La - Comunità Italiana
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Cultura<br />
Dois novos museus<br />
modernizam a paisagem<br />
e a vida cultural de roma<br />
EspumantE<br />
Vinícola salton<br />
comemora centenário<br />
e liderança no setor<br />
FutEbol<br />
roma leva de volta<br />
para a Itália o<br />
jogador adriano<br />
www.comunitaitaliana.com<br />
Rio de Janeiro, junho de 2010 Ano XVII – Nº 144<br />
É Copa!<br />
É hora de ítalo-brasileiros<br />
escolherem para qual seleção<br />
torcer. Na dúvida, fique com<br />
as duas, como fez o ex-jogador<br />
Mazzola, que já defendeu tanto a<br />
camisa do Brasil quanto a da Itália<br />
Especial: a crise grega e o futuro do Euro e da economia italiana<br />
ISSN 1676-3220 R$ 11,90
26<br />
CAPA<br />
Copa do Mundo é época de deixar dividido coração de ítalo-brasileiro:<br />
para qual seleção torcer? O ex-jogador Mazzola, que já vestiu as duas camisas,<br />
fala sobre suas experiências nos gramados do Brasil e da Itália<br />
Editorial<br />
O dom do Pasquale........................................................................06<br />
Cose Nostre<br />
Região da Lombardia vai pagar para<br />
mulheres desistirem de fazer aborto ..............................................07<br />
Política<br />
Único parlamentar italiano transgênero já eleito, o ex-deputado<br />
Vladimir Luxuria, solta o verbo contra o Vaticano .......................... 14<br />
Especial<br />
A crise econômica na Grécia abalou a confiança no Euro<br />
e obrigou a Itália a promover cortes drásticos no orçamento .......... 16<br />
45<br />
Atualidade<br />
São Vito<br />
Tradicional festa realizada<br />
em São Paulo é tema de<br />
documentário do diretor italiano<br />
Gianni Torres<br />
4<br />
Claudio Cammarota<br />
Divulgação<br />
50<br />
Cultura<br />
MAXXI e MACRO<br />
Dois museus projetados<br />
por arquitetas estrangeiras<br />
modernizam a paisagem de<br />
Roma e renovam a vida cultural<br />
da cidade italiana<br />
C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 1 0<br />
Editoria de arte<br />
Negócios<br />
Fábrica de origem ítalo-brasileira, Marcopolo, é a principal<br />
fornecedora de ônibus para a Copa da África do Sul .......................22<br />
Futebol<br />
Com seu nome envolvido em investigações policiais,<br />
no Rio de Janeiro, o jogador Adriano volta ao futebol italiano ..........41<br />
Intercâmbio<br />
Estado brasileiro do Acre apresenta artesanato e destinos turísticos<br />
na Itália disposto a incrementar relação com o país ....................... 44<br />
<strong>Comunità</strong><br />
Caseggiato simbolo della immigrazione italiana<br />
in Mato Grosso do Sul sarà restaurato ...........................................52<br />
54 58<br />
Márcio Madeira<br />
Moda<br />
Fashion Rio<br />
Organizadores da semana de<br />
moda carioca querem transformar<br />
o evento em referência mundial<br />
em moda praia<br />
Divulgação<br />
Espumante<br />
Salton<br />
Vinícola Salton, em Bento<br />
Gonçalves, comemora seu<br />
centenário como a líder na<br />
comercialização da bebida no país
FUNDADA EM MARÇO DE 1994<br />
DIREtOR-PREsIDENtE / EDItOR:<br />
Pietro Domenico Petraglia<br />
(RJ23820JP)<br />
DIREtOR: Julio Cezar Vanni<br />
PUblICAÇãO MENsAl E PRODUÇãO:<br />
Editora <strong>Comunità</strong> ltda.<br />
tIRAgEM: 40.000 exemplares<br />
EstA EDIÇãO FOI CONClUíDA EM:<br />
11/05/2010 às 12:30h<br />
DIstRIbUIÇãO: brasil e Itália<br />
REDAÇãO E ADMINIstRAÇãO:<br />
Rua Marquês de Caxias, 31, Niterói,<br />
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Nayra garofle; sarah Castro; sílvia souza;<br />
Janaína Cesar; lisomar silva<br />
REVIsãO / tRADUÇãO: Cristiana Cocco<br />
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Alberto Carvalho<br />
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CAPA: Wilson Rodrigues<br />
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Polizzo; Venceslao soligo; Marco lucchesi;<br />
Domenico De Masi; Fernanda Maranesi;<br />
beatriz Rassele; giordano Iapalucci;<br />
Cláudia Monteiro de Castro; Ezio Maranesi;<br />
Fabio Porta; Fernanda Miranda;<br />
Paride Vallarelli; Aline buaes<br />
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guilherme Aquino (Milão);<br />
Janaína Cesar (treviso);<br />
leandro Demori (Roma)<br />
lisomar silva (Roma);<br />
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Robson bertolino (são Paulo)<br />
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<strong>Comunità</strong><strong>Italiana</strong> está aberta às contribuições<br />
e pesquisas de estudiosos brasileiros, italianos<br />
e estrangeiros. Os artigos assinados são de<br />
inteira responsabilidade de seus autores, sendo<br />
assim, não refletem, necessariamente, as<br />
opiniões e conceitos da revista.<br />
<strong>La</strong> rivista <strong>Comunità</strong><strong>Italiana</strong> è aperta ai<br />
contributi e alle ricerche di studiosi ed esperti<br />
brasiliani, italiani e estranieri. I collaboratori<br />
e sprimono, nella massima libertà, personali<br />
opinioni che non riflettono necessariamente il<br />
pensiero della direzione.<br />
IssN 1676-3220<br />
O dom do Pasquale<br />
Um italiano generoso que representou a força de trabalho e a capacidade produtiva<br />
que os imigrantes implantaram no exterior. Com um semblante acolhedor<br />
e mãos fortes que se dedicaram a fazer o bem para a sociedade do Rio<br />
de Janeiro, Pasquale Annunziato Santoro nos deixou aos 93 anos de idade no<br />
último 27 de maio.<br />
Nascido em Paola, na Calábria, era conhecido pela maneira acolhedora que tratava<br />
a todos. Chegou ao Brasil em primeiro de julho de 1934 e no centro da cidade do Rio<br />
abriu e fechou uma dezena de restaurantes. O primeiro, na Av. Rio Branco com a Rua<br />
Teófilo Otoni, chamava-se Veneza e foi ali que começou a prática de distribuir, após os<br />
almoços, toda a comida que sobrava para pessoas carentes. Um de seus restaurantes, na<br />
Rua São Bento 13, foi vendido em 1970 para o pai do ministro da Saúde, José Gomes<br />
Temporão, e está lá até hoje. Pouco mais tarde, na Rua da Quitanda 195, em frente à antiga<br />
Bolsa do Café, estreou, segundo ele mesmo, o primeiro prato comercial ítalo-carioca:<br />
galeto al primo canto com uma taça de vinho.<br />
Com estatura mediana, bochechas avermelhadas e olhos<br />
azuis capazes de penetrar nos corações de seus interlocutores,<br />
esse calabrês ficou mais conhecido como Don Pasquale,<br />
apelido que recebeu em quinze anos de atividade em seu restaurante<br />
no prédio da Casa D’Italia. No segundo andar desse<br />
edifício, era orgulhoso de vender seus pratos de massas típicas<br />
do Sul da Itália e suas “sfogliatellas napoletanas” para centenas<br />
de clientes que, ao fim da refeição, ainda levavam um<br />
rústico e disputado pão italiano.<br />
Presente diariamente na estrutura que abriga o Consulado<br />
e inúmeras associações italianas de 1985 a 1999, não era de<br />
se espantar que Don Pasquale influenciasse e participasse de<br />
muitas das decisões do corpo diplomático. Durante muito tempo,<br />
quem ia ao edifício procurar por tramites consulares tinha,<br />
Pietro Petraglia<br />
Editor<br />
na verdade, este calabrês como referência para guardar um lugar nas tumultuadas filas ou<br />
dar conselhos. E assim, participou ativamente da vida e da história de inúmeros embaixadores,<br />
cônsules, personalidades e gente de todo tipo que frequentava e fazia da Casa<br />
d’Italia, na Av. Presidente Antonio Carlos 40, uma estrutura movimentada, onde circulavam<br />
figuras como o cineasta Luis Carlos Barreto, visto com frequência almoçando por lá.<br />
E foi lá também o palco principal do lançamento da revista <strong>Comunità</strong><strong>Italiana</strong>. Era<br />
Don Pasquale o responsável por receber e distribuir além de bradar aos quatro cantos as<br />
notícias que saiam há 17 anos, ainda em formato tablóide. Feliz de quem conhece homens<br />
assim, que marcam pela nobreza nos gestos mais simples. A Don Pasquale dedico<br />
meus 20 anos de trabalho jornalístico.<br />
Copa do Mundo<br />
Quando o assunto é a paixão por futebol, Don Pasquale também era responsável por<br />
unir italianos e brasileiros, até mesmo em anos de acirrada disputa de Copa do Mundo.<br />
Um dos principais símbolos dessa união é o ex-jogador Mazzola. Ídolo no Brasil e na<br />
Itália, esse brasileiro naturalizado italiano conta, na nossa reportagem de capa, como se<br />
sentiu defendendo os dois países em várias edições do principal campeonato de futebol<br />
do mundo. Atual comentarista esportivo de emissora de TV italiana, ele relembra seus<br />
áureos tempos dentro do gramado, compara o futebol de hoje e de ontem e arrisca seus<br />
palpites para a Copa da África do Sul.<br />
Porém, independente da torcida a ser feita durante a Copa, a grande expectativa do<br />
momento diz respeito ao futuro do Euro. Nessa partida, não dá para pensar em perder.<br />
A reportagem especial desta edição mostra os problemas enfrentados pela moeda da<br />
União Europeia por conta da crise econômica da Grécia. Na Itália, as conseqüências já<br />
começam a ser sentidas, com um grande corte no orçamento. Talvez, o cinto apertado<br />
só seja percebido quando acabar a Copa do Mundo. Mas o fato é que ele já foi adotado<br />
como modelo da próxima temporada.<br />
Boa leitura<br />
editorial<br />
Entretenimento com cultura e informação<br />
nova data<br />
Adiada por duas vezes, a vinda do primeiro-ministro italiano<br />
ao brasil, silvio berlusconi, voltou a ser especulada. Agora,<br />
os comentários não oficiais dão conta que ele viria a são Paulo<br />
nos dias 28 e 29 de junho. A expectativa é de que berlusconi se<br />
encontre com o presidente luiz Inácio lula da silva.<br />
bônus<br />
O<br />
presidente da região da<br />
lombardia, Roberto Formigoni,<br />
anunciou que o governo<br />
local pretende oferecer 5,5 mil<br />
dólares (o equivalente a cerca<br />
de 10 mil reais) a mulheres grávidas<br />
para que desistam de praticar<br />
abortos. Para receber o dinheiro,<br />
que seria pago ao longo<br />
de 18 meses, as mulheres terão<br />
de provar que enfrentam problemas<br />
financeiros. Formigoni,<br />
que é católico e aliado do primeiro-ministro<br />
italiano, silvio<br />
berlusconi, disse que nenhuma<br />
mulher na lombardia deveria<br />
interromper uma gravidez por<br />
causa de dificuldades econômicas.<br />
O aborto é permitido por lei<br />
na Itália desde 1978. Os dados<br />
mais recentes sobre abortos na<br />
Itália revelam que em 2008 foram<br />
realizados cerca de 120 mil<br />
no país.<br />
polêmica<br />
O<br />
futebol rendeu, mês passado, bate boca entre<br />
ministros italianos. Primeiro, Andrea Ronchi,<br />
titular da pasta de Políticas Europeias, disse que a<br />
seleção de futebol de seu país é formada por “velhos”.<br />
Depois, ele classificou como “fora de tempo e<br />
de lugar” o pronunciamento do ministro para a sim-<br />
rapidinhas<br />
● Estão abertas as inscrições para<br />
a segunda edição da estadia<br />
de ensino-estágio nos Apeninos<br />
para “embaixadores afetivos”<br />
do Parque Nacional do Apenino<br />
Tosco-Emiliano. O programa<br />
é voltado para jovens descendentes<br />
de imigrantes da região<br />
do Parque ou de origem toscana<br />
ou emiliano-romagnola. O curso<br />
é gratuito. Está previsto, no entanto,<br />
um co-financiamento de<br />
10% para despesas de viagem<br />
por parte de cada participante.<br />
O curso terá a duração de duas<br />
semanas estando previsto o período<br />
de 5 a 19 de setembro de<br />
2010. A documentação deve ser<br />
enviada por e-mail, para info@<br />
parconelmondo.it até o dia 28<br />
junho. Mais detalhes em www.<br />
emilianoromagnolinelmondo.it.<br />
● Morreu o vice-Cônsul da Itália<br />
em Minas gerais, Adolfo Scozzarella.<br />
Deixa esposa e dois filhos e<br />
era coordenador do setor de serviços<br />
consulares da unidade.<br />
● são Paulo recebeu a certificação<br />
para o seu sistema de gestão<br />
e gerenciamento para a qualida-<br />
COSE NOSTRE<br />
telefone<br />
A<br />
primeiro hotel do mundo feito completamente com lixo foi<br />
O inaugurado em Roma, na Itália. Os objetos foram retirados de<br />
praias da Europa para mostrar o quanto de lixo é jogado na costa<br />
do continente. O projeto é parte de uma campanha para aumentar<br />
a conscientização do público sobre a poluição nas praias. O hotel<br />
usou 12 mil quilos de lixo - mesma quantidade média jogada por<br />
ano em apenas três quilômetros quadrados de praias europeias.<br />
Julio Vanni<br />
Itália lançou um número telefônico voltado exclusivamente aos<br />
turistas. Ao discar 039.039.039 (três vezes o prefixo internacional<br />
do país), o visitante pode obter informações e assistência. O serviço<br />
é multilíngue (em inglês, francês, espanhol, alemão, chinês, russo<br />
e obviamente em italiano) e funciona todos os dias, com domingos e<br />
feriados incluídos, das 9h às 22h.<br />
plificação Normativa, Roberto Calderoli, que recentemente<br />
pediu para a Federação <strong>Italiana</strong> de Futebol<br />
(FIgC) reduzir os prêmios e salários dos jogadores<br />
devido à crise econômica mundial. No final, Ronchi<br />
contemporizou ao afirmar que era “insensato iniciar<br />
uma polêmica às vésperas da Copa do Mundo”.<br />
de segundo a norma IsO 9001-<br />
2008 em referência às atividades<br />
do Instituto Italiano para o Comércio<br />
Exterior na promoção do<br />
sistema Itália.<br />
● Vilmar D. Fistarol, 50 anos, é<br />
o novo diretor de Recursos Humanos<br />
da Fiat América latina. Ele<br />
acumulará a função com o cargo<br />
de vice-presidente executivo da<br />
Fiat Argentina.<br />
● O cantor e compositor Caetano<br />
Veloso irá à Itália apresentar shows<br />
da turnê “Zii e Zie”. Fará shows<br />
em Florença, Roma, Parma e bard.<br />
Coliseu<br />
Um dos principais marcos<br />
turísticos da Itália,<br />
o Coliseu vai abrir seus corredores<br />
subterrâneos para o<br />
público pela primeira vez. A<br />
rede de celas e túneis abrigava<br />
na Antiguidade, animais,<br />
gladiadores, escravos e pessoas<br />
que eram jogadas aos leões<br />
e tigres para entretenimento<br />
do público, que chegava a 50<br />
mil pessoas. Milhões de turistas<br />
visitam o Coliseu todos os<br />
anos, mas as áreas subterrâneas<br />
eram consideradas muito<br />
frágeis e por isso estavam fechadas.<br />
Para recuperar a área<br />
aos turistas foram gastos 28<br />
milhões de dólares. O Coliseu,<br />
um dos símbolos do Império<br />
Romano, deixou de ser utilizado<br />
como espaço para entretenimento<br />
no século 6.<br />
Conectados<br />
Uma notável porcentagem de<br />
sacerdotes utiliza a internet,<br />
particularmente para preparar<br />
homilias, estudar e, sobretudo,<br />
para divulgar a mensagem de<br />
Cristo, segundo estudo publicado<br />
mês passado, em Roma. segundo<br />
pesquisa conjunta da Universidade<br />
de lugano (suíça) e santa Cruz<br />
de Roma (Itália), realizada entre<br />
15 de novembro de 2009 e 28 de<br />
fevereiro de 2010, 94,7% dos religiosos<br />
conectam-se à internet todos<br />
os dias. A internet é considerada<br />
“um novo elemento cultural”<br />
e “a Igreja deve levá-la cada vez<br />
mais em conta”, admitiu o cardeal<br />
brasileiro Claudio Hummes, da<br />
Congregação para o Clero. “temos<br />
que dar indicações pastorais práticas<br />
no mundo digital”, comentou.<br />
No total, 4.992 sacerdotes<br />
responderam ao questionário, o<br />
que corresponde a 1,2% do total<br />
de sacerdotes do mundo.<br />
6 C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 1 0<br />
J u n h o 2 0 1 0 / C o m u n i t à i t a l i a n a 7
opinião<br />
frases<br />
enquete<br />
Sim – 85,7% Não - 66,7%<br />
Sim – 83,3%<br />
Não – 14,3% Sim - 33,3%<br />
Não – 16,7%<br />
Enquete apresentada no site www.comunitaitaliana.com<br />
entre os dias 28 de maio a 1º de junho.<br />
cartas<br />
“Adoro l’Italia. Ho girato<br />
bei film con grandi attori e<br />
cineasti. Mi piace come vivono<br />
gli italiani, ciò che mangiano, il<br />
rumore, la bellezza”,<br />
Fanny ardant,<br />
attrice, che è venuta in Brasile per<br />
il lancio del suo primo lavoro come<br />
regista di un cortometraggio.<br />
Roma vai se candidatar para<br />
as Olimpíadas de 2020.<br />
A cidade tem chances?<br />
“Temos que respeitar as<br />
individualidades quando<br />
estivermos concentrados. Porém,<br />
quando estivermos livres, cada<br />
um faz o que quer. Nem todo<br />
mundo gosta de sexo, de vinho e<br />
de sorvete”,<br />
Dunga, técnico da seleção<br />
brasileira de futebol, ao chegar<br />
em Joanesburgo, cidade-sede da<br />
equipe durante a Copa do Mundo.<br />
“O desafio que a economia<br />
brasileira enfrenta hoje<br />
é o de administrar o<br />
superaquecimento”,<br />
Dominique Strauss-Kahn,<br />
diretor-gerente do Fundo<br />
Monetário Internacional<br />
(FMI) que esteve em São<br />
Paulo no mês passado.<br />
matéria de gastronomia da edição passada me agradou bastan-<br />
“A te. Achei curiosa a ideia de transformar pratos italianos em petiscos.<br />
O fato de beber vinho no copo não é novidade na minha família.<br />
Meus avós italianos nunca fizeram questão de belas taças porque trouxeram<br />
este costume da Itália. A foto da bruschetta é uma tentação!”<br />
GIulIana aGnellO – Itu, SP – por e-mail<br />
Porta-voz do partido IDV diz que<br />
berlusconi precisa tirar férias para<br />
o bem da Itália. Você concorda?<br />
Enquete apresentada no site www.comunitaitaliana.com<br />
entre os dias 1º a 4 de junho.<br />
“Mi innervosisco cosí tanto che<br />
faccio il tifo perché il pallone non<br />
arrivi nemmeno vicino alla porta.<br />
Se mi siedo in un posto ma sento<br />
che non sta portando fortuna,<br />
cambio posto. Ma siccome mi<br />
innervosico molto, spesso vedo la<br />
partita in piedi, a casa”,<br />
Susana Werner,<br />
modella, attrice e moglie del<br />
portiere dell’Inter e della nazionale<br />
brasiliana, Julio Cesar.<br />
“Gli Stati Uniti apprezzano<br />
profondamente il fermo<br />
impegno dell’Italia a<br />
contribuire insieme con gli<br />
Stati Uniti e gli altri alleati<br />
della Nato alla promozione<br />
della pace, dello sviluppo<br />
e della sicurezza in<br />
tutto il mondo”,<br />
Barack Obama,<br />
presidente degli Stati Uniti<br />
in una lettera consegnata al<br />
capo di stato italiano, Giorgio<br />
Napolitano, in occasione della<br />
Festa della Repubblica.<br />
Ministro diz que seleção italiana<br />
é ‘de velhos’. A Itália tem<br />
chances de ganhar a Copa?<br />
Enquete apresentada no site www.comunitaitaliana.com<br />
entre os dias 7 a 11 de junho.<br />
uero deixar registrado aqui meu elogio à colunista Cláudia<br />
“QMonteiro de Castro que tanto nos diverte com seus textos.<br />
Ela nos transmite uma visão da Itália que poucos conseguem passar.<br />
sempre com um toque de humor, a coluna dela me faz começar a ler<br />
a revista de trás para frente.”<br />
PaulO MeneGuItte – Rio de Janeiro, RJ – por e-mail<br />
agenda<br />
FotograFia (rJ)<br />
Maior exposição internacional<br />
dedicada ao fotojornalismo, o<br />
World Press Photo chega a sua<br />
53ª edição ocupando o foyer superior<br />
da Caixa Cultural com 162<br />
registros selecionados de 63 fotógrafos<br />
provenientes de 23 países.<br />
A obra mais importante do<br />
acervo, destacada com o título<br />
de World Press Photo do Ano, é<br />
uma imagem feita pelo italiano<br />
Pietro Masturzo, que mostra uma<br />
mulher gritando num terraço de<br />
teerã, em protesto pela elei-<br />
ção de Mahmoud Ahmadinejad<br />
à presidência do Irã. Premiado<br />
em terceiro lugar na categoria<br />
esporte e ação, o paulista Daniel<br />
Kfouri é o único brasileiro a<br />
constar do elenco, com uma bela<br />
imagem da série ícarus (flagra<br />
do campeão de skate bob burnquist<br />
durante um treino de salto<br />
na Megarrampa, em são Paulo).<br />
Caixa Cultural: Avenida Almirante<br />
barroso, 25, Centro. telefone:<br />
(21) 2544-7666.<br />
Mercado esportivo (rJ)<br />
Em sua 12ª edição, a Rio sports<br />
show apresentará entre 15 e 17<br />
de Julho, no Cais do Porto do<br />
Rio de Janeiro, as tendências e<br />
novidades em serviços e equipamentos<br />
mais modernos no segmento<br />
de academias, clubes,<br />
condomínios, além de acessórios,<br />
softwares e suplementos<br />
alimentares. A expectativa é que<br />
mais de 15 mil pessoas circulem<br />
pela Marina da glória nos três<br />
dias de evento. A previsão também<br />
é positiva em relação aos<br />
negócios: espera-se que sejam<br />
gerados 10 milhões de reais em<br />
transações comerciais, um crescimento<br />
de 25%. Este ano, mais<br />
de sessenta marcas ligadas ao<br />
mercado esportivo, distribuídas<br />
em 70 estandes, já garantiram<br />
presença. Píer Mauá. Rodrigues<br />
Alves nº 10.<br />
gastronoMia (sc)<br />
Alex Atala, Emmanuel bassoleil,<br />
Fabrice lenud, Claude troisgros,<br />
Olivier Anquier e luigi tartari são<br />
os chefs que participam da 3ª semana<br />
Internacional de gastronomia<br />
da Costa Esmeralda. O evento,<br />
de 24 a 31 de julho, ocorre<br />
em Porto belo, Itapema e bombinhas,<br />
garantindo para santa Catarina<br />
o título de Capital da boa<br />
Mesa. tartari, nascido no Piemonte,<br />
chegou ao Rio de Janeiro aos<br />
21 anos para trabalhar no Copacabana<br />
Palace Hotel. Diretor executivo<br />
da Associação brasileira<br />
de Alta gastronomia, atualmente<br />
é professor das universidades de<br />
Castelli e Unisinos no Rio grande<br />
do sul e presta consultorias ao<br />
Hotel Mercure e Maré d’Italia.<br />
arquitetura (Br)<br />
Um dos nomes na construção da<br />
capital do país, lucio Costa é lembrado<br />
nos festejos pelos 50 anos<br />
de brasília com exposição no Museu<br />
Nacional do Conjunto Cultural<br />
da República. A mostra revela a<br />
trajetória profissional do arquiteto<br />
e apresenta os projetos de lucio<br />
em ampliações, fotos e, sobretudo,<br />
maquetes, inclusive os que<br />
originaram brasília. O público pode<br />
fazer um passeio por toda a sua<br />
carreira, incluindo sua presença<br />
em momentos decisivos, no âmbito<br />
do seu ofício, a exemplo da<br />
reforma do ensino em 1930 com o<br />
prédio do Ministério da Educação,<br />
no Rio de Janeiro, e do Pavilhão<br />
do brasil na Feira Mundial de Nova<br />
York. Até 3 de agosto. setor Cultural<br />
sul - lote 02. Esplanada dos<br />
Ministérios, em brasília.<br />
na estante click do leitor<br />
Vino e Eros - Vino rosso, sessualità, benessere. Desde sempre<br />
considerada o complemento ideal para um encontro romântico,<br />
a bebida de baco, deus do vinho e do amor, comprovadamente<br />
interage com os delicados mecanismos que regulam a<br />
atividade sexual feminina. O volume, organizado pelos urologistas<br />
Riccardo bartoletti, Nicola Mondaini e Francesco Montorsi,<br />
é fruto de uma pesquisa realizada pelo Hospital santa Maria<br />
Annunziata, de Florença. Reúne artigos de especialistas de<br />
áreas como ginecologia, psicologia, farmacologia, andrologia e<br />
urologia que explicam, de um ponto de vista técnico, como um<br />
consumo equilibrado de vinho pode beneficiar homens e mulheres.<br />
giunti Demetra, 256 páginas, 12,50 euros. sem previsão<br />
de lançamento no brasil.<br />
101 vini da bere almeno una volta nella vita spendendo molto<br />
poco. O jornalista napolitano luciano Pignataro, autor de um<br />
dos blogs sobre vinho mais lidos da Itália, propõe uma viagem<br />
de norte a sul do país através de 101 vinhos que custam menos<br />
de 10 euros. Da elegância dos brancos do Friuli aos tintos da<br />
região do Etna, passando pelos sangiovese, nebbiolo, aglianico,<br />
negroamaro, trebbiano, pinot grigio e falanghina, o livro é o<br />
primeiro do gênero a apresentar as regiões italianas igualmente<br />
distribuídas. Para o autor, manter o preço justo para os produtos<br />
locais de qualidade, é a melhor maneira de conjugar a defesa<br />
do estilo de vida italiano com a resistência ao mercado global.<br />
Newton Compton Editori, 288 páginas, 14,90 euros. sem previsão<br />
de lançamento no brasil.<br />
serviço<br />
oi interessante estar na Itália e<br />
“Fbeber um pouco daquele vinho,<br />
pisar um pouco naquela terra, conhecer<br />
especialmente Florença. Adoro viajar e<br />
em qualquer viagem você se modifica,<br />
aprende um pouco com os habitantes<br />
locais. E tudo isso, a gente imprime no<br />
nosso coração”<br />
DanIel De OlIveIra,<br />
ator da novela Passione<br />
rio de Janeiro, rJ - por e-mail<br />
Mande sua foto comentada para esta coluna<br />
pelo e-mail: redacao@comunitaitaliana.com.br<br />
8 C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 1 0<br />
J u n h o 2 0 1 0 / C o m u n i t à i t a l i a n a 9<br />
Arquivo pessoal
OpiNiONE<br />
Fabio Porta<br />
fabioporta@fabioporta.com<br />
la regola del “12”<br />
Possiamo stare tranquilli: la nazionale “azzurra” tornera’ soltanto nel 2018 a disputare una<br />
finale di coppa del mondo di calcio. Scavando nella mia memoria ho scoperto che…<br />
uno dei primi ricordi della<br />
mia infanzia, anche se un<br />
po’sfocato e annebbiato<br />
dal tempo trascorso, sono<br />
le urla di gioia del mio papà e di<br />
mio fratello la notte del 19 giugno<br />
del 1970: l’Italia di gianni Rivera,<br />
dopo un’epica e rocambolesca<br />
partita finita ai tempi supplementari,<br />
superava la germania di<br />
Franz beckenbauer e accedeva alla<br />
finale contro il brasile di Re Pelé.<br />
Contro il brasile avremmo poi<br />
perso per 4 a 1, ma quella Coppa<br />
del Mondo per noi italiani viene<br />
ricordata ancora oggi per quei<br />
mitici trenta minuti al cardiopalma:<br />
con i tedeschi abbiamo sempre<br />
avuto un complesso rapporto<br />
di amore-odio ed ogni partita di<br />
calcio tra Italia e germania portava<br />
con sé qualcosa di speciale,<br />
un’atmosfera che andava ben al di<br />
là della competizione calcistica.<br />
Passeranno dodici anni (attenzione<br />
al numero: 12 anni)<br />
prima che l’Italia torni in finale;<br />
siamo nel 1982 ed i mondiali<br />
si giocano in spagna. Per me è<br />
un anno importante, perché negli<br />
stessi giorni del Mondiale mi<br />
gioco una partita altrettanto delicata:<br />
gli “esami di stato”, il passaggio<br />
dal liceo all’università. Io<br />
a Caltagirone, la nazionale ‘azzurra’<br />
a barcellona; sicilia e spagna,<br />
terre lontane tra loro ma unite da<br />
tante analogie culturali, a partire<br />
dai lunghi secoli di dominazione<br />
araba. Anche in spagna non sarà<br />
la finale a segnare questa coppa<br />
per noi italiani; anche in spagna<br />
sarà un’altra la partita che farà la<br />
storia di quel mondiale. E questa<br />
volta a parti invertite: la finale sarà<br />
con la germania, che supereremo<br />
con facilità. la “partitissima”<br />
10<br />
questa volta è con il brasile, forse<br />
il più forte brasile del dopo-Pelé:<br />
la seleção di Falcão, Zico e socrates!<br />
Vinceremo 3 a 2, grazie anche<br />
all’esplosione di quel Paolo Rossi<br />
divenuto subito dopo l’italiano<br />
più famoso in brasile… Quell’anno<br />
superai il mio esame, anche se<br />
trascorsi più tempo davanti alla<br />
tV e festeggiando per le strade<br />
che non sui libri di latino e storia.<br />
Dovevano passare altri dodici<br />
anni (sí, 12 !) per rivivere ancora<br />
l’emozione di un’altra finale italiana<br />
in Coppa del Mondo. Questa<br />
volta il destino fu crudele con me.<br />
siamo nel 1994; quell’anno segna<br />
praticamente per me l’inizio della<br />
mia storia ‘brasiliana’. A Roma e<br />
torino, per tre mesi, inizia il mio<br />
progetto di cooperazione e formazione<br />
tra i sindacati brasiliani<br />
e italiani. Condividerò per cento<br />
intensi giorni gioie ed emozioni,<br />
sacrifici e discussioni con undici<br />
miei colleghi brasiliani. Vivrò con<br />
loro anche una ‘tragedia brasiliana’<br />
(e non solo brasiliana): il primo<br />
maggio muore ad Imola Ayrton<br />
senna, un lutto che ci unisce<br />
tutti nel rimpianto del grande<br />
campione. Il 17 luglio accompagno<br />
personalmente all’aeroporto<br />
C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 1 0<br />
di Fiumicino i miei amici brasiliani;<br />
sí, il 17 luglio, giorno della finale<br />
che vedrà ancora una volta di<br />
fronte Italia-brasile, questa volta<br />
a Pasadena negli UsA. lascio gilmar,<br />
liliane, Waldir, Ana, William,<br />
Iolanda, Carlos, Vitoria e Roberto<br />
all’aeroporto e corro verso il centro<br />
di Roma: a Piazza del Popolo<br />
c’è uno dei tanti megaschermi allestiti<br />
nelle mille piazze italiane.<br />
Per un problema tecnico la proiezione<br />
in piazza della partita non<br />
inizia … mi metto di nuovo in<br />
macchina alla volta dello stadio<br />
olimpico. E’ qui che assisterò alla<br />
finale ed agli indimenticabili rigori,<br />
compreso quell’ultimo (!) di<br />
Roby baggio. la cosa “strana” è<br />
che la sconfitta dell’Italia, per la<br />
prima volta, non mi fa soffrire: il<br />
brasile meritava più di noi quella<br />
Coppa o forse anche io ero diventato<br />
un po’ tifoso della nazionale<br />
verdeoro, chissà…<br />
Dopo il 1994 quanti anni sarebbero<br />
trascorsi per ritrovare gli<br />
azzurri in finale? Avete indovinato:<br />
ce ne vorranno esattamente<br />
dodici (12!) perché le strade e le<br />
piazze italiane siano nuovamente<br />
invase dalla febbre dei mondiali e<br />
perche’ la nazionale tricolore ri-<br />
torni in finale. Quella del 2006 è<br />
una nazionale coriacea e pragmatica,<br />
un gruppo che fa dell’unione<br />
il suo punto di forza e che riuscirà<br />
a superare i padroni di casa davanti<br />
al proprio pubblico a berlino.<br />
Dopo ventiquattro anni sono<br />
di nuovo in sicilia; questa volta<br />
da turista/emigrante, con tanto<br />
di moglie brasiliana e due figlie<br />
italo-brasiliane: fortunatamente<br />
non sono costretto questa volta<br />
ad assistere ad una finale Italiabrasile.<br />
Il nostro tifo è univoco e<br />
compatto, festeggeremo tutti insieme<br />
nel calore estivo della sicilia<br />
il quarto campionato del mondo<br />
vinto dall’Italia!<br />
E adesso? se la matematica non<br />
è un’opinione non avrei dubbi: ma è<br />
chiaro, nel 2018, quattro anni dopo<br />
i mondiali del 2014 (che, com’è noto,<br />
si svolgeranno in brasile) l’Italia<br />
sarà nuovamente in finale.<br />
Nella speranza, è ovvio, di sbagliarmi;<br />
anzi, di essere smentito<br />
dal calcio che – nonostante tutto<br />
– è ancora oggi uno spettacolo<br />
unico e appassionante, affidato<br />
più alle magiche prodezze di undici<br />
piccoli eroi che non al calcolo<br />
matematico-cabalistico di chi ha<br />
scritto questo articolo.<br />
non tutti<br />
sono eroi<br />
Alcuni tra gli scampati alla strage di Nassirija fanno causa allo Stato<br />
altre due morti oggi, 17<br />
maggio, tra le nostre truppe<br />
in Afganistan. Il tributo<br />
di sangue delle missioni<br />
“di pace” è pesante ma tutti<br />
i partiti politici, con toni più o<br />
meno decisi o sfumati, concordano<br />
che è necessario proteggere la<br />
pace in territori per noi nevralgici<br />
e combattere il terrorismo<br />
mondiale. I due caduti avranno<br />
solenni funerali di stato, e ciò è<br />
dovuto. saranno definiti eroi nella<br />
inevitabile retorica dei politici.<br />
Il servizio militare oggi è una<br />
scelta professionale: si fa carriera<br />
militare per convinzione, per spirito<br />
di avventura o per mancanza<br />
di altre opzioni. Accettare volontariamente<br />
di andare in missione<br />
all’estero premia la carriera e<br />
permette di guadagnare di più.<br />
Chi accetta conosce i rischi della<br />
missione; il rischio è insito nel<br />
mestiere del militare. Egli può<br />
essere ferito, o può morire, se ha<br />
la disgrazia di essere nel luogo<br />
sbagliato nel momento sbagliato.<br />
Non so quanto guadagni un<br />
militare in missione; di certo il<br />
soldo tiene conto del rischio.<br />
Il 12 novembre 2003, a Nassirija,<br />
un camion carico di esplosivo<br />
sventrò un edificio della base<br />
Maestrale. Morirono 19 nostri<br />
ragazzi: una strage. I feriti furono<br />
22. Di essi, 7 sono rimasti in<br />
servizio, 15 chiesero il congedo<br />
per stress post traumatico. I feriti<br />
furono risarciti in funzione del<br />
livello di invalidità dall’assicurazione<br />
stipulata dallo stato presso<br />
i lloyd. Altri 8 militari, alcuni dei<br />
quali erano assenti dalla base al<br />
momento della esplosione, hanno<br />
chiesto il congedo nei mesi successivi<br />
per stress post traumatico.<br />
Aver paura é umano. Alcuni fra i<br />
congedati parteciparono a missioni<br />
in altri paesi dopo l’Irak. A<br />
tutti i 23 congedati é stato riconosciuto<br />
un compenso speciale di<br />
200.000 euro, oltre ad un vitalizio<br />
mensile di 1.553 euro e altri<br />
benefici. Alcuni fra i congedati<br />
stanno facendo causa allo stato<br />
Italiano. l’accusa è quella di non<br />
aver predisposto difese adeguate<br />
per evitare possibili attentati. Il<br />
processo è in andamento; entro<br />
giugno ci sarà una prima sentenza.<br />
Un militare che soffrí ferite<br />
OpiNiONE<br />
Ezio Maranesi<br />
eziomaranesi@terra.com.br<br />
gravi, rimasto in servizio, accusa<br />
ora gli ex colleghi congedati che<br />
essi, con le loro accuse, infangano<br />
l’Arma e coloro che sono caduti.<br />
sostiene che la base era adeguatamente<br />
protetta e che vi sono “finti<br />
feriti” che “ci stanno marciando”,<br />
cioè vogliono più soldi.<br />
E’ una brutta storia. Ho voluto<br />
raccontarla perché mi ha<br />
colpito molto. Non intendo dissacrare<br />
la facile retorica che parla<br />
dei nostri ragazzi che difendono<br />
le sacre frontiere della patria o la<br />
pace e la libertà dei popoli ma,<br />
certamente, la presenza di nostre<br />
truppe in missione di pace su<br />
vari fronti ci onora. Essi operano<br />
in contesti molto pericolosi<br />
e, secondo quanto i media ci raccontano,<br />
svolgono egregiamente<br />
il loro compito o, se vogliamo, il<br />
loro mestiere. E per mestiere accettano<br />
di andare in Irak o in Afganistan<br />
conoscendo i rischi e le<br />
difficoltà che devono affrontare.<br />
Onorano quindi la loro divisa, il<br />
loro impegno cosciente e meritano<br />
tutto il nostro rispetto e ammirazione.<br />
Disturba quindi l’idea<br />
che tra di loro ci sia chi “ci sta<br />
marciando” aggrappandosi a una<br />
dolorosa disgrazia, alla quale magari<br />
non hanno presenziato, per<br />
spillare soldi allo stato. Disturba<br />
l’idea che avremmo potuto definirli<br />
eroi, se fossero stati sfortunati<br />
come i loro colleghi caduti.<br />
Mi sembra una forzatura parlare<br />
di eroismo per i nostri militari<br />
in missione. Il mondo, applicando<br />
lo stesso metro, sarebbe pieno<br />
di eroi. sarebbero eroi i muratori<br />
che lavorano, spesso senza protezioni<br />
adeguate, sulle impalcature<br />
delle costruzioni. sarebbero eroi<br />
gli operai che lavorano tutto il<br />
giorno in fabbrica al tornio, alla<br />
fresa, alla catena di montaggio,<br />
che manovrano le gru nei porti,<br />
che guidano autocarri, che fanno<br />
mille altri mestieri pericolosi<br />
per un salario da fame. sarebbero<br />
eroi coloro che sono costretti<br />
dal bisogno a lavorare al comando<br />
di un capo cretino che li umilia.<br />
In Italia muoiono ogni anno<br />
sul lavoro circa 1.500 persone. Al<br />
funerale del muratore che muore<br />
sul lavoro non udiamo mai squilli<br />
di tromba e pomposi discorsi di<br />
autorità, e il risarcimento degli<br />
enti pubblici è modesto quando<br />
non misero. Il muratore non può<br />
mai chiedere il congedo e invocare<br />
lo stress quando è veramente<br />
stressato o semplicemente stufo<br />
di fare un mestiere pericoloso e<br />
malpagato. Nessuno gli darebbe<br />
elargizioni o vitalizi. Il suo destino<br />
invece è alzarsi presto al<br />
mattino, giorno dopo giorno, come<br />
sempre, e andare a lavorare,<br />
zitto o brontolando, come la vita<br />
lo costringe. Nessuno gli darà mai<br />
una medaglia.
un sondaggio commissionato<br />
per CNI (Confederação<br />
Nacional da<br />
Indústria ) tra il 5 ed<br />
il 15 Aprile ha dimostrato che<br />
in brasile gli imprenditori sono<br />
piuttosto ottimisti riguardo<br />
al futuro. l’economia brasiliana<br />
nel prossimo semestre crescerà<br />
sensibilmente benché manchi la<br />
manodopera di lavoratori qualificati<br />
a causa di un’eccessiva richiesta.<br />
Quasi il 66% della categoria<br />
imprenditoriale brasiliana<br />
prevede un ottimo andamento<br />
del mercato interno, mentre il<br />
55% ritiene che per le esportazioni<br />
ci siano buone aspettative.<br />
Il sondaggio, in realtà, risulta<br />
più articolato, ma i due<br />
dati sopracitati sono esemplificativi.<br />
Il brasile è pienamente<br />
uscito dalla crisi e riprende<br />
il cammino interrotto sul finire<br />
del 2008 con il PIl che crescerà<br />
fin quasi a toccare il 6% per<br />
l’anno 2010.<br />
la realtà e la situazione economica<br />
brasiliana, ovviamente,<br />
sono molto diverse da quelle dei<br />
paesi europei, tuttavia fa un certo<br />
effetto vedere quel 6%... Per<br />
l’Italia, ad esempio, sarebbe già<br />
una grandissima conquista riuscire<br />
a fare la metà del brasile,<br />
ma il 3% di PIl è un sogno che<br />
il belpaese coltiva da parecchi<br />
anni senza mai averlo raggiunto.<br />
Quel che è certo è che il brasile<br />
è un paese in forte espansione<br />
che si sta presentando al mondo<br />
come futuro grande protagonista,<br />
mentre l’Europa pare avere<br />
già dato il meglio di sé ed ora<br />
tende a ripiegarsi. Ci vorrà ancora<br />
del tempo…<br />
12<br />
OpiNiONE<br />
Paride Vallarelli<br />
ottimisti e<br />
pessimisti<br />
l’ottimismo della classe imprenditoriale<br />
del gigante sudamericano,<br />
perciò, non è altro che<br />
lo specchio di una condizione<br />
mutata che per il brasile significa<br />
crescita e sviluppo a tutti<br />
i livelli. gli stessi luoghi comuni<br />
che più di qualcuno in Europa<br />
nutre su questo paese, d’altra<br />
parte, sono figli della mancanza<br />
di conoscenza di quel che realmente<br />
avviene. Il brasile non è<br />
certo solo terra di forti contraddizioni<br />
e sottovalutarlo sarebbe<br />
un errore stupido.<br />
Un sondaggio di gallup Europe<br />
condotto il 10 gennaio<br />
2010, al contrario, mette in rilievo<br />
l’enorme pessimismo dei<br />
giovani italiani rispetto al futuro.<br />
siamo addirittura al 118°<br />
posto al mondo con un con un<br />
indice di ottimismo del 44%,<br />
ossia, l’esatta metà del turkmenistan,<br />
che conduce questa speciale<br />
classifica con 87% e, usandola<br />
come termine di paragone<br />
più prossimo a noi, ci ritroviamo<br />
con ben 10 punti percentuali<br />
in meno della Francia che col<br />
54% è al 71° posto (non che i<br />
cugini transalpini siano messi<br />
di tanto meglio, ma gli italiani<br />
sembrano sprofondare…).<br />
Quale commento fare? beh,<br />
non mi pare ci sia molto da dire,<br />
anche se quello italico è un popolo<br />
per tradizione più incline al<br />
pessimismo che non all’ottimismo<br />
(in quanto ad autolesionismo siamo<br />
i primi), ma a causa del periodo<br />
attuale che l’Italia sta vivendo<br />
si capisce che l’essere ottimisti è<br />
uno sforzo quasi sovrumano.<br />
la crescita del PIl vicino allo<br />
0%, le stime contraddittorie che<br />
C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 1 0<br />
continuamente vengono riviste<br />
al ribasso, l’eterna crisi politica<br />
di un paese che non riesce ad<br />
avere governi stabili, nonostante<br />
il silvio nazionale sia sempre<br />
pronto ad indossare i panni di<br />
superman, ed i recenti scandali<br />
che sembrano far ripiombare<br />
l’Italia negli anni bui di tangentopoli<br />
e Mani Pulite sono segna-<br />
li preoccupanti di un paese che<br />
non solo ha perso l’ottimismo,<br />
ma che proprio non ci crede più.<br />
Ciò lo si dice in genere per<br />
chi ha perso le speranze, ed il<br />
belpaese dà l’impressione netta<br />
di non avere altre frecce al suo<br />
arco nell’illusione che qualcosa<br />
accada… già, “Aspettando godot”<br />
verrebbe da dire e, in verità,<br />
l’attesa potrebbe essere infinita!<br />
brasile ed Italia, due paesi<br />
che si trovano su sponde opposte<br />
e, mentre il primo ride e si<br />
gode, meritatamente, un periodo<br />
di grandi soddisfazioni (di qui a<br />
pochi anni, come hanno pronosticato<br />
diversi analisti economici,<br />
il brasile diventerà la quinta<br />
potenza mondiale), l’altro piange<br />
lacrime amare pensando alle difficoltà<br />
continue e alla mancanza<br />
di fiducia nel poter risollevarsi e<br />
prosperare in un futuro prossimo.<br />
Di recente mi è capitato di<br />
avere un importante incontro<br />
con chi conosce bene la realtà<br />
delle aziende italiane che lavorano<br />
e fanno affari in brasile. Pur<br />
essendo il nostro paese ancora<br />
tra i leader tanto da rimanere comunque<br />
un punto di riferimento<br />
importante nell’America latina,<br />
negli ultimi anni al sistema Italia<br />
è mancato il coraggio di investire<br />
in brasile. “se sapesse – mi<br />
sono sentito dire - la difficoltà<br />
di coinvolgere le aziende italiane<br />
ad investire in brasile… sembrano<br />
non accorgersi che per uscire<br />
dalla grave crisi che colpisce<br />
l’Europa bisogna avere il coraggio<br />
anche di investire in paesi<br />
come il brasile che rappresentano<br />
il futuro.”<br />
già, parole che sottoscrivo<br />
in pieno, ma penso anche che<br />
l’instabilità politica dell’Italia<br />
impegnata in dure contrapposizioni<br />
interne sia gravemente<br />
dannosa poiché non permette<br />
al paese di avere un progetto<br />
lungimirante che guardi verso<br />
il mondo globale, piuttosto che<br />
arroccarsi a difesa del proprio<br />
piccolo feudo. Dal brasile abbiamo<br />
molto da imparare in questo<br />
periodo, poiché qui ci sono fermento,<br />
entusiasmo e grande volontà<br />
di crescere come nazione<br />
tutti assieme, todos juntos!<br />
punti di<br />
discussione<br />
Commissione Parlamentare di Cooperazione Italia-Brasile dibatte,<br />
a Brasília, su temi come quello della semplificazione di legalizzazioni<br />
per documenti pubblici, energia alternativa e turismo sessuale<br />
ampliare il dibattito su come<br />
viene trattata la donna,<br />
sullo sfruttamento di<br />
minorenni e sul turismo<br />
sessuale fanno parte dell’ordine<br />
del giorno della Commissione Parlamentare<br />
di Cooperazione Italiabrasile.<br />
I problemi sono stati<br />
messi in enfasi tra i 13 di essi,<br />
discussi nella terza riunione del<br />
gruppo che ha avuto luogo il mese<br />
scorso a brasília. l’incontro è<br />
stato presieduto da Maurizio lupi<br />
e Marco Aurélio spall Maia, ambedue<br />
vice presidenti delle Camere<br />
dei Deputati dei rispettivi Paesi.<br />
secondo il documento siglato<br />
dai deputati i parlamentari<br />
Divulgação<br />
Firma della dichiarazione<br />
Brasile-Italia<br />
si sono impegnati a elaborare e<br />
inoltrare misure legislative. Ricardo<br />
barros, Arlindo Chinaglia,<br />
Alceni guerra, Paulo Henrique<br />
lustosa, Nelson Marquezelli, Antonio<br />
Carlos Pannunzio, Marinha<br />
Raupp, Ricardo tripoli e Angelo<br />
Vanhoni sono stati i politici<br />
Sílvia Souza<br />
rappresentanti del brasile. Oltre<br />
a Maurizio lupi, per l’Italia hanno<br />
partecipato i deputati Fabio<br />
Porta, lino Duilio, barnara saltamartini,<br />
Domenico scilipoti e<br />
gabriele toccafondi.<br />
È stato sottoposto ad analisi<br />
anche l’accordo di cooperazione<br />
firmato ad aprile negli stati Uniti<br />
tra il brasile e l’Italia dal presidente<br />
luiz Inácio lula da silva<br />
e o premier silvio berlusconi.<br />
Uno dei punti di grande interesse<br />
è quello sullo sviluppo di una<br />
politica energetica che metta a<br />
disposizione sempre più risorse<br />
di fonti rinnovabili, specialmente<br />
quella eolica, fotovoltaica e le<br />
politica<br />
biomasse, favorendo l’uso delle<br />
rispettive tecnologie e adottando<br />
le dovute misure normative<br />
nei due Paesi.<br />
Anche Fabio Porta ha messo<br />
in enfasi l’importanza di uno<br />
degli aspetti di quell’accordo,<br />
ossia quello che permetterà la<br />
semplificazione di legalizzazioni<br />
su documenti pubblici. secondo<br />
il deputato, che è vice presidente<br />
del Comitato Permanente per<br />
gli Italiani nel Mondo, si tratta<br />
di una rivendicazione importante<br />
che, se sarà corrisposta, “servirà<br />
per semplificare i processi<br />
di cittadinanza italiana, che oggi<br />
si accumulano in lunghe file<br />
nei consolati”.<br />
Come succede sempre, è stato<br />
ricordato anche il “caso battisti”.<br />
la questione è ancora ferma<br />
in attesa di una decisione finale,<br />
che sarà presa dal presidente<br />
lula.<br />
— Malgrado questo episodio<br />
il brasile e l’Italia continuano<br />
molto uniti — osserva Fabio Porta,<br />
deputato italiano per il PD.<br />
la riunione di parlamentari è<br />
risultato di un protocollo firmato<br />
nel gennaio 2002. la prossima riunione<br />
del gruppo è prevista per<br />
il 2012.
política<br />
na moscaleandro<br />
Quando a série de escândalos relacionando<br />
membros da Igreja a atos de pedofilia<br />
começou a corar as páginas dos jornais<br />
italianos, a política calou-se. Em um país<br />
onde o Vaticano é sempre ouvido por conta<br />
de qualquer proposta-de-lei que vá de encontro<br />
a seus interesses, o silêncio do Parlamento e do<br />
Executivo foram cortantes. Na Itália, a política<br />
costuma ter medo da dinastia dos Papas.<br />
Uma das poucas vozes ativas deveria estar<br />
ainda no Parlamento, mas caiu em 2006 com a<br />
dissolução do governo Prodi. trata-se de Vladimir<br />
luxuria, uma “mosca branca”, como se<br />
diz na Itália para apontar<br />
os “casos raros”.<br />
Único parlamentar<br />
transgênero eleito na história<br />
de um parlamento europeu, luxuria<br />
se destacava com suas roupas de<br />
cores vivas em meio aos ternos cinzentos<br />
que dominavam os corredores<br />
e salões da Casa. A vida parlamentar<br />
não era adepta, entretanto, a futilidades<br />
da moda: por trás dos acessórios<br />
descolados, Vladimiro guadagno<br />
– seu nome de batismo – vestia as luvas<br />
de parlamentar respeitável.<br />
Nos dois anos em que bateu ponto<br />
como representante do partido<br />
Refundação Comunista, a deputada<br />
(como prefere ser chamada) nascida<br />
em Foggia em 24 de junho de 1965<br />
foi definida publicamente como uma<br />
“ridícula Cicciolina” por um aliado político.<br />
também ouviu da colega parlamentar<br />
Alessandra Mussolini, neta do<br />
ditador benito Mussolini, que “mais<br />
vale ser fascista do que frouxo”.<br />
Nada que a abalasse. Acostumada<br />
ao sexismo gratuito, ignorou tudo. Enquanto<br />
o governo Prodi se manteve em<br />
pé, apresentou 55 projetos-de-lei juntamente<br />
com outros deputados, a maioria<br />
em nome do público glbt (gays, lésbicas,<br />
bissexuais ou transgêneros, na tradução<br />
em inglês). Em meio aos escândalos<br />
de pedofilia que permeiam a Igreja Católica,<br />
instituição umbilicalmente ligada<br />
ao governo italiano, luxuria aceitou<br />
conversar sobre o assunto, por telefone,<br />
com a <strong>Comunità</strong>.<br />
demori<br />
EspEcial dE Roma<br />
<strong>Comunità</strong><strong>Italiana</strong> - a Igreja passa<br />
por um momento de escândalos<br />
envolvendo pedofilia e<br />
abusos sexuais. as denúncias<br />
batem de frente com a moral<br />
empregada pela instituição. É<br />
um bom momento para rever algumas<br />
posições?<br />
Vladimir luxuria - Espero que a<br />
Igreja possa se abrir ao diálogo,<br />
sobretudo depois desses acontecimentos,<br />
mas vejo essa possibilidade<br />
ainda longe. Veja só: é<br />
uma organização que ainda defende<br />
que deveríamos fazer sexo<br />
somente para reproduzir, sem<br />
ao menos provar o prazer. O prazer,<br />
para a Igreja, provoca culpa.<br />
Além disso, temos um lobby<br />
muito forte da Igreja dentro da<br />
política italiana. O parlamento<br />
deveria enfrentar essas questões<br />
– como o aborto – sem se sentir<br />
chantageado pelo Vaticano.<br />
CI - a Igreja procura sempre se<br />
mostrar ao lado dos pobres e<br />
dos imigrantes na Itália. não seria<br />
um momento de também se<br />
abrir a outras minorias?<br />
Vl - Não com esse Papa. Existem<br />
muitas pessoas importantes na<br />
Igreja que têm esse pensamento,<br />
mas não na cúpula que cerca<br />
Ratzinger. No Vaticano, a discórdia<br />
não é possível. se você se levanta<br />
contra alguma coisa corre<br />
risco de expulsão.<br />
CI - o povo italiano é xenófobo,<br />
racista ou sexista?<br />
Vl - Não, mas os xenófobos, racistas<br />
e sexistas fazem mais barulho<br />
e essa é a imagem que acabamos<br />
passando.<br />
CI - Qual é o momento político da<br />
Itália de hoje?<br />
Vl - Muito confuso. Nesse momento<br />
em particular parece que<br />
o homem mais confiável como<br />
oposição é gianfranco Fini, eleito<br />
pelo próprio PDl. É um período<br />
em que deveriam ser afrontados<br />
a punho duro os problemas<br />
mais reais para as pessoas,<br />
como o desemprego, que hoje<br />
é vertiginoso. As pessoas não<br />
estão preocupadas com lei sobre<br />
interceptação telefônica ou<br />
coisas assim. Mas é sobre isso<br />
que se está votando neste<br />
momento no Parlamento.<br />
CI - o crescimento da lega nord<br />
representa um ponto de retrocesso<br />
a um passado não muito<br />
belo da Itália, quando estrangeiros<br />
eram mal vistos?<br />
Vl - É impossível pensar a Itália<br />
sem estrangeiros. berlusconi dis-<br />
se que não quer uma Itália multiétnica,<br />
mas hoje a Europa é assim,<br />
é multiétnica. Infelizmente,<br />
aqui, os estrangeiros são considerados<br />
uma ameaça, um potencial<br />
delinquente, pois sempre tivemos<br />
períodos em que buscamos<br />
bodes expiatórios para os nossos<br />
próprios problemas. A perseguição<br />
contra os hebreus foi legitimada<br />
pela questão econômica<br />
nos anos 30 e 40, por exemplo.<br />
É um mau costume italiano botar<br />
a culpa nos outros. Não podemos<br />
olhar a cor da pele e a proveniência<br />
geográfica para julgar. Na<br />
lombardia, se você é lombardo,<br />
“bravo”, se é siciliano, “meno<br />
bravo”. O que poucos falam é<br />
que é conveniente ter estrangeiros<br />
em situação clandestina: eles<br />
ganham menos, têm mais medo,<br />
estão fora das regras e se vêem<br />
com poucos direitos.<br />
CI - a esquerda italiana perde<br />
pontos a cada eleição. Como mudar<br />
isso?<br />
Vl - Procurar o centro e evitar<br />
alianças que sejam deletérias à<br />
sua imagem. Infelizmente, hoje,<br />
a esquerda “mais vermelha”<br />
não é representada no parlamento.<br />
Muitos partidos menores não<br />
conseguem atingir o índice eleitoral<br />
para entrar na Câmara e no<br />
senado por conta da lei Eleitoral.<br />
CI - muitos apontam nichi Vendola<br />
[governador recém-eleito<br />
da puglia] como possível “salvador”<br />
do partido Democrático.<br />
Em um país machista como a<br />
Itália, um líder de partido declaradamente<br />
gay, como ele, é uma<br />
aposta correta?<br />
Vl - A história de Nichi e a minha<br />
história mostram que o eleitor<br />
avalia a “pessoa política” em<br />
detrimento das opções de cada<br />
um. Olham na pessoa a esperança<br />
de melhorar a vida e botam<br />
em quinto plano a opção sexual.<br />
Quem se importa se é gay, se é<br />
casto, com quem vai para cama?<br />
Isso não conta. Quem entendeu<br />
isso foi a lega Nord, entendeu<br />
que as pessoas olham mais<br />
o próprio bolso do que a janela<br />
dos outros. Mas a lega fomenta o<br />
ódio. A esquerda deveria fazer o<br />
mesmo, mas fomentando o amor.<br />
CI - pode explicar como a lega<br />
utiliza esse mecanismo?<br />
Vl - Um dia após a decisão nacional<br />
de distribuir a pílula do dia<br />
seguinte nos hospitais, os dois<br />
governadores recém-eleitos pela<br />
lega Nord (Roberto Cota, no Piemonte,<br />
e luca Zaia, no Vêneto)<br />
disseram que não permitiriam o<br />
acesso ao medicamento em suas<br />
regiões. Usam dessa forma, com<br />
hipocrisia, pois não têm poder<br />
para proibir, pois se trata de lei<br />
federal. Isso é propaganda da lega<br />
sem nenhuma substância para<br />
atender parte do eleitorado deles.<br />
CI - Você foi o único parlamentar<br />
transgênero eleito na história<br />
da Itália e caso raro em todo<br />
o mundo. Depois dos anos 90,<br />
quando houve uma espécie de<br />
convergência mundial a favor da<br />
liberdade sexual, o mundo freou<br />
o avanço da tomada de espaço<br />
por essas minorias?<br />
Vl - Não quero ser pessimista,<br />
mas parece que sim. Existem países<br />
em que o homossexualismo é<br />
crime passível de pena de morte.<br />
CI - Você acompanhou de perto a<br />
situação de brenda, a transexual<br />
brasileira morta em roma após<br />
os escândalos que derrubaram o<br />
governo da lazio, piero marrazzo.<br />
Há fortes indícios de que ela teria<br />
sido assassinada, mas a versão<br />
oficial foi suicídio. Que informações<br />
você conseguiu coletar?<br />
Vl - brenda foi assassinada, isso<br />
é uma convicção pessoal minha.<br />
Ela foi o emblema da discriminação<br />
aqui na Itália, enquanto<br />
transexual, estrangeira e prostituta.<br />
Um círculo vicioso. Quando<br />
vi nas fotos dos jornais onde ela<br />
morava fiquei muito triste. Imaginei<br />
uma vida de alguém que<br />
ganhava dinheiro e enviava ao<br />
brasil, para a mãe que precisava<br />
de uma casa, precisava sair da<br />
favela. temos que evitar transformar<br />
em monstros essas pessoas,<br />
elas são como nós. E esse caso<br />
ainda precisa ser investigado<br />
de modo sério.<br />
CI - Depois do “caso marrazzo”,<br />
a situação desses transexuais<br />
brasileiros mudou?<br />
Vl - Hoje é pior. Em alguns casos,<br />
precisamos dizer, muitos “trans”<br />
se comportam mal. Porém, depois<br />
do Marrazzo eles correm ainda<br />
mais riscos.<br />
CI - Você conhece o brasil?<br />
Vl - Não, mas adoraria! todos que<br />
vão ao brasil dizem que é lindo.<br />
Um dos meus grandes sonhos é<br />
desfilar no carnaval. Adoro os<br />
brasileiros por que gostam da<br />
música, de alegria.<br />
CI - Você pretende voltar à política?<br />
Vl - brevemente não. Hoje consigo<br />
fazer minhas batalhas de um ponto<br />
de vista cultural, na tV, no rádio,<br />
na imprensa em geral. Começo<br />
a entender que minhas batalhas<br />
são questão de civilidade, não de<br />
partido, não de política.<br />
14 C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 1 0<br />
J u n h o 2 0 1 0 / C o m u n i t à i t a l i a n a 15
especial especial<br />
Com os cintos<br />
apertados<br />
Governo italiano anuncia plano de cortes contra crise<br />
econômica e Sistema Itália no exterior pode ser comprometido<br />
Em meio à crise de confiança<br />
na Europa, desencadeada<br />
pela quebra da economia<br />
da grécia, o plano de<br />
austeridade recentemente anunciado<br />
pelo governo italiano deixou<br />
em alerta representantes de<br />
entidades no exterior ligadas ao<br />
governo ou que mantém iniciativas<br />
dependentes da administração<br />
do país. Nos próximos dois<br />
anos, o governo promete cortar<br />
24 bilhões de euros dos seus gastos.<br />
O plano aprovado pelo Conselho<br />
de Ministros prevê a redução<br />
entre 8% e 10% dos gastos<br />
de cada pasta e efetuará cortes<br />
em benefícios sociais.<br />
No brasil, no mesmo dia em<br />
que a opção pelos cortes foi sacramentada,<br />
na Itália, o diretor do<br />
Instituto Italiano para o Comercio<br />
Exterior (ICE), giovanni sacchi, divulgou<br />
por e-mail carta de repúdio<br />
ao corte, que “implicaria na suspensão<br />
das atividades da entidade<br />
e, consequentemente no trabalho<br />
em prol do Made in Italy”. Alertando<br />
para o cancelamento das missões<br />
e visitas empresariais organizadas<br />
ao brasil, o representante do<br />
ICE no país assinou o documento<br />
como o “ainda” diretor do ICE.<br />
O temor se justificava com um<br />
item presente na pauta dos ministros<br />
que sugeria a extinção do<br />
órgão. Porém, a questão, na última<br />
hora, teria deixado de entrar<br />
na discussão. Procurado pela <strong>Comunità</strong>,<br />
giovanni sacchi não quis<br />
comentar o ocorrido. segundo<br />
funcionários do ICE, as participações<br />
anunciadas em eventos para<br />
a promoção do comércio e indústria<br />
italianas estão mantidas.<br />
De acordo com o subsecretário<br />
da Presidência do Conselho de<br />
Ministros, gianni letta, os italianos<br />
terão que fazer “duros sacrifícios<br />
para evitar terminar como a<br />
grécia”. terceira da zona do euro,<br />
a economia da bota é quase sete<br />
vezes maior do que a da grécia.<br />
se as contratações no setor público<br />
já haviam sido bloqueadas,<br />
os funcionários públicos do Estado<br />
italiano são os que vão pagar o<br />
maior preço. A categoria terá salários<br />
congelados durante três anos.<br />
Diretor do ICE, Giovanni Sacchi<br />
Sílvia Souza<br />
— Apesar de compreendermos<br />
a necessidade dos cortes,<br />
quando se opta por reduções lineares,<br />
deixa-se de avaliar prioridades<br />
e isso é perigoso. O governo<br />
adota um plano de austeridade,<br />
mas não se movimenta para<br />
planejar formas de arrecadação<br />
e permitir o crescimento do país<br />
— assinala o deputado do Partido<br />
Democrático Fabio Porta.<br />
segundo ele, as questões relativas<br />
aos italianos no exterior,<br />
“que sofrem sucessivas perdas<br />
ao longo dos anos”, podem ficar<br />
mais comprometidas. Ano passado,<br />
o subsecretário italiano das<br />
Relações Exteriores, Alfredo Mantica,<br />
apontou a necessidade de<br />
revisão dos custos para a manutenção<br />
de entidades como o Conselho<br />
geral dos Italianos no Exterior<br />
(CgIE) e o Comitê para os<br />
Italianos no Exterior (Comites).<br />
— Em dois anos e meio o governo<br />
não demonstrou preocupação<br />
com esse segmento e agora<br />
parece claro que não haverá retratação.<br />
Os cortes podem resultar<br />
na quebra de contrato com<br />
o pessoal que trabalha na força<br />
tarefa pela diminuição da fila da<br />
cidadania nos consulados. Além<br />
disso, não sabemos como ficaria<br />
a questão da promoção da cultura.<br />
Ambas são questões em que<br />
o brasil se encaixa — comenta<br />
o deputado.<br />
À espera de definições sobre<br />
os reflexos do plano em sua área<br />
de atuação, o diretor do Instituto<br />
Italiano de Cultura do Rio de<br />
Janeiro (IIC-Rio), Rubens Piovano,<br />
salientou que num momento<br />
de dificuldade como o que passa<br />
a economia das nações europeias,<br />
um “esforço conjunto” pode<br />
apresentar alternativas justas<br />
a diminuição dos gastos dos governos.<br />
De acordo com Piovano,<br />
é costume o instituto receber no<br />
início do ano cerca de 80% da<br />
verba para suas atividades. A outra<br />
parte viria em outubro.<br />
— Não fomos comunicados de<br />
qualquer tipo de problema em relação<br />
ao que já estava programado.<br />
Contudo, acredito que as instituições<br />
italianas, convocadas a<br />
participar dessa redução de custos,<br />
devam buscar melhorar o uso<br />
do dinheiro ou formas de financiar<br />
suas necessidades. Antes deste<br />
plano, iniciamos um serviço de<br />
traduções de documentação que<br />
nos permite uma compensação<br />
com entradas locais — informa.<br />
O plano prevê um corte nos salários<br />
dos ministros (10%), assim<br />
como dos funcionários que recebem<br />
até 75 mil euros/ano. No parlamento,<br />
a redução salarial deve<br />
chegar a 15%. O governo também<br />
modificará o tempo para solicitação<br />
da aposentadoria. Os esboços<br />
do Orçamento dizem que apenas<br />
20% daqueles que saírem do setor<br />
público de 2011 a 2013 serão substituídos.<br />
Às autoridades municipais<br />
e regionais coube uma redução de<br />
2 bilhões de euros em 2011 e 3,8<br />
bilhões de euros em 2012.<br />
na maré alta<br />
Economista afirma que Brasil está protegido da crise econômica graças<br />
ao seu mercado interno sólido e parceiros comerciais diversificados<br />
o<br />
presidente do brasil, luiz<br />
Inácio lula da silva, chamou<br />
de “marolinha” o reflexo,<br />
no brasil, da crise<br />
econômica que tomou conta do<br />
globo terrestre no final de 2008.<br />
Agora, é a vez do país passar pelo<br />
segundo tempo da crise mundial<br />
por conta dos problemas enfrentados<br />
pela grécia. E agora, brasil?<br />
— O país não precisa se preocupar.<br />
Acho que só podemos definir<br />
essa crise como o início de<br />
uma “maré alta”, não chega nem<br />
a uma “marolinha” — afirma o<br />
economista da Fundação getúlio<br />
Vargas, Francisco barone.<br />
Ele explica que o que “garante”<br />
o país é o seu mercado interno<br />
“bastante sólido” e seus parceiros<br />
comerciais “bastante diversificados”.<br />
Não por acaso, observa o<br />
economista, o presidente lula, se<br />
posicionou ao lado do presidente<br />
(Mahmoud) Ahmadinejad:<br />
— lula toma essa iniciativa<br />
não simplesmente porque goste<br />
dele, mas porque o Irã está se tornando<br />
um grande parceiro comercial<br />
do brasil — afirma barone.<br />
Apesar de estar, em princípio,<br />
tudo bem para o país, as bolsas<br />
de valores despencaram. Como<br />
as expectativas para os próximos<br />
meses não são as melhores, em<br />
todo o mundo, os investidores se<br />
desfazem de ações, o que provocou<br />
a queda.<br />
O economista explica que por<br />
vivermos num mundo globalizado,<br />
uma crise como a que a grécia<br />
vive neste momento, “preo-<br />
cupa qualquer país, principalmente<br />
aqueles que fazem parte<br />
da União Europeia e àqueles que<br />
têm qualquer tipo de relação comercial<br />
com a zona do euro”.<br />
— Não é de interesse da<br />
União Europeia que um país de<br />
sua zona quebre. A Itália, assim<br />
como outros países que têm um<br />
gasto público muito alto, precisa<br />
tomar a grécia como exemplo<br />
e começar a reavaliar algumas<br />
questões. Medidas tomadas<br />
em longo prazo tendem a gerar<br />
menos impacto na população —<br />
afirma o economista que aposta<br />
na permanência da grécia na<br />
zona do euro — sozinha, como<br />
a grécia conseguiria saldar seus<br />
compromissos financeiros? O país<br />
precisa de ajuda e para ter ajuda<br />
ele tem que estar na zona do<br />
euro. se a grécia abandonar o<br />
euro, o FMI (Fundo Monetário Internacional)<br />
não vai querer ajudar<br />
porque o país já vai ter dado<br />
‘calote’ em muita gente antes.<br />
A grécia está nesta situação<br />
porque gastou bem mais do que<br />
Divulgação FGV<br />
Economista da FGV, Francisco Barone<br />
nayra Garofle<br />
podia na última década. Os gastos<br />
públicos do país foram às alturas<br />
assim como os salários do<br />
funcionalismo que, praticamente,<br />
dobraram. A diferença entre<br />
o que o país gasta e o que arrecada,<br />
foi, em 2009, de 13,6% do<br />
PIb, um dos índices mais altos<br />
da Europa e quatro vezes acima<br />
do permitido pelas regras da zona<br />
do euro. sua dívida está em<br />
torno de 300 bilhões de euros (o<br />
equivalente a 700 bilhões de reais).<br />
A grécia não é o único país<br />
da zona do euro a violar a regra<br />
que afirma que o déficit orçamentário<br />
não deve ultrapassar<br />
3% do PIb do país. Na Espanha<br />
ele chega a 11,2%, na Irlanda a<br />
14,3% e na Itália a 5,3%.<br />
A grécia vai receber um pacote<br />
de ajuda de 110 bilhões de euros<br />
(146 bilhões de dólares) patrocinado<br />
pelas nações da zona<br />
do euro e pelo FMI. O brasil, integrante<br />
do seleto grupo de credores<br />
do FMI, foi chamado a co-<br />
laborar com o esforço global para<br />
salvar a grécia e, com isso, tentar<br />
amenizar os efeitos da crise<br />
financeira que ameaça se alastrar<br />
pelo mundo.<br />
O país vai cooperar com 286<br />
milhões de dólares (529,4 milhões<br />
de reais) para a formação<br />
do pacote. Os recursos virão das<br />
reservas internacionais brasileiras,<br />
que hoje somam 249 bilhões<br />
de dólares. segundo o ministro<br />
da Fazenda, guido Mantega, as<br />
reservas internacionais, espécie<br />
de poupança do país para ser<br />
utilizada em momentos críticos,<br />
não serão afetadas.<br />
O dinheiro emprestado pelo<br />
brasil será garantido por meio<br />
dos Direitos Especiais de saque<br />
(sDR, na sigla em inglês), que<br />
compõem o capital do FMI aportado<br />
pelos 185 países que fazem<br />
parte da instituição. Na prática,<br />
trata-se de uma troca de ativos<br />
entre o tesouro brasileiro e<br />
o Fundo: quando quiser resgatar<br />
os recursos, o governo pode fazêlo<br />
automaticamente por meio de<br />
uma autorização de saque.<br />
Na opinião de barone, a hora<br />
de investir, no brasil, é agora.<br />
Para ele, o momento de “pisar no<br />
freio” já passou. Os empresários<br />
precisam estar atentos, principalmente,<br />
no setor de infraestrutura<br />
visando a Copa do Mundo de<br />
Futebol de 2014 e as Olimpíadas<br />
de 2016.<br />
— As empresas brasileiras<br />
precisam ficar atentas com seus<br />
parceiros da União Europeia e<br />
as empresas italianas, que atuam<br />
no brasil, devem ter muita<br />
atenção às oportunidades no setor<br />
de esportes e infraestrutura<br />
— ressalta.<br />
16 C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 1 0<br />
J u n h o 2 0 1 0 / C o m u n i t à i t a l i a n a 17
especial<br />
tragédia<br />
grega<br />
Para especialista italiano, ‘o euro vai durar o tempo que a Alemanha quiser’<br />
Entre a última semana de<br />
maio e a primeira de junho,<br />
os italianos tomaram conhecimento<br />
das drásticas<br />
medidas restritivas que o governo<br />
planeja aplicar para enfrentar<br />
a crise econômica aberta há<br />
dois anos no mundo financeiro,<br />
agravada pela imensa dívida pública<br />
grega. A crise de Atenas fez<br />
emergir profundas dúvidas sobre<br />
a estabilidade do país e a saúde<br />
financeira de todos que adotaram<br />
o Euro como moeda única.<br />
Mostrou também que Itália, Espanha,<br />
Portugal e Irlanda - sem<br />
colocar em ordem a própria contabilidade<br />
pública nem aumentar<br />
o Produto Interno bruto —<br />
são fortes candidatos a entrarem<br />
num vórtice negativo, capaz até<br />
de por fim à vida do Euro.<br />
Muitos especialistas do setor<br />
financeiro estão certos de<br />
que a recente e longa turbulência<br />
registrada nas bolsas de valores<br />
de todo mundo tinha como<br />
alvo certo o enfraquecimento do<br />
Euro. seja como for, a situação<br />
deixou em evidência que falta ao<br />
dinheiro europeu premissas históricas<br />
necessárias que garantam<br />
a existência e a força de uma<br />
moeda: um governo e um Estado<br />
soberanos, um território geográfico,<br />
um programa político unívoco.<br />
De fato, o Euro representa<br />
16 países da União Europeia com<br />
diferenciadas linhas políticas e<br />
econômicas. todos são autônomos<br />
quanto a programas e decisões<br />
que aplicam na administração<br />
do próprio déficit de balanço<br />
e respectivas dívidas públicas.<br />
Assim, o Euro é acéfalo.<br />
A reivindicação que cresce<br />
dentro da União Europeia é de<br />
que seja formado um verdadeiro<br />
parlamento que eleja um governante<br />
com o papel de vigiar<br />
o respeito na aplicação das mesmas<br />
regras econômicas e financeiras<br />
para todos os países-membros<br />
da Eurozona. Porém, essa<br />
reivindicação colide com os interesses<br />
nacionais internos de cada<br />
país. Existe um modo de se resolver<br />
o impasse?<br />
Marcello De Cecco, Professor<br />
de História da Finança e da Moeda<br />
na Escola superior Normal<br />
de Pisa, um dos mais prestigiosos<br />
centros italianos de estudos<br />
e pesquisas sobre temas de atualidade<br />
socio-econômica assinala<br />
as motivações políticas da criação<br />
do Euro há dez anos:<br />
— O presidente francês da<br />
época, François Miterrand, quis<br />
ancorar à França e ao resto do<br />
continente europeu uma Alemanha<br />
que, após sua reunificação,<br />
ameaçava recriar uma própria política<br />
de potência no centro da<br />
Europa. Isso em virtude de sua<br />
supremacia econômica e demográfica<br />
reforçada com o suporte<br />
liSomar Silva<br />
coRREspondEntE • Roma<br />
do marco, moeda de indiscutível<br />
robustez no mercado<br />
internacional daquela época.<br />
Desse contexto, surgiu o projeto<br />
- perseguido com grande<br />
ânsia e pressa inédita - de criação<br />
de uma moeda europeia única<br />
e capaz de conter a potência<br />
alemã, para torná-la inofensiva,<br />
sem vincular os países da UE a<br />
um processo de união também<br />
no plano político. A origem do<br />
Euro também fazia parte do projeto<br />
alemão de constituir um sólido<br />
mercado de capitais e financiar<br />
os países do leste europeu.<br />
Ao mesmo tempo, o governo<br />
alemão desejava a emancipação<br />
econômica dos Estados Unidos.<br />
De Cecco assinala que o banco<br />
Central Europeu, mesmo impondo<br />
aos países da Eurozona o socorro<br />
à desastrosa economia de Atenas,<br />
não tem o papel de governador<br />
único europeu oficialmente eleito<br />
e reconhecido, nem pode se permitir<br />
de subestimar a posição da<br />
Alemanha - detentora de 90% das<br />
trocas comerciais com os países<br />
da UE - de cobrar da grécia, Itália,<br />
Espanha, Portugal e Irlanda, planos<br />
preventivos e confiáveis contra<br />
novas crises futuras.<br />
— A reivindicação alemã visa<br />
aplacar as especulações internacionais<br />
contra o Euro debilitado,<br />
evitando também o contágio e a<br />
expansão da crise grega em outros<br />
paises da União — observa o<br />
professor para quem, um evento<br />
semelhante ao “efeito dominó”,<br />
seria precursor da falência do Euro<br />
e da própria União Europeia.<br />
No atual mapa geoeconômico,<br />
De Cecco afirma que a China<br />
é o principal parceiro comercial<br />
dos Estados Unidos. Enquanto<br />
isso, o Japão encontra<br />
“sérias dificuldades” em<br />
reconquistar uma posição econômica<br />
internacional segura e<br />
privilegiada. Por outro lado, brasil,<br />
Rússia e índia demonstram<br />
“uma capacidade ainda limitada<br />
de importar bens industriais, de<br />
consumo e serviços”. Assim, na<br />
avaliação do professor, a Europa<br />
passa a depender ainda mais da<br />
Alemanha “para garantir um fluxo<br />
comercial suportável”.<br />
— O Euro, sendo fruto de<br />
uma criação essencialmente<br />
alemã,<br />
vai durar o tempo<br />
que a Alemanha quiser. No futuro,<br />
o governo alemão pode pensar<br />
em um Euro com circulação<br />
limitada e exclusiva para poucos<br />
países com linha de gestão político-econômica<br />
mais próxima da<br />
mentalidade alemã. Ou então, a<br />
Alemanha pode até pensar em<br />
abandoná-lo.<br />
sacrifício italiano<br />
E a Itália? Na opinião de De Cecco,<br />
caso o governo alemão adote,<br />
no futuro, uma linha política<br />
diversa da atual para o Euro, a<br />
Itália deverá rever sua posição,<br />
principalmente face à aguda crise<br />
econômica que atravessa atualmente.<br />
segundo ele, “a Itália<br />
até poderia correr o risco de exclusão<br />
da área Euro, caso sua circulação<br />
acabe sendo limitada a<br />
poucos países”. O professor acre-<br />
Draghi: “Abandonar o<br />
euro é impensável”<br />
Marcegaglia: “muito pesado”<br />
o balanço da crise<br />
dita que a Itália, até agora, se<br />
salvou da crise econômica “somente<br />
graças ao grande número<br />
de trabalhadores dependentes<br />
que pagam seus impostos”.<br />
Na sua opinião, o governo<br />
respondeu à pressão da União Europeia<br />
(especialmente da Alemanha)<br />
com um “rigoroso” pacote<br />
econômico cujo objetivo é rastrear<br />
24 bilhões de euros em dois<br />
anos e reduzir o déficit público<br />
“a níveis sustentáveis”. O pacote<br />
foi alvo de considerações<br />
e críticas nas assembleias de<br />
maio da Confederação <strong>Italiana</strong><br />
das Indústrias (Confindustria)<br />
e banca d’Italia,<br />
duas das principais instituições<br />
representativas da<br />
vida econômica e financeira<br />
do país. Não faltaram<br />
as duras observações<br />
das centrais sindicais dos<br />
trabalhadores sobre o congelamento<br />
dos salários.<br />
Presidente da Confindustria,<br />
Emma Marcegaglia, considerou<br />
“muito pesado” o balanço<br />
da crise. segundo ela, houve uma<br />
perda, nos últimos dois anos, de<br />
quase 7% do PIb e mais de 700<br />
mil empregos. Além disso, nesse<br />
período, o suporte econômico<br />
especialmente destinado aos trabalhadores<br />
desempregados (cassa<br />
integrazione) foi sextuplicado<br />
e a produção industrial sofreu<br />
uma queda de 25%.<br />
— Voltamos a registrar os níveis<br />
de 1985, ou seja, 25 anos<br />
de produção foram queimados —<br />
afirma Emma que reafirmou a luta<br />
dos industriais pela legalidade,<br />
sem se deixar condicionar pelas<br />
ameaças vindas das organizações<br />
mafiosas sedentas de penetrar no<br />
controle da economia nacional.<br />
Na sua avaliação, o pacote<br />
econômico do governo “contém<br />
medidas que a Confindustria reivindicava<br />
há muito tempo”. Porém,<br />
segundo ela, ainda faltam<br />
intervenções estruturais que incidam<br />
nos mecanismos de formação<br />
da despesa pública, “em<br />
vertiginoso aumento nos últimos<br />
dois anos”, além de reformas<br />
“orientadas a estimular o<br />
desenvolvimento.”<br />
A mesma visão foi confirmada<br />
por Mario Draghi, presidente<br />
da banca d’Italia. Durante a assembleia<br />
de 31 de maio, ele focalizou<br />
também os “graves” efeitos<br />
para o país da corrupção e da<br />
evasão fiscal, que alcançou a casa<br />
dos 120 bilhões de euros, no<br />
último ano:<br />
— Os sonegadores são os<br />
primeiros responsáveis pela tragédia<br />
social que atinge a população<br />
e as classes produtivas<br />
no país. No período 2005-2008,<br />
driblaram o sistema fiscal em 30<br />
bilhões de euros. Hoje, a evasão<br />
fiscal obriga a aumentar taxas e<br />
impostos para quem já os paga,<br />
o que representa uma forte incoerência<br />
contábil e uma enorme<br />
injustiça social.<br />
Para Draghi, a evasão fiscal<br />
acaba coincidindo em muitas<br />
circunstâncias com a corrupção,<br />
“em níveis que acabam favorecendo<br />
também as organizações<br />
criminosas”. Ele fez um balanço<br />
do custo da crise para a Itália<br />
no período 2008-2009: - 6% no<br />
PIb; - 3,4% nos ganhos reais das<br />
famílias; - 2,5% no consumo;<br />
-22% nas exportações; - 16%<br />
nos investimentos das empresas.<br />
Aumentaram os índices de desempregados<br />
com suporte econômico<br />
estatal (Cassa Integrazione)<br />
em 12% e 9400 empresas<br />
faliram em 2009 (equivalentes a<br />
um aumento de 25% em relação<br />
a 2008).<br />
Assim, não é de se espantar<br />
o aumento dos índices de desemprego.<br />
segundo o IstAt, 2,2 milhões<br />
de italianos estão fora do<br />
mercado de trabalho. Em cada<br />
três jovens entre os 15 e os 29<br />
anos, somente um consegue emprego,<br />
muitas vezes com contrato<br />
a tempo determinado e nem<br />
sempre renovável.<br />
— Mais do que nunca será<br />
necessário um longo período de<br />
convicção nos objetivos a serem<br />
alcançados, de linhas políticas a<br />
serem aplicadas e de sacrifícios.<br />
Porém, abandonar o Euro é impensável<br />
— afirma Draghi.<br />
18 C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 1 0<br />
J u n h o 2 0 1 0 / C o m u n i t à i t a l i a n a 19
especial<br />
novas regras<br />
em campo<br />
No Brasil, Massimo D’Alema analisa as questões que<br />
marcam o moderno cenário das relações internacionais<br />
a<br />
crise econômica e a globalização<br />
obrigam os 27<br />
países-membros da União<br />
Europeia a fazer um urgente<br />
percurso de abertura aos<br />
territórios e às nações do hemisfério<br />
sul, do Mediterrâneo e do<br />
Oriente Médio. Essa foi uma das<br />
principais observações feitas por<br />
Massimo D’Alema em uma recente<br />
conferência na Escola de Diplomacia<br />
Rio branco, em brasília.<br />
Presidente do Comitê Parlamentar<br />
para a segurança da República<br />
(Copasir) e um dos principais<br />
expoentes do Partido Democrático<br />
Italiano, ele focalizou<br />
estas e outras questões que marcam<br />
o moderno cenário das relações<br />
internacionais.<br />
A D’Alema, nos 47 anos de sua<br />
carreira política, não faltou ocasião<br />
para encontrar grandes líderes<br />
de governo e de conhecer em<br />
maneira detalhada quase todos<br />
os sistemas políticos mais significativos.<br />
De dirigente político<br />
formado nas antigas fileiras do<br />
velho Partido Comunista Italiano<br />
a primeiro-ministro, de deputado<br />
europeu a ministro das Relações<br />
Exteriores e atualmente membro<br />
de importantes comissões do parlamento<br />
italiano, ele se considera<br />
otimista na busca de respostas<br />
para a forte presença da Europa<br />
no cenário globalizado internacional.<br />
Para aprofundar espinhosas<br />
questões abertas sobre o futuro<br />
do Velho Continente, ele fala<br />
também na veste de presidente<br />
da Fundação de Cultura<br />
Política Italiani-Europei,<br />
que reúne respeitáveis<br />
nomes do panorama internacional.<br />
— A crise econômica<br />
que explodiu<br />
em 2008 marcou o<br />
fim de uma época.<br />
O desafio de hoje<br />
é o de definir novas<br />
regras orien-<br />
liSomar Silva<br />
coRREspondEntE • Roma<br />
tadas a administrar esta segunda<br />
fase da globalização em modo<br />
mais equilibrado no plano econômico,<br />
mais justo no plano social<br />
e baseada em acordos multilaterais<br />
que sejam univocamente respeitados<br />
no plano político. Esta<br />
não é uma etapa simples, pois as<br />
linhas e as decisões adotadas até<br />
agora estão limitadas às relações<br />
entre os países interessados,<br />
quando deveriam incidir precisamente<br />
na organização interna de<br />
cada país.<br />
Na sua opinião, é preciso alcançar<br />
essa meta rapidamente<br />
sob pena de “termos um forte aumento<br />
dos níveis de conflito e de<br />
anarquia no sistema internacional,<br />
que será marcado sobretudo<br />
pela retomada de políticas de<br />
protecionismo.” D’Alema aponta<br />
a crise grega como situação propícia<br />
para uma “corrida febril”<br />
rumo a medidas auto-defensivas<br />
“adotáveis em modo diversificado<br />
e individualista pelos países<br />
membros da UE”. O primeiro a seguir<br />
esse caminho, observa, foi<br />
a Alemanha “que inicialmente<br />
resistia à ideia de contribuir pa-<br />
ra aliviar a crise de Atenas sem<br />
antes receber um programa detalhado<br />
e orientado à recuperação<br />
de equilíbrio econômico-financeiro<br />
da economia helênica a<br />
médio prazo”.<br />
Para D’Alema, os Estados Unidos<br />
permanecem na “indiscutível<br />
posição de principal potência”,<br />
mas só poderão mantê-la se conseguirem<br />
criar parcerias com outros<br />
países que constituem polos<br />
de referência no sistema econômico<br />
internacional. segundo ele,<br />
barak Obama “é um presidente<br />
global que observa com atenção<br />
especial os países ocidentais,<br />
mesmo mantendo uma relação<br />
específica com a China”.<br />
A atual situação crítica do Euro<br />
e seus efeitos para os 16 países<br />
da UE que o adotaram há 10<br />
anos, assinala D’Alema, deve ser<br />
vista como uma “oportunidade<br />
para se cultivar o equilíbrio de<br />
forças com maior disciplina e<br />
regras comuns a todos no plano<br />
interno e internacional”. Ele acredita<br />
que a Europa deva dar maior<br />
atenção à Russia e à turquia. Ao<br />
mesmo tempo, deve recuperar<br />
peso político e conquistar maior<br />
credibilidade na área do Oriente<br />
Médio e do Mediterrâneo, assim<br />
como na parte sul do mundo,<br />
“onde o desafio da áfrica na luta<br />
contra a fome e a pobreza, somada<br />
às questões do crescimento<br />
demográfico e da defesa dos<br />
direitos humanos, representam o<br />
núcleo causador de conflitos em<br />
territórios capazes de encubar<br />
também movimentos terroristas.”<br />
A experiência de D’Alema no<br />
cargo de presidente da Comissão<br />
Europeia para o Mercosul em<br />
2005, o leva a considerar fundamental<br />
também a retomada de<br />
crescentes contatos e negócios<br />
entre a União Européia e os países<br />
latinoamericanos. Para ele,<br />
o caminho rumo a uma Europa<br />
unívoca em decisões políticas, é<br />
longo, mas possível:<br />
— sem uma liderança nem<br />
uma opinião pública europeias<br />
com uma só linha de pensamento,<br />
defendida por partidos de perfil<br />
europeu no processo de integração<br />
que começou sobretudo<br />
com a ampliação da UE, teremos<br />
somente uma grande estrutura<br />
técnico-burocrática certamente<br />
útil e até indispensável sob certos<br />
aspectos, mas destituída da força<br />
e da atração necessárias a promover<br />
uma verdadeira mudança.<br />
marketing<br />
de ouro<br />
Feira italiana de jóias mostra que trabalho de identificação de marca foi a matériaprima<br />
mais valiosa encontrada pelas empresas como resposta para a crise do setor<br />
Vicenza, palco nacional da<br />
arquitetura Palladiana,<br />
abriu as portas de seus<br />
antigos muros para receber<br />
Vicenzaoro Charm, feira dedicada<br />
ao mercado da joalheria<br />
de luxo e design inovativo, que<br />
aconteceu, mês passado, no espaço<br />
da Feira di Vicenza. Em cerca<br />
de 70 mil metros quadrados,<br />
1341 expositores - sendo 961 italianos<br />
e 380 estrangeiros – apresentaram<br />
suas coleções dedicadas<br />
à primavera-verão 2010/2011. O<br />
evento indicou algumas possíveis<br />
soluções para enfrentar a crise<br />
que permeia há anos o setor.<br />
Charm faz parte de um grupo<br />
de feiras dedicadas ao ouro e ao<br />
setor da joalheria de luxo promovidas<br />
pela Feira de Vicenza. Além<br />
dela, acontecem First, em janeiro,<br />
e Choise em setembro. De todas,<br />
a Charm é a que tem maior<br />
visibilidade por ser a feira do design<br />
criativo e moderno.<br />
— Hoje as empresas do setor<br />
se dividem entre a vontade de reagir<br />
às dificuldades do mercado<br />
e o medo de uma possível evolução<br />
dos indicadores econômicos.<br />
Os primeiros seis meses deste ano<br />
evidenciaram alguns tímidos sinais<br />
de mudanças, mas que ainda são<br />
muito fracos para serem definidos<br />
como reaquecimento do mercado.<br />
A queda do valor do euro em relação<br />
ao dólar pode dar uma bocada<br />
de oxigênio às exportações italia-<br />
nas — avalia o presidente da feira<br />
de Vicenza, Roberto Ditri.<br />
segundo ele, a versão deste<br />
ano de Vicenzaoro confirmou o<br />
que já se intuia: que o mercado<br />
internacional da joalheria está<br />
no centro de uma “profunda evolução”<br />
caracterizada pelo ingresso<br />
de novos concorrentes no setor<br />
e pelas novas formas de distrubuição<br />
ditadas pela globalização.<br />
Esses fatores, observa Ditri,<br />
colocaram em foco os limites do<br />
modelo de desenvolvimento italiano<br />
e os “riscos de problemáticas<br />
estruturais não resolvidas”.<br />
Ditri afirma que as empresas<br />
que conseguiram passar de uma<br />
produção sem planejamento a<br />
uma focada em criar uma identidade<br />
de marca - na qual se insere<br />
valor, posição, imagem, comunicação<br />
e política de distribuição<br />
Federico Gauttieri<br />
Janaína CéSar<br />
coRREspondEntE • tREviso<br />
e marketing coerentes - puderam<br />
enfrentar de forma mais estruturada<br />
as dificuldades do mercado.<br />
A marca romana Casato é o<br />
exemplo concreto dessa nova tendência.<br />
A marca que há quatro<br />
anos tinha um pequeno estande<br />
na feira, hoje ocupa um espaço<br />
de 50 metros quadrados, na área<br />
nobre do evento. segundo Federico<br />
gauttieri, design e proprietário<br />
da marca, a filosofia empresarial<br />
mudou, assim como mudou a estratégia<br />
de marketing. Este ano, a<br />
marca lançou uma nova linha coordenada<br />
de jóias e perfume, além<br />
de cd’s de música lounge para serem<br />
dados aos clientes:<br />
— Estamos promovendo não<br />
só o produto, mas o mundo Casato,<br />
feito de detalhes, feminilidade<br />
e criatividade.<br />
Ele aproveita para falar, sem<br />
rodeios, sobre um assunto delicado<br />
do setor: as cópias. No ramo da<br />
joalheria, imitação não é uma “arte”<br />
praticada somente por chineses.<br />
segundo gauttieri, as marcas<br />
criativas, mesmo as italianas, “estão<br />
sempre procurando fontes de<br />
inspiração em seus concorrentes”.<br />
— A cópia é uma coisa negativa<br />
porque roubam sua ideia, seu<br />
produto. Porém, ao mesmo tempo,<br />
pode ser positiva, se você pensar<br />
que está servindo de inspiração<br />
para marcas muito mais famosas<br />
que a sua. Isso quer dizer que seu<br />
produto é bom — diz gauttieri,<br />
negócios<br />
sorrindo. — Na verdade, muitas<br />
empresas italianas se inspiram,<br />
para não falar copiam, as minhas<br />
jóias. Para se ter uma idéia, ano<br />
passado até a bugari fez algo parecido<br />
com uma de minhas peças.<br />
Mas nem só de luxo vive a Vicenzaoro<br />
Charm. Uma das marcas<br />
que mais fez “barulho” foi a Ops-<br />
Flat. A marca apresentou uma coleção<br />
de relógios de pulso ultra<br />
moderno inspirados no famoso Casio<br />
dos anos 1980. Feitos com silicone<br />
antialérgico e ultrafinos, são<br />
impermeáveis e possuem uma gama<br />
de 15 cores diversas. Dessas,<br />
quatro das florescentes têm perfumes<br />
de drinques famosos: Margherita,<br />
Mojito, Caipiroska e sex on<br />
the beach. tanta novidade a pouco<br />
preço. O relógio custa em média<br />
25 euros. segundo luca giglio, designer<br />
da marca, esta é a verdadeira<br />
democratização do design:<br />
— A filosofia da empresa é a<br />
de realizar objetos de forte impacto<br />
gráfico, com alta qualidade,<br />
mas não por isso destinado a<br />
uma elite consumidora.<br />
20 C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 1 0<br />
J u n h o 2 0 1 0 / C o m u n i t à i t a l i a n a 21<br />
Fotos: Renato Gianturco
Fotos: Divulgação Marcopolo<br />
negócios<br />
o segredo<br />
de marcopolo<br />
Fábrica de origem ítalo-brasileira é a principal fornecedora de ônibus para a Copa do Mundo da África do Sul<br />
ao perceber que o processo<br />
de urbanização no brasil<br />
começava a acelerar<br />
e, consequentemente, o<br />
setor de transporte se mostrava<br />
como um dos pilares para o crescimento<br />
das cidades, em 1949,<br />
Paulo bellini fundou, junto a oito<br />
parceiros, uma empresa com a finalidade<br />
de construir carrocerias<br />
de ônibus. O que ele não imaginava,<br />
naquela época, era que,<br />
60 anos depois, a sua empresa<br />
se tornaria líder no setor e ainda<br />
seria a principal fornecedora de<br />
ônibus para a Copa do Mundo de<br />
Futebol de 2010, disponibilizando<br />
cerca de 800 unidades.<br />
Neto dos imigrantes italianos<br />
José e Maria bellini, que chegaram<br />
à região da serra gaúcha em<br />
1895, Paulo, hoje com 83 anos, é<br />
filho de Alberto e Ermelinda, que<br />
também foram desbravadores de<br />
Caxias do sul. seu pai fundou e<br />
dirigiu a Metalúrgica bellini, durante<br />
45 anos. Aos 22 anos, Paulo<br />
fundou a Nicola & Cia que, mais<br />
tarde, passou a se chamar Marcopolo.<br />
Naquela época, as primeiras<br />
carrocerias eram construídas em<br />
madeira e levavam 90 dias para<br />
serem fabricadas. bellini, o filho,<br />
arregaçou as mangas e enfrentou<br />
alguns desafios, já que não existia<br />
padrão e nem conceito de fabricação.<br />
Ele, então, deveria construir<br />
do zero um novo segmento na indústria<br />
automotiva brasileira.<br />
— Eu sou técnico em contabilidade.<br />
Esta é a minha formação. O<br />
meu trabalho era absorver toda essa<br />
área que não fosse diretamente<br />
“meter a mão na massa”, como fa-<br />
bricar, soldar, cortar, ou seja, fora<br />
da fábrica era tudo comigo. Fazia<br />
a contabilidade, livro, caixa, folha<br />
de pagamento, tudo — conta.<br />
A expansão da empresa teve<br />
início na década de 60, quando<br />
Bellini: “Acreditei no<br />
trabalho que a gente fazia”<br />
nayra Garofle<br />
houve a primeira exportação de<br />
ônibus brasileiros para o Uruguai.<br />
Foi neste período que a Nicola<br />
& Cia lançou o modelo Marcopolo,<br />
em homenagem ao navegador<br />
genovês. O sucesso fez<br />
com que, em 1971, a empresa<br />
adotasse esse nome.<br />
A partir de então, a Marcopolo<br />
só cresceu. Depois de alcançar a liderança<br />
no mercado brasileiro e de<br />
exportar para mais de 70 países,<br />
nos anos 90, a empresa iniciou o<br />
seu programa de internacionalização<br />
e passou a abrir fábricas fora<br />
do brasil. Primeiro em Portugal e<br />
depois na Argentina, México, Colômbia,<br />
áfrica do sul e, mais recentemente,<br />
na Rússia e índia.<br />
— A fábrica de Portugal foi fechada<br />
no ano passado. Era muito<br />
pequena, mas foi essencial porque<br />
nós tivemos muitos contatos com<br />
o processo de produção de carrocerias<br />
e o processo de fabricação de<br />
componentes pré-fabricados, como<br />
paineis e laterais. Portugal foi<br />
um laboratório para nós — conta<br />
bellini, ressaltando que a concorrência<br />
na Europa é muito grande<br />
— Há muitas fábricas por lá.<br />
o segredo<br />
O empresário conta que para<br />
manter o sucesso da Marcopolo<br />
ele viajou até o Japão, na década<br />
de 80, para conhecer as operações<br />
das principais montadoras.<br />
A partir daí, foi introduzido<br />
nas unidades da empresa na serra<br />
gaúcha o sistema de produção focado<br />
na valorização e no aperfeiçoamento<br />
dos colaboradores para<br />
uma produção em larga escala.<br />
— Eu ouvia falar sobre o “milagre<br />
japonês” e pensei: precisamos<br />
ir lá ver o que é isso. Nós<br />
conseguimos trazer os processos<br />
que eles tinham não só de produção,<br />
mas os de lidar com as pessoas.<br />
Foi uma revolução na Marcopolo.<br />
A partir daí, os funcionários<br />
começaram a se sentir mais<br />
livres para conversar com os chefes<br />
e com a diretoria. O resultado<br />
foi só positivo — explica bellini.<br />
No ano 2000, a Marcopolo<br />
destacou-se pela produção dos<br />
primeiros ônibus com teto removível<br />
para fornecimento a um<br />
cliente do Oriente Médio que<br />
usou os veículos na peregrinação<br />
para as cidades de Meca e Medina.<br />
Outra encomenda como as<br />
mais de mil unidades para o projeto<br />
transantiago, no Chile, com<br />
entrega em prazos curtíssimos,<br />
foi o que, segundo bellini, tornou<br />
a empresa referência mundial na<br />
produção de altos volumes, customizados<br />
e com entrega rápida.<br />
O sucesso no exterior, o fornecimento<br />
de ônibus para diferentes<br />
clientes em mais de 100<br />
países e o elevado padrão de<br />
qualidade dos produtos Marcopolo<br />
permitiram que, em 2004, a<br />
empresa fosse eleita busbuilder<br />
of the Year (Melhor Fabricante de<br />
ônibus do Ano), na mais importante<br />
feira internacional do mundo,<br />
realizada a cada dois anos em<br />
Kortrijk, na bélgica, e que reúne<br />
as principais empresas do setor.<br />
No ano passado, a Marcopolo<br />
lançou uma nova geração de ônibus<br />
rodoviários, a geração 7, que<br />
alcançou enorme sucesso no brasil<br />
e no exterior. Apesar da crise<br />
internacional, a empresa produziu<br />
19.384 ônibus em suas 10 unidades<br />
no mundo. Outro exemplo de<br />
sucesso global está no fato da empresa<br />
já ter fabricado, em um único<br />
ano, veículos com chassis de 15<br />
diferentes marcas, da Europa, ásia,<br />
Américas, algo até então inusitado.<br />
Até o fim de 2010, a previsão é<br />
de 26 mil ônibus produzidos.<br />
Com a atuação da Marcopolo<br />
na áfrica do sul, através de um<br />
escritório administrado pelo filho<br />
de bellini, Mauro gilberto, de 49<br />
anos, a empresa conseguiu ser a<br />
principal fornecedora de ônibus<br />
para a Copa do Mundo de Futebol<br />
deste ano. são 830 unidades<br />
- 460 para a FIFA, 220 para<br />
as cidades-sede para os sistemas<br />
de transporte viários e 150 para<br />
operadores de transporte da áfrica<br />
devido a incremento de negócios<br />
com a Copa.<br />
— É notável a importância<br />
de nossa presença comercial e<br />
industrial na áfrica do sul, além<br />
de toda a estrutura que temos de<br />
pós-venda e estoque de peças.<br />
Isso propiciou a oportunidade de<br />
fazer esta venda. O Mauro morou<br />
10 anos na áfrica do sul para<br />
desenvolver todo o trabalho da<br />
Marcopolo por lá. Há dois anos e<br />
meio ele voltou e é vice-presidente<br />
do conselho — diz bellini, que<br />
também é pai de James Eduardo,<br />
de 50 anos, que não atua na empresa,<br />
pois tem um “negócio próprio<br />
de fabricação de veleiros”.<br />
Um dos ônibus urbanos destinados à cidade de Cape Town, na África do Sul<br />
bellini confessa que ao fundar<br />
a Marcopolo não imaginava que a<br />
empresa se tornaria o que ela é hoje.<br />
Atualmente, é a maior fabricante<br />
de carroçarias de ônibus no brasil,<br />
com cerca de 40% de participação<br />
de mercado, receita líquida<br />
de 2,3 bilhões de reais em 2009 e<br />
cerca de 15 mil funcionários, considerando<br />
todas as suas fábricas.<br />
— se eu acreditasse naquela<br />
época que a empresa seria assim,<br />
evidentemente, eu estaria dando<br />
um chute. O que eu acreditava,<br />
mesmo, era naquele trabalho<br />
que a gente fazia no dia a dia.<br />
Eu acreditava nos negócios que<br />
estávamos tocando. Os negócios<br />
da Marcopolo tiveram um crescimento<br />
excepcional principalmente<br />
porque nós acreditamos nas<br />
pessoas que aqui têm autonomia<br />
para trabalhar — revela.<br />
Itália dentro de casa<br />
A relação de bellini com a Itália<br />
é bem estreita. O empresário<br />
foi pessoalmente, a gênova, para<br />
pegar documentos do avô e facilitar<br />
o seu processo de cidadania.<br />
— Na minha casa só se falava<br />
italiano, porém, o dialeto. Já fui<br />
à Itália umas 10, 12 vezes. Fui à<br />
igreja onde meu avô foi batizado<br />
para pegar a certidão de batismo<br />
dele. Foi uma emoção enorme. A<br />
última vez que fui à Itália foi em<br />
2006. Adoro ir a Verona para assistir<br />
às óperas. É uma delícia de<br />
ver — relembra.<br />
bellini ainda cultiva amigos<br />
de infância e, portanto, quando<br />
encontra com eles, todas as conversas<br />
são no dialeto.<br />
— Aqui em Caxias há muito<br />
do folclore italiano, tem uma<br />
companhia que faz teatro todo<br />
em dialeto. Aos domingos, tem<br />
um programa de duas horas na<br />
rádio são Francisco realizado todo<br />
em dialeto também. É muito<br />
delicioso escutar aquelas expressões.<br />
Eu gostaria de retornar uns<br />
40 anos, eu precisava tanto —<br />
diz emocionado.<br />
Esbanjando saúde, bellini vai<br />
à empresa todos os dias - chega<br />
às sete horas, quando necessário,<br />
e sai às 19h - e ainda joga golfe.<br />
Às vezes, almoça em casa.<br />
— gosto muito de pescar e<br />
já joguei muito tênis também —<br />
conta bellini, revelando que hoje,<br />
o que lhe dá muito prazer também<br />
é jogar golfe — É um esporte muito<br />
agradável, umas duas vezes por<br />
semana, no mínimo, eu jogo.<br />
22 C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 1 0<br />
J u n h o 2 0 1 0 / C o m u n i t à i t a l i a n a 23
affari<br />
E’ il massimo<br />
Iveco lancia autocarro a Sorocaba e annuncia<br />
previsione di crescita di più del 10% del mercato<br />
In dirittura di arrivo del suo<br />
piano di espansione in brasile,<br />
iniziato nel 2007, la Iveco<br />
ha lanciato in maggio il Daily<br />
Massimo 7 tonnellate. Il nuovo<br />
membro della famiglia di veicoli<br />
leggeri segue il percorso del Daily<br />
70C16, il primo fabbricato nel Centro<br />
de Desenvolvimento de Produto<br />
de sete lagoas (Mg). l’arrivo<br />
del Massimo coincide con i festeggiamenti<br />
per l’aumento del numero<br />
di vendite dell’azienda: dei 62mila<br />
veicoli Iveco in circolazione in<br />
brasile, 30mila sono stati venduti<br />
tra il gennaio 2007 e il dicembre<br />
2009. Rivolta ad un mercato che<br />
rappresenta l’8% delle vendite di<br />
autocarri in brasile, la Iveco spera<br />
di chiudere il 2010 con la vendita<br />
di 1.500 unità del Daily Massimo.<br />
Potendo scegliere tra la cabina<br />
semplice o doppia – in cui en-<br />
Sílvia Souza<br />
trano al massimo sette persone –<br />
il Massimo offre, secondo l’azienda,<br />
685 kg di capacità di carico<br />
in più rispetto al principale concorrente.<br />
Il lancio dell’autocarro<br />
ha avuto luogo lo stesso giorno<br />
in cui l’azienda ha presentato il<br />
suo nuovo Centro di Distribuzione<br />
di Pezzi di Ricambio, a sorocaba,<br />
città a 92 km da são Paulo.<br />
— l’Iveco Daily 70C16 ha<br />
raddoppiato il market share<br />
dell’azienda nel segmento di 6,1<br />
a 7,9 tonnellate di Plt (prodotto<br />
lordo totale). siamo passati dal<br />
4,6% nel 2008 all’8,5% nel 2009.<br />
Con il Daily Massimo, chiamato<br />
70C16HD, speriamo di raggiungere<br />
una partecipazione di mercato<br />
di più del 10% nel 2010 e<br />
del 12% nel 2011 – dice il presidente<br />
della Iveco América latina,<br />
Marco Mazzu.<br />
In due versioni, quella di lusso<br />
e la executive, l’autocarro senza<br />
optional esce dalla concessionaria<br />
al prezzo di 94mila reais, il<br />
primo, e 122mila reais, il secondo.<br />
l’Iveco Daily Massimo esce<br />
dalla fabbrica già con un optional:<br />
un gPs con navigatore Multi<br />
Connect che permette di preparare<br />
una sequenza di, al massimo,<br />
30 indirizzi di consegna.<br />
Con design firmato da giorgetto<br />
giugiaro, il nuovo autocarro<br />
della sussidiaria della Fiat ha<br />
una cabina con 50 mm in più di<br />
altezza e sportelli di facile entrata<br />
per i passeggeri. Ergonomica,<br />
mantiente le caratteristiche di un<br />
macchina normale, il che rende<br />
più comodo il viaggio agli autisti.<br />
— E’ un mercato di grandi<br />
e piccole imprese, del trasporto<br />
porta a porta urbano ed interurbano,<br />
di viaggi brevi, tra i 100 e<br />
i 200 chilometri, segnati dal ritmo<br />
“fermati e cammina”. Inoltre<br />
la quantità di carico che il con-<br />
Marco Mazzu: L’erogazione immediata e completa delle richieste ha già superato il 96%, un numero da leader<br />
corrente trasporta in 10 viaggi il<br />
Massimo la porta in 8,5. Ossia, i<br />
clienti hanno una maggior produzione<br />
e l’autocarro, maggior<br />
durabilità — segnala il direttore<br />
di piattaforma di veicoli leggeri e<br />
medi della Iveco, Marcello Motta.<br />
sempre secondo Motta tra i<br />
vantaggi del Massimo c’è il cambio<br />
dell’olio del motore ogni 20mila<br />
km (7,6 litri ogni cambio),<br />
un’economia del 49% in rapporto<br />
al concorrente principale; mentre<br />
nei cambi d’olio del cambio l’Iveco<br />
Daily Massimo è più economico del<br />
60%, con cambi ogni 120mila km.<br />
Centro di Distribuzione<br />
Per completare il suo ciclo produttivo,<br />
la Iveco ha inaugurato a<br />
sorocaba il suo nuovo Centro de<br />
Operações de Peças Iveco (Copi).<br />
Il luogo è frutto di investimenti<br />
di 30 milioni di reais e presenta<br />
10mila m² di area costruita – metà<br />
di quella del Centro di Diadema<br />
– e 100mila m 3 per lo stoccaggio<br />
di pezzi.<br />
situato nell’area della Case<br />
New Holland (CNH), un’altra<br />
azienda del gruppo Fiat, il Copi<br />
ospita le spedizioni medie della<br />
Iveco, che si aggirano sugli<br />
80mila pezzi, qualcuno di essi<br />
fatto all’estero.<br />
— l’erogazione immediata e<br />
completa delle richieste ha già<br />
superato il 96%, un numero da<br />
leader. Inoltre gli errori di imbarco<br />
sono al di sotto dello 0,25%,<br />
il che indica qualità mondiale.<br />
Richieste di emergenza vengono<br />
corrisposte entro 24 ore, mentre<br />
le richieste da stock della concessionaria<br />
vengono preparati per la<br />
spedizione in, al massimo, 48 ore<br />
— spiega il direttore della post<br />
vendita della Iveco in America<br />
latina, Maurício gouveia.<br />
Fotos: Divulgação Iveco<br />
alleanza<br />
Un’iniziativa della Organizzazione delle Nazioni Unite (ONU)<br />
per mobilizzare l’opinione pubblica sulle differenze tra stati<br />
e comunità, e il bisogno di un dialogo tra i loro rappresentanti,<br />
la Alleanza di Civiltà ha realizzato il suo terzo forum a Rio de Janeiro<br />
alla fine di maggio. la riunione, creata nel 2004, ha avuto<br />
luogo al Museu de Arte Moderna ed ha contato sulla partecipazione<br />
del sottosegretario agli Affari Esteri italiano, Vincenzo scotti,<br />
e di diplomatici italiani. l’iniziativa agisce su tre campi prioritari:<br />
educazione, gioventú, mass media e migrazioni. In due giorni di<br />
seminari e riunioni, che hanno coinvolto circa settemila persone<br />
di più di 100 paesi, sono state presentate discussioni su temi come<br />
“Diritti umani, etica e soluzione di conflitti” e “la storia come<br />
strumento di cooperazione culturale”.<br />
Fusione<br />
<strong>La</strong> rete a dettaglio baiana Insinuante il mese scorso ha annunciato<br />
la fusione delle sue operazioni con l’azienda di Minas<br />
Ricardo Eletro. l’unione ha creato una rete a dettaglio di mobili<br />
ed elettrodomestici con circa 500 negozi in 19 stati. la strategia<br />
del nuovo gruppo si basa sul guadagnare terreno a Rio de Janeiro<br />
e são Paulo. la fusione ha avuto luogo qualche mese dopo che<br />
il gruppo Pão de Açúcar, leader del dettaglio brasiliano, ha firmato<br />
un accordo di acquisto delle Casas bahia, creando una rete<br />
con poco più di mille negozi. la Ricardo Eletro è stata fondata<br />
nel 1989 e presenta circa 260 negozi negli stati di Minas gerais,<br />
Espírito santo, são Paulo, Rio de Janeiro, bahia, sergipe, Alagoas,<br />
goiás e Distrito Federal, tra negozi per la strada, in shopping<br />
e megastore. la compagnia ha cinque centri di distribuzione. Invece<br />
la Insinuante ha cominciato ad operare nel 1959 e ora ha<br />
circa 220 negozi in tutti gli stati del nord-est, oltre che a Rio<br />
de Janeiro e Espírito santo. Nel 2009, mirando sulla crescita, ha<br />
presentato una proposta d’acquisto al Ponto Frio, ma che è stato<br />
anch’esso comprato dal Pão de Açúcar.<br />
simulatori<br />
<strong>La</strong> Virtualy, impresa di simulatori per gru in operazioni portuali<br />
ha conquistgato l’attestato di esclusività di produzione<br />
nazionale della Associação brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica<br />
(Abinee). Il certificato dichiara che l’azienda, della Incubadora<br />
da Coppe/UFRJ, è l’unica in brasile ad avere la padronanza<br />
della tecnologia. Dal 2008 la Virtualy ha già fornito due sistemi<br />
a porti italiani. In questo momento ha cinque contratti in fase di<br />
negoziati, di cui uno con la Marinha do brasil.<br />
pozzo<br />
<strong>La</strong> Agência Nacional do Petróleo (ANP) ha annunciato che le<br />
riserve trovate con la perforazione del primo pozzo in una<br />
delle aree non licitate del pre-sale nel bacino di santo sono di<br />
4,5 miliardi di barili di grezzo “leggero di buona qualità”. Questo<br />
è il secondo maggior campo di petrolio già scoperto in brasile<br />
dopo quello di tupi, sempre nel pre-sale, a santos, con riserve<br />
stimate tra i 5 e gli 8 miliardi di barili. la più recente scoperta si<br />
trova in un’area chiamata Franco. Rappresenta il 32% delle riserve<br />
già comprovate del Paese, che sono di 14,2 miliardi. Il pozzo<br />
rimane a 195 chilometri dalla costa di Rio de Janeiro. Finora la<br />
maggior parte dei campi del pre-sale si trovavano a 300 chilometri<br />
dalla costa.<br />
separazione<br />
notizie<br />
Secondo maggior stato del brasile in metri quadrati, il Pará<br />
assiste a movimenti separatisti che vorrebbero ridurlo a meno<br />
del 20% della sua area attuale. l’idea è quella di creare due<br />
nuovi stati: tapajós ad ovest e Carajás nel sud-est paraense. Deputati<br />
della regioni separatiste si muovono per approvare entro<br />
quest’anno i progetti di referendum sulla divisione. In aprile la<br />
Câmara dos Deputados ha richiesto l’urgenza per le due proposte,<br />
che ora potranno essere votate in qualsiasi momento. I progetti<br />
sono già passati per il senato. santarém è il centro di un movimento<br />
pro tapajós, che ha già perfino inno e bandiera. A Marabá<br />
consiglieri comunali hanno issato una bandiera non ufficiale dello<br />
stato del Carajás presso la Câmara Municipal.<br />
natura<br />
L’<br />
imprenditore guilherme leal, copresidente del Consiglio di<br />
Amministrazione della Natura Cosméticos e uno dei fondatori<br />
dell’azienda, è stato scelto dal Partido Verde (PV) come vice<br />
nella lista della candidata alla presidenza della Repubblica Marina<br />
silva. Di são Paulo, 60enne, leal é, secondo la rivista Forbes,<br />
la 13ª persona più ricca del brasile, e vanta una fortuna di circa<br />
2,1 miliardi di dollari. È entrato nel PV l’anno scorso. la Natura è<br />
la maggior azienda fabbricante di cosmetici e prodotti di igiene<br />
e bellezza del Paese. È considerata<br />
una delle aziende precursore, in brasile,<br />
degli investimenti in responsabilità<br />
sociale. Investe anche in una<br />
linea di prodotti che usano principi<br />
attivi rinnovabili, presi dalla foresta<br />
tropicale brasiliana.<br />
sostenibile<br />
<strong>La</strong> Fiat ha presentato varie matrici energetiche e tecnologie<br />
di mobilità sostenibile al Michelin Challenge bibendum,<br />
evento internazionale realizzato a Rio de Janeiro. là c’erano versioni<br />
di veicoli elettrici e mossi a cellule di carburante di idrogeno,<br />
tutte con tecnologia flex. Prototipi costruiti con fibre rinnovabili<br />
di curauá, cocco e canna da zucchero, oltre all’unica<br />
automobile al mondo che funziona con quattro combustibili sono<br />
stati i ifiori all’occhiello dell’azienda italiana. Durante l’evento la<br />
macchina-concetto Fiat Car Concept II è stata messa in enfasi<br />
perché usa solo energia proveniente da batterie ricaricabili, cosí<br />
non emette nessuna molecola di gas carbonico nell’atmosfera<br />
durante il suo funzionamento.<br />
Certificato<br />
Da questo mese i produttori brasiliani di zucchero e etanolo<br />
e zuccherifici che vogliano vantare un certificato di buone<br />
azioni socioambientali avranno ora un’alternativa sul mercato.<br />
Il certificato statunitense Rainforest Alliance, famoso in tutto il<br />
mondo, ora presenta un insieme di criteri rivolti all’industria zuccherificia,<br />
il primo del mondo di questo tipo. In brasile questo certificato<br />
viene concesso dall’Imaflora (Instituto de Manejo e Certificação<br />
Florestal e Agrícola). È un’opzione per imprese che vogliono<br />
avere particolarità da presentare al mercato. Anche altri due sistemi<br />
di certificazione socioambientale per la canna da zucchero sono<br />
in fase di elaborazione: il better sugarcane Initiative, con base in<br />
Inghilterra, e tavola Rotonda per i biocarburanti sostenibili, che<br />
è in fase di sviluppo presso la Università di lousanne, in svizzera.<br />
24 C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 1 0<br />
J u n h o 2 0 1 0 / C o m u n i t à i t a l i a n a 25
capa<br />
um jogador,<br />
duas seleções<br />
Un calciatore, due nazionali<br />
“ “<br />
Jogada pela esquerda, Zagalo vem pelo flanco, quebra para dentro,<br />
cruza à meia altura para Mazzola, olha, dominou fora da área, chute<br />
de sem-pulo e gol. Golaço.” Assim José João Altafini, o Mazzola,<br />
narra o gol mais marcante de sua carreira. Corria o ano de 1958,<br />
Copa da Suécia, e Mazzola (apelido dos tempos do Palmeiras por sua<br />
semelhança com um ídolo da Juventus de Torino no pós-guerra) era titular da<br />
mítica Seleção Brasileira campeã mundial pela primeira vez.<br />
Aquele gol jamais esquecido foi marcado contra a Áustria, trilhando o<br />
caminho dos canarinhos até o título. Aos 19 anos, junto a Pelé (que tinha 17),<br />
Mazzola era um menino perto de monstros como Zagalo, Vavá e Garrincha –<br />
este o “grande nome” daquele time, segundo ele. Com todas as chances de vestir<br />
a camiseta verde e ouro por anos depois daquele feito, Mazzola, no entanto,<br />
mudou de ares: se transferiu para o futebol italiano e, convocado, aceitou vestir a<br />
maglia Azzurra já na Copa seguinte, 1962, no Chile. Um desastre: Azzurra<br />
eliminada ainda na primeira fase e um arrependimento para a vida toda:<br />
— Eu poderia ter sido três vezes campeão do mundo com o Brasil, mas<br />
fui jogar pela Itália. Me arrependo até hoje — diz, mas sem mágoa.<br />
Neto de imigrantes italianos, Mazzola se mudou para Milão com 19<br />
anos, e lá se vão mais de 50 anos vivendo no velho continente. Começou no<br />
Piracicabano, um time amador de sua cidade natal,<br />
Piracicaba, interior de São Paulo, onde, como diz,<br />
nasceu para o futebol. Depois, chance no Palmeiras.<br />
Ficou de 1955 a 1958 quando disputou e ganhou os<br />
únicos campeonatos da época: o Rio-SP e o nacional de<br />
seleções estaduais. Na Itália, além do Milan, defendeu o<br />
Napoli e a Juventus, onde encerrou a carreira em 1976.<br />
Foi campeão e goleador em todos os clubes: foram<br />
216 gols em 459 partidas por clubes italianos, o que<br />
o tornou o segundo maior goleador da história do país<br />
– primeiro entre os estrangeiros. Agora, ele é um dos<br />
comentaristas esportivos mais populares da Itália. Essa<br />
nova carreira, assumiu nos anos 80, quando parou de jogar. Atualmente, ele<br />
“defende a camisa” da SKY, mas já passou também por outros dois canais de<br />
TV. A popularidade de Mazzola é tanta que ele já está nos games: é dele a voz<br />
do comentarista da versão italiana do Pro Evolution Soccer 2009, um dos mais<br />
famosos em todo o mundo.<br />
Dos estúdios da televisão onde trabalha, em Torino, o brasileiro e italiano<br />
Mazzola conversou, por telefone, com <strong>Comunità</strong> e confessou: mesmo depois de tanto<br />
tempo na Bota, se tiver Brasil x Itália na Copa, vai de Brasil.<br />
— País a gente não muda.<br />
leandro demori<br />
EspEcial dE Roma<br />
Passa da sinistra, Zagalo viene in laterale, va verso il centro,<br />
incrocia a mezz’aria per Mazzola, guarda, domina fuori<br />
dall’area,rovesciata e gol. Grande gol.”<br />
Cosí José João Altafini, Mazzola, racconta il gol più<br />
importante della sua carriera. Era il 1958, Coppa della Svezia, e Mazzola<br />
(soprannome dei tempi del Palmeiras dovuto alla sua somiglianza con l’idolo<br />
della Juventus nel dopoguerra) era titolare della mitica Nazionale Brasiliana,<br />
campioni mondiali per la prima volta.<br />
Quel gol mai dimenticato era stato segnato contro l’Austria, aprendo la<br />
strada ai verdeoro fino al titolo. A 19 anni, insieme a Pelé (che ne aveva 17),<br />
Mazzola era un bambino di fronte a mostri come Zagalo, Vavá e Garrincha – questi<br />
i “grandi nomi” di quella squadra, secondo lui. Malgrado avesse tutte le strade<br />
aperte per usare la maglia verdeoro per anni dopo quel gol, Mazzola invece ha<br />
cambiato vita: si è trasferito per giocare a calcio in Italia e, convocato, ha accettato<br />
di indossare la maglia Azzurra già nella Coppa seguente, nel 1962, in Cile.Un<br />
disastro: Azzurra eliminata subito nella prima fase e un rimorso per tutta la vita:<br />
— Sarei potuto essere tre volte campione del mondo con il Brasile, ma sono<br />
andato a giocare con l’Italia. Me ne pento ancora oggi<br />
— dice, ma senza amarezza.<br />
Nipote di immigranti italiani, Mazzola si è trasferito a Milano a 19 anni e<br />
ormai sono più di 50 anni che vive nel vecchio continente. Ha<br />
cominciato nel Piracicabano, una squadra non professionista<br />
della sua città natale, Piracicaba, interno di São Paulo,<br />
dove, come lui dice, è nato per il calcio. Dopo, una chance nel<br />
Palmeiras. Ci è rimasto dal 1955 al 1958, quando ha giocato<br />
e vinto gli unici campionati di allora: il Rio-SP e il nazionale di<br />
selezioni statali. In Italia, oltre al Milan, ha giocato per il Napoli<br />
e la Juventus, dove ha concluso la sua carriera nel 1976.<br />
È stato campione e goleador in tutte le squadre: ha<br />
sommato 216 gol in 459 partite per squadre italiane, il<br />
che l’ha trasformato nel maggior goleador della storia del<br />
Paese – primo tra gli stranieri. Ora è uno dei commentatori<br />
sportivi più popolari d’Italia. Questa nuova carriera l’ha iniziata negli anni ’80,<br />
quando ha smesso di giocare. In questo momento “difende la maglia” della SKY,<br />
ma ha già lavorato in altri canali TV. <strong>La</strong> popolarità di Mazzola è tanta che è già<br />
nei videogame: è sua la voce del commentarista della versione italiana del Pro<br />
Evolution Soccer 2009, uno dei videogame più famosi in tutto il mondo.<br />
Dagli studi televisivi dove lavora, a Torino, il brasiliano e italiano Mazzola<br />
ha parlato, per telefono, con <strong>Comunità</strong> ed ha confessato: anche dopo tanti anni<br />
nello Stivale, se ci sarà Brasile x Italia nella Coppa, farà il tifo per il Brasile.<br />
— Il Paese non si cambia.<br />
26 C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 1 0<br />
J u n h o 2 0 1 0 / C o m u n i t à i t a l i a n a<br />
27
capa<br />
<strong>Comunità</strong><strong>Italiana</strong> - Você<br />
está na Itália há 50 anos.<br />
sente-se hoje mais italiano<br />
do que brasileiro?<br />
mazzola - Eu sou orgulhoso de<br />
viver aqui. Quis vir e estou maravilhosamente<br />
bem aqui. Mas o<br />
que acontece: time e país são como<br />
mãe, não tem como trocar. O<br />
brasil é meu país. Eu joguei pela<br />
seleção da Itália e amo isso aqui.<br />
No fundo eu encaro como coisas<br />
da profissão.<br />
CI - ou seja: em um cruzamento<br />
brasil x Itália na Copa do mundo...<br />
m - Vou de brasil, sem dúvida.<br />
É como eu disse: eu amo a Itália,<br />
mas no momento de torcer a<br />
coisa vem naturalmente. É como<br />
quando você está vendo um jogo<br />
de dois times quaisquer, quando<br />
vê, naturalmente você começa a<br />
torcer para um deles. Essa pendência<br />
natural sempre vem, e para<br />
o brasil.<br />
CI - Quando você se transferiu<br />
para o milan, imaginava uma<br />
carreira assim longa no clube e<br />
no país?<br />
m - Jamais. Eu queria ficar uns<br />
dois anos, ter uma experiência<br />
internacional, viver em outro país.<br />
Acabei ficando 50.<br />
CI - por quê?<br />
m - Pesou tudo, mas muito mais a<br />
condição de vida. Na época, não<br />
se ganhava dinheiro jogando bola.<br />
Porém, aqui já havia alguma<br />
coisa a mais do que no brasil. se<br />
você for comparar, bastaria um<br />
mês de um salário de um jogador<br />
mediano hoje em dia para se equiparar<br />
a, sei lá, um ano do nosso<br />
salário – talvez até mais. Antigamente<br />
nós tínhamos que fazer 10<br />
anos de carreira para encaminhar<br />
uma boa condição de vida. boa<br />
condição, não riqueza. Para você<br />
ter uma ideia – lembro como se<br />
fosse hoje – em 1958, em um jogo<br />
do brasil durante a Copa, nos<br />
deram 60 dólares de bicho [prêmio<br />
pela vitória]. Vi ontem que o<br />
bicho para cada jogador brasileiro<br />
deve ser de 350 mil reais caso<br />
ganhem a Copa da áfrica. Outros<br />
tempos...<br />
CI - Qual foi seu momento mais<br />
marcante com a camisa da seleção<br />
brasileira?<br />
m - A Copa de 1958, sem dúvida.<br />
Fiz até gol de bicicleta de fora<br />
da área!<br />
CI - Como assim?<br />
m - De fora da área, perto da<br />
meia-lua. Mas o juiz anulou e como<br />
as imagens daquele tempo<br />
são raras, essa não passou para a<br />
história. Aquele ano foi mágico,<br />
joguei o primeiro e o segundo<br />
jogos, depois perdi o lugar para<br />
o Vavá porque torci o tornozelo<br />
contra a Inglaterra. Perdi um<br />
gol naquele jogo, aí saí no jogo<br />
contra a Rússia para a entrada do<br />
Vavá. Nesse jogo, foi o Vavá que<br />
se machucou. Assim, voltei no<br />
quarto jogo, ganhamos e seguimos<br />
para o título.<br />
CI - Entre as seleções brasileira<br />
e italiana, qual mexeu mais<br />
com você?<br />
m - A brasileira, sobretudo pelo<br />
momento que vivemos juntos,<br />
pelo título. Em 1958, eu fiz 12<br />
jogos e 11 gols pelo brasil. Com<br />
a Itália, em 1962, ano da Copa<br />
do Chile, fiz 6 jogos e 5 gols.<br />
Além do mais, aquela seleção<br />
italiana foi uma decepção.<br />
CI - pelo que se lê nos jornais da<br />
época, diziam que era uma seleção<br />
muito forte...<br />
m - Era uma seleção forte, mas<br />
desorganizada. Não tínhamos<br />
<strong>Comunità</strong><strong>Italiana</strong> – sei in<br />
Italia da 50 anni. oggi<br />
ti senti più italiano che<br />
brasiliano?<br />
mazzola – sono orgoglioso di vivere<br />
qui. Ci sono voluto venire e<br />
ci vivo meravigliosamente bene.<br />
Ma il fatto è questo: la squadra<br />
e il Paese sono come la mamma,<br />
non si possono cambiare. Il brasile<br />
è il mio Paese. Ho giocato<br />
per la nazionale italiana e amo<br />
questo posto. In fondo affronto<br />
[la situazione] come una cosa<br />
della professione.<br />
CI - ossia: se ci dovesse essere<br />
brasile x Italia nella Coppa<br />
del mondo...<br />
m – Farei il tifo per il brasile,<br />
senza dubbio. È come ho già detto:<br />
amo l’Italia, ma al momento<br />
di fare il tifo la cosa viene naturalmente.<br />
È come quando stai vedendo<br />
una partita di due squadre<br />
qualsiasi. Naturalmente cominci<br />
a fare il tifo per una delle due.<br />
Questa propensione naturale mi<br />
viene sempre, e per il brasile.<br />
Mazzola vestindo as camisas da Juventus, Palmeiras,<br />
seleção brasileira e ao lado de Cesare Maldini, no Milan<br />
Mazzola con la maglia della Juventus, del Palmeiras, della<br />
nazionale brasiliana e accanto a Cesare Maldini, al Milan<br />
CI – Quando ti sei trasferito al milan<br />
immaginavi una carriera cosí<br />
lunga nella squadra e nel paese?<br />
m – Mai. Io volevo rimanere due<br />
anni circa, avere un’esperienza internazionale,<br />
vivere in un altro Paese.<br />
E poi ci sono rimasto 50 anni.<br />
CI - perché?<br />
m – Per vari motivi, ma soprattutto<br />
per le condizioni di vita. All’epoca<br />
non si facevano i soldi giocando a<br />
calcio. Ma qui c’erano cose in più<br />
che in brasile. se facciamo un paragone<br />
basterebbe un mese di uno<br />
stipendio odierno di un calciatore<br />
medio per paragonarlo ad un anno<br />
del nostro salario – forse pure di<br />
più. Molto tempo fa dovevamo fare<br />
10 anni di carriera per cominciare<br />
a vivere bene. Vivere bene, non<br />
essere ricchi. Perché tu te ne faccia<br />
un’idea – me lo ricordo come se<br />
fosse oggi – nel 1958, in una partita<br />
del brasile durante la Coppa,<br />
ci hanno dato 60 dollari di bicho<br />
[premio per la vittoria]. Ho visto<br />
ieri che i premi vittoria per ogni<br />
calciatore brasiliano si aggireranno<br />
sui 350mila reais se vincono la<br />
Coppa dell’Africa. Altri tempi...<br />
CI – Qual è stato il momento più<br />
suggestivo indossando la maglia<br />
della nazionale brasiliana?<br />
m - la Coppa del ‘58, senza dubbio.<br />
Ho fatto pure un gol di rovesciata<br />
fuori dall’area!<br />
CI - Come?<br />
m – Da fuori area, vicino al centrocampo.<br />
Ma l’arbitro l’ha annullato e<br />
siccome le immagini di quell’epoca<br />
sono rare, questa non è passata<br />
alla storia. Quell’anno è stato magico,<br />
ho giocato la prima e la seconda<br />
partita, dopo ho perso il posto<br />
per Vavá perché mi sono storto<br />
la caviglia contro l’Inghilterra. Ho<br />
perso un gol in quella partita, poi<br />
sono uscito nella partita contro la<br />
Russia perché entrasse Vavá. In<br />
questa partita chi si è fatto male<br />
è stato Vavá. Cosí sono tornato per<br />
la quarta partita, abbiamo vinto e<br />
abbiamo continuato fino al titolo.<br />
CI – tra le nazionali brasiliana e<br />
italiana, quale ti ha emozionato<br />
di più?<br />
m – Quella brasiliana, soprattutto<br />
per i momenti vissuti insieme,<br />
per il titolo. Nel 1958 ho fatto 12<br />
partite e 11 gol per il brasile. Con<br />
l’Italia, nel 1962, anno della Coppa<br />
del Cile, ho fatto 6 partite e 5<br />
gol. Inoltre quella nazionale italiana<br />
è stata una delusione.<br />
CI – Da quello che si legge nei<br />
giornali dell’epoca, dicevano che<br />
era una nazionale molto forte...<br />
Acima, Copa de 58 pelo Brasil: Joel, Didi, Mazzola, Pelé e Canhoteiro. Abaixo,<br />
Copa de 62 pela Itália, Mazzola é o segundo agachado da direita para esquerda<br />
Sopra, Mondiali del ’58 con il Brasile: Joel, Didi, Mazzola, Pelé e Canhoteiro. Sotto,<br />
Mondiali del ‘62 con l’Italia, Mazzola è il secondo abbassato da destra verso sinistra<br />
técnico. Os responsáveis pelo time<br />
eram dois caras amadores: um<br />
da segunda divisão que nem técnico<br />
era e um outro dirigente burocrata.<br />
Os dois estavam muitos<br />
ligados com jornais italianos e a<br />
convicção de todos nós, jogadores,<br />
era que dois editores de jornais<br />
escalavam o time. tínhamos<br />
realmente um time muito forte<br />
no papel.<br />
CI - Quem era a grande personalidade<br />
daquela seleção brasileira<br />
de 1958?<br />
m - garrincha. Ele ganhou 58 e<br />
62 sozinho. Pelé era a novidade,<br />
a juventude, mas garrincha era<br />
uma pessoa da melhor qualidade,<br />
simples. grande cara.<br />
CI - Você declarou que um dos<br />
grandes arrependimentos de<br />
sua vida foi justamente ter trocado<br />
de camisa na Copa do Chile,<br />
ou seja, ter ido jogar pela Itália<br />
em vez de defender o brasil.<br />
ainda se arrepende?<br />
m - sem dúvida. Eu era muito<br />
garoto e pensava que quem me<br />
chamava eu teria que atender,<br />
teria que jogar. A Itália me colocou<br />
na lista e eu fui, quando<br />
poderia ter dito “não” e ido com<br />
o brasil. Isso me deixa até hoje<br />
com a pulga atrás da orelha<br />
porque eu poderia ter ganhado<br />
três títulos mundiais com o Pelé,<br />
1958, 1962 e 1970. A Copa<br />
de 70, por exemplo, o brasil jogou<br />
sem um atacante de ofício.<br />
tem outra coisa: quando eu vim<br />
jogar no Milan, eu pensei que<br />
minha carreira na seleção brasileira<br />
estava acabada porque, até<br />
os anos 60, o brasil não chamava<br />
ninguém que jogasse fora do país.<br />
Isso pesou também na minha<br />
decisão de aceitar o convite da<br />
Azzurra. Mas me arrependo.<br />
CI - Você mantém contato com o<br />
brasil?<br />
m - Muito, eu trouxe inclusive<br />
muitos jogadores jovens para a<br />
Itália. teve um período que me<br />
dediquei a isso, não como empresário,<br />
mais como alguém que<br />
mostrava caminhos, dava conselhos.<br />
O problema é que hoje está<br />
cheio de agente por aí, cada<br />
um com seus interesses, então<br />
não é uma coisa muito fácil de<br />
fazer. Eu nunca consegui ter essa<br />
colaboração “brasil e Itália”,<br />
m - Era una nazionale forte, ma disorganizzata.<br />
Non avevamo un ct.<br />
I responsabili della squadra erano<br />
due tipi non professionisti. Uno<br />
della serie b, che non era nemmeno<br />
un ct, e un altro dirigente burocrate.<br />
I due erano molto legati<br />
ai giornali italiani e noi, calciatori,<br />
eravamo convinti del fatto che<br />
due editori di giornali sceglievano<br />
i calciatori della squadra. Avevamo<br />
veramente una squadra molto<br />
forte sulla carta.<br />
CI - Chi era la grande personalità<br />
di quella nazionale brasiliana<br />
del 1958?<br />
m - garrincha. Ha vinto nel ‘58 e<br />
nel ‘62 da solo. Pelé era la novità,<br />
la gioventù, ma garrincha era<br />
una persona della miglior qualità,<br />
uno semplice. Un grande tipo.<br />
CI – Hai dichiarato che uno dei<br />
grandi rimpianti della tua vita è<br />
stato proprio l’aver cambiato di<br />
maglia nella Coppa del Cile, ossia,<br />
di essere andato a giocare<br />
per l’Italia invece di giocare con<br />
il brasile. te ne penti ancora?<br />
m – senza dubbio. Io ero molto<br />
giovane e pensavo che chiunque<br />
“Narração” do segundo gol de Mazzola na<br />
vitória por 2 X 1 contra o Benfica na final da<br />
Liga dos Campeões da Europa de 1963<br />
“Narrazione” del secondo gol di Mazzola nella<br />
vittoria por 2x1 contro il Benfica nella finale<br />
della Coppa dei Campioni d’Europa del ‘63<br />
mi chiamasse, io avrei dovuto corrispondere,<br />
avrei dovuto giocare.<br />
l’Italia mi ha messo nella lista e<br />
ci sono andato, quando avrei potuto<br />
dire “no” ed essere andato<br />
col brasile. Ancora oggi questo<br />
mi lascia la pulce dietro all’orecchio<br />
perché avrei potutto vincere<br />
tre titoli mondiali con Pelé, 1958,<br />
1962 e 1970. la Coppa del ‘70,<br />
per esempio, il brasile l’ha giocata<br />
senza uno con la funzione di<br />
attaccante. E c’è un’altra cosa:<br />
quando sono venuto a giocare nel<br />
Milan pensavo che la mia carriera<br />
nella nazionale brasiliana fosse finita<br />
perché, fino agli anni ’60, il<br />
brasile non chiamava nessuno che<br />
giocasse fuori dal Paese. Anche<br />
questo ha avuto il suo peso nella<br />
mia decisione di accettare l’invito<br />
dell’Azzurra. Ma me ne pento.<br />
CI – mantieni contatti con il brasile?<br />
m - Molto, ho anche portato molti<br />
giovani calciatori qui in Italia. C’è<br />
stato un periodo in cui mi sono<br />
dedicato solo a questo, non come<br />
imprenditore, ma come qualcuno<br />
che mostrava i percorsi, dava consigli.<br />
Il problema è che oggigiorno<br />
28 C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 1 0<br />
J u n h o 2 0 1 0 / C o m u n i t à i t a l i a n a 29
capa<br />
tentei em vários momentos, mas<br />
nunca consegui.<br />
CI - Você tem família no brasil?<br />
m - tenho duas filhas e seis netos.<br />
Vou muito para visitar, me<br />
“esconder”. Eu sou de Piracicaba<br />
e tenho uma percepção de que<br />
quem nasce no interior sente<br />
mais saudades. Eu sinto muitas.<br />
CI - E na Itália?<br />
m - Casei novamente aqui, tenho<br />
3 filhos italianos. Minha mulher<br />
brasileira morreu em 1984, quando<br />
já éramos divorciados.<br />
CI - E seus antigos companheiros<br />
de seleção e de palmeiras?<br />
Você fala com eles? tem contato<br />
com o pelé?<br />
m - Não tenho contato com quase<br />
nenhum jogador que jogou comigo.<br />
Quando você termina, termina.<br />
Costumo dizer que os anos de<br />
futebol, para a maioria dos jogadores,<br />
são como aquele grupo<br />
que se forma na praia durante os<br />
verões, sabe? Quando você vai na<br />
praia, faz amizade com o vizinho<br />
da porta ao lado, com o pessoal<br />
da rua, se diverte, sai, joga bola<br />
e tudo o mais, mas quando volta<br />
para cidade aquilo desaparece no<br />
tempo. É raro manter amizades<br />
no futebol. Você encontra outras<br />
pessoas na vida depois do mundo<br />
da bola, não sei dizer exatamente<br />
por que isso acontece.<br />
CI - É quase consenso entre os<br />
italianos que o Campeonato brasileiro<br />
é fraco, inferior ao nacional<br />
italiano. Você acompanha os<br />
jogos do brasileirão? Concorda<br />
com essa afirmação?<br />
m - Vejo muitos jogos, estou<br />
até muito chateado porque não<br />
passam todos. O brasileirão é<br />
forte, os estaduais são fracos.<br />
Mas o brasileiro é seguramente<br />
mais forte do que o campeonato<br />
italiano. temos cinco ou seis<br />
times disputando título, ao menos.<br />
O que poderíamos melhorar<br />
é o interesse de público, encher<br />
mais os estádios, ainda mais<br />
com um campeonato tão forte<br />
como o nosso.<br />
CI - o futebol mudou muito do<br />
tempo em que você jogava para<br />
hoje ou é exagero pensar que<br />
era “outro esporte”?<br />
m – No passado, o futebol era<br />
mais lento na movimentação da<br />
bola, isso mas, ao contrario do<br />
que se pensa, os jogadores eram<br />
muito velozes. tinha gente dos<br />
anos 60 que você não pegava<br />
è pieno di agenti in giro, ognuno<br />
con i suoi interessi, quindi non è<br />
una cosa molto facile da fare. Io<br />
non sono mai riuscito ad avere<br />
questa collaborazione “brasile e<br />
Italia”, ho tentato varie volte, ma<br />
non ci sono mai riuscito.<br />
CI – Hai famiglia in brasile?<br />
m – Ho due figlie e sei nipoti. Ci vado<br />
molto per visitare, per “nascondermi”.<br />
sono di Piracicaba e penso<br />
che chi nasce nell’interno soffre più<br />
di nostalgia. Io ne soffro molto.<br />
CI - E in Italia?<br />
m – Mi sono sposato un’altra volta,<br />
ho tre figli italiani. la mia moglie<br />
brasiliana è morta nel 1984,<br />
quando eravamo già divorziati.<br />
CI - E i tuoi vecchi colleghi della<br />
nazionale e del palmeiras? parli<br />
con loro? Hai contatti con pelé?<br />
m – Non ho contatti con quasi nessun<br />
calciatore che abbia giocato<br />
con me. Quando si finisce, si finisce.<br />
Di solito dico che gli anni<br />
del calcio, per la maggior parte dei<br />
calciatori, sono come quel gruppo<br />
che si forma in spiaggia durante<br />
l’estate, sai? Quando vai in spiaggia<br />
fai amicizia con il vicino della<br />
porta accanto, con la gente della<br />
tua via, ti diverti, esci, giochi<br />
a pallone e tutto il resto,<br />
ma quando ritorni in città tutto<br />
quello sparisce nel tempo. È raro<br />
mantenere amicizie nel calcio.<br />
si incontrano altre persone<br />
nella vita dopo il mondo del<br />
pallone, non so dire esattamente<br />
perché questo succeda.<br />
CI – E’ quasi un consenso, tra<br />
gli italiani, che il Campionato<br />
Brasiliano sia fiacco, inferiore<br />
a quello italiano. segui<br />
le partite del brasileirão?<br />
sei d’accordo su questo?<br />
m – Vedo molte partite, mi<br />
arrabbio pure, perché non le<br />
trasmettono tutte. Il brasileirão<br />
è forte, i campionati<br />
statali sono fiacchi. Ma<br />
quello brasiliano è sicuramente<br />
più forte del cam-<br />
Mazzola<br />
em revistas,<br />
anúncios e<br />
jornais<br />
Mazzola<br />
in riviste,<br />
pubblicità e<br />
giornali<br />
pionato italiano. Abbiamo cinque<br />
o sei squadre che lottano per il<br />
titolo, perlomeno. Quello che potremmo<br />
migliorare è l’interesse del<br />
pubblico, riempire di più gli stadi,<br />
ancor di più con un campionato<br />
cosí forte come il nostro.<br />
CI – Il calcio è cambiato molto<br />
dall’epoca in cui giocavi ad oggi<br />
o è un’esagerazione pensare che<br />
era “un altro sport”?<br />
m – In passato il calcio era più<br />
lento nel movimento del pallone,<br />
questi sí, ma al contrario di<br />
ciò che si pensa i calciatori erano<br />
molto veloci. C’era gente degli<br />
anni ’60 che tu non riuscivi a<br />
raggiungere nella corsa, nemmeno<br />
i giocatori di oggi, con tutta<br />
la tecnologia coinvolta, alimentazione<br />
bilanciata e tutto il resto.<br />
E ancora: si parla molto del fatto<br />
che il marcamento era peggiore.<br />
Non sono d’accordo. Il marcamento<br />
era ancora più duro. Erano partite<br />
anche più belle da vedere, ma<br />
non erano per niente più facili. E<br />
tutto questo senza nessuna tecnologia.<br />
Oggi un calciatore è diverso<br />
da ciò che eravamo. Allora,<br />
prima della partita, si mangiavano<br />
riso, fagioli e carne. Negli ultimi<br />
anni in cui ho giocato nella Juventus<br />
prima di pensionarmi negli<br />
anni ’70, era già un’altra cosa,<br />
un’altra tecnologia. Nessuno entra<br />
più in campo a pancia piena.<br />
Questo è migliorato molto. Il pallone,<br />
quando si bagnava, pesava<br />
10 chili, gli scarpini avevano tacchetti<br />
che si rompevano. Il calcio<br />
era molto più difficile da giocare.<br />
CI – Chi vincerà questa Coppa<br />
del mondo?<br />
m – Non lo so. Messi ha tutto per<br />
fare storia con l’Argentina e Cristiano<br />
Ronaldo con il Portogallo.<br />
Ma Messi non funziona bene<br />
nella Nazionale, Cristiano Ronaldo<br />
ha giocato contro il brasile e<br />
non ha toccato il pallone. È difficile<br />
scommettere, il che rafforza<br />
la tesi secondo la quale il brasile<br />
avrebbe dovuto portarsi Neymar<br />
e ganso, che sarebbero un po’<br />
come io e Pelé nel ’58. Avrebbero<br />
potuto essere le grandi sorprese.<br />
I giovani nella Coppa credono<br />
in se stessi, non hanno paura di<br />
sbagliare. se io sono il ct e stiamo<br />
pareggiando e devo vincere<br />
chiamo questi ragazzi, li metto<br />
pure a calciare rigori. Anche<br />
Maradona è andato giovanissimo<br />
alla Coppa. se il nostro ct fosse<br />
guardiola [del barcellona] avrebbe<br />
portato più giovani.<br />
na corrida, nem mesmo jogadores<br />
de hoje em dia, com toda a<br />
tecnologia envolvida, alimentação<br />
balanceada e tudo. E outra:<br />
fala-se muito que a marcação era<br />
pior. Nisso discordo. A marcação<br />
era mais dura ainda. Era um jogo<br />
até mais bonito de ver, mas por<br />
nada era mais fácil. E isso tudo<br />
sem tecnologia alguma. Hoje,<br />
um jogador é outra coisa em<br />
respeito ao que nós éramos. Antes<br />
do jogo, antigamente, você<br />
comia arroz e feijão, carne. Nos<br />
últimos anos em que joguei na<br />
Juventus, antes de me aposentar<br />
nos anos 70, já era outra coisa,<br />
outra tecnologia. Ninguém mais<br />
entra em campo com a barriga<br />
cheia. Melhorou muito isso. A<br />
bola, quando molhava, pesava<br />
10 quilos, as chuteiras tinham<br />
travas que arrebentavam. O futebol<br />
já foi bem mais difícil de<br />
se jogar.<br />
CI - Quem vai arrebentar nessa<br />
Copa do mundo?<br />
m - Não sei. Messi tem tudo para<br />
fazer história com a Argentina<br />
e o Cristiano Ronaldo com Portugal.<br />
Mas o Messi não vai bem<br />
na seleção, o Cristiano Ronaldo<br />
jogou contra o brasil e não tocou<br />
na bola. Está difícil apostar,<br />
o que reforça a tese de que brasil<br />
deveria ter levado Neymar e<br />
ganso, que seriam mais ou menos<br />
como eu e Pelé em 58. Poderiam<br />
estourar. Jovem em Copa<br />
acredita em si mesmo, não tem<br />
medo de errar. se eu sou um técnico<br />
e estou no empate e preciso<br />
ganhar eu boto essa gurizada,<br />
boto a bater pênalti, até. O Maradona<br />
mesmo foi novíssimo para<br />
a Copa. se nosso técnico fosse o<br />
guardiola [do barcelona], levaria<br />
mais meninada.<br />
CI - posso concluir que você não<br />
concorda com a lista de Dunga?<br />
m - O Dunga não pode ser criticado,<br />
ele tem razão, até agora.<br />
ganhou tudo. Mas temos que esperar<br />
a Copa.<br />
CI - o brasil de hoje é um país melhor<br />
para se viver do que aquele<br />
que você deixou para trás?<br />
m - sem dúvida, mas eu tinha<br />
certeza de que viveríamos esse<br />
momento que vivemos hoje. Eu<br />
dizia isso na Itália nos anos 60,<br />
“nós somos o futuro”. E nesse<br />
momento estamos mostrando isso.<br />
temos todo o potencial, mas<br />
temos que passar para uma nova<br />
fase agora, a de administrar bem.<br />
CI - Qual foi seu jogo inesquecível?<br />
Mazzola ao lado do presidente Lula e durante cerimônia em homenagem aos campeões da Copa de 1958.<br />
Abaixo, Mazzola salta para o cabeceio durante a estreia do Brasil em 1958, contra a Áustria<br />
Mazzola accanto al presidente Lula e durante la cerimonia in omaggio ai campioni dei Mondiali del ‘58. Sotto<br />
Mazzola salta per colpire di testa durante la prima partita del Brasile contro l’Austria nel ’58<br />
m - Minha estreia na seleção brasileira<br />
contra Argentina, um gol<br />
do Pelé e um meu antes da Copa<br />
de 1958. A melhor foi contra Portugal,<br />
naquele mesmo ano, que<br />
fiz um gol de cabeça. Contra a<br />
áustria, na Copa, fiz os dois gols<br />
do brasil, aquilo ali mexeu muito<br />
também. Me sinto um bandeirante<br />
da seleção brasilera porque<br />
foram aqueles gols que deram<br />
início a uma sequência de vitórias<br />
que transformou o futebol<br />
brasileiro naquilo que ele é hoje.<br />
CI - pode narrar um desses gols?<br />
m - Jogada pela esquerda, Zagalo<br />
vem pelo flanco, quebra para<br />
dentro, cruza a meia altura para<br />
Mazzola, dominou fora da área,<br />
chute de sem-pulo e gol. golaço.<br />
(risos).<br />
CI – ne posso concludere che<br />
non sei d’accordo con la lista<br />
di Dunga?<br />
m - Dunga non può essere criticato,<br />
finora ha ragione. Ha vinto<br />
tutto. Ma dobbiamo aspettare<br />
la Coppa.<br />
CI - Il brasile di oggi, per viverci,<br />
è un paese migliore di quello<br />
che ti sei lasciato alle spalle?<br />
m – senza dubbio, ma io ero sicuro<br />
che avremmo vissuto questo<br />
momento che viviamo oggi.<br />
Io lo dicevo, in Italia, negli anni<br />
‘60’, “noi siamo il futuro”. E ora<br />
lo stiamo dimostrando. Ne abbiamo<br />
il potenziale, ma ora dobbiamo<br />
passare per una nuova fase,<br />
quella di amministrare bene.<br />
CI – Qual è stata la tua partita indimenticabile?<br />
Ricardo Stuckert<br />
Ricardo Stuckert<br />
m – la mia prima partita nella<br />
Nazionale brasiliana contro l’Argentina,<br />
un gol di Pelé e uno mio<br />
prima della Coppa del ’58. la migliore<br />
è stata contro il Portogallo,<br />
quello stesso anno, in cui ho<br />
fatto un gol di testa. Contro l’Austria,<br />
nella Coppa, ho fatto i due<br />
gol del brasile, anche quello mi<br />
ha emozionato. Mi sento come un<br />
precursore della Nazionale brasiliana,<br />
perché grazie a quei gol si<br />
è dato inizio ad una sequenza di<br />
vittorie che hanno trasformato il<br />
calcio brasiliano in ciò che è oggi.<br />
CI – puoi narrarci uno di quei gol?<br />
m – Passa da sinistra, Zagalo viene<br />
in laterale, va verso il centro, incrocia<br />
a mezz’aria per Mazzola, guarda,<br />
domina fuori dall’area,rovesciata e<br />
gol. grande gol. (ride).<br />
30 C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 1 0<br />
J u n h o 2 0 1 0 / C o m u n i t à i t a l i a n a 31
capa<br />
lippi e leonardo:<br />
a técnica e a honra<br />
Vai ser o carrossel de sempre.<br />
Aliás, não. O charme<br />
do futebol é o fato de ser<br />
imprevisível. se o brasil<br />
enfrentar as Ilhas salomão há,<br />
em princípio, 99 % de probabilidade<br />
que será a seleção canarinho<br />
a vencedora. Mas ainda tem<br />
uma possibilidade de que, no<br />
Maracanã, ganhem as Ilhas salomão.<br />
É o segredo do esporte mais<br />
popular e praticado do mundo.<br />
A Copa do Mundo na áfrica do<br />
sul, segundo o ranking da Fifa -<br />
que leva em conta o resultado de<br />
jogos realizados no quadriênio -<br />
considera como provável ganhadores<br />
a Inglaterra e o brasil. Depois<br />
vem a Espanha. só depois segue a<br />
Itália, atual campeão do mundo,<br />
a arrebatadora armada azzurra de<br />
<strong>La</strong> tecnica e l’onore<br />
A Copa do Mundo de futebol na África do Sul,<br />
segundo o ranking da Fifa, considera como prováveis<br />
ganhadores a Inglaterra e o Brasil. Depois vem a<br />
Espanha. Só depois segue a Itália<br />
Il Mondiale di calcio in Sud Africa,<br />
secondo il ranking della Fifa, mette in cima alle<br />
indicazioni dei pronostici l’Inghilterra e il Brasile.<br />
Poi c’è la Spagna. Viene solo dopo l’Italia<br />
berlim. O técnico Marcello lippi<br />
voltou para a Casa Itália depois de<br />
ter deixado com a Copa ainda suada<br />
e molhada de lágrimas, depois<br />
das voltas do campo. E o mesmo<br />
fará depois da final na áfrica do<br />
sul, se a Itália chegar lá.<br />
GianfranCo Coppola<br />
coRREspondEntE • Roma<br />
S<br />
arà la solita giostra. Anzi,<br />
no. Fascino del calcio<br />
è l’essere imprevedibile.<br />
Se il Brasile affronta le<br />
Isole Salomone ci sono, in partenza,<br />
99 possibilità su cento<br />
che a vincere saranno i verdeoro.<br />
Ma ce n’è una che, al Maracanã,<br />
vede la possibilità per le Isole<br />
Salomone di vincere. E’ il segreto<br />
dello sport più popolare e praticato<br />
del mondo.<br />
Il Mondiale di calcio in Sudafrica<br />
secondo il ranking della Fifa,<br />
la classifica che tiene conto delle<br />
partite giocate ed i loro risultati<br />
nel quadrienno, mette in cima<br />
alle indicazioni dei pronostici<br />
l’Inghilterra e il Brasile. Poi c’è la<br />
Spagna. Viene solo dopo l’Italia<br />
campione del mondo in carica, la<br />
travolgente armata azzurra di Berlino.<br />
Il ct Lippi è rientrato a Casa<br />
Italia dopo aver lasciato con la<br />
Coppa ancora sudata e bagnata di<br />
lacrime dopo i giri di campo. E lo<br />
stesso farà dopo la finale in Sudafrica,<br />
se l’Italia dovesse arrivarci.<br />
Como é notório, a geral inclui<br />
todas as escolas de futebol,<br />
inclusive a Oceania. Aqui está a<br />
áfrica, futebol atlético, mas que<br />
também se desenvolveu graças<br />
aos técnicos importados, muitos<br />
até europeus e sul americanos,<br />
com Argélia, Camarões, Costa do<br />
Marfim, gana, Nigéria e, é claro,<br />
áfrica do sul como país anfitrião.<br />
A Europa pode contar com<br />
a abençoada França (é só pensar<br />
no gol de mão de Henry no desempate<br />
no jogo de volta com a<br />
Irlanda do Norte do velho galã<br />
trapattoni) e depois Alemanha,<br />
grécia, Inglaterra, Itália, Holanda,<br />
Portugal, sérvia, Eslováquia,<br />
Espanha e suíça. América do Norte<br />
e Central apresentam Honduras,<br />
México e UsA. O encouraçado<br />
sul americano conta com Argentina,<br />
brasil, Chile, Paraguai e Uruguai,<br />
todas um pouco veteranas<br />
da Copa e notadamente difíceis.<br />
lippi<br />
Este homem tem um gênio decidido.<br />
Não ama as concessões. Em<br />
particular, é menos ranheta do<br />
que em público. Apaixonado pelo<br />
mar. Não pode ter limites de visão<br />
em quem está acostumado a perscrutar<br />
o horizonte, a ver a composição<br />
das cores do amanhecer. A<br />
dissolvência emocionante do pôr<br />
do sol. Marcello lippi começa do<br />
título de campeão do mundo.<br />
<strong>Comunità</strong><strong>Italiana</strong>: Vai ser possível<br />
repetir?<br />
marcello lippi: Nós acreditamos<br />
nisso. Eu sei que as escolhas feitas<br />
provocaram discussões, consideram<br />
que me confiar nos chamados<br />
‘pretorianos’ possa resultar<br />
fatal. Veremos. Eu sei que<br />
a Copa requer dotes de caráter<br />
iguais às técnicas. trazer um cara<br />
talentoso, mas introvertido, que<br />
demora para se juntar aos outros<br />
ou tem dificuldade para aguentar<br />
ficar longe do próprio mundo<br />
por 40 dias seria um risco. tenho<br />
certeza de ter escolhido bem,<br />
acredito muito nos meus garotos,<br />
nos italianos que na áfrica<br />
do sul irão honrar a camisa e a<br />
bandeira tricolor.<br />
CI: berlim foi tarefa difícil, é só<br />
lembrar que em plena Calciopoli<br />
(4 anos depois ainda no magma<br />
dos papéis para ler e com viés<br />
que certamente ampliam o cenário<br />
dos acusados e não livram<br />
a cara dos moralistas do tempo),<br />
havia quem sugerisse de tirar do<br />
banco lippi e de tirar do braço de<br />
Fabio Cannavaro a faixa de capitão.<br />
acredita que desta vez correu<br />
tudo bem demais na véspera?<br />
ml: Nada disso, os venenos nunca<br />
faltam. É claro, lembro ainda<br />
com grande sofrimento a véspera<br />
da Copa da Alemanha. Dizer<br />
que ficarmos coesos foi o nosso<br />
segredo é previsível, demonstramos<br />
que os homens são mais importantes<br />
dos jogadores. Mas não<br />
queria esquecer também as qualidades<br />
técnicas do grupo. Um time<br />
formidável, cheio de qualidades.<br />
Não houve jogo em que fomos<br />
subjugados e, às vezes, com os<br />
chamados reforços tipo Iaquinta,<br />
demos a volta por cima em competições<br />
desesperadas. E, na minha<br />
opinião, é emblemático que<br />
o pênalti decisivo tenha sido marcado<br />
por grosso, não por um nome,<br />
mas um grande profissional.<br />
CI: Qual é o cenário técnico?<br />
ml: Muito dependerá dos classificados<br />
do primeiro turno. Alguns<br />
jogos, por exemplo, o nosso Itália-brasil<br />
no caso de segundo lugar<br />
nosso o dos canarinhos, poderiam<br />
ser fatais. será preciso jogar<br />
com o máximo da concentração,<br />
mas também calculando alguma<br />
coisa. O bloco africano está menos<br />
despreparado do que das outras<br />
vezes, é um futebol que está<br />
melhorando muito mesmo que não<br />
esteja acostumado a compromissos<br />
em que a capacidade para a<br />
resistência à pressão psicológica<br />
conta muito. Meu ranking não é<br />
original: brasil, Argentina, Itália,<br />
Inglaterra, Espanha, Nigéria, sérvia<br />
e Uruguai são os meus oito.<br />
CI: E a final desejada?<br />
ml: sem dúvida Itália-Inglaterra.<br />
gostaria de ver Fabio Capello do<br />
outro lado, desde os hinos nacionais.<br />
Mas não sei se é um capricho<br />
mesmo...<br />
leonardo será o técnico<br />
em 2014 no brasil?<br />
Talvez o brasileiro mais próximo de<br />
Berlusconi usa de sua habilidade<br />
para lidar com o Cavaliere<br />
e fala do caráter de Dunga<br />
Aqui está leonardo, o predestinado.<br />
sobrevivente do primeiro<br />
ano, e último também, por<br />
enquanto, no banco do Milan, leva<br />
para casa o Prêmio da Crítica e da<br />
Opinião Pública. treinador e pessoa<br />
gentil - estilo que pode lhe trazer<br />
dificuldades com o presidente<br />
rubro-negro silvio berlusconi, que<br />
Com’è noto, il parterre comprende<br />
tutte le scuole di calcio,<br />
Oceania compresa. Ecco l’Africa,<br />
calcio atletico ma anche sviluppatosi<br />
grazie ai tecnici d’importazione,<br />
molti anche europei e<br />
sudamericani, con Algeria, Camerun,<br />
Costa d’Avorio, Ghana,<br />
Nigeria e ovviamente Sud Africa<br />
come paese ospitante. L’Europa<br />
può contare sulla miracolata<br />
Francia (basti pensare al gol di<br />
mano di Henry nello spareggio di<br />
ritorno con l’Irlanda del Nord del<br />
vecchio fusto Trapattoni) e quindi<br />
Germania, Grecia, Inghilterra,<br />
Italia, Olanda, Portogallo, Serbia,<br />
Slovacchia, Slovenia, Spagna<br />
e Svizzera. Centro e America<br />
del Nord presentano Honduras,<br />
Messico e USA. <strong>La</strong> corazzata sudamericana<br />
conta su Argentina,<br />
Brasile, Cile Paraguay e Uruguay,<br />
un po’ tutte veterane del mondiale<br />
e notoriamente ostiche.<br />
Lippi<br />
Quest’uomo ha un carattere deciso.<br />
Non ama i compromessi. In<br />
privato è meno spigoloso che in<br />
pubblico. Innamorato del mare.<br />
Non può esserci limite di vedute<br />
in chi è abituato a scrutare l’orizzonte,<br />
a vedere la composizione<br />
dei colori dell’alba. <strong>La</strong> dissolvenza<br />
suggestiva del tramonto. Marcello<br />
Lippi riparte dal titolo di<br />
campione del mondo.<br />
<strong>Comunità</strong><strong>Italiana</strong>: Sarà possibile<br />
bissare?<br />
Marcello Lippi: Noi ci crediamo.<br />
So che le scelte fatte hanno provocato<br />
discussioni, ritengono che<br />
l’affidarmi ai cosiddetti pretoriani<br />
possa risultare fatale. Vedremo.<br />
So che il Mondiale richiede doti<br />
caratteriali pari a quelle tecniche.<br />
Portarmi uno di talento ma caratterialmente<br />
introverso, lento a far<br />
gruppo, o di non semplice capacità<br />
di resistere anche alla lontananza<br />
dal proprio mondo per 40<br />
giorni sarebbe stato un rischio.<br />
Sono certo di aver scelto bene,<br />
credo fortemente nei miei ragazzi.<br />
Negli italiani che in Sudafrica<br />
onoreranno maglia e tricolore.<br />
CI: Berlino fu un’impresa, basta<br />
ricordare che in piena Calciopoli<br />
(4 anni dopo ancora nel magma<br />
delle carte da leggere e con<br />
sviluppi che di certo ampliano<br />
lo scenario degli accusati e non<br />
salvano i moralisti del tempo)<br />
c’era chi proponeva di sollevare<br />
dalla panchina Lippi e chi di sfi-<br />
lare dal braccio di Fabio Cannavaro<br />
la fascia di capitano. Vuoi<br />
vedere che stavolta è andato tutto<br />
troppo liscio alla vigilia?<br />
ML: Macchè, i veleni non mancano<br />
mai. Certo, ricordo ancora<br />
con terribile sofferenza la vigilia<br />
del mondiale in Germania. Dire<br />
che fu il nostro segreto fare<br />
blocco è scontato, abbiamo dimostrato<br />
che gli uomini contano<br />
quasi più dei calciatori. Ma<br />
non vorrei dimenticare anche<br />
gli spunti tecnici del gruppo.<br />
Una squadra formidabile, ricca di<br />
qualità. Non c’è stata partita in<br />
cui siamo stati messi sotto e alcune<br />
volte, con i cosiddetti rincalzi<br />
tipo Iaquinta, abbiamo dato<br />
una svolta a gare disperate. E<br />
secondo me è emblematico che<br />
il rigore decisivo sia stato messo<br />
a segno da Grosso, non un nome<br />
ma un signor professionista.<br />
CI: Qual è lo scenario tecnico?<br />
ML: Molto conterà dalle qualificazioni<br />
del primo turno. Alcuni<br />
incroci, penso ad esempio al nostro<br />
Italia-Brasile in caso di secondo<br />
posto nostro o dei verdeoro,<br />
potrebbero risultare fatali. Ci<br />
sarà da giocare con la massima<br />
concentrazione ma anche calcolando<br />
qualcosa. Il blocco africano<br />
è meno sprovveduto delle<br />
altre volte, è un calcio in netto<br />
miglioramento ancorché chiaramente<br />
disabituato ad impegni in<br />
cui la capacità di resistere alla<br />
pressione psicologica conta eccome.<br />
Il mio ranking non è originale:<br />
Brasile, Argentina, Italia,<br />
Inghilterra, Spagna, Nigeria, Serbia<br />
e Uruguay le mie otto.<br />
CI: E la finale desiderata?<br />
ML: Senza dubbio Italia-Inghilterra.<br />
Vorrei vedere Fabio Capello<br />
dall’altra parte, sin dagli inni nazionali.<br />
Ma sai che sfizio...<br />
Leonardo sarà il tecnico<br />
nel 2014 in Brasile?<br />
Forse il brasiliano più vicino a<br />
Berlusconi usa la sua abilità<br />
per affrontare il Cavaliere e<br />
parla del carattere di Dunga<br />
Ecco Leonardo, il predestinato.<br />
Reduce dal primo anno, e<br />
anche ultimo, per ora, sulla panchina<br />
del Milan, porta a casa il<br />
Premio della Critica e dell’Opinione<br />
Pubblica. Allenatore gentiluomo,<br />
capace di mettere in difficoltà<br />
col suo stile anche il presidente<br />
rossonero Berlusconi, che<br />
32 C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 1 0<br />
J u n h o 2 0 1 0 / C o m u n i t à i t a l i a n a 33
capa<br />
mais de uma vez o espetou publicamente<br />
e em particular - agora é<br />
considerado herdeiro designado do<br />
pós-Dunga, em vista da Copa brasileira<br />
de 2014. Mas há também<br />
quem antecipadamente diz dele<br />
que, homem de extraordinária capacidade<br />
diplomático-empresarial,<br />
que fala bem vários idiomas (português,<br />
português do brasil, italiano,<br />
francês e inglês) e outros dois<br />
com uma certa fluência (japonês e<br />
alemão), terá um papel de homemimagem<br />
para a Copa brasileira.<br />
<strong>Comunità</strong><strong>Italiana</strong>: Então, como<br />
você se vê no futuro?<br />
leonardo: Por enquanto sou o<br />
treinador do Milan até o vencimento<br />
do contrato. Depois vou<br />
ver. Na áfrica do sul vou poder estudar,<br />
ver, observar. Preciso agradecer<br />
ao Milan pela oportunidade<br />
que me deu de treinar um time de<br />
tanto prestígio, acreditando nas<br />
minhas capacidades. tentamos fazer<br />
o possível, considerando também<br />
a reorganização técnica e as<br />
condições de alguns gigantes do<br />
time. Em um certo momento, quase<br />
chegamos ao título, um sonho<br />
realmente acalentado. Mas que ficou<br />
como tal, infelizmente.<br />
CI: amargurado devido às críticas<br />
de berlusconi?<br />
l: O futebol não se diferencia. Os<br />
presidentes querem a última palavra,<br />
seja na Nova Zelândia ou na<br />
Itália. lógico que ele tenha ficado<br />
decepcionado devido a uma competição<br />
que, até um certo momento,<br />
parecia encaminhado para uma<br />
espécie de feito histórico. Porém,<br />
tenho certeza de que dentro de algum<br />
tempo poderá ser dado valor<br />
ao esforço feito pelo time.<br />
CI: Vamos para a África do sul<br />
2010. no ranking Fifa, brasil em<br />
primeiro lugar.<br />
l: Mas esta é história e notícia. É<br />
sempre assim. O brasil tem uma<br />
variedade de campeões que permite<br />
poder escolher, e é lógico<br />
que a pontuação vai dar satisfação<br />
para o técnico. Certamente<br />
Dunga fez um trabalho sério, meticuloso,<br />
até agressivo. Como é<br />
seu gênio. sabe assumir para si<br />
as responsabilidades - nem todo<br />
mundo tem esta coragem. Dunga,<br />
nisso, é insuperável.<br />
No alto, Luís Fabiano.<br />
Ao lado, Wayne Rooney<br />
CI: Está se referindo também ao<br />
fato que tenha deixado em casa<br />
ronaldinho e pato, por exemplo,<br />
dois dos seus garotos do milan?<br />
l: Para uma Copa um técnico precisa<br />
levar em conta muitas coisas.<br />
Não é um caso o fato que se<br />
diga que é um selecionador que,<br />
depois, se torna um treinador. Ele<br />
primeiro precisa selecionar entre<br />
os que estão melhor fisicamente,<br />
os mais tranquilos, os mais disponíveis.<br />
E depois fazer deste time<br />
um projeto tático. O brasil é favorito,<br />
mas precisa ficar de olho<br />
na Itália, na Inglaterra, na Argentina.<br />
As surpresas no futebol são<br />
sempre possíveis, porém, em uma<br />
A Azzurra campeã do mundo<br />
em 2006 e a Espanha campeã<br />
da Eurocopa em 2008<br />
Copa muito menos. Vai ser uma<br />
Copa, de qualquer forma, correta,<br />
com novas estrelas e campeões já<br />
conhecidos, que vão querer escrever<br />
a última mágica página de irreproduzíveis<br />
carreiras. Mas fico<br />
intrigado ver também uma Copa<br />
de técnicos tipo Capello, já em<br />
condição de reinserir a Inglaterra<br />
no circuito, ou de Maradona que,<br />
quando jogador, era líder por ser<br />
respeitado pelos colegas.<br />
più di una volta lo ha punzecchiato<br />
in pubblico ed in privato,<br />
è adesso ritenuto erede designato<br />
del dopo-Dunga, in vista del<br />
Mondiale brasiliano del 2014. Ma<br />
c’è anche chi prefigura per lui,<br />
uomo di straordinaria capacità<br />
diplomatico-manageriale, capace<br />
di parlare 4 lingue correntemente<br />
(portoghese, brasiliano,<br />
italiano, francese e inglese) e altre<br />
due abbastanza scioltamente<br />
(giapponese e tedesco) un ruolo<br />
L’Azzura campionessa nel<br />
2006 e la Spagna campionessa<br />
dell’Eurocopa nem 2008<br />
da uomo-immagine per il mondiale<br />
brasiliano.<br />
<strong>Comunità</strong><strong>Italiana</strong>: Allora, come<br />
ti vedi in futuro?<br />
Leonardo: Per ora sono l’allenatore<br />
del Milan fino a scadenza di<br />
contratto. Poi si vedrà. In Sudafrica<br />
avrò modo di studiare, vedere,<br />
osservare. Devo ringraziare<br />
il Milan per l’opportunità che mi<br />
ha dato di allenare una squadra<br />
così prestigiosa, credendo nelle<br />
mie capacità. Abbiamo provato<br />
a fare il possibile, considerando<br />
anche la riorganizzazione tecnica<br />
e la condizione di alcuni co-<br />
Sopra, Luís Fabiano.<br />
À sinistra, Wayne Rooney<br />
lossi del team, e ad un erto punto<br />
abbiamo sfiorato lo scudetto,<br />
un sogno davvero accarezzato.<br />
Ma solo tale, purtroppo.<br />
CI: Amareggiato per le critiche di<br />
Berlusconi?<br />
L: Il calcio non si differenzia. I<br />
presidenti vogliono l’ultima parola<br />
in Nuova Zelanda e in Italia.<br />
Logico che il dottore sia rimasto<br />
deluso per un torneo che ad un<br />
certo punto sembrava avviato ad<br />
una specie di impresa storica, ma<br />
sono sicuro che tra qualche tempo<br />
si avrà modo di apprezzare lo<br />
sforzo fatto dalla squadra.<br />
CI: Passiamo al Sud Africa 2010.<br />
Nel ranking Fifa, Brasile primo.<br />
L: Ma questa è storia e cronaca.<br />
Succede sempre così. Il Brasile<br />
ha una varietà di campioni che<br />
consente di poter scegliere ed è<br />
logico che lo score dia soddisfazione<br />
al tecnico. Di sicuro, Dunga<br />
ha fatto un lavoro serio, meticoloso,<br />
anche grintoso. Com’è<br />
nel suo carattere. Sa assumersi le<br />
responsabilità, non è da pochi.<br />
Dunga in questo è insuperabile.<br />
CI: Alludi anche al fatto che abbia<br />
lasciato a casa Ronaldinho<br />
e Pato, per esempio, due tuoi ragazzi<br />
del Milan?<br />
L: Per un Mondiale un ct deve<br />
considerare tante cose. Non a caso<br />
si dice trattasi di selezionatore<br />
che poi diventa allenatore.<br />
Lui deve prima selezionare tra i<br />
più in forma, i più tranquilli, i<br />
più disponibili. E poi fare di questo<br />
team un progetto tattico. Il<br />
Brasile è favorito, ma occhio ovviamente<br />
all’Italia, all’Inghilterra,<br />
all’Argentina. Le sorprese nel<br />
calcio sono sempre possibili ma<br />
ad un mondiale molto meno. Sarà<br />
un mondiale comunque corretto,<br />
con nuove stelle e campioni<br />
già noti che vorranno scrivere<br />
l’ultima magica pagina di irripetibili<br />
carriere. Ma m’intriga molto<br />
vedere anche il Mondiale di ct<br />
tipo Capello, già capace di reinserire<br />
l’Inghilterra nel circuito, o<br />
di Maradona che da calciatore era<br />
leader anche per come veniva rispettato<br />
dai compagni.<br />
Letícia Armond<br />
uma<br />
chance<br />
a mais<br />
Una chance in più<br />
É assim que os italianos e ítalo-brasileiros encaram a<br />
Copa do Mundo de Futebol na hora de escolher por qual seleção torcer<br />
Cosí gli italiani e gli italobrasiliani affrontano la Coppa del Mondo<br />
di Calcio al momento di scegliere per quale nazionale fare il tifo<br />
Empate. Esse é o “placar<br />
emocional” que muitos ítalo-brasileiros<br />
e italianos cravam<br />
quando precisam escolher<br />
para quem vai torcer na Copa<br />
do Mundo: brasil ou Itália? Amigos<br />
de longa data, os dois países<br />
também são rivais de longa data<br />
quando se trata de futebol, paixão<br />
de ambos. No placar geral do<br />
evento, o brasil é pentacampeão.<br />
A Itália, vencedora de 2006, é tetracampeã.<br />
<strong>Comunità</strong> foi atrás de<br />
alguns italianos e ítalo-brasileiros<br />
para saber como estão sendo or-<br />
Bruno e Carmine<br />
Marasco<br />
nayra Garofle, robSon bertolino e Silvia Souza<br />
ganizadas as torcidas para o torneio<br />
de 2010, na áfrica do sul.<br />
O chef Carmine Marasco, no<br />
brasil desde 1995, já viveu a experiência<br />
de três Copas desde que P<br />
areggio. Questo è il<br />
“risultato emozionale”<br />
che molti italobrasiliani<br />
ed italiani scelgono<br />
quando devono<br />
se mudou para cá. seu irmão, o decidere per chi faranno il tifo<br />
também chef bruno Marasco, nella Coppa del Mondo: Brasile o<br />
chegou aqui em 2000 e também Italia? Amici di lunga data, i due<br />
já sabe o que é “viver” uma Co- paesi sono anche rivali di lunga<br />
pa do Mundo no brasil. Enquanto data quando si tratta di calcio,<br />
Carmine é categórico ao afirmar passione reciproca. Nel risultato<br />
que torce pela Itália, bruno cos- generale dell’evento, il Brasile è<br />
tuma brincar com seus amigos pentacampione. L’Italia, che ha<br />
italianos dizendo que torce pela vinto nel 2006, è tetracampione.<br />
seleção canarinho.<br />
<strong>Comunità</strong> ha seguito qualche<br />
capa<br />
italiano e italobrasiliano per sapere<br />
come si stanno organizzando<br />
le tifoserie per i Mondiali del<br />
2010 nell’Africa del Sud.<br />
Lo chef Carmine Marasco, in<br />
Brasile dal 1995, ha già vissuto<br />
l’esperienza di tre Coppe da quando<br />
si è trasferito qui. Suo fratello,<br />
anche lui chef, Bruno Marasco<br />
è arrivato nel 2000 e anche lui sa<br />
già cosa sia “vivere” una Coppa<br />
del Mondo in Brasile. Mentre Carmine<br />
è categorico quando afferma<br />
che fa il tifo per l’Italia, Bruno<br />
di solito scherza con gli amici<br />
italiani e dice che fa il tifo per la<br />
nazionale verdeoro.<br />
— Io lo dico e loro non ci<br />
credono, ma lo giuro che faccio<br />
il tifo per il Brasile. Ai brasiliani,<br />
dico che tifo per l’Italia. È chiaro<br />
che, in realtà, tifo per il mio<br />
Paese, ma mi piace scherzarci su<br />
— racconta Bruno, proprietario<br />
insieme al fratello dei ristoranti<br />
Da Carmine e Bar Italia a Niterói.<br />
Chi vedrà le partite nel Bar<br />
Italia, per esempio, potrà mangiare<br />
piatti della Toscana circondato<br />
da addobbi per niente imparziali:<br />
rossi, bianchi e verdi.<br />
— E’ per far abituare ancora<br />
di più le persone al clima italiano<br />
— dice Bruno.<br />
<strong>La</strong> segretaria del console generale<br />
d’Italia a Rio de Janeiro,<br />
Luigina Masello, che vive in Brasile<br />
da più di 30 anni, dice che di<br />
solito vedere le partite della Coppa<br />
a casa sua è una festa.<br />
34 C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 1 0<br />
J u n h o 2 0 1 0 / C o m u n i t à i t a l i a n a<br />
35
capa<br />
— Eu digo isso e eles não<br />
acreditam, mas juro de pés juntos<br />
que torço pelo brasil. Para os<br />
brasileiros, eu digo que torço pela<br />
Itália. É claro que, na verdade,<br />
eu torço pelo meu país, mas gosto<br />
de fazer essa brincadeira —<br />
conta bruno, proprietário, junto<br />
com o irmão, dos restaurantes Da<br />
Carmine e bar Itália, em Niterói.<br />
Quem for assistir aos jogos<br />
no bar Itália, por exemplo, vai<br />
encarar um cardápio com pratos<br />
da região da toscana, e com uma<br />
decoração nada imparcial, verde,<br />
vermelha e branca<br />
— É para as pessoas se acostumarem<br />
ainda mais com o clima<br />
italiano — diz bruno.<br />
A secretária do cônsul geral<br />
da Itália no Rio de Janeiro, luigina<br />
Masello, que vive no brasil<br />
há mais de 30 anos, afirma que,<br />
geralmente, assistir aos jogos da<br />
Copa é uma festa em sua casa.<br />
— se tem gol do brasil é<br />
uma festa, se tem gol da Itália<br />
também. Eu tenho que confessar<br />
que, no fundo, torço pela Itália.<br />
Porém, meus filhos são brasileiros<br />
e costumamos dizer que temos<br />
mais chances de vencermos<br />
a Copa, já que torcemos pela Itália<br />
e pelo brasil. Numa final entre<br />
os dois países é uma festa de<br />
qualquer jeito — brinca.<br />
O publicitário Washington<br />
Olivetto, ítalo-brasileiro com orgulho,<br />
afirma que, apesar da admiração<br />
pela Itália, seu coração<br />
bate mais forte pelo brasil quando<br />
o assunto é futebol.<br />
— torço muito para o brasil e<br />
um pouquinho para a Itália. Mas<br />
se o brasil sair e a Itália ficar, torcerei<br />
muito para a Itália e nem um<br />
pouquinho para qualquer outra se-<br />
leção. se acontecer uma final entre<br />
os dois países, meu coração<br />
não ficará dividido. torcerei pelo<br />
melhor futebol, me sentindo antecipadamente<br />
campeão e vice-campeão<br />
ao mesmo tempo — afirma.<br />
No Rio de Janeiro, o Instituto<br />
Italiano de Cultura transmitirá<br />
os jogos, na sala Itália. O diretor<br />
Rubens Piovano espera receber<br />
cerca de 200 pessoas por partida<br />
na primeira fase.<br />
— todos os italianos, descendentes<br />
e simpatizantes estão convidados<br />
a ver os jogos conosco.<br />
Não posso dizer que sou expert em<br />
futebol, mas gosto de ver. sem demagogia,<br />
sempre torci pelo brasil,<br />
porque era a seleção que tinha o<br />
melhor futebol, a que jogava solto,<br />
como um show — afirma.<br />
Na opinião de Piovano, a seleção<br />
brasileira atual está com um<br />
estilo de jogo “mais europeizada”.<br />
Mesmo assim, ele mantém a torcida<br />
pelo brasil “até que tenha de<br />
enfrentar a Itália”:<br />
— A nossa seleção, quando<br />
não é considerada favorita, costuma<br />
surpreender. Mas se fosse para<br />
apostar hoje, diria que a final será<br />
entre a Espanha e o brasil — arrisca<br />
Piovano, revelando que, na Itália,<br />
todos têm simpatia e amizade<br />
pelo brasil — Por isso não é um<br />
trauma perder para a seleção brasileira.<br />
Ao contrário do que acontece<br />
quando o adversário é um país<br />
europeu ou mesmo a Argentina.<br />
Apesar de toda a proximidade que<br />
também mantemos com esse país,<br />
aquela semifinal em 1990, na qual<br />
perdemos, é difícil de esquecer.<br />
O presidente da Associação<br />
Cultural ítalo-brasileira de Minas<br />
gerais, Mario Araldi, conta que<br />
vai assistir os jogos do brasil em<br />
Convocados da seleção brasileira que atuam na Itália<br />
Convocati della nazionale brasiliana che giocano in Italia<br />
Juventus milan roma Internazionale<br />
Felipe Melo<br />
mEio-campista<br />
cEntRocampo<br />
thiago silva<br />
zaguEiRo<br />
difEnsoRE<br />
doni<br />
golEiRo<br />
poRtiERE<br />
Juan<br />
zaguEiRo<br />
difEnsoRE<br />
— Se c’è un gol del Brasile è<br />
una festa, se c’è un gol dell’Italia,<br />
pure. Devo confessare che, in fondo,<br />
faccio il tifo per l’Italia. Ma i<br />
miei figli sono brasiliani e di solito<br />
diciamo che abbiamo più chance<br />
di vincere la Coppa visto che<br />
tifiamo per l’Italia e per il Brasile.<br />
In una finale tra i due paesi è comunque<br />
una festa — scherza.<br />
Il pubblicitario Washington<br />
Olivetto, orgoglioso di essere<br />
italobrasiliano, dice che malgrado<br />
ammiri l’Italia il suo cuore<br />
batte più forte per il Brasile<br />
quando si tratta di calcio.<br />
— Tifo molto per il Brasile e<br />
un po’ per l’Italia. Ma se il Brasile<br />
perde e l’Italia rimane, farò il tifo<br />
per l’Italia e neanche un po’ per<br />
qualsiasi altra nazionale. Se ci sarà<br />
una finale tra i due paesi, il mio<br />
cuore sarà diviso a metà. Tiferò per<br />
il miglior calcio, sentendomi campione<br />
e vice campione allo stesso<br />
tempo, in anticipo — dice.<br />
A Rio de Janeiro, l’Istituto<br />
Italiano di Cultura trasmetterà le<br />
partite nella Sala Italia. Il direttore<br />
Rubens Piovano spera di ricevere<br />
circa 200 persone a partita<br />
nella prima fase.<br />
— Tutti gli italiani, discendenti<br />
e simpatizzanti, sono invitati<br />
a vedere le partite con noi.<br />
Non posso dire di essere uno specialista<br />
di calcio, ma mi piace vederlo.<br />
Senza demagogia, ho sempre<br />
fatto il tifo per il Brasile, perché<br />
era la squadra con il miglior<br />
calcio e che giocava libera, come<br />
uno show — afferma.<br />
Secondo Piovano, la nazionale<br />
brasiliana attuale presenta<br />
uno stile di gioco “più europeizzato”.<br />
Malgrado questo continua<br />
a tifare per il Brasile “fino a<br />
Júlio Baptista<br />
atacantE<br />
attaccantE<br />
lúcio<br />
zaguEiRo<br />
difEnsoRE<br />
quando affronterà l’Italia”:<br />
— <strong>La</strong> nostra squadra, quando<br />
non è considerata favorita, di<br />
solito sorprende. Ma se dovessi<br />
scommettere oggi, direi che la finale<br />
sarà tra Spagna e Brasile —<br />
rischia Piovano rivelando che, in<br />
Italia, tutti dimostrano simpatia<br />
ed amicizia per il Brasile. — Per<br />
questo non è un trauma perdere<br />
per la squadra brasiliana. Al contrario<br />
di ciò che accade quando<br />
l’avversario è un paese europeo<br />
o anche l’Argentina. Nonostante<br />
i legami che manteniamo anche<br />
con quel paese, quella semifinale<br />
del 1990, quando abbiamo perso,<br />
è difficile da dimenticare.<br />
Il presidente della Associação<br />
Cultural Ítalo-Brasileira di<br />
Minas Gerais, Mario Araldi, dice<br />
che vedrà le partite del Brasile a<br />
casa. Invece quelle dell’Italia le<br />
vedrà in Praça JK, dove il comune<br />
di Belo Horizonte ha messo su<br />
una struttura con uno schermo<br />
gigante su cui saranno proiettate<br />
tutte le partite della Coppa. Dice<br />
che tutta la comunità italiana<br />
sarà presente nella piazza.<br />
— Le partite delle fasi finali<br />
le vedremo nel salone di feste<br />
del Cruzeiro Esporte Clube, ex Palestra<br />
Itália. Il mio cuore non è<br />
diviso in due. Qualunque squadra<br />
vinca, ne sarò felice. Sono orgoglioso<br />
di essere nove volte campione<br />
del mondo, cinque col Brasile<br />
e quattro con l’Italia — dice<br />
Araldi, confessando di avere una<br />
superstizione al momento delle<br />
partite. — Mi piace vederle nello<br />
stesso posto e uso sempre le stesse<br />
mutande, quelle della fortuna.<br />
A São Paulo la pedagoga Carolina<br />
Polisel, che è brasiliana,<br />
potrebbe trovare una “barriera”<br />
Maicon<br />
latERal<br />
latERalE<br />
Julio césar<br />
golEiRo<br />
poRtiERE<br />
casa. Já os da Itália, verá na Praça<br />
JK, onde a prefeitura de belo<br />
Horizonte montou uma estrutura<br />
com telão onde serão transmitidos<br />
todos os jogos da Copa. Ele<br />
afirma que toda a comunidade<br />
italiana estará presente na praça.<br />
— Os jogos das fases finais assistiremos<br />
no salão de festas do<br />
Cruzeiro Esporte Clube, ex-Palestra<br />
Itália. Não fico com o coração dividido.<br />
Qualquer um que ganhe, ficarei<br />
feliz. tenho orgulho de ser nove<br />
vezes campeão do mundo, cinco<br />
pelo brasil e quatro pela Itália<br />
— afirma Araldi, confessando que<br />
tem uma superstição para a hora<br />
das partidas — gosto de assistir os<br />
jogos do mesmo lugar e uso sempre<br />
a mesma cueca, a cueca da sorte.<br />
Em são Paulo, a pedagoga<br />
Carolina Polisel, que é brasileira,<br />
poderá encontrar uma “barreira”<br />
a sua frente. É que seu namorado,<br />
o publicitário Marco saurin,<br />
nasceu na Argentina, viveu<br />
em Milão por mais de 20 anos,<br />
e é torcedor ferrenho da Itália.<br />
segundo ela, em caso de um jogo<br />
entre brasil e Itália a possibilidade<br />
dela torcer pela Itália é grande,<br />
já que tem forte simpatia pelo país<br />
do namorado.<br />
— Devemos assistir aos jogos<br />
com familiares e amigos quando<br />
for o jogo do brasil. E em casa,<br />
quando for da Itália — conta.<br />
Para a arquiteta italiana Annalisa<br />
Fazzioli tavares, que mora<br />
em são bernardo do Campo (região<br />
do AbC Paulista), quando a<br />
Itália entre em campo seu coração<br />
é italiano, mas quando é um<br />
jogo do brasil, ela torce pelo país<br />
que a acolheu com tanto carinho.<br />
— Em um jogo entre brasil e<br />
Itália eu torço para quem estiver<br />
ganhando, assim vibro com meu<br />
marido — diz ela Annalisa, casada<br />
há 30 anos com o arquiteto Antônio<br />
Carlos Amaral tavares — É<br />
uma disputa sadia para nós assistir<br />
a um jogo entre as duas seleções,<br />
brasil e Itália. Nos primeiros<br />
30 minutos de partida eu até fico<br />
um pouco dividida, mas depois a<br />
tensão do jogo passa — completa.<br />
Já a embaixatriz da Itália no<br />
brasil, Antonella la Francesca,<br />
afirma não gostar muito de futebol,<br />
mas quando o assunto é Copa<br />
do Mundo, ela sempre fica mais<br />
atenta às notícias:<br />
— Confesso que não sou de<br />
acompanhar nada de futebol, mas<br />
com a seleção a gente acaba dando<br />
uma olhadinha. Meu marido deve<br />
reunir os funcionários para assistirem<br />
juntos as partidas — conta.<br />
na arquibancada<br />
Os paulistanos têm diversas opções<br />
para curtir a Copa. são diversos<br />
bares e restaurantes que<br />
estão se preparando para atrair<br />
os apaixonados por futebol e, é<br />
claro, com uma boa refeição. Os<br />
estabelecimentos estão caprichando<br />
em um cardápio com ares<br />
verde-amarelo, além de opções<br />
gastronômicas diferenciadas.<br />
Além disso, um telão, no Vale<br />
do Anhangabau, no centro da cidade,<br />
promete ser o grande ponto<br />
de encontro dos torcedores,<br />
durante as partidas da seleção<br />
brasileira na Copa do Mundo.<br />
Na cidade maravilhosa não poderia<br />
ser diferente. O Rio de Janeiro<br />
será uma das seis cidades ao redor<br />
do mundo a sediar o International<br />
Fifa Fun Fest (IFFF), dentre sydney,<br />
Roma, berlim, Paris e Cidade do<br />
México, constituindo-se o único<br />
evento oficial da Copa do Mundo de<br />
2010 fora da áfrica do sul.<br />
O evento proporcionará à população<br />
carioca e turistas a transmissão<br />
gratuita de todos os jogos,<br />
além de entretenimentos como as<br />
apresentações de 35 atrações musicais.<br />
As atividades do IFFF-Rio<br />
serão realizadas na Praia de Copacabana<br />
entre os dias 11 de junho<br />
e 11 de julho, em uma arena de 28<br />
mil metros quadrados com capacidade<br />
para 20 mil pessoas. No local<br />
estarão funcionando dois telões<br />
de alta definição. Um deles ficará<br />
dentro da arena e outro na área<br />
externa. Esse último será ligado<br />
apenas nos dias dos jogos do brasil,<br />
além das partidas da semifinal<br />
e final da Copa do mundo.<br />
Jogos da Itália na Copa<br />
partite dell’Italia durante la Coppa<br />
data hora local duelo<br />
14/6 15h30 cidade do caBo itália X coréia do norte<br />
20/6 15h30 nelspruit itália X nova Zelândia<br />
24/6 11h JohanesBurgo eslováquia X itália<br />
Jogos do brasil na Copa<br />
partite del brasile durante la Coppa<br />
data hora local duelo<br />
15/6 15h30 JohanesBurgo Brasil X coréia do norte<br />
20/6 15h30 JohanesBurgo Brasil X costa do MarFiM<br />
25/6 11h durBan Brasil X portugal<br />
di fronte a se. Il suo ragazzo,<br />
il pubblicitario Marco Saurin, è<br />
nato in Argentina, ha vissuto a<br />
Milano per più di 20 anni ed è<br />
tifoso marcio dell’Italia.<br />
Secondo lei nel caso di una<br />
partita tra Brasile e Italia la<br />
possibilità che lei faccia il tifo<br />
per l’Italia è rande, visto che<br />
sente una grande simpatia per<br />
il paese del ragazzo.<br />
— Vedremo le partite con<br />
la famiglia e gli amici quando<br />
saranno quelle del Brasile. E<br />
a casa quando saranno quelle<br />
dell’Italia — racconta.<br />
Annalisa: “torço para<br />
quem estiver ganhando”<br />
Annalisa: “tifo per chi sta<br />
vincendo”<br />
Per l’architetta italiana Annalisa<br />
Fazzioli Tavares, che abita<br />
a São Bernardo do Campo<br />
(zona dell’ABC Paulista), quando<br />
l’Italia entra in campo il suo<br />
cuore è italiano, ma quando è<br />
una partita del Brasile lei fa il<br />
tifo per il paese che l’ha accolta<br />
con tanto affetto.<br />
— In una partita tra Brasile<br />
e Italia tifo per chi sta vincendo,<br />
cosí vibro con mio marito — dice.<br />
Annalisa, sposata da 30 anni<br />
con l’architetto Antônio Carlos<br />
Amaral Tavares. — Per noi, vedere<br />
una partita tra le due squadre,<br />
Brasile e Italia, è una competizione<br />
salutare. Nei primi 30 minuti<br />
di partita rimango pure un<br />
po’ divisa, ma dopo la tensione<br />
della partita passa — conclude.<br />
Invece la moglie dell’ambasciatore<br />
d’Italia in Brasile, Anto-<br />
nella la Francesca, dice che non<br />
le piace molto il calcio, ma quando<br />
si tratta di Coppa del Mondo<br />
è sempre più attenta alle notizie:<br />
— Confesso di non essere<br />
del tipo che segue il calcio, ma<br />
con la nazionale si finisce dando<br />
un’occhiata. Mio marito dovrà riunire<br />
il personale per vedere insieme<br />
le partite — racconta.<br />
Sulle gradinate<br />
Gli abitanti di São Paulo hanno<br />
varie opzioni per vedere la Coppa.<br />
Sono diversi bar e ristoranti,<br />
che si stanno preparando per attrarre<br />
gli appassionati di calcio<br />
e, è chiaro, con un buon pasto. I<br />
locali stanno facendo bella figura<br />
con menu dalle caratteristiche<br />
verdeoro, oltre alle diverse opzioni<br />
gastronomiche.<br />
Inoltre uno schermo gigante,<br />
nella Vale do Anhangabau,<br />
al centro della città, promette di<br />
essere il grande punto di incontro<br />
dei tifosi durante le partite<br />
della nazionale brasiliana nella<br />
Coppa del Mondo.<br />
Nella città meravigliosa non<br />
poteva essere differente. Rio de<br />
Janeiro sarà una delle sei città<br />
nel mondo ad essere sede dello<br />
International Fifa Fun Fest<br />
(IFFF), tra Sydney, Roma, Berlino,<br />
Pargis e Città del Messico,<br />
che è l’unico evento ufficiale della<br />
Coppa del Mondo del 2010 fuori<br />
dall’Africa del Sud.<br />
L’evento offrirà ai carioca e ai<br />
turisti la trasmissione gratuita di<br />
tutte le partite, oltre a programmi<br />
come le presentazioni di 35<br />
gruppi musicali. Le attività dello<br />
IFFF-Rio avranno luogo nella<br />
Praia de Copacabana tra l’11<br />
giugno e l’11 luglio, in un’arena<br />
di 28mila m² con capacità di<br />
ospitare 20mila persone. Sul luogo<br />
funzioneranno due schermi<br />
giganti di alta definizione. Uno<br />
di essi sarà all’interno dell’arena<br />
e un altro nell’area esterna.<br />
Quest’ultimo sarà acceso solo i<br />
giorni delle partite del Brasile,<br />
oltre alle semifinali e alla finale<br />
della Coppa del Mondo.<br />
36 C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 1 0<br />
J u n h o 2 0 1 0 / C o m u n i t à i t a l i a n a 37
na torcida<br />
Com cerveja<br />
ROMA<br />
Lisomar Silva<br />
Troque a camisa. Deixe em casa a de seu<br />
time nacional ou estrangeiro preferido e<br />
vista as cores da sua seleção, pois começam<br />
a ferver os preparativos para o primeiro campeonato<br />
mundial de futebol africano da história.<br />
E no verão europeu, uma boa opção é<br />
acompanhar os jogos ao ar livre.<br />
Quem não abre mão de um certo<br />
conforto, pode se juntar às torcidas<br />
que se reúnem em pubs. Alguns já são<br />
tradicionais pontos de encontro em dia<br />
de clássicos de futebol por serem equipados<br />
com telões ou grandes televisores<br />
com tecnologia led - para torcer ao sabor<br />
de uma cerveja ou um chope estupidamente<br />
gelados. Um deles é o Abbey<br />
theatre Irish Pub, interessantíssimo pub<br />
irlandês com ambiente muito animado,<br />
a poucos passos da Piazza Navona. Outra<br />
opção é o Devil’s Chair Pub Roma.<br />
O nome se inspira na legendária história<br />
de escritores modernos, mas o pub nada<br />
tem de diabólico. Oferece uma vasta gama<br />
de cervejas nacionais e importadas.<br />
Encontra-se entre a Viale libia e Via Nomentana,<br />
no bairro chamado Quartiere<br />
Africano. Abbey theatre Irish Pub - Via<br />
del governo Vecchio, 51-53; Devil’s Chair<br />
Pub Roma - Via tirpolitana, 190.<br />
telões<br />
Em Roma, muitos caminhos levarão<br />
a telões. Eles estarão na Piazza<br />
Cinecittà – nas proximidades do<br />
centro cinematográfico do mesmo nome,<br />
onde Federico Fellini amava dirigir seus<br />
filmes (Metrô linha A, estação subaugusta.);<br />
Piazzale Aldo Moro - em frente à<br />
Universidade de Roma “la sapienza”, um<br />
dos principais e mais antigos centros di-<br />
brasil<br />
As novas tecnologias de imagem poderão<br />
garantir uma visão mágica das partidas<br />
do Mundial em 3D, quase como se você<br />
estivesse acompanhando todos os lances de<br />
dentro do campo. se o brasil for finalista, a<br />
prefeitura de Roma promete montar mais um<br />
telão na Piazza Navona, bem em frente à Embaixada<br />
brasileira.<br />
dáticos italianos; Via Ostiense – diante<br />
do Mercati Generali, antigo centro de<br />
abastecimento de Roma, transformado em<br />
centro cultural; Viale dei Gladiatori – em<br />
frente ao célebre Estádio Olímpico e Pontili<br />
de Ostia Lido – próximo do mar e de<br />
um dos mais importantes centros arqueológicos<br />
italianos, tão fascinante quanto<br />
Pompéia e Herculano.<br />
na brasa<br />
Se a fome estiver grande, uma opção é levar<br />
a torcida para o Hell’s grill. trata-se<br />
de uma curiosíssima e moderna churrascaria<br />
inspirada no modelo americano da steakhouse,<br />
com 150 lugares, e uma variada oferta<br />
de carne, principalmente bovina, de búfalo<br />
e frango, além de pratos de preparação rápida.<br />
localiza-se nas proximidades do centro<br />
e está sempre aberta. Hell’s grill - Via Alessandria,<br />
150.<br />
CAlCiO<br />
Andrea Ratto<br />
Campanilismo<br />
e amor patrio<br />
Riecco i Mondiali<br />
I<br />
quattro anni fra germania<br />
2006 e sud Africa 2010 sono<br />
stati i più drammatici dalla<br />
storia del calcio nostrano.<br />
Ma lo sono stati anche rispetto al<br />
panorama internazionale, equiparabili<br />
per la devastazione che<br />
vi si è compiuta solo a quelli del<br />
bando dall’Europa dei Club inglesi<br />
dopo la Finale dell’Heysel fra<br />
Juventus e liverpool.<br />
Da un punto di vista tecnico<br />
e per quanto concerne l’equilibrio<br />
del movimento calcistico<br />
italiano, ci sono stati scombussolamenti,<br />
direi terremoti, senza<br />
pari e soprattutto causati da un<br />
intervento discutibilissimo della<br />
giustizia sportiva, coi nodi che<br />
stanno venendo al pettine un’altra<br />
volta nell’imminenza della<br />
kermesse mondiale. Il calcio italiano<br />
è stato messo letteralmente<br />
sottosopra, gli effetti di questa<br />
tragedia sportiva non si sono<br />
esauriti e nel frattempo, contemporaneamente<br />
a un abbassamento<br />
generalizzato del tenore calcistico<br />
con pochissime eccezioni,<br />
se non solo una, si è ridisegnata<br />
la cartina dell’Italia del pallone e<br />
con essa si sono riaccesi fuochi<br />
che sembravano sopiti, quelli dipendenti<br />
dal campanilismo.<br />
Uso il termine campanilismo<br />
in senso lato, riferendomi non<br />
tanto all’attaccamento dei tifosi<br />
alla squadra della propria città<br />
e nemmeno ai giocatori che da<br />
essa provengono. Farlo sarebbe<br />
una sciocca stonatura oggi che<br />
ci sono quasi più giocatori stranieri<br />
che italiani e soprattutto<br />
sono praticamente scomparse le<br />
bandiere, con le ultime rimaste<br />
che stanno vivendo la fase calante<br />
della propria carriera. si<br />
tratta più che altro dell’affermazione<br />
di una nuova e isterica<br />
identità di chi vive in Italia,<br />
slegata da quella del Paese<br />
e che si sta sostituendo al reale<br />
campanilismo, quello radicato<br />
in tanta gente in conseguenza<br />
di un Paese che esiste giusto da<br />
centocinquant’anni o giù di lì<br />
senza che nel frattempo siano<br />
stati fatti anche gli italiani. E<br />
se le differenze sono una potenziale<br />
ricchezza è vero però che<br />
un reale spirito aggregativo ancora<br />
manca.<br />
Quattro anni fa si erano tutti<br />
stretti intorno a una Nazionale<br />
non dissimile da quelle che l’avevano<br />
preceduta né da quella di<br />
oggi, coi tifosi di tutto il Paese<br />
che erano abituati a incitare calciatori<br />
che non giocavano nella<br />
loro squadra del cuore, riuscendo<br />
a deporre le armi per un mese,<br />
arrendendosi a una fantastica<br />
quanto insondabile magia per cui<br />
totti stava bene anche a un laziale<br />
e Camoranesi a interisti e<br />
milanisti. Questa volta invece è<br />
netta la sensazione che le cose<br />
siano cambiate.<br />
lippi, lo stesso c.t. ma anche<br />
la stessa persona di quattro anni<br />
fa, è stato attaccato per due anni<br />
interi, da quando ha ripreso il<br />
proprio posto dopo la parentesi<br />
di Donadoni. Prima delle scelte<br />
definitive, che l’hanno sfoltito, il<br />
gruppo tradizionalmente numeroso<br />
di nazionali provenienti dalla<br />
Juventus aveva portato all’affrettata<br />
definizione di Italjuve in<br />
senso chiaramente dispregiativo.<br />
Per finire, sempre più frequenti<br />
sono le dichiarazioni di simpatia<br />
per altre Nazionali che moltissimi<br />
italiani stanno facendo, non<br />
tanto come effetto della globalizzazione,<br />
quanto perché la<br />
squadra di Club che tifano schiera<br />
un po’ di giocatori di una particolare<br />
selezione straniera. E se<br />
anche questo non corrispondesse<br />
al reale andamento generale<br />
del tifo nel Paese, certamente è<br />
quanto sta presentando la maggior<br />
parte della stampa.<br />
In questi quattro anni, squadre<br />
che in passato non avevano<br />
mai lottato per i traguardi più<br />
prestigiosi si sono affacciate al<br />
cosiddetto grande calcio e sem-<br />
bra che siano bastati pochi punti<br />
in più in classifica a rendere<br />
i loro tifosi innanzitutto devoti<br />
ai loro colori e solo in seconda<br />
battuta, magari, attaccati all’azzurro.<br />
Potrei essere smentito, ma<br />
solo in ragione di un’improvvisa<br />
inversione di tendenza. I presupposti<br />
sono infatti quelli di una<br />
riduzione sensibile della piattaforma<br />
del tifo per la Nazionale in<br />
ragione di una soddisfazione per<br />
il proprio Club talmente grande,<br />
ma soprattutto inusitata, che in<br />
preda a una sbornia campanilistica,<br />
appunto, Mondiali ed Europei<br />
possono andare in qualunque<br />
modo, tanto ormai moltissima<br />
gente è già contenta che la<br />
sua Inter vinca o che la sua samp<br />
si sia classificata per le Coppe. A<br />
questo punto se Pirlo, Cannavaro<br />
e Criscito fanno male, tutto sommato<br />
è una gioia da tifoso in più.<br />
Anche se quattro anni fa gli stessi<br />
giocatori andavano o sarebbero<br />
andati ancora bene.<br />
E dato che alle grandi soddisfazioni<br />
degli uni, amplificate<br />
in modo innaturale da Calciopoli<br />
con il tutti-contro-tutti che ne è<br />
derivato, corrisponde l’esasperata<br />
frustrazione di altri, a questi<br />
ultimi va altrettanto bene che<br />
balotelli rimanga fuori, come i<br />
genoani ridono per Cassano che<br />
resta a casa.<br />
Forse l’Italia sta davvero<br />
cambiando, perché il calcio ne<br />
è un indicatore formidabile. C’è<br />
però da chiedersi dove stia andando<br />
perché alcune soddisfazioni,<br />
soprattutto se basate su<br />
un’avversione, sono tanto effimere<br />
quanto debilitanti. E sono<br />
anche un segnale di grande impoverimento.<br />
38 C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 1 0<br />
J u n h o 2 0 1 0 / C o m u n i t à i t a l i a n a 39
futebol<br />
Festa à<br />
milanesa<br />
Inter comemora título esperado há 45 anos com quatro brasileiros no time campeão<br />
a<br />
praça do Duomo superou<br />
a capacidade do estádio<br />
de san siro, com cem mil<br />
torcedores apinhados uns<br />
aos outros, a ponto da estação<br />
do metrô ser fechada para embarques<br />
e desembarques. O principal<br />
ponto de encontro da cidade<br />
de Milão ficou lotado durante<br />
a transmissão da partida final da<br />
Copa dos Campeões, disputada,<br />
mês passado, entre o italiano Inter<br />
e o alemão bayern de Munique,<br />
em Madri, na Espanha.<br />
Depois da vitória da Inter, o<br />
pátio externo da imensa catedral<br />
gótica foi cenário da festa dos<br />
torcedores italianos que esperavam<br />
por este momento já fazia<br />
45 anos. Os dois gols do argentino<br />
Diogo Milito trouxeram o<br />
prestigioso troféu de volta para<br />
Milão e deixaram com a mão<br />
na boca o arqui-rival Milan. Pela<br />
primeira vez, na história do clu-<br />
Piazza Duomo<br />
be, a Inter conseguiu vencer as<br />
três principais competições numa<br />
só temporada: a Copa Itália,<br />
o scudetto e a Champions<br />
league. E as conquistas ocorreram<br />
com quatro brasileiros no time:<br />
o goleiro Júlio César, os zagueiros<br />
lúcio e Maicon (também<br />
lateral) e o meio campista thiago<br />
Motta (que foi suspenso e não<br />
participou do jogo da final). Ou<br />
seja, do meio campo para trás, o<br />
idioma do time era o português<br />
- sem levar em conta o técnico<br />
José Mourinho e o atacante Quaresma,<br />
ambos portugueses.<br />
sobre o guarda-chuva italiano<br />
da Inter abrigava-se uma verdadeira<br />
legião estrangeira. No<br />
total, o time conta com 20 estrangeiros<br />
e 5 italianos. Não importa.<br />
A vitória foi do clube milanês<br />
“com um expressivo futebol<br />
italiano”, como diria mais tarde<br />
o técnico José Mourinho. Depois<br />
de chorar pela vitória, ele jogou<br />
um banho de água fria na torcida<br />
e na presidência, ao anunciar que<br />
não continuaria no clube.<br />
O grande mérito de Mourinho<br />
foi o de tirar o máximo de cada<br />
um dos jogadores. Quem não<br />
correspondia simplesmente não<br />
jogava. A agregação e potencialização<br />
de valores pessoais e profissionais<br />
elevaram o grupo a um<br />
nível de qualidade técnica, disciplina<br />
tática e força física nunca<br />
antes visto. Em destaque, a defesa<br />
nos pés de lúcio e Maicon e<br />
nas mãos de Júlio César.<br />
Guilherme aquino<br />
coRREspondEntE • milão<br />
— trabalhamos muito neste<br />
ano e acho que tudo o que ganhamos<br />
é nosso mérito. Enfrentamos<br />
uma grande equipe que também<br />
mereceria vencer, porque sabemos<br />
que chegar a uma final é muito<br />
difícil — diz Maicon, o único brasileiro<br />
a comentar o jogo.<br />
A manutenção de um alto desempenho<br />
ao longo de uma temporada<br />
inteira é fruto de muito<br />
trabalho. Mas o técnico Dunga,<br />
não precisa se preocupar. O goleiro<br />
e os dois zagueiros, titulares<br />
absolutos da seleção brasileira e<br />
do treinador Mourinho, estão numa<br />
sequência de resultados e conquistas<br />
que a Copa do Mundo seria<br />
a cereja da torta para eles. A experiência<br />
internacional do quarteto<br />
verde e amarelo proporciona maior<br />
garantia, segurança e amadurecimento<br />
em jogos importantes,<br />
além de passar tranquilidade aos<br />
companheiros com menos tempo<br />
de casa e de disputas difíceis.<br />
Os brasileiros interistas foram<br />
uns dos mais aplaudidos durante a<br />
festa de chegada na cidade de Mi-<br />
Diego Milito<br />
lão. Em tempo recorde, foi organizada<br />
uma recepção com as portas<br />
do estádio de san siro abertas para<br />
a torcida, no final da madrugada.<br />
A transferência dos torcedores<br />
da praça do Duomo para o estádio<br />
foi feita em uma grande caravana<br />
de carros, cobertos por bandeiras<br />
e com as buzinas tocando alto,<br />
não deixando a cidade dormir,<br />
como se comemorassem o título<br />
mundial de futebol.<br />
Para as autoridades municipais,<br />
a festa da vitória da Champions<br />
league foi um teste para o<br />
Lúcio e Maicon se emocionam com o título enquanto<br />
Júlio César beija, com orgulho, a taça<br />
Mundial da áfrica do sul. E ele foi<br />
aprovado. O único problema foi a<br />
reclamação das autoridades eclesiásticas<br />
preocupadas pela profanação<br />
esportiva do local de culto<br />
sagrado. A igreja do Duomo, à<br />
sombra de dois mega-telões, não<br />
agrada ao time da batina. A confusão<br />
e alguns excessos na porta<br />
da igreja não foram bem vistas<br />
pelos membros da cúria milanesa.<br />
Os lamentos chegaram aos ouvidos<br />
da prefeita da cidade, letizia<br />
Moratti. Ela respondeu que não<br />
entendia “as palavras da cúria” e<br />
garantiu o local como ponto de<br />
encontro para se assistir os jogos<br />
da Copa do Mundo.<br />
treze meses após a Inter de<br />
Milão ter rescindido seu<br />
contrato, Adriano acertou<br />
sua volta à Itália. Dessa<br />
vez, quem ficou com o passe do<br />
“craque problema” foi a Roma,<br />
com quem assinará um contrato<br />
de três anos. sem vaga na seleção<br />
brasileira do técnico Dunga,<br />
o jogador se despediu, mês passado,<br />
do clube carioca Flamengo<br />
onde atuou neste último ano.<br />
— Consegui retomar minha<br />
alegria jogando no Flamengo.<br />
Joguei sete anos na Itália e sinto<br />
que falta algo para apagar a<br />
impressão que eu deixei quando<br />
saí de lá. Eu devia este retorno a<br />
eles. E até por meu orgulho, quero<br />
voltar, mostrar que amadureci<br />
— diz Adriano.<br />
sem ele, a Inter conquistou<br />
todos os campeonatos possíveis<br />
em um ano. Já a Roma terminou<br />
em segundo lugar no Campeonato<br />
Italiano, apenas dois pontos<br />
atrás da Inter. No período em<br />
que esteve no Flamengo, Adriano<br />
participou da conquista do<br />
Campeonato brasileiro de 2009<br />
e também da eliminação do time<br />
da taça libertadores, principal<br />
competição de futebol entre<br />
clubes da América do sul.<br />
Como o Flamengo, a Roma<br />
também tem um comando feminino.<br />
A presidente do clube é Rosella<br />
sensi. três dos seus jogadores<br />
foram convocados por Dunga<br />
para disputar o Mundial, na áfrica:<br />
o goleiro reserva Doni, o zagueiro<br />
Um dos últimos escândalos: capa<br />
do popular jornal carioca O Dia<br />
compromete Adriano. Segundo<br />
empresário do jogador, a foto foi<br />
feita na casa dele, na Itália, e a<br />
arma que segura é de paintball<br />
De volta<br />
Adriano anuncia contratação pela Roma por três anos<br />
Juan e o também reserva do clube<br />
Júlio baptista. O goleiro titular<br />
é o brasileiro Júlio sérgio.<br />
O contrato de Adriano com a<br />
Inter tinha validade até junho<br />
de 2010. Foi rescindido “de<br />
maneira consensual” no dia<br />
1º de abril de 2009. Durante<br />
três anos, os dirigentes da Inter<br />
tentaram contornar as indisciplinas<br />
do jogador. A gota<br />
d’água para o clube foi o fato<br />
de Adriano não ter se apresentado<br />
depois de compromissos<br />
com a então seleção brasileira.<br />
Ele não apenas não viajou<br />
para a Itália como sumira por três<br />
dias. Nesse período, circulou pelo<br />
morro da Chatuba, favela que faz<br />
Sônia apolinário<br />
parte do Complexo do Alemão, na<br />
Penha, um dos lugares mais perigosos<br />
do Rio de Janeiro por conta<br />
do tráfico de drogas. Na época,<br />
o diretor da Delegacia Antissequestro<br />
(DAs), Marcus Reimão,<br />
informou que o jogador estava na<br />
“companhia de amigos” na favela<br />
onde nasceu e foi criado. segundo<br />
o policial, dois desses amigos<br />
de infância de Adriano são chefões<br />
do tráfico da região.<br />
De volta ao brasil, Adriano<br />
desembarcou no Flamengo, clube<br />
com a maior torcida no Rio<br />
de Janeiro. Ainda tratado como<br />
Imperador – pela torcida e pelos<br />
dirigentes do clube carioca - o<br />
jogador fez, literalmente, o que<br />
futebol<br />
quis. Nem sempre aparecia para<br />
treinar. Nem sempre aparecia para<br />
jogar. Fora de campo, manteve<br />
a rotina de protagonizar escândalos.<br />
Vivia, de fato, entre tapas<br />
e beijos com a namorada que, depois,<br />
virou noiva. Adriano também<br />
teve seu nome envolvido<br />
em uma investigação policial por<br />
conta de uma motocicleta que<br />
ele teria comprado e colocado no<br />
nome da mãe de um dos traficantes<br />
mais perigosos e procurados<br />
do Rio de Janeiro que, por coincidência,<br />
também era o chefe do<br />
tráfico da favela da Chatuba. A<br />
investigação não deu em nada.<br />
Independente do que estivesse<br />
acontecendo ao redor, as<br />
festas na casa do jogador eram<br />
contínuas e cada vez mais frequentadas<br />
por outros colegas<br />
do Flamengo. A falta de disciplina<br />
no clube chegou a tal<br />
ponto que acabou por derrubar<br />
o técnico Andrade.<br />
— Não me sinto em dívida<br />
com o Flamengo. saio de cabeça<br />
erguida, pela porta da frente.<br />
Agradeço ao clube por ter recuperado<br />
a felicidade. Fui bem acolhido.<br />
O Flamengo me ajudou e<br />
eu ajudei o clube. Fiz meu trabalho<br />
aqui — afirma o jogador.<br />
O contrato com o novo clube<br />
só será assinado quando chegar<br />
na Itália. Adriano é esperado na<br />
Roma este mês. Especula-se que<br />
ele vá ganhar 6,8 milhões de reais<br />
por ano. Foi o procurador do<br />
jogador, gilmar Rinaldi, quem se<br />
encarregou de anunciar o novo<br />
destino de Adriano, dois dias antes<br />
do fim do seu contrato com<br />
o Flamengo, na própria sede do<br />
clube, na gávea.<br />
A presidente do time, Patrícia<br />
Amorim, se limitou a declarar<br />
que tinha interesse na permanência<br />
do jogador, mas que o<br />
caso “dependia apenas do Adriano”.<br />
Ele, por sua vez, afirmou que<br />
pretendia voltar para o clube por<br />
ser “rubro-negro doente”:<br />
— sei que minhas responsabilidades<br />
aumentam. Não que<br />
não as tivesse aqui (no Flamengo).<br />
Mas sei que não posso fazer<br />
o que fiz antes. Eles (os dirigentes<br />
da Roma) acompanham, sabem<br />
das coisas erradas que fiz.<br />
Admito, não nego, e me arrependo<br />
de algumas coisas. Estou<br />
pronto, preparado para não repetir<br />
mais esses erros. lá (na Itália)<br />
também terei estrutura. Minha<br />
família vai comigo.<br />
40 C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 1 0<br />
J u n h o 2 0 1 0 / C o m u n i t à i t a l i a n a 41
eSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSalute<br />
mulher bonita faz mal<br />
Um estudo da Universidade de Valência,<br />
na Espanha, indica que ficar<br />
frente a frente com uma mulher bonita<br />
faz mal à saúde - dos homens. Os estudiosos<br />
descobriram que, se um homem<br />
passa pelo menos cinco minutos ao lado<br />
de uma bela mulher, seu corpo acelera<br />
a produção do hormônio cortisol, que<br />
aumenta a pressão arterial e o nível de<br />
açúcar no sangue. Durante a pesquisa, os<br />
cientistas examinaram o comportamento<br />
de 84 rapazes. Os voluntários recebiam<br />
um sudoku para solucionar e eram, então,<br />
encaminhados a uma sala onde estavam<br />
um homem e uma mulher. Pouco<br />
tempo depois, a mulher deixou a sala.<br />
sozinhos com outro homem, os voluntários<br />
não apresentaram quaisquer alterações<br />
nos níveis de cortisol. Já quando o<br />
homem deixou a sala e os rapazes ficaram<br />
sozinhos com a mulher, seus níveis<br />
do hormônio ficaram elevados.<br />
rindo à toa<br />
Rir traz os mesmos benefícios que o exercício<br />
físico: reduz os hormônios do estresse,<br />
a pressão arterial e o mau colesterol;<br />
beneficia o sistema imunológico, aumenta o<br />
colesterol bom e também o apetite. Exatamente<br />
como a prática desportiva, seja ela qual for.<br />
É o que diz o estudo mais recente, apresentado<br />
na conferência de Experimental biology,<br />
em Anaheim, demonstrando que o ‘exercício<br />
do sorriso’, rebatizado em inglês <strong>La</strong>ughercise,<br />
aumenta o hormônio do apetite, a grelina, e<br />
reduz o hormônio que corta a forme, leptina.<br />
42<br />
Cerveja<br />
Uma pesquisa australiana revela que pernilongos<br />
e demais mosquitos gostam do<br />
sangue de quem bebe cerveja. Os estudiosos<br />
reuniram voluntários - homens de 20 a 43<br />
anos - em burkina Faso, na áfrica, e analisaram<br />
a reação dos insetos diante de um grupo<br />
que bebeu cerveja e outro que bebeu água.<br />
Ao final da experiência, os cientistas verificaram<br />
que o grupo dos bebedores de cerveja<br />
atraiu 47% dos mosquitos contra 38% dos<br />
que beberam apenas água. Os pesquisadores<br />
não souberam dizer o motivo pelo qual os insetos<br />
preferem o cheiro de bebedores de cerveja,<br />
mas acreditam que não há relação com<br />
a mudança da respiração ou com o aumento<br />
da temperatura do corpo.<br />
novidade<br />
A<br />
C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 1 0<br />
quinua, pseudocereal venerado pelos<br />
povos dos Andes, desembarcou no<br />
brasil há pouco tempo. Ela carrega substâncias<br />
capazes de melhorar o transporte<br />
de oxigênio pelas células do sangue. Isso<br />
justifica em parte a sobrevivência dos antigos<br />
exércitos andinos ao chamado “mal<br />
da altitude”, ou seja, jornadas de trabalho<br />
hercúleas sob as dificuldades do ar rarefeito.<br />
Pesquisas recentes apontam que as<br />
fibras e a saponina, substância detergente<br />
que recobre a quinua, poderiam reduzir os<br />
níveis de colesterol produzido pelo fígado.<br />
Incluí-la no cardápio seria também uma<br />
maneira de combater a obesidade.<br />
Coado<br />
O<br />
café coado, além de prevenir doenças<br />
cardíacas, é benéfico para pessoas<br />
que já tiveram algum problema no<br />
coração. Já o café expresso, por não ser<br />
filtrado, pode aumentar o colesterol. A informação<br />
é de um estudo preliminar realizado<br />
pelo Instituto do Coração (Incor) do<br />
Hospital das Clínicas e a Empresa brasileira<br />
de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).<br />
“As substâncias do café são semelhantes<br />
às que estão presentes no vinho e nos sucos<br />
de frutas. Ajudam a combater a diabetes<br />
e aumentam a energia”, explica o<br />
cardiologista luiz Antonio Machado César,<br />
coordenador da pesquisa. “O coador é capaz<br />
de reter as substâncias gordurosas do<br />
café, o que não acontece com o expresso.”<br />
melhor dormir<br />
De acordo com um estudo feito pelos<br />
cientistas da Universidade de Warwick<br />
em colaboração com a Universidade de Medicina<br />
Federico 2º em Nápoles, Itália, pessoas<br />
que dormem menos que seis horas por noite<br />
têm chances 12% maiores de morrer em um<br />
período de 25 anos do que as pessoas que<br />
dormem o período ideal, de seis a oito horas.<br />
O estudo analisou os padrões de sono e mortalidade<br />
de 1,3 milhão de pessoas compilados<br />
em 16 pesquisas anteriores da grã-bretanha,<br />
Estados Unidos, países da Europa e da ásia.<br />
Estas pessoas foram acompanhadas durante<br />
25 anos - mais de 100 mil mortes foram registradas<br />
entre elas. Na análise, os cientistas<br />
concluíram que a morte prematura pode ter<br />
ligações com pouco tempo de sono por noite<br />
ou sono excessivo, fora da faixa considerada<br />
“ideal”, entre seis e oito horas.<br />
Flip<br />
F<br />
amoso per il suo forte legame con la lingua portoghese, lo<br />
scrittore italiano Antonio tabucchi, 66, ha confermato presenza<br />
all’edizione di quest’anno della Festa literária Internacional<br />
de Paraty (Flip), nello stato di Rio de Janeiro. tabucchi, che<br />
ha già pubblicato più di 40 opere, approfitterà il suo soggiorno<br />
in brasile per lanciare la raccolta di racconti “Il tempo invecchia<br />
in fretta”, pubblicata dalla casa editrice Cosac Naify. In tutto tabucchi<br />
vanta 11 opere tradotte in brasile. Una delle più famose<br />
è “A cabeça perdida de Damasceno Monteiro” [<strong>La</strong> testa perduta<br />
di Damasceno Monteiro]. Professore di lingua portoghese presso<br />
l’Università di Pisa, sua città natale, ha curato l’edizione italiana<br />
delle opere di Fernando Pessoa. Ha anche tradotto poemi di Carlos<br />
Drummond de Andrade. la Flip avrà luogo dal 4 all’8 agosto.<br />
Vino<br />
<strong>La</strong> Camera Italobrasiliana di Commercio e Industria (CIbCI) di<br />
Rio de Janeiro festeggia l’aumento del gruppo di rappresentanti<br />
italiani nel maggior incontro di “winebusiness” dell’America<br />
latina. Con sede a são Paulo, la Expovinis 2010 ha calcolato di<br />
aver ospitato circa 180 espositori internazionali, tra cui 12 imprese<br />
e cooperative portate dalla CIbCI. Disposta a promuovere gli affari<br />
tra l’Italia e il brasile nel settore di vini e spumanti, rappresentanti<br />
di regioni come lazio, Emilia Romagna, toscana, Abruzzo e Veneto<br />
hanno esposto i loro prodotti per tre giorni durante l’evento.<br />
- Nello Espaço Itália abbiamo presentato la “italianità”, punto<br />
di riferimento per tutti coloro che vogliono conoscere nuovi e<br />
tradizionali vini italiani. Abbiamo raggiunto la meta di garantire<br />
supporto, servizi e comodità ad espositori ed importatori – mette<br />
in enfasi il direttore della CIbCI, basílio Catrini.<br />
Edificio annesso<br />
Il Museu de Arte Moderna, a Rio de Janeiro, riceverà un edificio<br />
annesso, a circa 200 metri, e sarà di due piani, con parcheggio<br />
sotterraneo e quattromial m² di area edificata. Ospiterà sale<br />
di esposizione, biblioteca, caffetteria e riserva tecnica, oltre ad<br />
un grande terrazzo con vista sulla baia da guanabara. Il progetto<br />
è dell’architetto glauco. gli investimenti saranno di 9 milioni di<br />
reais. l’edificio annesso presenterà linee semplici perché combini<br />
con il museo, il cui edificio modernista rappresenta una delle opere<br />
più importanti dell’architettura brasiliana, disegnato dall’architetto<br />
Affonso Eduardo Reidy insieme al progetto paesaggistico di<br />
Roberto burle Marx. Il MAM è stato inaugurato nel 1958.<br />
Eliseu Visconti<br />
Un anno dopo essere stati tolti per lavori di restauro, sono<br />
tornati ai loro posti i pannelli laterali del tetto del foyer del<br />
theatro Municipal di Rio de Janeiro, pitture eseguite dall’italiano<br />
Eliseu Visconti a Parigi tra il 1913 e il 1915. la restaurazione, una<br />
vecchia rivendicazione del Projeto Eliseu Visconti, è stata inclusa<br />
nei lavori di ristrutturazione del teatro nell’anno del suo centenario<br />
dal presidente della Fundação, Carla Camurati. Con il coordinamento<br />
della Holos Consultores Associados, i lavori sono stati<br />
realizzati da una équipe di restauratori supervisionati dai professori<br />
Edson Motta Júnior e Cláudio Valério teixeira. Anche le altre<br />
opere di Eliseu Visconti nel theatro Municipal – tenda del sipario,<br />
soffitto sulla platea e fregio sul palco – sono stati oggetto<br />
di riparazioni, pulizia e restaurazione, lavori messi in opera dalla<br />
équipe di Humberto Farias de Carvalho.
Fotos: Secom / Acre<br />
intercâmbio<br />
Que venham<br />
os italianos!<br />
Estado do Acre apresenta peças de artesanato e destinos turísticos<br />
na Itália dispostos a incrementar relação com país europeu<br />
se a imigração italiana no<br />
brasil nos idos de 1800<br />
transformou alguns estados<br />
e cidades em irmãos<br />
da Itália, o mesmo não se pode<br />
dizer do Acre. sem um histórico<br />
de uma relação profícua com o<br />
país europeu, a presença de italianos<br />
no estado ao norte do país<br />
se resumia a religiosos e empresários<br />
do setor hoteleiro e gastronômico,<br />
além de alguns turistas.<br />
Mas isso pode mudar a partir<br />
de 2011. Disposta a inaugurar<br />
um novo modelo de contato com<br />
a Itália, uma delegação acreana<br />
visitou Florença, Roma e Milão,<br />
com o objetivo de divulgar seus<br />
atrativos e desenhar uma parceria<br />
cultural, turística e econômica<br />
com essas cidades.<br />
Chefiada pelo secretário de<br />
Esporte, turismo e lazer do estado,<br />
Cassiano Marques, a comitiva<br />
participou da Mostra Internacional<br />
de Artesanato, feira de negócios<br />
realizada entre 24 de abril a<br />
2 de maio, em Florença. A oportunidade<br />
possibilitou ao estado,<br />
através de uma parceria públicoprivada,<br />
apresentar aos europeus<br />
os produtos artesanais e de interesse<br />
turístico. O evento reuniu<br />
850 expositores de 50 países.<br />
— Nosso artesanato tem por<br />
característica a origem florestal.<br />
são peças de madeira ou não,<br />
que remetem à identidade local,<br />
usando semente, cestaria, fibras<br />
e látex. sem falar no compromisso<br />
com a sustentabilidade ambiental,<br />
pois levamos representantes<br />
do setor que assumem a<br />
responsabilidade no manejo —<br />
afirma o secretário.<br />
Ainda segundo Marques, o setor<br />
produtivo é responsável pela<br />
inclusão social de 12 mil pessoas<br />
e conta com a participação de<br />
comunidades indígenas num trabalho<br />
que valoriza as experiências<br />
sócio-vivenciais. As peças<br />
apresentadas na Itália compõem<br />
o Catálogo do Artesanato Acreano<br />
2010 elaborado em parceria<br />
entre governo do Estado, sebrae<br />
e coordenadoria de Economia solidária,<br />
que constitui a reunião<br />
de 160 grupos de artesãos.<br />
Sílvia Souza<br />
No setor de turismo,<br />
as opções de rotas que<br />
permitem o etnoturismo e o ecoturismo<br />
servem de porta de entrada<br />
para os italianos em novos<br />
destinos. Roteiros naturais que<br />
exprimem a cultura do povo, que<br />
viabilizam o contato próximo<br />
com as experiências cotidianas<br />
dos moradores de comunidades<br />
que vivem na floresta despertaram<br />
tanto o interesse das operadoras<br />
de turismo que, de junho<br />
a outubro, missões empresariais<br />
virão ao Acre para conhecer de<br />
perto as atrações do estado.<br />
— Neste conceito estão incluídos<br />
os roteiros que abrangem<br />
aldeias e terras indígenas;<br />
rotas Amazônia-Andes-Pacífico,<br />
Caminho de Chico Mendes e da<br />
Revolução Acreana e sobrevoos<br />
em áreas onde estão localizados<br />
os geoglifos. Além disso, negociamos<br />
a exibição de dois programas<br />
em canais italianos para<br />
apresentar nossas ofertas — informa<br />
o secretário.<br />
resultados em 2011<br />
segundo Marques, os frutos dessa<br />
passagem pela Itália já poderão<br />
ser colhidos em curto prazo.<br />
A partir de 2011, o Acre deverá<br />
constar da cadeia de distribuição<br />
do portfólio de produtos de ope-<br />
radoras europeias e o governo<br />
do Estado irá apoiar a vinda de<br />
missões empresariais. O secretário<br />
informa que o turismo tem a<br />
terceira colocação na economia<br />
do estado, que recebeu 170 mil<br />
pessoas em 2009.<br />
O primeiro passo para a criação<br />
de vínculos comerciais no setor<br />
de turismo com a Itália foi<br />
dado em dezembro de 2009. Na<br />
ocasião, uma carta de intenções<br />
foi assinada para formalizar um<br />
documento que será concluído<br />
até meados do ano e deverá resultar<br />
em acordo de cooperação<br />
entre os estados da Amazônia e a<br />
Itália. O sinal verde deve atingir<br />
uma demanda reprimida de 3 milhões<br />
de turistas europeus e asiáticos<br />
que têm interesse em conhecer<br />
a região amazônica.<br />
Coordenador regional da Associação<br />
brasileira das Empresas<br />
de Ecoturismo e turismo de<br />
Aventura do Acre (Abeta) e diretor<br />
da Maanaim Amazônia, João<br />
bosco Nunes, reconhece a importância<br />
da exibição acreana<br />
na Itália. Acre e Amazonas foram<br />
os únicos estados do brasil<br />
na Mostra.<br />
— A Europa é o continente<br />
responsável pelo maior número<br />
de emissão de bilhetes para a<br />
América do sul e tivemos a oportunidade<br />
de ficar frente a frente<br />
com 12 das maiores operadoras<br />
de turismo de lá. Nossos produtos<br />
hoje são desconhecidos e são<br />
os que mais interessam os europeus,<br />
que estão cansados dos<br />
mesmos destinos e do que eles<br />
chamam de turismo de cenário<br />
— afirma Nunes.<br />
Viva la<br />
mamma!<br />
Documentário mostra voluntárias italianas<br />
que ajudam crianças carentes em São Paulo<br />
Há 92 anos, imigrantes<br />
oriundos de Polignano a<br />
Mare, na Puglia, região<br />
sul da Itália, realizam no<br />
bairro do brás, em são Paulo, a<br />
festa de são Vito. A comemoração<br />
é tida como uma das maiores<br />
fora da Itália. são Vito é o padroeiro<br />
de Polignano a Mare, protetor<br />
dos artistas, das doenças nervosas,<br />
dos jovens e dos dependentes<br />
de drogas. No brasil, graças<br />
à festa paulista, é também o<br />
protetor de muitas crianças.<br />
Organizada pela Associação<br />
beneficente são Vito Mártir, a festa<br />
é a principal fonte de recursos<br />
para a Creche são Vito, que atende<br />
gratuitamente 120 crianças de<br />
0 a 4 anos, em período integral.<br />
Nos 14 anos de existência, ja acolheu<br />
mais de 18 mil crianças.<br />
Fotos: Claudio Cammarota<br />
Gina <strong>La</strong>batti: uma das<br />
“estrelas” do documentário<br />
robSon bertolino<br />
coRREspondEntE • são paulo<br />
Realizada de maio a julho,<br />
sempre aos sábados e domingos,<br />
a festa brasileira atraiu a atenção<br />
do cineasta italiano gianni<br />
torres, de 43 anos, que filmou<br />
a edição de 2009 do evento. O<br />
resultado é o documentário Le<br />
Mamme di San Vito. Ainda sem<br />
data para ser exibido no brasil,<br />
o filme teve única apresentação,<br />
mês passado, no Círculo Italiano<br />
de são Paulo, por ocasião do início<br />
dos festejos de 2010.<br />
O documentário apresenta depoimentos<br />
das “mammas”, senhoras<br />
entre 70 e 80 anos, e tem como<br />
pano de fundo a tradicional cozinha<br />
pugliesa que elas preservam.<br />
Uma das “estrelas” do documentário<br />
é gina labatti, de 78 anos. Ela<br />
Cinco minutos com Gianni torres<br />
<strong>Comunità</strong> <strong>Italiana</strong> - Como<br />
surgiu a ideia de rodar este<br />
documentário no brasil?<br />
Gianni torres - Eu soube em<br />
Polignano a Mare que acontecia<br />
um grande festival de san Vito<br />
em são Paulo, mas ninguém<br />
sabia que o trabalho beneficiava<br />
crianças carentes. A ideia<br />
inicial foi o desejo de mostrar<br />
a grandeza desta obra de solidariedade<br />
ainda mais perfeita<br />
com as “mammas” que, apesar<br />
da idade, cozinham receitas<br />
tradicionais da culinária italiana.<br />
Percebi que isso tinha de<br />
ser documentado. Creio que levei<br />
dez meses para realizar todo<br />
o filme. A música foi um processo<br />
à parte porque quando se<br />
dá à luz ao seu próprio projeto<br />
a ideia se expande. As músicas<br />
originais da trilha sonora foram<br />
compostas e executadas por<br />
Vincenzo Abbracciante, um dos<br />
maiores talentos do acordeão.<br />
CI – as “mammas” brasileiras<br />
são parecidas com as italianas?<br />
Gt – Elas são iguais no mundo<br />
todo, creio eu. No brasil, a importância<br />
social e cultural do trabalho<br />
delas é grande porque elas<br />
auxiliam uma creche com crianças<br />
que precisam de uma contribuição<br />
social. É incrível como<br />
as “mammas”<br />
mantêm as<br />
receitas de<br />
seus pratos<br />
servidos na<br />
festa inalteradas<br />
há mais<br />
atualidade<br />
conta ter “adorado” participar do<br />
filme. segundo ela, o diretor “teve<br />
um olhar sensível” sobre a festa.<br />
— Dos meses que antecedem<br />
à festa até a sua realização, trabalhamos<br />
de manhã à noite na preparação<br />
dos pratos típicos. gianni<br />
foi muito bacana conosco. Nos divertimos<br />
na filmagem porque estávamos<br />
todas juntas. Amamos —<br />
conta a “mamma” gina. No brás<br />
também acontece a Festa da Rua<br />
de são Vito Mártir. A cada ano, a<br />
festa das “mammas” atrai cerca<br />
de 80 mil pessoas. A estimativa<br />
é que sejam consumidos 100 mil<br />
pratos de spaghetti e ricchitelle,<br />
4 mil quilos de antepasto de berinjela,<br />
32 mil ficazzelle (tipo de<br />
pastel), 13 mil ficazze (pizza alta)<br />
e 32 mil doces típicos. Para fazer<br />
tudo isso, elas gastam cinco toneladas<br />
de farinha de trigo, seis toneladas<br />
de tomate, seis toneladas<br />
de cebola, 5 mil litros de azeite de<br />
oliva e 5 toneladas de muzzarela.<br />
todas as iguarias vendidas na festa<br />
também são preparadas ao vivo<br />
pelas “mammas”.<br />
Neide Gravina, Irene Settanni e Ana Monte Real: as “mammas” de São Vito<br />
de 90 anos. Essa tradição precisa<br />
ser preservada. O preparo desses<br />
pratos na Itália já não é mais tão<br />
original porque o modo de preparo<br />
mudou com o tempo.<br />
CI - Qual é a sua relação com o<br />
mercado brasileiro de cinema?<br />
Gt – O filme Central do Brasil<br />
(de Walter salles) me marcou<br />
muito. tenho também uma forte<br />
relação com filmes mais antigos.<br />
Embora não cheguem muitos<br />
filmes novos na Itália, procuro<br />
me informar sobre o cinema<br />
brasileiro por meio de revistas<br />
especializadas. sem dúvida,<br />
filmar no brasil foi uma grande<br />
oportunidade. Eu amo o brasil.<br />
É um povo alegre e repleto de<br />
histórias interessantes que nos<br />
influenciam.<br />
44 C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 1 0<br />
J u n h o 2 0 1 0 / C o m u n i t à i t a l i a n a 45
Maria Lopes<br />
festa italiana<br />
Verde<br />
Junto à celebração, foi lançada<br />
a iniciativa “Embaixada<br />
Verde” realizada em colaboração<br />
com a empresa italiana<br />
Enel green Power. No teto do<br />
prédio, foi instalado o primeiro<br />
lote do total de 405 painéis<br />
fotovoltaicos. O projeto será<br />
finalizado em quatro meses.<br />
A perspectiva é de tornar a<br />
Embaixada auto-suficiente do<br />
ponto de vista energético.<br />
são paulo<br />
A<br />
luzes<br />
minas Gerais<br />
Para comemorar o aniversário da República <strong>Italiana</strong>,<br />
no dia 2 de junho, alguns estados brasileiros<br />
se mobilizaram para não deixar a data passar<br />
em branco. Em brasília, sede da Embaixada, o evento<br />
deste ano teve um motivo a mais para festejar: os 50<br />
anos da capital federal. O edifício se destacou com<br />
presidenta do Conselho Deliberativo da<br />
APM (Associação de Pais e Mestres) e<br />
presidenta da AVEsP (Associação das Vereadoras<br />
do Estado de são Paulo), Marilene Mariotoni,<br />
foi homenageada na Assembleia legislativa<br />
do Estado de são Paulo no dia 31 de<br />
maio. Marilene e outras personalidades receberam<br />
o troféu loba Romana por trabalhos<br />
realizados junto à comunidade italiana. Mais<br />
Comenda<br />
Em belo Horizonte, a Associação de Cultura ítalo-brasileira de<br />
Minas realizou a quarta edição de rua da Festa Nacional <strong>Italiana</strong>.<br />
Este ano, o evento ocupou dois quarteirões da Avenida getúlio<br />
Vargas, na região da savassi, e ainda contou com uma torre de Pisa<br />
cenográfica. O público pode conferir muitas atrações artísticas,<br />
entre elas a banda de Música da Aeronáutica, o grupo de Dança<br />
Folclórico tarantolato, Paola giannini com o espetáculo “Il grande<br />
Circo” e o grupo Folclórico la sereníssima, com danças da região<br />
do Vêneto. O evento contou com a presença do governador Antonio<br />
Anastasia, neto de italianos, acompanhado do cônsul, bryan<br />
bolasco e do prefeito Marcio lacerda.<br />
Também durante o evento na<br />
Embaixada, o secretário de<br />
gabinete do presidente luiz Inácio<br />
da silva lula, gilberto Carvalho,<br />
e o deputado Fabio Porta foram<br />
condecorados com o título<br />
de “Commendatore” concedido<br />
pelo presidente da República <strong>Italiana</strong>,<br />
giorgio Napolitano. Porta é<br />
deputado no Parlamento italiano, eleito pela circunscrição do Exterior,<br />
na área da América do sul. Carvalho é descendente de imigrantes<br />
italianos originários de Mântova com o sobrenome ballarotti. A comenda<br />
foi entregue aos dois pelo embaixador gherardo la Francesca.<br />
de mil pessoas estiveram presentes no evento,<br />
que fez parte das comemorações do Dia<br />
da Comunidade ítalo-brasileira e foi organizado<br />
pelo deputado estadual Vítor sapienza.<br />
O cônsul Mauro Marsili destaca que o povo<br />
italiano e seus descendentes, com trabalho,<br />
perseverança e honestidade, contribuíram<br />
para o desenvolvimento do brasil, especialmente<br />
no estado de são Paulo.<br />
os jogos de luzes criados pelo artista ítalo-brasileiro<br />
gaspare Di Caro. A fachada recebeu o aspecto das<br />
florestas tropicais brasileiras e novas formas que seguiram<br />
as linhas arquitetônicas do Coliseu. Dentre<br />
as atrações, acrobacias em lindos balões e balé de<br />
damas altíssimas.<br />
rio de Janeiro<br />
O<br />
cônsul Umberto Malnati<br />
ofereceu um jantar para<br />
cerca de 200 convidados, na<br />
Casa D’Italia, sede do consulado.<br />
O coral do Circolo Italiano<br />
fez as honras da casa, cantando<br />
o hino nacional da Itália.<br />
Diferente do que vinha sendo<br />
realizado nos últimos cinco<br />
anos, desta vez, a comemoração<br />
do aniversário da República<br />
na cidade não foi celebrada<br />
com uma festa popular.<br />
Bruno Senna<br />
Maria Lopes<br />
Copa do mundo<br />
Os jogos da Itália, atual campeã do<br />
mundo, poderão ser vistos, durante<br />
a Copa da áfrica do sul, pelos<br />
torcedores milaneses em dois grandes telões<br />
armados na cidade. Um já está instalado<br />
na praça do Duomo e foi usado com<br />
sucesso durante o Europeu, de 2008, e o<br />
Mundial de 2006. O outro poderá ser ar-<br />
arte e Censura<br />
O<br />
artista plástico Maurizio Cattalan corre o<br />
risco de não ter a sua próxima mostra<br />
realizada em Milão. A ideia seria a de projetar<br />
uma exposição durante a semana da moda, em<br />
setembro, fazendo deste calendário mundano<br />
e exclusivo algo que fosse além das passarelas.<br />
A ideia é fazer algo nos moldes da democrática<br />
semana do Design que conta com a participação<br />
de toda a cidade. Mas uma das peças, um<br />
asno com a inscrição “Inri”, foi reprovada pela<br />
organização. Isso sem falar da reapresentação<br />
da instalação dos “três meninos enforcados”<br />
que, em 2004, causou muita polêmica.<br />
mado na Arena Civica, dentro do parque,<br />
em meio à natureza – e, por isso mesmo,<br />
infestado de mosquitos. Quem optar por<br />
ver os jogos na praça do Duomo devem ficar<br />
atentos para chegarem cedo ao local.<br />
Em eventos passados, nos jogos da seleção<br />
azzurra, não sobrava espaço livre, com<br />
chuva ou sol.<br />
Concertos<br />
O<br />
fim da primavera marca apenas o começo<br />
do verão. E a mutação traz surpresas culturais.<br />
No caso da estação dos ventos quentes<br />
e das pernas de fora, Milão e arredores oferecem<br />
uma infinidade de eventos ao ar livre ou<br />
em ambientes exclusivos, mas ambos de forma<br />
gratuita ou com preços bem camaradas, que<br />
compensam colocar a mão na carteira. Imperdíveis<br />
são os concertos de música em Cinisello<br />
balsamo, no dia 12 de junho, ou em Concorrezzo,<br />
no dia 19, respectivamente, “sonhos de<br />
Amor” e “sonhos de glória”. Em Milão, o evento<br />
será no dia 1 de julho, no Parco trotter.<br />
MilãO<br />
Guilherme Aquino<br />
Grande Irmão<br />
A<br />
tecnologia anti-terrorista usada por Israel<br />
vai ser adaptada para combater os<br />
pichadores em Milão. Um novo sistema de câmeras<br />
inteligentes deve ser implantado em<br />
áreas sensíveis da cidade, como as Colunas de<br />
san lorenzo. O “olhar eletrônico” avisa ao vigilante,<br />
na sala de controle, sobre a ocorrência<br />
de uma ação suspeita. Nos dias de hoje,<br />
é o vigilante quem escolhe qual área enquadrada<br />
por algumas das centenas de câmeras<br />
instaladas deve ser observada pelo monitor.<br />
O novo modelo se antecipa ao olhar humano<br />
do segurança e dá um alerta se algo de<br />
estranho acontecer no raio de cobertura das<br />
lentes. Por exemplo, se alguém se aproximar<br />
de um monumento com um objeto que lembre<br />
uma bomba de spray a “cena” vai “chamar” o<br />
vigilante para observá-la melhor.<br />
maçã<br />
A<br />
decisão da empresa Apple de abrir<br />
uma loja em Milão foi acolhida com<br />
grande entusiasmo pela prefeita letizia<br />
Moratti. “Não podemos desiludir steven<br />
Jobs”, disse ela, numa clara mensagem<br />
ao presidente do colosso americano de<br />
produtos ícones da comunicação do século<br />
21. Agora, assessores do comune e<br />
da Apple correm para encontrar um local<br />
no centro capaz de receber o cubo de<br />
vidro ou uma variação arquitetônica da<br />
original loja da marca da maçã mordida<br />
pelo vírus do design e da alta-tecnologia.<br />
46 C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 1 0<br />
J u n h o 2 0 1 0 / C o m u n i t à i t a l i a n a 47
Betto Guaraciaba<br />
teatro<br />
o<br />
tradicional teatro Filodrammatici<br />
de Milão,<br />
bem no centro da cidade,<br />
abriu as portas e as<br />
cortinas para um espetáculo raro<br />
no panorama cultural italiano: a<br />
apresentação de uma peça brasileira,<br />
em língua portuguesa, com<br />
tradução em italiano através da<br />
projeção de legendas.<br />
Em cena, os atores sérgio sartório,<br />
Chico santana e André Reis<br />
representaram Cru, história escrita<br />
pelo consagrado roteirista, escritor<br />
e diretor Alexandre Ribon-<br />
di, capixaba de nascimento e candango<br />
por adoção. A encenação<br />
já tinha sido um dos destaques<br />
do Festival de teatro Contemporâneo,<br />
ano passado. A montagem<br />
da peça em Milão marca as comemorações<br />
pelos 50 anos de fundação<br />
da capital do brasil, cenário<br />
do ponto de partida da história. A<br />
peça foi promovida pelo Consulado<br />
geral do brasil em Milão como<br />
forma de divulgar a realidade cultural<br />
da capital federal.<br />
— Creio que a melhor maneira<br />
de mostrar o que hoje é brasília,<br />
Faroeste<br />
Candango<br />
Consulado Geral do Brasil em Milão comemora os 50 anos<br />
de Brasília com a promoção de uma peça brasileira que<br />
tem a cidade como ponto de partida para a sua história<br />
é trazer uma de suas companhias<br />
teatrais. brasília, apesar de sua<br />
jovem idade, já tem uma personalidade<br />
própria — afirma o embaixador<br />
luiz Henrique da Fonseca.<br />
A peça já tinha sido encenada<br />
no teatro goldoni da Casa<br />
d’Itália, onde ficou em cartaz por<br />
duas semanas. Não por acaso, a<br />
única noite em Milão tomou todos<br />
os duzentos lugares do teatro<br />
Filodrammatici, ao lado do la<br />
scala, e deixou muita gente do<br />
lado de fora. Quem conseguiu entrar<br />
pôde acompanhar o encontro<br />
de três personagens: Zé, um<br />
forasteiro evangélico que sai de<br />
brasília e chega ao açougue de<br />
Frutinha, travesti que mantém<br />
seu estabelecimento numa cidade<br />
de fronteira e fica curioso sobre<br />
o desejo do forasteiro em encontrar<br />
Cunha, um pistoleiro de aluguel.<br />
Aos poucos, eles percebem<br />
que possuem muitos pontos em<br />
comum. As interpretações de Chico<br />
sant’Anna, André Reis e sérgio<br />
sartório, respectivamente, ganharam<br />
aplausos em cena aberta<br />
e uma ovação de vários minutos<br />
após o espetáculo. No final da<br />
apresentação, o grupo recebeu<br />
convites para levar a peça para a<br />
Inglaterra e México, além de festivais<br />
de teatro - sem falar numa<br />
nova temporada italiana.<br />
A trama é violenta e serve de<br />
alerta ao quotidiano vivido nas<br />
grandes cidades. O medo urbano<br />
é uma característica que está assombrando<br />
a população italiana,<br />
Guilherme aquino<br />
coRREspondEntE • milão<br />
assustada pelos elevados índices<br />
de criminalidade, com reatos cometidos<br />
por italianos e estrangeiros.<br />
O tema universal da violência<br />
cala fundo no espectador<br />
que se reconhece como refém de<br />
um contexto social complexo e<br />
de difícil solução.<br />
A história narra as desavenças<br />
de quem sofre com o baixo<br />
preço da vida humana. A insegurança,<br />
a incerteza, as balas perdidas,<br />
a banalização da vida, a<br />
vingança e o ódio social são sentimentos<br />
que movem os protagonistas.<br />
E eles estão presentes na<br />
rotina da classe média, não por<br />
acaso, a principal fatia do público<br />
que prestigia o teatro.<br />
— tive o privilégio de morar<br />
quatro vezes em brasília. Pude<br />
observar sua evolução social,<br />
econômica e cultural. Da primeira<br />
vez em que morei lá, de 1970 a<br />
1972, logo que o ministério das<br />
Relações Exteriores se transferiu<br />
para lá, para se assistir a uma<br />
peça de teatro era necessário esperar<br />
a vinda de uma companhia<br />
do Rio de Janeiro, são Paulo ou<br />
belo Horizonte. Hoje, isso mudou.<br />
Agora, brasília é um pólo gerador<br />
de criações artísticas para todo o<br />
país — afirma o embaixador. — A<br />
cidade é um pólo que representa<br />
bem a sociedade brasileira, multifacetada.<br />
Afinal, para o cerrado,<br />
migraram brasileiros dos quatro<br />
cantos do país há 50, em busca<br />
de fortuna e de uma chance de<br />
melhorar de vida.<br />
agora vai<br />
Livre de entraves jurídicos, Istituto Europeo di Design retoma seu projeto no Rio<br />
Há quatro anos, o Istituto<br />
Europeo di Design tenta<br />
abrir as portas da sua filial<br />
carioca, no bairro da Urca.<br />
Depois de já ter investido cerca<br />
de 7 milhões de reais, o projeto<br />
parou preso em um emaranhado<br />
jurídico. No mês passado, os responsáveis<br />
pelo IED do Rio receberam,<br />
enfim, o sinal verde da Justiça<br />
para retomar as obras. Agora,<br />
a expectativa é de que o Istituto<br />
possa abrir suas portas em 2011.<br />
— Acreditamos que estaremos<br />
funcionando em fevereiro<br />
do ano que vem, quando começa<br />
o ano letivo. Já a área administrativa,<br />
esperamos abrir no final<br />
deste ano — informa o diretorgeral<br />
do Istituto Europeo di Design<br />
no brasil, Marco lorenzi.<br />
O IED vai funcionar em um<br />
prédio que abrigou o Cassino da<br />
Urca e o Hotel balneário, além da<br />
extinta tV tupi. A maior parte do<br />
dinheiro já investido foi na obra de<br />
restauração do local. O acordo assinado<br />
entre a prefeitura e a instituição<br />
previa o uso do prédio por<br />
25 anos, renovável por mais 25.<br />
Foi com os moradores da Urca<br />
que o IED encontrou o primeiro<br />
obstáculo para se estabelecer<br />
na cidade. Parte deles é contra a<br />
presença da instituição no local.<br />
A polêmica pode ser observada<br />
através de faixas e cartazes espalhados<br />
pelas casas do bairro.<br />
Umas contra e outras a favor da<br />
obra que restaura um dos prédios<br />
mais importantes do Rio.<br />
— No início havia mais placas<br />
contra. Hoje, muitas pessoas<br />
já aprovam o IED — diz lorenzi.<br />
No bairro, a opinião dos moradores<br />
sobre o IED estampada nas janelas<br />
As preocupações dos moradores<br />
vão desde o trânsito — já<br />
que a Urca não teria espaço para<br />
abrigar tantos carros — ao sistema<br />
de esgoto sobrecarregado.<br />
lorenzi afirma que a questão do<br />
sistema de esgoto já foi resolvida<br />
com a prefeitura. Quanto aos<br />
carros, o Istituto tenta convênio<br />
com a Unirio, para usar o estacionamento<br />
da universidade.<br />
No ano passado, vereadores<br />
da Câmara criaram um projeto de<br />
lei para que o prédio do Cassino<br />
da Urca fosse tombado pelo<br />
Instituto do Patrimônio Histórico<br />
e Artístico Nacional (Iphan).<br />
O prefeito Eduardo Paes vetou,<br />
alegando que os vereadores “cometeram<br />
um vício de iniciativa”,<br />
pois apenas o Executivo tem o<br />
direito de decidir pelo tombamento<br />
de imóveis na cidade. Na<br />
época, Paes chegou a anunciar<br />
que o IED seria transferido para<br />
o armazém 7, na Zona Portuária,<br />
mas logo depois voltou atrás.<br />
nayra Garofle<br />
— Já havíamos gasto muito<br />
dinheiro na Urca. Falamos com a<br />
prefeitura que iríamos para a zona<br />
portuária desde que recebêssemos<br />
de volta todos os custos que tivemos.<br />
É claro que isso não aconteceu<br />
— conta lorenzi, afirmando<br />
que a relação de Paes com o IED<br />
é muito boa — O prefeito, desde<br />
então, tem colaborado conosco.<br />
Outra pedra no caminho do<br />
IED foi “colocada” pelo ex-prefeito<br />
do Rio, Cesar Maia. A Justiça<br />
questionou vários contratos e<br />
obras feitos durante a sua gestão<br />
e embargou muita coisa. O IED<br />
fazia parte dessa lista. Houve<br />
ainda um questionamento a respeito<br />
do projeto de restauração<br />
do prédio feito pelo Iphan.<br />
— Nosso contrato é um contrato<br />
perfeito, onde respeitamos<br />
todas as especificações. Estamos<br />
restaurando um prédio histórico<br />
e sabemos o valor disso — relata<br />
lorenzi.<br />
Fotos: Letícia Armond<br />
Parte do prédio que ainda<br />
não foi restaurada<br />
design<br />
O diretor do IED no<br />
Brasil, Marco Lorenzi,<br />
mostra, empolgado,<br />
como o prédio vai ficar<br />
depois da restauração<br />
segundo ele, o orçamento<br />
previsto para a restauração total<br />
do prédio gira em torno de 18<br />
milhões de reais. As obras estão<br />
divididas em duas partes: a primeira,<br />
do lado da praia, já está<br />
pronta - só falta receber os móveis.<br />
A segunda, que inclui o prédio<br />
ao lado do morro da Urca, começará<br />
a ser realizada depois que<br />
a administração do IED já estiver<br />
trabalhando no local. lorenzi explica<br />
que o Rio de Janeiro foi uma<br />
“escolha natural” para abrigar o<br />
Istituto, que já tem uma representação<br />
em são Paulo.<br />
— Adoro trabalhar em são<br />
Paulo, mas não posso negar que<br />
o Rio é o Rio. É internacional. É<br />
muito mais fácil trazer profissionais<br />
para cá porque ele vai trabalhar<br />
e, em seguida, aproveitar o<br />
que essa cidade oferece — diz o<br />
diretor, lembrando que a sede do<br />
Rio visa questões de sustentabilidade<br />
— Aqui, a nossa prioridade<br />
é a arquitetura sustentável. Não<br />
há lugar melhor para trabalhar isso<br />
do que no Rio — garante.<br />
Faz parte da filosofia do IED<br />
recuperar patrimônios históricos<br />
das cidades em que se instala,<br />
devolvendo-os à população,<br />
agregando assim mais um valor<br />
cultural as suas diversas atividades.<br />
Assim aconteceu em barcelona,<br />
Madri e Veneza, onde o IED<br />
tem unidades.<br />
48 C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 1 0<br />
J u n h o 2 0 1 0 / C o m u n i t à i t a l i a n a 49
Fotos: Divulgação<br />
cultura<br />
Futuro<br />
eterno<br />
Dois museus projetados por arquitetas<br />
estrangeiras modernizam a paisagem de Roma<br />
os editores que se preparem<br />
para atualizar e produzir<br />
novas edições de<br />
guias turísticos e culturais<br />
dedicadas a Roma. A Cidade Eterna<br />
com seus majestosos monumentos<br />
arquitetônicos, mergulha<br />
no futuro com as novas feições<br />
urbanísticas que a anglo-iraquiana<br />
Zaha Hadid e a francesa Odile<br />
Decq conferem aos Museus MAX-<br />
XI (Artes do século XXI) e Macro<br />
(Arte Contemporânea de Roma),<br />
inaugurados no mês passao.<br />
Não se trata de espaços arquitetônicos<br />
tradicionais, mas<br />
de dois cenários revolucionários,<br />
marcados por uma linguagem comum<br />
entre arquitetura e arte, na<br />
exposição das obras propriamente<br />
ditas. Para Zaha e Odile, o visitante<br />
deve se sentir livre ao caminhar<br />
entre esculturas, quadros<br />
e instalações como se estivesse<br />
liSomar Silva<br />
coRREspondEntE • Roma<br />
passeando ao ar livre. Ambas privilegiaram<br />
a luz natural nos dois<br />
museus, assim como a neutralidade<br />
do branco nas poucas paredes<br />
do MAXXI e o rigor do preto<br />
para os espaços internos da nova<br />
ala inaugurada do Macro.<br />
A arquitetura urbana contemporânea,<br />
segundo Zaha e Odile,<br />
não deve agredir o espaço urbanístico<br />
pré-existente que a circunda.<br />
As duas célebres arquitetas<br />
defendem que a arquitetura<br />
contemporânea e futura dos museus<br />
deverá ser aberta, viva, leve<br />
e simples, pois terá que levar<br />
em conta a exigência de popularizar<br />
a linguagem da arte em todas<br />
as suas formas de expressão.<br />
A inauguração dos novos espaços<br />
arquitetônicos de Roma, por<br />
exemplo, não se limitou a uma<br />
cerimônia oficial com coquetel<br />
exclusivo para personalidades cé-<br />
lebres. Durante três dias, os dois<br />
museus tiveram entrada franqueada<br />
ao público que pode comentar<br />
suas impressões falando diretamente<br />
com as arquitetas.<br />
no ventre de moby Dick<br />
Percorrer os espaços abertos e<br />
naturalmente iluminados do Maxxi<br />
é uma aventura cheia de surpreendentes<br />
emoções, como se a<br />
obra fosse um gigantesco corpo<br />
vivo, com o movimento da baleia<br />
Moby Dick no romance de Herman<br />
Melville. MAXXI é o acrônimo da<br />
escritura romana para o nosso<br />
século 21, somada à medida maxi<br />
(extra-large). Não há andares<br />
pré-definidos, paredes divisórias<br />
nem seções separadas umas das<br />
outras, salvo para as mostras individuais.<br />
todos os espaços se<br />
unem como galerias sucessivas,<br />
As arquitetas Odile Decq<br />
e Zaha Hadid<br />
que acolhem cerca de 300 obras<br />
de artistas italianos e estrangeiros<br />
- entre eles, o brasileiro Iran<br />
do Espírito santo. Pelos corredores,<br />
pode-se admirar algumas das<br />
principais criações artísticas de<br />
Carlo scarpa, Michelangelo Pistoletto,<br />
Alighiero boetti, Pino Pascali,<br />
Andy Warhol, grazia toderi,<br />
stefano Arienti, Kutlug Ataman,<br />
luigi Moretti, além dos esboços<br />
criados por Zaha ao longo do desenvolvimento<br />
do projeto.<br />
O nascimento propriamente<br />
dito do MAXXI não foi fácil. Zaha<br />
venceu o concurso internacional<br />
de arquitetura para a realização<br />
do museu no bairro romano de<br />
Flamínio em 1998, com um projeto<br />
que implicava na demolição<br />
de velhos edifícios militares.<br />
Quando foi apresentado, custava<br />
cerca de 8 milhões de euros. Porém,<br />
o programa de obras e financiamentos<br />
sofreu várias interrupções.<br />
Na última fase, foi reformulado<br />
e reduzido de três para<br />
dois corpos arquitetônicos, cuja<br />
realização conclusiva ficou avaliada<br />
em 150 milhões de euros.<br />
Davide Franceschini<br />
Em todos esses anos, Zaha<br />
contou com o paciente suporte<br />
tecnológico dos engenheiros italianos<br />
do studio Croci na busca de<br />
soluções técnicas inéditas, mas<br />
eficazes para os vários problemas<br />
encontrados na realização do projeto.<br />
Coube a eles garantir solidez<br />
e segurança à estrutura do edifício,<br />
criando uma série de módulos<br />
encaixáveis e justapostos, que<br />
permitem a dilatação e a contração<br />
dos materiais, conforme a oscilação<br />
das temperaturas dentro e<br />
fora do edifício, sem provocar fissuras<br />
no cimento armado.<br />
toda a construção – que Zaha<br />
considera como criação perfeita,<br />
mas ainda incompleta – concentra<br />
em si uma combinação de movimento,<br />
energia e até um certo<br />
erotismo presente também nas<br />
curvas que marcam os projetos<br />
do brasileiro Oscar Niemeyer. Influenciada<br />
pelas vanguardas russas<br />
da década de 20, ela se identifica<br />
hoje com a corrente desconstrutivista<br />
e conceitual da arquitetura,<br />
onde cada espaço deve<br />
cumprir múltiplas funções. O vidro,<br />
o aço e o cimento definem<br />
as formas arrojadas e versáteis do<br />
MAXXI, realizadas em uma área<br />
de 27 mil metros quadrados.<br />
Zaha - vestida como uma moderníssima<br />
dark lady - nasceu<br />
em bagdá, mas vive e trabalha<br />
há muitos anos em londres. Foi<br />
aluna do arquiteto holandês Rem<br />
Koolhas. É a primeira profissional<br />
mulher a ter recebido o Premio<br />
Pritzker (o Nobel dos arquitetos)<br />
e acaba de assinar também a realização<br />
do museu dos transportes<br />
em glasgow, na Escócia. Acha a<br />
cidade de Roma “muito alegre e<br />
confusa” por conta de suas ruas e<br />
Davide Franceschini<br />
Tanto no Macro quanto no MAXXI<br />
o visitante deve se sentir como se<br />
estivesse passeando ao ar livre<br />
quarteirões de formas irregulares<br />
que desorientam os turistas:<br />
— ter realizado este museu em<br />
Roma é muito importante. Aprecio<br />
esta cidade desde a primeira vez<br />
que a visitei com meus pais, quando<br />
ainda era menina. Jamais poderia<br />
imaginar que um dia eu voltaria<br />
para inaugurar uma obra arquitetônica<br />
de minha autoria. Minha proposta<br />
é a de fazer com que o visitante<br />
se aproxime da arte contemporânea<br />
sem medo nem qualquer<br />
outro tipo de barreira psicológica.<br />
Zaha já esteve no brasil e,<br />
como conta, teve a oportunidade<br />
de conhecer as criações de Oscar<br />
Niemeyer e lucio Costa, “que até<br />
hoje mantêm os traços fortes e<br />
vitais de uma arquitetura dinâmica<br />
no movimento de suas linhas”.<br />
— Essa linguagem livre e<br />
reivindicativa de modernidade é<br />
tão importante para o brasil como<br />
para a Argentina, o Chile e a<br />
Venezuela. Ainda não tenho projetos<br />
desenvolvidos para o brasil<br />
nem em outros países latinoamericanos,<br />
mas certamente gostaria<br />
de criar obras que entras-<br />
MAXXi_IwanBaan_Courtesy ZahaHadidArchitects<br />
sem em simbiose com o território<br />
e seus habitantes — afirma.<br />
Vestígios da antiga cervejaria<br />
A arquiteta francesa Odile Decq<br />
se diverte em mostrar aos visitantes<br />
do Macro o grande lavabo<br />
feito em resina luminosa e multicolorida,<br />
instalado em uma toalete<br />
pública recoberta de espelhos.<br />
Ela conta que sente a força da sua<br />
bretanha natal e da Europa em<br />
seu trabalho, “numa intensidade<br />
maior que a influência francesa”.<br />
Cabelos penteados à maneira<br />
de Andy Warhol, Odile privilegia<br />
o preto na maquiagem e nas roupas<br />
em estilo neo-punk que veste,<br />
assim como na cor de fundo<br />
que marca as paredes e o pavimento<br />
do museu. Para valorizar<br />
a área de ampliação do Macro,<br />
fundiu os traços da arquitetura<br />
contemporânea com uma parte<br />
da construção pertencente à antiga<br />
Cervejaria Peroni para manter<br />
viva a memória da arqueologia<br />
industrial presente no bairro<br />
romano burguês de Nomentano,<br />
nas proximidades de Porta Pia.<br />
todo o novo espaço ampliado<br />
do Macro cobre 19.500 metros<br />
quadrados. Odile apresentou o projeto<br />
em 2001, para um custo final<br />
de 20 milhões de euros. A arquiteta<br />
francesa venceu o leão de Ouro<br />
na bienal de Arquitetura de Veneza<br />
em 1996 com seu sócio benoit<br />
Cornette. Juntos, realizaram<br />
importantes obras arquitetônicas<br />
na linha high tech, como o aeroporto<br />
japonês de Osaka e o Centro<br />
de Pesquisas saint gobain de Paris.<br />
Orientada para a arquitetura<br />
no perfil dinâmico do high tech,<br />
Odile não perde de vista seu europeísmo.<br />
Usa coragem e fantasia<br />
na aplicação de cristais para<br />
as grandes vidraças e de pedras<br />
duras como o basalto no pavimento.<br />
Abre passarelas e galerias<br />
em cores neutras com a finalidade<br />
de realçar as obras e instalações<br />
artísticas expostas, fazendo<br />
entrar muita luz natural através<br />
de enormes frestas e vitrines.<br />
Ali, estão reunidas obras e instalações<br />
de Mario schifano, Jannis<br />
Kounellis e suboth gupta.<br />
Odile também cria um grande<br />
mosaico de salas expositivas, galerias<br />
com uma parte bem visível<br />
da estrutura arquitetônica da antiga<br />
cervejaria, além de terraços<br />
com foyer, uma fonte, bar e restaurante,<br />
inseridos num panorama<br />
caracterizado por edifícios romanos<br />
construídos entre o final do<br />
século 19 e inicio do século 20.<br />
Mas a surpresa para o visitante<br />
começa no hall de entrada, onde a<br />
arquiteta colocou o anfiteatro todo<br />
em vermelho vivo. Odile define<br />
como seu “território sensual” a sinuosidade<br />
e as concavidades que<br />
marcam o conjunto de passarelas,<br />
galerias e terraços do prédio.<br />
50 C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 1 0<br />
J u n h o 2 0 1 0 / C o m u n i t à i t a l i a n a 51
cultura<br />
la casa<br />
della cultura<br />
Caseggiato simbolo della immigrazione italiana in Mato Grosso do Sul sarà restaurato<br />
Quando l’imprenditore bernardo<br />
baís ha deciso di<br />
mettere radici a Campo<br />
grande gli abitanti<br />
del luogo non prevedevano che,<br />
insieme alla famiglia italiana,<br />
avrebbero anche accolto molti<br />
elementi capaci di dare impulso<br />
allo sviluppo locale. Era il 1913<br />
e baís iniziava la costruzione<br />
del secondo palazzetto coloniale<br />
del contesto urbano della capitale<br />
del Mato grosso do sul, il<br />
primo in muratura con malta di<br />
ghiaia, calce e sabbia, e originalmente<br />
coperto con tegole di<br />
ardesia arrivate dall’Italia. Oggi<br />
il luogo, conosciuto come Morada<br />
dos baís, accoglie parte delle<br />
iniziative culturali della città e<br />
contemporaneamente preserva le<br />
caratteristiche italiane dell’inizio<br />
del secolo scorso in brasile.<br />
la casa, motivo d’orgoglio<br />
per i cittadini della città, è fino<br />
alla fine dell’anno in una fase di<br />
ristrutturazione che comprende<br />
nuove pitture e riparazioni tecniche<br />
strutturali. In agosto farà<br />
parte delle celebrazioni per l’anniversario<br />
della città nell’ambito<br />
delle rappresentazioni del Lídia<br />
na Morada, che racconta la storia<br />
di chi ha abitato la casa.<br />
— Quest’intervento trasforma<br />
l’edificio in museo interattivo,<br />
visto che vengono usati mezzi<br />
audiovisivi e il visitatore partecipa<br />
all’esposizione. l’iniziativa<br />
innovatrice, di forte risonanza,<br />
ci fa ricordare che bernardo<br />
baís è stato uno dei primi a dare<br />
impulso al Centro Ovest brasiliano.<br />
Molto di ciò che siamo ed abbiamo<br />
a Campo grande, e anche<br />
all’interno dello stato, lo dobbiamo<br />
ad uomini come lui— afferma<br />
Athayde Nery de Freitas Ju-<br />
nior, presidente della Fundação<br />
Municipal de Cultura de Campo<br />
grande (Fundac).<br />
Nato a lucca, in toscana, nel<br />
1861, bernardo Franco baís è venuto<br />
in brasile quando aveva 15<br />
anni. Prima di andare nello stato<br />
di Mato grosso do sul ha abitato<br />
a Campinas (sP). Arrivato all’età<br />
di 18 anni all’accampamento di<br />
Campo grande, si è subito sposato<br />
con Amélia Alexandrina, figlia<br />
di fazendeiros della regione<br />
di Coxim. Da questa unione sono<br />
nati nove figli, di cui sette<br />
sopravvissuti. Fra questi la più<br />
conosciuta è stata lídia, artista<br />
plastica che ha avuto modo di<br />
esprimersi in opere abbastanza<br />
avanzate per quell’epoca.<br />
Il progetto del palazzetto dei<br />
baís era stato firmato dall’ingegnere<br />
João Pandiá Calógeras ed è<br />
stato costruito da un immigrante<br />
italiano del quale si conosce solo<br />
il primo nome, Matias. la costruzione<br />
è durata cinque anni, ed è<br />
stata la residenza della famiglia<br />
fino al 1938, anno in cui il patriarca<br />
è morto in seguito a un<br />
incidente, vittima del treno che<br />
voleva tanto che passasse vicino<br />
a casa sua.<br />
Facciata della casa<br />
addobbata per le feste<br />
Sílvia Souza<br />
— Quando stava costruendo<br />
l’abitazione la città viveva l’evoluzione<br />
nel settore dei trasporti<br />
con l’arrivo della locomotiva. Il<br />
tracciato originale della ferrovia<br />
non prevedeva la curva necessaria<br />
per posare i binari davanti al<br />
palazzo dei baís, ma bernardo ne<br />
aveva fatto richiesta e l’ingegnere<br />
responsabile dell’opera l’aveva<br />
esaudito. bernardo anticipava i<br />
tempi e sapeva che quell’intervento<br />
avrebbe portato dei vantaggi.<br />
Nel 1938, con problemi<br />
d’udito, non ha sentito l’arrivo<br />
del treno ed è stato investito —<br />
ricorda Freitas Junior.<br />
l’incidente è avvenuto il 19<br />
agosto, bernardo aveva 77 anni.<br />
la locomotiva della NOb, che<br />
viaggiava verso são Paulo, l’ha<br />
travolto quando attraversava i<br />
binari vicino al passaggio a livello<br />
della Rua 15 de Novembro. E’<br />
morto il giorno dopo.<br />
bernardo, che aveva cominciato<br />
facendo il venditore ambulante<br />
di merci che trasportava<br />
a dorso di mulo, avventurandosi<br />
in luoghi deserti, aveva<br />
poi aperto un negozio a Campo<br />
grande. Proprietario in società<br />
di una ditta nel Casario do Porto,<br />
a Corumbá, era additato dovunque<br />
passasse come un uomo<br />
che aveva fatto fortuna col suo<br />
lavoro. Era ritornato dall’Italia<br />
dove aveva comprato una nave<br />
a vapore per portare tutte le<br />
attrezzature e le merci necessarie<br />
per l’apertura della ditta. Il<br />
vapore Iguatemy poi aveva cominciato<br />
a trasportare carichi<br />
ad Assunção e Montevidéu, fino<br />
all’inizio del funzionamento della<br />
ferrovia (1914), che all’inizio<br />
collegava Porto Esperança a<br />
bauru, spostando poco alla volta<br />
la rotta commerciale.<br />
promuovendo l’arte<br />
l’impegno di baís nella modernizzazione<br />
della città non è stato<br />
dimenticato nella storia di Campo<br />
grande. Il progetto lídia na<br />
Morada, la cui prima edizione è<br />
avvenuta nell’agosto 2009 in occasione<br />
dei 110 anni del comune,<br />
riscatta, oltre all’influenza della<br />
famiglia, il talento dell’artista figlia<br />
dell’imprenditore italiano.<br />
la frase “per mia causa voi<br />
passerete alla storia” detta tante<br />
volte da lídia indicava già il<br />
suo temperamento considerato<br />
ribelle per i canoni dell’epoca.<br />
Quando era piccola aveva abitato<br />
in Italia per un anno con la<br />
sua famiglia. Insieme alle sorelle<br />
Ida e Celina aveva studiato nella<br />
scuola salesiana di Assunção, in<br />
Paraguay – la prima delle più di<br />
cinque scuole nelle quali era poi<br />
passata. In queste peregrinazio-<br />
ni era stata a Rio grande do sul<br />
e nelle città Itu, são Paulo e Rio<br />
de Janeiro. la condotta volitiva<br />
e l’insoddisfazione costante col<br />
mondo che la circondava erano i<br />
fattori principali del cambio continuo<br />
di scuole.<br />
Adolescente, lídia è tornata<br />
nella casa dei genitori. tempo<br />
dopo ha convinto bernardo a<br />
lasciarla studiare di nuovo a Rio,<br />
dove ha dedicato il tempo libero<br />
alla pittura e al piano. I suoi primi<br />
quadri a olio sono stati dipinti<br />
intorno al 1915.<br />
Nel 1925 l’italobrasiliana ha<br />
approfittato di un viaggio in<br />
Europa per motivi di studio del<br />
cognato medico e di sua sorella<br />
Celina per vivere a berlino e<br />
a Parigi. Volendo perfezionare la<br />
tecnica e lo stile ha cominciato<br />
<strong>La</strong> residenza, per la cui<br />
costruzione ci sono voluti cinque<br />
anni, ospita la Casa de Cultura del<br />
Comune. Accanto, cortile interno<br />
a frequentare anche i musei, ha<br />
preso contatto con altri artisti,<br />
fra cui Ismael Néri, pittore nato<br />
a belém, anche lui in Francia.<br />
Durante questa fase è stata fortemente<br />
influenzata dall’espressionismo<br />
e dal surrealismo, rompendo<br />
con lo stile accademico<br />
adottato anteriormente.<br />
— lídia aveva l’inquietudine<br />
dell’artista, che è sempre alla ricerca<br />
del nuovo, di qualcosa di<br />
più. Nonostante gli atteggiamenti<br />
intempestivi, come una fuga a<br />
Rio de Janeiro, bernardo baís la<br />
aiutava. In questa fase ha vissuto<br />
esperienze spirituali dedicandosi<br />
anche a digiuni e a pratiche<br />
<strong>La</strong> casa è fino alla fine dell’anno in una fase di ristrutturazione che<br />
comprende nuove pitture e riparazioni tecniche strutturali<br />
intense di reclusione — racconta<br />
il presidente della Fundac.<br />
la residenza<br />
lídia ha dipinto le pareti del<br />
palazzetto durante l’ultimo anno<br />
di permanenza dei baís nella<br />
residenza. In quell’epoca la sala<br />
azzurra era proprio la stanza<br />
dell’artista, chiamata sala Mistica.<br />
la sala rosa invece era stata<br />
battezzata sala delle Passioni. In<br />
uno dei dipinti si vedevano chiaramente<br />
tre figure nude, causa di<br />
rossore per chi le guardava.<br />
Dopo che la famiglia italiana<br />
si è trasferita in un’altra casa,<br />
sempre a Campo grande, l’antica<br />
residenza è stata affittata ed è<br />
diventata una pensione, che ha<br />
funzionato con diversi proprietari<br />
fino al 1979. I pannelli di lídia<br />
sono stati ricoperti di calce.<br />
Prima di ciò, nel giugno<br />
1974, un incendio aveva distrutto<br />
le tegole di ardesia e i<br />
pavimenti di legno italiano. In<br />
fase di lavori le tegole originali<br />
erano state sostituite con tegole<br />
di cotto del tipo francese.<br />
Poi la pensione è stata sostituita<br />
da negozi e la residenza ha<br />
ospitato un negozio di scarpe,<br />
una scuola di radio e tV, un lotto,<br />
una sartoria, fino ad entrare<br />
in un periodo di abbandono e<br />
devastazione, terminato il 4 luglio<br />
1986, quando la residenza è<br />
stata dichiarata protetta dall’Instituto<br />
do Patrimônio Histórico e<br />
Cultural del Comune.<br />
— Pochi palazzi sono mantenuti<br />
con tanta tenacia. Campo<br />
grande è una delle 100 città<br />
storiche del brasile, secondo l’Instituto<br />
do Patrimônio Artístico<br />
e Cultural (Iphan). la Casa dos<br />
baís fa parte di questo patrimonio—<br />
fa notare Freitas Junior.<br />
Approfittando di questa speciale<br />
opportunità, il serviço brasileiro<br />
de Apoio às Pequenas e<br />
Médias Empresas local (sebrae-<br />
Ms) ha sviluppato nel 1993 il<br />
Projeto turismo Responsável,<br />
una partecipazione con il Comune<br />
per ridare vita all’edificio. Da<br />
quel momento la casa accoglie il<br />
Centro de Informações turísticas<br />
e Culturais della città. Il progetto<br />
di restauro è stato firmato da tre<br />
architetti, e il recupero dei pannelli<br />
di lídia è passato sotto la responsabilità<br />
dell’artista Dulcimira<br />
Campesani, professoressa del Departamento<br />
de Artes e Comunicação<br />
della Universidade Federal<br />
di Mato grosso do sul (UFMs).<br />
Il luogo dove funziona la Casa<br />
de Cultura de Campo grande<br />
è palco per rappresentazioni di<br />
danza, teatro, poesia, mostre e<br />
musica. Illuminata e con la supervisione<br />
di vari organizzatori, è<br />
nella Morada che la città festeggia<br />
il periodo di Natale.<br />
52 C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 1 0<br />
J u n h o 2 0 1 0 / C o m u n i t à i t a l i a n a 53
Fotos: Márcio Madeira<br />
moda<br />
Ficou na<br />
praia<br />
Line up carioca entra na disputa pelo título de<br />
maior apresentação de beachwear do mundo e<br />
bolsas de negócios do setor disputam clientes<br />
com antecipação do calendário de lançamentos<br />
É<br />
Paulo borges quem anuncia:<br />
a ambição do Fashion Rio é<br />
se tornar referência mundial<br />
em moda praia. Isso significa,<br />
segundo ele, desbancar a Mercedez-benz<br />
Fashion Week swim,<br />
que ocorre em Miami - atualmente,<br />
o grande evento do segmento. Assim,<br />
o futuro da semana de moda<br />
carioca começa a ser definido como<br />
se especulava (e era negado) desde<br />
o ano passado, quando a Inbrands<br />
assumiu o comando não apenas do<br />
Fashion Rio como também da são<br />
Paulo Fashion Week.<br />
Na última edição do Fashion Rio,<br />
em junho, borges, sócio da Inbrands<br />
para a realização dos desfiles, trouxe<br />
para a Cidade Maravilhosa várias<br />
grifes de praia que desfilavam em<br />
são Paulo e promete mais gente do<br />
segmento para as próximas edições<br />
do evento. trouxe de volta também<br />
os estilistas cariocas Isabela Capeto<br />
(cuja marca pertence à Inbrands)<br />
e Maxime Perelmuter. Há seis anos,<br />
Isabela havia deixado o Rio para desfilar<br />
em são Paulo. Já o estilista da<br />
british Colony não mostrava sua coleção<br />
nas passarelas há quatro anos.<br />
— Estamos experimentando caminhos.<br />
Não dá para dizer que a Isabela<br />
vai ficar sempre no Rio. Já conversei<br />
também com o Ricardo Ferreira,<br />
da Richards, porque acho que em<br />
algum momento a marca deve desfilar<br />
também — afirma borges que<br />
acredita que esses estilistas têm o<br />
“estilo do Rio” que ele quer reunir<br />
Sílvia Souza<br />
nos desfiles cariocas. Detalhe: a Richards<br />
também pertence à Inbrands.<br />
Alheia às ponderações sobre os<br />
estilos que dividirão as semanas de<br />
moda das duas principais cidades<br />
brasileiras, Isabela encerrou a semana<br />
carioca. Essa edição também<br />
marcou a estreia da grife na bolsa de<br />
negócios do evento, o Rio-à-Porter:<br />
— Voltar para casa é sinônimo de<br />
celebração. Mas não saberia comentar<br />
essa diferença entre Rio e são Paulo.<br />
Não estou sabendo de nada, mas<br />
confio no trabalho do Paulo (borges),<br />
pois ele sempre tem boas ideias.<br />
Formada pela Academia de Moda<br />
de Florença, a estilista carioca salientou<br />
que sua coleção, marcada pelo<br />
romantismo e a feminilidade, conserva<br />
“alguma inspiração” dos momentos<br />
em que ela viveu na Itália.<br />
— Eu comecei lá, nos idos de<br />
1990, onde morei por três anos e<br />
meio. Entre os estilistas italianos que<br />
admiro posso citar Moschino e gucci.<br />
A Itália tem tradição na alta costura.<br />
É ícone. Nas minhas peças tem bordado<br />
e vestidos, aliás, eles não podem<br />
faltar no meu verão — analisa<br />
ela, que mostrou trabalhos em seda,<br />
algodão e tule, incrementando materiais<br />
como miçangas e conchas.<br />
negócios<br />
Pela primeira vez, desde que se afastou<br />
da Fashion Rio, Eloysa simão<br />
realizou sua bolsa de negócios de<br />
moda, a Fashion busines, antes da<br />
semana de desfiles. Outra vez na Ma-<br />
rina da glória, agora, com patrocínio<br />
máster do senac Rio,<br />
manteve a conexão entre moda,<br />
bem-estar e lazer e repetiu o investimento<br />
em palestras, desfiles<br />
técnicos, qualificação de mão<br />
de obra e do que pode se ver nas<br />
lojas (com o salão tech).<br />
O senac Rio Fashion business<br />
ocorreu uma semana antes do<br />
Rio- à-Porter e teve como desfile<br />
de encerramento a coleção do estilista<br />
Victor Dzenk. Ele foi lançado<br />
por Eloysa ainda na semana<br />
barrashopping de Estilo, nos<br />
anos 90, e até a edição passada,<br />
desfilava no Fashion Rio.<br />
— O Fashion business movimentou<br />
770 milhões de reais e<br />
atraiu 50 mil pessoas, com um<br />
volume de vendas de 40% maior<br />
do que na última edição — comemorou<br />
Eloysa.<br />
A estratégia da empresária<br />
de antecipar seu evento aparentemente<br />
funcionou. No Rioà-Porter,<br />
a bolsa de negócios do<br />
Fashion Rio, apesar de os números<br />
em vendas das duas feiras<br />
serem bem parecidos, o consenso<br />
geral entre donos de grifes que<br />
Salinas<br />
British Colony<br />
Roberth Trindade<br />
Simone Gouveia, coordenadora<br />
do Pólo Petrópolis<br />
expuseram no Cais do Porto foi<br />
de que os corredores dos armazéns<br />
estavam “frios”.<br />
Com 253 expositores, um aumento<br />
de 53% em relação à edição<br />
de janeiro, segundo os organizadores,<br />
a feira movimentou<br />
cerca de 900 milhões de reais.<br />
— A feira ficou linda, três vezes<br />
maior, mas foi o pior resultado<br />
que já obtivemos. tínhamos a<br />
expectativa de vender 600 mil reais<br />
e estamos saindo com cerca de<br />
300 mil reais. sinceramente, pelo<br />
Têca<br />
Lucas<br />
Nascimento<br />
que conversei nos pólos e com as<br />
grandes marcas que ficaram próximas,<br />
não foi satisfatório. Acredito<br />
que será necessária uma revisão<br />
de conceitos e trabalho — aponta<br />
a coordenadora do Pólo de Moda<br />
Petrópolis, simone gouveia.<br />
Numa homenagem a Carmem<br />
Miranda, as coleções de 10 empresas<br />
da cidade imperial tiveram<br />
consultoria de estilo assinada pelo<br />
senai Moda. A frustração de grupo<br />
era “provada” pelos corredores<br />
mais vazios, sem o burburinho<br />
grande dos compradores. Porém,<br />
segundo o presidente da Francal<br />
Feiras, Abdala Jamil Abdala, que<br />
organiza a bolsa de negócios, a<br />
média de crescimento de lucro entre<br />
os expositores foi de 30%.<br />
O Rio-à-Porter e o Fashion Rio<br />
receberam, juntos, um público de<br />
90 mil pessoas e investimento de<br />
13 milhões de reais. O presidente<br />
da Firjan, Eduardo Eugênio gouvêa<br />
Viera frisou a importância do<br />
estado para moda verão do país.<br />
De acordo com gouvêa Vieira, o<br />
Rio de Janeiro hoje é responsável<br />
por 16% das exportações nacionais<br />
de vestimenta.<br />
Melk Z-Da<br />
Lenny<br />
tendências<br />
Depois de exaltar a conquista<br />
dos Jogos Olímpicos (esse foi o<br />
tema explorado na edição de inverno<br />
da Fashion Rio), a semana<br />
de moda carioca surfou a onda<br />
da valorização do município como<br />
cidade-símbolo de um estilo<br />
descolado. O espírito da moda<br />
praia e de destino turístico conferiu<br />
ao espaço um clima balneário-chique.<br />
O que se viu na passarela<br />
foram roupas com menos<br />
do estereótipo tropical e mais<br />
foco de estilo apoiado em objetivos<br />
comerciais.<br />
lenny, tradicional no estilo,<br />
se destacou com seus maiôs e biquínis<br />
de faixas (estilo lady gaga),<br />
modelagem impecável e peças<br />
em chamois (couro finíssimo).<br />
Mas na opinião dos consultores,<br />
todas as grifes se saíram bem em<br />
suas apresentações. tanto que,<br />
mais uma vez, o check list com as<br />
tendências do verão é vasto.<br />
Para gloria Kalil, os maiôs e<br />
biquínis virão com “emoção”, ou<br />
seja, esbanjam detalhes e surpresas.<br />
No caso dos biquínis, os<br />
modelos cortininha e as calças<br />
de lacinho saem das areias. Hoje,<br />
eles são cheios de babados, laços,<br />
estampas diferentes, furos,<br />
recortes, alças cruzadas, drapeados,<br />
bordados e metais.<br />
No quesito cor, aposte em<br />
coral, azul turquesa e no tradicional<br />
branco para valorizar o<br />
bronzeado. As estampas poderão<br />
ser florais ou digitais.<br />
— Os vestidos são as peças<br />
mais vistas. Em geral, curtos,<br />
com cintura marcada, com leves<br />
drapeados ou pequenos babados.<br />
Vi uma suave volta dos<br />
longos para o dia e grande oferta<br />
dos curtos de festa, vestidos de<br />
coquetel em todos os formatos.<br />
Já no quesito decotes, todos são<br />
válidos e o favoritismo do tomara-que-caia<br />
caiu um pouco.<br />
A jornalista lílian Pacce, por<br />
sua vez, destacou o trabalho de<br />
Melk-Zda e lucas Nascimento. O<br />
primeiro, por trabalhar materiais<br />
como a tela antiderrapante (comum<br />
em tapetes, jogos americanos<br />
e painel de recados) de forma<br />
“ousada”. Já Nascimento, conhecido<br />
pelo uso do tricô, apostou<br />
na padronagem mármore e<br />
madeira e trabalhou com cortiça:<br />
— Achei lindo o efeito do<br />
tricô transparente que de longe<br />
parece organza —enfatiza a<br />
consultora.<br />
54 C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 1 0<br />
J u n h o 2 0 1 0 / C o m u n i t à i t a l i a n a 55
machiavellica 2005<br />
In diretta<br />
mario schifano<br />
FiRENzE<br />
Giordano Iapalucci<br />
Zauberteatro presenta la IIa edizione di<br />
“Machiavellica 2005”, la manifestazione<br />
che celebra uno dei più importanti e famosi<br />
personaggi fiorentini a livello mondiale, appunto<br />
Niccolò Machiavelli. l’inaugurazione<br />
sarà il giorno 27 luglio con la messa in scena<br />
dello spettacolo “1492 - libri di lorenzo”<br />
che propone la vita del Magnifico tra intrighi,<br />
complotti e macchinazioni machiavelliche<br />
con le “voci” di Pico della Mirandola, giucciardini<br />
e savonarola. Il cortile del Museo del<br />
bargello ospiterà questa originalissima manifestazione<br />
fino al 7 agosto. Ingresso 15 euro.<br />
Considerato uno dei più importanti,<br />
provocatori ed originali artisti italiani,<br />
Mario schifano è figura di riferimento<br />
della Pop Art italiana. È uno dei<br />
rari interpreti italiani che utilizza elementi<br />
futuristi rivisitati sulla riflessione<br />
della nuova cultura legata all’immagine,<br />
figlia del mezzo di comunicazione più<br />
diffuso qual è la televisione. Negli ultimi<br />
anni gli sono state dedicate centinaia<br />
di mostre in alcuni dei più importanti<br />
musei italiani quali la galleria Comunale<br />
d’Arte Moderna di Roma, la Fondazione<br />
Marconi di Milano e Palazzo Pigorini di<br />
Parma. l’esposizione sarà aperta fino al<br />
30 giugno presso la galleria san gallo Art<br />
station di Firenze.<br />
accelerazione<br />
contemporanea<br />
Il Centro di Cultura Contemporanea<br />
strozzina fino al 18 luglio promuove la<br />
mostra “As soon as possible” Elemento<br />
centrale è il tempo, punto nevralgico della<br />
società contemporanea. tutto, o quasi, si<br />
caratterizza per rapidità nei suoi vari settori.<br />
Esempi sotto gli occhi di tutti e a cui<br />
tutti o quasi in varie forme partecipiamo<br />
sono ad esempio il fast food, il power nap<br />
un tè a Villa bardini<br />
In uno dei più suggestivi luoghi della capitale<br />
rinascimentale – Villa bardini a san<br />
Niccolò-, vengono proposti i “pomeriggi culturali<br />
con vista Firenze” all’insegna di arte,<br />
scienza e musica e appunto di una bella tazza<br />
di tè. A giugno, il 10 e il 17 saranno presenti<br />
rispettivamente Elisa Acanfora che presenterà<br />
la vita di Caravaggio e il duo musicale<br />
Duccio e Vittorio Ceccanti con i loro violini<br />
e violoncelli. Ma la programmazione non<br />
si concluderà con l’estate. sono già in programma,<br />
infatti nuove iniziative culturali per<br />
l’autunno (settembre-ottobre-novembre) accompagnate<br />
da aperitivi. l’ingresso, 5 euro,<br />
dà diritto all’ingresso anche al museo e alle<br />
mostre temporanee di Villa bardini.<br />
(rigenerazione fisica), il quality time (tempo<br />
compresso da dedicare alla famiglia) e<br />
lo speed dating (livello sentimentale); e<br />
scusate per tutti questi termini in inglese<br />
che non sono altro che la prova di accorciare<br />
il tempo nello scrivere e nel parlare!<br />
le opere di dieci artisti internazionali contemporanei<br />
affrontano esattamente questo<br />
tema: il tempo. Ingresso 5 euro.<br />
Ceramiche animate<br />
Fino al 3 ottobre 2010 è possibile visitare,<br />
presso il Museo delle Porcellane di Palazzo<br />
Pitti a Firenze, la mostra personale “Ceramiche<br />
Animate” di Paola staccioli. l’artista,<br />
fiorentina di nascita, ha una formazione umanistica<br />
ma nel corso degli anni si è sempre più<br />
dedicata alla ceramica come professione. Di<br />
piccole dimensioni ma piene di energia e fisicità,<br />
le sue ceramiche spesso oltrepassano il<br />
fine intrinseco dei suoi oggetti. le teiere per<br />
esempio servono<br />
a tutto fuorché a<br />
contenere tè. sono<br />
create per<br />
il solo fine di<br />
racchiudere il<br />
piacere estetico<br />
che esse<br />
esprimono.<br />
Orario 8.15-<br />
18.15. Chiusura: primo e<br />
ultimo lunedì del mese.<br />
A decorAdorA pAulistA<br />
soniA reginA nogueirão<br />
cAzAlini, de 49 Anos,<br />
nArrA pArA A repórter<br />
silviA souzA o trAbAlho<br />
que fAz de resgAte dA<br />
históriA de suA fAmíliA<br />
Em minha infância, na cidade<br />
de Pirituba (SP), onde<br />
ainda vivo, o contato<br />
familiar quase que na totalidade<br />
se restringiu ao lado da<br />
minha família materna Cuccato,<br />
originários do comune San Biagio<br />
di Callalta, província de Treviso,<br />
região do Vêneto.<br />
A família do meu trisavô Pietro<br />
Cuccato chegou ao Brasil 1897,<br />
com destino a Eleutério (SP). Circulam<br />
por varias cidades do interior<br />
paulista. Em meados dos anos<br />
50, vários filhos do meu avô Santo<br />
Cuccato chegam a São Paulo, onde<br />
nasci, em busca de trabalho e melhores<br />
condições de vida.<br />
Do lado paterno, conheci apenas<br />
a avó Arlinda Parisotto Cisotto<br />
e suas filhas. Meus pais iniciaram a<br />
vida de casados com muita luta. Dedicávamos<br />
os finais de semana à casa<br />
dos avós ou passeios que tinham um<br />
ar de exploração e descobrimentos.<br />
Tinha 8 anos quando minha<br />
mãe “descobriu” o tio Manoel<br />
Nogueirão e com ele a<br />
foto do avô José Nogueirão. Foi<br />
o início de meu gosto pela história<br />
familiar. Devo a ela, de<br />
modo estranho, o segundo motivo<br />
para o resgate de documentos<br />
familiares. Por engano,<br />
ela rasgou um registro do<br />
hospital com o meu “pezinho”.<br />
Fiquei tão triste que colei pedacinho<br />
por pedacinho do documento,<br />
que até hoje guardo<br />
como símbolo.<br />
Comecei a namorar aos<br />
13 anos e a família do meu<br />
marido (Cazalini) conservava<br />
muito da história e dos costumes<br />
italianos. Lembro da<br />
culinária com as histórias<br />
da avó Amália; da memória<br />
maravilhosa da tia Bruna;<br />
do jeito brincalhão do tio Beppe.<br />
Da parte do meu sogro, veio<br />
o gosto pela música italiana.<br />
Minha avó Cuccato não costumava<br />
contar histórias de sua<br />
família. Não tinha tempo por<br />
serem 13 filhos e muitos netos.<br />
Depois, nós é que crescemos e<br />
não tínhamos mais tempo para<br />
conversas. Na tentativa de saber<br />
mais sobre os ancestrais iniciei<br />
uma busca que cada dia me dá<br />
mais prazer. Hoje tenho cinco pastas<br />
com documentos, fotos e muitos<br />
livros adquiridos nestes anos.<br />
Com ajuda da internet (participo<br />
do grupo de discussão Brava<br />
Gente) e no curso sobre genealogia<br />
e história da imigração italiana<br />
(ministrado por Virginio Mantesso<br />
Neto, em 2005), pude obter informações<br />
que me ajudaram a compreender<br />
o passado de minha família.<br />
O Memorial do Imigrante<br />
passou a ser meu elo com o passado.<br />
Ali materializei as experiências<br />
de meus antepassados como:<br />
andar na locomotiva, vestir trajes<br />
antigos, passear pelos jardins,<br />
além de visitar exposições, observar<br />
objetos, corredores e até os tijolos<br />
do edifício. Tudo ali me transportava<br />
àquelas vidas.<br />
Assim, Pietro Cuccato deixou de<br />
ser apenas uma lembrança e tornou-se<br />
um objeto de pesquisa. Visitei o<br />
il lettore racconta<br />
cemitério onde, em 1914, foi sepultado.<br />
Caminhei com meus dois filhos<br />
por ruas e avenidas por onde ele e<br />
os demais familiares passaram.<br />
Com o passar dos anos, famílias<br />
próximas passaram a colaborar:<br />
Santinhos da tia Neuza, a boa memória<br />
da tia Vani, além de fotos<br />
maravilhosas da madrinha Lezia,<br />
de tia Dete e tia Célia. Assim,<br />
pouco a pouco, vou reconstruindo o<br />
passado da família. Agora, nos sites:<br />
www.familiacuccato.com.br e www.estudosgenealógicos.com.br<br />
estão disponíveis<br />
versões de toda a pesquisa<br />
realizada nestes anos.<br />
Ferramentas como o Orkut,<br />
onde mantenho as comunidades das<br />
famílias Cuccato, Casalino e Destefani,<br />
me ajudam a identificar pessoas<br />
interessadas em dados semelhantes<br />
e trocar informações. Lá,<br />
conheci Silvo Tasso, italiano descendente<br />
de Marianna Cuccato, irmã<br />
de Pietro. Silvo me presenteou com<br />
muitas fotos, nomes e dados que possibilitaram<br />
fazer a pesquisa chegar<br />
a 1590. O quebra-cabeça foi monta-<br />
do. Agora, aos 49 anos, ajudo Silvo,<br />
amante de genealogia, a buscar seus<br />
elos aqui no Brasil.<br />
É assim que meu mundo se amplia<br />
além dos muros que me cercam.<br />
Assim, vou compreendendo que<br />
sou mais que um simples indivíduo,<br />
sou a soma de tantos outros que vieram<br />
antes de mim. Minha história<br />
não se resume ao tempo de minha<br />
vida, mas vem de um passado longínquo<br />
que, enriquecido por experiências<br />
de gerações após gerações,<br />
por mim passa e segue seu rumo ad<br />
infinitum.<br />
Mande sua história com material fotográfico para:<br />
redacao@comunitaitaliana.com.br<br />
56 C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 1 0<br />
J u n h o 2 0 1 0 / C o m u n i t à i t a l i a n a 57
Fotos: Divulgação Salton<br />
espumante<br />
História<br />
centenária<br />
Há tempos, comemorações rimam com o espocar de espumantes.<br />
Ninguém cogita uma celebração, por mais simples que seja, sem a<br />
presença da bebida. E quando a celebração é nada menos do que os<br />
cem anos de vida de uma empresa cujo nome, nos últimos tempos,<br />
praticamente virou sinônimo de espumante? Preparem as borbulhas<br />
porque a vinícola brasileira Salton comemora, em agosto, o seu centenário<br />
a<br />
aniversariante encara<br />
a data em plena forma.<br />
Mas nem sempre foi assim.<br />
tempos atrás, vários<br />
membros da família que deu<br />
origem à vinícola tinham vergonha<br />
da empresa. Outros queriam,<br />
desesperadamente, se livrar de<br />
ações que tinham herdado. Com<br />
certeza, devem estar arrependidos.<br />
Hoje, a salton é um patrimônio<br />
avaliado em 100 milhões<br />
de reais e seu espumante “abocanha”<br />
40% do mercado nacional,<br />
o que a torna líder na comercialização<br />
da bebida no país.<br />
— Agora, ninguém mais tem<br />
vergonha de ser um salton —<br />
brinca o presidente do grupo<br />
Daniel salton que, sim, um dia,<br />
não sentiu um pingo de orgulho<br />
do nome. — Quando eu era guri,<br />
eu tinha vergonha porque a<br />
empresa era muito mal falada.<br />
Meus pais viviam pendurados<br />
em bancos pagando papagaios,<br />
como os empréstimos eram chamados<br />
na época.<br />
A confissão pode soar desconcertante,<br />
mas apenas reflete<br />
a sinceridade de Daniel.<br />
Aos 56 anos, ele admite<br />
Sônia apolinário<br />
também que, sim, a família brigava<br />
muito:<br />
— Na época dos meus tios,<br />
eles queriam se matar.<br />
Essas brigas quase mataram a<br />
própria empresa. se isso acontecesse,<br />
seria mais um nome<br />
na lista de pequenas vinícolas<br />
criadas por famílias de<br />
imigrantes italianos que se<br />
estabeleceram no sul do brasil<br />
a desaparecer do mapa.<br />
Os salton são originários do<br />
Vêneto. A empresa foi criada<br />
em 1910, quando os irmãos<br />
Paulo, Ângelo, João,<br />
Cezar, luiz e Antônio salton,<br />
deram cunho empresarial aos<br />
negócios do pai, o imigrante<br />
Antonio Domenico salton, que<br />
vinificava informalmente, como<br />
a maioria dos colonos da<br />
região. Os irmãos passaram a<br />
se dedicar à cultura de uvas e à<br />
elaboração de vinhos, espumantes<br />
e vermutes, com a denomi-<br />
nação Paulo salton & Irmãos, no<br />
centro de bento gonçalves (Rs).<br />
Daniel acredita que tem o toque<br />
do destino o fato dele ser<br />
presidente na época do centenário<br />
da vinícola. Afinal, o Paulo<br />
que dava nome à empresa original<br />
era seu avô. O atual presidente<br />
da salton, apesar de trabalhar<br />
no grupo desde 1980, foi<br />
escolhido pela família para comandar<br />
a empresa apenas no ano<br />
passado, após a morte de Ângelo<br />
salton Neto, em fevereiro de<br />
2009, de infarto, aos 56 anos.<br />
Ele trabalhou no grupo por 34<br />
anos e foi o presidente da empresa<br />
nos últimos 28 anos.<br />
Generais<br />
Ângelo foi um dos “generais” que<br />
conseguiu apaziguar a família e<br />
colocar a empresa nos eixos. Antes<br />
dele, seu tio Mario foi o primeiro<br />
a, literalmente, dar socos na mesa<br />
para colocar ordem na casa. Nessa<br />
época, na década de 70, a salton<br />
quase parou de produzir vinhos.<br />
Foi o conhaque Presidente que<br />
sustentou a família. Isso, mesmo<br />
tendo o vinho da casa prestígio a<br />
ponto de ter sido o escolhido para<br />
ser servido durante a solenidade<br />
de posse do presidente da República<br />
João goulart, em 1961.<br />
O tio Mario evitou o colapso<br />
da empresa. Mas foi o<br />
sobrinho que deu a grande<br />
guinada na salton. Carismático,<br />
alma de vendedor,<br />
Ângelo assumiu a<br />
presidência da vinícola<br />
aos 28 anos de idade<br />
quando a empresa devia<br />
oito anos de impostos.<br />
Ele saldou as<br />
dívidas, construiu uma<br />
nova vinícola automatizada e<br />
conquistou importantes posições<br />
no mercado para a empresa. tu-<br />
Antônio, Paulo, João, Luiz, Cezar, Ângelo e José. Os irmãos Salton<br />
perceberam que as uvas trazidas da Itália, ainda em 1878, apresentavam<br />
excelente adaptação ao clima da Serra Gaúcha<br />
do isso, sempre ao lado dos seus<br />
fiéis escudeiros: os primos Daniel<br />
e Antonio. Juntos, representam<br />
os três grupos da família.<br />
Ângelo comandava a empresa<br />
de são Paulo, mantendo uma tradição<br />
administrativa. A salton está<br />
presente na capital paulista desde<br />
1945. Daniel sempre viveu, literalmente,<br />
na empresa. Criança, passava<br />
os dias na casa da avó Vitória (o<br />
avô ele não conheceu), onde comia<br />
muita uva e brincava na cantina.<br />
A família levava a vida com dificuldades.<br />
Moravam em uma casa<br />
simples, o que fazia o menino Daniel<br />
olhar de olhos compridos para<br />
outras “casas melhores” da região.<br />
Era a tal fase da vergonha familiar.<br />
— Mais tarde, quando comecei<br />
a entender melhor as coisas, fui<br />
estudar administração já pensando<br />
em ajudar a empresa. Nas férias,<br />
trabalhava na vinícola para ganhar<br />
algum dinheiro. Eu fechava caixas<br />
de madeira, queria aprender tudo,<br />
não tinha frescura, essa história<br />
de ser dono. Nossa família sempre<br />
foi muito simples. Ainda hoje, gostamos<br />
de receber com muita simplicidade<br />
— conta Daniel.<br />
A grande virada da empresa<br />
aconteceu na década de 90. Até<br />
então, o grupo tinha como foco<br />
atingir a classe média baixa,<br />
com produtos populares, puxado<br />
pelo eterno carro-chefe,<br />
o conhaque Presidente. Em<br />
1999, Ângelo promoveu<br />
a visita de sommeliers à<br />
vinícola. O grupo gostou<br />
do vinho produzido,<br />
mas ficou horrorizado<br />
ao saber que aquele<br />
“diamante bruto” era<br />
“lapidado” com misturas.<br />
A ficha caiu.<br />
A empresa mudou<br />
seu foco para o mercado médio<br />
e alto. Mudou produto, imagem,<br />
planejamento. Isso incluiu<br />
até a forma de plantar e colher.<br />
De mil fornecedores de uva, passou<br />
para 600. Atualmente, a vinícola<br />
tem a rastreabilidade da uva<br />
que consome. Para ajudar nessa<br />
fase, enólogos foram chamados.<br />
Em 2002, o argentino Angel Mondoza<br />
iniciou um trabalho de consultoria<br />
que duraria cinco anos.<br />
Nesse meio tempo, a segunda ficha<br />
caiu:<br />
— Nosso solo tem uma acidez<br />
perfeita para o espumante. A qualidade<br />
da terra é parecida com a da<br />
França. Produzir espumantes era,<br />
então, o mais lógico a se fazer.<br />
Atualmente, a salton produz<br />
14 milhões de litros de espumante<br />
e vinho por ano e 18<br />
milhões de litros de conhaque,<br />
bebida que detém 35% do mercado<br />
de brands, no país, o que<br />
coloca a empresa no segundo lugar<br />
em vendas. No ano passado,<br />
o lucro líquido do grupo foi de 12<br />
milhões de reais, com um faturamento<br />
de 207 milhões de reais.<br />
Data da época da “virada” o<br />
início da criação dos principais<br />
produtos que fazem a família<br />
salton se orgulhar do nome: o<br />
premiado espumante salton<br />
Reserva Ouro e vinhos<br />
como o talento (servido<br />
ao Papa bento XVI em sua<br />
visita ao brasil, em 2007),<br />
Virtude e Desejo (o preferido<br />
de Daniel). Ao todo, a vinícola<br />
possui 40 rótulos.<br />
Atualmente, um dos<br />
grandes orgulhos da família<br />
é a nova sede da vinícola,<br />
inaugurada em 2004,<br />
em tuiuty, distrito de bento<br />
gonçalves. localizada em<br />
uma região repleta de belezas<br />
naturais, tem 30 mil metros<br />
quadrados de área construída.<br />
A mudança tinha não apenas o<br />
objetivo de implantar equipamentos<br />
modernos para a melhor<br />
produção das bebidas. Mas realizar<br />
o sonho da família de transformar<br />
a salton em ponto turístico<br />
na serra gaúcha. Ao todo,<br />
o grupo investiu, nos últimos<br />
anos, 70 milhões de reais.<br />
Agora, o principal foco de investimentos<br />
é a aquisição de terras.<br />
Por isso, Daniel admite (e lamenta)<br />
um erro cometido no ano<br />
passado: ter deixado escapulir<br />
Angelo Salton, presidente da empresa por 28 anos. Maurício, Daniel e Antônio: orgulho de serem Salton<br />
das mãos, “por detalhes”, a compra<br />
da Almadén, que acabou arrematada<br />
pela Miolo. Com o negócio,<br />
a concorrente tornou-se líder<br />
no mercado nacional de vinhos finos<br />
entre as vinícolas brasileiras.<br />
— Faltou para nós uma percepção<br />
mais detalhada do negócio.<br />
A Almadén ficou bem perto<br />
de nós. Com a compra, queríamos<br />
linha de produção e terras.<br />
Nós comprávamos 1,6 milhão de<br />
quilos de uva da Almadén. Então,<br />
tivemos que ir atrás de terra e<br />
de uva — conta Daniel informando<br />
que a salton tem 80 hectares<br />
próprios que se somam aos 300<br />
hectares de fornecedores ligados<br />
diretamente à vinícola.<br />
De olho no futuro, a quarta geração<br />
da família começa a tomar pé<br />
dos negócios. Desde 2008, Maurício<br />
(23 anos, diretor administrativo,<br />
filho de Daniel), luciana e Daniela<br />
(respectivamente, 27 e 32 anos,<br />
A antiga fachada da vinícola Salton<br />
diretoras de comunicação e marketing,<br />
filhas de Ângelo) trabalham<br />
na empresa. Entraram avisados que<br />
seriam testados. Como foram, antes<br />
deles, vários primos, com muitos<br />
tendo sido “convidados a se retirar”.<br />
— Eles têm que ser melhores<br />
do que nós. Iguais a nós, já não<br />
dá certo. A responsabilidade deles<br />
é maior — diz Daniel que tem<br />
cidadania italiana.<br />
Para comemorar o centenário,<br />
há três anos a vinícola prepara<br />
o espumante salton 100 anos,<br />
que terá uma tiragem limitada de<br />
13 mil garrafas. No mais, o presidente<br />
da empresa afirma que,<br />
ao erguer a taça para celebrar o<br />
aniversário, estará renovando a<br />
“missão” dos atuais generais do<br />
grupo: trabalhar para se tornar a<br />
melhor vinícola do brasil:<br />
— A concorrência é ferrenha.<br />
Na frente, todos se respeitam.<br />
Mas, por trás, todos fazem<br />
o seu trabalho que é a conquista<br />
de mais mercado. E eu quero ganhar<br />
esse mercado.<br />
58 C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 1 0<br />
J u n h o 2 0 1 0 / C o m u n i t à i t a l i a n a 59
Fotos: Aline Buaes<br />
italian style<br />
série sadika<br />
Conjunto de peças para vinho em vidro soprado na cor bronze e<br />
com acabamento em couro. Armida luxury Interiors. Preços: Jarro<br />
para água: € 55; balde de vidro: € 70; Cálices: € 22 cada.<br />
série Kaas<br />
balde térmico para gelo em<br />
couro com madeira laqueada<br />
(€ 190) e vasilha para aperitivo<br />
em níquel da série Kaas (€ 65).<br />
Armida luxury Interiors<br />
Cristal preto<br />
Decanter em cristal preto com detalhes em estanho refinado prateado<br />
(€ 290) e cálices de vidro com entalhes de platina (€ 480 conjunto<br />
com 6 peças). Já o balde para gelo tem aplicações de estanho<br />
prateado (€ 260). Armida luxury Interiors<br />
Vinho e design<br />
Durante o mês de maio, a cidade<br />
de Nápoles recebeu diversos eventos<br />
destinados aos apaixonados por vinhos<br />
que também reuniram apaixonados<br />
por design, arte e decoração. Dentro de<br />
um dos salões mais tradicionais do sul<br />
da Itália, o Vitigno Itália, a exposição<br />
“Pagine in Tavola” exibiu projetos inovadores<br />
de um grupo de designers, entre<br />
eles os criadores da Raro Design. Já a<br />
manifestação “Wine and the City” teve<br />
como proposta levar o vinho para fora<br />
dos muros do Vitigno Itália, ocupando<br />
durante três dias estabelecimentos como<br />
antiquários, lojas de decoração, hotéis<br />
e galerias de arte. O tradicional atelier<br />
Armida, comandado pelos irmãos Mimmo<br />
e gabriele scarano e que há mais de 30<br />
anos apresenta ao mercado de luxo italiano<br />
peças em vidro exclusivas e produzidas<br />
artesanalmente, reuniu uma coleção<br />
especial de acessórios para o vinho<br />
e para a mesa. todos os produtos estão<br />
disponíveis no mercado italiano.<br />
Raro Design<br />
bianco/rosso<br />
Com o conceito de permitir a lenta<br />
e propícia degustação de um bom<br />
cálice de vinho acompanhado de um<br />
bom prato, a Raro Design propõe<br />
esta espécie de toalha com uma base<br />
especial para cálices de vinho branco,<br />
que se transforma em uma proteção<br />
térmica que mantém a temperatura fria<br />
(WHItE), e outra simples para o cálice<br />
de vinho tinto (RED). Além disso, há<br />
também um aquecedor especial para<br />
pratos (HOt), onde por baixo da toalha<br />
é inserida uma bolsa de gel que mantém<br />
os pratos quentes por até 30 minutos.<br />
Raro Design. Preço: € 250<br />
Fotos: Claudio Cammarota<br />
são Paulo - Reproduzir na<br />
cozinha as memórias afetivas<br />
por determinado alimento<br />
não é uma tarefa<br />
fácil. É preciso ter uma vasta<br />
cultura gastronômica para interpretar<br />
corretamente a tradição. E<br />
é justamente dessa forma que o<br />
chef e proprietário do restaurante<br />
italiano Osteria del Pettirosso,<br />
Marco Renzetti, privilegia pratos<br />
típicos de sua cidade natal, Roma.<br />
Aberto há três anos na região<br />
dos Jardins (sP), o Pettirosso já<br />
tem o seu lugar garantido entre<br />
os mais badalados restaurantes<br />
italianos da capital paulista.<br />
Renzetti acumula mais de 16<br />
anos de profissão. Para poder<br />
colocar em prática todo o seu<br />
conhecimento e fidelidade à<br />
culinária italiana tradicional, ele<br />
reinterpretou alguns pratos do<br />
cardápio, que soma mais de 10<br />
opções de primeiro prato e outros<br />
sete de segundo.<br />
Entre as opções, receitas sugestivas<br />
como o carro-chefe do<br />
restaurante, o Fettuccine Impe-<br />
Sapori d’Italia<br />
Tradição al sugo<br />
Osteria del Pettirosso conquista clientes com pratos precisos da culinária romana<br />
riali (com molho Alfredo), além<br />
do cannelloni de berinjela assada<br />
recheado de massa, o nhoque<br />
ao molho de cogumelo porcini e<br />
presunto, o peito de pato com<br />
redução de vinagre balsâmico e<br />
mel e as costeletas de cordeiro<br />
acompanhadas de polenta grelhada<br />
e radicchio.<br />
Marco Renzetti: preferência pela<br />
cozinha italiana artesanal<br />
— O trabalho de um chef é<br />
a interpretação correta da tradição.<br />
A ideia é revisitar essa<br />
herança cultural da culinária italiana<br />
com novos sabores, sem sacrificar<br />
o gosto autêntico de determinados<br />
pratos — diz o chef,<br />
que acredita que para cozinhar é<br />
preciso ter vocação.<br />
O Pettirosso é um restaurante<br />
étnico, afirma o chef. De acordo<br />
com ele, ao visitar o restaurante o<br />
cliente conhecerá a proposta gastronômica<br />
do local, que tem fortes<br />
“pitadas” da cozinha laziale.<br />
— temos algumas opções de<br />
pratos mais criativos e poucas<br />
incursões por receitas de outras<br />
regiões da Península — afirma.<br />
Renzetti defende uma cozinha<br />
italiana mais artesanal, diferente<br />
da que se encontra atualmente.<br />
No Pettirosso, até os<br />
doces são mais trabalhados. Eles<br />
estão divididos em sete opções,<br />
como o tradicional tiramisu e os<br />
clássicos reinterpretados, por ele<br />
claro, como panacota de creme<br />
de leite aromatizado com aça-<br />
robSon bertolino<br />
Fettuccine Imperiali<br />
Ingredientes: 350 g de fettuccine<br />
fresco; 200 g de<br />
manteiga sem sal; 250 g de<br />
parmigiano-reggiano<br />
Modo de preparo: Cozinhe<br />
o macarrão por cerca<br />
de 4 minutos em água fervente<br />
com uma pitada de<br />
sal. Em outra panela, derreta<br />
metade da quantidade<br />
de manteiga em banhomaria<br />
e misture com metade<br />
do queijo. Importante:<br />
mantenha em banho-maria.<br />
Em uma frigideira, adicione a<br />
manteiga restante ao fogo e<br />
junte 1 concha da água do<br />
cozimento do macarrão. Deixe<br />
cozinhar. Quando a massa<br />
estiver pronta, escorra e ponha<br />
na frigideira com a manteiga<br />
derretida. Em seguida,<br />
despeje a massa na manteiga<br />
que está em banho-maria,<br />
com o resto do parmigiano.<br />
Misture e sirva.<br />
frão, o queijo de cabra fresco assado<br />
no forno banhado com mel<br />
e nozes acompanhado por crostini<br />
e polenta doce. Para finalizar<br />
em grande estilo, um café bem<br />
italiano para arrematar. Ele pode<br />
ser espresso simples ou com creme<br />
de avelãs e cappuccino.<br />
— Acredito que cada visita ao<br />
meu restaurante deve ser encarada<br />
como uma experiência incomum e<br />
absolutamente original. ser chef é<br />
ser um artesão — ressalta o cozinheiro<br />
para quem são Paulo é uma<br />
das principais capitais gastronômicas<br />
da América do sul.<br />
Renzetti tem alguns costumes,<br />
como todo chef, na hora de<br />
preparar determinados pratos. A<br />
manteiga, por exemplo, ele só usa<br />
a marca Roni, fabricada no interior<br />
de são Paulo, e utilizada no<br />
preparo do Fettuccine Imperiali. A<br />
sua versão do molho Alfredo leva<br />
apenas manteiga e parmesão.<br />
serviço: osteriA del pettirosso<br />
AlAmedA lorenA, 2.155,<br />
JArdins - são pAulo, sp.<br />
telefones: 11 3062-5338<br />
e 11 3062-4531<br />
60 C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 1 0<br />
J u n h o 2 0 1 0 / C o m u n i t à i t a l i a n a 61
lA gENTE, il pOSTO<br />
Claudia Monteiro de Castro<br />
Castello di miramare<br />
Trieste é uma cidade pouco explorada pelos brasileiros, uma<br />
cidade que não faz parte dos roteiros turísticos. No entanto,<br />
é uma das mais bonitas da Itália, com um toque italiano<br />
e um quê de austríaco. Entre mar e montanha, a cidade é cheia de<br />
belezas para explorar: praças elegantes e espaçosas, cafés chiquérrimos<br />
e antigos, um belo teatro de ópera e tantos passeios.<br />
Um dos marcos principais da cidade é o Castello di Miramare,<br />
bem de frente para o mar do golfo de trieste. É circundado por um<br />
extenso parque cheio de plantas dos mais diversos tipos e fica a poucos<br />
quilômetros do centro da cidade. Foi construído a pedido de Ferdinando<br />
Massimiliano d’Asburgo, arquiduque da áustria e imperador<br />
do México, em meados do século 19, para servir de residência para<br />
ele e sua esposa Carlotta da bélgica. Projetado pelo engenheiro Carl<br />
Junker, reúne a arquitetura de diversos períodos: gótico, medieval e<br />
do Renascimento. Um verdadeiro cenário de conto-de-fadas.<br />
Castello di Miramare<br />
telefone: 39 040 224143 - site: www.castello-miramare.it<br />
bora, vento de primeira categoria<br />
Quando eu era criança, dizia sempre que nunca moraria na Itália,<br />
por dois motivos: pelos inúmeros terremotos que existem<br />
no país e pelas tarântulas, as peludas aranhas venenosas que<br />
se encontravam no sul da bota.<br />
O tempo passou, cresci, mas continuo a mesma medrosa de sempre.<br />
sofro dos temores mais absurdos e surreais. Medo de avião, medo<br />
de terremoto, medo de aranhas e serpentes, medo de quem dirige<br />
muito rápido, cortando para tudo quanto é lado, enfim, estou sempre<br />
colecionando medos, mas estou aprendendo a driblá-los.<br />
Há alguns anos, decidi viajar com minha mãe para trieste, cidade<br />
onde minha avó tinha morado vários anos. Porém, lembrando de<br />
certas coisas que minha avó dizia, já fui ficando com medo. trieste é<br />
famosa pelo “bora”, um vento veloz e às vezes, perigoso.<br />
Vovó dizia que tinha que segurar em<br />
postes finos e cordas, espalhados pela cidade<br />
com esta finalidade, para não voar. Ou seja,<br />
já fui metendo mais um medo na cuca. Ainda<br />
mais que a gente iria para trieste em pleno<br />
inverno, no Natal, época do bora.<br />
Ao descobrir que tinha um tal Museu<br />
do bora em trieste, já fui escrevendo para<br />
o responsável, Rino, para perguntar se o<br />
vento estava previsto para o período quando<br />
nós visitaríamos a cidade, e se era tão perigoso<br />
assim quanto dizia minha avó. Ele<br />
me respondeu, divertido com meu medo:<br />
— se tiver o bora quando você vier,<br />
é uma grande sorte!<br />
Ele explicou que o vento fazia parte<br />
da alma dos triestinos e que, apesar<br />
de sua violência, é uma das marcas<br />
da cidade, um vento de grande<br />
beleza e personalidade.<br />
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C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 1 0<br />
Informando-me mais sobre o vento, descobri que ele existia devido<br />
à posição geográfica espetacular de trieste, entre mar e montanha,<br />
que provoca forte diferença de temperatura e pressão atmosférica,<br />
causando um vento intenso, que atinge às vezes mais de 150 km por<br />
hora. É um vento descontínuo, com momentos de grande intensidade<br />
e outros de aparente calmaria. Mas, realmente, os triestinos carregam<br />
o bora no coração. Muitos inclusive escreveram poesias e canções sobre<br />
este famoso vento, como scipio slataper:<br />
“<strong>La</strong> Bora aguzza di schegge mi frusta e mi strappa le orecchie. Ho i<br />
capelli come aghi di ginepro, e gli occhi sanguinosi e la bocca arida si spalancano<br />
in una risata. Bella è la Bora. E’ il tuo respiro, fratello gigante.<br />
Dilati rabbioso il tuo fiato nello spazio e i tronchi si squarciano dalla terra<br />
e il mare, gonfiato dalle profondità, si rovescia mostruoso contro<br />
il cielo. Scricchia e turbina la città quando tu disfreni<br />
la tua rauca anima. Fratello, con<br />
la tua grande anima io voglio<br />
scendere laggiù.”<br />
No final das contas,<br />
quando fui à trieste com minha<br />
mãe, o famigerado vento<br />
não soprou nem um pouquinho.<br />
Foram três dias de sol.<br />
Passeamos livres e soltas descobrindo<br />
esta cidade realmente<br />
encantadora. Infelizmente,<br />
não pudemos ter a experiência<br />
única de viver a emoção do bora.<br />
Mas ao subir as escadarias da<br />
scala bonghi e visitar a casa onde<br />
minha avó passou sua infância e<br />
adolescência, a emoção foi tão forte<br />
que nos arrebatou com mais força do<br />
que faria o mais potente dos bora.