Numa revolução social nas favelas do Rio ... - Comunità Italiana

capa
Solidariedade
‘al dente’
Solidarietà ‘al dente’
Por conta própria, integrados a movimentos, ONGs e projetos governamentais, voluntários italianos cruzam as
fronteiras das favelas do Rio como militantes de uma guerrilha pela paz. A seguir, Comunità apresenta histórias
emblemáticas de sucesso na união ítalo-brasileira para o combate à violência urbana e à desigualdade social.
Na laje da casa sem emboço,
Paulo, padrasto de Alan, e
Márcia, mãe do aprendiz
de basquete, com os irmãos
Marcos e Maurício
Per conto proprio, integrati a movimenti, ONGs, progetti governativi, volontari
italiani scavalcano le frontiere delle favelas di Rio come militanti di una guerriglia per
la pace. In seguito, Comunità presenta storie emblematiche di successo nell’unione
italo-brasiliana per la lotta contro la violenza urbana e la disuguaglianza sociale
PaU l a Máiran, rosangEla co M U n a l E E sílVia so U z a
Bruno de Lima
Alan ouviu e testemunhou
muitas histórias sobre
a guerrilha. Afinal, os
confrontos se iniciaram
bem antes de ele nascer. E ainda
ocorrem, por vezes, ao redor
de sua casa, no alto do Morro
dos Cabritos, em Copacabana,
Zona Sul do Rio de Janeiro. Ele
viu morrer ou serem presos amigos
de infância, mas assim mesmo,
aos 16 anos, encarou como
natural o ingresso no tráfico de
drogas.
O mundo, então, parecia a
Alan um lugar sem alternativas
de vida mais atraentes do que
aquela vaga na boca-de-fumo.
— É muita desigualdade.
Quem tem dinheiro sempre se dá
bem, e quem não tem sempre se
dá mal. Não pode ser assim sempre.
Se eu pudesse fazer alguma
coisa para mudar isso, eu faria,
mas o quê? Acho que não tenho
como mudar nada... — explica,
sobre o sentimento de injustiça
que o fez deixar a escola, depois
das férias passadas, com o plano
pragmático de ganhar dinheiro
com a venda de drogas, para terminar
a construção da casa sem
emboço, comprar tênis e roupas
da moda, escolher garotas...
Um amigo alertou o padrasto
de Alan sobre onde andava
o garoto. O inspetor de clube
Paulo Rodrigues, de 41, correu
ao bunker do tráfico para resgatá-lo.
— Não bati nele, mas mostrei
que aquele caminho só dava
em morte ou cadeia — lembra
Paulo, sabendo que a firmeza de
seu gesto não bastaria para interromper
o roteiro em curso.
A auxiliar de creche Márcia
Rodrigues, de 38, mãe de Alan,
resolveu pedir ajuda a um casal
amigo, o italiano Gherardo Milanesi,
também de 38, e a americana
Kareen Spence, de 34, moradores
da Avenida Atlântica, em
Copacabana.
— A nossa amizade é sem
máscaras. Desabafei minha aflição
com a Kareen e, numa conversa
dela com o meu filho, ela
viu uma saída — conta Márcia.
Alan não voltou mais para
a boca. Não empunhou mais
armas. Passou a treinar numa
cesta imaginária, na quadra de
cimento da favela, o domínio
em suas mãos de uma bola de
basquete – presente de Kareen
e Gherardo.
Eles conheciam um casal de
Milão que se dispôs a financiar as
mensalidades de uma escolinha
oficial de basquete, para o adolescente
de quase 1,80 metro.
— Nunca tinha visto um jogo
e o primeiro dia de aula foi muito
engraçado porque fiz várias coisas
erradas — conta Alan, que
sonha em se tornar jogador profissional.
Alan tem conciliado nos últimos
dois meses o aprendizado do
esporte com o ofício de aprendiz
de restauro de móveis. O amigo
italiano se preocupa porque ele
ainda não voltou aos estudos.
— Criamos um laço de amizade.
Eles sabem que podem contar
com a gente — afirma Gherardo,
cuja filha, de sete anos, mora na
Europa e, nas férias, brinca com
os filhos mais novos de Márcia.
Alan está determinado:
— Não posso perder a esperança
de seguir em frente. Acordei
e vi que não valia a pena
aquela vida. Esbarrei outro dia
no morro com um amigo todo largado,
cabeludo, sujo, descalço, e
ele me contou que quase morreu
num tiroteio. Acho que a família
desistiu dele.
Alan ha sentito e
testimoniato molte
storie sulla guerriglia.
In fondo, i
confronti sono iniziati molto
prima di nascere. E ancora succedono,
intorno alla sua casa,
sulla cima del Morro dos Cabritos,
a Copacabana, zona sud di
Rio de Janeiro. Ha visto morire o
essere arrestati amici d’infanzia,
ma nonostante ciò, a 16 anni, ha
considerato naturale l’entrata nel
traffico di droga.
Il mondo, allora, gli sembrava
un luogo senza alternative di vita
più attraenti di quelle offerte dal
‘posto’ di spacciatore.
— È una grande disuguaglianza.
A chi ha i soldi gli va
sempre bene, e a chi non ce l’ha,
sempre male. Non può continuare
così. Se potessi fare qualcosa per
cambiare questo, lo farei, ma cosa?
Credo di non poter cambiare
niente... — spiega parlando del
sentimento di ingiustizia che gli
ha fatto abbandonare la scuola,
dopo le vacanze scorse, con il
piano pragmatico di guadagnare
soldi con lo spaccio per finire la
costruzione della casa senza intonaco,
comprarsi un paio di scarpe
Gherardo e a filha Francesca na casa de Alan com sua família.
Correspondente em ação no front
Divulgação
Bruno de Lima
“O policial ganha uma
miséria e mora ao lado do
traficante e do morador.
As relações se perdem
entre o Brasil miserável
e o primeiromundista.
Esses Brasis devem ser
integrados”
Gherardo Milanesi,
jornalista
da tennis e vestiti alla moda, scegliere
ragazze...
Un amico ha avvisato il patrigno
di Alan della situazione.
L’ispettore di club Paulo Rodrigues,
41, è corso al bunker del
traffico per riprenderselo.
— Non l’ho picchiato, ma gli
ho fatto vedere che quella strada
finisce in morte o prigione — ricorda
Paulo, sapendo che la fermezza
del suo gesto non sarebbe bastata
per interrompere quella storia.
L’assistente di asilo nido
Márcia Rodrigues, 38, madre di
Alan, ha deciso di chiedere aiuto
ad una coppia di amici, l’italiano
Gherardo Milanesi, 38, e l’americana
Kareen Spence, 34, che abitano
nell’Avenida Atlântica, a Copacabana.
— La nostra amicizia è senza
maschere. Mi sono sfogata con
Kareen e, in una sua chiacchierata
con mio figlio, lei ha intravisto una
via d’uscita — racconta Márcia.
Alan non ci è più tornato allo
spaccio. Non ha più preso un’arma
tra le mani. Ha cominciato ad
allenarsi con un canestro immaginario
nel campo di cemento della
favela, il dominio nelle sue mani
di un pallone da basket – regalo
di Kareen e Gherardo.
Loro conoscevano una coppia
di Milano che si è offerta per finanziare
i mensili di una scuola
ufficiale di basket per l’adolescente
alto quasi 1,80.
— Non avevo mai visto una
partita e il primo giorno di lezione
è stato molto divertente perché
ho fatto un sacco di cose
sbagliate — racconta Alan, che
sogna di diventare giocatore professionista.
Alan, negli ultimi due mesi,
ha affiancato gli allenamenti al
mestiere di apprendista di restauro
di mobili. L’amico italiano si
preoccupa perché non ha ancora
ricominciato a studiare.
38 C o m u n i t à i t a l i a n a / ag o s t o 2007 a g o s t o 2007 / Co m u n i t à i t a l i a n a
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