Numa revolução social nas favelas do Rio ... - Comunità Italiana

comportamento
A pé, mas
turbinadas
Os seios diminutos da Vênus de Millo não fazem mais a cabeça das jovens
italianas. Elas têm preferido, aos tradicionais presentes de formatura, como
carros, implantes de silicone nas mamas. No Brasil o tamanho do derrière
também já não impera como principal recurso de sedução
A
jovem Grazia Zocchi está
curtindo as melhores férias
de verão da sua vida.
Aos 18 anos, ela acaba
de ganhar dos pais o presente
há muito tempo prometido para
quando passasse no “esame di
maturità”. Aprovada no provão
nacional do Ministério de Educação
da Itália ao término do 2º
grau, o seu prêmio foi a sonhada
cirurgia para aumentar os seios.
— Desde os 16, usava sutiãs
com enchimento e sonhava em implantar
silicone. O meu pai sempre
foi contra e, mesmo assim, quando
ele me perguntou o que queria de
presente pela aprovação no exame,
não pensei duas vezes. Não foi
fácil convencê-lo, mas ele acabou
cedendo — conta a jovem.
Como Grazia, muitas jovens
italianas não querem mais saber
dos presentes de costume, como
motos, carros, ou viagens para o
exterior. A cirurgia estética para
aumentar os seios é cada vez
mais freqüente entre os pedidos
feitos aos pais pelas garotas de
18 a 20 anos.
— É uma moda que se firmou
nos últimos três anos —
afirma Giulio basoccu, responsável
pela divisão de Cirurgia
Plástica do Instituto traumatológico
Italiano.
Para o cirurgião, as jovens
são cada vez mais precoces:
nay r a garoFlE E ValqUíria rEy
— Antigamente, se começava
a sair, a ter namorado, aos 20, 25
anos. Hoje, aos 15, 16 anos, as
meninas já têm vida social, afetiva
e amorosa. Isso quer dizer que
tudo começa cada vez mais cedo.
Segundo basoccu, aos 18,
as jovens atingem a maioridade,
sentindo-se mulheres, preparadas
para dar adeus a problemas
que afetam a auto-estima.
— Elas são bombardeadas pelas
imagens da televisão, que mostram
a qualquer hora do dia mulheres
belíssimas, com medidas perfeitas
— constata o médico, que conclui:
— Essa vontade de mudar alguma
coisa no corpo nasce do medo de
não ser aceita, desejada.
Grazia diz que nunca se achou
feia. Mas, com os seios pequenos,
não se sentia 100% mulher.
— Eu não parecia muito feminina.
Não chamava a atenção
e os meninos não olhavam para
mim como uma garota interessante
— recorda a estudante,
agora de auto-estima bastante
elevada: — Agora, posso até fazer
topless na praia.
O cirurgião Savio Marziani
confirma a existência da moda
do bisturi pós-diploma, como estão
sendo classificadas na Itália
as cirurgias estéticas feitas pelas
jovens depois da aprovação no
exame. Ele confirma que esta é
uma tendência que se comprova
nos consultórios italianos.
Na lista das cirurgias para aumentar
os seios neste verão, Marziani
contabiliza duas dezenas de
pós-diplomadas neste verão.
Mais agressiva do que Grazia,
Mirella Ferri, de 19, admite ter
chantageado os pais e os avós.
— Eu disse que só estudaria
se ganhasse a plástica de presente.
Até ameacei parar de comer,
porque não agüentava mais viver
assim, me odiando todos os dias
— lembra Mirella.
E a pressão funcionou:
— Minha família entendeu que
eu estava deprimida, que não
queria mais sair de casa e se uniu
para pagar os seis mil euros da
cirurgia. Na minha primeira consulta
ao cirurgião, levei junto a
minha avó e a minha mãe.
Arlen Roche
Conforme basoccu, em 2007,
o número de cirurgias pós-diploma
aumentou cerca de 5% em relação
ao ano passado.
— Na primeira colocação entre
as operações estéticas mais
realizadas está, sem dúvida, a
que aumenta o volume dos seios.
Depois, vêm a lipoaspiração; a rinoplastia,
que remodela o nariz;
e os liftings — assegura o especialista.
Intervenções para aumentar
os lábios também têm sido muito
freqüentes na Itália, mas, por
serem simples demais. O atendimento
é ambulatorial, não requer
internação, feito apenas injetando
com uma seringa a substância
apropriada nos lábios. Daí estes
serem procedimentos considerados
light na medicina estética,
segundo basoccu.
De acordo com o cirurgião,
os resultados de uma plástica, do
ponto de vista psicológico, nem
sempre são positivos.
— Se a jovem já tem algum
tipo de insegurança e a cirurgia
não traz os resultados desejados,
ela terá mais problemas no futuro,
porque nessa idade elas costumam
ter conflitos com os colegas,
namorado, sociedade e a
tendência é que eles sejam agravados
— diz basucco, com uma
ressalva: — Se a intervenção cirúrgica
se concluir bem, ela viverá
melhor socialmente, e a sua
qualidade de vida também vai
melhorar.
basucco lembra que, tempos
atrás, as técnicas das cirurgias
estéticas no nariz, no seio
e de lifting não eram tão evoluídas.
Era fácil identificar quem tinha
passado por um intervento
cirúrgico.Hoje, é tudo diferente.
Segundo o médico, o resultado
é cada vez mais personalizado
e natural. E o pedido de um par
de seios novos como prêmio pelo
sucesso no “esame di maturità”
raramente decepciona as jovens.
Pelo contrário: elas recebem exatamente
o que desejam, sentemse
mais seguras, mais bonitas e
mais felizes.
No Brasil
Se, na Europa, jovens apostam no
aumento dos seios como recurso
para atrair o sexo oposto, no
brasil os contornos e o volume do
bumbum ainda são importantes
armas de sedução. Mas há quem
suspeite de que a primazia do derrière
empinado esteja sob ameaça
no país que inventou o biquíni estilo
fio dental. O cirurgião plástico
Milton Peruzzo, de São Paulo,
constata que, de fato, os conceitos
estéticos brasileiros estão mudando,
na opinião do médico, por
influência da alta moda.
— O destaque de modelos
brasileiras tornadas em símbolos
de beleza internacional tem mudado
o conceito tradicional brasileiro
de corpo bonito, com seios
pequenos e bumbum grande —
explica o médico, referindo-se a
um padrão estético nacional que
vem sendo desbancado pelo perfil
globalizado das top models de
qualquer parte do mundo, de corpos
longilíneos, bumbuns magros
e peitos siliconados.
A despeito da nacionalidade
ou mesmo da idade, Peruzzo defende
o direito das mulheres de
buscar a própria felicidade.
— Se sua imagem prejudica a
sua auto-estima, você deve buscar
um cirurgião plástico. Com
arte e competência é possível, de
Antes e depois da cirurgia: formas mais femininas
DIvulgação
Vanessa Gagno: 235 mililitros
em cada mama. Giulio Basoccu,
cirurgião italiano
forma segura e confortável, promover
uma melhora desta autoestima
— diz.
No brasil, o desejo de aumentar
os seios não se dissemina somente
entre mulheres jovens. Peruzzo
conta que tem atendido de
10 a 15 pacientes por mês, de todas
as idades. todas com a autoestima
baixa, com complexo de
inferioridade e capazes de fazer
de tudo para se sentir melhor.
— Atendo mulheres em qualquer
faixa etária que apresentam
flacidez mamária, com pouco tecido
glandular ou de gordura. Isso
é muito comum após partos,
quando ocorre involução das
glândulas mamárias. As mais jovens
também buscam cada vez
mais cedo a cirurgia para elevar
auto-estima — explica.
Vanessa Gagno, de 23, realizou
o sonho que cultivava desde a
adolescência: aos 21 anos, depois
de juntar o dinheiro necessário,
aumentou os seios. Do manequim
38 passou a vestir sutiã 42.
— Pus 235 mililitros de silicone
em cada mama. Eu não tinha
nada e para piorar os meus
ombros são largos. Ficava incomodada
ao usar certas roupas —
diz Vanessa, que juntou os 1.500
reais da entrada pela cirurgia e
ainda pagou dez prestações de
300 reais.
Além do implante de silicone,
Vanessa também já passou
por uma rinoplastia:
— Eu sempre dizia que quando
começasse a trabalhar, iria
realizar as minhas três grandes
vontades. A primeira, comprar
um carro; a segunda, pôr silico-
Arquivo pessoal
DIvulgação
ne; e a terceira, fazer a cirurgia
no nariz. Então juntei dinheiro e
fui eliminando cada uma delas
— conta a jovem, que trabalha
com o pai na loja da família, de
material de construção, e enfrentou
com galhardia a insônia causada
pelas dores pós-cirúrgicas:
— Parecia que tinha um peso em
cima de mim e eu não conseguia
respirar. Incomodava um pouco.
De acordo com Peruzzo, a cirurgia
de implante de silicone
nas mamas deixa cicatrizes bem
disfarçadas.
— O processo pós-cirúrgico é
bastante simples. três dias de repouso
de movimentos dos braços
e vida normal após este período.
Para exercícios fortes como natação,
tênis, musculação, aguardamos
30 dias — informa o cirurgião,
que costuma operar muitos
pacientes italianos.
A cirurgia no brasil sai, segundo
ele, mais barata do que na
Europa ou nos Estados Unidos,
variando o valor das próteses entre
seis mil e 18 mil reais — afirma
o médico.
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