<br />

Ivan Parolin, uno dei dirigenti<br />

dell’équipe IMA italiana.<br />

Con il contratto firmato,<br />

avrebbe corso l’anno seguente.<br />

In questo momento, il cicli-<br />

sta si trova nell’équipe spagnola<br />

Saunier Duval-Prodir. Di ritorno<br />

a <strong>Rio</strong>, il paranaense ha percorso<br />

156 km nel Parque <strong>do</strong> Flamengo,<br />

in 3 ore e 38 minuti di pedalate,<br />

tutto molto intenso, come la sua<br />

vita a treviso.<br />

— Le strade sono eccellenti<br />

e la regione è privilegiata per i<br />

ciclisti, dato che riunisce lunghe<br />

distanze di pianure e di salite per<br />

oltre 30 chilometri, così possone<br />

essere realizzati allenamenti di<br />

qualità e completi per un atleta<br />

— mette in risalto Paglia, come<br />

viene chiamato dagli amici.<br />

Medaglia d’argento nella categoria<br />

superiore ai 67 chili,<br />

l’italo-brasiliana Natália Falavigna,<br />

23, ha aiutato a debellare i<br />

preconcetti e a divulgare la lotta,<br />

dato che fin dagli inizi della<br />

sua carriera si è abituata a vincere<br />

titoli, come il Mondiale.<br />

All Sports<br />

Arquivo pessoal<br />

Deonise posa con l’oro ottenuto con l’ampio risultato nella finale contro<br />

Cuba. Il Brasile ha segnato 30 goal contro i 17 della squadra di Fidel Castro<br />

— Con questo titolo sono<br />

stata premiata dal Comitato<br />

Olimpico brasiliano come migliore<br />

atleta del 2005 e, da quel momento,<br />

le porte mi si sono aperte<br />

— ricorda Natália.<br />

Natália mette in risalto che<br />

la mancanza di pianificazione per<br />

gare internazionali potrebbe aver<br />

compromesso il suo risultato ed<br />

è stato il peggior momento nella<br />

preparazione del Pan.<br />

— Ero preparata per il tour europeo<br />

(una serie di due e tre tornei<br />

di altissimo livello) e, poco prima<br />

del viaggio, hanno cancellato<br />

tutto. Questo intralcia e demotiva<br />

molto, ma ho avuto fiducia in Dio<br />

— osserva la giovane, in ritmo di<br />

allenamenti per il pre-olimpico che<br />

sarà realizzato in settembre.<br />

Se sul tatami, nelle piste e<br />

sui campi il brasile ha ottenuto<br />

molti successi individuali, nelle<br />

modalità disputate in équipe il<br />

successo era già atteso. Centrocampo<br />

della selezione brasiliana<br />

di pallamano, l’italo-brasiliana<br />

Deonise Facchinello è stata un altro<br />

esempio di questa mescolanza<br />

che è sfociata in gente nuova<br />

e vittorie meritate. Vincitrice con<br />

la selezione (in quattro tornei disputati:<br />

Olanda, Ucraina, Pan di<br />

Selezioni e Jogos Pan Americanos<br />

di <strong>Rio</strong>, è stata campionessa<br />

di tutti), invece la vita di Dê non<br />

è sempre stata così facile.<br />

— Subito <strong>do</strong>po il Mondiale<br />

Juniores in Mace<strong>do</strong>nia nel 2003,<br />

ho subìto una lesione alla spalla<br />

destra. È stato un brutto momento,<br />

ho pensato di abban<strong>do</strong>nare lo<br />

sport e di avere una vita differente.<br />

Ma mio marito (allora fidan-<br />

João Neto Photo e Grafia<br />

zato) non mi ha fatto desistere e<br />

mi ha convinta a ricominciare. È<br />

stata la decisione giusta, sono riuscita<br />

a recuperarmi e a realizzare<br />

dei sogni che avevo — ricorda<br />

l’atleta, che ha avuto la sua prima<br />

esperienza nella pallamano come<br />

portiere e recentemente ha cominciato<br />

a giocare nello spagnolo<br />

S.D. Itxako Navarra.<br />

Con risultati un tanto elastici<br />

(nella finale ha battuto Cuba per 30<br />

a 17), il brasile, che ha molti dei<br />

suoi giocatori uomini e <strong>do</strong>nne in<br />

squadre all’estero, ha fatto vedere<br />

il suo potenziale. Ma per Deonise,<br />

un momento in particolare è stato<br />

speciale nella partita decisiva.<br />

— L’équipe era molto centrata<br />

nella partita e avevamo certezza<br />

di vincere l’oro, ma ai 14<br />

minuti del secon<strong>do</strong> tempo della<br />

finale, l’intera tifoseria ha cominciato<br />

a cantare l’inno nazionale<br />

brasiliano. E lì ho avuto l’assoluta<br />

certezza che l’oro non ci<br />

sarebbe sfuggito, è stato molto<br />

emozionante, non me ne dimenticherò<br />

in tutta la mia vita! —<br />

dice la giocatrice, che tiene nel<br />

suo sito personale (www.deonise.com)<br />

foto e informazioni che<br />

condivide con i suoi fan.<br />

Nipote di italiani, a Deonise,<br />

quan<strong>do</strong> non si dedica allo sport,<br />

piace restare a casa col marito<br />

e i suoi cani, abban<strong>do</strong>nan<strong>do</strong>si a<br />

partite di bowling con amici, oltre<br />

a mangiare una buona pizza.<br />

E, malgra<strong>do</strong> le piaccia viaggiare e<br />

non abbia molto tempo per farlo,<br />

ha come meta per il 2008 conoscere<br />

la terra dei suoi avi.<br />

— Ho la passione per l’Italia.<br />

Ho molte riviste che parlano di<br />

Roma, Venezia e Milano. Se andrà<br />

tutto bene, nel 2008 metterò<br />

in pratica il mio sogno di conoscere<br />

questa terra così bella.<br />

L’architettura e la culinaria sono<br />

le caratteristiche che più mi affascinano<br />

dell’Italia — confessa.<br />

Ultimo vincitore di medaglie<br />

brasiliano del Pan, il tennista<br />

Flávio Saretta ha arricchito ancor<br />

di più il sal<strong>do</strong> record del quadro<br />

brasiliano. Discendente di italiani,<br />

il paulista dell’Americana si è<br />

preparato per i Giochi giocan<strong>do</strong><br />

tornei in Europa, <strong>do</strong>ve è rimasto<br />

per due mesi.<br />

— La mia famiglia è 100% italiana,<br />

là ho dei parenti, i miei bisnonni<br />

erano italiani. Sono già stato<br />

molte volte a giocare in Italia,<br />

a<strong>do</strong>ro quel paese — spiega Flávio,<br />

che per un momento ha pensato<br />

che poteva perdere la partita contro<br />

il cileno ádrian Garcia.<br />

— Nel momento in cui ho<br />

avuto i due match point contro,<br />

sicuramente sono rimasto un po’<br />

deluso e triste. Ma quan<strong>do</strong> sono<br />

riuscito a salvare il primo, la mia<br />

mente ha ricominciato a crederci,<br />

come era successo anche nella<br />

semifinale — aggiunge.<br />

Il tennista ha recuperato la<br />

partita vincen<strong>do</strong> 2 set a 1 (parziali<br />

di 6-2 e 4-6 e 7-6) provan<strong>do</strong><br />

che la stanchezza può essere superata<br />

da azioni vincenti.<br />

Cacciatori di talenti<br />

Loro non hanno gareggiato, ma forse<br />

si sono innervositi tanto quanto<br />

gli atleti. Lavoran<strong>do</strong> praticamente<br />

dietro le quinte, due italiani sono<br />

stati molto importanti nella preparazione<br />

dei brasiliani delle selezioni<br />

di tiro. Direttore tecnico della<br />

Confederação brasileira de tiro<br />

com Arco (CbtArco), Eros Fauni si<br />

è dedicato, durante tre anni, all’organizzazione<br />

e ispezione dell’area<br />

di gara, portan<strong>do</strong> uno dei migliori<br />

tecnici della modalità (l’italiano<br />

Renzo Ruele) per allenare gli arcieri<br />

di tiro con l’arco che avrebbero<br />

rappresentato il brasile.<br />

— Ci siamo classificati al<br />

quarto posto per équipe, molto<br />

meglio del Pan di Santo Domingo,<br />

ma il tiro non fa parte della<br />

linea di spettacoli, non colpisce<br />

la gente, quindi ci manca ancora<br />

lo sponsor perché gli atleti si occupino<br />

soltanto ad allenarsi per i<br />

campionati — mette in risalto.<br />

Un altro italiano coinvolto con<br />

lo sport brasiliano, il tecnico Carlo<br />

Danna è riuscito a dare coraggio<br />

ai suoi atleti per superare una crisi<br />

interna nella Confederação brasileira<br />

de tiro Esportivo (CbtE).<br />

— Sono in brasile da sette anni.<br />

Il tiro è uno sport tecnico, ma<br />

è anche molto emotivo. La mancanza<br />

di incentivi dell’anteriore<br />

gestione ha contribuito affinché<br />

non vincessimo medaglie nel Pan.<br />

Non c’erano strutture né interesse<br />

di sviluppare le attività. Inoltre,<br />

gli atleti sono di altre regioni<br />

del brasile, quindi ci riunivamo<br />

quattro o cinque giorni al mese —<br />

informa il tecnico della selezione<br />

brasiliana di tiro al piattello, che<br />

nutre speranze nei risultati del<br />

Mondiale della categoria che verrà<br />

disputato in settembre.<br />

Oriundi che hanno fatto la festa nel Pan<br />

Oro Argento Bronzo<br />

Marcelo Giardi -<br />

Wakeboard<br />

Danielle Zangran<strong>do</strong><br />

Ju<strong>do</strong> (categoria leggeri<br />

femm. – fino ai 57kg)<br />

Deonise Fachinello –<br />

Pallamano femminile<br />

Jardel Pizzinatto,<br />

Leonar<strong>do</strong> tezzelli<br />

bortolini, Alexandre<br />

Morelli – Pallamano<br />

Maschile<br />

César Cielo – Nuoto<br />

50 m stile libero<br />

Ana Flávia Sgobin -<br />

Ciclismo su strada -<br />

bMX femminile<br />

Fabiola Molina -<br />

Nuoto 100 m <strong>do</strong>rso<br />

Leandro tozzo e<br />

Anderson Nocetti –<br />

Canottaggio (otto con)<br />

Flávia Delaroli -<br />

Nuoto 4 x 100m<br />

stile libero<br />

Natália Falavigna<br />

-taekwon<strong>do</strong><br />

categoria più di 67kg<br />

Luciano Pagliarini -<br />

Ciclismo – Corsa su<br />

strada individuale<br />

maschile<br />

Flávia Delaroli -<br />

Nuoto 100m stile<br />

libero<br />

Lucas Salatta -<br />

Nuoto 200m <strong>do</strong>rso<br />

Fabíola Molina -<br />

Natação 4 x 100m<br />

medley<br />

Anderson Nocetti -<br />

Canottaggio<br />

(due senza)<br />

36 C o m u n i t à i t a l i a n a / ag o s t o 2007<br />

a g o s t o 2007 / Co m u n i t à i t a l i a n a 37


capa<br />

Solidariedade<br />

‘al dente’<br />

Solidarietà ‘al dente’<br />

Por conta própria, integra<strong>do</strong>s a movimentos, ONGs e projetos governamentais, voluntários italianos cruzam as<br />

fronteiras das <strong>favelas</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> como militantes de uma guerrilha pela paz. A seguir, <strong>Comunità</strong> apresenta histórias<br />

emblemáticas de sucesso na união ítalo-brasileira para o combate à violência urbana e à desigualdade <strong>social</strong>.<br />

Na laje da casa sem emboço,<br />

Paulo, padrasto de Alan, e<br />

Márcia, mãe <strong>do</strong> aprendiz<br />

de basquete, com os irmãos<br />

Marcos e Maurício<br />

Per conto proprio, integrati a movimenti, ONGs, progetti governativi, volontari<br />

italiani scavalcano le frontiere delle <strong>favelas</strong> di <strong>Rio</strong> come militanti di una guerriglia per<br />

la pace. In seguito, <strong>Comunità</strong> presenta storie emblematiche di successo nell’unione<br />

italo-brasiliana per la lotta contro la violenza urbana e la disuguaglianza <strong>social</strong>e<br />

PaU l a Máiran, rosangEla co M U n a l E E sílVia so U z a<br />

Bruno de Lima<br />

Alan ouviu e testemunhou<br />

muitas histórias sobre<br />

a guerrilha. Afinal, os<br />

confrontos se iniciaram<br />

bem antes de ele <strong>nas</strong>cer. E ainda<br />

ocorrem, por vezes, ao re<strong>do</strong>r<br />

de sua casa, no alto <strong>do</strong> Morro<br />

<strong>do</strong>s Cabritos, em Copacabana,<br />

Zona Sul <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro. Ele<br />

viu morrer ou serem presos amigos<br />

de infância, mas assim mesmo,<br />

aos 16 anos, encarou como<br />

natural o ingresso no tráfico de<br />

drogas.<br />

O mun<strong>do</strong>, então, parecia a<br />

Alan um lugar sem alternativas<br />

de vida mais atraentes <strong>do</strong> que<br />

aquela vaga na boca-de-fumo.<br />

— É muita desigualdade.<br />

Quem tem dinheiro sempre se dá<br />

bem, e quem não tem sempre se<br />

dá mal. Não pode ser assim sempre.<br />

Se eu pudesse fazer alguma<br />

coisa para mudar isso, eu faria,<br />

mas o quê? Acho que não tenho<br />

como mudar nada... — explica,<br />

sobre o sentimento de injustiça<br />

que o fez deixar a escola, depois<br />

das férias passadas, com o plano<br />

pragmático de ganhar dinheiro<br />

com a venda de drogas, para terminar<br />

a construção da casa sem<br />

emboço, comprar tênis e roupas<br />

da moda, escolher garotas...<br />

Um amigo alertou o padrasto<br />

de Alan sobre onde andava<br />

o garoto. O inspetor de clube<br />

Paulo Rodrigues, de 41, correu<br />

ao bunker <strong>do</strong> tráfico para resgatá-lo.<br />

— Não bati nele, mas mostrei<br />

que aquele caminho só dava<br />

em morte ou cadeia — lembra<br />

Paulo, saben<strong>do</strong> que a firmeza de<br />

seu gesto não bastaria para interromper<br />

o roteiro em curso.<br />

A auxiliar de creche Márcia<br />

Rodrigues, de 38, mãe de Alan,<br />

resolveu pedir ajuda a um casal<br />

amigo, o italiano Gherar<strong>do</strong> Milanesi,<br />

também de 38, e a americana<br />

Kareen Spence, de 34, mora<strong>do</strong>res<br />

da Avenida Atlântica, em<br />

Copacabana.<br />

— A nossa amizade é sem<br />

máscaras. Desabafei minha aflição<br />

com a Kareen e, numa conversa<br />

dela com o meu filho, ela<br />

viu uma saída — conta Márcia.<br />

Alan não voltou mais para<br />

a boca. Não empunhou mais<br />

armas. Passou a treinar numa<br />

cesta imaginária, na quadra de<br />

cimento da favela, o <strong>do</strong>mínio<br />

em suas mãos de uma bola de<br />

basquete – presente de Kareen<br />

e Gherar<strong>do</strong>.<br />

Eles conheciam um casal de<br />

Milão que se dispôs a financiar as<br />

mensalidades de uma escolinha<br />

oficial de basquete, para o a<strong>do</strong>lescente<br />

de quase 1,80 metro.<br />

— Nunca tinha visto um jogo<br />

e o primeiro dia de aula foi muito<br />

engraça<strong>do</strong> porque fiz várias coisas<br />

erradas — conta Alan, que<br />

sonha em se tornar joga<strong>do</strong>r profissional.<br />

Alan tem concilia<strong>do</strong> nos últimos<br />

<strong>do</strong>is meses o aprendiza<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

esporte com o ofício de aprendiz<br />

de restauro de móveis. O amigo<br />

italiano se preocupa porque ele<br />

ainda não voltou aos estu<strong>do</strong>s.<br />

— Criamos um laço de amizade.<br />

Eles sabem que podem contar<br />

com a gente — afirma Gherar<strong>do</strong>,<br />

cuja filha, de sete anos, mora na<br />

Europa e, <strong>nas</strong> férias, brinca com<br />

os filhos mais novos de Márcia.<br />

Alan está determina<strong>do</strong>:<br />

— Não posso perder a esperança<br />

de seguir em frente. Acordei<br />

e vi que não valia a pena<br />

aquela vida. Esbarrei outro dia<br />

no morro com um amigo to<strong>do</strong> larga<strong>do</strong>,<br />

cabelu<strong>do</strong>, sujo, descalço, e<br />

ele me contou que quase morreu<br />

num tiroteio. Acho que a família<br />

desistiu dele.<br />

Alan ha sentito e<br />

testimoniato molte<br />

storie sulla guerriglia.<br />

In fon<strong>do</strong>, i<br />

confronti sono iniziati molto<br />

prima di <strong>nas</strong>cere. E ancora succe<strong>do</strong>no,<br />

intorno alla sua casa,<br />

sulla cima del Morro <strong>do</strong>s Cabritos,<br />

a Copacabana, zona sud di<br />

<strong>Rio</strong> de Janeiro. Ha visto morire o<br />

essere arrestati amici d’infanzia,<br />

ma nonostante ciò, a 16 anni, ha<br />

considerato naturale l’entrata nel<br />

traffico di droga.<br />

Il mon<strong>do</strong>, allora, gli sembrava<br />

un luogo senza alternative di vita<br />

più attraenti di quelle offerte dal<br />

‘posto’ di spacciatore.<br />

— È una grande disuguaglianza.<br />

A chi ha i soldi gli va<br />

sempre bene, e a chi non ce l’ha,<br />

sempre male. Non può continuare<br />

così. Se potessi fare qualcosa per<br />

cambiare questo, lo farei, ma cosa?<br />

Cre<strong>do</strong> di non poter cambiare<br />

niente... — spiega parlan<strong>do</strong> del<br />

sentimento di ingiustizia che gli<br />

ha fatto abban<strong>do</strong>nare la scuola,<br />

<strong>do</strong>po le vacanze scorse, con il<br />

piano pragmatico di guadagnare<br />

soldi con lo spaccio per finire la<br />

costruzione della casa senza intonaco,<br />

comprarsi un paio di scarpe<br />

Gherar<strong>do</strong> e a filha Francesca na casa de Alan com sua família.<br />

Correspondente em ação no front<br />

Divulgação<br />

Bruno de Lima<br />

“O policial ganha uma<br />

miséria e mora ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

traficante e <strong>do</strong> mora<strong>do</strong>r.<br />

As relações se perdem<br />

entre o Brasil miserável<br />

e o primeiromundista.<br />

Esses Brasis devem ser<br />

integra<strong>do</strong>s”<br />

Gherar<strong>do</strong> Milanesi,<br />

jornalista<br />

da tennis e vestiti alla moda, scegliere<br />

ragazze...<br />

Un amico ha avvisato il patrigno<br />

di Alan della situazione.<br />

L’ispettore di club Paulo Rodrigues,<br />

41, è corso al bunker del<br />

traffico per riprenderselo.<br />

— Non l’ho picchiato, ma gli<br />

ho fatto vedere che quella strada<br />

finisce in morte o prigione — ricorda<br />

Paulo, sapen<strong>do</strong> che la fermezza<br />

del suo gesto non sarebbe bastata<br />

per interrompere quella storia.<br />

L’assistente di asilo ni<strong>do</strong><br />

Márcia Rodrigues, 38, madre di<br />

Alan, ha deciso di chiedere aiuto<br />

ad una coppia di amici, l’italiano<br />

Gherar<strong>do</strong> Milanesi, 38, e l’americana<br />

Kareen Spence, 34, che abitano<br />

nell’Avenida Atlântica, a Copacabana.<br />

— La nostra amicizia è senza<br />

maschere. Mi sono sfogata con<br />

Kareen e, in una sua chiacchierata<br />

con mio figlio, lei ha intravisto una<br />

via d’uscita — racconta Márcia.<br />

Alan non ci è più tornato allo<br />

spaccio. Non ha più preso un’arma<br />

tra le mani. Ha cominciato ad<br />

allenarsi con un canestro immaginario<br />

nel campo di cemento della<br />

favela, il <strong>do</strong>minio nelle sue mani<br />

di un pallone da basket – regalo<br />

di Kareen e Gherar<strong>do</strong>.<br />

Loro conoscevano una coppia<br />

di Milano che si è offerta per finanziare<br />

i mensili di una scuola<br />

ufficiale di basket per l’a<strong>do</strong>lescente<br />

alto quasi 1,80.<br />

— Non avevo mai visto una<br />

partita e il primo giorno di lezione<br />

è stato molto divertente perché<br />

ho fatto un sacco di cose<br />

sbagliate — racconta Alan, che<br />

sogna di diventare giocatore professionista.<br />

Alan, negli ultimi due mesi,<br />

ha affiancato gli allenamenti al<br />

mestiere di apprendista di restauro<br />

di mobili. L’amico italiano si<br />

preoccupa perché non ha ancora<br />

ricominciato a studiare.<br />

38 C o m u n i t à i t a l i a n a / ag o s t o 2007 a g o s t o 2007 / Co m u n i t à i t a l i a n a<br />

39


capa<br />

Confiança e amizade<br />

Há <strong>do</strong>is anos, a agrônoma Paola<br />

Gaggini, de 40, deixou a Itália<br />

para assumir a coordenação<br />

de cursos profissionalizantes no<br />

Morro <strong>do</strong>s Cabritos. Do brasil, conhecia<br />

pouco.<br />

— Sabia das <strong>favelas</strong> e da desigualdade<br />

<strong>social</strong> — conta Paola,<br />

que veio para o brasil a convite<br />

da Associação de Voluntários para<br />

o Serviço Internacional (Avsi),<br />

ONG voltada para o desenvolvimento<br />

de 40 países.<br />

Quinze jovens foram inseri<strong>do</strong>s<br />

no merca<strong>do</strong> de trabalho em<br />

2006 pela Avsi, quase metade <strong>do</strong><br />

total de alunos.<br />

— Constatei que a comunidade<br />

vivia num contexto muito fecha<strong>do</strong>,<br />

sem perspectivas. Os jovens<br />

aqui no morro têm toda a capacidade<br />

<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Mas não sabem<br />

lidar com ela. Infelizmente, nem<br />

to<strong>do</strong>s levam adiante a idéia de ganhar<br />

um emprego — declara.<br />

Para Paola, o problema pode<br />

estar numa carência de relações<br />

huma<strong>nas</strong>.<br />

— Com a amizade, eles criam<br />

mais comprometimento. É preciso<br />

cativá-los — conclui.<br />

Ensinan<strong>do</strong> e<br />

aprenden<strong>do</strong> a lutar<br />

Há 14 anos, a italiana Nadia Maria<br />

Rocha barbazza, de 39, decidiu<br />

se mudar da Suíça para o<br />

brasil – mais precisamente para<br />

o Morro <strong>do</strong> borel, na tijuca, Zona<br />

Norte <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>. Missionária <strong>do</strong> movimento<br />

cristão Jovens com uma<br />

Missão (Jocum), ela logo aprendeu<br />

que havia entra<strong>do</strong> “em um<br />

mun<strong>do</strong> dentro de outro mun<strong>do</strong>”.<br />

— O cotidiano é sofri<strong>do</strong> na<br />

favela, mas a visão de fora é<br />

limitada. Eu mesma tive que<br />

aprender a ver as coisas boas que<br />

existem no morro — revela.<br />

“A luta contra a violência<br />

não é responsabilidade<br />

ape<strong>nas</strong> das forças de<br />

segurança, mas da<br />

sociedade como um to<strong>do</strong>.<br />

O combate ao crime<br />

passa pelo resgate <strong>social</strong>”<br />

José Mariano Beltrame,<br />

secretário estadual de<br />

Segurança Pública<br />

No Morro <strong>do</strong>s Cabritos, Paola<br />

cria oportunidades de futuro<br />

profissional para os jovens. A<br />

missionária Nadia mora no Morro<br />

<strong>do</strong> Borel, na Tijuca, onde mantém<br />

creche para 400 crianças<br />

Nadia se casou com um companheiro<br />

da Jocum, o carioca Pedro<br />

Rocha Júnior, de 43, ex-opera<strong>do</strong>r<br />

da bolsa de Valores. Os <strong>do</strong>is<br />

filhos <strong>do</strong> casal <strong>nas</strong>ceram e vivem<br />

na favela:<br />

— Fiquei mais forte aqui,<br />

mais segura de que luto porque<br />

sei que é possível mudar a história<br />

— diz Nadia, que mantém<br />

no morro uma creche para 400<br />

crianças, ambulatório e ofici<strong>nas</strong><br />

de música e artes, entre outras.<br />

O objetivo de tu<strong>do</strong> isso: convencer<br />

pessoas a acreditar em si<br />

mesmas.<br />

— A pior pobreza é a que<br />

existe na cabeça, que leva alguém<br />

a achar que o governo ou<br />

outra pessoa tem de salvá-la.<br />

O nosso trabalho é promover a<br />

auto-estima. O resulta<strong>do</strong> disso<br />

representa muito em prevenção<br />

— analisa.<br />

Nadia lembra de con-<br />

quistas que dão senti<strong>do</strong> à<br />

vida na favela:<br />

— Conheci meninos<br />

que mal comiam uma re-<br />

Fotos: Bruno de Lima<br />

— Abbiamo stretto amicizia.<br />

Loro sanno che possono contare<br />

su di noi — afferma Gherar<strong>do</strong>, la<br />

cui figlia di sette anni abita in Europa<br />

e, durante le vacanze, gioca<br />

con i figli più giovani di Márcia.<br />

Alan è determinato:<br />

— Non posso perdere la speranza<br />

di andare avanti. Mi sono<br />

svegliato e ho visto che quella<br />

vita non valeva la pena. L’altro<br />

giorno ho visto un amico nel morro<br />

tutto trasandato, con i capelli<br />

lunghi, sporco, scalzo e mi ha raccontato<br />

che è quasi morto in una<br />

sparatoria. Penso che la sua famiglia<br />

non abbia più speranze.<br />

Fiducia e amicizia<br />

Due anni fa, l’agronoma Paola<br />

Gaggini, 40, ha lasciato l’Italia<br />

per assumere il coordinamento di<br />

corsi professionalizzanti nel Morro<br />

<strong>do</strong>s Cabritos. Del Brasile sapeva<br />

poco.<br />

— Sapevo delle <strong>favelas</strong> e della<br />

disuguaglianza <strong>social</strong>e — racconta<br />

Paola, venuta in Brasile su<br />

invito dell’Associação de Voluntários<br />

para o Serviço Internacional<br />

(Avsi), ONG rivolta allo sviluppo<br />

di 40 paesi.<br />

Quindici giovani sono stati inseriti<br />

nel mercato del lavoro nel<br />

2006 dall’Avsi, quasi la metà del<br />

totale degli alunni.<br />

— Ho constatato che la comunità<br />

viveva in un contesto molto<br />

chiuso, senza prospettive. I giovani<br />

qui nel morro hanno capacità<br />

complete. Ma non le sanno sfruttare.<br />

Purtroppo non tutti portano<br />

avanti l’idea di ottenere un impiego<br />

— dichiara. Secon<strong>do</strong> Paola,<br />

il problema potrebbe risiedere in<br />

una carenza di relazioni umane.<br />

— Con l’amicizia, loro creano<br />

più impegno. Bisogna accattivarli<br />

— conclude.<br />

Insegnan<strong>do</strong> e<br />

imparan<strong>do</strong> a lottare<br />

Quattordici anni fa, l’italiana Nadia<br />

Maria Rocha Barbazza, 39, ha<br />

deciso di trasferirsi dalla Svizzera<br />

in Brasile — più precisamente<br />

nel Morro <strong>do</strong> Borel, a Tijuca, zona<br />

nord di <strong>Rio</strong>.<br />

Missionaria del movimento<br />

cristiano Jovens com uma Missão<br />

(Jocum), ha subito capito che era<br />

entrata “in un mon<strong>do</strong> dentro un<br />

altro mon<strong>do</strong>”.<br />

— Il quotidiano nella favela è<br />

sofferto, ma la visione da fuori è<br />

limitata. Io stessa ho <strong>do</strong>vuto imparare<br />

a vedere le cose buone che<br />

ci sono nel morro — rivela.<br />

Nadia si è sposata con un collega<br />

della Jocum, il carioca Pedro<br />

Rocha Júnior, 43, ex operatore<br />

della Borsa di Valori. I due figli<br />

della coppia sono nati e vivono<br />

nella favela:<br />

— Sono diventata più forte<br />

qui, più sicura del fatto di lottare<br />

perché so che è possibile cambiare<br />

la storia — dice Nadia, che<br />

tiene nel morro un asilo ni<strong>do</strong> per<br />

400 bambini, un ambulatorio e<br />

officine di musica e arte, tra le altre<br />

attività.<br />

L’obiettivo di tutto questo:<br />

convincere le persone a credere in<br />

se stesse.<br />

feição por dia, com pais que bebiam<br />

e que batiam neles. Mas<br />

eles souberam cortar o rumo <strong>do</strong><br />

destino e aproveitaram as oportunidades.<br />

Num lugar onde o poder público<br />

é quase sinônimo de ação<br />

policial, ela confessa que a vida<br />

nem sempre é fácil.<br />

— Onde o poder público se<br />

mostra ausente, a lei (<strong>do</strong> poder<br />

paralelo) é dura. O convívio com<br />

a violência cotidiana é difícil —<br />

admite.<br />

Novata no front<br />

A advogada italiana Laura burocco,<br />

de 32, pensava em ficar no<br />

<strong>Rio</strong> por, no máximo, seis meses.<br />

Desde então, passaram-se três<br />

anos. Laura trabalha para a AR-<br />

CI, associação italiana de cultura<br />

e desenvolvimento. Envolveu-se<br />

até o pescoço em projetos culturais<br />

e de economia solidária, em<br />

mais de dez <strong>favelas</strong> da cidade e<br />

na baixada Fluminense.<br />

Recém-chegada ao <strong>Rio</strong>, cometia<br />

gafes ao transitar, sem noção<br />

das leis <strong>do</strong> tráfico, entre a<br />

favela e o asfalto.<br />

— Uma vez fui ao Morro Casa<br />

branca, na tijuca, toda vestida<br />

de vermelho. Precisei de escolta<br />

para sair em segurança da comunidade,<br />

<strong>do</strong>minada por uma facção<br />

<strong>do</strong> tráfico de drogas rival da<br />

que tem o vermelho como símbolo<br />

— lembra Laura, nem por isso<br />

intimidada em sua peregrinação<br />

pelo <strong>Rio</strong>.<br />

Intercâmbio e preconceito<br />

O líder comunitário Itamar Silva,<br />

da favela Santa Marta, de botafogo,<br />

esteve por mais de uma vez<br />

na Itália. <strong>Numa</strong> dessas, conheceu<br />

o presidente da Arci, Giampiero<br />

Rasimelli que, em visita à<br />

favela, em 2002, vibrou com as<br />

300 crianças da colônia de férias.<br />

Nasceu ali a parceria que viabiliza,<br />

to<strong>do</strong> ano, a visita ao morro<br />

de oito jovens italianos. Durante<br />

15 dias, eles se hospedam em casas<br />

de mora<strong>do</strong>res e trabalham na<br />

colônia como monitores.<br />

Itamar também já levou quatro<br />

jovens da favela para acampar<br />

<strong>nas</strong> montanhas de terni, na<br />

região da Umbria:<br />

— O melhor da viagem foi<br />

ver a arquitetura de peque<strong>nas</strong><br />

cidades medievais. Favelas muito<br />

chiques, ainda assim, <strong>favelas</strong>.<br />

Imaginei nossas <strong>favelas</strong> assim,<br />

urbanizadas, com qualidade de<br />

vida, lixo recolhi<strong>do</strong>, saneadas e<br />

charmosas.<br />

Ele reconhece que a relação<br />

com os estrangeiros nem sempre<br />

é tão afinada:<br />

— O intercâmbio favorece o<br />

encontro de soluções para ambas<br />

as partes, mas o preconceito, às<br />

vezes, atrapalha a comunicação.<br />

No Santa Marta, por exemplo,<br />

não aceitamos posturas paternalistas.<br />

Já houve quem achasse<br />

que deveríamos ser mais dóceis,<br />

discutir menos.<br />

Sobre esse sistema de intercâmbio<br />

– para o qual não conseguiu<br />

o patrocínio da viagem<br />

<strong>do</strong>s jovens da favela – Itamar<br />

adverte:<br />

— Não se trata de turismo,<br />

de visita ao zoológico, e, sim,<br />

da oportunidade de desconstruir<br />

mitos, como o de que to<strong>do</strong> pobre<br />

é violento ou de que sempre<br />

é solidário. Nada disso. Italianos<br />

podem financiar as viagens, os<br />

jovens da favela, não. Por isso,<br />

só fomos uma vez. Acham que<br />

pobre não tem que viajar. Mais<br />

fácil captar recursos para cursos<br />

de carpintaria.<br />

— La peggiore povertà<br />

è quella che esiste nelle<br />

menti, che porta uno a credere<br />

che il governo o un’altra<br />

persona debba salvarlo. Il<br />

nostro lavoro consiste nel promuovere<br />

l’autostima. Il risultato<br />

di ciò rappresenta molto in<br />

prevenzione — analizza.<br />

Nadia ricorda le conquiste<br />

che danno un senso alla vita nella<br />

favela:<br />

— Ho conosciuto bambini che<br />

a malapena facevano un pasto al<br />

giorno, con genitori che bevevano<br />

e li picchiavano. Ma loro hanno<br />

saputo dare un basta al destino<br />

e hanno sfruttato le opportunità.<br />

In un luogo <strong>do</strong>ve il potere pubblico<br />

è quasi sinonimo di azione poliziesca,<br />

confessa che la vita non<br />

è sempre facile.<br />

— Lad<strong>do</strong>ve il potere pubblico<br />

si dimostra assente, la legge (del<br />

potere parallelo) è dura. La convivenza<br />

con la violenza quotidiana<br />

è difficile — ammette.<br />

Alle prime armi sul front<br />

Laura Burocco, avvocato italiano,<br />

32, pensava di rimanere a <strong>Rio</strong><br />

Laura e Itamar: guerrilheiros da<br />

paz de origens diferentes, mas com<br />

o mesmo ideal. Abaixo, espaço de<br />

reuniões no Morro Dona Marta<br />

“O governo italiano<br />

instituiu incentivos<br />

fiscais em favor de<br />

entidades <strong>do</strong> Terceiro<br />

Setor, mas não se<br />

pode perder o foco<br />

<strong>nas</strong> necessidades das<br />

populações assistidas”<br />

Massimo Bellelli,<br />

cônsul geral da Itália<br />

per, al massimo, sei mesi. Da allora<br />

sono passati tre anni. Lavora<br />

per l’ARCI, associazione italiana<br />

di cultura e sviluppo. Si è coinvolta<br />

fino al collo in progetti culturali<br />

e di economia solidale in più<br />

di dieci <strong>favelas</strong> della città e della<br />

Baixada Fluminense.<br />

Appena arrivata a <strong>Rio</strong>, faceva<br />

gaffe allo spostarsi, non conoscen<strong>do</strong><br />

le leggi del traffico di droga,<br />

tra la favela e l’asfalto.<br />

— Una volta sono andata al<br />

Morro Casa Branca, nella Tijuca,<br />

tutta vestita di rosso. Ho avuto<br />

bisogno di una scorta per uscire<br />

salvaguardata dalla comunità,<br />

<strong>do</strong>minata da una fazione del narcotraffico<br />

rivale di quella che ha<br />

il rosso come simbolo — ricorda<br />

Laura, che malgra<strong>do</strong> questo nei<br />

suoi pellegrinaggi non si è lasciata<br />

intimidire.<br />

Interscambio e preconcetto<br />

Il leader comunitario Itamar Silva,<br />

della favela Santa Marta, a<br />

Botafogo, è stato più di una volta<br />

in Italia. Una delle volte ha<br />

conosciuto il presidente dell’Arci,<br />

Giampiero Rasimelli che, in<br />

visita alla favela nel 2002, ha vibrato<br />

per i 300 bambini in colonia.<br />

Lì è nata la partnership che<br />

rende possibile, tutti gli anni, la<br />

visita al morro di otto giovani<br />

italiani. Durante 15 giorni, vengono<br />

ospitati in abitazioni locali<br />

e lavorano nella colonia come<br />

assistenti.<br />

Itamar inoltre ha già portato<br />

quattro giovani della favela ad<br />

accampare nelle montagne di Terni,<br />

in Umbria:<br />

— Il meglio del viaggio è stato<br />

vedere l’architettura di piccole<br />

città medioevali. Favelas molto<br />

chic, ma comunque <strong>favelas</strong>.<br />

Ho immaginato le nostre <strong>favelas</strong><br />

così, urbanizzate, con qualità di<br />

vita, nettezza urbana, risanate e<br />

affascinanti.<br />

40 C o m u n i t à i t a l i a n a / ag o s t o 2007 a g o s t o 2007 / Co m u n i t à i t a l i a n a<br />

41


capa<br />

“Considero mais eficaz a<br />

ajuda feita pessoalmente<br />

<strong>do</strong> que a simples <strong>do</strong>ação de<br />

dinheiro, nem sempre<br />

bem usa<strong>do</strong>. O povo italiano<br />

promove a globalização da<br />

solidariedade”<br />

Siro Darlan,<br />

desembarga<strong>do</strong>r <strong>do</strong><br />

Tribunal de Justiça <strong>do</strong> <strong>Rio</strong><br />

Na zona de conflito<br />

O sociólogo italiano Stefano<br />

Donà, de 27, desembarcou<br />

no <strong>Rio</strong>, em setembro de 2006,<br />

com uma missão definida, mas<br />

um destino incerto. Instala<strong>do</strong><br />

no município de Duque de Caxias,<br />

base da ONG Projeto Luar,<br />

coube a ele o trabalho no pólo<br />

<strong>do</strong> Projeto Luar na Vila Cruzeiro,<br />

Penha, Zona Norte <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>,<br />

ministran<strong>do</strong> ofici<strong>nas</strong> sobre meio<br />

ambiente para meni<strong>nas</strong> de 14 a<br />

16. Sem poder trabalhar durante<br />

um mês – entre maio e junho últimos,<br />

quan<strong>do</strong> a Força Nacional<br />

de Segurança passou a monitorar<br />

a área e os conflitos na região<br />

se intensificaram – Stefano<br />

teve de abrir mão das ofici<strong>nas</strong><br />

de reciclagem:<br />

— Quan<strong>do</strong> a guerrilha explodiu,<br />

me senti impotente. Não<br />

havia como manter comunicação<br />

com os alunos. Fiquei isola<strong>do</strong> —<br />

relembra o italiano, de volta à<br />

Verona no fim de agosto.<br />

Mas Donà garante que a violência<br />

na comunidade nunca o<br />

assombrou. Segun<strong>do</strong> ele, o sentimento<br />

de solidariedade falou<br />

mais alto.<br />

— Fiquei com mais me<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

Centro e da Zona Sul <strong>do</strong> que das<br />

<strong>favelas</strong>. Fui furta<strong>do</strong> em um passeio<br />

à Candelária. Nunca me senti<br />

ameaça<strong>do</strong> <strong>nas</strong> comunidades. O<br />

que vai ficar para mim é o contato<br />

com essa gente, o seu sentimento<br />

de solidariedade — salienta.<br />

Doná também não vai ser esqueci<strong>do</strong>:<br />

— É muito legal saber que,<br />

<strong>do</strong> mesmo mo<strong>do</strong> que ele nos ensinou<br />

muita coisa, nós também<br />

contribuímos para que ele se<br />

sentisse melhor aqui — diz a<br />

professora da ONG, Nathalia Moraes,<br />

de 16.<br />

Bruno de Lima<br />

Um leão por dia<br />

Caminhan<strong>do</strong> ligeiro, passos firmes,<br />

ela sorri para nove entre<br />

dez pessoas com quem esbarra<br />

<strong>nas</strong> vielas da maior favela<br />

<strong>do</strong> <strong>Rio</strong>. São jovens a maioria<br />

<strong>do</strong>s “fãs” da italiana barbara<br />

Olivi, de 47, há sete radicada<br />

na Rocinha.<br />

— Estou viven<strong>do</strong> os<br />

melhores anos da minha<br />

vida! Claro que, antes de<br />

decidir vir para cá, eu<br />

tive que me preparar, os<br />

Lui riconosce che il rapporto<br />

con gli stranieri non è sempre così<br />

armonico:<br />

— L’interscambio favorisce il<br />

trovare soluzioni per ambedue le<br />

parti, ma il preconcetto alle volte<br />

intralcia la comunicazione. Nel<br />

Santa Marta, ad esempio, non accettiamo<br />

atteggiamenti paternalisti.<br />

C’è già stato chi pensava che<br />

<strong>do</strong>vevamo essere più <strong>do</strong>cili, discutere<br />

meno. Su questo sistema di<br />

interscambio – con il quale non è<br />

riuscito ad ottenere lo sponsor del<br />

viaggio dei giovani della favela —<br />

avvisa Itamar:<br />

— Non si tratta di turismo,<br />

di visita allo zoo, ma dell’opportunità<br />

di smontare miti come<br />

quello che dice che tutti i poveri<br />

sono violenti o sempre solidali.<br />

Non è così. Gli italiani possono<br />

finanziare i viaggi, i giovani della<br />

favela, no. Perciò siamo andati<br />

una volta sola. Pensano che<br />

i poveri non devono viaggiare. È<br />

più facile captare risorse per corsi<br />

di carpenteria.<br />

Nella zona di conflitto<br />

Il sociologo italiano Stefano<br />

Donà, 27, è approdato a <strong>Rio</strong> nel<br />

Na Rocinha, Barbara se sente no papel de mãe de cente<strong>nas</strong>.<br />

Abaixo, ensaio de dança no pólo <strong>do</strong> Projeto Luar em Vila Cruzeiro<br />

Bruno de Lima<br />

settembre 2006 con una missione<br />

definita ma un destino incerto.<br />

Preso posto nel comune di<br />

Duque de Caxias, base della ONG<br />

Projeto Luar, gli è stato attribuito<br />

il lavoro nel polo del Projeto<br />

Luar nella Vila Cruzeiro, Penha,<br />

zona nord di <strong>Rio</strong>, tenen<strong>do</strong> officine<br />

sull’ambiente per bambine dai 14<br />

ai 16 anni. Senza poter lavorare<br />

per un mese – tra maggio e giugno<br />

passati, quan<strong>do</strong> la Força Nacional<br />

de Segurança ha cominciato<br />

a controllare l’area e i conflitti<br />

nella regione si sono intensificati<br />

– Stefano ha <strong>do</strong>vuto rinunciare<br />

alle officine di riciclaggio:<br />

— Quan<strong>do</strong> la guerriglia è<br />

esplosa, mi sono sentito impotente.<br />

Non potevo mantenere contatti<br />

con gli allievi. Sono rimasto isolato<br />

– ricorda l’italiano, di ritorno<br />

a Verona alla fine di agosto.<br />

Ma Donà garantisce che la<br />

violenza in comunità non l’ha mai<br />

spaventato. Per lui, il sentimento<br />

di solidarietà ha prevalso.<br />

— Ho avuto più paura al centro<br />

di <strong>Rio</strong> o nella zona sud che<br />

nelle <strong>favelas</strong>. Mi hanno derubato<br />

in una gita alla Candelaria. Non<br />

mi sono mai sentito minacciato<br />

nelle comunità. Ciò che mi rimane<br />

è il contatto con questa gente,<br />

il loro sentimento di solidarietà –<br />

risalta.<br />

Anche Donà non sarà dimenticato:<br />

— È ottimo sapere che, così<br />

come lui ci ha insegnato molto,<br />

anche noi abbiamo contribuito<br />

affinché lui si sentisse meglio qui<br />

– dice la professoressa della ONG,<br />

Nathalia Moraes, 16.<br />

Un leone al giorno<br />

Camminan<strong>do</strong> rapidamente, a passi<br />

fermi, sorride a nove tra dieci<br />

persone che incontra nelle viuzze<br />

della maggior favela di <strong>Rio</strong>. Sono<br />

giovani la maggior parte dei<br />

“fan” di Barbara Olivi, 47, che<br />

da sette ha messo radici nella<br />

Rocinha.<br />

— Sto viven<strong>do</strong> i migliori anni<br />

della mia vita! È chiaro che prima<br />

di decidere di venire qui mi<br />

sono <strong>do</strong>vuta preparare, gli stessi<br />

abitanti mi dicevano di non venire.<br />

Essere <strong>do</strong>nna, bionda, single e<br />

straniera ha reso le cose più difficili<br />

— racconta l’ex agente immobiliare<br />

di Reggio Emilia.<br />

Barbara deve “uccidere un<br />

leone al giorno” per impedire<br />

che bambini e giovani siano reclutati<br />

dal narcotraffico. Il suo<br />

próprios mora<strong>do</strong>res diziam para eu<br />

não vir. Ser mulher, loira, solteira<br />

e estrangeira tornou as coisas<br />

mais difíceis — conta a ex-agente<br />

imobiliária, de Reggio Emiglia.<br />

barbara tem que “matar um<br />

leão por dia” para impedir que<br />

crianças e jovens sejam alicia<strong>do</strong>s<br />

pelo tráfico. Seu trunfo: a creche-escola<br />

Saci Sabe tu<strong>do</strong>, com<br />

300 crianças.<br />

Me<strong>do</strong> de conviver com a violência,<br />

diz que nunca teve.<br />

— Sou italiana, né? A máfia<br />

<strong>nas</strong>ceu lá. tá no nosso sangue<br />

saber lidar com isso. Passo pelas<br />

bocas-de-fumo, vejo meninos<br />

com armas enormes <strong>nas</strong> mãos, sei<br />

de muitas histórias. O negócio é<br />

não perguntar. Outro dia, conseguimos<br />

cooptar <strong>do</strong>is meninos.<br />

Um era olheiro e desistiu porque<br />

o melhor amigo caiu <strong>nas</strong> mãos<br />

<strong>do</strong>s bandi<strong>do</strong>s. Agora é assalaria<strong>do</strong><br />

e nos ajuda na escola. tem muita<br />

responsabilidade — ressalta.<br />

bárbara chegou ao <strong>Rio</strong> há nove<br />

anos, ao fim <strong>do</strong> primeiro casamento.<br />

Casada de novo, ela não<br />

tem filhos biológicos.<br />

— Sou mãe de cente<strong>nas</strong>. A<br />

chave <strong>do</strong> nosso projeto é o coração.<br />

Gostaria muito que meus<br />

jovens se salvassem. Fico arrasada<br />

em vê-los sem perspectivas —<br />

confessa.<br />

bárbara fez escola. A romana<br />

Concetta Cardinale, de 40, também<br />

aportou na Rocinha, há <strong>do</strong>is<br />

anos e meio. Professora particular<br />

de italiano na barra da tijuca,<br />

onde mora, Concetta é voluntária<br />

na Saci Sabe tu<strong>do</strong>.<br />

— Não preciso estar elegante<br />

e bem vestida para ser respeitada,<br />

não encontro competição no<br />

ambiente de trabalho e venho para<br />

um lugar com muita luz, vida<br />

e música, às vezes alta demais,<br />

mas um lugar lin<strong>do</strong> — descreve.<br />

Ela só se assusta com o noticiário<br />

<strong>do</strong>s conflitos <strong>nas</strong> <strong>favelas</strong>:<br />

— Nunca fui parada nem<br />

confundida enquanto transitava<br />

por aqui. Mas me assusta assistir<br />

à televisão. tomo dimensão da<br />

aflição que minha família passa.<br />

Nos <strong>do</strong>is meses em que morei na<br />

Rocinha, fiquei três dias sem poder<br />

sair de casa. Escutava os tiros<br />

e andava abaixada sem chegar<br />

perto da janela.<br />

Contraste <strong>social</strong><br />

Era o fim <strong>do</strong>s anos 70 e o jovem<br />

André Urani, aos 18 anos, já tinha<br />

deixa<strong>do</strong> a sua turim para acompa-<br />

Bruno de Lima<br />

Divulgação<br />

Concetta e a creche com 300 crianças na Rocinha. Abaixo, Franco Urani, a<br />

mulher Giulianna e a filha Lidia: parceria com mora<strong>do</strong>res de Vila Canoas<br />

nhar o pai Franco, a mãe Giulianna<br />

e a irmã Lídia ao brasil. De Mi<strong>nas</strong><br />

Gerais mudaram-se para o <strong>Rio</strong>.<br />

Ao abrir a janela da casa nova, em<br />

São Conra<strong>do</strong>, na Zona Sul, um dia,<br />

uma surpresa: Vila Canoas, a favela<br />

que, timidamente, surgia.<br />

— O fato de ter vivi<strong>do</strong> numa<br />

casa boa, ao la<strong>do</strong> de uma favela,<br />

me obrigou a questionar o senti<strong>do</strong><br />

disso tu<strong>do</strong> — admite André,<br />

de 47, economista.<br />

Os Urani arregaçaram as mangas:<br />

— Era impossível viver serenamente<br />

saben<strong>do</strong> que existiam<br />

cente<strong>nas</strong> de pessoas moran<strong>do</strong> ao<br />

nosso la<strong>do</strong> sem o mínimo necessário<br />

— lembra o empresário Franco<br />

Urani, de 77, que aproveitou as<br />

relações mantidas na Itália para<br />

atrair recursos e projetos que mudaram<br />

a realidade de Vila Canoas.<br />

André aprendeu com os pais<br />

uma lição:<br />

— Meus pais, quan<strong>do</strong> chegaram<br />

para morar ali, em momento<br />

algum pensaram em fugir daquela<br />

realidade. tentaram entender<br />

as diferenças. Aprendi e faço o<br />

mesmo com os meus filhos — revela<br />

André.<br />

asso nella manica: l’asilo-scuola<br />

Saci Sabe Tu<strong>do</strong>, con 300 bambini.<br />

La paura di convivere con la<br />

violenza, dice di non averla mai<br />

avuta.<br />

— Sono italiana, non è vero?<br />

La mafia è nata là. Ce l’abbiamo<br />

nel sangue il mo<strong>do</strong> di cavarcela.<br />

Passo per i luoghi di spaccio,<br />

ve<strong>do</strong> ragazzini con armi enormi<br />

fra le mani, so molte storie. Il<br />

segreto è non <strong>do</strong>mandare. L’altro<br />

giorno siamo riusciti a cooptare<br />

due ragazzini. Uno faceva lo<br />

“olheiro” e ha desistito perché il<br />

suo migliore amico è caduto nelle<br />

mani dei banditi. Ora ha un<br />

impiego e ci aiuta a scuola. È<br />

molto responsabile — risalta.<br />

Barbara è arrivata a <strong>Rio</strong> nove<br />

anni fa, alla fine del primo matrimonio.<br />

Risposata, non ha figli<br />

biologici.<br />

— Sono la mamma di centinaia.<br />

La chiave del nostro progetto<br />

è il cuore. Vorrei tanto che i<br />

miei giovani si salvassero. Mi distrugge<br />

vederli senza prospettive<br />

— confessa.<br />

Barbara ha fatto scuola. La<br />

romana Concetta Cardinale, 40,<br />

è anche lei approdata alla Ro-<br />

cinha due anni e mezzo fa. Professoressa<br />

privata di italiano alla<br />

Barra da Tijuca, <strong>do</strong>ve abita,<br />

Concetta è volontaria nella Saci<br />

Sabe Tu<strong>do</strong>.<br />

— Non ho bisogno di essere<br />

elegante e ben vestita per essere<br />

rispettata, non trovo competizione<br />

nell’ambiente di lavoro e<br />

vengo in un posto con molta luce,<br />

vita e musica, a volte un po’ troppo<br />

alta, ma un bellissimo posto<br />

— descrive.<br />

Lei si spaventa soltanto con le<br />

notizie sui conflitti nelle <strong>favelas</strong>:<br />

— Non sono mai stata né fermata<br />

né confusa [con altri] quan<strong>do</strong><br />

camminavo qui. Ma mi spaventa<br />

vedere la televisione. Mi ren<strong>do</strong><br />

conto della preoccupazione della<br />

mia famiglia. Nei due mesi in cui<br />

ho abitato alla Rocinha, sono rimasta<br />

tre giorni senza poter uscire<br />

di casa. Sentivo gli spari e camminavo<br />

china senza andare vicino<br />

alla finestra.<br />

Contrasto <strong>social</strong>e<br />

Era la fine degli anni ’70 quan<strong>do</strong><br />

il giovane André Urani, allora<br />

a 18 anni, aveva già lasciato la<br />

sua Torino per accompagnare il<br />

padre Franco, la madre Giuliana e<br />

la sorella Lidia in Brasile. Da Mi<strong>nas</strong><br />

Gerais si sono trasferiti a <strong>Rio</strong>.<br />

Un giorno, apren<strong>do</strong> la finestra<br />

della nuova casa, a São Conra<strong>do</strong>,<br />

zona sud, una sorpresa: Vila Canoas,<br />

la favela che, timidamente,<br />

spuntava.<br />

— Il fatto di aver vissuto in<br />

una bella casa, accanto ad una<br />

favela, mi ha obbligata a mettere<br />

in discussione il senso di tutto<br />

questo — ammette André, 47,<br />

economista.<br />

Gli Urani si sono tirati su le<br />

maniche:<br />

— Era impossibile vivere serenamente<br />

sapen<strong>do</strong> che c’erano accanto<br />

a noi centinaia di persone<br />

che vivevano senza il minimo necessario<br />

— ricorda l’imprenditore<br />

Franco Urani, 77, che ha sfruttato<br />

rapporti mantenuti in Italia<br />

per attrarre risorse e progetti che<br />

hanno cambiato la realtà di Vila<br />

Canoas.<br />

André ha imparato con i genitori<br />

una lezione:<br />

— I miei, quan<strong>do</strong> sono arrivati<br />

per abitare lì, in nessun momento<br />

hanno pensato di fuggire<br />

da quella realtà. Hanno cercato<br />

di capire le diversità. Ho imparato<br />

e faccio la stessa cosa con i<br />

miei figli — rivela André.<br />

42 C o m u n i t à i t a l i a n a / ag o s t o 2007 a g o s t o 2007 / Co m u n i t à i t a l i a n a<br />

43


cultura<br />

“Não<br />

penso<br />

em<br />

parar”<br />

Aos 80 anos, o crítico teatral Sábato Magaldi<br />

tem muitas histórias para contar. Entre elas, não<br />

poderia faltar a que envolve sua amizade com o<br />

dramaturgo Nelson Rodrigues. Desnecessário dizer<br />

que, por conta disso, tornou-se especialista em obras<br />

rodriguia<strong>nas</strong>. Mas, segun<strong>do</strong> ele, observan<strong>do</strong> os<br />

princípios da ética profissional. “Sempre fiz crítica<br />

observan<strong>do</strong> total imparcialidade”, destaca.<br />

nay r a garoFlE<br />

Quan<strong>do</strong> deixou belo Horizonte<br />

rumo ao <strong>Rio</strong> de Janeiro,<br />

em 1950, Sábato<br />

Magaldi passou a cumprir,<br />

na então capital <strong>do</strong> país, expediente<br />

no antigo Instituto<br />

de Previdência à Assistência<br />

<strong>do</strong>s Servi<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><br />

(Ipase). A rotina<br />

burocrática, tão alheia<br />

à vocação para o mun<strong>do</strong><br />

da arte, promoveu,<br />

no entanto, o primeiro<br />

encontro de Magaldi<br />

com o escritor Nelson Rodrigues.<br />

O relacionamento<br />

entre o crítico de teatro em<br />

início de carreira e o dramaturgo<br />

de produção polêmica<br />

tinha tu<strong>do</strong> para dar erra<strong>do</strong>.<br />

Mas entre tantos batepapos,<br />

nos cafés vespertinos em<br />

um estabelecimento em frente<br />

ao prédio da Associação brasileira<br />

de Imprensa (AbI), a amizade<br />

evoluiu. Foi selada pela ousadia<br />

<strong>do</strong> crítico em defender uma obra<br />

rejeitada pela maioria de então –<br />

Nelson era considera<strong>do</strong> polêmico<br />

ao inovar o teatro brasileiro, ao<br />

alterar toda a estrutura dramatúrgica<br />

da época. E não só: Magaldi<br />

se tornou o estudioso mais aplica<strong>do</strong><br />

das obras de Nelson, de quem<br />

organizou o Teatro Completo.<br />

Neste ano, a Festa Literária<br />

Internacional de Parati (Flip) homenageou<br />

o autor de O Beijo no<br />

Asfalto e, Magaldi, feliz com a<br />

lembrança, diz que esta foi mais<br />

<strong>do</strong> que merecida.<br />

— Não tenho dúvidas em afirmar<br />

que, até hoje, Nelson Rodrigues<br />

é nosso maior dramaturgo.<br />

Sua obra, consolidada no brasil,<br />

começa a ser encenada e admirada<br />

no exterior. Como eu o elogiava<br />

e, na imprensa, com raras<br />

exceções, ele era muito controverti<strong>do</strong>,<br />

seria impossível não nos<br />

tornarmos amigos. Nós nos telefonávamos<br />

quase que diariamen-<br />

te até a morte dele. Sinto muita<br />

falta da sua amizade — destaca.<br />

As afinidades entre os <strong>do</strong>is<br />

eram tantas que, quan<strong>do</strong> Nelson<br />

se submeteu a exames médicos,<br />

em São Paulo, foi na casa de Magaldi<br />

que se hospe<strong>do</strong>u.<br />

— A gente se divertia muito,<br />

nos bate-papos. Naturalmente,<br />

sinto falta da presença dele, que<br />

era também um estímulo para o<br />

meu trabalho — revela.<br />

Quan<strong>do</strong> começou a defender as<br />

obras rodriguia<strong>nas</strong> – que tinham<br />

foco em paixões exacerbadas,<br />

gestos exagera<strong>do</strong>s, obsessões, taras,<br />

incestos e conflitos – Magaldi<br />

estava em início de carreira como<br />

crítico <strong>do</strong> Diário Carioca. No entanto,<br />

segun<strong>do</strong> ele, nunca sofreu<br />

preconceito por analisar o teatro<br />

de Nelson em um momento em<br />

que ele era alvo de polêmicas:<br />

— Não sofri nenhum preconceito.<br />

A qualidade da dramaturgia<br />

foi o que mais me chamou atenção<br />

Bruno de Lima<br />

no teatro de Nelson. Era diferente<br />

da subliteratura que <strong>do</strong>minava<br />

os cartazes. Ele já tinha o apoio<br />

de Manuel bandeira e de outros<br />

intelectuais de valor. Além disso,<br />

Pompeu de Souza, secretário <strong>do</strong><br />

Diário Carioca, foi <strong>do</strong>s primeiros<br />

a valorizar, com inteligência, o<br />

teatro rodriguiano.<br />

Crítica amordaçada<br />

A cultura brasileira definha diante<br />

<strong>do</strong>s olhos de Sábato Magaldi –<br />

testemunha de tempos melhores.<br />

O crítico lembra que o país já teve,<br />

por exemplo, um Serviço Nacional<br />

de teatro. Mas na opinião<br />

<strong>do</strong> intelectual a força da política<br />

pública para o setor foi se dissolven<strong>do</strong><br />

em meio a uma progressiva<br />

perda de foco.<br />

— A desgraça <strong>do</strong> neoliberalismo<br />

procura, sobretu<strong>do</strong>, o lucro<br />

de privilegia<strong>do</strong>s financeiramente,<br />

esquecen<strong>do</strong> a responsabilidade<br />

plena com o país. Sinto vergonha<br />

em lembrar que até a ditadura<br />

respeitou a cultura, enquanto o<br />

neoliberalismo só tentou enterrá-la<br />

— desabafa.<br />

Sem disfarçar o tom indigna<strong>do</strong>,<br />

o crítico cobra uma revisão<br />

profunda de rumos.<br />

— Esta situação só será revertida<br />

quan<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s os poderes<br />

tomarem vergonha, acreditan<strong>do</strong><br />

que, sem apoio financeiro, não<br />

há como fazer arte. Os governos<br />

europeus e as fundações norteamerica<strong>nas</strong><br />

conhecem bem o problema,<br />

resolven<strong>do</strong>-o a contento<br />

— alerta, apontan<strong>do</strong> caminhos<br />

para essa mudança.<br />

Magaldi lamenta que países<br />

europeus, entre os quais a Itália,<br />

tenham deixa<strong>do</strong> de enviar<br />

à América <strong>do</strong> Sul suas melhores<br />

companhias, como o Piccolo Teatro<br />

di Milano, Vittorio Gassmann,<br />

Franca Rame e Dario Fo.<br />

— Logo depois da segunda<br />

grande guerra, a França e a Itália,<br />

sobretu<strong>do</strong>, utilizaram as temporadas<br />

teatrais no exterior para mostrar<br />

a sua força. A valorização da<br />

arte poupava-lhes as possíveis críticas<br />

pelas mortes numerosas. Mas a<br />

redução das viagens marítimas, que<br />

permitiam o transporte de cenários<br />

e vestimentas, não conseguia idêntica<br />

facilidade nos aviões. E as excursões<br />

tornaram-se extremamente<br />

dispendiosas, deixan<strong>do</strong> de ser prioritárias<br />

para os governos — explica<br />

o sempre atento observa<strong>do</strong>r das<br />

razões por detrás de tantas mudanças,<br />

nem sempre para melhor, no<br />

cenário teatral brasileiro.<br />

Por falar em Europa, o crítico<br />

admite que não se sente seguro<br />

para analisar a produção teatral<br />

italiana, mas afirma que o Piccolo<br />

Teatro di Milano, entre outros,<br />

sempre foi exemplo da importância<br />

que a Itália dá ao palco:<br />

— Pudemos aproveitar a qualidade<br />

de encena<strong>do</strong>res como Ruggero<br />

Jacobbi, A<strong>do</strong>lfo Celi, Luciano<br />

Salce e Flaminio Bollini Cerri que<br />

ampliaram a contribuição <strong>do</strong> polonês<br />

Ziembisnki.<br />

também o espaço para a crítica<br />

teatral tem se reduzi<strong>do</strong> na visão<br />

de Magaldi, que viveu uma época<br />

em que o papel <strong>do</strong> crítico na imprensa<br />

era o de ajudar o leitor a<br />

Obras fundamentais:<br />

Moderna Dramaturgia<br />

Brasileira<br />

Perspectiva<br />

223 pági<strong>nas</strong><br />

R$45<br />

Depois <strong>do</strong> Espetáculo<br />

Perspectiva<br />

344 pági<strong>nas</strong><br />

R$51<br />

Panorama <strong>do</strong> teatro<br />

brasileiro<br />

Global Editora<br />

328 pági<strong>nas</strong><br />

R$49<br />

Teatro da obsessão:<br />

Nelson Rodrigues<br />

Global Editora<br />

187 pági<strong>nas</strong><br />

R$34<br />

compreender a obra. Para ele, os<br />

jornais dispunham de mais espaço,<br />

facilitan<strong>do</strong>, no comentário<br />

crítico, a possibilidade de orientar<br />

melhor o leitor. Atualmente,<br />

segun<strong>do</strong> o escritor, os cadernos<br />

de cultura na mídia impressa não<br />

oferecem mais tanto espaço para<br />

a crítica especializada.<br />

— A arte <strong>do</strong>s palcos passou a<br />

ter de dividir espaço com a música,<br />

as artes plásticas e a televisão<br />

— constata Magaldi, que afirma<br />

sempre ter lida<strong>do</strong> muito bem com<br />

a linha tênue <strong>do</strong> relacionamento<br />

entre o crítico e os autores de<br />

obras teatrais: — Sempre fiz crítica<br />

observan<strong>do</strong> total imparcialidade<br />

e, por isso, creio que os profissionais<br />

<strong>do</strong> palco me respeitam.<br />

Itália <strong>nas</strong> veias<br />

Jornalista, professor, procura<strong>do</strong>r<br />

<strong>do</strong> Instituto Nacional de Seguridade<br />

Social (INSS) e escritor. São<br />

muitas as funções acumuladas ao<br />

longo da vida. A paixão pela arte<br />

começou ainda em belo Horizonte,<br />

numa escola italiana da qual<br />

não se lembra o nome, onde os<br />

alunos já faziam teatro.<br />

— Fiz o primário e o secundário<br />

em belo Horizonte, minha<br />

cidade natal, em grupo e ginásio<br />

italianos, que valorizavam muito o<br />

teatro. Na revista Edifício, que Wilson<br />

Figueire<strong>do</strong>, Autran Doura<strong>do</strong> e<br />

eu, entre outros amigos, criamos,<br />

logo pendi para o teatro. No <strong>Rio</strong> de<br />

Janeiro, fui redator <strong>do</strong> Diário Carioca,<br />

e comecei a fazer a coluna<br />

informativa. Pompeu de Souza, secretário<br />

<strong>do</strong> jornal e ótimo crítico,<br />

me confiou a coluna, com aprovação<br />

<strong>do</strong> meu amigo Carlos Castello<br />

branco — rememora Magaldi, sobre<br />

a sua iniciação na crítica.<br />

Mineiro de belo Horizonte,<br />

Sábato Antônio Magaldi tem ascendência<br />

italiana. Sua família<br />

tem origem no norte e no sul da<br />

Itália – os avós maternos são de<br />

Nelson Rodrigues, ao centro, entre a esposa e um amigo.<br />

Atrás, Sábato Magaldi<br />

Acervo Sábato Magalti<br />

Verona e o seu pai de Rivello, em<br />

Potenza. Casa<strong>do</strong> há quase 30 anos<br />

com a escritora catarinense Edla<br />

van Steen, o crítico tem <strong>do</strong>is filhos<br />

<strong>do</strong> primeiro casamento. Magaldi<br />

“parla l’italiano”, mas não<br />

tem cidadania.<br />

Desde jovem, Magaldi nunca<br />

esteve para<strong>do</strong>. Na década de 50,<br />

o mineiro estava em Paris estudan<strong>do</strong><br />

estética. Já nos anos 60,<br />

passou a lecionar história <strong>do</strong> teatro<br />

na Escola de Arte Dramática<br />

(EAD), em São Paulo.<br />

— Fui aluno na Sorbonne <strong>do</strong><br />

grande esteta Etienne Souriau.<br />

Mas nunca tive coragem de dizerlhe<br />

que era crítico. Voltei mais tarde<br />

como professor associa<strong>do</strong> na<br />

Sorbonne e na Universidade de Aixen-Provence.<br />

Aqui e na França, há<br />

bons e maus alunos. Depois de estudar<br />

na França, Alfre<strong>do</strong> Mesquita<br />

me recomen<strong>do</strong>u para trabalhar em<br />

O Esta<strong>do</strong> de São Paulo, onde fiz o<br />

noticiário especializa<strong>do</strong>, e depois<br />

assumi a coluna teatral <strong>do</strong> Suplemento<br />

Literário, dirigi<strong>do</strong> pelo excelente<br />

crítico Décio de Almeida<br />

Pra<strong>do</strong>. Mais tarde me tornei crítico<br />

<strong>do</strong> Jornal da tarde — conta.<br />

Hoje, o crítico e também historia<strong>do</strong>r<br />

de teatro divide o seu tempo<br />

entre <strong>Rio</strong> e São Paulo e, apesar de<br />

concordar que tem uma vida muito<br />

corrida, não pensa em parar.<br />

— Há muito tempo me aposentei<br />

no ensino, mas divi<strong>do</strong> a<br />

moradia entre São Paulo e <strong>Rio</strong>, por<br />

ser membro da Academia brasileira<br />

de Letras. Minha vida é, sim,<br />

bastante agitada e não penso em<br />

parar — afirma Magaldi que se<br />

dedica, hoje, preferencialmente,<br />

à publicação de livros. O lançamento<br />

<strong>do</strong> 16º está previsto para<br />

o próximo ano e o título é Presença<br />

<strong>do</strong> Teatro. A sua primeira obra,<br />

Panorama <strong>do</strong> Teatro Brasileiro, foi<br />

publicada em 1962. Além da produção<br />

jornalística, são 45 anos de<br />

atividade ininterrupta.<br />

44 C o m u n i t à i t a l i a n a / ag o s t o 2007<br />

a g o s t o 2007 / Co m u n i t à i t a l i a n a 45


urbanismo<br />

Uma<br />

outra<br />

Roma<br />

Concebi<strong>do</strong> para celebrar o poder da ditadura da era<br />

Mussolini, o EUR, quase meio século após o seu<br />

surgimento, passa por uma <strong>revolução</strong> urbanística,<br />

com obras de arquitetura e de infra-estrutura que<br />

devem mudar a estrutura e a imagem <strong>do</strong> bairro<br />

Na marcante cena inicial de<br />

La Dolce Vita, de Federico<br />

Fellini, um Cristo gigante<br />

de braços abertos pendura<strong>do</strong><br />

num helicóptero atravessa<br />

o EUR e sobrevoa seus prédios<br />

brancos e quadra<strong>do</strong>s, marcas da<br />

arquitetura racionalista italiana.<br />

O ano era 1960 e o EUR – considera<strong>do</strong><br />

o bairro mais moderno da<br />

ValqUíria rEy<br />

Correspondente • ro m a<br />

capital da Itália, <strong>nas</strong>ci<strong>do</strong> no final<br />

da década de 30 – ainda estava<br />

sen<strong>do</strong> construí<strong>do</strong>.<br />

Mais de quatro décadas depois,<br />

o bairro, que além de Fellini,<br />

seduziu cineastas como Michelangelo<br />

Antonioni, bernar<strong>do</strong><br />

bertolucci e Roberto Rossellini,<br />

se prepara para o que muitos podem<br />

considerar como uma <strong>revolução</strong><br />

urbanística.<br />

Alguns <strong>do</strong>s mais importantes<br />

arquitetos italianos estão envolvi<strong>do</strong>s<br />

no projeto que mudará a<br />

cara <strong>do</strong> EUR até 2011.<br />

— O EUR é o bairro romano<br />

com a arquitetura mais importante<br />

<strong>do</strong> século passa<strong>do</strong>. Não só aquela<br />

definida como fascista-racionalista,<br />

presente também em outros<br />

países — afirma Paolo Cucccia,<br />

presidente da EUR Spa, sociedade<br />

criada em 2000, responsável pela<br />

administração <strong>do</strong> patrimônio arquitetônico<br />

<strong>do</strong> bairro.<br />

Segun<strong>do</strong> ele, há previsão de<br />

novos investimentos estima<strong>do</strong>s em<br />

cerca de 700 milhões de euros.<br />

— Projetos importantes estão<br />

sain<strong>do</strong> <strong>do</strong> papel e estará tu<strong>do</strong><br />

completo até 2011. Quer dizer,<br />

70 anos depois da fundação,<br />

a estrutura <strong>do</strong> EUR será reformulada<br />

— informa.<br />

A obra mais vistosa e revolucionária<br />

é a Nuvola – Novo Centro<br />

de Congressos –, <strong>do</strong> arquiteto<br />

romano Massimiliano Fuksas. Orça<strong>do</strong><br />

em 250 milhões de euros,<br />

o prédio tem 32 metros de altura.<br />

No seu interior, haverá uma<br />

nuvem gigantesca e cintilante,<br />

feita de um material chama<strong>do</strong><br />

gore-tex, que flutuará em uma<br />

estrutura de aço e vidro. Contará<br />

com auditório de 11 mil lugares e<br />

salas de reunião. Mais ao centro,<br />

haverá outras três salas e espaço<br />

para foyers, cafés e restaurante.<br />

— É uma obra de extraordinário<br />

valor artístico, caracterizada<br />

por soluções inova<strong>do</strong>ras e pela<br />

escolha de materiais tecnologicamente<br />

avança<strong>do</strong>s — diz Cuccia.<br />

—O novo complexo terá ainda<br />

um hotel e estacionamento<br />

para 600 carros — acrescenta.<br />

O prefeito de Roma Walter<br />

Veltroni acredita que, com a Nuvola<br />

de Fuksas, a cidade vai se<br />

enriquecer com mais um lugar de<br />

grande arquitetura que restará<br />

no tempo.<br />

— O Novo Centro de Congressos<br />

preencherá a lacuna sobre turismo<br />

congressual na cidade. Com<br />

ele, a partir de 2010, poderemos<br />

atrair para Roma importante parcela<br />

desse segmento de merca<strong>do</strong><br />

— explica Veltroni.<br />

Fuksas, que desenhou o projeto<br />

em 1999, espera que a obra<br />

se torne uma das imagens mais<br />

importantes de Roma. Em frente<br />

à Nuvola, um projeto <strong>do</strong> arquiteto<br />

genovês Renzo Piano: um complexo<br />

residencial com a forma de<br />

C e em sintonia com o meio-ambiente.<br />

Para o cria<strong>do</strong>r <strong>do</strong> projeto,<br />

é como “uma caixa mágica”, com<br />

400 apartamentos, onde poderão<br />

viver em torno de 1.200 pessoas,<br />

além de haver uma pequena quota<br />

comercial:<br />

— Vai ser um edifício extremamente<br />

transparente e total-<br />

Fotos: Divulgação<br />

mente ecológico, com captura de<br />

energia solar e luz, com a fachada<br />

de vidro, e com um grande jardim<br />

aberto ao público de cerca<br />

de 11 mil metros quadra<strong>do</strong>s.<br />

Além <strong>do</strong>s novos projetos, na<br />

metade de julho, a Prefeitura de<br />

Roma anunciou o plano de investir<br />

470 milhões de euros em obras<br />

de infra-estrutura e transporte no<br />

EUR, assim como em bairros vizinhos<br />

até 2011. Destes, 352 milhões<br />

de euros já estão disponíveis<br />

para a realização de inúmeras obras<br />

que, de acor<strong>do</strong> com a Prefeitura,<br />

deverão “revolucionar a viabilidade<br />

e a visibilidade <strong>do</strong> bairro”.<br />

— Será um grande investimento.<br />

O EUR é um bairro importante<br />

pela sua história, pela função<br />

que tem hoje e por aquelas<br />

que estão por vir. É, além disso,<br />

a porta da cidade — define Veltroni,<br />

referin<strong>do</strong>-se ao bairro localiza<strong>do</strong><br />

no sul de Roma.<br />

Uma <strong>revolução</strong> conceitual<br />

Arquitetos e urbanistas se dividem<br />

ao avaliar o conceito <strong>do</strong> bairro.<br />

Para alguns, trata-se ape<strong>nas</strong><br />

de arquitetura de regime, retórica<br />

e anti-histórica. Outros dizem<br />

que foi uma tentativa de fazer arquitetura<br />

moderna em Roma.<br />

— É a cidade dentro da cidade.<br />

Aqui há de tu<strong>do</strong> e os 14 mil<br />

mora<strong>do</strong>res não têm necessidade<br />

de se deslocar ao centro da cidade<br />

para encontrar o que precisam.<br />

É um bairro burguês, com<br />

belas casas e apartamentos —<br />

revela Cuccia.<br />

Entre as mudanças que estão<br />

por vir, o Palazzo della Civiltà<br />

<strong>Italiana</strong> – símbolo não ape<strong>nas</strong> <strong>do</strong><br />

EUR, mas da capital italiana – vai<br />

ser reestrutura<strong>do</strong> e transforma<strong>do</strong><br />

em Museu <strong>do</strong> Audiovisual.<br />

O prédio, pouco utiliza<strong>do</strong> nos<br />

últimos anos, vai abrigar, em seu<br />

último andar, um requinta<strong>do</strong> restaurante<br />

panorâmico. O projeto<br />

estava previsto nos anos 40, mas<br />

nunca foi concretiza<strong>do</strong>.<br />

Em avança<strong>do</strong> esta<strong>do</strong> de construção<br />

está o Europarco, um complexo<br />

com duas torres – uma delas<br />

projetada pelo arquiteto Franco<br />

Purini e denominada Eurosky.<br />

Compreenderá hotel, centro comercial,<br />

torre residencial, salas<br />

de exposição e praça central com<br />

32 mil metros quadra<strong>do</strong>s – área<br />

maior <strong>do</strong> que a da Praça Navona,<br />

onde fica a Embaixada <strong>do</strong> brasil.<br />

Membros de parti<strong>do</strong>s da esquerda,<br />

como o Rifondazione Co-<br />

munista, têm critica<strong>do</strong> o projeto.<br />

Eles alegam que a cidade precisa<br />

de mais casas para habitantes de<br />

baixa renda <strong>do</strong> que de luxo. Mas<br />

arquitetos envolvi<strong>do</strong>s no trabalho<br />

defendem o projeto por sua<br />

capacidade de mudar sensivelmente<br />

a imagem <strong>do</strong> bairro.<br />

Arranha-céus<br />

Serão os primeiros arranha-céus<br />

de Roma, mais altos <strong>do</strong> que qualquer<br />

outro edifício construí<strong>do</strong> na<br />

cidade até hoje, com 120 metros<br />

de altura, dividi<strong>do</strong> em 30 andares<br />

cada um. Na praça, estarão esculturas<br />

e obras de arte, seguin<strong>do</strong><br />

exemplo <strong>do</strong> bairro parisiense<br />

da Dèfense, além de restaurantes,<br />

bares e outros negócios.<br />

Além da construção de obras<br />

moder<strong>nas</strong>, no projeto de re<strong>nas</strong>cimento<br />

<strong>do</strong> EUR também estão<br />

previstas transformações no Velodromo<br />

Olimpico, projeta<strong>do</strong> por<br />

Silvano Ricci. No local, deve surgir<br />

um grande centro esportivo,<br />

com uma arquitetura esteticamente<br />

funcional e manten<strong>do</strong> as<br />

características originais.<br />

Segun<strong>do</strong> Cuccia, vai ser cria<strong>do</strong><br />

um grande centro aquático, com<br />

escolas, parques, áreas para jogos,<br />

reabilitação e atividades esportivas.<br />

De acor<strong>do</strong> com ele, parte da<br />

nova estrutura poderá ser utilizada<br />

para o Campeonato Mundial de<br />

Natação de 2009. Programas para<br />

promover a valorização das áreas<br />

verdes <strong>do</strong> bairro também estão em<br />

andamento e devem ser concluí<strong>do</strong>s<br />

nos próximos três anos.<br />

O parque de diversões Luneur,<br />

<strong>nas</strong>ci<strong>do</strong> como atração temporária<br />

da feira agrícola que aconteceu<br />

no local em 1953, também deve-<br />

Ro core magnim nulputpat aliquis nos<br />

nos duis esed tat <strong>do</strong>luptat la facil<br />

O presidente da EUR Spa, Paolo Cuccia e o Nuvola, novo centro de congressos que terá,<br />

no interior, uma nuvem gigantesca feita de gore-tex<br />

rá passar por remodelação. Atualmente,<br />

conta com 70 atrações,<br />

várias mostras, museus e espetáculos.<br />

O administra<strong>do</strong>r delega<strong>do</strong><br />

da sociedade EUR Spa, Mauro Miccio,<br />

defende a idéia de transformar<br />

o parque num “mix entre atrações<br />

fixas e atividades itinerantes,<br />

igual ao tivoli, de Copenhagen”.<br />

— Apesar <strong>do</strong> EUR ter <strong>nas</strong>ci<strong>do</strong><br />

de uma proposta de Mussolini, o<br />

bairro é ainda o sinal de um talento<br />

que permanece — afirma o<br />

ministro da Cultura e vice-presidente<br />

<strong>do</strong> Conselho de Ministros<br />

da Itália, Francesco Rutelli.<br />

Origem polêmica<br />

O EUR começou a ser construí<strong>do</strong><br />

em 1939, por decisão <strong>do</strong> dita<strong>do</strong>r<br />

benito Mussolini, com o fim de<br />

sediar, no ano de 1942, a Exposição<br />

Universal de Roma – a qual<br />

emprestou as iniciais para batizar<br />

o bairro – mas que não chegou<br />

a ocorrer, por causa da II<br />

Guerra Mundial. Com o evento, o<br />

plano era festejar o 20º aniversário<br />

<strong>do</strong> fascismo no poder.<br />

As obras de construção <strong>do</strong><br />

bairro só se concluíram nos anos<br />

60. E, ainda hoje, o EUR se apresenta<br />

como uma das áreas moder<strong>nas</strong><br />

mais interessantes<br />

de Roma.<br />

A idéia inicial previa<br />

a criação de uma<br />

grande zona urbana<br />

com prédios<br />

imponentes, com estilo arquitetônico<br />

monumental e cenográfico,<br />

serviço público e grande área<br />

verde. Para ligar o EUR ao centro<br />

de Roma (Piazza Venezia), foi<br />

construída uma grande avenida. A<br />

Via Imperiale (hoje Via Cristoforo<br />

Colombo) foi então mais uma das<br />

intervenções urbanísticas promovidas<br />

para celebrar a grandeza <strong>do</strong><br />

império fascista.<br />

Grandes arquitetos da época,<br />

como Marcello Piacentini, Ettore<br />

Rossi e Luigi Vietti, foram os<br />

responsáveis pelos grandes projetos<br />

<strong>do</strong> novo bairro, de cerca de<br />

474 hectares, com edifícios majestosos<br />

e imponentes, maciços e<br />

quadra<strong>do</strong>s, construí<strong>do</strong>s em mármore<br />

branco, lembran<strong>do</strong> os prédios<br />

e templos da Roma imperial.<br />

Entre as obras que caracterizam<br />

o EUR, consideradas as mais representativas<br />

da arquitetura fascista,<br />

destacam-se o Palazzo dei<br />

Congressi e o Palazzo della Civiltà<br />

<strong>Italiana</strong>, este conheci<strong>do</strong> como<br />

o coliseu quadra<strong>do</strong>.<br />

O EUR, além de zona residencial,<br />

também é sede de muitos escritórios,<br />

entre estes, a sede da<br />

Confederação Geral da Indústria<br />

<strong>Italiana</strong> (Confindustria), os ministérios<br />

da Saúde, da Comunicação<br />

e várias multinacionais.<br />

46 C o m u n i t à i t a l i a n a / ag o s t o 2007<br />

a g o s t o 2007 / Co m u n i t à i t a l i a n a 47


meio ambiente<br />

Itália, 40 graus<br />

Calor excessivo, consumo de energia eleva<strong>do</strong> e medusas fora de época <strong>nas</strong> águas italia<strong>nas</strong>.<br />

Eis as primeiras conseqüências <strong>do</strong> aquecimento global no verão da península ao Sul da Europa<br />

Ondas de calor escaldante,<br />

a água <strong>do</strong> mar ultragelada<br />

e infestada de águas-vivas.<br />

Nunca se viu um verão<br />

assim na Itália. Os termômetros<br />

chegaram a superar a marca<br />

<strong>do</strong>s 40 graus no sul <strong>do</strong> país. Houve<br />

incêndios em escala incomum.<br />

A Worldwide Fund for Nature<br />

(WWF), organização internacional<br />

de defesa <strong>do</strong> meio ambiente,<br />

denunciou “um ano negro” para o<br />

patrimônio natural da península,<br />

ao anunciar que, em julho, pelo<br />

menos 4.500 hectares de parques<br />

protegi<strong>do</strong>s foram devasta<strong>do</strong>s pelas<br />

chamas. Culpa <strong>do</strong> aquecimento<br />

global? Provavelmente, na<br />

avaliação <strong>do</strong> ambientalista, economista<br />

e presidente <strong>do</strong> Instituto<br />

Municipal de Urbanismo Pereira<br />

Passos (IPP), Sérgio besserman.<br />

— trabalhamos com estatísticas<br />

e acontecimentos ocorri<strong>do</strong>s<br />

em seqüência, mas temos por<br />

que acreditar que, certamente, o<br />

aquecimento global pode fazer<br />

com que essas ondas de calor se<br />

tornem muito mais freqüentes sobre<br />

a Europa. Não fosse o aquecimento<br />

provoca<strong>do</strong> pela emissão<br />

humana de gases de efeito estufa,<br />

a atual onda de calor seria menos<br />

grave — afirma o ambientalista.<br />

O calor excessivo provocou<br />

uma elevação a níveis anormais<br />

<strong>do</strong> consumo de energia elétrica na<br />

Itália. Segun<strong>do</strong> a terna, a companhia<br />

nacional de eletricidade, às<br />

11h45 de 16 de julho, o sistema<br />

exigiu 53.189 megawatts, contra<br />

as previsões de 51.100 megawatts<br />

para o perío<strong>do</strong>. Uma demanda<br />

superior aos 53 mil megawatts<br />

prosseguiu até pouco depois <strong>do</strong><br />

meio-dia local, quan<strong>do</strong>, então, o<br />

consumo começou a baixar.<br />

— Natural que a população<br />

se defenda compran<strong>do</strong> aparelhos<br />

de ar condiciona<strong>do</strong>, aumentan<strong>do</strong><br />

o consumo de energia. Num<br />

prazo de tempo mais longo, sabemos<br />

que mudanças estruturais<br />

muito profundas serão necessárias<br />

na arquitetura <strong>do</strong>s prédios,<br />

no urbanismo mesmo, para aliviar<br />

o calor — prevê besserman.<br />

Turismo em clima de alarme<br />

Em abril deste ano, a jornalista<br />

<strong>do</strong> <strong>Rio</strong> Vera Perfeito esteve<br />

na Itália em passeio pelo sul da<br />

península. Ela sentiu na pele a<br />

intensidade <strong>do</strong> calor neste verão<br />

europeu. Ao chegar à paradisíaca<br />

Costa Amalfitana, constatou que<br />

os efeitos <strong>do</strong> aquecimento global<br />

já não preocupam somente os<br />

cientistas, mas a própria população<br />

italiana.<br />

Na tropea, na Calábria, Vera<br />

conta ter ouvi<strong>do</strong> <strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res<br />

relatos aturdi<strong>do</strong>s sobre outros<br />

efeitos, além <strong>do</strong> forte calor, no<br />

ambiente. Segun<strong>do</strong> ela, a população<br />

atribui ao<br />

desequilíbrio na natureza<br />

o fato de o<br />

vulcão Stromboli, por<br />

exemplo, <strong>nas</strong> ilhas Eólias,<br />

ter decepciona<strong>do</strong> os<br />

turistas neste ano ao passar<br />

dias sem dar o ar de sua graça,<br />

sem soltar uma fagulha.<br />

Mas a cidade, segun<strong>do</strong> a jornalista,<br />

que mais vem sofren<strong>do</strong> com<br />

Arquivo pessoal<br />

os fenômenos é a deslumbrante<br />

taormina, onde se localiza o Etna:<br />

— As chamadas neves eter<strong>nas</strong>,<br />

únicas da Sicília, que pairaram<br />

desde sempre sobre o maior vulcão<br />

europeu, estão derreten<strong>do</strong> antes<br />

mesmo da chegada <strong>do</strong> verão, frustran<strong>do</strong><br />

os visitantes — ressalta.<br />

Efeito enregelante<br />

Não só as nuvens <strong>do</strong> Etna, mas<br />

as geleiras polares estão derreten<strong>do</strong><br />

e na Itália isso também<br />

tem afeta<strong>do</strong> a qualidade de vida<br />

<strong>do</strong>s turistas e da população local<br />

durante o alto verão. As águas<br />

<strong>do</strong> Norte enregelam as correntes<br />

marinhas que banham o litoral<br />

italiano. Efeito evidente disso,<br />

de acor<strong>do</strong> com besserman: a proliferação<br />

de águas-vivas no mar.<br />

— Na medida em que as geleiras<br />

estão descongelan<strong>do</strong> mais<br />

ce<strong>do</strong>, altera-se a temperatura da<br />

água e as águas-vivas são também<br />

atraídas precocemente. Isso<br />

nay r a garoFlE<br />

Reprodução<br />

Calor excessivo levam crianças a se<br />

esbaldarem pelas ruas da Itália. Rodrigo<br />

já não suporta as altas temperaturas<br />

prejudicou o turismo, pois não<br />

se esperava por isso — reflete o<br />

pesquisa<strong>do</strong>r.<br />

E as medusas, de fato, atrapalharam<br />

as férias de Vera, em<br />

sua passagem pela Sicília, pois<br />

ela não pôde aproveitar as<br />

águas claras e mansas <strong>do</strong> Mediterrêneo.<br />

Milão escaldante<br />

também no extremo norte da Itália,<br />

em pontos bem distantes <strong>do</strong><br />

mar, o calor atribuí<strong>do</strong> ao efeito<br />

estufa tem si<strong>do</strong> difícil de tolerar<br />

mesmo para um estrangeiro que<br />

passou a maior parte da vida sob<br />

o intenso calor tropical brasileiro.<br />

Há três meses em Corsico, na<br />

província de Milão, o professor de<br />

Educação Física Rodrigo Caetano,<br />

de 27 anos, <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro, diz<br />

que, para ele, o verão europeu<br />

tem representa<strong>do</strong> um desafio à<br />

beira <strong>do</strong> limite <strong>do</strong> insuportável.<br />

— Para falar a verdade, o calor<br />

daqui às vezes “torra” a minha<br />

paciência. Em Milão não tem<br />

praia e o sol aparece das seis da<br />

manhã às 22h — desabafa o brasileiro,<br />

que está na Itália para<br />

aprender uma nova língua, conhecer<br />

uma nova cultura e tentar<br />

ganhar um dinheiro extra com a<br />

sua profissão.<br />

urante o verão, no mês de agosto, Milão fica praticamente deserta. Já foi pior há dez anos<br />

quan<strong>do</strong>, para fazer compras, os habitantes tinham de dar uma volta enorme em busca de<br />

um supermerca<strong>do</strong> aberto. Mesmo assim, os mora<strong>do</strong>res que podem, se mudam com malas e cuias<br />

para as praias. O titular desta coluna também entrou neste roldão e foi parar na Ilha da Sardenha,<br />

destino final de bilionários <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> inteiro e de milhares de italianos remedia<strong>do</strong>s em<br />

busca de sombra, água fresca e um mar paradisíaco. E, como não poderia deixar de ser, acabou<br />

conferin<strong>do</strong> alguns points imperdíveis para se esbaldar no mês <strong>do</strong> famoso Ferragosto.<br />

Fotos: Guilherme Aquino D<br />

Só com tempo bom<br />

A<br />

cerca de duas horas e meia de carro<br />

de Cagliari pela SS125, passan<strong>do</strong><br />

por praias que não deixam nada a<br />

desejar para as da Polinésia Gauguin, chega-se<br />

a Santa Maria Navarrese. Um pequeno<br />

povoa<strong>do</strong> fantasma durante o ano e badala<strong>do</strong><br />

no verão. Daqui saem excursões para<br />

as praias com acesso ape<strong>nas</strong> pelo mar. Os<br />

points são Cala Sisine, Gabbiani, Mariolu e<br />

Grotta del Fico, uma imensa caverna dentro<br />

<strong>do</strong> desfiladeiro. Já para a Cala Goloritze, pa-<br />

Para circular<br />

As companhias de navegação Moby e tirrenia<br />

percorrem diferentes rotas rumo à Sardenha.<br />

Para quem não quiser pousar de avião<br />

nos aeroportos de Olbia, no nordeste da ilha,<br />

ou de Cagliari, a capital, os barcos são a opção<br />

mais em conta. Uma viagem de Gênova – embarque<br />

mais próximo de Milão – a Porto torres,<br />

no norte da Sardenha, custa de 15 a 150 euros.<br />

O transporte <strong>do</strong> carro no mesmo navio não sai<br />

por menos de 90 euros, mas vale a pena, pois,<br />

ao desembarcar, ele será necessário para o passeio<br />

pelas praias e cidades da ilha.<br />

trimônio da humanidade, o aventureiro pode<br />

ir nadan<strong>do</strong> <strong>do</strong> barco – que não pode se<br />

aproximar da praia – ou tem que caminhar<br />

mais de uma hora em meio à vegetação mediterrânea.<br />

Mas vale a pena o sacrifício. O<br />

passeio custa 30 euros por pessoa. Os barcos<br />

saem da marina de Santa Maria Navarrese<br />

to<strong>do</strong>s os dias. Com Netuno e São Pedro<br />

autorizan<strong>do</strong>, é claro. Mas, no verão italiano,<br />

até os deuses e os santos tiram férias e viajam<br />

para a Sardenha <strong>do</strong> tempo bom.<br />

Em pleno “paradiso”<br />

Cerca de meia hora de carro de Porto torres<br />

e o viajante chega à localidade de<br />

Capo Falcone, promontório paradisíaco com<br />

uma torre sarracena na extremidade <strong>do</strong> cabo.<br />

Do outro la<strong>do</strong> <strong>do</strong> canal, está a ilha de Asinara,<br />

povoada por sar<strong>do</strong>s, com suas mulas e asnos.<br />

No meio, orlas e bancos de areia. Nesta<br />

área de Alghero e Stintino, pode-se ter um<br />

tranqüilo banho de mar em águas calmas e<br />

cristali<strong>nas</strong>. Para chegar até a areia, é possível<br />

caminhar por um con<strong>do</strong>mínio de casas mimetizadas<br />

com o terreno.<br />

miLãO<br />

Guilherme Aquino<br />

Lembranças<br />

históricas<br />

Cagliari tem muitas atrações, além das<br />

praias espetaculares, como a de Chias com<br />

du<strong>nas</strong> e lagoas povoadas de pelicanos. Uma delas<br />

é o Museu Arqueológico Nacional. Cente<strong>nas</strong><br />

de peque<strong>nas</strong> esculturas em bronze contam<br />

a história da misteriosa civilização nuragiche.<br />

Foram encontradas nos sítios arqueológicos espalha<strong>do</strong>s<br />

por toda a ilha, soterra<strong>do</strong>s nos templos,<br />

santuários e tumbas. As necrópoles sardas<br />

são uma fonte inesgotável de pesquisas. Objetos<br />

de decoração e jóias em ouro, <strong>do</strong>s fenícios<br />

que estiveram em tharros, foram encontra<strong>do</strong>s<br />

onde viveram os etruscos. todas as etapas desde<br />

o perío<strong>do</strong> neolítico estão presentes num rico<br />

acervo que ajuda a contar e a entender passagens<br />

de mais de três mil anos de história.<br />

Bons ares<br />

A<br />

Igreja de Nostra Signora di Bonaria<br />

fica praticamente diante <strong>do</strong> Porto de<br />

Cagliari. Foi construída no século 16 sobre<br />

os escombros de uma edificação <strong>do</strong> perío<strong>do</strong><br />

Aragones, de <strong>do</strong>minação espanhola.<br />

Erguida em pedra de calcário branco,<br />

ela pode ser vista à distância. Uma lenda<br />

conta que a imagem da Ma<strong>do</strong>nna ficou<br />

associada aos marinheiros que passaram<br />

a cultuá-la em 1370. É que, num veleiro,<br />

em meio a uma tempestade na rota para a<br />

Espanha, uma caixa de madeira com a sua<br />

escultura foi dar na praia. E, por trás deste<br />

nome, Senhora <strong>do</strong>s bons Ares, estaria a<br />

origem da denominação da cidade de buenos<br />

Aires. As tripulações sardas, que embarcavam<br />

<strong>nas</strong> grandes navegações rumo à<br />

América, eram devotas da Nostra Signora<br />

di bonaria e isto teria influencia<strong>do</strong> na escolha<br />

<strong>do</strong> nome da capital argentina.<br />

48 C o m u n i t à i t a l i a n a / ag o s t o 2007<br />

a g o s t o 2007 / Co m u n i t à i t a l i a n a 49


notizie turismo<br />

Bond in<br />

Basilicata<br />

Il prossimo James bond<br />

farà tappa anche in<br />

basilicata. L’annuncio è<br />

stato fatto nel corso del<br />

Lucania Film Festival. Le<br />

location scelte al momento<br />

sono la ‘variante’ di Craco (Matera), i via<strong>do</strong>tti della diga<br />

di Montecotugno di Senise e la strada per San biagio di Maratea<br />

(Potenza). Il nuovo James bond avraà quindi un’altra location<br />

italiana <strong>do</strong>po la toscana, <strong>do</strong>ve sarà ripreso il celebre Palio<br />

dell’Assunta.<br />

Contro l´influenza<br />

Il ministro della salute Livia turco ha emanato una circolare con<br />

le raccomandazioni contro l’influenza stagionale che arriverà<br />

in autunno-inverno. La stagione influenzale, secon<strong>do</strong> gli epidemiologi,<br />

non <strong>do</strong>vrebbe essere particolarmente aggressiva. I ceppi<br />

virali attesi sono infatti quelli degli ultimi anni e la popolazione<br />

<strong>do</strong>vrebbe essere quindi gia’ parzialmente immunizzata. Nelle<br />

raccomandazioni del ministero c’è quella di vaccinare gli anziani<br />

portatori di alcune malattie, come i cardiopatici.<br />

Tesoretto ai pensionati<br />

Dopo la Camera, anche il Senato ha approvato, com 161 voti favorevoli,<br />

la legge che porterà um beneficio monetário – il “tesoretto”<br />

– ai pensionati che hanno raggiunto i 64 anni e che possie<strong>do</strong>no um<br />

reddito complessivo lor<strong>do</strong> che non supera gli 8.504,73 euro all’anno.<br />

A partire di novembre, i pensionati potranno contare su una<br />

“somma aggiuntiva” corrisposta in un’unica soluzione, di importo<br />

variabile in relazione all’anzianità contributiva maturata. Ad esempio,<br />

se il lavoratore dipendente ha un’anzianità contributiva di 15<br />

anni, la somma corrisposta sarà di 262 euro. Se gli anni di contributi<br />

sono compresi tra i 15 ed i 25, la “somma aggiuntiva” raggiungerà<br />

i 327 euro. Infine, i pensionati che possono vantare un’anzianità<br />

contributiva superiore ai 25 anni riceveranno 392 euro.<br />

I pensionati all’estero non <strong>do</strong>vranno fare richieste o <strong>do</strong>mande<br />

specifiche.<br />

Spiagge vietate<br />

È<br />

in funzione sul sito del Ministero della Salute l’aggiornamento<br />

in tempo reale dei tratti di costa <strong>do</strong>ve è vietata la balneazione.<br />

Il servizio è destinato ai cittadini e segnala le zone <strong>do</strong>ve è<br />

vietato fare il bagno a causa di inquinamento o altri motivi, come<br />

la presenza di parchi marini, zone militari, porti e aeroporti. L’aggiornamento<br />

avviene sulla base delle ordinanze dei Sindaci e la<br />

consultazione è possibile per regione, provincia o comune.<br />

O salto<br />

da bota<br />

A Puglia, no Sul da Itália, reúne lembranças da<br />

Magna Grécia em uma paisagem diversificada<br />

pela beleza de seus mares e bosques<br />

Se a bota se chama Itália,<br />

seu tacco atende por Puglia.<br />

Ela é uma das regiões<br />

mais bonitas <strong>do</strong> país<br />

– também a mais rica <strong>do</strong> sul – e<br />

não deixa a desejar em relação<br />

a qualquer outra em paisagem<br />

e cultura. A natureza forjou este<br />

pedaço de terra, bem na parte<br />

mais oriental da península, com<br />

um solo fértil e um mar, ou melhor,<br />

<strong>do</strong>is mares de beleza indescritível:<br />

o Adriático, a leste, e o<br />

Iônico, ao sul.<br />

Puglia, herdeira legítima da<br />

Magna Grécia, foi povoada por<br />

diferentes civilizações: os apuli<br />

– daí a origem <strong>do</strong> nome Puglia<br />

– os gregos, os romanos e, antes<br />

de to<strong>do</strong>s, os messapi. to<strong>do</strong>s<br />

passaram por lá e deixaram uma<br />

quantidade enorme de objetos e<br />

monumentos para os arqueólogos<br />

que viriam séculos mais tarde.<br />

São mais de três mil anos de<br />

história emoldura<strong>do</strong>s pelos campos<br />

de grão-turco e de oliveiras,<br />

que colorem a terra com o <strong>do</strong>ura<strong>do</strong><br />

das espigas e o pratea<strong>do</strong> da<br />

folhas <strong>do</strong>s troncos retorci<strong>do</strong>s pelo<br />

tempo. As plantações estão espalhadas<br />

pelas coli<strong>nas</strong> e planícies ao<br />

longo <strong>do</strong> território. Elas são testemunhas<br />

de uma cultura milenar de<br />

sobrevivência, baseada na força<br />

de trabalho das mãos <strong>do</strong> homem.<br />

Os bosques de pinheiros marítimos<br />

ornamentam a praia de<br />

gU i l h E r M E aq U i n o<br />

Correspondente • milão<br />

areias brancas, onde chega a<br />

água verde-esmeralda. E nem a<br />

recente tragédia <strong>do</strong>s incêndios –<br />

provoca<strong>do</strong>s pelas altas temperaturas<br />

deste verão e pela ação de<br />

incendiários – afastou da região<br />

os turistas de toda a Europa,<br />

principalmente os alemães.<br />

Algumas das principais atrações<br />

da Puglia dificilmente estão<br />

assinaladas nos mapas e nos<br />

guias. trata-se da gente local e<br />

das pracinhas públicas. Os mora<strong>do</strong>res<br />

das cidadezinhas da região<br />

são tranqüilos, atenciosos, generosos<br />

entre si e com os visitantes.<br />

Eles são capazes de interromper<br />

um jogo de cartas na<br />

rua para levar, pessoalmente, um<br />

turista perdi<strong>do</strong> a um restaurante,<br />

levan<strong>do</strong>-o, diga-se de passagem,<br />

até a porta <strong>do</strong> estabelecimento.<br />

<strong>Numa</strong> população regional de<br />

pouco mais de quatro milhões de<br />

pessoas, existem exceções, claro,<br />

que justificam essa regra. O forasteiro<br />

de passagem, com razão, pode<br />

até desconfiar de tanta atenção,<br />

mal habitua<strong>do</strong> com a falta de<br />

educação, a pressa desenfreada e<br />

as armadilhas de grandes cidades<br />

como Roma e Milão. Mas vale a<br />

pena entregar-se aos “pugliesi”,<br />

estan<strong>do</strong> assim em boas mãos. A<br />

Puglia deve ser vista e “vivida”<br />

com calma e confiança.<br />

Quem não vive nos casarios<br />

urbanos está <strong>nas</strong> “masserias”,<br />

pequenos terrenos agrícolas. São<br />

como casas coloniais. tempos<br />

atrás, eram centros de produção<br />

de azeito<strong>nas</strong>, e de hortifrutigranjeiros<br />

em geral. Hoje, se transformaram<br />

em pousadas para turistas.<br />

Elas estão por to<strong>do</strong>s os la<strong>do</strong>s<br />

e, normalmente, vêm passan<strong>do</strong><br />

de pai para filho ao longo <strong>do</strong>s<br />

séculos, heranças de gerações.<br />

Os móveis parecem saí<strong>do</strong>s de um<br />

filme de época e são capazes de<br />

fazer a alegria de um antiquário.<br />

Mesas, penteadeiras, escadas,<br />

aparelhos de louça, fogão a<br />

lenha, estantes e escrivaninhas,<br />

cristaleiras e camas com armação<br />

de ferro bati<strong>do</strong> compõem o cenário<br />

da época de nossos bisavós.<br />

Um muro protege a masseria <strong>do</strong><br />

exterior. Lá dentro, no pátio in-<br />

Povoada por diversas civilizações,<br />

como os apuli, os gregos e romanos,<br />

a região torna-se um verdadeiro<br />

tesouro para os arqueólogos<br />

terno, ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> poço central,<br />

no lugar <strong>do</strong>s cavalos e carroças,<br />

ficam os carros <strong>do</strong>s turistas, ávi<strong>do</strong>s<br />

pelo pernoite no local e pelo<br />

consumo <strong>do</strong> azeite de oliva, das<br />

frutas ali produzidas – a Puglia<br />

tem o melão mais <strong>do</strong>ce <strong>do</strong> planeta<br />

– <strong>do</strong>s queijos em suas infinitas<br />

variáveis, isso sem falar da pasta<br />

orecchete, <strong>do</strong> grão duro local. Na<br />

maioria <strong>do</strong>s casos, uma masseria<br />

é composta de uma grande casa<br />

e de outras duas ou três menores,<br />

espalhadas pelo terreno.<br />

Antigos estábulos ganharam<br />

moder<strong>nas</strong> reformas e viraram<br />

confortáveis apartamentos para<br />

famílias inteiras em férias. Janelas,<br />

portas e paredes com mais<br />

de um metro de espessura e três<br />

de altura garantem ventilação e<br />

temperaturas adequadas mesmo<br />

quan<strong>do</strong>, lá fora, nem uma folha<br />

se mexe e o sol lembra um maçarico.<br />

Isolada <strong>do</strong> burburinho das<br />

cidades, numa masseria parece<br />

que o tempo parou.<br />

Um outro ponto pelo qual se<br />

pode começar o tour pela Puglia<br />

pode ser o litoral com os bosques<br />

de pinheiros marítimos -a garantir<br />

sombra para quem não quer se expor<br />

ao calor <strong>do</strong> sol - e águas mansas,<br />

cristali<strong>nas</strong> e mor<strong>nas</strong> no verão.<br />

Muitas praias possuem serviço<br />

personaliza<strong>do</strong> na areia, com o<br />

aluguel de barracas e de cadeiras,<br />

Fotos: Guilherme Aquino<br />

além de quiosques onde se come<br />

o peixe fresco, <strong>do</strong> dia. A areia faz<br />

a festa da criançada acostumada<br />

a orlas com pedras, como na Ligúria.<br />

O ecletismo pugliese, enfim,<br />

reina em uma paisagem pra<br />

lá de democrática e que agrada a<br />

to<strong>do</strong>s os gostos e idades.<br />

a g o s t o 2007 / Co m u n i t à i t a l i a n a<br />

51


Fotos: Roberth Trindade<br />

comunità<br />

Tra risate<br />

e applausi<br />

Dopo 80 anni di esistenza, il Circo Orlan<strong>do</strong> Orfei continua ad incantare<br />

i bambini, carpisce sguardi perplessi, risate e conquista la simpatia del<br />

pubblico. Sesta generazione della famiglia, Mario Orfei racconta la traiettoria<br />

di suo padre, Orlan<strong>do</strong>, e parla di cosa significa <strong>nas</strong>cere sotto un ten<strong>do</strong>ne<br />

Nel 1822, il sacer<strong>do</strong>te lascia<br />

la tonaca e si innamora<br />

di una giovane di<br />

una famiglia famosa. I<br />

due fuggono e cominciano a presentarsi<br />

come saltimbanchi per le<br />

vie dell’Italia e dell’Europa perché<br />

la famiglia di lei è contro il<br />

loro rapporto. No, questa non è<br />

una favola. È l’inizio della traiettoria<br />

della famiglia Orfei,<br />

che mantiene circhi in tutto<br />

il mon<strong>do</strong>, uno di essi portato<br />

in brasile da Orlan<strong>do</strong>,<br />

che oggi ha 87 anni.<br />

A 23 anni, Orlan<strong>do</strong><br />

prese le redini del circo<br />

in Italia e lo ha trasformato.<br />

Ciò che prima aveva<br />

un sapore regionale gli rese fama<br />

internazionale. Nel 1968, ad un<br />

imprenditore brasiliano piacque<br />

ciò che vide in Italia e portò Orlan<strong>do</strong><br />

in brasile. Il circo ha già<br />

percorso tutta l’America Latina.<br />

Ora è a <strong>Rio</strong> de Janeiro.<br />

Orlan<strong>do</strong> ha sei figli e tutti,<br />

eccetto uno che si trova in Austria,<br />

vivono in brasile. Uno di<br />

essi, Mario Orfei, 55, la sesta generazione<br />

della famiglia, è stato<br />

allevato, così come il padre, sotto<br />

il ten<strong>do</strong>ne.<br />

La mia infanzia è stata come<br />

quella di tutti i bambini del circo.<br />

tutte le settimane eravamo in<br />

un luogo diverso, studiavamo in<br />

una scuola diversa. Qui, come in<br />

nay r a garoFlE<br />

Italia, era facile accettare bambini<br />

nelle scuole. Facevo molte<br />

amicizie e giocavo nel circo perché<br />

il circo è il miglior cortile del<br />

mon<strong>do</strong> per giocare ― dice l’italiano<br />

della provincia di Modena, in<br />

Emilia-Romagna.<br />

Il patriarca Orlan<strong>do</strong> vive per il<br />

circo, e si è allontanato dal ten<strong>do</strong>ne<br />

soltanto una volta, quan<strong>do</strong><br />

“Il circo è il<br />

miglior cortile<br />

del mon<strong>do</strong> per<br />

giocare”<br />

un ictus cerebrale l’ha allontanato<br />

per un anno. Prima di entrare<br />

nelle gabbie delle belve per <strong>do</strong>marle<br />

è stato pagliaccio, giocoliere,<br />

ciclista acrobatico e mago.<br />

Così come suo padre, Mario<br />

ha messo il piede nel circo per la<br />

prima volta a sei anni, come aiutante<br />

di pagliaccio, ma il suo primo<br />

numero come professionista è<br />

stato a 11 anni, facen<strong>do</strong> acrobazie<br />

a cavallo.<br />

Il circo è una delle più antiche<br />

arti di spettacolo del mon<strong>do</strong>.<br />

La sua origine risale ai popoli<br />

nomadi dell’Europa e dell’Asia.<br />

L’universo circense è un insieme<br />

di arti come quella dei giocolieri,<br />

dei pagliacci, dell’acrobazia,<br />

dell’addestramento di animali e<br />

molte altre. Con il passare degli<br />

anni, alcuni circhi si sono perfezionati<br />

e hanno creato numeri<br />

differenti. Il circo Orlan<strong>do</strong> Orfei,<br />

però, promuove la sensazione di<br />

rivivere tempi passati, con numeri<br />

antichi. Malgra<strong>do</strong> non detenga<br />

tutta la tecnologia futurista<br />

degli spettacoli presentati<br />

dai concorrenti, come il Cirque<br />

du Soleil, il circo Orfei ancora incanta<br />

i bambini.<br />

― Il circo deve viaggiare, avere<br />

animali, pagliacci, acrobati.<br />

Deve avere tutto ciò che rappresenta<br />

il circo. È questo che piace<br />

al pubblico ― afferma.<br />

Nato e cresciuto nel mon<strong>do</strong><br />

Mario: sesta generazione della famiglia Orfei.<br />

Il circo, con le sue innumerevoli presentazioni, incanta i bambini<br />

<strong>do</strong>ve il mestiere è quello di divertire<br />

le persone, Mario dice di<br />

non sapere cosa farebbe nella vita<br />

se non fosse nato nel circo.<br />

― Non so, sinceramente, cosa<br />

farei se non lavorassi nel circo.<br />

Cerco di immaginarlo, ma non ci<br />

riesco. Ricevere applausi e riconoscimento<br />

del pubblico è ciò<br />

che dà piacere all’artista ― racconta<br />

Mario a cui, da piccolo,<br />

non piaceva studiare. Preferiva<br />

giocare con i coetanei nel cortile<br />

della sua casa, sotto il ten<strong>do</strong>ne.<br />

Attualmente single, Mario è<br />

già stato sposato due volte. Ha<br />

avuto quattro figli, ma solo uno<br />

lavora nel mon<strong>do</strong> circense.<br />

Ho quattro figli ma nessuno<br />

abita vicino. Sono tutti brasiliani,<br />

ma ce n’è uno che è in Messico,<br />

è l’unico artista di circo.<br />

Uno in Argentina, uno in Italia<br />

e l’altro qui in brasile, in Goiânia<br />

― dice.<br />

Dovuto all’età, Orlan<strong>do</strong> alle<br />

volte non si fa presente agli<br />

spettacoli. Quan<strong>do</strong> questo succede,<br />

è Mario che prende il suo<br />

posto per fare lo spettacolo delle<br />

acque danzanti. La sua traiettoria<br />

segue, in mo<strong>do</strong> quasi identico,<br />

quella del padre.<br />

Ho vissuto tutta la mia vita<br />

qui e ho lavorato con lui.<br />

Visto che posso dare continuità<br />

a tutto questo, spero di<br />

“Non so cosa<br />

farei se non<br />

lavorassi nel<br />

circo”<br />

poter continuare, perché sarebbe<br />

triste lasciare questo lavoro ― afferma<br />

l’erede.<br />

Esistono controversie sull’uso<br />

degli animali nel circo e perfino<br />

una legge statale, nel caso di<br />

<strong>Rio</strong>, che proibisce la presentazione<br />

di belve feroci o di animali<br />

ammaestrati. Mentre c’è gente<br />

che crede che gli animali subiscano<br />

maltrattamenti, oltre allo<br />

stress, altri pensano che il circo<br />

senza animali non sia vero circo.<br />

Gli animali sono nostri compagni,<br />

amici, ci aiutano a lavorare.<br />

Il mio elefante è morto a<br />

62 anni, lavoravamo con lui da<br />

54 anni. Era arrivato prima che<br />

<strong>nas</strong>cessi. Come dice mio padre, il<br />

circo senza animali perde l’anima<br />

― difende Orlan<strong>do</strong>.<br />

tra risate, applausi e occhi infantili<br />

che brillano, Orlan<strong>do</strong> Orfei<br />

festeggia 80 anni di circo a <strong>Rio</strong> de<br />

Janeiro. Mario, da più di 50 anni<br />

sotto il ten<strong>do</strong>ne, segue i passi<br />

del padre, diverten<strong>do</strong> e incantan<strong>do</strong><br />

il pubblico.<br />

52 C o m u n i t à i t a l i a n a / ag o s t o 2007<br />

a g o s t o 2007 / Co m u n i t à i t a l i a n a 53


il lettore racconta<br />

Com a pátria assolada por uma guerra e por u ma<br />

ditadura, a família de franCesChina CasCar<strong>do</strong> de<br />

si mo n e deCidiu partir da Calábria para o brasil<br />

quan<strong>do</strong> ela tinha 12 anos. no rio de Janeiro, Com<br />

os pais e três irmãos, a menina aprendeu lições de<br />

Coragem e determinação, na luta pela sobrevivênCia.<br />

a solidariedade de parentes e Conterrâneos também<br />

se mostrou fundamental. franCesChina se orgulha<br />

de ter preserva<strong>do</strong> tais valores nos Corações de seus<br />

três filhos e <strong>do</strong>is netos.<br />

depoimento à repórter<br />

paula máiran<br />

Eu, Franceschina Cascar<strong>do</strong><br />

de Simone, <strong>nas</strong>ci em Paola<br />

na Itália. Aos 12 anos<br />

vim com meu pai Francesco,<br />

minha mãe Maria e meus<br />

irmãos Pedro, Pascoal e Angeolina<br />

para o Brasil, fugin<strong>do</strong> da guerra e<br />

da ditadura de Mussolini.<br />

Quan<strong>do</strong> chegamos ao Brasil, no<br />

<strong>Rio</strong> de Janeiro, nenhum de nós<br />

falava ou escrevia o português. Meu<br />

pai tinha uma irmã que já morava<br />

no Brasil, mas sem notícias dela.<br />

Foi então que ele ficou saben<strong>do</strong> que,<br />

com a ajuda <strong>do</strong> Consula<strong>do</strong> Italiano,<br />

havia como encontrá-la. E foi possível<br />

descobrir que ela estava moran<strong>do</strong><br />

no bairro <strong>do</strong> Maracanã.<br />

Chegan<strong>do</strong> à casa de minha tia,<br />

ficamos moran<strong>do</strong> em sua casa, enquanto<br />

o meu pai procurava emprego.<br />

Como éramos novos no país e não<br />

falávamos o português, ficava difícil<br />

arrumar emprego. Aí meu pai foi<br />

apresenta<strong>do</strong> a um italiano que já<br />

morava no Brasil e era jornaleiro.<br />

Assim, meu pai começou a trabalhar<br />

como jornaleiro numa banca de<br />

jornal alugada no Centro <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>.<br />

Com muito trabalho e dificuldades,<br />

mas com a ajuda de um outro<br />

amigo jornaleiro que meu pai conheceu,<br />

compramos uma casa no subúrbio.<br />

Com o passar <strong>do</strong> tempo, o meu<br />

pai comprou uma banca no bairro<br />

de Botafogo. Minha mãe o ajudava,<br />

enquanto eu ficava em casa cuidan<strong>do</strong><br />

de meus irmãos.<br />

Sempre que podia, eu ia até a<br />

banca de jornal de meu pai. <strong>Numa</strong><br />

dessas idas, conheci Mario de Simone,<br />

um jovem italiano que também<br />

veio para o Brasil para traba-<br />

lhar. Ele também era jornaleiro e<br />

conheci<strong>do</strong> de meu pai.<br />

Conforme o tempo ia passan<strong>do</strong>, a<br />

minha amizade com Mario ficava<br />

mais forte e acabou viran<strong>do</strong> namoro.<br />

Em pouco tempo, nos casamos.<br />

Meus irmãos, já cresci<strong>do</strong>s, também<br />

se casaram e, por coincidência<br />

ou destino, to<strong>do</strong>s se casaram com<br />

italianos também. Meu irmão Pascoal<br />

também começou a trabalhar<br />

como jornaleiro num bairro da zona<br />

norte <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>. Minha irmã Angelina<br />

se casou com um ex-militar<br />

italiano e o meu irmão Pedro trabalhava<br />

em uma fábrica.<br />

Um ano após meu casamento, tive<br />

minha primeira filha, Emília. Logo<br />

após veio um menino, que o meu mari<strong>do</strong><br />

queria que também se chamasse<br />

Mario, e a última se chama Marcia.<br />

Como não tínhamos dinheiro sobran<strong>do</strong>,<br />

colocamos nossos três filhos<br />

em uma escola pública <strong>do</strong> bairro.<br />

Acordava às 4h para preparar o café<br />

<strong>do</strong> meu mari<strong>do</strong>, pois ele tinha<br />

que estar às 5h na banca, para receber<br />

os jornais <strong>do</strong> dia, e depois<br />

levava as crianças ao colégio.<br />

Nos fins de semana, Mario gostava<br />

de pescar. Sempre que podia, eu ia<br />

junto e levava os meus filhos à praia,<br />

para esquecer um pouco da luta que<br />

tinha durante toda a semana.<br />

O tempo foi passan<strong>do</strong> e com muito<br />

esforço e orgulho, vi to<strong>do</strong>s os meus<br />

filhos se formarem. Alguns anos depois,<br />

minha primeira filha se casou.<br />

Fiquei feliz em ver minha filha se<br />

casan<strong>do</strong>, pois ela teve um casamento<br />

que eu não pude ter quan<strong>do</strong> jovem.<br />

Logo após, veio o meu primeiro<br />

neto Thiago. Como os seus pais<br />

trabalhavam fora, eu cuidava dele<br />

durante a semana. Anos depois que<br />

ele <strong>nas</strong>ceu, o meu filho, o <strong>do</strong> meio,<br />

se casou. Mais uma vez tive a alegria<br />

de ver mais um filho entran<strong>do</strong><br />

na igreja.<br />

Cinco anos após o casamento de<br />

meu filho, tive mais um neto de<br />

minha primeira filha, o Pedro.<br />

Alguns anos depois, tive a minha<br />

primeira grande tristeza: a<br />

morte de meu irmão Pedro, após<br />

uma operação mal sucedida. Ficamos<br />

arrasa<strong>do</strong>s, pois passamos por muitas<br />

dificuldades juntos e perdemos um<br />

irmão por uma falha humana.<br />

Depois, a minha tristeza se amenizou<br />

com o <strong>nas</strong>cimento de meu terceiro<br />

neto, filho de Mario: Geovanni.<br />

Com a família crescen<strong>do</strong>, começamos<br />

a passar no Natal to<strong>do</strong>s em<br />

minha casa. Passamos vários anos juntos<br />

o dia 25 de dezembro. Mas,<br />

conforme os anos passavam, meu mari<strong>do</strong><br />

sofria com problema de hérnia<br />

e a <strong>do</strong>ença se agravava. Algum<br />

tempo depois veio a minha segunda<br />

maior tristeza, a morte dele, em<br />

2003, que por uma infeliz coincidência,<br />

também resultou de uma<br />

operação mal sucedida.<br />

Com o passar <strong>do</strong> tempo, a <strong>do</strong>r foi<br />

diminuin<strong>do</strong> e hoje, quatro anos depois,<br />

continuo a cuidar da banca de<br />

meu faleci<strong>do</strong> mari<strong>do</strong>, com a ajuda de<br />

minha filha mais velha. Assim, não<br />

deixo se apagar a história de uma luta<br />

que começou bem longe daqui.<br />

<strong>Rio</strong> de Janeiro (RJ)<br />

SFranceschina Cascar<strong>do</strong><br />

de Simone, de 72 anos<br />

Mande sua história com material fotográfico para:<br />

redacao@comunitaitaliana.com.br<br />

Fotos: Arquivo pessoal<br />

Macchiaioli,<br />

impressionisti italiani<br />

SaDopo quasi mezzo secolo di abban<strong>do</strong>no<br />

Villa bardini ha riaperto<br />

le porte con una mostra di grande<br />

spessore sulla pittura italiana di fine ottocento-inizi<br />

novecento. Intitolata “Cabianca<br />

e la civiltà dei macchiaioli” l’esposizione<br />

offre un centinaio di opere dello<br />

stesso Vincenzo Cabianca affiancate da<br />

Anima Mundi<br />

Giovedì 13 settembre torna a Pisa<br />

l’appuntamento con la musica sacra<br />

nella cornice del programma “Anima Mundi”.<br />

Giunta alla sua VII edizione, promossa<br />

dall’Opera della Primiziale Pisana, dalla<br />

Fondazione Cassa di Risparmio di San Miniato,<br />

dal Comune e dalla Provincia di Pisa,<br />

il Festival è risultato essere uno degli<br />

eventi musicali di grande spessore internazionale.<br />

La Royal Philarmonic Orchestra,<br />

diretta dal maestro Daniele Gatti, presenterà<br />

un programma interamente dedicato<br />

alle sinfonie n° 4 e 6 di Ludwig Van beethoven.<br />

Info: www.opapisa.it<br />

circa 25 dipinti di artisti come telemaco<br />

Signorini, Giovanni Fattori e Silvestro<br />

Lega, tre dei più importanti nomi dell’impressionismo<br />

italiano chiamato come corrente<br />

dei “Macchiaioli”. Villa bardini, Costa<br />

San Giorgio 4. Ingresso gratuito. Dalle<br />

8.15 alle 19.30 fino al 14 ottobre. www.<br />

mostracabianca.it<br />

Vasco Rossi<br />

in concerto<br />

Per chi fosse interessato a conoscere colui<br />

che è considerato il più grande cantante<br />

rock italiano, l’appuntamento è a Firenze<br />

l’11 settembre con Vasco Rossi. Non<br />

molto conosciuto all’estero e dal cognome<br />

non certo originale, l’artista musicale modenese<br />

riesce sempre con i suoi brani a riunire<br />

come minimo 50, 60 mila persone in qualsiasi<br />

stadio italiano che solchi. tra le sue<br />

musiche più famose “Albachiara”, “Vivere”,<br />

“Una canzone per te” e “Vita spericolata”.<br />

Stadio “Artemio Franchi”. Prezzi da 34 a 40<br />

euro presso: www.ticketone.it<br />

fiRENzE<br />

Giordano Iapalucci<br />

Lorenzo Viani<br />

La Cassa di Risparmio di Firenze promuove<br />

la mostra del pittore viareggino Lorenzo<br />

Viani “Ritratti e persone della Versilia del<br />

primo novecento”. Con una raccolta di circa<br />

70 bozzetti l’artista toscano viene ricordato<br />

per una pittura forte ed energica piena di<br />

espressività con strascichi malinconici in cui<br />

i personaggi vengono principalmente ritratti<br />

all’ombra dei porticcioli (chiamati “darsene”)<br />

della città di Viareggio (costa toscana). Presso<br />

Cassa di Risparmio di Firenze, Sala delle<br />

Colonne, Via bufalini nr. 6. Aperta fino al 29<br />

agosto con orario: 8.30-18.30 la mostra è ad<br />

ingresso gratuito.<br />

Dario Fo<br />

Nell’ambito della programmazione di<br />

“Fi.Esta 2007” (Firenze Estate) dal 30<br />

al 31 agosto, in prima assoluta in Italia, è<br />

possibile assistere allo spettacolo di Dario<br />

Fo (già premio Nobel per la letteratura nel<br />

1997) in omaggio al grande genio Michelangelo<br />

buonarroti. L’evento, organizzato<br />

da teatro Puccini Associazione Culturale e<br />

Comune di Firenze in collaborazione con<br />

la 60° Estate Fiesolana, prevede una lezione-spettacolo<br />

sulla vita e sull’arte del<br />

grande artista toscano nato nel 1475. teatro<br />

Romano di Fiesole. biglietti da 15 a<br />

25 euro acquistabili presso: www.boxol.it.<br />

Info: www.estatefiesolana.it<br />

54 C o m u n i t à i t a l i a n a / ag o s t o 2007<br />

a g o s t o 2007 / Co m u n i t à i t a l i a n a 55<br />

Fotos: Reprodução


italian style<br />

Fotos: Divulgação<br />

Prada nos pés<br />

Elegância e sofisticação: duas palavras<br />

que combinam com a mulher moderna.<br />

Para compor o visual, sapatos Prada com<br />

biqueira fina, salto coberto e sola de couro.<br />

Design com qualidade italiana.<br />

$ 528<br />

Além <strong>do</strong> que aparenta<br />

Archos 605 WiFi é muito mais que um visor para vídeos e<br />

imagens digitais. Com um hard disk de 160 gigabyte, se<br />

conecta à internet sem fio e permite baixar filmes e clipes<br />

de sites. Pode ser usa<strong>do</strong> como vídeo registra<strong>do</strong>r. basta<br />

conectá-lo na tv. Chegará no merca<strong>do</strong> no outono europeu,<br />

ou seja, em nossa primavera. www.archos.com<br />

Quatro em um<br />

Navix da Macrom é o<br />

primeiro navega<strong>do</strong>r por<br />

satélite fabrica<strong>do</strong> na<br />

Itália. Pode ser utiliza<strong>do</strong><br />

também como leitor de<br />

música mp3, visor de<br />

imagens e vídeos digitais.<br />

Custa 299 euros.<br />

Rally Kids<br />

A Fila, marca italiana de artigos<br />

esportivos, separou novidades<br />

superlegais para as crianças que<br />

se ligam em esportes. Este modelo<br />

clássico possui visual robusto com<br />

estilo jovem. Entressola em EVA<br />

molda<strong>do</strong> por compressão e sola<strong>do</strong><br />

tratora<strong>do</strong> de borracha que faz com que<br />

o calça<strong>do</strong> apresente alta durabilidade<br />

e conforto. Disponível para meninos e<br />

meni<strong>nas</strong> por<br />

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Os produtos acima menciona<strong>do</strong>s estão<br />

disponíveis nos merca<strong>do</strong>s italiano e brasileiro.<br />

mente sã,<br />

corpo são<br />

Gastronomia sarda é um <strong>do</strong>s segre<strong>do</strong>s<br />

para a longevidade em pratos que<br />

revelam sabores da terra e <strong>do</strong> mar<br />

Sardenha – terra de pastores e de pesca<strong>do</strong>res, fácil se torna<br />

então imaginar a dieta típica <strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res da Ilha da Sardenha:<br />

sabores da terra e <strong>do</strong> mar. Os milhares de turistas que<br />

invadem o balneário durante o verão não fazem por menos. A<br />

alimentação, por sinal, assim como o banho de mar, representa um raro<br />

denomina<strong>do</strong>r comum entre bilionários e remedia<strong>do</strong>s que ali passam<br />

as férias. A não ser pelos vinhos escolhi<strong>do</strong>s para o acompanhamento,<br />

algo que, ao final, pode mudar consideravelmente o valor da conta, em<br />

pouco ou nada diferem entre si, no que se refere aos ingredientes ou<br />

ao sabor, os pratos servi<strong>do</strong>s aos ricos e aos pobres.<br />

Embora cerca<strong>do</strong> pelas águas <strong>do</strong> Atlântico, o povo sar<strong>do</strong> tem <strong>nas</strong><br />

montanhas <strong>do</strong> interior da ilha a origem de características adquiridas<br />

ao longo das décadas em que viveu <strong>nas</strong> paredes das coli<strong>nas</strong>, refúgio<br />

contra perigos que sempre vinham <strong>do</strong> mar. Invasões sucessivas, desde<br />

os fenícios na Antigüidade até a Segunda Guerra Mundial, escaldaram<br />

os mora<strong>do</strong>res. Ape<strong>nas</strong> no pós-guerra esta gente um tanto eremita se<br />

atreveu a descer para as praias e a incrementar a vida nos poucos vilarejos<br />

à beira-mar. Enfim, o mar se tornou fonte de prazer e de matériaprima<br />

para a elaboração <strong>do</strong>s pratos locais.<br />

Às margens das estradas, sempre se vê bois, vacas e ovelhas pastan<strong>do</strong><br />

à sombra de oliveiras <strong>nas</strong> encostas. E essa mesma paisagem<br />

oferece a imagem de barquinhos de pesca a recortar o horizonte, de<br />

manhã bem ce<strong>do</strong>. Essas atividades garantem os fundamentos <strong>do</strong> orgulho<br />

sar<strong>do</strong> por sua cultura gastronômica e pelas prateleiras <strong>do</strong>s supermerca<strong>do</strong>s<br />

repletas de produtos locais, da massa aos queijos.<br />

Um prato forte é o Malloreddus, espécie de gnocchi de grão-turco<br />

condimenta<strong>do</strong> com molho de tomate e salsicha. De sobremesa, boa<br />

pedida é o pardulas, <strong>do</strong>ce típico da ilha com recheio de queijo fresco.<br />

Sabe-se muito bem na Sardenha, aliás, como pescar o cliente logo<br />

no começo da sessão gastronômica. O rodízio de iguarias evolui<br />

Na Sardenha, além <strong>do</strong> mar, um <strong>do</strong>s atrativos é a cultura gastronômica<br />

Sapori d’Italia<br />

Malloreddus<br />

gU i l h E r M E aq U i n o<br />

Ingredientes:<br />

1 cebola cortada em 1/2 lua; 1 xícara de azeite extra-virgem; 1/2<br />

kg tomate pela<strong>do</strong>; 2 colheres de vinagre branco; 2 dentes de alho;<br />

400 g de linguiça tipo italiana; 500 g de massa; manjericão; queijo<br />

peccorino rala<strong>do</strong>; sal e pimenta <strong>do</strong> reino.<br />

Mo<strong>do</strong> de preparo:<br />

Coloca-se o azeite numa caçarola, <strong>do</strong>urar e retirar o alho. Coloque<br />

a cebola, <strong>do</strong>urar no fogo bran<strong>do</strong>. Coloque as lingüiças sem a pele e<br />

picada. Refogar no fogo forte até terem aspectos de grelha<strong>do</strong>s. Coloque<br />

o vinagre, e depois de evapora<strong>do</strong>, o tomate, manjericão, sal<br />

e pimenta à gosto. Cozinhar com a panela tampada no fogo bran<strong>do</strong><br />

durante uma hora. Adicionar um pouco de cal<strong>do</strong> de carne, se achar<br />

necessário. Cozinhar a massa al dente, escorrer e juntar com o molho.<br />

Servir com queijo peccorino a gosto.<br />

Rendimento: 4 porções<br />

com agilidade, o intervalo entre uma e outra suficiente ape<strong>nas</strong> para<br />

o cliente poder lamber os beiços, limpar a boca com o guardanapo e<br />

fazer cara de quero-mais. Polvo picadinho banha<strong>do</strong> na burrida; peixe<br />

gatuccio fatia<strong>do</strong> e marina<strong>do</strong> com aceto de vinho branco, com nozes e<br />

alho trita<strong>do</strong>s; lulas com salsa picante, verduras fritas, salada de atum,<br />

maionese, tomates e alcaparras; carpaccio de peixe-espada; risoto de<br />

camarão com carciofi – uma inusitada e saborosa combinação –, camarões<br />

miú<strong>do</strong>s com favas e la fregola con arselle. Fica difícil, por<br />

vezes, distinguir as entradas <strong>do</strong>s pratos principais. Isso sem falar no<br />

bezerro na brasa, na bisteca de boi ou de asno, <strong>nas</strong> coietas, que são<br />

enroladinhos de carne com bacon e queijo de ovelha.<br />

O encontro da cozinha montanhesa com aquela da pesca resultou<br />

em uma dieta rica em proteí<strong>nas</strong> e carboidratos. Há quem suspeite de<br />

que este seja o segre<strong>do</strong> da longevidade de um povo acostuma<strong>do</strong> a passar<br />

<strong>do</strong>s 90 anos, com a mente e o corpo sãos.<br />

serviço: ristorante dal Conte – via Cav o u r, 83 – Cagliari – telefone: 070663336<br />

56 C o m u n i t à i t a l i a n a / ag o s t o 2007<br />

a g o s t o 2007 / Co m u n i t à i t a l i a n a 57<br />

Fotos: Guilherme Aquino


Como Paris, Roma também tem sua<br />

ilha. Fica no <strong>Rio</strong> tibre, que corta a cidade<br />

e se chama Isola tiberina. A ilha<br />

é pequena e abriga um <strong>do</strong>s melhores hospitais<br />

de Roma, Fatebenetratelli, uma farmácia, duas<br />

igrejas, uma adjacente ao hospital e outra numa<br />

pracinha, Piazza San bartolomeo, um café<br />

e um restaurante tradicional, Sora Lella.<br />

São várias as lendas sobre a ilha. Principalmente<br />

sobre a origem de sua vocação<br />

hospitalar. tu<strong>do</strong> comecou em 293 a.C. Roma<br />

vivia uma grande epidemia de peste e os romanos<br />

resolveram consultar os Libri Sibillini,<br />

compilação de oráculos de origem grega,<br />

para saber o que fazer para vencer a peste.<br />

A resposta? Que se deveria trazer a Roma a<br />

imagem de culto ao deus da medicina, Esculápio,<br />

de Epidauro, na Grécia, seu mais<br />

importante santuário. O Sena<strong>do</strong> organizou<br />

uma delegação que deveria ir até o templo<br />

pedir para que fosse concedida a tal imagem.<br />

E a expedição partiu, via mar. Quan<strong>do</strong><br />

estavam no caminho para Epidauro, o próprio<br />

deus da medicina apareceu no navio,<br />

La gENTE, iL pOSTO<br />

Claudia Monteiro de Castro<br />

Uma ilha no Tibre<br />

Se o brasil pára durante o Carnaval, o mesmo vale para a Itália<br />

no mês de agosto. Nunca vou esquecer um dia de fim de agosto<br />

de 2002, ano em que me transferi para Roma. tinha acaba<strong>do</strong><br />

de voltar de uma viagem a Sardenha com um amigo e, recém-chegada<br />

à Roma, aceitei o convite para almoçar em sua casa em Monteverde,<br />

bairro residencial da cidade, perto de trastevere. Depois <strong>do</strong> almoço,<br />

com um sol de rachar, era hora de voltar para casa, como sempre,<br />

usan<strong>do</strong> transporte público.<br />

Um pequeno detalhe: em Roma, o motorista não vende bilhete<br />

de ônibus no próprio veículo e não existe cobra<strong>do</strong>r. Só recentemente<br />

colocaram em alguns bondinhos e ônibus máqui<strong>nas</strong><br />

automáticas de bilhetes. Portanto, é preciso<br />

comprar o bilhete com antecedência no tabaccaio,<br />

que vende, além de tíquete de ônibus/metrô,<br />

cigarro, selo, envolope, chocolate e quinquilharias<br />

várias.<br />

Voltan<strong>do</strong> ao relato, era agosto, e eu não tinha<br />

nenhum bilhete de ônibus. O que fazer? Ir<br />

em busca <strong>do</strong> Santo Graal, um tabaccaio aberto.<br />

tentei o primeiro, a duas quadras da casa de<br />

meu amigo: fecha<strong>do</strong>. Andei mais duas quadras.<br />

Nada feito. Continuei a busca por uma boa meia<br />

hora. Parecia caminhar num deserto procuran<strong>do</strong><br />

um oásis. Mas não vi nem oásis, nem tabaccaio,<br />

nem alma viva. Que paz! Onde estavam as vespas<br />

ronzan<strong>do</strong> seus motores? Onde foram parar os ita-<br />

58<br />

em forma de uma serpente, resolven<strong>do</strong> a situação.<br />

Com esta poderosa aparição-surpresa,<br />

eles já poderiam voltar para Roma.<br />

Chegan<strong>do</strong> à cidade eterna pelo tibre, a<br />

serpente subiu até o mastro <strong>do</strong> navio, deu<br />

uma olhada ao re<strong>do</strong>r, desceu <strong>do</strong> mastro, saiu<br />

<strong>do</strong> navio e se instalou na ilha. Conforme a<br />

indicação da serpente, construiu-se sobre a<br />

ilha um templo de culto a Esculápio. Esta<br />

é a lenda. Na realidade, a ilha foi escolhida<br />

como lugar de cura desde o século XVI,<br />

por duas vantagens: era isolada e, ao mesmo<br />

tempo, central. Perfeito para destinar as<br />

Roma em agosto<br />

C o m u n i t à i t a l i a n a / ag o s t o 2007<br />

Reprodução<br />

pessoas que haviam contraí<strong>do</strong> a peste. Mas<br />

a história da serpente impressionou tanto<br />

os romanos que eles resolveram dar à ilha a<br />

forma de um navio, colocan<strong>do</strong> em seu perímetro<br />

mármore travertino, ressaltan<strong>do</strong> sua<br />

popa e proa. Hoje, sobre os restos <strong>do</strong> templo<br />

dedica<strong>do</strong> ao deus da medicina, encontra-se<br />

a igreja de S. bartolomeo.<br />

Ligada à terra firme por duas pontes, Fabricio<br />

e Cestio, no verão, a ilha ganha um brilho<br />

especial. Há vários eventos organiza<strong>do</strong>s<br />

na Isola tiberina. Durante o evento Isola del<br />

Cinema, em junho e julho, <strong>do</strong>is cinemas são<br />

construí<strong>do</strong>s ao ar livre, e a programação muda<br />

diariamente. Outro evento é o Lungo er tevere,<br />

de frente para a ilha, <strong>nas</strong> margens <strong>do</strong> tibre.<br />

Aqui são instaladas várias barraquinhas de artesanato,<br />

restaurantes e um palco que oferece<br />

música ao vivo à noite durante to<strong>do</strong> o verão.<br />

Mas vale a pena passear pela ilha durante<br />

o ano to<strong>do</strong>. Principalmente quan<strong>do</strong> o turista<br />

ou mora<strong>do</strong>r precisa de uma pausa para recuperar<br />

as energias e ter um pouco de sombra<br />

e água fresca.<br />

lianos discutin<strong>do</strong> empolga<strong>do</strong>s <strong>nas</strong> ruas, por pura chiacchiera ou uma<br />

pequena briguinha? Nada, era como se o mun<strong>do</strong> tivesse para<strong>do</strong>. Se eu<br />

tivesse um infarte e caísse durinha no chão, acho que só me descobririam<br />

em setembro. Acabei me conforman<strong>do</strong> e fazen<strong>do</strong> uma transgressão<br />

que nunca faço: peguei o ônibus, depois de uma boa espera,<br />

sem bilhete mesmo.<br />

Agosto é assim. Mais da metade <strong>do</strong>s restaurantes fecham. Farmácias<br />

fecham, cabeleireiros fecham. Mas devo admitir que, nos últimos<br />

anos, a situação vem mudan<strong>do</strong>. Há turnos mais rigorosos para restaurantes<br />

e bares e, portanto, pelo menos dá para encontrar alguns estabelecimentos<br />

abertos.<br />

Recentemente li no jornal que, segun<strong>do</strong> as<br />

pesquisas, de cada <strong>do</strong>is italianos, um não vai sair<br />

de férias neste verão. Dizem que é a crise. Com a<br />

introdução <strong>do</strong> euro em 2002, muitos consumi<strong>do</strong>res<br />

afirmam, diferentemente <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s oficiais,<br />

que a inflação para alguns produtos e serviços<br />

foi de quase 100%. tu<strong>do</strong> aumentou, exceto os<br />

salários. O jeito é não viajar ou viajar menos. Roma<br />

vai ficar, portanto, menos vazia e é bem mais<br />

provável achar um restaurante, uma farmácia ou<br />

um tabaccaio abertos. Isso sem contar a programação<br />

cultural <strong>do</strong> verão romano que aumenta a<br />

cada ano, com filmes, música e teatro ao ar livre.<br />

Pelo jeito, Roma, em agosto, já não é mais a<br />

mesma. Graças a Deus!

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