12.06.2013 Views

La - Comunità Italiana

La - Comunità Italiana

La - Comunità Italiana

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Cultura<br />

Dois novos museus<br />

modernizam a paisagem<br />

e a vida cultural de roma<br />

EspumantE<br />

Vinícola salton<br />

comemora centenário<br />

e liderança no setor<br />

FutEbol<br />

roma leva de volta<br />

para a Itália o<br />

jogador adriano<br />

www.comunitaitaliana.com<br />

Rio de Janeiro, junho de 2010 Ano XVII – Nº 144<br />

É Copa!<br />

É hora de ítalo-brasileiros<br />

escolherem para qual seleção<br />

torcer. Na dúvida, fique com<br />

as duas, como fez o ex-jogador<br />

Mazzola, que já defendeu tanto a<br />

camisa do Brasil quanto a da Itália<br />

Especial: a crise grega e o futuro do Euro e da economia italiana<br />

ISSN 1676-3220 R$ 11,90


26<br />

CAPA<br />

Copa do Mundo é época de deixar dividido coração de ítalo-brasileiro:<br />

para qual seleção torcer? O ex-jogador Mazzola, que já vestiu as duas camisas,<br />

fala sobre suas experiências nos gramados do Brasil e da Itália<br />

Editorial<br />

O dom do Pasquale........................................................................06<br />

Cose Nostre<br />

Região da Lombardia vai pagar para<br />

mulheres desistirem de fazer aborto ..............................................07<br />

Política<br />

Único parlamentar italiano transgênero já eleito, o ex-deputado<br />

Vladimir Luxuria, solta o verbo contra o Vaticano .......................... 14<br />

Especial<br />

A crise econômica na Grécia abalou a confiança no Euro<br />

e obrigou a Itália a promover cortes drásticos no orçamento .......... 16<br />

45<br />

Atualidade<br />

São Vito<br />

Tradicional festa realizada<br />

em São Paulo é tema de<br />

documentário do diretor italiano<br />

Gianni Torres<br />

4<br />

Claudio Cammarota<br />

Divulgação<br />

50<br />

Cultura<br />

MAXXI e MACRO<br />

Dois museus projetados<br />

por arquitetas estrangeiras<br />

modernizam a paisagem de<br />

Roma e renovam a vida cultural<br />

da cidade italiana<br />

C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 1 0<br />

Editoria de arte<br />

Negócios<br />

Fábrica de origem ítalo-brasileira, Marcopolo, é a principal<br />

fornecedora de ônibus para a Copa da África do Sul .......................22<br />

Futebol<br />

Com seu nome envolvido em investigações policiais,<br />

no Rio de Janeiro, o jogador Adriano volta ao futebol italiano ..........41<br />

Intercâmbio<br />

Estado brasileiro do Acre apresenta artesanato e destinos turísticos<br />

na Itália disposto a incrementar relação com o país ....................... 44<br />

<strong>Comunità</strong><br />

Caseggiato simbolo della immigrazione italiana<br />

in Mato Grosso do Sul sarà restaurato ...........................................52<br />

54 58<br />

Márcio Madeira<br />

Moda<br />

Fashion Rio<br />

Organizadores da semana de<br />

moda carioca querem transformar<br />

o evento em referência mundial<br />

em moda praia<br />

Divulgação<br />

Espumante<br />

Salton<br />

Vinícola Salton, em Bento<br />

Gonçalves, comemora seu<br />

centenário como a líder na<br />

comercialização da bebida no país


FUNDADA EM MARÇO DE 1994<br />

DIREtOR-PREsIDENtE / EDItOR:<br />

Pietro Domenico Petraglia<br />

(RJ23820JP)<br />

DIREtOR: Julio Cezar Vanni<br />

PUblICAÇãO MENsAl E PRODUÇãO:<br />

Editora <strong>Comunità</strong> ltda.<br />

tIRAgEM: 40.000 exemplares<br />

EstA EDIÇãO FOI CONClUíDA EM:<br />

11/05/2010 às 12:30h<br />

DIstRIbUIÇãO: brasil e Itália<br />

REDAÇãO E ADMINIstRAÇãO:<br />

Rua Marquês de Caxias, 31, Niterói,<br />

Centro, RJ CEP: 24030-050<br />

tel/Fax: (21) 2722-0181 / (21) 2722-2555<br />

E-MAIl: redacao@comunitaitaliana.com.br<br />

sUbEDItORA: sônia Apolinário<br />

jornalismo@comunitaitaliana.com.br<br />

REDAÇãO: guilherme Aquino;<br />

Nayra garofle; sarah Castro; sílvia souza;<br />

Janaína Cesar; lisomar silva<br />

REVIsãO / tRADUÇãO: Cristiana Cocco<br />

PROJEtO gRáFICO E DIAgRAMAÇãO:<br />

Alberto Carvalho<br />

arte@comunitaitaliana.com.br<br />

CAPA: Wilson Rodrigues<br />

COlAbORADOREs: luana Dangelo; Pietro<br />

Polizzo; Venceslao soligo; Marco lucchesi;<br />

Domenico De Masi; Fernanda Maranesi;<br />

beatriz Rassele; giordano Iapalucci;<br />

Cláudia Monteiro de Castro; Ezio Maranesi;<br />

Fabio Porta; Fernanda Miranda;<br />

Paride Vallarelli; Aline buaes<br />

CORREsPONDENtEs:<br />

guilherme Aquino (Milão);<br />

Janaína Cesar (treviso);<br />

leandro Demori (Roma)<br />

lisomar silva (Roma);<br />

Quintino Di Vona (salerno)<br />

Robson bertolino (são Paulo)<br />

PUblICIDADE:<br />

Rio de Janeiro - tel/Fax: (21) 2722-2555<br />

comercial@comunitaitaliana.com.br<br />

REPREsENtANtEs:<br />

Minas gerais - gC Comunicação & Marketing<br />

geraldo Cocolo Jr.<br />

tel: (31) - 3317-7704 / (31) 9978-7636<br />

gcocolo@terra.com.br<br />

<strong>Comunità</strong><strong>Italiana</strong> está aberta às contribuições<br />

e pesquisas de estudiosos brasileiros, italianos<br />

e estrangeiros. Os artigos assinados são de<br />

inteira responsabilidade de seus autores, sendo<br />

assim, não refletem, necessariamente, as<br />

opiniões e conceitos da revista.<br />

<strong>La</strong> rivista <strong>Comunità</strong><strong>Italiana</strong> è aperta ai<br />

contributi e alle ricerche di studiosi ed esperti<br />

brasiliani, italiani e estranieri. I collaboratori<br />

e sprimono, nella massima libertà, personali<br />

opinioni che non riflettono necessariamente il<br />

pensiero della direzione.<br />

IssN 1676-3220<br />

O dom do Pasquale<br />

Um italiano generoso que representou a força de trabalho e a capacidade produtiva<br />

que os imigrantes implantaram no exterior. Com um semblante acolhedor<br />

e mãos fortes que se dedicaram a fazer o bem para a sociedade do Rio<br />

de Janeiro, Pasquale Annunziato Santoro nos deixou aos 93 anos de idade no<br />

último 27 de maio.<br />

Nascido em Paola, na Calábria, era conhecido pela maneira acolhedora que tratava<br />

a todos. Chegou ao Brasil em primeiro de julho de 1934 e no centro da cidade do Rio<br />

abriu e fechou uma dezena de restaurantes. O primeiro, na Av. Rio Branco com a Rua<br />

Teófilo Otoni, chamava-se Veneza e foi ali que começou a prática de distribuir, após os<br />

almoços, toda a comida que sobrava para pessoas carentes. Um de seus restaurantes, na<br />

Rua São Bento 13, foi vendido em 1970 para o pai do ministro da Saúde, José Gomes<br />

Temporão, e está lá até hoje. Pouco mais tarde, na Rua da Quitanda 195, em frente à antiga<br />

Bolsa do Café, estreou, segundo ele mesmo, o primeiro prato comercial ítalo-carioca:<br />

galeto al primo canto com uma taça de vinho.<br />

Com estatura mediana, bochechas avermelhadas e olhos<br />

azuis capazes de penetrar nos corações de seus interlocutores,<br />

esse calabrês ficou mais conhecido como Don Pasquale,<br />

apelido que recebeu em quinze anos de atividade em seu restaurante<br />

no prédio da Casa D’Italia. No segundo andar desse<br />

edifício, era orgulhoso de vender seus pratos de massas típicas<br />

do Sul da Itália e suas “sfogliatellas napoletanas” para centenas<br />

de clientes que, ao fim da refeição, ainda levavam um<br />

rústico e disputado pão italiano.<br />

Presente diariamente na estrutura que abriga o Consulado<br />

e inúmeras associações italianas de 1985 a 1999, não era de<br />

se espantar que Don Pasquale influenciasse e participasse de<br />

muitas das decisões do corpo diplomático. Durante muito tempo,<br />

quem ia ao edifício procurar por tramites consulares tinha,<br />

Pietro Petraglia<br />

Editor<br />

na verdade, este calabrês como referência para guardar um lugar nas tumultuadas filas ou<br />

dar conselhos. E assim, participou ativamente da vida e da história de inúmeros embaixadores,<br />

cônsules, personalidades e gente de todo tipo que frequentava e fazia da Casa<br />

d’Italia, na Av. Presidente Antonio Carlos 40, uma estrutura movimentada, onde circulavam<br />

figuras como o cineasta Luis Carlos Barreto, visto com frequência almoçando por lá.<br />

E foi lá também o palco principal do lançamento da revista <strong>Comunità</strong><strong>Italiana</strong>. Era<br />

Don Pasquale o responsável por receber e distribuir além de bradar aos quatro cantos as<br />

notícias que saiam há 17 anos, ainda em formato tablóide. Feliz de quem conhece homens<br />

assim, que marcam pela nobreza nos gestos mais simples. A Don Pasquale dedico<br />

meus 20 anos de trabalho jornalístico.<br />

Copa do Mundo<br />

Quando o assunto é a paixão por futebol, Don Pasquale também era responsável por<br />

unir italianos e brasileiros, até mesmo em anos de acirrada disputa de Copa do Mundo.<br />

Um dos principais símbolos dessa união é o ex-jogador Mazzola. Ídolo no Brasil e na<br />

Itália, esse brasileiro naturalizado italiano conta, na nossa reportagem de capa, como se<br />

sentiu defendendo os dois países em várias edições do principal campeonato de futebol<br />

do mundo. Atual comentarista esportivo de emissora de TV italiana, ele relembra seus<br />

áureos tempos dentro do gramado, compara o futebol de hoje e de ontem e arrisca seus<br />

palpites para a Copa da África do Sul.<br />

Porém, independente da torcida a ser feita durante a Copa, a grande expectativa do<br />

momento diz respeito ao futuro do Euro. Nessa partida, não dá para pensar em perder.<br />

A reportagem especial desta edição mostra os problemas enfrentados pela moeda da<br />

União Europeia por conta da crise econômica da Grécia. Na Itália, as conseqüências já<br />

começam a ser sentidas, com um grande corte no orçamento. Talvez, o cinto apertado<br />

só seja percebido quando acabar a Copa do Mundo. Mas o fato é que ele já foi adotado<br />

como modelo da próxima temporada.<br />

Boa leitura<br />

editorial<br />

Entretenimento com cultura e informação<br />

nova data<br />

Adiada por duas vezes, a vinda do primeiro-ministro italiano<br />

ao brasil, silvio berlusconi, voltou a ser especulada. Agora,<br />

os comentários não oficiais dão conta que ele viria a são Paulo<br />

nos dias 28 e 29 de junho. A expectativa é de que berlusconi se<br />

encontre com o presidente luiz Inácio lula da silva.<br />

bônus<br />

O<br />

presidente da região da<br />

lombardia, Roberto Formigoni,<br />

anunciou que o governo<br />

local pretende oferecer 5,5 mil<br />

dólares (o equivalente a cerca<br />

de 10 mil reais) a mulheres grávidas<br />

para que desistam de praticar<br />

abortos. Para receber o dinheiro,<br />

que seria pago ao longo<br />

de 18 meses, as mulheres terão<br />

de provar que enfrentam problemas<br />

financeiros. Formigoni,<br />

que é católico e aliado do primeiro-ministro<br />

italiano, silvio<br />

berlusconi, disse que nenhuma<br />

mulher na lombardia deveria<br />

interromper uma gravidez por<br />

causa de dificuldades econômicas.<br />

O aborto é permitido por lei<br />

na Itália desde 1978. Os dados<br />

mais recentes sobre abortos na<br />

Itália revelam que em 2008 foram<br />

realizados cerca de 120 mil<br />

no país.<br />

polêmica<br />

O<br />

futebol rendeu, mês passado, bate boca entre<br />

ministros italianos. Primeiro, Andrea Ronchi,<br />

titular da pasta de Políticas Europeias, disse que a<br />

seleção de futebol de seu país é formada por “velhos”.<br />

Depois, ele classificou como “fora de tempo e<br />

de lugar” o pronunciamento do ministro para a sim-<br />

rapidinhas<br />

● Estão abertas as inscrições para<br />

a segunda edição da estadia<br />

de ensino-estágio nos Apeninos<br />

para “embaixadores afetivos”<br />

do Parque Nacional do Apenino<br />

Tosco-Emiliano. O programa<br />

é voltado para jovens descendentes<br />

de imigrantes da região<br />

do Parque ou de origem toscana<br />

ou emiliano-romagnola. O curso<br />

é gratuito. Está previsto, no entanto,<br />

um co-financiamento de<br />

10% para despesas de viagem<br />

por parte de cada participante.<br />

O curso terá a duração de duas<br />

semanas estando previsto o período<br />

de 5 a 19 de setembro de<br />

2010. A documentação deve ser<br />

enviada por e-mail, para info@<br />

parconelmondo.it até o dia 28<br />

junho. Mais detalhes em www.<br />

emilianoromagnolinelmondo.it.<br />

● Morreu o vice-Cônsul da Itália<br />

em Minas gerais, Adolfo Scozzarella.<br />

Deixa esposa e dois filhos e<br />

era coordenador do setor de serviços<br />

consulares da unidade.<br />

● são Paulo recebeu a certificação<br />

para o seu sistema de gestão<br />

e gerenciamento para a qualida-<br />

COSE NOSTRE<br />

telefone<br />

A<br />

primeiro hotel do mundo feito completamente com lixo foi<br />

O inaugurado em Roma, na Itália. Os objetos foram retirados de<br />

praias da Europa para mostrar o quanto de lixo é jogado na costa<br />

do continente. O projeto é parte de uma campanha para aumentar<br />

a conscientização do público sobre a poluição nas praias. O hotel<br />

usou 12 mil quilos de lixo - mesma quantidade média jogada por<br />

ano em apenas três quilômetros quadrados de praias europeias.<br />

Julio Vanni<br />

Itália lançou um número telefônico voltado exclusivamente aos<br />

turistas. Ao discar 039.039.039 (três vezes o prefixo internacional<br />

do país), o visitante pode obter informações e assistência. O serviço<br />

é multilíngue (em inglês, francês, espanhol, alemão, chinês, russo<br />

e obviamente em italiano) e funciona todos os dias, com domingos e<br />

feriados incluídos, das 9h às 22h.<br />

plificação Normativa, Roberto Calderoli, que recentemente<br />

pediu para a Federação <strong>Italiana</strong> de Futebol<br />

(FIgC) reduzir os prêmios e salários dos jogadores<br />

devido à crise econômica mundial. No final, Ronchi<br />

contemporizou ao afirmar que era “insensato iniciar<br />

uma polêmica às vésperas da Copa do Mundo”.<br />

de segundo a norma IsO 9001-<br />

2008 em referência às atividades<br />

do Instituto Italiano para o Comércio<br />

Exterior na promoção do<br />

sistema Itália.<br />

● Vilmar D. Fistarol, 50 anos, é<br />

o novo diretor de Recursos Humanos<br />

da Fiat América latina. Ele<br />

acumulará a função com o cargo<br />

de vice-presidente executivo da<br />

Fiat Argentina.<br />

● O cantor e compositor Caetano<br />

Veloso irá à Itália apresentar shows<br />

da turnê “Zii e Zie”. Fará shows<br />

em Florença, Roma, Parma e bard.<br />

Coliseu<br />

Um dos principais marcos<br />

turísticos da Itália,<br />

o Coliseu vai abrir seus corredores<br />

subterrâneos para o<br />

público pela primeira vez. A<br />

rede de celas e túneis abrigava<br />

na Antiguidade, animais,<br />

gladiadores, escravos e pessoas<br />

que eram jogadas aos leões<br />

e tigres para entretenimento<br />

do público, que chegava a 50<br />

mil pessoas. Milhões de turistas<br />

visitam o Coliseu todos os<br />

anos, mas as áreas subterrâneas<br />

eram consideradas muito<br />

frágeis e por isso estavam fechadas.<br />

Para recuperar a área<br />

aos turistas foram gastos 28<br />

milhões de dólares. O Coliseu,<br />

um dos símbolos do Império<br />

Romano, deixou de ser utilizado<br />

como espaço para entretenimento<br />

no século 6.<br />

Conectados<br />

Uma notável porcentagem de<br />

sacerdotes utiliza a internet,<br />

particularmente para preparar<br />

homilias, estudar e, sobretudo,<br />

para divulgar a mensagem de<br />

Cristo, segundo estudo publicado<br />

mês passado, em Roma. segundo<br />

pesquisa conjunta da Universidade<br />

de lugano (suíça) e santa Cruz<br />

de Roma (Itália), realizada entre<br />

15 de novembro de 2009 e 28 de<br />

fevereiro de 2010, 94,7% dos religiosos<br />

conectam-se à internet todos<br />

os dias. A internet é considerada<br />

“um novo elemento cultural”<br />

e “a Igreja deve levá-la cada vez<br />

mais em conta”, admitiu o cardeal<br />

brasileiro Claudio Hummes, da<br />

Congregação para o Clero. “temos<br />

que dar indicações pastorais práticas<br />

no mundo digital”, comentou.<br />

No total, 4.992 sacerdotes<br />

responderam ao questionário, o<br />

que corresponde a 1,2% do total<br />

de sacerdotes do mundo.<br />

6 C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 1 0<br />

J u n h o 2 0 1 0 / C o m u n i t à i t a l i a n a 7


opinião<br />

frases<br />

enquete<br />

Sim – 85,7% Não - 66,7%<br />

Sim – 83,3%<br />

Não – 14,3% Sim - 33,3%<br />

Não – 16,7%<br />

Enquete apresentada no site www.comunitaitaliana.com<br />

entre os dias 28 de maio a 1º de junho.<br />

cartas<br />

“Adoro l’Italia. Ho girato<br />

bei film con grandi attori e<br />

cineasti. Mi piace come vivono<br />

gli italiani, ciò che mangiano, il<br />

rumore, la bellezza”,<br />

Fanny ardant,<br />

attrice, che è venuta in Brasile per<br />

il lancio del suo primo lavoro come<br />

regista di un cortometraggio.<br />

Roma vai se candidatar para<br />

as Olimpíadas de 2020.<br />

A cidade tem chances?<br />

“Temos que respeitar as<br />

individualidades quando<br />

estivermos concentrados. Porém,<br />

quando estivermos livres, cada<br />

um faz o que quer. Nem todo<br />

mundo gosta de sexo, de vinho e<br />

de sorvete”,<br />

Dunga, técnico da seleção<br />

brasileira de futebol, ao chegar<br />

em Joanesburgo, cidade-sede da<br />

equipe durante a Copa do Mundo.<br />

“O desafio que a economia<br />

brasileira enfrenta hoje<br />

é o de administrar o<br />

superaquecimento”,<br />

Dominique Strauss-Kahn,<br />

diretor-gerente do Fundo<br />

Monetário Internacional<br />

(FMI) que esteve em São<br />

Paulo no mês passado.<br />

matéria de gastronomia da edição passada me agradou bastan-<br />

“A te. Achei curiosa a ideia de transformar pratos italianos em petiscos.<br />

O fato de beber vinho no copo não é novidade na minha família.<br />

Meus avós italianos nunca fizeram questão de belas taças porque trouxeram<br />

este costume da Itália. A foto da bruschetta é uma tentação!”<br />

GIulIana aGnellO – Itu, SP – por e-mail<br />

Porta-voz do partido IDV diz que<br />

berlusconi precisa tirar férias para<br />

o bem da Itália. Você concorda?<br />

Enquete apresentada no site www.comunitaitaliana.com<br />

entre os dias 1º a 4 de junho.<br />

“Mi innervosisco cosí tanto che<br />

faccio il tifo perché il pallone non<br />

arrivi nemmeno vicino alla porta.<br />

Se mi siedo in un posto ma sento<br />

che non sta portando fortuna,<br />

cambio posto. Ma siccome mi<br />

innervosico molto, spesso vedo la<br />

partita in piedi, a casa”,<br />

Susana Werner,<br />

modella, attrice e moglie del<br />

portiere dell’Inter e della nazionale<br />

brasiliana, Julio Cesar.<br />

“Gli Stati Uniti apprezzano<br />

profondamente il fermo<br />

impegno dell’Italia a<br />

contribuire insieme con gli<br />

Stati Uniti e gli altri alleati<br />

della Nato alla promozione<br />

della pace, dello sviluppo<br />

e della sicurezza in<br />

tutto il mondo”,<br />

Barack Obama,<br />

presidente degli Stati Uniti<br />

in una lettera consegnata al<br />

capo di stato italiano, Giorgio<br />

Napolitano, in occasione della<br />

Festa della Repubblica.<br />

Ministro diz que seleção italiana<br />

é ‘de velhos’. A Itália tem<br />

chances de ganhar a Copa?<br />

Enquete apresentada no site www.comunitaitaliana.com<br />

entre os dias 7 a 11 de junho.<br />

uero deixar registrado aqui meu elogio à colunista Cláudia<br />

“QMonteiro de Castro que tanto nos diverte com seus textos.<br />

Ela nos transmite uma visão da Itália que poucos conseguem passar.<br />

sempre com um toque de humor, a coluna dela me faz começar a ler<br />

a revista de trás para frente.”<br />

PaulO MeneGuItte – Rio de Janeiro, RJ – por e-mail<br />

agenda<br />

FotograFia (rJ)<br />

Maior exposição internacional<br />

dedicada ao fotojornalismo, o<br />

World Press Photo chega a sua<br />

53ª edição ocupando o foyer superior<br />

da Caixa Cultural com 162<br />

registros selecionados de 63 fotógrafos<br />

provenientes de 23 países.<br />

A obra mais importante do<br />

acervo, destacada com o título<br />

de World Press Photo do Ano, é<br />

uma imagem feita pelo italiano<br />

Pietro Masturzo, que mostra uma<br />

mulher gritando num terraço de<br />

teerã, em protesto pela elei-<br />

ção de Mahmoud Ahmadinejad<br />

à presidência do Irã. Premiado<br />

em terceiro lugar na categoria<br />

esporte e ação, o paulista Daniel<br />

Kfouri é o único brasileiro a<br />

constar do elenco, com uma bela<br />

imagem da série ícarus (flagra<br />

do campeão de skate bob burnquist<br />

durante um treino de salto<br />

na Megarrampa, em são Paulo).<br />

Caixa Cultural: Avenida Almirante<br />

barroso, 25, Centro. telefone:<br />

(21) 2544-7666.<br />

Mercado esportivo (rJ)<br />

Em sua 12ª edição, a Rio sports<br />

show apresentará entre 15 e 17<br />

de Julho, no Cais do Porto do<br />

Rio de Janeiro, as tendências e<br />

novidades em serviços e equipamentos<br />

mais modernos no segmento<br />

de academias, clubes,<br />

condomínios, além de acessórios,<br />

softwares e suplementos<br />

alimentares. A expectativa é que<br />

mais de 15 mil pessoas circulem<br />

pela Marina da glória nos três<br />

dias de evento. A previsão também<br />

é positiva em relação aos<br />

negócios: espera-se que sejam<br />

gerados 10 milhões de reais em<br />

transações comerciais, um crescimento<br />

de 25%. Este ano, mais<br />

de sessenta marcas ligadas ao<br />

mercado esportivo, distribuídas<br />

em 70 estandes, já garantiram<br />

presença. Píer Mauá. Rodrigues<br />

Alves nº 10.<br />

gastronoMia (sc)<br />

Alex Atala, Emmanuel bassoleil,<br />

Fabrice lenud, Claude troisgros,<br />

Olivier Anquier e luigi tartari são<br />

os chefs que participam da 3ª semana<br />

Internacional de gastronomia<br />

da Costa Esmeralda. O evento,<br />

de 24 a 31 de julho, ocorre<br />

em Porto belo, Itapema e bombinhas,<br />

garantindo para santa Catarina<br />

o título de Capital da boa<br />

Mesa. tartari, nascido no Piemonte,<br />

chegou ao Rio de Janeiro aos<br />

21 anos para trabalhar no Copacabana<br />

Palace Hotel. Diretor executivo<br />

da Associação brasileira<br />

de Alta gastronomia, atualmente<br />

é professor das universidades de<br />

Castelli e Unisinos no Rio grande<br />

do sul e presta consultorias ao<br />

Hotel Mercure e Maré d’Italia.<br />

arquitetura (Br)<br />

Um dos nomes na construção da<br />

capital do país, lucio Costa é lembrado<br />

nos festejos pelos 50 anos<br />

de brasília com exposição no Museu<br />

Nacional do Conjunto Cultural<br />

da República. A mostra revela a<br />

trajetória profissional do arquiteto<br />

e apresenta os projetos de lucio<br />

em ampliações, fotos e, sobretudo,<br />

maquetes, inclusive os que<br />

originaram brasília. O público pode<br />

fazer um passeio por toda a sua<br />

carreira, incluindo sua presença<br />

em momentos decisivos, no âmbito<br />

do seu ofício, a exemplo da<br />

reforma do ensino em 1930 com o<br />

prédio do Ministério da Educação,<br />

no Rio de Janeiro, e do Pavilhão<br />

do brasil na Feira Mundial de Nova<br />

York. Até 3 de agosto. setor Cultural<br />

sul - lote 02. Esplanada dos<br />

Ministérios, em brasília.<br />

na estante click do leitor<br />

Vino e Eros - Vino rosso, sessualità, benessere. Desde sempre<br />

considerada o complemento ideal para um encontro romântico,<br />

a bebida de baco, deus do vinho e do amor, comprovadamente<br />

interage com os delicados mecanismos que regulam a<br />

atividade sexual feminina. O volume, organizado pelos urologistas<br />

Riccardo bartoletti, Nicola Mondaini e Francesco Montorsi,<br />

é fruto de uma pesquisa realizada pelo Hospital santa Maria<br />

Annunziata, de Florença. Reúne artigos de especialistas de<br />

áreas como ginecologia, psicologia, farmacologia, andrologia e<br />

urologia que explicam, de um ponto de vista técnico, como um<br />

consumo equilibrado de vinho pode beneficiar homens e mulheres.<br />

giunti Demetra, 256 páginas, 12,50 euros. sem previsão<br />

de lançamento no brasil.<br />

101 vini da bere almeno una volta nella vita spendendo molto<br />

poco. O jornalista napolitano luciano Pignataro, autor de um<br />

dos blogs sobre vinho mais lidos da Itália, propõe uma viagem<br />

de norte a sul do país através de 101 vinhos que custam menos<br />

de 10 euros. Da elegância dos brancos do Friuli aos tintos da<br />

região do Etna, passando pelos sangiovese, nebbiolo, aglianico,<br />

negroamaro, trebbiano, pinot grigio e falanghina, o livro é o<br />

primeiro do gênero a apresentar as regiões italianas igualmente<br />

distribuídas. Para o autor, manter o preço justo para os produtos<br />

locais de qualidade, é a melhor maneira de conjugar a defesa<br />

do estilo de vida italiano com a resistência ao mercado global.<br />

Newton Compton Editori, 288 páginas, 14,90 euros. sem previsão<br />

de lançamento no brasil.<br />

serviço<br />

oi interessante estar na Itália e<br />

“Fbeber um pouco daquele vinho,<br />

pisar um pouco naquela terra, conhecer<br />

especialmente Florença. Adoro viajar e<br />

em qualquer viagem você se modifica,<br />

aprende um pouco com os habitantes<br />

locais. E tudo isso, a gente imprime no<br />

nosso coração”<br />

DanIel De OlIveIra,<br />

ator da novela Passione<br />

rio de Janeiro, rJ - por e-mail<br />

Mande sua foto comentada para esta coluna<br />

pelo e-mail: redacao@comunitaitaliana.com.br<br />

8 C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 1 0<br />

J u n h o 2 0 1 0 / C o m u n i t à i t a l i a n a 9<br />

Arquivo pessoal


OpiNiONE<br />

Fabio Porta<br />

fabioporta@fabioporta.com<br />

la regola del “12”<br />

Possiamo stare tranquilli: la nazionale “azzurra” tornera’ soltanto nel 2018 a disputare una<br />

finale di coppa del mondo di calcio. Scavando nella mia memoria ho scoperto che…<br />

uno dei primi ricordi della<br />

mia infanzia, anche se un<br />

po’sfocato e annebbiato<br />

dal tempo trascorso, sono<br />

le urla di gioia del mio papà e di<br />

mio fratello la notte del 19 giugno<br />

del 1970: l’Italia di gianni Rivera,<br />

dopo un’epica e rocambolesca<br />

partita finita ai tempi supplementari,<br />

superava la germania di<br />

Franz beckenbauer e accedeva alla<br />

finale contro il brasile di Re Pelé.<br />

Contro il brasile avremmo poi<br />

perso per 4 a 1, ma quella Coppa<br />

del Mondo per noi italiani viene<br />

ricordata ancora oggi per quei<br />

mitici trenta minuti al cardiopalma:<br />

con i tedeschi abbiamo sempre<br />

avuto un complesso rapporto<br />

di amore-odio ed ogni partita di<br />

calcio tra Italia e germania portava<br />

con sé qualcosa di speciale,<br />

un’atmosfera che andava ben al di<br />

là della competizione calcistica.<br />

Passeranno dodici anni (attenzione<br />

al numero: 12 anni)<br />

prima che l’Italia torni in finale;<br />

siamo nel 1982 ed i mondiali<br />

si giocano in spagna. Per me è<br />

un anno importante, perché negli<br />

stessi giorni del Mondiale mi<br />

gioco una partita altrettanto delicata:<br />

gli “esami di stato”, il passaggio<br />

dal liceo all’università. Io<br />

a Caltagirone, la nazionale ‘azzurra’<br />

a barcellona; sicilia e spagna,<br />

terre lontane tra loro ma unite da<br />

tante analogie culturali, a partire<br />

dai lunghi secoli di dominazione<br />

araba. Anche in spagna non sarà<br />

la finale a segnare questa coppa<br />

per noi italiani; anche in spagna<br />

sarà un’altra la partita che farà la<br />

storia di quel mondiale. E questa<br />

volta a parti invertite: la finale sarà<br />

con la germania, che supereremo<br />

con facilità. la “partitissima”<br />

10<br />

questa volta è con il brasile, forse<br />

il più forte brasile del dopo-Pelé:<br />

la seleção di Falcão, Zico e socrates!<br />

Vinceremo 3 a 2, grazie anche<br />

all’esplosione di quel Paolo Rossi<br />

divenuto subito dopo l’italiano<br />

più famoso in brasile… Quell’anno<br />

superai il mio esame, anche se<br />

trascorsi più tempo davanti alla<br />

tV e festeggiando per le strade<br />

che non sui libri di latino e storia.<br />

Dovevano passare altri dodici<br />

anni (sí, 12 !) per rivivere ancora<br />

l’emozione di un’altra finale italiana<br />

in Coppa del Mondo. Questa<br />

volta il destino fu crudele con me.<br />

siamo nel 1994; quell’anno segna<br />

praticamente per me l’inizio della<br />

mia storia ‘brasiliana’. A Roma e<br />

torino, per tre mesi, inizia il mio<br />

progetto di cooperazione e formazione<br />

tra i sindacati brasiliani<br />

e italiani. Condividerò per cento<br />

intensi giorni gioie ed emozioni,<br />

sacrifici e discussioni con undici<br />

miei colleghi brasiliani. Vivrò con<br />

loro anche una ‘tragedia brasiliana’<br />

(e non solo brasiliana): il primo<br />

maggio muore ad Imola Ayrton<br />

senna, un lutto che ci unisce<br />

tutti nel rimpianto del grande<br />

campione. Il 17 luglio accompagno<br />

personalmente all’aeroporto<br />

C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 1 0<br />

di Fiumicino i miei amici brasiliani;<br />

sí, il 17 luglio, giorno della finale<br />

che vedrà ancora una volta di<br />

fronte Italia-brasile, questa volta<br />

a Pasadena negli UsA. lascio gilmar,<br />

liliane, Waldir, Ana, William,<br />

Iolanda, Carlos, Vitoria e Roberto<br />

all’aeroporto e corro verso il centro<br />

di Roma: a Piazza del Popolo<br />

c’è uno dei tanti megaschermi allestiti<br />

nelle mille piazze italiane.<br />

Per un problema tecnico la proiezione<br />

in piazza della partita non<br />

inizia … mi metto di nuovo in<br />

macchina alla volta dello stadio<br />

olimpico. E’ qui che assisterò alla<br />

finale ed agli indimenticabili rigori,<br />

compreso quell’ultimo (!) di<br />

Roby baggio. la cosa “strana” è<br />

che la sconfitta dell’Italia, per la<br />

prima volta, non mi fa soffrire: il<br />

brasile meritava più di noi quella<br />

Coppa o forse anche io ero diventato<br />

un po’ tifoso della nazionale<br />

verdeoro, chissà…<br />

Dopo il 1994 quanti anni sarebbero<br />

trascorsi per ritrovare gli<br />

azzurri in finale? Avete indovinato:<br />

ce ne vorranno esattamente<br />

dodici (12!) perché le strade e le<br />

piazze italiane siano nuovamente<br />

invase dalla febbre dei mondiali e<br />

perche’ la nazionale tricolore ri-<br />

torni in finale. Quella del 2006 è<br />

una nazionale coriacea e pragmatica,<br />

un gruppo che fa dell’unione<br />

il suo punto di forza e che riuscirà<br />

a superare i padroni di casa davanti<br />

al proprio pubblico a berlino.<br />

Dopo ventiquattro anni sono<br />

di nuovo in sicilia; questa volta<br />

da turista/emigrante, con tanto<br />

di moglie brasiliana e due figlie<br />

italo-brasiliane: fortunatamente<br />

non sono costretto questa volta<br />

ad assistere ad una finale Italiabrasile.<br />

Il nostro tifo è univoco e<br />

compatto, festeggeremo tutti insieme<br />

nel calore estivo della sicilia<br />

il quarto campionato del mondo<br />

vinto dall’Italia!<br />

E adesso? se la matematica non<br />

è un’opinione non avrei dubbi: ma è<br />

chiaro, nel 2018, quattro anni dopo<br />

i mondiali del 2014 (che, com’è noto,<br />

si svolgeranno in brasile) l’Italia<br />

sarà nuovamente in finale.<br />

Nella speranza, è ovvio, di sbagliarmi;<br />

anzi, di essere smentito<br />

dal calcio che – nonostante tutto<br />

– è ancora oggi uno spettacolo<br />

unico e appassionante, affidato<br />

più alle magiche prodezze di undici<br />

piccoli eroi che non al calcolo<br />

matematico-cabalistico di chi ha<br />

scritto questo articolo.<br />

non tutti<br />

sono eroi<br />

Alcuni tra gli scampati alla strage di Nassirija fanno causa allo Stato<br />

altre due morti oggi, 17<br />

maggio, tra le nostre truppe<br />

in Afganistan. Il tributo<br />

di sangue delle missioni<br />

“di pace” è pesante ma tutti<br />

i partiti politici, con toni più o<br />

meno decisi o sfumati, concordano<br />

che è necessario proteggere la<br />

pace in territori per noi nevralgici<br />

e combattere il terrorismo<br />

mondiale. I due caduti avranno<br />

solenni funerali di stato, e ciò è<br />

dovuto. saranno definiti eroi nella<br />

inevitabile retorica dei politici.<br />

Il servizio militare oggi è una<br />

scelta professionale: si fa carriera<br />

militare per convinzione, per spirito<br />

di avventura o per mancanza<br />

di altre opzioni. Accettare volontariamente<br />

di andare in missione<br />

all’estero premia la carriera e<br />

permette di guadagnare di più.<br />

Chi accetta conosce i rischi della<br />

missione; il rischio è insito nel<br />

mestiere del militare. Egli può<br />

essere ferito, o può morire, se ha<br />

la disgrazia di essere nel luogo<br />

sbagliato nel momento sbagliato.<br />

Non so quanto guadagni un<br />

militare in missione; di certo il<br />

soldo tiene conto del rischio.<br />

Il 12 novembre 2003, a Nassirija,<br />

un camion carico di esplosivo<br />

sventrò un edificio della base<br />

Maestrale. Morirono 19 nostri<br />

ragazzi: una strage. I feriti furono<br />

22. Di essi, 7 sono rimasti in<br />

servizio, 15 chiesero il congedo<br />

per stress post traumatico. I feriti<br />

furono risarciti in funzione del<br />

livello di invalidità dall’assicurazione<br />

stipulata dallo stato presso<br />

i lloyd. Altri 8 militari, alcuni dei<br />

quali erano assenti dalla base al<br />

momento della esplosione, hanno<br />

chiesto il congedo nei mesi successivi<br />

per stress post traumatico.<br />

Aver paura é umano. Alcuni fra i<br />

congedati parteciparono a missioni<br />

in altri paesi dopo l’Irak. A<br />

tutti i 23 congedati é stato riconosciuto<br />

un compenso speciale di<br />

200.000 euro, oltre ad un vitalizio<br />

mensile di 1.553 euro e altri<br />

benefici. Alcuni fra i congedati<br />

stanno facendo causa allo stato<br />

Italiano. l’accusa è quella di non<br />

aver predisposto difese adeguate<br />

per evitare possibili attentati. Il<br />

processo è in andamento; entro<br />

giugno ci sarà una prima sentenza.<br />

Un militare che soffrí ferite<br />

OpiNiONE<br />

Ezio Maranesi<br />

eziomaranesi@terra.com.br<br />

gravi, rimasto in servizio, accusa<br />

ora gli ex colleghi congedati che<br />

essi, con le loro accuse, infangano<br />

l’Arma e coloro che sono caduti.<br />

sostiene che la base era adeguatamente<br />

protetta e che vi sono “finti<br />

feriti” che “ci stanno marciando”,<br />

cioè vogliono più soldi.<br />

E’ una brutta storia. Ho voluto<br />

raccontarla perché mi ha<br />

colpito molto. Non intendo dissacrare<br />

la facile retorica che parla<br />

dei nostri ragazzi che difendono<br />

le sacre frontiere della patria o la<br />

pace e la libertà dei popoli ma,<br />

certamente, la presenza di nostre<br />

truppe in missione di pace su<br />

vari fronti ci onora. Essi operano<br />

in contesti molto pericolosi<br />

e, secondo quanto i media ci raccontano,<br />

svolgono egregiamente<br />

il loro compito o, se vogliamo, il<br />

loro mestiere. E per mestiere accettano<br />

di andare in Irak o in Afganistan<br />

conoscendo i rischi e le<br />

difficoltà che devono affrontare.<br />

Onorano quindi la loro divisa, il<br />

loro impegno cosciente e meritano<br />

tutto il nostro rispetto e ammirazione.<br />

Disturba quindi l’idea<br />

che tra di loro ci sia chi “ci sta<br />

marciando” aggrappandosi a una<br />

dolorosa disgrazia, alla quale magari<br />

non hanno presenziato, per<br />

spillare soldi allo stato. Disturba<br />

l’idea che avremmo potuto definirli<br />

eroi, se fossero stati sfortunati<br />

come i loro colleghi caduti.<br />

Mi sembra una forzatura parlare<br />

di eroismo per i nostri militari<br />

in missione. Il mondo, applicando<br />

lo stesso metro, sarebbe pieno<br />

di eroi. sarebbero eroi i muratori<br />

che lavorano, spesso senza protezioni<br />

adeguate, sulle impalcature<br />

delle costruzioni. sarebbero eroi<br />

gli operai che lavorano tutto il<br />

giorno in fabbrica al tornio, alla<br />

fresa, alla catena di montaggio,<br />

che manovrano le gru nei porti,<br />

che guidano autocarri, che fanno<br />

mille altri mestieri pericolosi<br />

per un salario da fame. sarebbero<br />

eroi coloro che sono costretti<br />

dal bisogno a lavorare al comando<br />

di un capo cretino che li umilia.<br />

In Italia muoiono ogni anno<br />

sul lavoro circa 1.500 persone. Al<br />

funerale del muratore che muore<br />

sul lavoro non udiamo mai squilli<br />

di tromba e pomposi discorsi di<br />

autorità, e il risarcimento degli<br />

enti pubblici è modesto quando<br />

non misero. Il muratore non può<br />

mai chiedere il congedo e invocare<br />

lo stress quando è veramente<br />

stressato o semplicemente stufo<br />

di fare un mestiere pericoloso e<br />

malpagato. Nessuno gli darebbe<br />

elargizioni o vitalizi. Il suo destino<br />

invece è alzarsi presto al<br />

mattino, giorno dopo giorno, come<br />

sempre, e andare a lavorare,<br />

zitto o brontolando, come la vita<br />

lo costringe. Nessuno gli darà mai<br />

una medaglia.


un sondaggio commissionato<br />

per CNI (Confederação<br />

Nacional da<br />

Indústria ) tra il 5 ed<br />

il 15 Aprile ha dimostrato che<br />

in brasile gli imprenditori sono<br />

piuttosto ottimisti riguardo<br />

al futuro. l’economia brasiliana<br />

nel prossimo semestre crescerà<br />

sensibilmente benché manchi la<br />

manodopera di lavoratori qualificati<br />

a causa di un’eccessiva richiesta.<br />

Quasi il 66% della categoria<br />

imprenditoriale brasiliana<br />

prevede un ottimo andamento<br />

del mercato interno, mentre il<br />

55% ritiene che per le esportazioni<br />

ci siano buone aspettative.<br />

Il sondaggio, in realtà, risulta<br />

più articolato, ma i due<br />

dati sopracitati sono esemplificativi.<br />

Il brasile è pienamente<br />

uscito dalla crisi e riprende<br />

il cammino interrotto sul finire<br />

del 2008 con il PIl che crescerà<br />

fin quasi a toccare il 6% per<br />

l’anno 2010.<br />

la realtà e la situazione economica<br />

brasiliana, ovviamente,<br />

sono molto diverse da quelle dei<br />

paesi europei, tuttavia fa un certo<br />

effetto vedere quel 6%... Per<br />

l’Italia, ad esempio, sarebbe già<br />

una grandissima conquista riuscire<br />

a fare la metà del brasile,<br />

ma il 3% di PIl è un sogno che<br />

il belpaese coltiva da parecchi<br />

anni senza mai averlo raggiunto.<br />

Quel che è certo è che il brasile<br />

è un paese in forte espansione<br />

che si sta presentando al mondo<br />

come futuro grande protagonista,<br />

mentre l’Europa pare avere<br />

già dato il meglio di sé ed ora<br />

tende a ripiegarsi. Ci vorrà ancora<br />

del tempo…<br />

12<br />

OpiNiONE<br />

Paride Vallarelli<br />

ottimisti e<br />

pessimisti<br />

l’ottimismo della classe imprenditoriale<br />

del gigante sudamericano,<br />

perciò, non è altro che<br />

lo specchio di una condizione<br />

mutata che per il brasile significa<br />

crescita e sviluppo a tutti<br />

i livelli. gli stessi luoghi comuni<br />

che più di qualcuno in Europa<br />

nutre su questo paese, d’altra<br />

parte, sono figli della mancanza<br />

di conoscenza di quel che realmente<br />

avviene. Il brasile non è<br />

certo solo terra di forti contraddizioni<br />

e sottovalutarlo sarebbe<br />

un errore stupido.<br />

Un sondaggio di gallup Europe<br />

condotto il 10 gennaio<br />

2010, al contrario, mette in rilievo<br />

l’enorme pessimismo dei<br />

giovani italiani rispetto al futuro.<br />

siamo addirittura al 118°<br />

posto al mondo con un con un<br />

indice di ottimismo del 44%,<br />

ossia, l’esatta metà del turkmenistan,<br />

che conduce questa speciale<br />

classifica con 87% e, usandola<br />

come termine di paragone<br />

più prossimo a noi, ci ritroviamo<br />

con ben 10 punti percentuali<br />

in meno della Francia che col<br />

54% è al 71° posto (non che i<br />

cugini transalpini siano messi<br />

di tanto meglio, ma gli italiani<br />

sembrano sprofondare…).<br />

Quale commento fare? beh,<br />

non mi pare ci sia molto da dire,<br />

anche se quello italico è un popolo<br />

per tradizione più incline al<br />

pessimismo che non all’ottimismo<br />

(in quanto ad autolesionismo siamo<br />

i primi), ma a causa del periodo<br />

attuale che l’Italia sta vivendo<br />

si capisce che l’essere ottimisti è<br />

uno sforzo quasi sovrumano.<br />

la crescita del PIl vicino allo<br />

0%, le stime contraddittorie che<br />

C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 1 0<br />

continuamente vengono riviste<br />

al ribasso, l’eterna crisi politica<br />

di un paese che non riesce ad<br />

avere governi stabili, nonostante<br />

il silvio nazionale sia sempre<br />

pronto ad indossare i panni di<br />

superman, ed i recenti scandali<br />

che sembrano far ripiombare<br />

l’Italia negli anni bui di tangentopoli<br />

e Mani Pulite sono segna-<br />

li preoccupanti di un paese che<br />

non solo ha perso l’ottimismo,<br />

ma che proprio non ci crede più.<br />

Ciò lo si dice in genere per<br />

chi ha perso le speranze, ed il<br />

belpaese dà l’impressione netta<br />

di non avere altre frecce al suo<br />

arco nell’illusione che qualcosa<br />

accada… già, “Aspettando godot”<br />

verrebbe da dire e, in verità,<br />

l’attesa potrebbe essere infinita!<br />

brasile ed Italia, due paesi<br />

che si trovano su sponde opposte<br />

e, mentre il primo ride e si<br />

gode, meritatamente, un periodo<br />

di grandi soddisfazioni (di qui a<br />

pochi anni, come hanno pronosticato<br />

diversi analisti economici,<br />

il brasile diventerà la quinta<br />

potenza mondiale), l’altro piange<br />

lacrime amare pensando alle difficoltà<br />

continue e alla mancanza<br />

di fiducia nel poter risollevarsi e<br />

prosperare in un futuro prossimo.<br />

Di recente mi è capitato di<br />

avere un importante incontro<br />

con chi conosce bene la realtà<br />

delle aziende italiane che lavorano<br />

e fanno affari in brasile. Pur<br />

essendo il nostro paese ancora<br />

tra i leader tanto da rimanere comunque<br />

un punto di riferimento<br />

importante nell’America latina,<br />

negli ultimi anni al sistema Italia<br />

è mancato il coraggio di investire<br />

in brasile. “se sapesse – mi<br />

sono sentito dire - la difficoltà<br />

di coinvolgere le aziende italiane<br />

ad investire in brasile… sembrano<br />

non accorgersi che per uscire<br />

dalla grave crisi che colpisce<br />

l’Europa bisogna avere il coraggio<br />

anche di investire in paesi<br />

come il brasile che rappresentano<br />

il futuro.”<br />

già, parole che sottoscrivo<br />

in pieno, ma penso anche che<br />

l’instabilità politica dell’Italia<br />

impegnata in dure contrapposizioni<br />

interne sia gravemente<br />

dannosa poiché non permette<br />

al paese di avere un progetto<br />

lungimirante che guardi verso<br />

il mondo globale, piuttosto che<br />

arroccarsi a difesa del proprio<br />

piccolo feudo. Dal brasile abbiamo<br />

molto da imparare in questo<br />

periodo, poiché qui ci sono fermento,<br />

entusiasmo e grande volontà<br />

di crescere come nazione<br />

tutti assieme, todos juntos!<br />

punti di<br />

discussione<br />

Commissione Parlamentare di Cooperazione Italia-Brasile dibatte,<br />

a Brasília, su temi come quello della semplificazione di legalizzazioni<br />

per documenti pubblici, energia alternativa e turismo sessuale<br />

ampliare il dibattito su come<br />

viene trattata la donna,<br />

sullo sfruttamento di<br />

minorenni e sul turismo<br />

sessuale fanno parte dell’ordine<br />

del giorno della Commissione Parlamentare<br />

di Cooperazione Italiabrasile.<br />

I problemi sono stati<br />

messi in enfasi tra i 13 di essi,<br />

discussi nella terza riunione del<br />

gruppo che ha avuto luogo il mese<br />

scorso a brasília. l’incontro è<br />

stato presieduto da Maurizio lupi<br />

e Marco Aurélio spall Maia, ambedue<br />

vice presidenti delle Camere<br />

dei Deputati dei rispettivi Paesi.<br />

secondo il documento siglato<br />

dai deputati i parlamentari<br />

Divulgação<br />

Firma della dichiarazione<br />

Brasile-Italia<br />

si sono impegnati a elaborare e<br />

inoltrare misure legislative. Ricardo<br />

barros, Arlindo Chinaglia,<br />

Alceni guerra, Paulo Henrique<br />

lustosa, Nelson Marquezelli, Antonio<br />

Carlos Pannunzio, Marinha<br />

Raupp, Ricardo tripoli e Angelo<br />

Vanhoni sono stati i politici<br />

Sílvia Souza<br />

rappresentanti del brasile. Oltre<br />

a Maurizio lupi, per l’Italia hanno<br />

partecipato i deputati Fabio<br />

Porta, lino Duilio, barnara saltamartini,<br />

Domenico scilipoti e<br />

gabriele toccafondi.<br />

È stato sottoposto ad analisi<br />

anche l’accordo di cooperazione<br />

firmato ad aprile negli stati Uniti<br />

tra il brasile e l’Italia dal presidente<br />

luiz Inácio lula da silva<br />

e o premier silvio berlusconi.<br />

Uno dei punti di grande interesse<br />

è quello sullo sviluppo di una<br />

politica energetica che metta a<br />

disposizione sempre più risorse<br />

di fonti rinnovabili, specialmente<br />

quella eolica, fotovoltaica e le<br />

politica<br />

biomasse, favorendo l’uso delle<br />

rispettive tecnologie e adottando<br />

le dovute misure normative<br />

nei due Paesi.<br />

Anche Fabio Porta ha messo<br />

in enfasi l’importanza di uno<br />

degli aspetti di quell’accordo,<br />

ossia quello che permetterà la<br />

semplificazione di legalizzazioni<br />

su documenti pubblici. secondo<br />

il deputato, che è vice presidente<br />

del Comitato Permanente per<br />

gli Italiani nel Mondo, si tratta<br />

di una rivendicazione importante<br />

che, se sarà corrisposta, “servirà<br />

per semplificare i processi<br />

di cittadinanza italiana, che oggi<br />

si accumulano in lunghe file<br />

nei consolati”.<br />

Come succede sempre, è stato<br />

ricordato anche il “caso battisti”.<br />

la questione è ancora ferma<br />

in attesa di una decisione finale,<br />

che sarà presa dal presidente<br />

lula.<br />

— Malgrado questo episodio<br />

il brasile e l’Italia continuano<br />

molto uniti — osserva Fabio Porta,<br />

deputato italiano per il PD.<br />

la riunione di parlamentari è<br />

risultato di un protocollo firmato<br />

nel gennaio 2002. la prossima riunione<br />

del gruppo è prevista per<br />

il 2012.


política<br />

na moscaleandro<br />

Quando a série de escândalos relacionando<br />

membros da Igreja a atos de pedofilia<br />

começou a corar as páginas dos jornais<br />

italianos, a política calou-se. Em um país<br />

onde o Vaticano é sempre ouvido por conta<br />

de qualquer proposta-de-lei que vá de encontro<br />

a seus interesses, o silêncio do Parlamento e do<br />

Executivo foram cortantes. Na Itália, a política<br />

costuma ter medo da dinastia dos Papas.<br />

Uma das poucas vozes ativas deveria estar<br />

ainda no Parlamento, mas caiu em 2006 com a<br />

dissolução do governo Prodi. trata-se de Vladimir<br />

luxuria, uma “mosca branca”, como se<br />

diz na Itália para apontar<br />

os “casos raros”.<br />

Único parlamentar<br />

transgênero eleito na história<br />

de um parlamento europeu, luxuria<br />

se destacava com suas roupas de<br />

cores vivas em meio aos ternos cinzentos<br />

que dominavam os corredores<br />

e salões da Casa. A vida parlamentar<br />

não era adepta, entretanto, a futilidades<br />

da moda: por trás dos acessórios<br />

descolados, Vladimiro guadagno<br />

– seu nome de batismo – vestia as luvas<br />

de parlamentar respeitável.<br />

Nos dois anos em que bateu ponto<br />

como representante do partido<br />

Refundação Comunista, a deputada<br />

(como prefere ser chamada) nascida<br />

em Foggia em 24 de junho de 1965<br />

foi definida publicamente como uma<br />

“ridícula Cicciolina” por um aliado político.<br />

também ouviu da colega parlamentar<br />

Alessandra Mussolini, neta do<br />

ditador benito Mussolini, que “mais<br />

vale ser fascista do que frouxo”.<br />

Nada que a abalasse. Acostumada<br />

ao sexismo gratuito, ignorou tudo. Enquanto<br />

o governo Prodi se manteve em<br />

pé, apresentou 55 projetos-de-lei juntamente<br />

com outros deputados, a maioria<br />

em nome do público glbt (gays, lésbicas,<br />

bissexuais ou transgêneros, na tradução<br />

em inglês). Em meio aos escândalos<br />

de pedofilia que permeiam a Igreja Católica,<br />

instituição umbilicalmente ligada<br />

ao governo italiano, luxuria aceitou<br />

conversar sobre o assunto, por telefone,<br />

com a <strong>Comunità</strong>.<br />

demori<br />

EspEcial dE Roma<br />

<strong>Comunità</strong><strong>Italiana</strong> - a Igreja passa<br />

por um momento de escândalos<br />

envolvendo pedofilia e<br />

abusos sexuais. as denúncias<br />

batem de frente com a moral<br />

empregada pela instituição. É<br />

um bom momento para rever algumas<br />

posições?<br />

Vladimir luxuria - Espero que a<br />

Igreja possa se abrir ao diálogo,<br />

sobretudo depois desses acontecimentos,<br />

mas vejo essa possibilidade<br />

ainda longe. Veja só: é<br />

uma organização que ainda defende<br />

que deveríamos fazer sexo<br />

somente para reproduzir, sem<br />

ao menos provar o prazer. O prazer,<br />

para a Igreja, provoca culpa.<br />

Além disso, temos um lobby<br />

muito forte da Igreja dentro da<br />

política italiana. O parlamento<br />

deveria enfrentar essas questões<br />

– como o aborto – sem se sentir<br />

chantageado pelo Vaticano.<br />

CI - a Igreja procura sempre se<br />

mostrar ao lado dos pobres e<br />

dos imigrantes na Itália. não seria<br />

um momento de também se<br />

abrir a outras minorias?<br />

Vl - Não com esse Papa. Existem<br />

muitas pessoas importantes na<br />

Igreja que têm esse pensamento,<br />

mas não na cúpula que cerca<br />

Ratzinger. No Vaticano, a discórdia<br />

não é possível. se você se levanta<br />

contra alguma coisa corre<br />

risco de expulsão.<br />

CI - o povo italiano é xenófobo,<br />

racista ou sexista?<br />

Vl - Não, mas os xenófobos, racistas<br />

e sexistas fazem mais barulho<br />

e essa é a imagem que acabamos<br />

passando.<br />

CI - Qual é o momento político da<br />

Itália de hoje?<br />

Vl - Muito confuso. Nesse momento<br />

em particular parece que<br />

o homem mais confiável como<br />

oposição é gianfranco Fini, eleito<br />

pelo próprio PDl. É um período<br />

em que deveriam ser afrontados<br />

a punho duro os problemas<br />

mais reais para as pessoas,<br />

como o desemprego, que hoje<br />

é vertiginoso. As pessoas não<br />

estão preocupadas com lei sobre<br />

interceptação telefônica ou<br />

coisas assim. Mas é sobre isso<br />

que se está votando neste<br />

momento no Parlamento.<br />

CI - o crescimento da lega nord<br />

representa um ponto de retrocesso<br />

a um passado não muito<br />

belo da Itália, quando estrangeiros<br />

eram mal vistos?<br />

Vl - É impossível pensar a Itália<br />

sem estrangeiros. berlusconi dis-<br />

se que não quer uma Itália multiétnica,<br />

mas hoje a Europa é assim,<br />

é multiétnica. Infelizmente,<br />

aqui, os estrangeiros são considerados<br />

uma ameaça, um potencial<br />

delinquente, pois sempre tivemos<br />

períodos em que buscamos<br />

bodes expiatórios para os nossos<br />

próprios problemas. A perseguição<br />

contra os hebreus foi legitimada<br />

pela questão econômica<br />

nos anos 30 e 40, por exemplo.<br />

É um mau costume italiano botar<br />

a culpa nos outros. Não podemos<br />

olhar a cor da pele e a proveniência<br />

geográfica para julgar. Na<br />

lombardia, se você é lombardo,<br />

“bravo”, se é siciliano, “meno<br />

bravo”. O que poucos falam é<br />

que é conveniente ter estrangeiros<br />

em situação clandestina: eles<br />

ganham menos, têm mais medo,<br />

estão fora das regras e se vêem<br />

com poucos direitos.<br />

CI - a esquerda italiana perde<br />

pontos a cada eleição. Como mudar<br />

isso?<br />

Vl - Procurar o centro e evitar<br />

alianças que sejam deletérias à<br />

sua imagem. Infelizmente, hoje,<br />

a esquerda “mais vermelha”<br />

não é representada no parlamento.<br />

Muitos partidos menores não<br />

conseguem atingir o índice eleitoral<br />

para entrar na Câmara e no<br />

senado por conta da lei Eleitoral.<br />

CI - muitos apontam nichi Vendola<br />

[governador recém-eleito<br />

da puglia] como possível “salvador”<br />

do partido Democrático.<br />

Em um país machista como a<br />

Itália, um líder de partido declaradamente<br />

gay, como ele, é uma<br />

aposta correta?<br />

Vl - A história de Nichi e a minha<br />

história mostram que o eleitor<br />

avalia a “pessoa política” em<br />

detrimento das opções de cada<br />

um. Olham na pessoa a esperança<br />

de melhorar a vida e botam<br />

em quinto plano a opção sexual.<br />

Quem se importa se é gay, se é<br />

casto, com quem vai para cama?<br />

Isso não conta. Quem entendeu<br />

isso foi a lega Nord, entendeu<br />

que as pessoas olham mais<br />

o próprio bolso do que a janela<br />

dos outros. Mas a lega fomenta o<br />

ódio. A esquerda deveria fazer o<br />

mesmo, mas fomentando o amor.<br />

CI - pode explicar como a lega<br />

utiliza esse mecanismo?<br />

Vl - Um dia após a decisão nacional<br />

de distribuir a pílula do dia<br />

seguinte nos hospitais, os dois<br />

governadores recém-eleitos pela<br />

lega Nord (Roberto Cota, no Piemonte,<br />

e luca Zaia, no Vêneto)<br />

disseram que não permitiriam o<br />

acesso ao medicamento em suas<br />

regiões. Usam dessa forma, com<br />

hipocrisia, pois não têm poder<br />

para proibir, pois se trata de lei<br />

federal. Isso é propaganda da lega<br />

sem nenhuma substância para<br />

atender parte do eleitorado deles.<br />

CI - Você foi o único parlamentar<br />

transgênero eleito na história<br />

da Itália e caso raro em todo<br />

o mundo. Depois dos anos 90,<br />

quando houve uma espécie de<br />

convergência mundial a favor da<br />

liberdade sexual, o mundo freou<br />

o avanço da tomada de espaço<br />

por essas minorias?<br />

Vl - Não quero ser pessimista,<br />

mas parece que sim. Existem países<br />

em que o homossexualismo é<br />

crime passível de pena de morte.<br />

CI - Você acompanhou de perto a<br />

situação de brenda, a transexual<br />

brasileira morta em roma após<br />

os escândalos que derrubaram o<br />

governo da lazio, piero marrazzo.<br />

Há fortes indícios de que ela teria<br />

sido assassinada, mas a versão<br />

oficial foi suicídio. Que informações<br />

você conseguiu coletar?<br />

Vl - brenda foi assassinada, isso<br />

é uma convicção pessoal minha.<br />

Ela foi o emblema da discriminação<br />

aqui na Itália, enquanto<br />

transexual, estrangeira e prostituta.<br />

Um círculo vicioso. Quando<br />

vi nas fotos dos jornais onde ela<br />

morava fiquei muito triste. Imaginei<br />

uma vida de alguém que<br />

ganhava dinheiro e enviava ao<br />

brasil, para a mãe que precisava<br />

de uma casa, precisava sair da<br />

favela. temos que evitar transformar<br />

em monstros essas pessoas,<br />

elas são como nós. E esse caso<br />

ainda precisa ser investigado<br />

de modo sério.<br />

CI - Depois do “caso marrazzo”,<br />

a situação desses transexuais<br />

brasileiros mudou?<br />

Vl - Hoje é pior. Em alguns casos,<br />

precisamos dizer, muitos “trans”<br />

se comportam mal. Porém, depois<br />

do Marrazzo eles correm ainda<br />

mais riscos.<br />

CI - Você conhece o brasil?<br />

Vl - Não, mas adoraria! todos que<br />

vão ao brasil dizem que é lindo.<br />

Um dos meus grandes sonhos é<br />

desfilar no carnaval. Adoro os<br />

brasileiros por que gostam da<br />

música, de alegria.<br />

CI - Você pretende voltar à política?<br />

Vl - brevemente não. Hoje consigo<br />

fazer minhas batalhas de um ponto<br />

de vista cultural, na tV, no rádio,<br />

na imprensa em geral. Começo<br />

a entender que minhas batalhas<br />

são questão de civilidade, não de<br />

partido, não de política.<br />

14 C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 1 0<br />

J u n h o 2 0 1 0 / C o m u n i t à i t a l i a n a 15


especial especial<br />

Com os cintos<br />

apertados<br />

Governo italiano anuncia plano de cortes contra crise<br />

econômica e Sistema Itália no exterior pode ser comprometido<br />

Em meio à crise de confiança<br />

na Europa, desencadeada<br />

pela quebra da economia<br />

da grécia, o plano de<br />

austeridade recentemente anunciado<br />

pelo governo italiano deixou<br />

em alerta representantes de<br />

entidades no exterior ligadas ao<br />

governo ou que mantém iniciativas<br />

dependentes da administração<br />

do país. Nos próximos dois<br />

anos, o governo promete cortar<br />

24 bilhões de euros dos seus gastos.<br />

O plano aprovado pelo Conselho<br />

de Ministros prevê a redução<br />

entre 8% e 10% dos gastos<br />

de cada pasta e efetuará cortes<br />

em benefícios sociais.<br />

No brasil, no mesmo dia em<br />

que a opção pelos cortes foi sacramentada,<br />

na Itália, o diretor do<br />

Instituto Italiano para o Comercio<br />

Exterior (ICE), giovanni sacchi, divulgou<br />

por e-mail carta de repúdio<br />

ao corte, que “implicaria na suspensão<br />

das atividades da entidade<br />

e, consequentemente no trabalho<br />

em prol do Made in Italy”. Alertando<br />

para o cancelamento das missões<br />

e visitas empresariais organizadas<br />

ao brasil, o representante do<br />

ICE no país assinou o documento<br />

como o “ainda” diretor do ICE.<br />

O temor se justificava com um<br />

item presente na pauta dos ministros<br />

que sugeria a extinção do<br />

órgão. Porém, a questão, na última<br />

hora, teria deixado de entrar<br />

na discussão. Procurado pela <strong>Comunità</strong>,<br />

giovanni sacchi não quis<br />

comentar o ocorrido. segundo<br />

funcionários do ICE, as participações<br />

anunciadas em eventos para<br />

a promoção do comércio e indústria<br />

italianas estão mantidas.<br />

De acordo com o subsecretário<br />

da Presidência do Conselho de<br />

Ministros, gianni letta, os italianos<br />

terão que fazer “duros sacrifícios<br />

para evitar terminar como a<br />

grécia”. terceira da zona do euro,<br />

a economia da bota é quase sete<br />

vezes maior do que a da grécia.<br />

se as contratações no setor público<br />

já haviam sido bloqueadas,<br />

os funcionários públicos do Estado<br />

italiano são os que vão pagar o<br />

maior preço. A categoria terá salários<br />

congelados durante três anos.<br />

Diretor do ICE, Giovanni Sacchi<br />

Sílvia Souza<br />

— Apesar de compreendermos<br />

a necessidade dos cortes,<br />

quando se opta por reduções lineares,<br />

deixa-se de avaliar prioridades<br />

e isso é perigoso. O governo<br />

adota um plano de austeridade,<br />

mas não se movimenta para<br />

planejar formas de arrecadação<br />

e permitir o crescimento do país<br />

— assinala o deputado do Partido<br />

Democrático Fabio Porta.<br />

segundo ele, as questões relativas<br />

aos italianos no exterior,<br />

“que sofrem sucessivas perdas<br />

ao longo dos anos”, podem ficar<br />

mais comprometidas. Ano passado,<br />

o subsecretário italiano das<br />

Relações Exteriores, Alfredo Mantica,<br />

apontou a necessidade de<br />

revisão dos custos para a manutenção<br />

de entidades como o Conselho<br />

geral dos Italianos no Exterior<br />

(CgIE) e o Comitê para os<br />

Italianos no Exterior (Comites).<br />

— Em dois anos e meio o governo<br />

não demonstrou preocupação<br />

com esse segmento e agora<br />

parece claro que não haverá retratação.<br />

Os cortes podem resultar<br />

na quebra de contrato com<br />

o pessoal que trabalha na força<br />

tarefa pela diminuição da fila da<br />

cidadania nos consulados. Além<br />

disso, não sabemos como ficaria<br />

a questão da promoção da cultura.<br />

Ambas são questões em que<br />

o brasil se encaixa — comenta<br />

o deputado.<br />

À espera de definições sobre<br />

os reflexos do plano em sua área<br />

de atuação, o diretor do Instituto<br />

Italiano de Cultura do Rio de<br />

Janeiro (IIC-Rio), Rubens Piovano,<br />

salientou que num momento<br />

de dificuldade como o que passa<br />

a economia das nações europeias,<br />

um “esforço conjunto” pode<br />

apresentar alternativas justas<br />

a diminuição dos gastos dos governos.<br />

De acordo com Piovano,<br />

é costume o instituto receber no<br />

início do ano cerca de 80% da<br />

verba para suas atividades. A outra<br />

parte viria em outubro.<br />

— Não fomos comunicados de<br />

qualquer tipo de problema em relação<br />

ao que já estava programado.<br />

Contudo, acredito que as instituições<br />

italianas, convocadas a<br />

participar dessa redução de custos,<br />

devam buscar melhorar o uso<br />

do dinheiro ou formas de financiar<br />

suas necessidades. Antes deste<br />

plano, iniciamos um serviço de<br />

traduções de documentação que<br />

nos permite uma compensação<br />

com entradas locais — informa.<br />

O plano prevê um corte nos salários<br />

dos ministros (10%), assim<br />

como dos funcionários que recebem<br />

até 75 mil euros/ano. No parlamento,<br />

a redução salarial deve<br />

chegar a 15%. O governo também<br />

modificará o tempo para solicitação<br />

da aposentadoria. Os esboços<br />

do Orçamento dizem que apenas<br />

20% daqueles que saírem do setor<br />

público de 2011 a 2013 serão substituídos.<br />

Às autoridades municipais<br />

e regionais coube uma redução de<br />

2 bilhões de euros em 2011 e 3,8<br />

bilhões de euros em 2012.<br />

na maré alta<br />

Economista afirma que Brasil está protegido da crise econômica graças<br />

ao seu mercado interno sólido e parceiros comerciais diversificados<br />

o<br />

presidente do brasil, luiz<br />

Inácio lula da silva, chamou<br />

de “marolinha” o reflexo,<br />

no brasil, da crise<br />

econômica que tomou conta do<br />

globo terrestre no final de 2008.<br />

Agora, é a vez do país passar pelo<br />

segundo tempo da crise mundial<br />

por conta dos problemas enfrentados<br />

pela grécia. E agora, brasil?<br />

— O país não precisa se preocupar.<br />

Acho que só podemos definir<br />

essa crise como o início de<br />

uma “maré alta”, não chega nem<br />

a uma “marolinha” — afirma o<br />

economista da Fundação getúlio<br />

Vargas, Francisco barone.<br />

Ele explica que o que “garante”<br />

o país é o seu mercado interno<br />

“bastante sólido” e seus parceiros<br />

comerciais “bastante diversificados”.<br />

Não por acaso, observa o<br />

economista, o presidente lula, se<br />

posicionou ao lado do presidente<br />

(Mahmoud) Ahmadinejad:<br />

— lula toma essa iniciativa<br />

não simplesmente porque goste<br />

dele, mas porque o Irã está se tornando<br />

um grande parceiro comercial<br />

do brasil — afirma barone.<br />

Apesar de estar, em princípio,<br />

tudo bem para o país, as bolsas<br />

de valores despencaram. Como<br />

as expectativas para os próximos<br />

meses não são as melhores, em<br />

todo o mundo, os investidores se<br />

desfazem de ações, o que provocou<br />

a queda.<br />

O economista explica que por<br />

vivermos num mundo globalizado,<br />

uma crise como a que a grécia<br />

vive neste momento, “preo-<br />

cupa qualquer país, principalmente<br />

aqueles que fazem parte<br />

da União Europeia e àqueles que<br />

têm qualquer tipo de relação comercial<br />

com a zona do euro”.<br />

— Não é de interesse da<br />

União Europeia que um país de<br />

sua zona quebre. A Itália, assim<br />

como outros países que têm um<br />

gasto público muito alto, precisa<br />

tomar a grécia como exemplo<br />

e começar a reavaliar algumas<br />

questões. Medidas tomadas<br />

em longo prazo tendem a gerar<br />

menos impacto na população —<br />

afirma o economista que aposta<br />

na permanência da grécia na<br />

zona do euro — sozinha, como<br />

a grécia conseguiria saldar seus<br />

compromissos financeiros? O país<br />

precisa de ajuda e para ter ajuda<br />

ele tem que estar na zona do<br />

euro. se a grécia abandonar o<br />

euro, o FMI (Fundo Monetário Internacional)<br />

não vai querer ajudar<br />

porque o país já vai ter dado<br />

‘calote’ em muita gente antes.<br />

A grécia está nesta situação<br />

porque gastou bem mais do que<br />

Divulgação FGV<br />

Economista da FGV, Francisco Barone<br />

nayra Garofle<br />

podia na última década. Os gastos<br />

públicos do país foram às alturas<br />

assim como os salários do<br />

funcionalismo que, praticamente,<br />

dobraram. A diferença entre<br />

o que o país gasta e o que arrecada,<br />

foi, em 2009, de 13,6% do<br />

PIb, um dos índices mais altos<br />

da Europa e quatro vezes acima<br />

do permitido pelas regras da zona<br />

do euro. sua dívida está em<br />

torno de 300 bilhões de euros (o<br />

equivalente a 700 bilhões de reais).<br />

A grécia não é o único país<br />

da zona do euro a violar a regra<br />

que afirma que o déficit orçamentário<br />

não deve ultrapassar<br />

3% do PIb do país. Na Espanha<br />

ele chega a 11,2%, na Irlanda a<br />

14,3% e na Itália a 5,3%.<br />

A grécia vai receber um pacote<br />

de ajuda de 110 bilhões de euros<br />

(146 bilhões de dólares) patrocinado<br />

pelas nações da zona<br />

do euro e pelo FMI. O brasil, integrante<br />

do seleto grupo de credores<br />

do FMI, foi chamado a co-<br />

laborar com o esforço global para<br />

salvar a grécia e, com isso, tentar<br />

amenizar os efeitos da crise<br />

financeira que ameaça se alastrar<br />

pelo mundo.<br />

O país vai cooperar com 286<br />

milhões de dólares (529,4 milhões<br />

de reais) para a formação<br />

do pacote. Os recursos virão das<br />

reservas internacionais brasileiras,<br />

que hoje somam 249 bilhões<br />

de dólares. segundo o ministro<br />

da Fazenda, guido Mantega, as<br />

reservas internacionais, espécie<br />

de poupança do país para ser<br />

utilizada em momentos críticos,<br />

não serão afetadas.<br />

O dinheiro emprestado pelo<br />

brasil será garantido por meio<br />

dos Direitos Especiais de saque<br />

(sDR, na sigla em inglês), que<br />

compõem o capital do FMI aportado<br />

pelos 185 países que fazem<br />

parte da instituição. Na prática,<br />

trata-se de uma troca de ativos<br />

entre o tesouro brasileiro e<br />

o Fundo: quando quiser resgatar<br />

os recursos, o governo pode fazêlo<br />

automaticamente por meio de<br />

uma autorização de saque.<br />

Na opinião de barone, a hora<br />

de investir, no brasil, é agora.<br />

Para ele, o momento de “pisar no<br />

freio” já passou. Os empresários<br />

precisam estar atentos, principalmente,<br />

no setor de infraestrutura<br />

visando a Copa do Mundo de<br />

Futebol de 2014 e as Olimpíadas<br />

de 2016.<br />

— As empresas brasileiras<br />

precisam ficar atentas com seus<br />

parceiros da União Europeia e<br />

as empresas italianas, que atuam<br />

no brasil, devem ter muita<br />

atenção às oportunidades no setor<br />

de esportes e infraestrutura<br />

— ressalta.<br />

16 C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 1 0<br />

J u n h o 2 0 1 0 / C o m u n i t à i t a l i a n a 17


especial<br />

tragédia<br />

grega<br />

Para especialista italiano, ‘o euro vai durar o tempo que a Alemanha quiser’<br />

Entre a última semana de<br />

maio e a primeira de junho,<br />

os italianos tomaram conhecimento<br />

das drásticas<br />

medidas restritivas que o governo<br />

planeja aplicar para enfrentar<br />

a crise econômica aberta há<br />

dois anos no mundo financeiro,<br />

agravada pela imensa dívida pública<br />

grega. A crise de Atenas fez<br />

emergir profundas dúvidas sobre<br />

a estabilidade do país e a saúde<br />

financeira de todos que adotaram<br />

o Euro como moeda única.<br />

Mostrou também que Itália, Espanha,<br />

Portugal e Irlanda - sem<br />

colocar em ordem a própria contabilidade<br />

pública nem aumentar<br />

o Produto Interno bruto —<br />

são fortes candidatos a entrarem<br />

num vórtice negativo, capaz até<br />

de por fim à vida do Euro.<br />

Muitos especialistas do setor<br />

financeiro estão certos de<br />

que a recente e longa turbulência<br />

registrada nas bolsas de valores<br />

de todo mundo tinha como<br />

alvo certo o enfraquecimento do<br />

Euro. seja como for, a situação<br />

deixou em evidência que falta ao<br />

dinheiro europeu premissas históricas<br />

necessárias que garantam<br />

a existência e a força de uma<br />

moeda: um governo e um Estado<br />

soberanos, um território geográfico,<br />

um programa político unívoco.<br />

De fato, o Euro representa<br />

16 países da União Europeia com<br />

diferenciadas linhas políticas e<br />

econômicas. todos são autônomos<br />

quanto a programas e decisões<br />

que aplicam na administração<br />

do próprio déficit de balanço<br />

e respectivas dívidas públicas.<br />

Assim, o Euro é acéfalo.<br />

A reivindicação que cresce<br />

dentro da União Europeia é de<br />

que seja formado um verdadeiro<br />

parlamento que eleja um governante<br />

com o papel de vigiar<br />

o respeito na aplicação das mesmas<br />

regras econômicas e financeiras<br />

para todos os países-membros<br />

da Eurozona. Porém, essa<br />

reivindicação colide com os interesses<br />

nacionais internos de cada<br />

país. Existe um modo de se resolver<br />

o impasse?<br />

Marcello De Cecco, Professor<br />

de História da Finança e da Moeda<br />

na Escola superior Normal<br />

de Pisa, um dos mais prestigiosos<br />

centros italianos de estudos<br />

e pesquisas sobre temas de atualidade<br />

socio-econômica assinala<br />

as motivações políticas da criação<br />

do Euro há dez anos:<br />

— O presidente francês da<br />

época, François Miterrand, quis<br />

ancorar à França e ao resto do<br />

continente europeu uma Alemanha<br />

que, após sua reunificação,<br />

ameaçava recriar uma própria política<br />

de potência no centro da<br />

Europa. Isso em virtude de sua<br />

supremacia econômica e demográfica<br />

reforçada com o suporte<br />

liSomar Silva<br />

coRREspondEntE • Roma<br />

do marco, moeda de indiscutível<br />

robustez no mercado<br />

internacional daquela época.<br />

Desse contexto, surgiu o projeto<br />

- perseguido com grande<br />

ânsia e pressa inédita - de criação<br />

de uma moeda europeia única<br />

e capaz de conter a potência<br />

alemã, para torná-la inofensiva,<br />

sem vincular os países da UE a<br />

um processo de união também<br />

no plano político. A origem do<br />

Euro também fazia parte do projeto<br />

alemão de constituir um sólido<br />

mercado de capitais e financiar<br />

os países do leste europeu.<br />

Ao mesmo tempo, o governo<br />

alemão desejava a emancipação<br />

econômica dos Estados Unidos.<br />

De Cecco assinala que o banco<br />

Central Europeu, mesmo impondo<br />

aos países da Eurozona o socorro<br />

à desastrosa economia de Atenas,<br />

não tem o papel de governador<br />

único europeu oficialmente eleito<br />

e reconhecido, nem pode se permitir<br />

de subestimar a posição da<br />

Alemanha - detentora de 90% das<br />

trocas comerciais com os países<br />

da UE - de cobrar da grécia, Itália,<br />

Espanha, Portugal e Irlanda, planos<br />

preventivos e confiáveis contra<br />

novas crises futuras.<br />

— A reivindicação alemã visa<br />

aplacar as especulações internacionais<br />

contra o Euro debilitado,<br />

evitando também o contágio e a<br />

expansão da crise grega em outros<br />

paises da União — observa o<br />

professor para quem, um evento<br />

semelhante ao “efeito dominó”,<br />

seria precursor da falência do Euro<br />

e da própria União Europeia.<br />

No atual mapa geoeconômico,<br />

De Cecco afirma que a China<br />

é o principal parceiro comercial<br />

dos Estados Unidos. Enquanto<br />

isso, o Japão encontra<br />

“sérias dificuldades” em<br />

reconquistar uma posição econômica<br />

internacional segura e<br />

privilegiada. Por outro lado, brasil,<br />

Rússia e índia demonstram<br />

“uma capacidade ainda limitada<br />

de importar bens industriais, de<br />

consumo e serviços”. Assim, na<br />

avaliação do professor, a Europa<br />

passa a depender ainda mais da<br />

Alemanha “para garantir um fluxo<br />

comercial suportável”.<br />

— O Euro, sendo fruto de<br />

uma criação essencialmente<br />

alemã,<br />

vai durar o tempo<br />

que a Alemanha quiser. No futuro,<br />

o governo alemão pode pensar<br />

em um Euro com circulação<br />

limitada e exclusiva para poucos<br />

países com linha de gestão político-econômica<br />

mais próxima da<br />

mentalidade alemã. Ou então, a<br />

Alemanha pode até pensar em<br />

abandoná-lo.<br />

sacrifício italiano<br />

E a Itália? Na opinião de De Cecco,<br />

caso o governo alemão adote,<br />

no futuro, uma linha política<br />

diversa da atual para o Euro, a<br />

Itália deverá rever sua posição,<br />

principalmente face à aguda crise<br />

econômica que atravessa atualmente.<br />

segundo ele, “a Itália<br />

até poderia correr o risco de exclusão<br />

da área Euro, caso sua circulação<br />

acabe sendo limitada a<br />

poucos países”. O professor acre-<br />

Draghi: “Abandonar o<br />

euro é impensável”<br />

Marcegaglia: “muito pesado”<br />

o balanço da crise<br />

dita que a Itália, até agora, se<br />

salvou da crise econômica “somente<br />

graças ao grande número<br />

de trabalhadores dependentes<br />

que pagam seus impostos”.<br />

Na sua opinião, o governo<br />

respondeu à pressão da União Europeia<br />

(especialmente da Alemanha)<br />

com um “rigoroso” pacote<br />

econômico cujo objetivo é rastrear<br />

24 bilhões de euros em dois<br />

anos e reduzir o déficit público<br />

“a níveis sustentáveis”. O pacote<br />

foi alvo de considerações<br />

e críticas nas assembleias de<br />

maio da Confederação <strong>Italiana</strong><br />

das Indústrias (Confindustria)<br />

e banca d’Italia,<br />

duas das principais instituições<br />

representativas da<br />

vida econômica e financeira<br />

do país. Não faltaram<br />

as duras observações<br />

das centrais sindicais dos<br />

trabalhadores sobre o congelamento<br />

dos salários.<br />

Presidente da Confindustria,<br />

Emma Marcegaglia, considerou<br />

“muito pesado” o balanço<br />

da crise. segundo ela, houve uma<br />

perda, nos últimos dois anos, de<br />

quase 7% do PIb e mais de 700<br />

mil empregos. Além disso, nesse<br />

período, o suporte econômico<br />

especialmente destinado aos trabalhadores<br />

desempregados (cassa<br />

integrazione) foi sextuplicado<br />

e a produção industrial sofreu<br />

uma queda de 25%.<br />

— Voltamos a registrar os níveis<br />

de 1985, ou seja, 25 anos<br />

de produção foram queimados —<br />

afirma Emma que reafirmou a luta<br />

dos industriais pela legalidade,<br />

sem se deixar condicionar pelas<br />

ameaças vindas das organizações<br />

mafiosas sedentas de penetrar no<br />

controle da economia nacional.<br />

Na sua avaliação, o pacote<br />

econômico do governo “contém<br />

medidas que a Confindustria reivindicava<br />

há muito tempo”. Porém,<br />

segundo ela, ainda faltam<br />

intervenções estruturais que incidam<br />

nos mecanismos de formação<br />

da despesa pública, “em<br />

vertiginoso aumento nos últimos<br />

dois anos”, além de reformas<br />

“orientadas a estimular o<br />

desenvolvimento.”<br />

A mesma visão foi confirmada<br />

por Mario Draghi, presidente<br />

da banca d’Italia. Durante a assembleia<br />

de 31 de maio, ele focalizou<br />

também os “graves” efeitos<br />

para o país da corrupção e da<br />

evasão fiscal, que alcançou a casa<br />

dos 120 bilhões de euros, no<br />

último ano:<br />

— Os sonegadores são os<br />

primeiros responsáveis pela tragédia<br />

social que atinge a população<br />

e as classes produtivas<br />

no país. No período 2005-2008,<br />

driblaram o sistema fiscal em 30<br />

bilhões de euros. Hoje, a evasão<br />

fiscal obriga a aumentar taxas e<br />

impostos para quem já os paga,<br />

o que representa uma forte incoerência<br />

contábil e uma enorme<br />

injustiça social.<br />

Para Draghi, a evasão fiscal<br />

acaba coincidindo em muitas<br />

circunstâncias com a corrupção,<br />

“em níveis que acabam favorecendo<br />

também as organizações<br />

criminosas”. Ele fez um balanço<br />

do custo da crise para a Itália<br />

no período 2008-2009: - 6% no<br />

PIb; - 3,4% nos ganhos reais das<br />

famílias; - 2,5% no consumo;<br />

-22% nas exportações; - 16%<br />

nos investimentos das empresas.<br />

Aumentaram os índices de desempregados<br />

com suporte econômico<br />

estatal (Cassa Integrazione)<br />

em 12% e 9400 empresas<br />

faliram em 2009 (equivalentes a<br />

um aumento de 25% em relação<br />

a 2008).<br />

Assim, não é de se espantar<br />

o aumento dos índices de desemprego.<br />

segundo o IstAt, 2,2 milhões<br />

de italianos estão fora do<br />

mercado de trabalho. Em cada<br />

três jovens entre os 15 e os 29<br />

anos, somente um consegue emprego,<br />

muitas vezes com contrato<br />

a tempo determinado e nem<br />

sempre renovável.<br />

— Mais do que nunca será<br />

necessário um longo período de<br />

convicção nos objetivos a serem<br />

alcançados, de linhas políticas a<br />

serem aplicadas e de sacrifícios.<br />

Porém, abandonar o Euro é impensável<br />

— afirma Draghi.<br />

18 C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 1 0<br />

J u n h o 2 0 1 0 / C o m u n i t à i t a l i a n a 19


especial<br />

novas regras<br />

em campo<br />

No Brasil, Massimo D’Alema analisa as questões que<br />

marcam o moderno cenário das relações internacionais<br />

a<br />

crise econômica e a globalização<br />

obrigam os 27<br />

países-membros da União<br />

Europeia a fazer um urgente<br />

percurso de abertura aos<br />

territórios e às nações do hemisfério<br />

sul, do Mediterrâneo e do<br />

Oriente Médio. Essa foi uma das<br />

principais observações feitas por<br />

Massimo D’Alema em uma recente<br />

conferência na Escola de Diplomacia<br />

Rio branco, em brasília.<br />

Presidente do Comitê Parlamentar<br />

para a segurança da República<br />

(Copasir) e um dos principais<br />

expoentes do Partido Democrático<br />

Italiano, ele focalizou<br />

estas e outras questões que marcam<br />

o moderno cenário das relações<br />

internacionais.<br />

A D’Alema, nos 47 anos de sua<br />

carreira política, não faltou ocasião<br />

para encontrar grandes líderes<br />

de governo e de conhecer em<br />

maneira detalhada quase todos<br />

os sistemas políticos mais significativos.<br />

De dirigente político<br />

formado nas antigas fileiras do<br />

velho Partido Comunista Italiano<br />

a primeiro-ministro, de deputado<br />

europeu a ministro das Relações<br />

Exteriores e atualmente membro<br />

de importantes comissões do parlamento<br />

italiano, ele se considera<br />

otimista na busca de respostas<br />

para a forte presença da Europa<br />

no cenário globalizado internacional.<br />

Para aprofundar espinhosas<br />

questões abertas sobre o futuro<br />

do Velho Continente, ele fala<br />

também na veste de presidente<br />

da Fundação de Cultura<br />

Política Italiani-Europei,<br />

que reúne respeitáveis<br />

nomes do panorama internacional.<br />

— A crise econômica<br />

que explodiu<br />

em 2008 marcou o<br />

fim de uma época.<br />

O desafio de hoje<br />

é o de definir novas<br />

regras orien-<br />

liSomar Silva<br />

coRREspondEntE • Roma<br />

tadas a administrar esta segunda<br />

fase da globalização em modo<br />

mais equilibrado no plano econômico,<br />

mais justo no plano social<br />

e baseada em acordos multilaterais<br />

que sejam univocamente respeitados<br />

no plano político. Esta<br />

não é uma etapa simples, pois as<br />

linhas e as decisões adotadas até<br />

agora estão limitadas às relações<br />

entre os países interessados,<br />

quando deveriam incidir precisamente<br />

na organização interna de<br />

cada país.<br />

Na sua opinião, é preciso alcançar<br />

essa meta rapidamente<br />

sob pena de “termos um forte aumento<br />

dos níveis de conflito e de<br />

anarquia no sistema internacional,<br />

que será marcado sobretudo<br />

pela retomada de políticas de<br />

protecionismo.” D’Alema aponta<br />

a crise grega como situação propícia<br />

para uma “corrida febril”<br />

rumo a medidas auto-defensivas<br />

“adotáveis em modo diversificado<br />

e individualista pelos países<br />

membros da UE”. O primeiro a seguir<br />

esse caminho, observa, foi<br />

a Alemanha “que inicialmente<br />

resistia à ideia de contribuir pa-<br />

ra aliviar a crise de Atenas sem<br />

antes receber um programa detalhado<br />

e orientado à recuperação<br />

de equilíbrio econômico-financeiro<br />

da economia helênica a<br />

médio prazo”.<br />

Para D’Alema, os Estados Unidos<br />

permanecem na “indiscutível<br />

posição de principal potência”,<br />

mas só poderão mantê-la se conseguirem<br />

criar parcerias com outros<br />

países que constituem polos<br />

de referência no sistema econômico<br />

internacional. segundo ele,<br />

barak Obama “é um presidente<br />

global que observa com atenção<br />

especial os países ocidentais,<br />

mesmo mantendo uma relação<br />

específica com a China”.<br />

A atual situação crítica do Euro<br />

e seus efeitos para os 16 países<br />

da UE que o adotaram há 10<br />

anos, assinala D’Alema, deve ser<br />

vista como uma “oportunidade<br />

para se cultivar o equilíbrio de<br />

forças com maior disciplina e<br />

regras comuns a todos no plano<br />

interno e internacional”. Ele acredita<br />

que a Europa deva dar maior<br />

atenção à Russia e à turquia. Ao<br />

mesmo tempo, deve recuperar<br />

peso político e conquistar maior<br />

credibilidade na área do Oriente<br />

Médio e do Mediterrâneo, assim<br />

como na parte sul do mundo,<br />

“onde o desafio da áfrica na luta<br />

contra a fome e a pobreza, somada<br />

às questões do crescimento<br />

demográfico e da defesa dos<br />

direitos humanos, representam o<br />

núcleo causador de conflitos em<br />

territórios capazes de encubar<br />

também movimentos terroristas.”<br />

A experiência de D’Alema no<br />

cargo de presidente da Comissão<br />

Europeia para o Mercosul em<br />

2005, o leva a considerar fundamental<br />

também a retomada de<br />

crescentes contatos e negócios<br />

entre a União Européia e os países<br />

latinoamericanos. Para ele,<br />

o caminho rumo a uma Europa<br />

unívoca em decisões políticas, é<br />

longo, mas possível:<br />

— sem uma liderança nem<br />

uma opinião pública europeias<br />

com uma só linha de pensamento,<br />

defendida por partidos de perfil<br />

europeu no processo de integração<br />

que começou sobretudo<br />

com a ampliação da UE, teremos<br />

somente uma grande estrutura<br />

técnico-burocrática certamente<br />

útil e até indispensável sob certos<br />

aspectos, mas destituída da força<br />

e da atração necessárias a promover<br />

uma verdadeira mudança.<br />

marketing<br />

de ouro<br />

Feira italiana de jóias mostra que trabalho de identificação de marca foi a matériaprima<br />

mais valiosa encontrada pelas empresas como resposta para a crise do setor<br />

Vicenza, palco nacional da<br />

arquitetura Palladiana,<br />

abriu as portas de seus<br />

antigos muros para receber<br />

Vicenzaoro Charm, feira dedicada<br />

ao mercado da joalheria<br />

de luxo e design inovativo, que<br />

aconteceu, mês passado, no espaço<br />

da Feira di Vicenza. Em cerca<br />

de 70 mil metros quadrados,<br />

1341 expositores - sendo 961 italianos<br />

e 380 estrangeiros – apresentaram<br />

suas coleções dedicadas<br />

à primavera-verão 2010/2011. O<br />

evento indicou algumas possíveis<br />

soluções para enfrentar a crise<br />

que permeia há anos o setor.<br />

Charm faz parte de um grupo<br />

de feiras dedicadas ao ouro e ao<br />

setor da joalheria de luxo promovidas<br />

pela Feira de Vicenza. Além<br />

dela, acontecem First, em janeiro,<br />

e Choise em setembro. De todas,<br />

a Charm é a que tem maior<br />

visibilidade por ser a feira do design<br />

criativo e moderno.<br />

— Hoje as empresas do setor<br />

se dividem entre a vontade de reagir<br />

às dificuldades do mercado<br />

e o medo de uma possível evolução<br />

dos indicadores econômicos.<br />

Os primeiros seis meses deste ano<br />

evidenciaram alguns tímidos sinais<br />

de mudanças, mas que ainda são<br />

muito fracos para serem definidos<br />

como reaquecimento do mercado.<br />

A queda do valor do euro em relação<br />

ao dólar pode dar uma bocada<br />

de oxigênio às exportações italia-<br />

nas — avalia o presidente da feira<br />

de Vicenza, Roberto Ditri.<br />

segundo ele, a versão deste<br />

ano de Vicenzaoro confirmou o<br />

que já se intuia: que o mercado<br />

internacional da joalheria está<br />

no centro de uma “profunda evolução”<br />

caracterizada pelo ingresso<br />

de novos concorrentes no setor<br />

e pelas novas formas de distrubuição<br />

ditadas pela globalização.<br />

Esses fatores, observa Ditri,<br />

colocaram em foco os limites do<br />

modelo de desenvolvimento italiano<br />

e os “riscos de problemáticas<br />

estruturais não resolvidas”.<br />

Ditri afirma que as empresas<br />

que conseguiram passar de uma<br />

produção sem planejamento a<br />

uma focada em criar uma identidade<br />

de marca - na qual se insere<br />

valor, posição, imagem, comunicação<br />

e política de distribuição<br />

Federico Gauttieri<br />

Janaína CéSar<br />

coRREspondEntE • tREviso<br />

e marketing coerentes - puderam<br />

enfrentar de forma mais estruturada<br />

as dificuldades do mercado.<br />

A marca romana Casato é o<br />

exemplo concreto dessa nova tendência.<br />

A marca que há quatro<br />

anos tinha um pequeno estande<br />

na feira, hoje ocupa um espaço<br />

de 50 metros quadrados, na área<br />

nobre do evento. segundo Federico<br />

gauttieri, design e proprietário<br />

da marca, a filosofia empresarial<br />

mudou, assim como mudou a estratégia<br />

de marketing. Este ano, a<br />

marca lançou uma nova linha coordenada<br />

de jóias e perfume, além<br />

de cd’s de música lounge para serem<br />

dados aos clientes:<br />

— Estamos promovendo não<br />

só o produto, mas o mundo Casato,<br />

feito de detalhes, feminilidade<br />

e criatividade.<br />

Ele aproveita para falar, sem<br />

rodeios, sobre um assunto delicado<br />

do setor: as cópias. No ramo da<br />

joalheria, imitação não é uma “arte”<br />

praticada somente por chineses.<br />

segundo gauttieri, as marcas<br />

criativas, mesmo as italianas, “estão<br />

sempre procurando fontes de<br />

inspiração em seus concorrentes”.<br />

— A cópia é uma coisa negativa<br />

porque roubam sua ideia, seu<br />

produto. Porém, ao mesmo tempo,<br />

pode ser positiva, se você pensar<br />

que está servindo de inspiração<br />

para marcas muito mais famosas<br />

que a sua. Isso quer dizer que seu<br />

produto é bom — diz gauttieri,<br />

negócios<br />

sorrindo. — Na verdade, muitas<br />

empresas italianas se inspiram,<br />

para não falar copiam, as minhas<br />

jóias. Para se ter uma idéia, ano<br />

passado até a bugari fez algo parecido<br />

com uma de minhas peças.<br />

Mas nem só de luxo vive a Vicenzaoro<br />

Charm. Uma das marcas<br />

que mais fez “barulho” foi a Ops-<br />

Flat. A marca apresentou uma coleção<br />

de relógios de pulso ultra<br />

moderno inspirados no famoso Casio<br />

dos anos 1980. Feitos com silicone<br />

antialérgico e ultrafinos, são<br />

impermeáveis e possuem uma gama<br />

de 15 cores diversas. Dessas,<br />

quatro das florescentes têm perfumes<br />

de drinques famosos: Margherita,<br />

Mojito, Caipiroska e sex on<br />

the beach. tanta novidade a pouco<br />

preço. O relógio custa em média<br />

25 euros. segundo luca giglio, designer<br />

da marca, esta é a verdadeira<br />

democratização do design:<br />

— A filosofia da empresa é a<br />

de realizar objetos de forte impacto<br />

gráfico, com alta qualidade,<br />

mas não por isso destinado a<br />

uma elite consumidora.<br />

20 C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 1 0<br />

J u n h o 2 0 1 0 / C o m u n i t à i t a l i a n a 21<br />

Fotos: Renato Gianturco


Fotos: Divulgação Marcopolo<br />

negócios<br />

o segredo<br />

de marcopolo<br />

Fábrica de origem ítalo-brasileira é a principal fornecedora de ônibus para a Copa do Mundo da África do Sul<br />

ao perceber que o processo<br />

de urbanização no brasil<br />

começava a acelerar<br />

e, consequentemente, o<br />

setor de transporte se mostrava<br />

como um dos pilares para o crescimento<br />

das cidades, em 1949,<br />

Paulo bellini fundou, junto a oito<br />

parceiros, uma empresa com a finalidade<br />

de construir carrocerias<br />

de ônibus. O que ele não imaginava,<br />

naquela época, era que,<br />

60 anos depois, a sua empresa<br />

se tornaria líder no setor e ainda<br />

seria a principal fornecedora de<br />

ônibus para a Copa do Mundo de<br />

Futebol de 2010, disponibilizando<br />

cerca de 800 unidades.<br />

Neto dos imigrantes italianos<br />

José e Maria bellini, que chegaram<br />

à região da serra gaúcha em<br />

1895, Paulo, hoje com 83 anos, é<br />

filho de Alberto e Ermelinda, que<br />

também foram desbravadores de<br />

Caxias do sul. seu pai fundou e<br />

dirigiu a Metalúrgica bellini, durante<br />

45 anos. Aos 22 anos, Paulo<br />

fundou a Nicola & Cia que, mais<br />

tarde, passou a se chamar Marcopolo.<br />

Naquela época, as primeiras<br />

carrocerias eram construídas em<br />

madeira e levavam 90 dias para<br />

serem fabricadas. bellini, o filho,<br />

arregaçou as mangas e enfrentou<br />

alguns desafios, já que não existia<br />

padrão e nem conceito de fabricação.<br />

Ele, então, deveria construir<br />

do zero um novo segmento na indústria<br />

automotiva brasileira.<br />

— Eu sou técnico em contabilidade.<br />

Esta é a minha formação. O<br />

meu trabalho era absorver toda essa<br />

área que não fosse diretamente<br />

“meter a mão na massa”, como fa-<br />

bricar, soldar, cortar, ou seja, fora<br />

da fábrica era tudo comigo. Fazia<br />

a contabilidade, livro, caixa, folha<br />

de pagamento, tudo — conta.<br />

A expansão da empresa teve<br />

início na década de 60, quando<br />

Bellini: “Acreditei no<br />

trabalho que a gente fazia”<br />

nayra Garofle<br />

houve a primeira exportação de<br />

ônibus brasileiros para o Uruguai.<br />

Foi neste período que a Nicola<br />

& Cia lançou o modelo Marcopolo,<br />

em homenagem ao navegador<br />

genovês. O sucesso fez<br />

com que, em 1971, a empresa<br />

adotasse esse nome.<br />

A partir de então, a Marcopolo<br />

só cresceu. Depois de alcançar a liderança<br />

no mercado brasileiro e de<br />

exportar para mais de 70 países,<br />

nos anos 90, a empresa iniciou o<br />

seu programa de internacionalização<br />

e passou a abrir fábricas fora<br />

do brasil. Primeiro em Portugal e<br />

depois na Argentina, México, Colômbia,<br />

áfrica do sul e, mais recentemente,<br />

na Rússia e índia.<br />

— A fábrica de Portugal foi fechada<br />

no ano passado. Era muito<br />

pequena, mas foi essencial porque<br />

nós tivemos muitos contatos com<br />

o processo de produção de carrocerias<br />

e o processo de fabricação de<br />

componentes pré-fabricados, como<br />

paineis e laterais. Portugal foi<br />

um laboratório para nós — conta<br />

bellini, ressaltando que a concorrência<br />

na Europa é muito grande<br />

— Há muitas fábricas por lá.<br />

o segredo<br />

O empresário conta que para<br />

manter o sucesso da Marcopolo<br />

ele viajou até o Japão, na década<br />

de 80, para conhecer as operações<br />

das principais montadoras.<br />

A partir daí, foi introduzido<br />

nas unidades da empresa na serra<br />

gaúcha o sistema de produção focado<br />

na valorização e no aperfeiçoamento<br />

dos colaboradores para<br />

uma produção em larga escala.<br />

— Eu ouvia falar sobre o “milagre<br />

japonês” e pensei: precisamos<br />

ir lá ver o que é isso. Nós<br />

conseguimos trazer os processos<br />

que eles tinham não só de produção,<br />

mas os de lidar com as pessoas.<br />

Foi uma revolução na Marcopolo.<br />

A partir daí, os funcionários<br />

começaram a se sentir mais<br />

livres para conversar com os chefes<br />

e com a diretoria. O resultado<br />

foi só positivo — explica bellini.<br />

No ano 2000, a Marcopolo<br />

destacou-se pela produção dos<br />

primeiros ônibus com teto removível<br />

para fornecimento a um<br />

cliente do Oriente Médio que<br />

usou os veículos na peregrinação<br />

para as cidades de Meca e Medina.<br />

Outra encomenda como as<br />

mais de mil unidades para o projeto<br />

transantiago, no Chile, com<br />

entrega em prazos curtíssimos,<br />

foi o que, segundo bellini, tornou<br />

a empresa referência mundial na<br />

produção de altos volumes, customizados<br />

e com entrega rápida.<br />

O sucesso no exterior, o fornecimento<br />

de ônibus para diferentes<br />

clientes em mais de 100<br />

países e o elevado padrão de<br />

qualidade dos produtos Marcopolo<br />

permitiram que, em 2004, a<br />

empresa fosse eleita busbuilder<br />

of the Year (Melhor Fabricante de<br />

ônibus do Ano), na mais importante<br />

feira internacional do mundo,<br />

realizada a cada dois anos em<br />

Kortrijk, na bélgica, e que reúne<br />

as principais empresas do setor.<br />

No ano passado, a Marcopolo<br />

lançou uma nova geração de ônibus<br />

rodoviários, a geração 7, que<br />

alcançou enorme sucesso no brasil<br />

e no exterior. Apesar da crise<br />

internacional, a empresa produziu<br />

19.384 ônibus em suas 10 unidades<br />

no mundo. Outro exemplo de<br />

sucesso global está no fato da empresa<br />

já ter fabricado, em um único<br />

ano, veículos com chassis de 15<br />

diferentes marcas, da Europa, ásia,<br />

Américas, algo até então inusitado.<br />

Até o fim de 2010, a previsão é<br />

de 26 mil ônibus produzidos.<br />

Com a atuação da Marcopolo<br />

na áfrica do sul, através de um<br />

escritório administrado pelo filho<br />

de bellini, Mauro gilberto, de 49<br />

anos, a empresa conseguiu ser a<br />

principal fornecedora de ônibus<br />

para a Copa do Mundo de Futebol<br />

deste ano. são 830 unidades<br />

- 460 para a FIFA, 220 para<br />

as cidades-sede para os sistemas<br />

de transporte viários e 150 para<br />

operadores de transporte da áfrica<br />

devido a incremento de negócios<br />

com a Copa.<br />

— É notável a importância<br />

de nossa presença comercial e<br />

industrial na áfrica do sul, além<br />

de toda a estrutura que temos de<br />

pós-venda e estoque de peças.<br />

Isso propiciou a oportunidade de<br />

fazer esta venda. O Mauro morou<br />

10 anos na áfrica do sul para<br />

desenvolver todo o trabalho da<br />

Marcopolo por lá. Há dois anos e<br />

meio ele voltou e é vice-presidente<br />

do conselho — diz bellini, que<br />

também é pai de James Eduardo,<br />

de 50 anos, que não atua na empresa,<br />

pois tem um “negócio próprio<br />

de fabricação de veleiros”.<br />

Um dos ônibus urbanos destinados à cidade de Cape Town, na África do Sul<br />

bellini confessa que ao fundar<br />

a Marcopolo não imaginava que a<br />

empresa se tornaria o que ela é hoje.<br />

Atualmente, é a maior fabricante<br />

de carroçarias de ônibus no brasil,<br />

com cerca de 40% de participação<br />

de mercado, receita líquida<br />

de 2,3 bilhões de reais em 2009 e<br />

cerca de 15 mil funcionários, considerando<br />

todas as suas fábricas.<br />

— se eu acreditasse naquela<br />

época que a empresa seria assim,<br />

evidentemente, eu estaria dando<br />

um chute. O que eu acreditava,<br />

mesmo, era naquele trabalho<br />

que a gente fazia no dia a dia.<br />

Eu acreditava nos negócios que<br />

estávamos tocando. Os negócios<br />

da Marcopolo tiveram um crescimento<br />

excepcional principalmente<br />

porque nós acreditamos nas<br />

pessoas que aqui têm autonomia<br />

para trabalhar — revela.<br />

Itália dentro de casa<br />

A relação de bellini com a Itália<br />

é bem estreita. O empresário<br />

foi pessoalmente, a gênova, para<br />

pegar documentos do avô e facilitar<br />

o seu processo de cidadania.<br />

— Na minha casa só se falava<br />

italiano, porém, o dialeto. Já fui<br />

à Itália umas 10, 12 vezes. Fui à<br />

igreja onde meu avô foi batizado<br />

para pegar a certidão de batismo<br />

dele. Foi uma emoção enorme. A<br />

última vez que fui à Itália foi em<br />

2006. Adoro ir a Verona para assistir<br />

às óperas. É uma delícia de<br />

ver — relembra.<br />

bellini ainda cultiva amigos<br />

de infância e, portanto, quando<br />

encontra com eles, todas as conversas<br />

são no dialeto.<br />

— Aqui em Caxias há muito<br />

do folclore italiano, tem uma<br />

companhia que faz teatro todo<br />

em dialeto. Aos domingos, tem<br />

um programa de duas horas na<br />

rádio são Francisco realizado todo<br />

em dialeto também. É muito<br />

delicioso escutar aquelas expressões.<br />

Eu gostaria de retornar uns<br />

40 anos, eu precisava tanto —<br />

diz emocionado.<br />

Esbanjando saúde, bellini vai<br />

à empresa todos os dias - chega<br />

às sete horas, quando necessário,<br />

e sai às 19h - e ainda joga golfe.<br />

Às vezes, almoça em casa.<br />

— gosto muito de pescar e<br />

já joguei muito tênis também —<br />

conta bellini, revelando que hoje,<br />

o que lhe dá muito prazer também<br />

é jogar golfe — É um esporte muito<br />

agradável, umas duas vezes por<br />

semana, no mínimo, eu jogo.<br />

22 C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 1 0<br />

J u n h o 2 0 1 0 / C o m u n i t à i t a l i a n a 23


affari<br />

E’ il massimo<br />

Iveco lancia autocarro a Sorocaba e annuncia<br />

previsione di crescita di più del 10% del mercato<br />

In dirittura di arrivo del suo<br />

piano di espansione in brasile,<br />

iniziato nel 2007, la Iveco<br />

ha lanciato in maggio il Daily<br />

Massimo 7 tonnellate. Il nuovo<br />

membro della famiglia di veicoli<br />

leggeri segue il percorso del Daily<br />

70C16, il primo fabbricato nel Centro<br />

de Desenvolvimento de Produto<br />

de sete lagoas (Mg). l’arrivo<br />

del Massimo coincide con i festeggiamenti<br />

per l’aumento del numero<br />

di vendite dell’azienda: dei 62mila<br />

veicoli Iveco in circolazione in<br />

brasile, 30mila sono stati venduti<br />

tra il gennaio 2007 e il dicembre<br />

2009. Rivolta ad un mercato che<br />

rappresenta l’8% delle vendite di<br />

autocarri in brasile, la Iveco spera<br />

di chiudere il 2010 con la vendita<br />

di 1.500 unità del Daily Massimo.<br />

Potendo scegliere tra la cabina<br />

semplice o doppia – in cui en-<br />

Sílvia Souza<br />

trano al massimo sette persone –<br />

il Massimo offre, secondo l’azienda,<br />

685 kg di capacità di carico<br />

in più rispetto al principale concorrente.<br />

Il lancio dell’autocarro<br />

ha avuto luogo lo stesso giorno<br />

in cui l’azienda ha presentato il<br />

suo nuovo Centro di Distribuzione<br />

di Pezzi di Ricambio, a sorocaba,<br />

città a 92 km da são Paulo.<br />

— l’Iveco Daily 70C16 ha<br />

raddoppiato il market share<br />

dell’azienda nel segmento di 6,1<br />

a 7,9 tonnellate di Plt (prodotto<br />

lordo totale). siamo passati dal<br />

4,6% nel 2008 all’8,5% nel 2009.<br />

Con il Daily Massimo, chiamato<br />

70C16HD, speriamo di raggiungere<br />

una partecipazione di mercato<br />

di più del 10% nel 2010 e<br />

del 12% nel 2011 – dice il presidente<br />

della Iveco América latina,<br />

Marco Mazzu.<br />

In due versioni, quella di lusso<br />

e la executive, l’autocarro senza<br />

optional esce dalla concessionaria<br />

al prezzo di 94mila reais, il<br />

primo, e 122mila reais, il secondo.<br />

l’Iveco Daily Massimo esce<br />

dalla fabbrica già con un optional:<br />

un gPs con navigatore Multi<br />

Connect che permette di preparare<br />

una sequenza di, al massimo,<br />

30 indirizzi di consegna.<br />

Con design firmato da giorgetto<br />

giugiaro, il nuovo autocarro<br />

della sussidiaria della Fiat ha<br />

una cabina con 50 mm in più di<br />

altezza e sportelli di facile entrata<br />

per i passeggeri. Ergonomica,<br />

mantiente le caratteristiche di un<br />

macchina normale, il che rende<br />

più comodo il viaggio agli autisti.<br />

— E’ un mercato di grandi<br />

e piccole imprese, del trasporto<br />

porta a porta urbano ed interurbano,<br />

di viaggi brevi, tra i 100 e<br />

i 200 chilometri, segnati dal ritmo<br />

“fermati e cammina”. Inoltre<br />

la quantità di carico che il con-<br />

Marco Mazzu: L’erogazione immediata e completa delle richieste ha già superato il 96%, un numero da leader<br />

corrente trasporta in 10 viaggi il<br />

Massimo la porta in 8,5. Ossia, i<br />

clienti hanno una maggior produzione<br />

e l’autocarro, maggior<br />

durabilità — segnala il direttore<br />

di piattaforma di veicoli leggeri e<br />

medi della Iveco, Marcello Motta.<br />

sempre secondo Motta tra i<br />

vantaggi del Massimo c’è il cambio<br />

dell’olio del motore ogni 20mila<br />

km (7,6 litri ogni cambio),<br />

un’economia del 49% in rapporto<br />

al concorrente principale; mentre<br />

nei cambi d’olio del cambio l’Iveco<br />

Daily Massimo è più economico del<br />

60%, con cambi ogni 120mila km.<br />

Centro di Distribuzione<br />

Per completare il suo ciclo produttivo,<br />

la Iveco ha inaugurato a<br />

sorocaba il suo nuovo Centro de<br />

Operações de Peças Iveco (Copi).<br />

Il luogo è frutto di investimenti<br />

di 30 milioni di reais e presenta<br />

10mila m² di area costruita – metà<br />

di quella del Centro di Diadema<br />

– e 100mila m 3 per lo stoccaggio<br />

di pezzi.<br />

situato nell’area della Case<br />

New Holland (CNH), un’altra<br />

azienda del gruppo Fiat, il Copi<br />

ospita le spedizioni medie della<br />

Iveco, che si aggirano sugli<br />

80mila pezzi, qualcuno di essi<br />

fatto all’estero.<br />

— l’erogazione immediata e<br />

completa delle richieste ha già<br />

superato il 96%, un numero da<br />

leader. Inoltre gli errori di imbarco<br />

sono al di sotto dello 0,25%,<br />

il che indica qualità mondiale.<br />

Richieste di emergenza vengono<br />

corrisposte entro 24 ore, mentre<br />

le richieste da stock della concessionaria<br />

vengono preparati per la<br />

spedizione in, al massimo, 48 ore<br />

— spiega il direttore della post<br />

vendita della Iveco in America<br />

latina, Maurício gouveia.<br />

Fotos: Divulgação Iveco<br />

alleanza<br />

Un’iniziativa della Organizzazione delle Nazioni Unite (ONU)<br />

per mobilizzare l’opinione pubblica sulle differenze tra stati<br />

e comunità, e il bisogno di un dialogo tra i loro rappresentanti,<br />

la Alleanza di Civiltà ha realizzato il suo terzo forum a Rio de Janeiro<br />

alla fine di maggio. la riunione, creata nel 2004, ha avuto<br />

luogo al Museu de Arte Moderna ed ha contato sulla partecipazione<br />

del sottosegretario agli Affari Esteri italiano, Vincenzo scotti,<br />

e di diplomatici italiani. l’iniziativa agisce su tre campi prioritari:<br />

educazione, gioventú, mass media e migrazioni. In due giorni di<br />

seminari e riunioni, che hanno coinvolto circa settemila persone<br />

di più di 100 paesi, sono state presentate discussioni su temi come<br />

“Diritti umani, etica e soluzione di conflitti” e “la storia come<br />

strumento di cooperazione culturale”.<br />

Fusione<br />

<strong>La</strong> rete a dettaglio baiana Insinuante il mese scorso ha annunciato<br />

la fusione delle sue operazioni con l’azienda di Minas<br />

Ricardo Eletro. l’unione ha creato una rete a dettaglio di mobili<br />

ed elettrodomestici con circa 500 negozi in 19 stati. la strategia<br />

del nuovo gruppo si basa sul guadagnare terreno a Rio de Janeiro<br />

e são Paulo. la fusione ha avuto luogo qualche mese dopo che<br />

il gruppo Pão de Açúcar, leader del dettaglio brasiliano, ha firmato<br />

un accordo di acquisto delle Casas bahia, creando una rete<br />

con poco più di mille negozi. la Ricardo Eletro è stata fondata<br />

nel 1989 e presenta circa 260 negozi negli stati di Minas gerais,<br />

Espírito santo, são Paulo, Rio de Janeiro, bahia, sergipe, Alagoas,<br />

goiás e Distrito Federal, tra negozi per la strada, in shopping<br />

e megastore. la compagnia ha cinque centri di distribuzione. Invece<br />

la Insinuante ha cominciato ad operare nel 1959 e ora ha<br />

circa 220 negozi in tutti gli stati del nord-est, oltre che a Rio<br />

de Janeiro e Espírito santo. Nel 2009, mirando sulla crescita, ha<br />

presentato una proposta d’acquisto al Ponto Frio, ma che è stato<br />

anch’esso comprato dal Pão de Açúcar.<br />

simulatori<br />

<strong>La</strong> Virtualy, impresa di simulatori per gru in operazioni portuali<br />

ha conquistgato l’attestato di esclusività di produzione<br />

nazionale della Associação brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica<br />

(Abinee). Il certificato dichiara che l’azienda, della Incubadora<br />

da Coppe/UFRJ, è l’unica in brasile ad avere la padronanza<br />

della tecnologia. Dal 2008 la Virtualy ha già fornito due sistemi<br />

a porti italiani. In questo momento ha cinque contratti in fase di<br />

negoziati, di cui uno con la Marinha do brasil.<br />

pozzo<br />

<strong>La</strong> Agência Nacional do Petróleo (ANP) ha annunciato che le<br />

riserve trovate con la perforazione del primo pozzo in una<br />

delle aree non licitate del pre-sale nel bacino di santo sono di<br />

4,5 miliardi di barili di grezzo “leggero di buona qualità”. Questo<br />

è il secondo maggior campo di petrolio già scoperto in brasile<br />

dopo quello di tupi, sempre nel pre-sale, a santos, con riserve<br />

stimate tra i 5 e gli 8 miliardi di barili. la più recente scoperta si<br />

trova in un’area chiamata Franco. Rappresenta il 32% delle riserve<br />

già comprovate del Paese, che sono di 14,2 miliardi. Il pozzo<br />

rimane a 195 chilometri dalla costa di Rio de Janeiro. Finora la<br />

maggior parte dei campi del pre-sale si trovavano a 300 chilometri<br />

dalla costa.<br />

separazione<br />

notizie<br />

Secondo maggior stato del brasile in metri quadrati, il Pará<br />

assiste a movimenti separatisti che vorrebbero ridurlo a meno<br />

del 20% della sua area attuale. l’idea è quella di creare due<br />

nuovi stati: tapajós ad ovest e Carajás nel sud-est paraense. Deputati<br />

della regioni separatiste si muovono per approvare entro<br />

quest’anno i progetti di referendum sulla divisione. In aprile la<br />

Câmara dos Deputados ha richiesto l’urgenza per le due proposte,<br />

che ora potranno essere votate in qualsiasi momento. I progetti<br />

sono già passati per il senato. santarém è il centro di un movimento<br />

pro tapajós, che ha già perfino inno e bandiera. A Marabá<br />

consiglieri comunali hanno issato una bandiera non ufficiale dello<br />

stato del Carajás presso la Câmara Municipal.<br />

natura<br />

L’<br />

imprenditore guilherme leal, copresidente del Consiglio di<br />

Amministrazione della Natura Cosméticos e uno dei fondatori<br />

dell’azienda, è stato scelto dal Partido Verde (PV) come vice<br />

nella lista della candidata alla presidenza della Repubblica Marina<br />

silva. Di são Paulo, 60enne, leal é, secondo la rivista Forbes,<br />

la 13ª persona più ricca del brasile, e vanta una fortuna di circa<br />

2,1 miliardi di dollari. È entrato nel PV l’anno scorso. la Natura è<br />

la maggior azienda fabbricante di cosmetici e prodotti di igiene<br />

e bellezza del Paese. È considerata<br />

una delle aziende precursore, in brasile,<br />

degli investimenti in responsabilità<br />

sociale. Investe anche in una<br />

linea di prodotti che usano principi<br />

attivi rinnovabili, presi dalla foresta<br />

tropicale brasiliana.<br />

sostenibile<br />

<strong>La</strong> Fiat ha presentato varie matrici energetiche e tecnologie<br />

di mobilità sostenibile al Michelin Challenge bibendum,<br />

evento internazionale realizzato a Rio de Janeiro. là c’erano versioni<br />

di veicoli elettrici e mossi a cellule di carburante di idrogeno,<br />

tutte con tecnologia flex. Prototipi costruiti con fibre rinnovabili<br />

di curauá, cocco e canna da zucchero, oltre all’unica<br />

automobile al mondo che funziona con quattro combustibili sono<br />

stati i ifiori all’occhiello dell’azienda italiana. Durante l’evento la<br />

macchina-concetto Fiat Car Concept II è stata messa in enfasi<br />

perché usa solo energia proveniente da batterie ricaricabili, cosí<br />

non emette nessuna molecola di gas carbonico nell’atmosfera<br />

durante il suo funzionamento.<br />

Certificato<br />

Da questo mese i produttori brasiliani di zucchero e etanolo<br />

e zuccherifici che vogliano vantare un certificato di buone<br />

azioni socioambientali avranno ora un’alternativa sul mercato.<br />

Il certificato statunitense Rainforest Alliance, famoso in tutto il<br />

mondo, ora presenta un insieme di criteri rivolti all’industria zuccherificia,<br />

il primo del mondo di questo tipo. In brasile questo certificato<br />

viene concesso dall’Imaflora (Instituto de Manejo e Certificação<br />

Florestal e Agrícola). È un’opzione per imprese che vogliono<br />

avere particolarità da presentare al mercato. Anche altri due sistemi<br />

di certificazione socioambientale per la canna da zucchero sono<br />

in fase di elaborazione: il better sugarcane Initiative, con base in<br />

Inghilterra, e tavola Rotonda per i biocarburanti sostenibili, che<br />

è in fase di sviluppo presso la Università di lousanne, in svizzera.<br />

24 C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 1 0<br />

J u n h o 2 0 1 0 / C o m u n i t à i t a l i a n a 25


capa<br />

um jogador,<br />

duas seleções<br />

Un calciatore, due nazionali<br />

“ “<br />

Jogada pela esquerda, Zagalo vem pelo flanco, quebra para dentro,<br />

cruza à meia altura para Mazzola, olha, dominou fora da área, chute<br />

de sem-pulo e gol. Golaço.” Assim José João Altafini, o Mazzola,<br />

narra o gol mais marcante de sua carreira. Corria o ano de 1958,<br />

Copa da Suécia, e Mazzola (apelido dos tempos do Palmeiras por sua<br />

semelhança com um ídolo da Juventus de Torino no pós-guerra) era titular da<br />

mítica Seleção Brasileira campeã mundial pela primeira vez.<br />

Aquele gol jamais esquecido foi marcado contra a Áustria, trilhando o<br />

caminho dos canarinhos até o título. Aos 19 anos, junto a Pelé (que tinha 17),<br />

Mazzola era um menino perto de monstros como Zagalo, Vavá e Garrincha –<br />

este o “grande nome” daquele time, segundo ele. Com todas as chances de vestir<br />

a camiseta verde e ouro por anos depois daquele feito, Mazzola, no entanto,<br />

mudou de ares: se transferiu para o futebol italiano e, convocado, aceitou vestir a<br />

maglia Azzurra já na Copa seguinte, 1962, no Chile. Um desastre: Azzurra<br />

eliminada ainda na primeira fase e um arrependimento para a vida toda:<br />

— Eu poderia ter sido três vezes campeão do mundo com o Brasil, mas<br />

fui jogar pela Itália. Me arrependo até hoje — diz, mas sem mágoa.<br />

Neto de imigrantes italianos, Mazzola se mudou para Milão com 19<br />

anos, e lá se vão mais de 50 anos vivendo no velho continente. Começou no<br />

Piracicabano, um time amador de sua cidade natal,<br />

Piracicaba, interior de São Paulo, onde, como diz,<br />

nasceu para o futebol. Depois, chance no Palmeiras.<br />

Ficou de 1955 a 1958 quando disputou e ganhou os<br />

únicos campeonatos da época: o Rio-SP e o nacional de<br />

seleções estaduais. Na Itália, além do Milan, defendeu o<br />

Napoli e a Juventus, onde encerrou a carreira em 1976.<br />

Foi campeão e goleador em todos os clubes: foram<br />

216 gols em 459 partidas por clubes italianos, o que<br />

o tornou o segundo maior goleador da história do país<br />

– primeiro entre os estrangeiros. Agora, ele é um dos<br />

comentaristas esportivos mais populares da Itália. Essa<br />

nova carreira, assumiu nos anos 80, quando parou de jogar. Atualmente, ele<br />

“defende a camisa” da SKY, mas já passou também por outros dois canais de<br />

TV. A popularidade de Mazzola é tanta que ele já está nos games: é dele a voz<br />

do comentarista da versão italiana do Pro Evolution Soccer 2009, um dos mais<br />

famosos em todo o mundo.<br />

Dos estúdios da televisão onde trabalha, em Torino, o brasileiro e italiano<br />

Mazzola conversou, por telefone, com <strong>Comunità</strong> e confessou: mesmo depois de tanto<br />

tempo na Bota, se tiver Brasil x Itália na Copa, vai de Brasil.<br />

— País a gente não muda.<br />

leandro demori<br />

EspEcial dE Roma<br />

Passa da sinistra, Zagalo viene in laterale, va verso il centro,<br />

incrocia a mezz’aria per Mazzola, guarda, domina fuori<br />

dall’area,rovesciata e gol. Grande gol.”<br />

Cosí José João Altafini, Mazzola, racconta il gol più<br />

importante della sua carriera. Era il 1958, Coppa della Svezia, e Mazzola<br />

(soprannome dei tempi del Palmeiras dovuto alla sua somiglianza con l’idolo<br />

della Juventus nel dopoguerra) era titolare della mitica Nazionale Brasiliana,<br />

campioni mondiali per la prima volta.<br />

Quel gol mai dimenticato era stato segnato contro l’Austria, aprendo la<br />

strada ai verdeoro fino al titolo. A 19 anni, insieme a Pelé (che ne aveva 17),<br />

Mazzola era un bambino di fronte a mostri come Zagalo, Vavá e Garrincha – questi<br />

i “grandi nomi” di quella squadra, secondo lui. Malgrado avesse tutte le strade<br />

aperte per usare la maglia verdeoro per anni dopo quel gol, Mazzola invece ha<br />

cambiato vita: si è trasferito per giocare a calcio in Italia e, convocato, ha accettato<br />

di indossare la maglia Azzurra già nella Coppa seguente, nel 1962, in Cile.Un<br />

disastro: Azzurra eliminata subito nella prima fase e un rimorso per tutta la vita:<br />

— Sarei potuto essere tre volte campione del mondo con il Brasile, ma sono<br />

andato a giocare con l’Italia. Me ne pento ancora oggi<br />

— dice, ma senza amarezza.<br />

Nipote di immigranti italiani, Mazzola si è trasferito a Milano a 19 anni e<br />

ormai sono più di 50 anni che vive nel vecchio continente. Ha<br />

cominciato nel Piracicabano, una squadra non professionista<br />

della sua città natale, Piracicaba, interno di São Paulo,<br />

dove, come lui dice, è nato per il calcio. Dopo, una chance nel<br />

Palmeiras. Ci è rimasto dal 1955 al 1958, quando ha giocato<br />

e vinto gli unici campionati di allora: il Rio-SP e il nazionale di<br />

selezioni statali. In Italia, oltre al Milan, ha giocato per il Napoli<br />

e la Juventus, dove ha concluso la sua carriera nel 1976.<br />

È stato campione e goleador in tutte le squadre: ha<br />

sommato 216 gol in 459 partite per squadre italiane, il<br />

che l’ha trasformato nel maggior goleador della storia del<br />

Paese – primo tra gli stranieri. Ora è uno dei commentatori<br />

sportivi più popolari d’Italia. Questa nuova carriera l’ha iniziata negli anni ’80,<br />

quando ha smesso di giocare. In questo momento “difende la maglia” della SKY,<br />

ma ha già lavorato in altri canali TV. <strong>La</strong> popolarità di Mazzola è tanta che è già<br />

nei videogame: è sua la voce del commentarista della versione italiana del Pro<br />

Evolution Soccer 2009, uno dei videogame più famosi in tutto il mondo.<br />

Dagli studi televisivi dove lavora, a Torino, il brasiliano e italiano Mazzola<br />

ha parlato, per telefono, con <strong>Comunità</strong> ed ha confessato: anche dopo tanti anni<br />

nello Stivale, se ci sarà Brasile x Italia nella Coppa, farà il tifo per il Brasile.<br />

— Il Paese non si cambia.<br />

26 C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 1 0<br />

J u n h o 2 0 1 0 / C o m u n i t à i t a l i a n a<br />

27


capa<br />

<strong>Comunità</strong><strong>Italiana</strong> - Você<br />

está na Itália há 50 anos.<br />

sente-se hoje mais italiano<br />

do que brasileiro?<br />

mazzola - Eu sou orgulhoso de<br />

viver aqui. Quis vir e estou maravilhosamente<br />

bem aqui. Mas o<br />

que acontece: time e país são como<br />

mãe, não tem como trocar. O<br />

brasil é meu país. Eu joguei pela<br />

seleção da Itália e amo isso aqui.<br />

No fundo eu encaro como coisas<br />

da profissão.<br />

CI - ou seja: em um cruzamento<br />

brasil x Itália na Copa do mundo...<br />

m - Vou de brasil, sem dúvida.<br />

É como eu disse: eu amo a Itália,<br />

mas no momento de torcer a<br />

coisa vem naturalmente. É como<br />

quando você está vendo um jogo<br />

de dois times quaisquer, quando<br />

vê, naturalmente você começa a<br />

torcer para um deles. Essa pendência<br />

natural sempre vem, e para<br />

o brasil.<br />

CI - Quando você se transferiu<br />

para o milan, imaginava uma<br />

carreira assim longa no clube e<br />

no país?<br />

m - Jamais. Eu queria ficar uns<br />

dois anos, ter uma experiência<br />

internacional, viver em outro país.<br />

Acabei ficando 50.<br />

CI - por quê?<br />

m - Pesou tudo, mas muito mais a<br />

condição de vida. Na época, não<br />

se ganhava dinheiro jogando bola.<br />

Porém, aqui já havia alguma<br />

coisa a mais do que no brasil. se<br />

você for comparar, bastaria um<br />

mês de um salário de um jogador<br />

mediano hoje em dia para se equiparar<br />

a, sei lá, um ano do nosso<br />

salário – talvez até mais. Antigamente<br />

nós tínhamos que fazer 10<br />

anos de carreira para encaminhar<br />

uma boa condição de vida. boa<br />

condição, não riqueza. Para você<br />

ter uma ideia – lembro como se<br />

fosse hoje – em 1958, em um jogo<br />

do brasil durante a Copa, nos<br />

deram 60 dólares de bicho [prêmio<br />

pela vitória]. Vi ontem que o<br />

bicho para cada jogador brasileiro<br />

deve ser de 350 mil reais caso<br />

ganhem a Copa da áfrica. Outros<br />

tempos...<br />

CI - Qual foi seu momento mais<br />

marcante com a camisa da seleção<br />

brasileira?<br />

m - A Copa de 1958, sem dúvida.<br />

Fiz até gol de bicicleta de fora<br />

da área!<br />

CI - Como assim?<br />

m - De fora da área, perto da<br />

meia-lua. Mas o juiz anulou e como<br />

as imagens daquele tempo<br />

são raras, essa não passou para a<br />

história. Aquele ano foi mágico,<br />

joguei o primeiro e o segundo<br />

jogos, depois perdi o lugar para<br />

o Vavá porque torci o tornozelo<br />

contra a Inglaterra. Perdi um<br />

gol naquele jogo, aí saí no jogo<br />

contra a Rússia para a entrada do<br />

Vavá. Nesse jogo, foi o Vavá que<br />

se machucou. Assim, voltei no<br />

quarto jogo, ganhamos e seguimos<br />

para o título.<br />

CI - Entre as seleções brasileira<br />

e italiana, qual mexeu mais<br />

com você?<br />

m - A brasileira, sobretudo pelo<br />

momento que vivemos juntos,<br />

pelo título. Em 1958, eu fiz 12<br />

jogos e 11 gols pelo brasil. Com<br />

a Itália, em 1962, ano da Copa<br />

do Chile, fiz 6 jogos e 5 gols.<br />

Além do mais, aquela seleção<br />

italiana foi uma decepção.<br />

CI - pelo que se lê nos jornais da<br />

época, diziam que era uma seleção<br />

muito forte...<br />

m - Era uma seleção forte, mas<br />

desorganizada. Não tínhamos<br />

<strong>Comunità</strong><strong>Italiana</strong> – sei in<br />

Italia da 50 anni. oggi<br />

ti senti più italiano che<br />

brasiliano?<br />

mazzola – sono orgoglioso di vivere<br />

qui. Ci sono voluto venire e<br />

ci vivo meravigliosamente bene.<br />

Ma il fatto è questo: la squadra<br />

e il Paese sono come la mamma,<br />

non si possono cambiare. Il brasile<br />

è il mio Paese. Ho giocato<br />

per la nazionale italiana e amo<br />

questo posto. In fondo affronto<br />

[la situazione] come una cosa<br />

della professione.<br />

CI - ossia: se ci dovesse essere<br />

brasile x Italia nella Coppa<br />

del mondo...<br />

m – Farei il tifo per il brasile,<br />

senza dubbio. È come ho già detto:<br />

amo l’Italia, ma al momento<br />

di fare il tifo la cosa viene naturalmente.<br />

È come quando stai vedendo<br />

una partita di due squadre<br />

qualsiasi. Naturalmente cominci<br />

a fare il tifo per una delle due.<br />

Questa propensione naturale mi<br />

viene sempre, e per il brasile.<br />

Mazzola vestindo as camisas da Juventus, Palmeiras,<br />

seleção brasileira e ao lado de Cesare Maldini, no Milan<br />

Mazzola con la maglia della Juventus, del Palmeiras, della<br />

nazionale brasiliana e accanto a Cesare Maldini, al Milan<br />

CI – Quando ti sei trasferito al milan<br />

immaginavi una carriera cosí<br />

lunga nella squadra e nel paese?<br />

m – Mai. Io volevo rimanere due<br />

anni circa, avere un’esperienza internazionale,<br />

vivere in un altro Paese.<br />

E poi ci sono rimasto 50 anni.<br />

CI - perché?<br />

m – Per vari motivi, ma soprattutto<br />

per le condizioni di vita. All’epoca<br />

non si facevano i soldi giocando a<br />

calcio. Ma qui c’erano cose in più<br />

che in brasile. se facciamo un paragone<br />

basterebbe un mese di uno<br />

stipendio odierno di un calciatore<br />

medio per paragonarlo ad un anno<br />

del nostro salario – forse pure di<br />

più. Molto tempo fa dovevamo fare<br />

10 anni di carriera per cominciare<br />

a vivere bene. Vivere bene, non<br />

essere ricchi. Perché tu te ne faccia<br />

un’idea – me lo ricordo come se<br />

fosse oggi – nel 1958, in una partita<br />

del brasile durante la Coppa,<br />

ci hanno dato 60 dollari di bicho<br />

[premio per la vittoria]. Ho visto<br />

ieri che i premi vittoria per ogni<br />

calciatore brasiliano si aggireranno<br />

sui 350mila reais se vincono la<br />

Coppa dell’Africa. Altri tempi...<br />

CI – Qual è stato il momento più<br />

suggestivo indossando la maglia<br />

della nazionale brasiliana?<br />

m - la Coppa del ‘58, senza dubbio.<br />

Ho fatto pure un gol di rovesciata<br />

fuori dall’area!<br />

CI - Come?<br />

m – Da fuori area, vicino al centrocampo.<br />

Ma l’arbitro l’ha annullato e<br />

siccome le immagini di quell’epoca<br />

sono rare, questa non è passata<br />

alla storia. Quell’anno è stato magico,<br />

ho giocato la prima e la seconda<br />

partita, dopo ho perso il posto<br />

per Vavá perché mi sono storto<br />

la caviglia contro l’Inghilterra. Ho<br />

perso un gol in quella partita, poi<br />

sono uscito nella partita contro la<br />

Russia perché entrasse Vavá. In<br />

questa partita chi si è fatto male<br />

è stato Vavá. Cosí sono tornato per<br />

la quarta partita, abbiamo vinto e<br />

abbiamo continuato fino al titolo.<br />

CI – tra le nazionali brasiliana e<br />

italiana, quale ti ha emozionato<br />

di più?<br />

m – Quella brasiliana, soprattutto<br />

per i momenti vissuti insieme,<br />

per il titolo. Nel 1958 ho fatto 12<br />

partite e 11 gol per il brasile. Con<br />

l’Italia, nel 1962, anno della Coppa<br />

del Cile, ho fatto 6 partite e 5<br />

gol. Inoltre quella nazionale italiana<br />

è stata una delusione.<br />

CI – Da quello che si legge nei<br />

giornali dell’epoca, dicevano che<br />

era una nazionale molto forte...<br />

Acima, Copa de 58 pelo Brasil: Joel, Didi, Mazzola, Pelé e Canhoteiro. Abaixo,<br />

Copa de 62 pela Itália, Mazzola é o segundo agachado da direita para esquerda<br />

Sopra, Mondiali del ’58 con il Brasile: Joel, Didi, Mazzola, Pelé e Canhoteiro. Sotto,<br />

Mondiali del ‘62 con l’Italia, Mazzola è il secondo abbassato da destra verso sinistra<br />

técnico. Os responsáveis pelo time<br />

eram dois caras amadores: um<br />

da segunda divisão que nem técnico<br />

era e um outro dirigente burocrata.<br />

Os dois estavam muitos<br />

ligados com jornais italianos e a<br />

convicção de todos nós, jogadores,<br />

era que dois editores de jornais<br />

escalavam o time. tínhamos<br />

realmente um time muito forte<br />

no papel.<br />

CI - Quem era a grande personalidade<br />

daquela seleção brasileira<br />

de 1958?<br />

m - garrincha. Ele ganhou 58 e<br />

62 sozinho. Pelé era a novidade,<br />

a juventude, mas garrincha era<br />

uma pessoa da melhor qualidade,<br />

simples. grande cara.<br />

CI - Você declarou que um dos<br />

grandes arrependimentos de<br />

sua vida foi justamente ter trocado<br />

de camisa na Copa do Chile,<br />

ou seja, ter ido jogar pela Itália<br />

em vez de defender o brasil.<br />

ainda se arrepende?<br />

m - sem dúvida. Eu era muito<br />

garoto e pensava que quem me<br />

chamava eu teria que atender,<br />

teria que jogar. A Itália me colocou<br />

na lista e eu fui, quando<br />

poderia ter dito “não” e ido com<br />

o brasil. Isso me deixa até hoje<br />

com a pulga atrás da orelha<br />

porque eu poderia ter ganhado<br />

três títulos mundiais com o Pelé,<br />

1958, 1962 e 1970. A Copa<br />

de 70, por exemplo, o brasil jogou<br />

sem um atacante de ofício.<br />

tem outra coisa: quando eu vim<br />

jogar no Milan, eu pensei que<br />

minha carreira na seleção brasileira<br />

estava acabada porque, até<br />

os anos 60, o brasil não chamava<br />

ninguém que jogasse fora do país.<br />

Isso pesou também na minha<br />

decisão de aceitar o convite da<br />

Azzurra. Mas me arrependo.<br />

CI - Você mantém contato com o<br />

brasil?<br />

m - Muito, eu trouxe inclusive<br />

muitos jogadores jovens para a<br />

Itália. teve um período que me<br />

dediquei a isso, não como empresário,<br />

mais como alguém que<br />

mostrava caminhos, dava conselhos.<br />

O problema é que hoje está<br />

cheio de agente por aí, cada<br />

um com seus interesses, então<br />

não é uma coisa muito fácil de<br />

fazer. Eu nunca consegui ter essa<br />

colaboração “brasil e Itália”,<br />

m - Era una nazionale forte, ma disorganizzata.<br />

Non avevamo un ct.<br />

I responsabili della squadra erano<br />

due tipi non professionisti. Uno<br />

della serie b, che non era nemmeno<br />

un ct, e un altro dirigente burocrate.<br />

I due erano molto legati<br />

ai giornali italiani e noi, calciatori,<br />

eravamo convinti del fatto che<br />

due editori di giornali sceglievano<br />

i calciatori della squadra. Avevamo<br />

veramente una squadra molto<br />

forte sulla carta.<br />

CI - Chi era la grande personalità<br />

di quella nazionale brasiliana<br />

del 1958?<br />

m - garrincha. Ha vinto nel ‘58 e<br />

nel ‘62 da solo. Pelé era la novità,<br />

la gioventù, ma garrincha era<br />

una persona della miglior qualità,<br />

uno semplice. Un grande tipo.<br />

CI – Hai dichiarato che uno dei<br />

grandi rimpianti della tua vita è<br />

stato proprio l’aver cambiato di<br />

maglia nella Coppa del Cile, ossia,<br />

di essere andato a giocare<br />

per l’Italia invece di giocare con<br />

il brasile. te ne penti ancora?<br />

m – senza dubbio. Io ero molto<br />

giovane e pensavo che chiunque<br />

“Narração” do segundo gol de Mazzola na<br />

vitória por 2 X 1 contra o Benfica na final da<br />

Liga dos Campeões da Europa de 1963<br />

“Narrazione” del secondo gol di Mazzola nella<br />

vittoria por 2x1 contro il Benfica nella finale<br />

della Coppa dei Campioni d’Europa del ‘63<br />

mi chiamasse, io avrei dovuto corrispondere,<br />

avrei dovuto giocare.<br />

l’Italia mi ha messo nella lista e<br />

ci sono andato, quando avrei potuto<br />

dire “no” ed essere andato<br />

col brasile. Ancora oggi questo<br />

mi lascia la pulce dietro all’orecchio<br />

perché avrei potutto vincere<br />

tre titoli mondiali con Pelé, 1958,<br />

1962 e 1970. la Coppa del ‘70,<br />

per esempio, il brasile l’ha giocata<br />

senza uno con la funzione di<br />

attaccante. E c’è un’altra cosa:<br />

quando sono venuto a giocare nel<br />

Milan pensavo che la mia carriera<br />

nella nazionale brasiliana fosse finita<br />

perché, fino agli anni ’60, il<br />

brasile non chiamava nessuno che<br />

giocasse fuori dal Paese. Anche<br />

questo ha avuto il suo peso nella<br />

mia decisione di accettare l’invito<br />

dell’Azzurra. Ma me ne pento.<br />

CI – mantieni contatti con il brasile?<br />

m - Molto, ho anche portato molti<br />

giovani calciatori qui in Italia. C’è<br />

stato un periodo in cui mi sono<br />

dedicato solo a questo, non come<br />

imprenditore, ma come qualcuno<br />

che mostrava i percorsi, dava consigli.<br />

Il problema è che oggigiorno<br />

28 C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 1 0<br />

J u n h o 2 0 1 0 / C o m u n i t à i t a l i a n a 29


capa<br />

tentei em vários momentos, mas<br />

nunca consegui.<br />

CI - Você tem família no brasil?<br />

m - tenho duas filhas e seis netos.<br />

Vou muito para visitar, me<br />

“esconder”. Eu sou de Piracicaba<br />

e tenho uma percepção de que<br />

quem nasce no interior sente<br />

mais saudades. Eu sinto muitas.<br />

CI - E na Itália?<br />

m - Casei novamente aqui, tenho<br />

3 filhos italianos. Minha mulher<br />

brasileira morreu em 1984, quando<br />

já éramos divorciados.<br />

CI - E seus antigos companheiros<br />

de seleção e de palmeiras?<br />

Você fala com eles? tem contato<br />

com o pelé?<br />

m - Não tenho contato com quase<br />

nenhum jogador que jogou comigo.<br />

Quando você termina, termina.<br />

Costumo dizer que os anos de<br />

futebol, para a maioria dos jogadores,<br />

são como aquele grupo<br />

que se forma na praia durante os<br />

verões, sabe? Quando você vai na<br />

praia, faz amizade com o vizinho<br />

da porta ao lado, com o pessoal<br />

da rua, se diverte, sai, joga bola<br />

e tudo o mais, mas quando volta<br />

para cidade aquilo desaparece no<br />

tempo. É raro manter amizades<br />

no futebol. Você encontra outras<br />

pessoas na vida depois do mundo<br />

da bola, não sei dizer exatamente<br />

por que isso acontece.<br />

CI - É quase consenso entre os<br />

italianos que o Campeonato brasileiro<br />

é fraco, inferior ao nacional<br />

italiano. Você acompanha os<br />

jogos do brasileirão? Concorda<br />

com essa afirmação?<br />

m - Vejo muitos jogos, estou<br />

até muito chateado porque não<br />

passam todos. O brasileirão é<br />

forte, os estaduais são fracos.<br />

Mas o brasileiro é seguramente<br />

mais forte do que o campeonato<br />

italiano. temos cinco ou seis<br />

times disputando título, ao menos.<br />

O que poderíamos melhorar<br />

é o interesse de público, encher<br />

mais os estádios, ainda mais<br />

com um campeonato tão forte<br />

como o nosso.<br />

CI - o futebol mudou muito do<br />

tempo em que você jogava para<br />

hoje ou é exagero pensar que<br />

era “outro esporte”?<br />

m – No passado, o futebol era<br />

mais lento na movimentação da<br />

bola, isso mas, ao contrario do<br />

que se pensa, os jogadores eram<br />

muito velozes. tinha gente dos<br />

anos 60 que você não pegava<br />

è pieno di agenti in giro, ognuno<br />

con i suoi interessi, quindi non è<br />

una cosa molto facile da fare. Io<br />

non sono mai riuscito ad avere<br />

questa collaborazione “brasile e<br />

Italia”, ho tentato varie volte, ma<br />

non ci sono mai riuscito.<br />

CI – Hai famiglia in brasile?<br />

m – Ho due figlie e sei nipoti. Ci vado<br />

molto per visitare, per “nascondermi”.<br />

sono di Piracicaba e penso<br />

che chi nasce nell’interno soffre più<br />

di nostalgia. Io ne soffro molto.<br />

CI - E in Italia?<br />

m – Mi sono sposato un’altra volta,<br />

ho tre figli italiani. la mia moglie<br />

brasiliana è morta nel 1984,<br />

quando eravamo già divorziati.<br />

CI - E i tuoi vecchi colleghi della<br />

nazionale e del palmeiras? parli<br />

con loro? Hai contatti con pelé?<br />

m – Non ho contatti con quasi nessun<br />

calciatore che abbia giocato<br />

con me. Quando si finisce, si finisce.<br />

Di solito dico che gli anni<br />

del calcio, per la maggior parte dei<br />

calciatori, sono come quel gruppo<br />

che si forma in spiaggia durante<br />

l’estate, sai? Quando vai in spiaggia<br />

fai amicizia con il vicino della<br />

porta accanto, con la gente della<br />

tua via, ti diverti, esci, giochi<br />

a pallone e tutto il resto,<br />

ma quando ritorni in città tutto<br />

quello sparisce nel tempo. È raro<br />

mantenere amicizie nel calcio.<br />

si incontrano altre persone<br />

nella vita dopo il mondo del<br />

pallone, non so dire esattamente<br />

perché questo succeda.<br />

CI – E’ quasi un consenso, tra<br />

gli italiani, che il Campionato<br />

Brasiliano sia fiacco, inferiore<br />

a quello italiano. segui<br />

le partite del brasileirão?<br />

sei d’accordo su questo?<br />

m – Vedo molte partite, mi<br />

arrabbio pure, perché non le<br />

trasmettono tutte. Il brasileirão<br />

è forte, i campionati<br />

statali sono fiacchi. Ma<br />

quello brasiliano è sicuramente<br />

più forte del cam-<br />

Mazzola<br />

em revistas,<br />

anúncios e<br />

jornais<br />

Mazzola<br />

in riviste,<br />

pubblicità e<br />

giornali<br />

pionato italiano. Abbiamo cinque<br />

o sei squadre che lottano per il<br />

titolo, perlomeno. Quello che potremmo<br />

migliorare è l’interesse del<br />

pubblico, riempire di più gli stadi,<br />

ancor di più con un campionato<br />

cosí forte come il nostro.<br />

CI – Il calcio è cambiato molto<br />

dall’epoca in cui giocavi ad oggi<br />

o è un’esagerazione pensare che<br />

era “un altro sport”?<br />

m – In passato il calcio era più<br />

lento nel movimento del pallone,<br />

questi sí, ma al contrario di<br />

ciò che si pensa i calciatori erano<br />

molto veloci. C’era gente degli<br />

anni ’60 che tu non riuscivi a<br />

raggiungere nella corsa, nemmeno<br />

i giocatori di oggi, con tutta<br />

la tecnologia coinvolta, alimentazione<br />

bilanciata e tutto il resto.<br />

E ancora: si parla molto del fatto<br />

che il marcamento era peggiore.<br />

Non sono d’accordo. Il marcamento<br />

era ancora più duro. Erano partite<br />

anche più belle da vedere, ma<br />

non erano per niente più facili. E<br />

tutto questo senza nessuna tecnologia.<br />

Oggi un calciatore è diverso<br />

da ciò che eravamo. Allora,<br />

prima della partita, si mangiavano<br />

riso, fagioli e carne. Negli ultimi<br />

anni in cui ho giocato nella Juventus<br />

prima di pensionarmi negli<br />

anni ’70, era già un’altra cosa,<br />

un’altra tecnologia. Nessuno entra<br />

più in campo a pancia piena.<br />

Questo è migliorato molto. Il pallone,<br />

quando si bagnava, pesava<br />

10 chili, gli scarpini avevano tacchetti<br />

che si rompevano. Il calcio<br />

era molto più difficile da giocare.<br />

CI – Chi vincerà questa Coppa<br />

del mondo?<br />

m – Non lo so. Messi ha tutto per<br />

fare storia con l’Argentina e Cristiano<br />

Ronaldo con il Portogallo.<br />

Ma Messi non funziona bene<br />

nella Nazionale, Cristiano Ronaldo<br />

ha giocato contro il brasile e<br />

non ha toccato il pallone. È difficile<br />

scommettere, il che rafforza<br />

la tesi secondo la quale il brasile<br />

avrebbe dovuto portarsi Neymar<br />

e ganso, che sarebbero un po’<br />

come io e Pelé nel ’58. Avrebbero<br />

potuto essere le grandi sorprese.<br />

I giovani nella Coppa credono<br />

in se stessi, non hanno paura di<br />

sbagliare. se io sono il ct e stiamo<br />

pareggiando e devo vincere<br />

chiamo questi ragazzi, li metto<br />

pure a calciare rigori. Anche<br />

Maradona è andato giovanissimo<br />

alla Coppa. se il nostro ct fosse<br />

guardiola [del barcellona] avrebbe<br />

portato più giovani.<br />

na corrida, nem mesmo jogadores<br />

de hoje em dia, com toda a<br />

tecnologia envolvida, alimentação<br />

balanceada e tudo. E outra:<br />

fala-se muito que a marcação era<br />

pior. Nisso discordo. A marcação<br />

era mais dura ainda. Era um jogo<br />

até mais bonito de ver, mas por<br />

nada era mais fácil. E isso tudo<br />

sem tecnologia alguma. Hoje,<br />

um jogador é outra coisa em<br />

respeito ao que nós éramos. Antes<br />

do jogo, antigamente, você<br />

comia arroz e feijão, carne. Nos<br />

últimos anos em que joguei na<br />

Juventus, antes de me aposentar<br />

nos anos 70, já era outra coisa,<br />

outra tecnologia. Ninguém mais<br />

entra em campo com a barriga<br />

cheia. Melhorou muito isso. A<br />

bola, quando molhava, pesava<br />

10 quilos, as chuteiras tinham<br />

travas que arrebentavam. O futebol<br />

já foi bem mais difícil de<br />

se jogar.<br />

CI - Quem vai arrebentar nessa<br />

Copa do mundo?<br />

m - Não sei. Messi tem tudo para<br />

fazer história com a Argentina<br />

e o Cristiano Ronaldo com Portugal.<br />

Mas o Messi não vai bem<br />

na seleção, o Cristiano Ronaldo<br />

jogou contra o brasil e não tocou<br />

na bola. Está difícil apostar,<br />

o que reforça a tese de que brasil<br />

deveria ter levado Neymar e<br />

ganso, que seriam mais ou menos<br />

como eu e Pelé em 58. Poderiam<br />

estourar. Jovem em Copa<br />

acredita em si mesmo, não tem<br />

medo de errar. se eu sou um técnico<br />

e estou no empate e preciso<br />

ganhar eu boto essa gurizada,<br />

boto a bater pênalti, até. O Maradona<br />

mesmo foi novíssimo para<br />

a Copa. se nosso técnico fosse o<br />

guardiola [do barcelona], levaria<br />

mais meninada.<br />

CI - posso concluir que você não<br />

concorda com a lista de Dunga?<br />

m - O Dunga não pode ser criticado,<br />

ele tem razão, até agora.<br />

ganhou tudo. Mas temos que esperar<br />

a Copa.<br />

CI - o brasil de hoje é um país melhor<br />

para se viver do que aquele<br />

que você deixou para trás?<br />

m - sem dúvida, mas eu tinha<br />

certeza de que viveríamos esse<br />

momento que vivemos hoje. Eu<br />

dizia isso na Itália nos anos 60,<br />

“nós somos o futuro”. E nesse<br />

momento estamos mostrando isso.<br />

temos todo o potencial, mas<br />

temos que passar para uma nova<br />

fase agora, a de administrar bem.<br />

CI - Qual foi seu jogo inesquecível?<br />

Mazzola ao lado do presidente Lula e durante cerimônia em homenagem aos campeões da Copa de 1958.<br />

Abaixo, Mazzola salta para o cabeceio durante a estreia do Brasil em 1958, contra a Áustria<br />

Mazzola accanto al presidente Lula e durante la cerimonia in omaggio ai campioni dei Mondiali del ‘58. Sotto<br />

Mazzola salta per colpire di testa durante la prima partita del Brasile contro l’Austria nel ’58<br />

m - Minha estreia na seleção brasileira<br />

contra Argentina, um gol<br />

do Pelé e um meu antes da Copa<br />

de 1958. A melhor foi contra Portugal,<br />

naquele mesmo ano, que<br />

fiz um gol de cabeça. Contra a<br />

áustria, na Copa, fiz os dois gols<br />

do brasil, aquilo ali mexeu muito<br />

também. Me sinto um bandeirante<br />

da seleção brasilera porque<br />

foram aqueles gols que deram<br />

início a uma sequência de vitórias<br />

que transformou o futebol<br />

brasileiro naquilo que ele é hoje.<br />

CI - pode narrar um desses gols?<br />

m - Jogada pela esquerda, Zagalo<br />

vem pelo flanco, quebra para<br />

dentro, cruza a meia altura para<br />

Mazzola, dominou fora da área,<br />

chute de sem-pulo e gol. golaço.<br />

(risos).<br />

CI – ne posso concludere che<br />

non sei d’accordo con la lista<br />

di Dunga?<br />

m - Dunga non può essere criticato,<br />

finora ha ragione. Ha vinto<br />

tutto. Ma dobbiamo aspettare<br />

la Coppa.<br />

CI - Il brasile di oggi, per viverci,<br />

è un paese migliore di quello<br />

che ti sei lasciato alle spalle?<br />

m – senza dubbio, ma io ero sicuro<br />

che avremmo vissuto questo<br />

momento che viviamo oggi.<br />

Io lo dicevo, in Italia, negli anni<br />

‘60’, “noi siamo il futuro”. E ora<br />

lo stiamo dimostrando. Ne abbiamo<br />

il potenziale, ma ora dobbiamo<br />

passare per una nuova fase,<br />

quella di amministrare bene.<br />

CI – Qual è stata la tua partita indimenticabile?<br />

Ricardo Stuckert<br />

Ricardo Stuckert<br />

m – la mia prima partita nella<br />

Nazionale brasiliana contro l’Argentina,<br />

un gol di Pelé e uno mio<br />

prima della Coppa del ’58. la migliore<br />

è stata contro il Portogallo,<br />

quello stesso anno, in cui ho<br />

fatto un gol di testa. Contro l’Austria,<br />

nella Coppa, ho fatto i due<br />

gol del brasile, anche quello mi<br />

ha emozionato. Mi sento come un<br />

precursore della Nazionale brasiliana,<br />

perché grazie a quei gol si<br />

è dato inizio ad una sequenza di<br />

vittorie che hanno trasformato il<br />

calcio brasiliano in ciò che è oggi.<br />

CI – puoi narrarci uno di quei gol?<br />

m – Passa da sinistra, Zagalo viene<br />

in laterale, va verso il centro, incrocia<br />

a mezz’aria per Mazzola, guarda,<br />

domina fuori dall’area,rovesciata e<br />

gol. grande gol. (ride).<br />

30 C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 1 0<br />

J u n h o 2 0 1 0 / C o m u n i t à i t a l i a n a 31


capa<br />

lippi e leonardo:<br />

a técnica e a honra<br />

Vai ser o carrossel de sempre.<br />

Aliás, não. O charme<br />

do futebol é o fato de ser<br />

imprevisível. se o brasil<br />

enfrentar as Ilhas salomão há,<br />

em princípio, 99 % de probabilidade<br />

que será a seleção canarinho<br />

a vencedora. Mas ainda tem<br />

uma possibilidade de que, no<br />

Maracanã, ganhem as Ilhas salomão.<br />

É o segredo do esporte mais<br />

popular e praticado do mundo.<br />

A Copa do Mundo na áfrica do<br />

sul, segundo o ranking da Fifa -<br />

que leva em conta o resultado de<br />

jogos realizados no quadriênio -<br />

considera como provável ganhadores<br />

a Inglaterra e o brasil. Depois<br />

vem a Espanha. só depois segue a<br />

Itália, atual campeão do mundo,<br />

a arrebatadora armada azzurra de<br />

<strong>La</strong> tecnica e l’onore<br />

A Copa do Mundo de futebol na África do Sul,<br />

segundo o ranking da Fifa, considera como prováveis<br />

ganhadores a Inglaterra e o Brasil. Depois vem a<br />

Espanha. Só depois segue a Itália<br />

Il Mondiale di calcio in Sud Africa,<br />

secondo il ranking della Fifa, mette in cima alle<br />

indicazioni dei pronostici l’Inghilterra e il Brasile.<br />

Poi c’è la Spagna. Viene solo dopo l’Italia<br />

berlim. O técnico Marcello lippi<br />

voltou para a Casa Itália depois de<br />

ter deixado com a Copa ainda suada<br />

e molhada de lágrimas, depois<br />

das voltas do campo. E o mesmo<br />

fará depois da final na áfrica do<br />

sul, se a Itália chegar lá.<br />

GianfranCo Coppola<br />

coRREspondEntE • Roma<br />

S<br />

arà la solita giostra. Anzi,<br />

no. Fascino del calcio<br />

è l’essere imprevedibile.<br />

Se il Brasile affronta le<br />

Isole Salomone ci sono, in partenza,<br />

99 possibilità su cento<br />

che a vincere saranno i verdeoro.<br />

Ma ce n’è una che, al Maracanã,<br />

vede la possibilità per le Isole<br />

Salomone di vincere. E’ il segreto<br />

dello sport più popolare e praticato<br />

del mondo.<br />

Il Mondiale di calcio in Sudafrica<br />

secondo il ranking della Fifa,<br />

la classifica che tiene conto delle<br />

partite giocate ed i loro risultati<br />

nel quadrienno, mette in cima<br />

alle indicazioni dei pronostici<br />

l’Inghilterra e il Brasile. Poi c’è la<br />

Spagna. Viene solo dopo l’Italia<br />

campione del mondo in carica, la<br />

travolgente armata azzurra di Berlino.<br />

Il ct Lippi è rientrato a Casa<br />

Italia dopo aver lasciato con la<br />

Coppa ancora sudata e bagnata di<br />

lacrime dopo i giri di campo. E lo<br />

stesso farà dopo la finale in Sudafrica,<br />

se l’Italia dovesse arrivarci.<br />

Como é notório, a geral inclui<br />

todas as escolas de futebol,<br />

inclusive a Oceania. Aqui está a<br />

áfrica, futebol atlético, mas que<br />

também se desenvolveu graças<br />

aos técnicos importados, muitos<br />

até europeus e sul americanos,<br />

com Argélia, Camarões, Costa do<br />

Marfim, gana, Nigéria e, é claro,<br />

áfrica do sul como país anfitrião.<br />

A Europa pode contar com<br />

a abençoada França (é só pensar<br />

no gol de mão de Henry no desempate<br />

no jogo de volta com a<br />

Irlanda do Norte do velho galã<br />

trapattoni) e depois Alemanha,<br />

grécia, Inglaterra, Itália, Holanda,<br />

Portugal, sérvia, Eslováquia,<br />

Espanha e suíça. América do Norte<br />

e Central apresentam Honduras,<br />

México e UsA. O encouraçado<br />

sul americano conta com Argentina,<br />

brasil, Chile, Paraguai e Uruguai,<br />

todas um pouco veteranas<br />

da Copa e notadamente difíceis.<br />

lippi<br />

Este homem tem um gênio decidido.<br />

Não ama as concessões. Em<br />

particular, é menos ranheta do<br />

que em público. Apaixonado pelo<br />

mar. Não pode ter limites de visão<br />

em quem está acostumado a perscrutar<br />

o horizonte, a ver a composição<br />

das cores do amanhecer. A<br />

dissolvência emocionante do pôr<br />

do sol. Marcello lippi começa do<br />

título de campeão do mundo.<br />

<strong>Comunità</strong><strong>Italiana</strong>: Vai ser possível<br />

repetir?<br />

marcello lippi: Nós acreditamos<br />

nisso. Eu sei que as escolhas feitas<br />

provocaram discussões, consideram<br />

que me confiar nos chamados<br />

‘pretorianos’ possa resultar<br />

fatal. Veremos. Eu sei que<br />

a Copa requer dotes de caráter<br />

iguais às técnicas. trazer um cara<br />

talentoso, mas introvertido, que<br />

demora para se juntar aos outros<br />

ou tem dificuldade para aguentar<br />

ficar longe do próprio mundo<br />

por 40 dias seria um risco. tenho<br />

certeza de ter escolhido bem,<br />

acredito muito nos meus garotos,<br />

nos italianos que na áfrica<br />

do sul irão honrar a camisa e a<br />

bandeira tricolor.<br />

CI: berlim foi tarefa difícil, é só<br />

lembrar que em plena Calciopoli<br />

(4 anos depois ainda no magma<br />

dos papéis para ler e com viés<br />

que certamente ampliam o cenário<br />

dos acusados e não livram<br />

a cara dos moralistas do tempo),<br />

havia quem sugerisse de tirar do<br />

banco lippi e de tirar do braço de<br />

Fabio Cannavaro a faixa de capitão.<br />

acredita que desta vez correu<br />

tudo bem demais na véspera?<br />

ml: Nada disso, os venenos nunca<br />

faltam. É claro, lembro ainda<br />

com grande sofrimento a véspera<br />

da Copa da Alemanha. Dizer<br />

que ficarmos coesos foi o nosso<br />

segredo é previsível, demonstramos<br />

que os homens são mais importantes<br />

dos jogadores. Mas não<br />

queria esquecer também as qualidades<br />

técnicas do grupo. Um time<br />

formidável, cheio de qualidades.<br />

Não houve jogo em que fomos<br />

subjugados e, às vezes, com os<br />

chamados reforços tipo Iaquinta,<br />

demos a volta por cima em competições<br />

desesperadas. E, na minha<br />

opinião, é emblemático que<br />

o pênalti decisivo tenha sido marcado<br />

por grosso, não por um nome,<br />

mas um grande profissional.<br />

CI: Qual é o cenário técnico?<br />

ml: Muito dependerá dos classificados<br />

do primeiro turno. Alguns<br />

jogos, por exemplo, o nosso Itália-brasil<br />

no caso de segundo lugar<br />

nosso o dos canarinhos, poderiam<br />

ser fatais. será preciso jogar<br />

com o máximo da concentração,<br />

mas também calculando alguma<br />

coisa. O bloco africano está menos<br />

despreparado do que das outras<br />

vezes, é um futebol que está<br />

melhorando muito mesmo que não<br />

esteja acostumado a compromissos<br />

em que a capacidade para a<br />

resistência à pressão psicológica<br />

conta muito. Meu ranking não é<br />

original: brasil, Argentina, Itália,<br />

Inglaterra, Espanha, Nigéria, sérvia<br />

e Uruguai são os meus oito.<br />

CI: E a final desejada?<br />

ml: sem dúvida Itália-Inglaterra.<br />

gostaria de ver Fabio Capello do<br />

outro lado, desde os hinos nacionais.<br />

Mas não sei se é um capricho<br />

mesmo...<br />

leonardo será o técnico<br />

em 2014 no brasil?<br />

Talvez o brasileiro mais próximo de<br />

Berlusconi usa de sua habilidade<br />

para lidar com o Cavaliere<br />

e fala do caráter de Dunga<br />

Aqui está leonardo, o predestinado.<br />

sobrevivente do primeiro<br />

ano, e último também, por<br />

enquanto, no banco do Milan, leva<br />

para casa o Prêmio da Crítica e da<br />

Opinião Pública. treinador e pessoa<br />

gentil - estilo que pode lhe trazer<br />

dificuldades com o presidente<br />

rubro-negro silvio berlusconi, que<br />

Com’è noto, il parterre comprende<br />

tutte le scuole di calcio,<br />

Oceania compresa. Ecco l’Africa,<br />

calcio atletico ma anche sviluppatosi<br />

grazie ai tecnici d’importazione,<br />

molti anche europei e<br />

sudamericani, con Algeria, Camerun,<br />

Costa d’Avorio, Ghana,<br />

Nigeria e ovviamente Sud Africa<br />

come paese ospitante. L’Europa<br />

può contare sulla miracolata<br />

Francia (basti pensare al gol di<br />

mano di Henry nello spareggio di<br />

ritorno con l’Irlanda del Nord del<br />

vecchio fusto Trapattoni) e quindi<br />

Germania, Grecia, Inghilterra,<br />

Italia, Olanda, Portogallo, Serbia,<br />

Slovacchia, Slovenia, Spagna<br />

e Svizzera. Centro e America<br />

del Nord presentano Honduras,<br />

Messico e USA. <strong>La</strong> corazzata sudamericana<br />

conta su Argentina,<br />

Brasile, Cile Paraguay e Uruguay,<br />

un po’ tutte veterane del mondiale<br />

e notoriamente ostiche.<br />

Lippi<br />

Quest’uomo ha un carattere deciso.<br />

Non ama i compromessi. In<br />

privato è meno spigoloso che in<br />

pubblico. Innamorato del mare.<br />

Non può esserci limite di vedute<br />

in chi è abituato a scrutare l’orizzonte,<br />

a vedere la composizione<br />

dei colori dell’alba. <strong>La</strong> dissolvenza<br />

suggestiva del tramonto. Marcello<br />

Lippi riparte dal titolo di<br />

campione del mondo.<br />

<strong>Comunità</strong><strong>Italiana</strong>: Sarà possibile<br />

bissare?<br />

Marcello Lippi: Noi ci crediamo.<br />

So che le scelte fatte hanno provocato<br />

discussioni, ritengono che<br />

l’affidarmi ai cosiddetti pretoriani<br />

possa risultare fatale. Vedremo.<br />

So che il Mondiale richiede doti<br />

caratteriali pari a quelle tecniche.<br />

Portarmi uno di talento ma caratterialmente<br />

introverso, lento a far<br />

gruppo, o di non semplice capacità<br />

di resistere anche alla lontananza<br />

dal proprio mondo per 40<br />

giorni sarebbe stato un rischio.<br />

Sono certo di aver scelto bene,<br />

credo fortemente nei miei ragazzi.<br />

Negli italiani che in Sudafrica<br />

onoreranno maglia e tricolore.<br />

CI: Berlino fu un’impresa, basta<br />

ricordare che in piena Calciopoli<br />

(4 anni dopo ancora nel magma<br />

delle carte da leggere e con<br />

sviluppi che di certo ampliano<br />

lo scenario degli accusati e non<br />

salvano i moralisti del tempo)<br />

c’era chi proponeva di sollevare<br />

dalla panchina Lippi e chi di sfi-<br />

lare dal braccio di Fabio Cannavaro<br />

la fascia di capitano. Vuoi<br />

vedere che stavolta è andato tutto<br />

troppo liscio alla vigilia?<br />

ML: Macchè, i veleni non mancano<br />

mai. Certo, ricordo ancora<br />

con terribile sofferenza la vigilia<br />

del mondiale in Germania. Dire<br />

che fu il nostro segreto fare<br />

blocco è scontato, abbiamo dimostrato<br />

che gli uomini contano<br />

quasi più dei calciatori. Ma<br />

non vorrei dimenticare anche<br />

gli spunti tecnici del gruppo.<br />

Una squadra formidabile, ricca di<br />

qualità. Non c’è stata partita in<br />

cui siamo stati messi sotto e alcune<br />

volte, con i cosiddetti rincalzi<br />

tipo Iaquinta, abbiamo dato<br />

una svolta a gare disperate. E<br />

secondo me è emblematico che<br />

il rigore decisivo sia stato messo<br />

a segno da Grosso, non un nome<br />

ma un signor professionista.<br />

CI: Qual è lo scenario tecnico?<br />

ML: Molto conterà dalle qualificazioni<br />

del primo turno. Alcuni<br />

incroci, penso ad esempio al nostro<br />

Italia-Brasile in caso di secondo<br />

posto nostro o dei verdeoro,<br />

potrebbero risultare fatali. Ci<br />

sarà da giocare con la massima<br />

concentrazione ma anche calcolando<br />

qualcosa. Il blocco africano<br />

è meno sprovveduto delle<br />

altre volte, è un calcio in netto<br />

miglioramento ancorché chiaramente<br />

disabituato ad impegni in<br />

cui la capacità di resistere alla<br />

pressione psicologica conta eccome.<br />

Il mio ranking non è originale:<br />

Brasile, Argentina, Italia,<br />

Inghilterra, Spagna, Nigeria, Serbia<br />

e Uruguay le mie otto.<br />

CI: E la finale desiderata?<br />

ML: Senza dubbio Italia-Inghilterra.<br />

Vorrei vedere Fabio Capello<br />

dall’altra parte, sin dagli inni nazionali.<br />

Ma sai che sfizio...<br />

Leonardo sarà il tecnico<br />

nel 2014 in Brasile?<br />

Forse il brasiliano più vicino a<br />

Berlusconi usa la sua abilità<br />

per affrontare il Cavaliere e<br />

parla del carattere di Dunga<br />

Ecco Leonardo, il predestinato.<br />

Reduce dal primo anno, e<br />

anche ultimo, per ora, sulla panchina<br />

del Milan, porta a casa il<br />

Premio della Critica e dell’Opinione<br />

Pubblica. Allenatore gentiluomo,<br />

capace di mettere in difficoltà<br />

col suo stile anche il presidente<br />

rossonero Berlusconi, che<br />

32 C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 1 0<br />

J u n h o 2 0 1 0 / C o m u n i t à i t a l i a n a 33


capa<br />

mais de uma vez o espetou publicamente<br />

e em particular - agora é<br />

considerado herdeiro designado do<br />

pós-Dunga, em vista da Copa brasileira<br />

de 2014. Mas há também<br />

quem antecipadamente diz dele<br />

que, homem de extraordinária capacidade<br />

diplomático-empresarial,<br />

que fala bem vários idiomas (português,<br />

português do brasil, italiano,<br />

francês e inglês) e outros dois<br />

com uma certa fluência (japonês e<br />

alemão), terá um papel de homemimagem<br />

para a Copa brasileira.<br />

<strong>Comunità</strong><strong>Italiana</strong>: Então, como<br />

você se vê no futuro?<br />

leonardo: Por enquanto sou o<br />

treinador do Milan até o vencimento<br />

do contrato. Depois vou<br />

ver. Na áfrica do sul vou poder estudar,<br />

ver, observar. Preciso agradecer<br />

ao Milan pela oportunidade<br />

que me deu de treinar um time de<br />

tanto prestígio, acreditando nas<br />

minhas capacidades. tentamos fazer<br />

o possível, considerando também<br />

a reorganização técnica e as<br />

condições de alguns gigantes do<br />

time. Em um certo momento, quase<br />

chegamos ao título, um sonho<br />

realmente acalentado. Mas que ficou<br />

como tal, infelizmente.<br />

CI: amargurado devido às críticas<br />

de berlusconi?<br />

l: O futebol não se diferencia. Os<br />

presidentes querem a última palavra,<br />

seja na Nova Zelândia ou na<br />

Itália. lógico que ele tenha ficado<br />

decepcionado devido a uma competição<br />

que, até um certo momento,<br />

parecia encaminhado para uma<br />

espécie de feito histórico. Porém,<br />

tenho certeza de que dentro de algum<br />

tempo poderá ser dado valor<br />

ao esforço feito pelo time.<br />

CI: Vamos para a África do sul<br />

2010. no ranking Fifa, brasil em<br />

primeiro lugar.<br />

l: Mas esta é história e notícia. É<br />

sempre assim. O brasil tem uma<br />

variedade de campeões que permite<br />

poder escolher, e é lógico<br />

que a pontuação vai dar satisfação<br />

para o técnico. Certamente<br />

Dunga fez um trabalho sério, meticuloso,<br />

até agressivo. Como é<br />

seu gênio. sabe assumir para si<br />

as responsabilidades - nem todo<br />

mundo tem esta coragem. Dunga,<br />

nisso, é insuperável.<br />

No alto, Luís Fabiano.<br />

Ao lado, Wayne Rooney<br />

CI: Está se referindo também ao<br />

fato que tenha deixado em casa<br />

ronaldinho e pato, por exemplo,<br />

dois dos seus garotos do milan?<br />

l: Para uma Copa um técnico precisa<br />

levar em conta muitas coisas.<br />

Não é um caso o fato que se<br />

diga que é um selecionador que,<br />

depois, se torna um treinador. Ele<br />

primeiro precisa selecionar entre<br />

os que estão melhor fisicamente,<br />

os mais tranquilos, os mais disponíveis.<br />

E depois fazer deste time<br />

um projeto tático. O brasil é favorito,<br />

mas precisa ficar de olho<br />

na Itália, na Inglaterra, na Argentina.<br />

As surpresas no futebol são<br />

sempre possíveis, porém, em uma<br />

A Azzurra campeã do mundo<br />

em 2006 e a Espanha campeã<br />

da Eurocopa em 2008<br />

Copa muito menos. Vai ser uma<br />

Copa, de qualquer forma, correta,<br />

com novas estrelas e campeões já<br />

conhecidos, que vão querer escrever<br />

a última mágica página de irreproduzíveis<br />

carreiras. Mas fico<br />

intrigado ver também uma Copa<br />

de técnicos tipo Capello, já em<br />

condição de reinserir a Inglaterra<br />

no circuito, ou de Maradona que,<br />

quando jogador, era líder por ser<br />

respeitado pelos colegas.<br />

più di una volta lo ha punzecchiato<br />

in pubblico ed in privato,<br />

è adesso ritenuto erede designato<br />

del dopo-Dunga, in vista del<br />

Mondiale brasiliano del 2014. Ma<br />

c’è anche chi prefigura per lui,<br />

uomo di straordinaria capacità<br />

diplomatico-manageriale, capace<br />

di parlare 4 lingue correntemente<br />

(portoghese, brasiliano,<br />

italiano, francese e inglese) e altre<br />

due abbastanza scioltamente<br />

(giapponese e tedesco) un ruolo<br />

L’Azzura campionessa nel<br />

2006 e la Spagna campionessa<br />

dell’Eurocopa nem 2008<br />

da uomo-immagine per il mondiale<br />

brasiliano.<br />

<strong>Comunità</strong><strong>Italiana</strong>: Allora, come<br />

ti vedi in futuro?<br />

Leonardo: Per ora sono l’allenatore<br />

del Milan fino a scadenza di<br />

contratto. Poi si vedrà. In Sudafrica<br />

avrò modo di studiare, vedere,<br />

osservare. Devo ringraziare<br />

il Milan per l’opportunità che mi<br />

ha dato di allenare una squadra<br />

così prestigiosa, credendo nelle<br />

mie capacità. Abbiamo provato<br />

a fare il possibile, considerando<br />

anche la riorganizzazione tecnica<br />

e la condizione di alcuni co-<br />

Sopra, Luís Fabiano.<br />

À sinistra, Wayne Rooney<br />

lossi del team, e ad un erto punto<br />

abbiamo sfiorato lo scudetto,<br />

un sogno davvero accarezzato.<br />

Ma solo tale, purtroppo.<br />

CI: Amareggiato per le critiche di<br />

Berlusconi?<br />

L: Il calcio non si differenzia. I<br />

presidenti vogliono l’ultima parola<br />

in Nuova Zelanda e in Italia.<br />

Logico che il dottore sia rimasto<br />

deluso per un torneo che ad un<br />

certo punto sembrava avviato ad<br />

una specie di impresa storica, ma<br />

sono sicuro che tra qualche tempo<br />

si avrà modo di apprezzare lo<br />

sforzo fatto dalla squadra.<br />

CI: Passiamo al Sud Africa 2010.<br />

Nel ranking Fifa, Brasile primo.<br />

L: Ma questa è storia e cronaca.<br />

Succede sempre così. Il Brasile<br />

ha una varietà di campioni che<br />

consente di poter scegliere ed è<br />

logico che lo score dia soddisfazione<br />

al tecnico. Di sicuro, Dunga<br />

ha fatto un lavoro serio, meticoloso,<br />

anche grintoso. Com’è<br />

nel suo carattere. Sa assumersi le<br />

responsabilità, non è da pochi.<br />

Dunga in questo è insuperabile.<br />

CI: Alludi anche al fatto che abbia<br />

lasciato a casa Ronaldinho<br />

e Pato, per esempio, due tuoi ragazzi<br />

del Milan?<br />

L: Per un Mondiale un ct deve<br />

considerare tante cose. Non a caso<br />

si dice trattasi di selezionatore<br />

che poi diventa allenatore.<br />

Lui deve prima selezionare tra i<br />

più in forma, i più tranquilli, i<br />

più disponibili. E poi fare di questo<br />

team un progetto tattico. Il<br />

Brasile è favorito, ma occhio ovviamente<br />

all’Italia, all’Inghilterra,<br />

all’Argentina. Le sorprese nel<br />

calcio sono sempre possibili ma<br />

ad un mondiale molto meno. Sarà<br />

un mondiale comunque corretto,<br />

con nuove stelle e campioni<br />

già noti che vorranno scrivere<br />

l’ultima magica pagina di irripetibili<br />

carriere. Ma m’intriga molto<br />

vedere anche il Mondiale di ct<br />

tipo Capello, già capace di reinserire<br />

l’Inghilterra nel circuito, o<br />

di Maradona che da calciatore era<br />

leader anche per come veniva rispettato<br />

dai compagni.<br />

Letícia Armond<br />

uma<br />

chance<br />

a mais<br />

Una chance in più<br />

É assim que os italianos e ítalo-brasileiros encaram a<br />

Copa do Mundo de Futebol na hora de escolher por qual seleção torcer<br />

Cosí gli italiani e gli italobrasiliani affrontano la Coppa del Mondo<br />

di Calcio al momento di scegliere per quale nazionale fare il tifo<br />

Empate. Esse é o “placar<br />

emocional” que muitos ítalo-brasileiros<br />

e italianos cravam<br />

quando precisam escolher<br />

para quem vai torcer na Copa<br />

do Mundo: brasil ou Itália? Amigos<br />

de longa data, os dois países<br />

também são rivais de longa data<br />

quando se trata de futebol, paixão<br />

de ambos. No placar geral do<br />

evento, o brasil é pentacampeão.<br />

A Itália, vencedora de 2006, é tetracampeã.<br />

<strong>Comunità</strong> foi atrás de<br />

alguns italianos e ítalo-brasileiros<br />

para saber como estão sendo or-<br />

Bruno e Carmine<br />

Marasco<br />

nayra Garofle, robSon bertolino e Silvia Souza<br />

ganizadas as torcidas para o torneio<br />

de 2010, na áfrica do sul.<br />

O chef Carmine Marasco, no<br />

brasil desde 1995, já viveu a experiência<br />

de três Copas desde que P<br />

areggio. Questo è il<br />

“risultato emozionale”<br />

che molti italobrasiliani<br />

ed italiani scelgono<br />

quando devono<br />

se mudou para cá. seu irmão, o decidere per chi faranno il tifo<br />

também chef bruno Marasco, nella Coppa del Mondo: Brasile o<br />

chegou aqui em 2000 e também Italia? Amici di lunga data, i due<br />

já sabe o que é “viver” uma Co- paesi sono anche rivali di lunga<br />

pa do Mundo no brasil. Enquanto data quando si tratta di calcio,<br />

Carmine é categórico ao afirmar passione reciproca. Nel risultato<br />

que torce pela Itália, bruno cos- generale dell’evento, il Brasile è<br />

tuma brincar com seus amigos pentacampione. L’Italia, che ha<br />

italianos dizendo que torce pela vinto nel 2006, è tetracampione.<br />

seleção canarinho.<br />

<strong>Comunità</strong> ha seguito qualche<br />

capa<br />

italiano e italobrasiliano per sapere<br />

come si stanno organizzando<br />

le tifoserie per i Mondiali del<br />

2010 nell’Africa del Sud.<br />

Lo chef Carmine Marasco, in<br />

Brasile dal 1995, ha già vissuto<br />

l’esperienza di tre Coppe da quando<br />

si è trasferito qui. Suo fratello,<br />

anche lui chef, Bruno Marasco<br />

è arrivato nel 2000 e anche lui sa<br />

già cosa sia “vivere” una Coppa<br />

del Mondo in Brasile. Mentre Carmine<br />

è categorico quando afferma<br />

che fa il tifo per l’Italia, Bruno<br />

di solito scherza con gli amici<br />

italiani e dice che fa il tifo per la<br />

nazionale verdeoro.<br />

— Io lo dico e loro non ci<br />

credono, ma lo giuro che faccio<br />

il tifo per il Brasile. Ai brasiliani,<br />

dico che tifo per l’Italia. È chiaro<br />

che, in realtà, tifo per il mio<br />

Paese, ma mi piace scherzarci su<br />

— racconta Bruno, proprietario<br />

insieme al fratello dei ristoranti<br />

Da Carmine e Bar Italia a Niterói.<br />

Chi vedrà le partite nel Bar<br />

Italia, per esempio, potrà mangiare<br />

piatti della Toscana circondato<br />

da addobbi per niente imparziali:<br />

rossi, bianchi e verdi.<br />

— E’ per far abituare ancora<br />

di più le persone al clima italiano<br />

— dice Bruno.<br />

<strong>La</strong> segretaria del console generale<br />

d’Italia a Rio de Janeiro,<br />

Luigina Masello, che vive in Brasile<br />

da più di 30 anni, dice che di<br />

solito vedere le partite della Coppa<br />

a casa sua è una festa.<br />

34 C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 1 0<br />

J u n h o 2 0 1 0 / C o m u n i t à i t a l i a n a<br />

35


capa<br />

— Eu digo isso e eles não<br />

acreditam, mas juro de pés juntos<br />

que torço pelo brasil. Para os<br />

brasileiros, eu digo que torço pela<br />

Itália. É claro que, na verdade,<br />

eu torço pelo meu país, mas gosto<br />

de fazer essa brincadeira —<br />

conta bruno, proprietário, junto<br />

com o irmão, dos restaurantes Da<br />

Carmine e bar Itália, em Niterói.<br />

Quem for assistir aos jogos<br />

no bar Itália, por exemplo, vai<br />

encarar um cardápio com pratos<br />

da região da toscana, e com uma<br />

decoração nada imparcial, verde,<br />

vermelha e branca<br />

— É para as pessoas se acostumarem<br />

ainda mais com o clima<br />

italiano — diz bruno.<br />

A secretária do cônsul geral<br />

da Itália no Rio de Janeiro, luigina<br />

Masello, que vive no brasil<br />

há mais de 30 anos, afirma que,<br />

geralmente, assistir aos jogos da<br />

Copa é uma festa em sua casa.<br />

— se tem gol do brasil é<br />

uma festa, se tem gol da Itália<br />

também. Eu tenho que confessar<br />

que, no fundo, torço pela Itália.<br />

Porém, meus filhos são brasileiros<br />

e costumamos dizer que temos<br />

mais chances de vencermos<br />

a Copa, já que torcemos pela Itália<br />

e pelo brasil. Numa final entre<br />

os dois países é uma festa de<br />

qualquer jeito — brinca.<br />

O publicitário Washington<br />

Olivetto, ítalo-brasileiro com orgulho,<br />

afirma que, apesar da admiração<br />

pela Itália, seu coração<br />

bate mais forte pelo brasil quando<br />

o assunto é futebol.<br />

— torço muito para o brasil e<br />

um pouquinho para a Itália. Mas<br />

se o brasil sair e a Itália ficar, torcerei<br />

muito para a Itália e nem um<br />

pouquinho para qualquer outra se-<br />

leção. se acontecer uma final entre<br />

os dois países, meu coração<br />

não ficará dividido. torcerei pelo<br />

melhor futebol, me sentindo antecipadamente<br />

campeão e vice-campeão<br />

ao mesmo tempo — afirma.<br />

No Rio de Janeiro, o Instituto<br />

Italiano de Cultura transmitirá<br />

os jogos, na sala Itália. O diretor<br />

Rubens Piovano espera receber<br />

cerca de 200 pessoas por partida<br />

na primeira fase.<br />

— todos os italianos, descendentes<br />

e simpatizantes estão convidados<br />

a ver os jogos conosco.<br />

Não posso dizer que sou expert em<br />

futebol, mas gosto de ver. sem demagogia,<br />

sempre torci pelo brasil,<br />

porque era a seleção que tinha o<br />

melhor futebol, a que jogava solto,<br />

como um show — afirma.<br />

Na opinião de Piovano, a seleção<br />

brasileira atual está com um<br />

estilo de jogo “mais europeizada”.<br />

Mesmo assim, ele mantém a torcida<br />

pelo brasil “até que tenha de<br />

enfrentar a Itália”:<br />

— A nossa seleção, quando<br />

não é considerada favorita, costuma<br />

surpreender. Mas se fosse para<br />

apostar hoje, diria que a final será<br />

entre a Espanha e o brasil — arrisca<br />

Piovano, revelando que, na Itália,<br />

todos têm simpatia e amizade<br />

pelo brasil — Por isso não é um<br />

trauma perder para a seleção brasileira.<br />

Ao contrário do que acontece<br />

quando o adversário é um país<br />

europeu ou mesmo a Argentina.<br />

Apesar de toda a proximidade que<br />

também mantemos com esse país,<br />

aquela semifinal em 1990, na qual<br />

perdemos, é difícil de esquecer.<br />

O presidente da Associação<br />

Cultural ítalo-brasileira de Minas<br />

gerais, Mario Araldi, conta que<br />

vai assistir os jogos do brasil em<br />

Convocados da seleção brasileira que atuam na Itália<br />

Convocati della nazionale brasiliana che giocano in Italia<br />

Juventus milan roma Internazionale<br />

Felipe Melo<br />

mEio-campista<br />

cEntRocampo<br />

thiago silva<br />

zaguEiRo<br />

difEnsoRE<br />

doni<br />

golEiRo<br />

poRtiERE<br />

Juan<br />

zaguEiRo<br />

difEnsoRE<br />

— Se c’è un gol del Brasile è<br />

una festa, se c’è un gol dell’Italia,<br />

pure. Devo confessare che, in fondo,<br />

faccio il tifo per l’Italia. Ma i<br />

miei figli sono brasiliani e di solito<br />

diciamo che abbiamo più chance<br />

di vincere la Coppa visto che<br />

tifiamo per l’Italia e per il Brasile.<br />

In una finale tra i due paesi è comunque<br />

una festa — scherza.<br />

Il pubblicitario Washington<br />

Olivetto, orgoglioso di essere<br />

italobrasiliano, dice che malgrado<br />

ammiri l’Italia il suo cuore<br />

batte più forte per il Brasile<br />

quando si tratta di calcio.<br />

— Tifo molto per il Brasile e<br />

un po’ per l’Italia. Ma se il Brasile<br />

perde e l’Italia rimane, farò il tifo<br />

per l’Italia e neanche un po’ per<br />

qualsiasi altra nazionale. Se ci sarà<br />

una finale tra i due paesi, il mio<br />

cuore sarà diviso a metà. Tiferò per<br />

il miglior calcio, sentendomi campione<br />

e vice campione allo stesso<br />

tempo, in anticipo — dice.<br />

A Rio de Janeiro, l’Istituto<br />

Italiano di Cultura trasmetterà le<br />

partite nella Sala Italia. Il direttore<br />

Rubens Piovano spera di ricevere<br />

circa 200 persone a partita<br />

nella prima fase.<br />

— Tutti gli italiani, discendenti<br />

e simpatizzanti, sono invitati<br />

a vedere le partite con noi.<br />

Non posso dire di essere uno specialista<br />

di calcio, ma mi piace vederlo.<br />

Senza demagogia, ho sempre<br />

fatto il tifo per il Brasile, perché<br />

era la squadra con il miglior<br />

calcio e che giocava libera, come<br />

uno show — afferma.<br />

Secondo Piovano, la nazionale<br />

brasiliana attuale presenta<br />

uno stile di gioco “più europeizzato”.<br />

Malgrado questo continua<br />

a tifare per il Brasile “fino a<br />

Júlio Baptista<br />

atacantE<br />

attaccantE<br />

lúcio<br />

zaguEiRo<br />

difEnsoRE<br />

quando affronterà l’Italia”:<br />

— <strong>La</strong> nostra squadra, quando<br />

non è considerata favorita, di<br />

solito sorprende. Ma se dovessi<br />

scommettere oggi, direi che la finale<br />

sarà tra Spagna e Brasile —<br />

rischia Piovano rivelando che, in<br />

Italia, tutti dimostrano simpatia<br />

ed amicizia per il Brasile. — Per<br />

questo non è un trauma perdere<br />

per la squadra brasiliana. Al contrario<br />

di ciò che accade quando<br />

l’avversario è un paese europeo<br />

o anche l’Argentina. Nonostante<br />

i legami che manteniamo anche<br />

con quel paese, quella semifinale<br />

del 1990, quando abbiamo perso,<br />

è difficile da dimenticare.<br />

Il presidente della Associação<br />

Cultural Ítalo-Brasileira di<br />

Minas Gerais, Mario Araldi, dice<br />

che vedrà le partite del Brasile a<br />

casa. Invece quelle dell’Italia le<br />

vedrà in Praça JK, dove il comune<br />

di Belo Horizonte ha messo su<br />

una struttura con uno schermo<br />

gigante su cui saranno proiettate<br />

tutte le partite della Coppa. Dice<br />

che tutta la comunità italiana<br />

sarà presente nella piazza.<br />

— Le partite delle fasi finali<br />

le vedremo nel salone di feste<br />

del Cruzeiro Esporte Clube, ex Palestra<br />

Itália. Il mio cuore non è<br />

diviso in due. Qualunque squadra<br />

vinca, ne sarò felice. Sono orgoglioso<br />

di essere nove volte campione<br />

del mondo, cinque col Brasile<br />

e quattro con l’Italia — dice<br />

Araldi, confessando di avere una<br />

superstizione al momento delle<br />

partite. — Mi piace vederle nello<br />

stesso posto e uso sempre le stesse<br />

mutande, quelle della fortuna.<br />

A São Paulo la pedagoga Carolina<br />

Polisel, che è brasiliana,<br />

potrebbe trovare una “barriera”<br />

Maicon<br />

latERal<br />

latERalE<br />

Julio césar<br />

golEiRo<br />

poRtiERE<br />

casa. Já os da Itália, verá na Praça<br />

JK, onde a prefeitura de belo<br />

Horizonte montou uma estrutura<br />

com telão onde serão transmitidos<br />

todos os jogos da Copa. Ele<br />

afirma que toda a comunidade<br />

italiana estará presente na praça.<br />

— Os jogos das fases finais assistiremos<br />

no salão de festas do<br />

Cruzeiro Esporte Clube, ex-Palestra<br />

Itália. Não fico com o coração dividido.<br />

Qualquer um que ganhe, ficarei<br />

feliz. tenho orgulho de ser nove<br />

vezes campeão do mundo, cinco<br />

pelo brasil e quatro pela Itália<br />

— afirma Araldi, confessando que<br />

tem uma superstição para a hora<br />

das partidas — gosto de assistir os<br />

jogos do mesmo lugar e uso sempre<br />

a mesma cueca, a cueca da sorte.<br />

Em são Paulo, a pedagoga<br />

Carolina Polisel, que é brasileira,<br />

poderá encontrar uma “barreira”<br />

a sua frente. É que seu namorado,<br />

o publicitário Marco saurin,<br />

nasceu na Argentina, viveu<br />

em Milão por mais de 20 anos,<br />

e é torcedor ferrenho da Itália.<br />

segundo ela, em caso de um jogo<br />

entre brasil e Itália a possibilidade<br />

dela torcer pela Itália é grande,<br />

já que tem forte simpatia pelo país<br />

do namorado.<br />

— Devemos assistir aos jogos<br />

com familiares e amigos quando<br />

for o jogo do brasil. E em casa,<br />

quando for da Itália — conta.<br />

Para a arquiteta italiana Annalisa<br />

Fazzioli tavares, que mora<br />

em são bernardo do Campo (região<br />

do AbC Paulista), quando a<br />

Itália entre em campo seu coração<br />

é italiano, mas quando é um<br />

jogo do brasil, ela torce pelo país<br />

que a acolheu com tanto carinho.<br />

— Em um jogo entre brasil e<br />

Itália eu torço para quem estiver<br />

ganhando, assim vibro com meu<br />

marido — diz ela Annalisa, casada<br />

há 30 anos com o arquiteto Antônio<br />

Carlos Amaral tavares — É<br />

uma disputa sadia para nós assistir<br />

a um jogo entre as duas seleções,<br />

brasil e Itália. Nos primeiros<br />

30 minutos de partida eu até fico<br />

um pouco dividida, mas depois a<br />

tensão do jogo passa — completa.<br />

Já a embaixatriz da Itália no<br />

brasil, Antonella la Francesca,<br />

afirma não gostar muito de futebol,<br />

mas quando o assunto é Copa<br />

do Mundo, ela sempre fica mais<br />

atenta às notícias:<br />

— Confesso que não sou de<br />

acompanhar nada de futebol, mas<br />

com a seleção a gente acaba dando<br />

uma olhadinha. Meu marido deve<br />

reunir os funcionários para assistirem<br />

juntos as partidas — conta.<br />

na arquibancada<br />

Os paulistanos têm diversas opções<br />

para curtir a Copa. são diversos<br />

bares e restaurantes que<br />

estão se preparando para atrair<br />

os apaixonados por futebol e, é<br />

claro, com uma boa refeição. Os<br />

estabelecimentos estão caprichando<br />

em um cardápio com ares<br />

verde-amarelo, além de opções<br />

gastronômicas diferenciadas.<br />

Além disso, um telão, no Vale<br />

do Anhangabau, no centro da cidade,<br />

promete ser o grande ponto<br />

de encontro dos torcedores,<br />

durante as partidas da seleção<br />

brasileira na Copa do Mundo.<br />

Na cidade maravilhosa não poderia<br />

ser diferente. O Rio de Janeiro<br />

será uma das seis cidades ao redor<br />

do mundo a sediar o International<br />

Fifa Fun Fest (IFFF), dentre sydney,<br />

Roma, berlim, Paris e Cidade do<br />

México, constituindo-se o único<br />

evento oficial da Copa do Mundo de<br />

2010 fora da áfrica do sul.<br />

O evento proporcionará à população<br />

carioca e turistas a transmissão<br />

gratuita de todos os jogos,<br />

além de entretenimentos como as<br />

apresentações de 35 atrações musicais.<br />

As atividades do IFFF-Rio<br />

serão realizadas na Praia de Copacabana<br />

entre os dias 11 de junho<br />

e 11 de julho, em uma arena de 28<br />

mil metros quadrados com capacidade<br />

para 20 mil pessoas. No local<br />

estarão funcionando dois telões<br />

de alta definição. Um deles ficará<br />

dentro da arena e outro na área<br />

externa. Esse último será ligado<br />

apenas nos dias dos jogos do brasil,<br />

além das partidas da semifinal<br />

e final da Copa do mundo.<br />

Jogos da Itália na Copa<br />

partite dell’Italia durante la Coppa<br />

data hora local duelo<br />

14/6 15h30 cidade do caBo itália X coréia do norte<br />

20/6 15h30 nelspruit itália X nova Zelândia<br />

24/6 11h JohanesBurgo eslováquia X itália<br />

Jogos do brasil na Copa<br />

partite del brasile durante la Coppa<br />

data hora local duelo<br />

15/6 15h30 JohanesBurgo Brasil X coréia do norte<br />

20/6 15h30 JohanesBurgo Brasil X costa do MarFiM<br />

25/6 11h durBan Brasil X portugal<br />

di fronte a se. Il suo ragazzo,<br />

il pubblicitario Marco Saurin, è<br />

nato in Argentina, ha vissuto a<br />

Milano per più di 20 anni ed è<br />

tifoso marcio dell’Italia.<br />

Secondo lei nel caso di una<br />

partita tra Brasile e Italia la<br />

possibilità che lei faccia il tifo<br />

per l’Italia è rande, visto che<br />

sente una grande simpatia per<br />

il paese del ragazzo.<br />

— Vedremo le partite con<br />

la famiglia e gli amici quando<br />

saranno quelle del Brasile. E<br />

a casa quando saranno quelle<br />

dell’Italia — racconta.<br />

Annalisa: “torço para<br />

quem estiver ganhando”<br />

Annalisa: “tifo per chi sta<br />

vincendo”<br />

Per l’architetta italiana Annalisa<br />

Fazzioli Tavares, che abita<br />

a São Bernardo do Campo<br />

(zona dell’ABC Paulista), quando<br />

l’Italia entra in campo il suo<br />

cuore è italiano, ma quando è<br />

una partita del Brasile lei fa il<br />

tifo per il paese che l’ha accolta<br />

con tanto affetto.<br />

— In una partita tra Brasile<br />

e Italia tifo per chi sta vincendo,<br />

cosí vibro con mio marito — dice.<br />

Annalisa, sposata da 30 anni<br />

con l’architetto Antônio Carlos<br />

Amaral Tavares. — Per noi, vedere<br />

una partita tra le due squadre,<br />

Brasile e Italia, è una competizione<br />

salutare. Nei primi 30 minuti<br />

di partita rimango pure un<br />

po’ divisa, ma dopo la tensione<br />

della partita passa — conclude.<br />

Invece la moglie dell’ambasciatore<br />

d’Italia in Brasile, Anto-<br />

nella la Francesca, dice che non<br />

le piace molto il calcio, ma quando<br />

si tratta di Coppa del Mondo<br />

è sempre più attenta alle notizie:<br />

— Confesso di non essere<br />

del tipo che segue il calcio, ma<br />

con la nazionale si finisce dando<br />

un’occhiata. Mio marito dovrà riunire<br />

il personale per vedere insieme<br />

le partite — racconta.<br />

Sulle gradinate<br />

Gli abitanti di São Paulo hanno<br />

varie opzioni per vedere la Coppa.<br />

Sono diversi bar e ristoranti,<br />

che si stanno preparando per attrarre<br />

gli appassionati di calcio<br />

e, è chiaro, con un buon pasto. I<br />

locali stanno facendo bella figura<br />

con menu dalle caratteristiche<br />

verdeoro, oltre alle diverse opzioni<br />

gastronomiche.<br />

Inoltre uno schermo gigante,<br />

nella Vale do Anhangabau,<br />

al centro della città, promette di<br />

essere il grande punto di incontro<br />

dei tifosi durante le partite<br />

della nazionale brasiliana nella<br />

Coppa del Mondo.<br />

Nella città meravigliosa non<br />

poteva essere differente. Rio de<br />

Janeiro sarà una delle sei città<br />

nel mondo ad essere sede dello<br />

International Fifa Fun Fest<br />

(IFFF), tra Sydney, Roma, Berlino,<br />

Pargis e Città del Messico,<br />

che è l’unico evento ufficiale della<br />

Coppa del Mondo del 2010 fuori<br />

dall’Africa del Sud.<br />

L’evento offrirà ai carioca e ai<br />

turisti la trasmissione gratuita di<br />

tutte le partite, oltre a programmi<br />

come le presentazioni di 35<br />

gruppi musicali. Le attività dello<br />

IFFF-Rio avranno luogo nella<br />

Praia de Copacabana tra l’11<br />

giugno e l’11 luglio, in un’arena<br />

di 28mila m² con capacità di<br />

ospitare 20mila persone. Sul luogo<br />

funzioneranno due schermi<br />

giganti di alta definizione. Uno<br />

di essi sarà all’interno dell’arena<br />

e un altro nell’area esterna.<br />

Quest’ultimo sarà acceso solo i<br />

giorni delle partite del Brasile,<br />

oltre alle semifinali e alla finale<br />

della Coppa del Mondo.<br />

36 C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 1 0<br />

J u n h o 2 0 1 0 / C o m u n i t à i t a l i a n a 37


na torcida<br />

Com cerveja<br />

ROMA<br />

Lisomar Silva<br />

Troque a camisa. Deixe em casa a de seu<br />

time nacional ou estrangeiro preferido e<br />

vista as cores da sua seleção, pois começam<br />

a ferver os preparativos para o primeiro campeonato<br />

mundial de futebol africano da história.<br />

E no verão europeu, uma boa opção é<br />

acompanhar os jogos ao ar livre.<br />

Quem não abre mão de um certo<br />

conforto, pode se juntar às torcidas<br />

que se reúnem em pubs. Alguns já são<br />

tradicionais pontos de encontro em dia<br />

de clássicos de futebol por serem equipados<br />

com telões ou grandes televisores<br />

com tecnologia led - para torcer ao sabor<br />

de uma cerveja ou um chope estupidamente<br />

gelados. Um deles é o Abbey<br />

theatre Irish Pub, interessantíssimo pub<br />

irlandês com ambiente muito animado,<br />

a poucos passos da Piazza Navona. Outra<br />

opção é o Devil’s Chair Pub Roma.<br />

O nome se inspira na legendária história<br />

de escritores modernos, mas o pub nada<br />

tem de diabólico. Oferece uma vasta gama<br />

de cervejas nacionais e importadas.<br />

Encontra-se entre a Viale libia e Via Nomentana,<br />

no bairro chamado Quartiere<br />

Africano. Abbey theatre Irish Pub - Via<br />

del governo Vecchio, 51-53; Devil’s Chair<br />

Pub Roma - Via tirpolitana, 190.<br />

telões<br />

Em Roma, muitos caminhos levarão<br />

a telões. Eles estarão na Piazza<br />

Cinecittà – nas proximidades do<br />

centro cinematográfico do mesmo nome,<br />

onde Federico Fellini amava dirigir seus<br />

filmes (Metrô linha A, estação subaugusta.);<br />

Piazzale Aldo Moro - em frente à<br />

Universidade de Roma “la sapienza”, um<br />

dos principais e mais antigos centros di-<br />

brasil<br />

As novas tecnologias de imagem poderão<br />

garantir uma visão mágica das partidas<br />

do Mundial em 3D, quase como se você<br />

estivesse acompanhando todos os lances de<br />

dentro do campo. se o brasil for finalista, a<br />

prefeitura de Roma promete montar mais um<br />

telão na Piazza Navona, bem em frente à Embaixada<br />

brasileira.<br />

dáticos italianos; Via Ostiense – diante<br />

do Mercati Generali, antigo centro de<br />

abastecimento de Roma, transformado em<br />

centro cultural; Viale dei Gladiatori – em<br />

frente ao célebre Estádio Olímpico e Pontili<br />

de Ostia Lido – próximo do mar e de<br />

um dos mais importantes centros arqueológicos<br />

italianos, tão fascinante quanto<br />

Pompéia e Herculano.<br />

na brasa<br />

Se a fome estiver grande, uma opção é levar<br />

a torcida para o Hell’s grill. trata-se<br />

de uma curiosíssima e moderna churrascaria<br />

inspirada no modelo americano da steakhouse,<br />

com 150 lugares, e uma variada oferta<br />

de carne, principalmente bovina, de búfalo<br />

e frango, além de pratos de preparação rápida.<br />

localiza-se nas proximidades do centro<br />

e está sempre aberta. Hell’s grill - Via Alessandria,<br />

150.<br />

CAlCiO<br />

Andrea Ratto<br />

Campanilismo<br />

e amor patrio<br />

Riecco i Mondiali<br />

I<br />

quattro anni fra germania<br />

2006 e sud Africa 2010 sono<br />

stati i più drammatici dalla<br />

storia del calcio nostrano.<br />

Ma lo sono stati anche rispetto al<br />

panorama internazionale, equiparabili<br />

per la devastazione che<br />

vi si è compiuta solo a quelli del<br />

bando dall’Europa dei Club inglesi<br />

dopo la Finale dell’Heysel fra<br />

Juventus e liverpool.<br />

Da un punto di vista tecnico<br />

e per quanto concerne l’equilibrio<br />

del movimento calcistico<br />

italiano, ci sono stati scombussolamenti,<br />

direi terremoti, senza<br />

pari e soprattutto causati da un<br />

intervento discutibilissimo della<br />

giustizia sportiva, coi nodi che<br />

stanno venendo al pettine un’altra<br />

volta nell’imminenza della<br />

kermesse mondiale. Il calcio italiano<br />

è stato messo letteralmente<br />

sottosopra, gli effetti di questa<br />

tragedia sportiva non si sono<br />

esauriti e nel frattempo, contemporaneamente<br />

a un abbassamento<br />

generalizzato del tenore calcistico<br />

con pochissime eccezioni,<br />

se non solo una, si è ridisegnata<br />

la cartina dell’Italia del pallone e<br />

con essa si sono riaccesi fuochi<br />

che sembravano sopiti, quelli dipendenti<br />

dal campanilismo.<br />

Uso il termine campanilismo<br />

in senso lato, riferendomi non<br />

tanto all’attaccamento dei tifosi<br />

alla squadra della propria città<br />

e nemmeno ai giocatori che da<br />

essa provengono. Farlo sarebbe<br />

una sciocca stonatura oggi che<br />

ci sono quasi più giocatori stranieri<br />

che italiani e soprattutto<br />

sono praticamente scomparse le<br />

bandiere, con le ultime rimaste<br />

che stanno vivendo la fase calante<br />

della propria carriera. si<br />

tratta più che altro dell’affermazione<br />

di una nuova e isterica<br />

identità di chi vive in Italia,<br />

slegata da quella del Paese<br />

e che si sta sostituendo al reale<br />

campanilismo, quello radicato<br />

in tanta gente in conseguenza<br />

di un Paese che esiste giusto da<br />

centocinquant’anni o giù di lì<br />

senza che nel frattempo siano<br />

stati fatti anche gli italiani. E<br />

se le differenze sono una potenziale<br />

ricchezza è vero però che<br />

un reale spirito aggregativo ancora<br />

manca.<br />

Quattro anni fa si erano tutti<br />

stretti intorno a una Nazionale<br />

non dissimile da quelle che l’avevano<br />

preceduta né da quella di<br />

oggi, coi tifosi di tutto il Paese<br />

che erano abituati a incitare calciatori<br />

che non giocavano nella<br />

loro squadra del cuore, riuscendo<br />

a deporre le armi per un mese,<br />

arrendendosi a una fantastica<br />

quanto insondabile magia per cui<br />

totti stava bene anche a un laziale<br />

e Camoranesi a interisti e<br />

milanisti. Questa volta invece è<br />

netta la sensazione che le cose<br />

siano cambiate.<br />

lippi, lo stesso c.t. ma anche<br />

la stessa persona di quattro anni<br />

fa, è stato attaccato per due anni<br />

interi, da quando ha ripreso il<br />

proprio posto dopo la parentesi<br />

di Donadoni. Prima delle scelte<br />

definitive, che l’hanno sfoltito, il<br />

gruppo tradizionalmente numeroso<br />

di nazionali provenienti dalla<br />

Juventus aveva portato all’affrettata<br />

definizione di Italjuve in<br />

senso chiaramente dispregiativo.<br />

Per finire, sempre più frequenti<br />

sono le dichiarazioni di simpatia<br />

per altre Nazionali che moltissimi<br />

italiani stanno facendo, non<br />

tanto come effetto della globalizzazione,<br />

quanto perché la<br />

squadra di Club che tifano schiera<br />

un po’ di giocatori di una particolare<br />

selezione straniera. E se<br />

anche questo non corrispondesse<br />

al reale andamento generale<br />

del tifo nel Paese, certamente è<br />

quanto sta presentando la maggior<br />

parte della stampa.<br />

In questi quattro anni, squadre<br />

che in passato non avevano<br />

mai lottato per i traguardi più<br />

prestigiosi si sono affacciate al<br />

cosiddetto grande calcio e sem-<br />

bra che siano bastati pochi punti<br />

in più in classifica a rendere<br />

i loro tifosi innanzitutto devoti<br />

ai loro colori e solo in seconda<br />

battuta, magari, attaccati all’azzurro.<br />

Potrei essere smentito, ma<br />

solo in ragione di un’improvvisa<br />

inversione di tendenza. I presupposti<br />

sono infatti quelli di una<br />

riduzione sensibile della piattaforma<br />

del tifo per la Nazionale in<br />

ragione di una soddisfazione per<br />

il proprio Club talmente grande,<br />

ma soprattutto inusitata, che in<br />

preda a una sbornia campanilistica,<br />

appunto, Mondiali ed Europei<br />

possono andare in qualunque<br />

modo, tanto ormai moltissima<br />

gente è già contenta che la<br />

sua Inter vinca o che la sua samp<br />

si sia classificata per le Coppe. A<br />

questo punto se Pirlo, Cannavaro<br />

e Criscito fanno male, tutto sommato<br />

è una gioia da tifoso in più.<br />

Anche se quattro anni fa gli stessi<br />

giocatori andavano o sarebbero<br />

andati ancora bene.<br />

E dato che alle grandi soddisfazioni<br />

degli uni, amplificate<br />

in modo innaturale da Calciopoli<br />

con il tutti-contro-tutti che ne è<br />

derivato, corrisponde l’esasperata<br />

frustrazione di altri, a questi<br />

ultimi va altrettanto bene che<br />

balotelli rimanga fuori, come i<br />

genoani ridono per Cassano che<br />

resta a casa.<br />

Forse l’Italia sta davvero<br />

cambiando, perché il calcio ne<br />

è un indicatore formidabile. C’è<br />

però da chiedersi dove stia andando<br />

perché alcune soddisfazioni,<br />

soprattutto se basate su<br />

un’avversione, sono tanto effimere<br />

quanto debilitanti. E sono<br />

anche un segnale di grande impoverimento.<br />

38 C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 1 0<br />

J u n h o 2 0 1 0 / C o m u n i t à i t a l i a n a 39


futebol<br />

Festa à<br />

milanesa<br />

Inter comemora título esperado há 45 anos com quatro brasileiros no time campeão<br />

a<br />

praça do Duomo superou<br />

a capacidade do estádio<br />

de san siro, com cem mil<br />

torcedores apinhados uns<br />

aos outros, a ponto da estação<br />

do metrô ser fechada para embarques<br />

e desembarques. O principal<br />

ponto de encontro da cidade<br />

de Milão ficou lotado durante<br />

a transmissão da partida final da<br />

Copa dos Campeões, disputada,<br />

mês passado, entre o italiano Inter<br />

e o alemão bayern de Munique,<br />

em Madri, na Espanha.<br />

Depois da vitória da Inter, o<br />

pátio externo da imensa catedral<br />

gótica foi cenário da festa dos<br />

torcedores italianos que esperavam<br />

por este momento já fazia<br />

45 anos. Os dois gols do argentino<br />

Diogo Milito trouxeram o<br />

prestigioso troféu de volta para<br />

Milão e deixaram com a mão<br />

na boca o arqui-rival Milan. Pela<br />

primeira vez, na história do clu-<br />

Piazza Duomo<br />

be, a Inter conseguiu vencer as<br />

três principais competições numa<br />

só temporada: a Copa Itália,<br />

o scudetto e a Champions<br />

league. E as conquistas ocorreram<br />

com quatro brasileiros no time:<br />

o goleiro Júlio César, os zagueiros<br />

lúcio e Maicon (também<br />

lateral) e o meio campista thiago<br />

Motta (que foi suspenso e não<br />

participou do jogo da final). Ou<br />

seja, do meio campo para trás, o<br />

idioma do time era o português<br />

- sem levar em conta o técnico<br />

José Mourinho e o atacante Quaresma,<br />

ambos portugueses.<br />

sobre o guarda-chuva italiano<br />

da Inter abrigava-se uma verdadeira<br />

legião estrangeira. No<br />

total, o time conta com 20 estrangeiros<br />

e 5 italianos. Não importa.<br />

A vitória foi do clube milanês<br />

“com um expressivo futebol<br />

italiano”, como diria mais tarde<br />

o técnico José Mourinho. Depois<br />

de chorar pela vitória, ele jogou<br />

um banho de água fria na torcida<br />

e na presidência, ao anunciar que<br />

não continuaria no clube.<br />

O grande mérito de Mourinho<br />

foi o de tirar o máximo de cada<br />

um dos jogadores. Quem não<br />

correspondia simplesmente não<br />

jogava. A agregação e potencialização<br />

de valores pessoais e profissionais<br />

elevaram o grupo a um<br />

nível de qualidade técnica, disciplina<br />

tática e força física nunca<br />

antes visto. Em destaque, a defesa<br />

nos pés de lúcio e Maicon e<br />

nas mãos de Júlio César.<br />

Guilherme aquino<br />

coRREspondEntE • milão<br />

— trabalhamos muito neste<br />

ano e acho que tudo o que ganhamos<br />

é nosso mérito. Enfrentamos<br />

uma grande equipe que também<br />

mereceria vencer, porque sabemos<br />

que chegar a uma final é muito<br />

difícil — diz Maicon, o único brasileiro<br />

a comentar o jogo.<br />

A manutenção de um alto desempenho<br />

ao longo de uma temporada<br />

inteira é fruto de muito<br />

trabalho. Mas o técnico Dunga,<br />

não precisa se preocupar. O goleiro<br />

e os dois zagueiros, titulares<br />

absolutos da seleção brasileira e<br />

do treinador Mourinho, estão numa<br />

sequência de resultados e conquistas<br />

que a Copa do Mundo seria<br />

a cereja da torta para eles. A experiência<br />

internacional do quarteto<br />

verde e amarelo proporciona maior<br />

garantia, segurança e amadurecimento<br />

em jogos importantes,<br />

além de passar tranquilidade aos<br />

companheiros com menos tempo<br />

de casa e de disputas difíceis.<br />

Os brasileiros interistas foram<br />

uns dos mais aplaudidos durante a<br />

festa de chegada na cidade de Mi-<br />

Diego Milito<br />

lão. Em tempo recorde, foi organizada<br />

uma recepção com as portas<br />

do estádio de san siro abertas para<br />

a torcida, no final da madrugada.<br />

A transferência dos torcedores<br />

da praça do Duomo para o estádio<br />

foi feita em uma grande caravana<br />

de carros, cobertos por bandeiras<br />

e com as buzinas tocando alto,<br />

não deixando a cidade dormir,<br />

como se comemorassem o título<br />

mundial de futebol.<br />

Para as autoridades municipais,<br />

a festa da vitória da Champions<br />

league foi um teste para o<br />

Lúcio e Maicon se emocionam com o título enquanto<br />

Júlio César beija, com orgulho, a taça<br />

Mundial da áfrica do sul. E ele foi<br />

aprovado. O único problema foi a<br />

reclamação das autoridades eclesiásticas<br />

preocupadas pela profanação<br />

esportiva do local de culto<br />

sagrado. A igreja do Duomo, à<br />

sombra de dois mega-telões, não<br />

agrada ao time da batina. A confusão<br />

e alguns excessos na porta<br />

da igreja não foram bem vistas<br />

pelos membros da cúria milanesa.<br />

Os lamentos chegaram aos ouvidos<br />

da prefeita da cidade, letizia<br />

Moratti. Ela respondeu que não<br />

entendia “as palavras da cúria” e<br />

garantiu o local como ponto de<br />

encontro para se assistir os jogos<br />

da Copa do Mundo.<br />

treze meses após a Inter de<br />

Milão ter rescindido seu<br />

contrato, Adriano acertou<br />

sua volta à Itália. Dessa<br />

vez, quem ficou com o passe do<br />

“craque problema” foi a Roma,<br />

com quem assinará um contrato<br />

de três anos. sem vaga na seleção<br />

brasileira do técnico Dunga,<br />

o jogador se despediu, mês passado,<br />

do clube carioca Flamengo<br />

onde atuou neste último ano.<br />

— Consegui retomar minha<br />

alegria jogando no Flamengo.<br />

Joguei sete anos na Itália e sinto<br />

que falta algo para apagar a<br />

impressão que eu deixei quando<br />

saí de lá. Eu devia este retorno a<br />

eles. E até por meu orgulho, quero<br />

voltar, mostrar que amadureci<br />

— diz Adriano.<br />

sem ele, a Inter conquistou<br />

todos os campeonatos possíveis<br />

em um ano. Já a Roma terminou<br />

em segundo lugar no Campeonato<br />

Italiano, apenas dois pontos<br />

atrás da Inter. No período em<br />

que esteve no Flamengo, Adriano<br />

participou da conquista do<br />

Campeonato brasileiro de 2009<br />

e também da eliminação do time<br />

da taça libertadores, principal<br />

competição de futebol entre<br />

clubes da América do sul.<br />

Como o Flamengo, a Roma<br />

também tem um comando feminino.<br />

A presidente do clube é Rosella<br />

sensi. três dos seus jogadores<br />

foram convocados por Dunga<br />

para disputar o Mundial, na áfrica:<br />

o goleiro reserva Doni, o zagueiro<br />

Um dos últimos escândalos: capa<br />

do popular jornal carioca O Dia<br />

compromete Adriano. Segundo<br />

empresário do jogador, a foto foi<br />

feita na casa dele, na Itália, e a<br />

arma que segura é de paintball<br />

De volta<br />

Adriano anuncia contratação pela Roma por três anos<br />

Juan e o também reserva do clube<br />

Júlio baptista. O goleiro titular<br />

é o brasileiro Júlio sérgio.<br />

O contrato de Adriano com a<br />

Inter tinha validade até junho<br />

de 2010. Foi rescindido “de<br />

maneira consensual” no dia<br />

1º de abril de 2009. Durante<br />

três anos, os dirigentes da Inter<br />

tentaram contornar as indisciplinas<br />

do jogador. A gota<br />

d’água para o clube foi o fato<br />

de Adriano não ter se apresentado<br />

depois de compromissos<br />

com a então seleção brasileira.<br />

Ele não apenas não viajou<br />

para a Itália como sumira por três<br />

dias. Nesse período, circulou pelo<br />

morro da Chatuba, favela que faz<br />

Sônia apolinário<br />

parte do Complexo do Alemão, na<br />

Penha, um dos lugares mais perigosos<br />

do Rio de Janeiro por conta<br />

do tráfico de drogas. Na época,<br />

o diretor da Delegacia Antissequestro<br />

(DAs), Marcus Reimão,<br />

informou que o jogador estava na<br />

“companhia de amigos” na favela<br />

onde nasceu e foi criado. segundo<br />

o policial, dois desses amigos<br />

de infância de Adriano são chefões<br />

do tráfico da região.<br />

De volta ao brasil, Adriano<br />

desembarcou no Flamengo, clube<br />

com a maior torcida no Rio<br />

de Janeiro. Ainda tratado como<br />

Imperador – pela torcida e pelos<br />

dirigentes do clube carioca - o<br />

jogador fez, literalmente, o que<br />

futebol<br />

quis. Nem sempre aparecia para<br />

treinar. Nem sempre aparecia para<br />

jogar. Fora de campo, manteve<br />

a rotina de protagonizar escândalos.<br />

Vivia, de fato, entre tapas<br />

e beijos com a namorada que, depois,<br />

virou noiva. Adriano também<br />

teve seu nome envolvido<br />

em uma investigação policial por<br />

conta de uma motocicleta que<br />

ele teria comprado e colocado no<br />

nome da mãe de um dos traficantes<br />

mais perigosos e procurados<br />

do Rio de Janeiro que, por coincidência,<br />

também era o chefe do<br />

tráfico da favela da Chatuba. A<br />

investigação não deu em nada.<br />

Independente do que estivesse<br />

acontecendo ao redor, as<br />

festas na casa do jogador eram<br />

contínuas e cada vez mais frequentadas<br />

por outros colegas<br />

do Flamengo. A falta de disciplina<br />

no clube chegou a tal<br />

ponto que acabou por derrubar<br />

o técnico Andrade.<br />

— Não me sinto em dívida<br />

com o Flamengo. saio de cabeça<br />

erguida, pela porta da frente.<br />

Agradeço ao clube por ter recuperado<br />

a felicidade. Fui bem acolhido.<br />

O Flamengo me ajudou e<br />

eu ajudei o clube. Fiz meu trabalho<br />

aqui — afirma o jogador.<br />

O contrato com o novo clube<br />

só será assinado quando chegar<br />

na Itália. Adriano é esperado na<br />

Roma este mês. Especula-se que<br />

ele vá ganhar 6,8 milhões de reais<br />

por ano. Foi o procurador do<br />

jogador, gilmar Rinaldi, quem se<br />

encarregou de anunciar o novo<br />

destino de Adriano, dois dias antes<br />

do fim do seu contrato com<br />

o Flamengo, na própria sede do<br />

clube, na gávea.<br />

A presidente do time, Patrícia<br />

Amorim, se limitou a declarar<br />

que tinha interesse na permanência<br />

do jogador, mas que o<br />

caso “dependia apenas do Adriano”.<br />

Ele, por sua vez, afirmou que<br />

pretendia voltar para o clube por<br />

ser “rubro-negro doente”:<br />

— sei que minhas responsabilidades<br />

aumentam. Não que<br />

não as tivesse aqui (no Flamengo).<br />

Mas sei que não posso fazer<br />

o que fiz antes. Eles (os dirigentes<br />

da Roma) acompanham, sabem<br />

das coisas erradas que fiz.<br />

Admito, não nego, e me arrependo<br />

de algumas coisas. Estou<br />

pronto, preparado para não repetir<br />

mais esses erros. lá (na Itália)<br />

também terei estrutura. Minha<br />

família vai comigo.<br />

40 C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 1 0<br />

J u n h o 2 0 1 0 / C o m u n i t à i t a l i a n a 41


eSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSalute<br />

mulher bonita faz mal<br />

Um estudo da Universidade de Valência,<br />

na Espanha, indica que ficar<br />

frente a frente com uma mulher bonita<br />

faz mal à saúde - dos homens. Os estudiosos<br />

descobriram que, se um homem<br />

passa pelo menos cinco minutos ao lado<br />

de uma bela mulher, seu corpo acelera<br />

a produção do hormônio cortisol, que<br />

aumenta a pressão arterial e o nível de<br />

açúcar no sangue. Durante a pesquisa, os<br />

cientistas examinaram o comportamento<br />

de 84 rapazes. Os voluntários recebiam<br />

um sudoku para solucionar e eram, então,<br />

encaminhados a uma sala onde estavam<br />

um homem e uma mulher. Pouco<br />

tempo depois, a mulher deixou a sala.<br />

sozinhos com outro homem, os voluntários<br />

não apresentaram quaisquer alterações<br />

nos níveis de cortisol. Já quando o<br />

homem deixou a sala e os rapazes ficaram<br />

sozinhos com a mulher, seus níveis<br />

do hormônio ficaram elevados.<br />

rindo à toa<br />

Rir traz os mesmos benefícios que o exercício<br />

físico: reduz os hormônios do estresse,<br />

a pressão arterial e o mau colesterol;<br />

beneficia o sistema imunológico, aumenta o<br />

colesterol bom e também o apetite. Exatamente<br />

como a prática desportiva, seja ela qual for.<br />

É o que diz o estudo mais recente, apresentado<br />

na conferência de Experimental biology,<br />

em Anaheim, demonstrando que o ‘exercício<br />

do sorriso’, rebatizado em inglês <strong>La</strong>ughercise,<br />

aumenta o hormônio do apetite, a grelina, e<br />

reduz o hormônio que corta a forme, leptina.<br />

42<br />

Cerveja<br />

Uma pesquisa australiana revela que pernilongos<br />

e demais mosquitos gostam do<br />

sangue de quem bebe cerveja. Os estudiosos<br />

reuniram voluntários - homens de 20 a 43<br />

anos - em burkina Faso, na áfrica, e analisaram<br />

a reação dos insetos diante de um grupo<br />

que bebeu cerveja e outro que bebeu água.<br />

Ao final da experiência, os cientistas verificaram<br />

que o grupo dos bebedores de cerveja<br />

atraiu 47% dos mosquitos contra 38% dos<br />

que beberam apenas água. Os pesquisadores<br />

não souberam dizer o motivo pelo qual os insetos<br />

preferem o cheiro de bebedores de cerveja,<br />

mas acreditam que não há relação com<br />

a mudança da respiração ou com o aumento<br />

da temperatura do corpo.<br />

novidade<br />

A<br />

C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 1 0<br />

quinua, pseudocereal venerado pelos<br />

povos dos Andes, desembarcou no<br />

brasil há pouco tempo. Ela carrega substâncias<br />

capazes de melhorar o transporte<br />

de oxigênio pelas células do sangue. Isso<br />

justifica em parte a sobrevivência dos antigos<br />

exércitos andinos ao chamado “mal<br />

da altitude”, ou seja, jornadas de trabalho<br />

hercúleas sob as dificuldades do ar rarefeito.<br />

Pesquisas recentes apontam que as<br />

fibras e a saponina, substância detergente<br />

que recobre a quinua, poderiam reduzir os<br />

níveis de colesterol produzido pelo fígado.<br />

Incluí-la no cardápio seria também uma<br />

maneira de combater a obesidade.<br />

Coado<br />

O<br />

café coado, além de prevenir doenças<br />

cardíacas, é benéfico para pessoas<br />

que já tiveram algum problema no<br />

coração. Já o café expresso, por não ser<br />

filtrado, pode aumentar o colesterol. A informação<br />

é de um estudo preliminar realizado<br />

pelo Instituto do Coração (Incor) do<br />

Hospital das Clínicas e a Empresa brasileira<br />

de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).<br />

“As substâncias do café são semelhantes<br />

às que estão presentes no vinho e nos sucos<br />

de frutas. Ajudam a combater a diabetes<br />

e aumentam a energia”, explica o<br />

cardiologista luiz Antonio Machado César,<br />

coordenador da pesquisa. “O coador é capaz<br />

de reter as substâncias gordurosas do<br />

café, o que não acontece com o expresso.”<br />

melhor dormir<br />

De acordo com um estudo feito pelos<br />

cientistas da Universidade de Warwick<br />

em colaboração com a Universidade de Medicina<br />

Federico 2º em Nápoles, Itália, pessoas<br />

que dormem menos que seis horas por noite<br />

têm chances 12% maiores de morrer em um<br />

período de 25 anos do que as pessoas que<br />

dormem o período ideal, de seis a oito horas.<br />

O estudo analisou os padrões de sono e mortalidade<br />

de 1,3 milhão de pessoas compilados<br />

em 16 pesquisas anteriores da grã-bretanha,<br />

Estados Unidos, países da Europa e da ásia.<br />

Estas pessoas foram acompanhadas durante<br />

25 anos - mais de 100 mil mortes foram registradas<br />

entre elas. Na análise, os cientistas<br />

concluíram que a morte prematura pode ter<br />

ligações com pouco tempo de sono por noite<br />

ou sono excessivo, fora da faixa considerada<br />

“ideal”, entre seis e oito horas.<br />

Flip<br />

F<br />

amoso per il suo forte legame con la lingua portoghese, lo<br />

scrittore italiano Antonio tabucchi, 66, ha confermato presenza<br />

all’edizione di quest’anno della Festa literária Internacional<br />

de Paraty (Flip), nello stato di Rio de Janeiro. tabucchi, che<br />

ha già pubblicato più di 40 opere, approfitterà il suo soggiorno<br />

in brasile per lanciare la raccolta di racconti “Il tempo invecchia<br />

in fretta”, pubblicata dalla casa editrice Cosac Naify. In tutto tabucchi<br />

vanta 11 opere tradotte in brasile. Una delle più famose<br />

è “A cabeça perdida de Damasceno Monteiro” [<strong>La</strong> testa perduta<br />

di Damasceno Monteiro]. Professore di lingua portoghese presso<br />

l’Università di Pisa, sua città natale, ha curato l’edizione italiana<br />

delle opere di Fernando Pessoa. Ha anche tradotto poemi di Carlos<br />

Drummond de Andrade. la Flip avrà luogo dal 4 all’8 agosto.<br />

Vino<br />

<strong>La</strong> Camera Italobrasiliana di Commercio e Industria (CIbCI) di<br />

Rio de Janeiro festeggia l’aumento del gruppo di rappresentanti<br />

italiani nel maggior incontro di “winebusiness” dell’America<br />

latina. Con sede a são Paulo, la Expovinis 2010 ha calcolato di<br />

aver ospitato circa 180 espositori internazionali, tra cui 12 imprese<br />

e cooperative portate dalla CIbCI. Disposta a promuovere gli affari<br />

tra l’Italia e il brasile nel settore di vini e spumanti, rappresentanti<br />

di regioni come lazio, Emilia Romagna, toscana, Abruzzo e Veneto<br />

hanno esposto i loro prodotti per tre giorni durante l’evento.<br />

- Nello Espaço Itália abbiamo presentato la “italianità”, punto<br />

di riferimento per tutti coloro che vogliono conoscere nuovi e<br />

tradizionali vini italiani. Abbiamo raggiunto la meta di garantire<br />

supporto, servizi e comodità ad espositori ed importatori – mette<br />

in enfasi il direttore della CIbCI, basílio Catrini.<br />

Edificio annesso<br />

Il Museu de Arte Moderna, a Rio de Janeiro, riceverà un edificio<br />

annesso, a circa 200 metri, e sarà di due piani, con parcheggio<br />

sotterraneo e quattromial m² di area edificata. Ospiterà sale<br />

di esposizione, biblioteca, caffetteria e riserva tecnica, oltre ad<br />

un grande terrazzo con vista sulla baia da guanabara. Il progetto<br />

è dell’architetto glauco. gli investimenti saranno di 9 milioni di<br />

reais. l’edificio annesso presenterà linee semplici perché combini<br />

con il museo, il cui edificio modernista rappresenta una delle opere<br />

più importanti dell’architettura brasiliana, disegnato dall’architetto<br />

Affonso Eduardo Reidy insieme al progetto paesaggistico di<br />

Roberto burle Marx. Il MAM è stato inaugurato nel 1958.<br />

Eliseu Visconti<br />

Un anno dopo essere stati tolti per lavori di restauro, sono<br />

tornati ai loro posti i pannelli laterali del tetto del foyer del<br />

theatro Municipal di Rio de Janeiro, pitture eseguite dall’italiano<br />

Eliseu Visconti a Parigi tra il 1913 e il 1915. la restaurazione, una<br />

vecchia rivendicazione del Projeto Eliseu Visconti, è stata inclusa<br />

nei lavori di ristrutturazione del teatro nell’anno del suo centenario<br />

dal presidente della Fundação, Carla Camurati. Con il coordinamento<br />

della Holos Consultores Associados, i lavori sono stati<br />

realizzati da una équipe di restauratori supervisionati dai professori<br />

Edson Motta Júnior e Cláudio Valério teixeira. Anche le altre<br />

opere di Eliseu Visconti nel theatro Municipal – tenda del sipario,<br />

soffitto sulla platea e fregio sul palco – sono stati oggetto<br />

di riparazioni, pulizia e restaurazione, lavori messi in opera dalla<br />

équipe di Humberto Farias de Carvalho.


Fotos: Secom / Acre<br />

intercâmbio<br />

Que venham<br />

os italianos!<br />

Estado do Acre apresenta peças de artesanato e destinos turísticos<br />

na Itália dispostos a incrementar relação com país europeu<br />

se a imigração italiana no<br />

brasil nos idos de 1800<br />

transformou alguns estados<br />

e cidades em irmãos<br />

da Itália, o mesmo não se pode<br />

dizer do Acre. sem um histórico<br />

de uma relação profícua com o<br />

país europeu, a presença de italianos<br />

no estado ao norte do país<br />

se resumia a religiosos e empresários<br />

do setor hoteleiro e gastronômico,<br />

além de alguns turistas.<br />

Mas isso pode mudar a partir<br />

de 2011. Disposta a inaugurar<br />

um novo modelo de contato com<br />

a Itália, uma delegação acreana<br />

visitou Florença, Roma e Milão,<br />

com o objetivo de divulgar seus<br />

atrativos e desenhar uma parceria<br />

cultural, turística e econômica<br />

com essas cidades.<br />

Chefiada pelo secretário de<br />

Esporte, turismo e lazer do estado,<br />

Cassiano Marques, a comitiva<br />

participou da Mostra Internacional<br />

de Artesanato, feira de negócios<br />

realizada entre 24 de abril a<br />

2 de maio, em Florença. A oportunidade<br />

possibilitou ao estado,<br />

através de uma parceria públicoprivada,<br />

apresentar aos europeus<br />

os produtos artesanais e de interesse<br />

turístico. O evento reuniu<br />

850 expositores de 50 países.<br />

— Nosso artesanato tem por<br />

característica a origem florestal.<br />

são peças de madeira ou não,<br />

que remetem à identidade local,<br />

usando semente, cestaria, fibras<br />

e látex. sem falar no compromisso<br />

com a sustentabilidade ambiental,<br />

pois levamos representantes<br />

do setor que assumem a<br />

responsabilidade no manejo —<br />

afirma o secretário.<br />

Ainda segundo Marques, o setor<br />

produtivo é responsável pela<br />

inclusão social de 12 mil pessoas<br />

e conta com a participação de<br />

comunidades indígenas num trabalho<br />

que valoriza as experiências<br />

sócio-vivenciais. As peças<br />

apresentadas na Itália compõem<br />

o Catálogo do Artesanato Acreano<br />

2010 elaborado em parceria<br />

entre governo do Estado, sebrae<br />

e coordenadoria de Economia solidária,<br />

que constitui a reunião<br />

de 160 grupos de artesãos.<br />

Sílvia Souza<br />

No setor de turismo,<br />

as opções de rotas que<br />

permitem o etnoturismo e o ecoturismo<br />

servem de porta de entrada<br />

para os italianos em novos<br />

destinos. Roteiros naturais que<br />

exprimem a cultura do povo, que<br />

viabilizam o contato próximo<br />

com as experiências cotidianas<br />

dos moradores de comunidades<br />

que vivem na floresta despertaram<br />

tanto o interesse das operadoras<br />

de turismo que, de junho<br />

a outubro, missões empresariais<br />

virão ao Acre para conhecer de<br />

perto as atrações do estado.<br />

— Neste conceito estão incluídos<br />

os roteiros que abrangem<br />

aldeias e terras indígenas;<br />

rotas Amazônia-Andes-Pacífico,<br />

Caminho de Chico Mendes e da<br />

Revolução Acreana e sobrevoos<br />

em áreas onde estão localizados<br />

os geoglifos. Além disso, negociamos<br />

a exibição de dois programas<br />

em canais italianos para<br />

apresentar nossas ofertas — informa<br />

o secretário.<br />

resultados em 2011<br />

segundo Marques, os frutos dessa<br />

passagem pela Itália já poderão<br />

ser colhidos em curto prazo.<br />

A partir de 2011, o Acre deverá<br />

constar da cadeia de distribuição<br />

do portfólio de produtos de ope-<br />

radoras europeias e o governo<br />

do Estado irá apoiar a vinda de<br />

missões empresariais. O secretário<br />

informa que o turismo tem a<br />

terceira colocação na economia<br />

do estado, que recebeu 170 mil<br />

pessoas em 2009.<br />

O primeiro passo para a criação<br />

de vínculos comerciais no setor<br />

de turismo com a Itália foi<br />

dado em dezembro de 2009. Na<br />

ocasião, uma carta de intenções<br />

foi assinada para formalizar um<br />

documento que será concluído<br />

até meados do ano e deverá resultar<br />

em acordo de cooperação<br />

entre os estados da Amazônia e a<br />

Itália. O sinal verde deve atingir<br />

uma demanda reprimida de 3 milhões<br />

de turistas europeus e asiáticos<br />

que têm interesse em conhecer<br />

a região amazônica.<br />

Coordenador regional da Associação<br />

brasileira das Empresas<br />

de Ecoturismo e turismo de<br />

Aventura do Acre (Abeta) e diretor<br />

da Maanaim Amazônia, João<br />

bosco Nunes, reconhece a importância<br />

da exibição acreana<br />

na Itália. Acre e Amazonas foram<br />

os únicos estados do brasil<br />

na Mostra.<br />

— A Europa é o continente<br />

responsável pelo maior número<br />

de emissão de bilhetes para a<br />

América do sul e tivemos a oportunidade<br />

de ficar frente a frente<br />

com 12 das maiores operadoras<br />

de turismo de lá. Nossos produtos<br />

hoje são desconhecidos e são<br />

os que mais interessam os europeus,<br />

que estão cansados dos<br />

mesmos destinos e do que eles<br />

chamam de turismo de cenário<br />

— afirma Nunes.<br />

Viva la<br />

mamma!<br />

Documentário mostra voluntárias italianas<br />

que ajudam crianças carentes em São Paulo<br />

Há 92 anos, imigrantes<br />

oriundos de Polignano a<br />

Mare, na Puglia, região<br />

sul da Itália, realizam no<br />

bairro do brás, em são Paulo, a<br />

festa de são Vito. A comemoração<br />

é tida como uma das maiores<br />

fora da Itália. são Vito é o padroeiro<br />

de Polignano a Mare, protetor<br />

dos artistas, das doenças nervosas,<br />

dos jovens e dos dependentes<br />

de drogas. No brasil, graças<br />

à festa paulista, é também o<br />

protetor de muitas crianças.<br />

Organizada pela Associação<br />

beneficente são Vito Mártir, a festa<br />

é a principal fonte de recursos<br />

para a Creche são Vito, que atende<br />

gratuitamente 120 crianças de<br />

0 a 4 anos, em período integral.<br />

Nos 14 anos de existência, ja acolheu<br />

mais de 18 mil crianças.<br />

Fotos: Claudio Cammarota<br />

Gina <strong>La</strong>batti: uma das<br />

“estrelas” do documentário<br />

robSon bertolino<br />

coRREspondEntE • são paulo<br />

Realizada de maio a julho,<br />

sempre aos sábados e domingos,<br />

a festa brasileira atraiu a atenção<br />

do cineasta italiano gianni<br />

torres, de 43 anos, que filmou<br />

a edição de 2009 do evento. O<br />

resultado é o documentário Le<br />

Mamme di San Vito. Ainda sem<br />

data para ser exibido no brasil,<br />

o filme teve única apresentação,<br />

mês passado, no Círculo Italiano<br />

de são Paulo, por ocasião do início<br />

dos festejos de 2010.<br />

O documentário apresenta depoimentos<br />

das “mammas”, senhoras<br />

entre 70 e 80 anos, e tem como<br />

pano de fundo a tradicional cozinha<br />

pugliesa que elas preservam.<br />

Uma das “estrelas” do documentário<br />

é gina labatti, de 78 anos. Ela<br />

Cinco minutos com Gianni torres<br />

<strong>Comunità</strong> <strong>Italiana</strong> - Como<br />

surgiu a ideia de rodar este<br />

documentário no brasil?<br />

Gianni torres - Eu soube em<br />

Polignano a Mare que acontecia<br />

um grande festival de san Vito<br />

em são Paulo, mas ninguém<br />

sabia que o trabalho beneficiava<br />

crianças carentes. A ideia<br />

inicial foi o desejo de mostrar<br />

a grandeza desta obra de solidariedade<br />

ainda mais perfeita<br />

com as “mammas” que, apesar<br />

da idade, cozinham receitas<br />

tradicionais da culinária italiana.<br />

Percebi que isso tinha de<br />

ser documentado. Creio que levei<br />

dez meses para realizar todo<br />

o filme. A música foi um processo<br />

à parte porque quando se<br />

dá à luz ao seu próprio projeto<br />

a ideia se expande. As músicas<br />

originais da trilha sonora foram<br />

compostas e executadas por<br />

Vincenzo Abbracciante, um dos<br />

maiores talentos do acordeão.<br />

CI – as “mammas” brasileiras<br />

são parecidas com as italianas?<br />

Gt – Elas são iguais no mundo<br />

todo, creio eu. No brasil, a importância<br />

social e cultural do trabalho<br />

delas é grande porque elas<br />

auxiliam uma creche com crianças<br />

que precisam de uma contribuição<br />

social. É incrível como<br />

as “mammas”<br />

mantêm as<br />

receitas de<br />

seus pratos<br />

servidos na<br />

festa inalteradas<br />

há mais<br />

atualidade<br />

conta ter “adorado” participar do<br />

filme. segundo ela, o diretor “teve<br />

um olhar sensível” sobre a festa.<br />

— Dos meses que antecedem<br />

à festa até a sua realização, trabalhamos<br />

de manhã à noite na preparação<br />

dos pratos típicos. gianni<br />

foi muito bacana conosco. Nos divertimos<br />

na filmagem porque estávamos<br />

todas juntas. Amamos —<br />

conta a “mamma” gina. No brás<br />

também acontece a Festa da Rua<br />

de são Vito Mártir. A cada ano, a<br />

festa das “mammas” atrai cerca<br />

de 80 mil pessoas. A estimativa<br />

é que sejam consumidos 100 mil<br />

pratos de spaghetti e ricchitelle,<br />

4 mil quilos de antepasto de berinjela,<br />

32 mil ficazzelle (tipo de<br />

pastel), 13 mil ficazze (pizza alta)<br />

e 32 mil doces típicos. Para fazer<br />

tudo isso, elas gastam cinco toneladas<br />

de farinha de trigo, seis toneladas<br />

de tomate, seis toneladas<br />

de cebola, 5 mil litros de azeite de<br />

oliva e 5 toneladas de muzzarela.<br />

todas as iguarias vendidas na festa<br />

também são preparadas ao vivo<br />

pelas “mammas”.<br />

Neide Gravina, Irene Settanni e Ana Monte Real: as “mammas” de São Vito<br />

de 90 anos. Essa tradição precisa<br />

ser preservada. O preparo desses<br />

pratos na Itália já não é mais tão<br />

original porque o modo de preparo<br />

mudou com o tempo.<br />

CI - Qual é a sua relação com o<br />

mercado brasileiro de cinema?<br />

Gt – O filme Central do Brasil<br />

(de Walter salles) me marcou<br />

muito. tenho também uma forte<br />

relação com filmes mais antigos.<br />

Embora não cheguem muitos<br />

filmes novos na Itália, procuro<br />

me informar sobre o cinema<br />

brasileiro por meio de revistas<br />

especializadas. sem dúvida,<br />

filmar no brasil foi uma grande<br />

oportunidade. Eu amo o brasil.<br />

É um povo alegre e repleto de<br />

histórias interessantes que nos<br />

influenciam.<br />

44 C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 1 0<br />

J u n h o 2 0 1 0 / C o m u n i t à i t a l i a n a 45


Maria Lopes<br />

festa italiana<br />

Verde<br />

Junto à celebração, foi lançada<br />

a iniciativa “Embaixada<br />

Verde” realizada em colaboração<br />

com a empresa italiana<br />

Enel green Power. No teto do<br />

prédio, foi instalado o primeiro<br />

lote do total de 405 painéis<br />

fotovoltaicos. O projeto será<br />

finalizado em quatro meses.<br />

A perspectiva é de tornar a<br />

Embaixada auto-suficiente do<br />

ponto de vista energético.<br />

são paulo<br />

A<br />

luzes<br />

minas Gerais<br />

Para comemorar o aniversário da República <strong>Italiana</strong>,<br />

no dia 2 de junho, alguns estados brasileiros<br />

se mobilizaram para não deixar a data passar<br />

em branco. Em brasília, sede da Embaixada, o evento<br />

deste ano teve um motivo a mais para festejar: os 50<br />

anos da capital federal. O edifício se destacou com<br />

presidenta do Conselho Deliberativo da<br />

APM (Associação de Pais e Mestres) e<br />

presidenta da AVEsP (Associação das Vereadoras<br />

do Estado de são Paulo), Marilene Mariotoni,<br />

foi homenageada na Assembleia legislativa<br />

do Estado de são Paulo no dia 31 de<br />

maio. Marilene e outras personalidades receberam<br />

o troféu loba Romana por trabalhos<br />

realizados junto à comunidade italiana. Mais<br />

Comenda<br />

Em belo Horizonte, a Associação de Cultura ítalo-brasileira de<br />

Minas realizou a quarta edição de rua da Festa Nacional <strong>Italiana</strong>.<br />

Este ano, o evento ocupou dois quarteirões da Avenida getúlio<br />

Vargas, na região da savassi, e ainda contou com uma torre de Pisa<br />

cenográfica. O público pode conferir muitas atrações artísticas,<br />

entre elas a banda de Música da Aeronáutica, o grupo de Dança<br />

Folclórico tarantolato, Paola giannini com o espetáculo “Il grande<br />

Circo” e o grupo Folclórico la sereníssima, com danças da região<br />

do Vêneto. O evento contou com a presença do governador Antonio<br />

Anastasia, neto de italianos, acompanhado do cônsul, bryan<br />

bolasco e do prefeito Marcio lacerda.<br />

Também durante o evento na<br />

Embaixada, o secretário de<br />

gabinete do presidente luiz Inácio<br />

da silva lula, gilberto Carvalho,<br />

e o deputado Fabio Porta foram<br />

condecorados com o título<br />

de “Commendatore” concedido<br />

pelo presidente da República <strong>Italiana</strong>,<br />

giorgio Napolitano. Porta é<br />

deputado no Parlamento italiano, eleito pela circunscrição do Exterior,<br />

na área da América do sul. Carvalho é descendente de imigrantes<br />

italianos originários de Mântova com o sobrenome ballarotti. A comenda<br />

foi entregue aos dois pelo embaixador gherardo la Francesca.<br />

de mil pessoas estiveram presentes no evento,<br />

que fez parte das comemorações do Dia<br />

da Comunidade ítalo-brasileira e foi organizado<br />

pelo deputado estadual Vítor sapienza.<br />

O cônsul Mauro Marsili destaca que o povo<br />

italiano e seus descendentes, com trabalho,<br />

perseverança e honestidade, contribuíram<br />

para o desenvolvimento do brasil, especialmente<br />

no estado de são Paulo.<br />

os jogos de luzes criados pelo artista ítalo-brasileiro<br />

gaspare Di Caro. A fachada recebeu o aspecto das<br />

florestas tropicais brasileiras e novas formas que seguiram<br />

as linhas arquitetônicas do Coliseu. Dentre<br />

as atrações, acrobacias em lindos balões e balé de<br />

damas altíssimas.<br />

rio de Janeiro<br />

O<br />

cônsul Umberto Malnati<br />

ofereceu um jantar para<br />

cerca de 200 convidados, na<br />

Casa D’Italia, sede do consulado.<br />

O coral do Circolo Italiano<br />

fez as honras da casa, cantando<br />

o hino nacional da Itália.<br />

Diferente do que vinha sendo<br />

realizado nos últimos cinco<br />

anos, desta vez, a comemoração<br />

do aniversário da República<br />

na cidade não foi celebrada<br />

com uma festa popular.<br />

Bruno Senna<br />

Maria Lopes<br />

Copa do mundo<br />

Os jogos da Itália, atual campeã do<br />

mundo, poderão ser vistos, durante<br />

a Copa da áfrica do sul, pelos<br />

torcedores milaneses em dois grandes telões<br />

armados na cidade. Um já está instalado<br />

na praça do Duomo e foi usado com<br />

sucesso durante o Europeu, de 2008, e o<br />

Mundial de 2006. O outro poderá ser ar-<br />

arte e Censura<br />

O<br />

artista plástico Maurizio Cattalan corre o<br />

risco de não ter a sua próxima mostra<br />

realizada em Milão. A ideia seria a de projetar<br />

uma exposição durante a semana da moda, em<br />

setembro, fazendo deste calendário mundano<br />

e exclusivo algo que fosse além das passarelas.<br />

A ideia é fazer algo nos moldes da democrática<br />

semana do Design que conta com a participação<br />

de toda a cidade. Mas uma das peças, um<br />

asno com a inscrição “Inri”, foi reprovada pela<br />

organização. Isso sem falar da reapresentação<br />

da instalação dos “três meninos enforcados”<br />

que, em 2004, causou muita polêmica.<br />

mado na Arena Civica, dentro do parque,<br />

em meio à natureza – e, por isso mesmo,<br />

infestado de mosquitos. Quem optar por<br />

ver os jogos na praça do Duomo devem ficar<br />

atentos para chegarem cedo ao local.<br />

Em eventos passados, nos jogos da seleção<br />

azzurra, não sobrava espaço livre, com<br />

chuva ou sol.<br />

Concertos<br />

O<br />

fim da primavera marca apenas o começo<br />

do verão. E a mutação traz surpresas culturais.<br />

No caso da estação dos ventos quentes<br />

e das pernas de fora, Milão e arredores oferecem<br />

uma infinidade de eventos ao ar livre ou<br />

em ambientes exclusivos, mas ambos de forma<br />

gratuita ou com preços bem camaradas, que<br />

compensam colocar a mão na carteira. Imperdíveis<br />

são os concertos de música em Cinisello<br />

balsamo, no dia 12 de junho, ou em Concorrezzo,<br />

no dia 19, respectivamente, “sonhos de<br />

Amor” e “sonhos de glória”. Em Milão, o evento<br />

será no dia 1 de julho, no Parco trotter.<br />

MilãO<br />

Guilherme Aquino<br />

Grande Irmão<br />

A<br />

tecnologia anti-terrorista usada por Israel<br />

vai ser adaptada para combater os<br />

pichadores em Milão. Um novo sistema de câmeras<br />

inteligentes deve ser implantado em<br />

áreas sensíveis da cidade, como as Colunas de<br />

san lorenzo. O “olhar eletrônico” avisa ao vigilante,<br />

na sala de controle, sobre a ocorrência<br />

de uma ação suspeita. Nos dias de hoje,<br />

é o vigilante quem escolhe qual área enquadrada<br />

por algumas das centenas de câmeras<br />

instaladas deve ser observada pelo monitor.<br />

O novo modelo se antecipa ao olhar humano<br />

do segurança e dá um alerta se algo de<br />

estranho acontecer no raio de cobertura das<br />

lentes. Por exemplo, se alguém se aproximar<br />

de um monumento com um objeto que lembre<br />

uma bomba de spray a “cena” vai “chamar” o<br />

vigilante para observá-la melhor.<br />

maçã<br />

A<br />

decisão da empresa Apple de abrir<br />

uma loja em Milão foi acolhida com<br />

grande entusiasmo pela prefeita letizia<br />

Moratti. “Não podemos desiludir steven<br />

Jobs”, disse ela, numa clara mensagem<br />

ao presidente do colosso americano de<br />

produtos ícones da comunicação do século<br />

21. Agora, assessores do comune e<br />

da Apple correm para encontrar um local<br />

no centro capaz de receber o cubo de<br />

vidro ou uma variação arquitetônica da<br />

original loja da marca da maçã mordida<br />

pelo vírus do design e da alta-tecnologia.<br />

46 C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 1 0<br />

J u n h o 2 0 1 0 / C o m u n i t à i t a l i a n a 47


Betto Guaraciaba<br />

teatro<br />

o<br />

tradicional teatro Filodrammatici<br />

de Milão,<br />

bem no centro da cidade,<br />

abriu as portas e as<br />

cortinas para um espetáculo raro<br />

no panorama cultural italiano: a<br />

apresentação de uma peça brasileira,<br />

em língua portuguesa, com<br />

tradução em italiano através da<br />

projeção de legendas.<br />

Em cena, os atores sérgio sartório,<br />

Chico santana e André Reis<br />

representaram Cru, história escrita<br />

pelo consagrado roteirista, escritor<br />

e diretor Alexandre Ribon-<br />

di, capixaba de nascimento e candango<br />

por adoção. A encenação<br />

já tinha sido um dos destaques<br />

do Festival de teatro Contemporâneo,<br />

ano passado. A montagem<br />

da peça em Milão marca as comemorações<br />

pelos 50 anos de fundação<br />

da capital do brasil, cenário<br />

do ponto de partida da história. A<br />

peça foi promovida pelo Consulado<br />

geral do brasil em Milão como<br />

forma de divulgar a realidade cultural<br />

da capital federal.<br />

— Creio que a melhor maneira<br />

de mostrar o que hoje é brasília,<br />

Faroeste<br />

Candango<br />

Consulado Geral do Brasil em Milão comemora os 50 anos<br />

de Brasília com a promoção de uma peça brasileira que<br />

tem a cidade como ponto de partida para a sua história<br />

é trazer uma de suas companhias<br />

teatrais. brasília, apesar de sua<br />

jovem idade, já tem uma personalidade<br />

própria — afirma o embaixador<br />

luiz Henrique da Fonseca.<br />

A peça já tinha sido encenada<br />

no teatro goldoni da Casa<br />

d’Itália, onde ficou em cartaz por<br />

duas semanas. Não por acaso, a<br />

única noite em Milão tomou todos<br />

os duzentos lugares do teatro<br />

Filodrammatici, ao lado do la<br />

scala, e deixou muita gente do<br />

lado de fora. Quem conseguiu entrar<br />

pôde acompanhar o encontro<br />

de três personagens: Zé, um<br />

forasteiro evangélico que sai de<br />

brasília e chega ao açougue de<br />

Frutinha, travesti que mantém<br />

seu estabelecimento numa cidade<br />

de fronteira e fica curioso sobre<br />

o desejo do forasteiro em encontrar<br />

Cunha, um pistoleiro de aluguel.<br />

Aos poucos, eles percebem<br />

que possuem muitos pontos em<br />

comum. As interpretações de Chico<br />

sant’Anna, André Reis e sérgio<br />

sartório, respectivamente, ganharam<br />

aplausos em cena aberta<br />

e uma ovação de vários minutos<br />

após o espetáculo. No final da<br />

apresentação, o grupo recebeu<br />

convites para levar a peça para a<br />

Inglaterra e México, além de festivais<br />

de teatro - sem falar numa<br />

nova temporada italiana.<br />

A trama é violenta e serve de<br />

alerta ao quotidiano vivido nas<br />

grandes cidades. O medo urbano<br />

é uma característica que está assombrando<br />

a população italiana,<br />

Guilherme aquino<br />

coRREspondEntE • milão<br />

assustada pelos elevados índices<br />

de criminalidade, com reatos cometidos<br />

por italianos e estrangeiros.<br />

O tema universal da violência<br />

cala fundo no espectador<br />

que se reconhece como refém de<br />

um contexto social complexo e<br />

de difícil solução.<br />

A história narra as desavenças<br />

de quem sofre com o baixo<br />

preço da vida humana. A insegurança,<br />

a incerteza, as balas perdidas,<br />

a banalização da vida, a<br />

vingança e o ódio social são sentimentos<br />

que movem os protagonistas.<br />

E eles estão presentes na<br />

rotina da classe média, não por<br />

acaso, a principal fatia do público<br />

que prestigia o teatro.<br />

— tive o privilégio de morar<br />

quatro vezes em brasília. Pude<br />

observar sua evolução social,<br />

econômica e cultural. Da primeira<br />

vez em que morei lá, de 1970 a<br />

1972, logo que o ministério das<br />

Relações Exteriores se transferiu<br />

para lá, para se assistir a uma<br />

peça de teatro era necessário esperar<br />

a vinda de uma companhia<br />

do Rio de Janeiro, são Paulo ou<br />

belo Horizonte. Hoje, isso mudou.<br />

Agora, brasília é um pólo gerador<br />

de criações artísticas para todo o<br />

país — afirma o embaixador. — A<br />

cidade é um pólo que representa<br />

bem a sociedade brasileira, multifacetada.<br />

Afinal, para o cerrado,<br />

migraram brasileiros dos quatro<br />

cantos do país há 50, em busca<br />

de fortuna e de uma chance de<br />

melhorar de vida.<br />

agora vai<br />

Livre de entraves jurídicos, Istituto Europeo di Design retoma seu projeto no Rio<br />

Há quatro anos, o Istituto<br />

Europeo di Design tenta<br />

abrir as portas da sua filial<br />

carioca, no bairro da Urca.<br />

Depois de já ter investido cerca<br />

de 7 milhões de reais, o projeto<br />

parou preso em um emaranhado<br />

jurídico. No mês passado, os responsáveis<br />

pelo IED do Rio receberam,<br />

enfim, o sinal verde da Justiça<br />

para retomar as obras. Agora,<br />

a expectativa é de que o Istituto<br />

possa abrir suas portas em 2011.<br />

— Acreditamos que estaremos<br />

funcionando em fevereiro<br />

do ano que vem, quando começa<br />

o ano letivo. Já a área administrativa,<br />

esperamos abrir no final<br />

deste ano — informa o diretorgeral<br />

do Istituto Europeo di Design<br />

no brasil, Marco lorenzi.<br />

O IED vai funcionar em um<br />

prédio que abrigou o Cassino da<br />

Urca e o Hotel balneário, além da<br />

extinta tV tupi. A maior parte do<br />

dinheiro já investido foi na obra de<br />

restauração do local. O acordo assinado<br />

entre a prefeitura e a instituição<br />

previa o uso do prédio por<br />

25 anos, renovável por mais 25.<br />

Foi com os moradores da Urca<br />

que o IED encontrou o primeiro<br />

obstáculo para se estabelecer<br />

na cidade. Parte deles é contra a<br />

presença da instituição no local.<br />

A polêmica pode ser observada<br />

através de faixas e cartazes espalhados<br />

pelas casas do bairro.<br />

Umas contra e outras a favor da<br />

obra que restaura um dos prédios<br />

mais importantes do Rio.<br />

— No início havia mais placas<br />

contra. Hoje, muitas pessoas<br />

já aprovam o IED — diz lorenzi.<br />

No bairro, a opinião dos moradores<br />

sobre o IED estampada nas janelas<br />

As preocupações dos moradores<br />

vão desde o trânsito — já<br />

que a Urca não teria espaço para<br />

abrigar tantos carros — ao sistema<br />

de esgoto sobrecarregado.<br />

lorenzi afirma que a questão do<br />

sistema de esgoto já foi resolvida<br />

com a prefeitura. Quanto aos<br />

carros, o Istituto tenta convênio<br />

com a Unirio, para usar o estacionamento<br />

da universidade.<br />

No ano passado, vereadores<br />

da Câmara criaram um projeto de<br />

lei para que o prédio do Cassino<br />

da Urca fosse tombado pelo<br />

Instituto do Patrimônio Histórico<br />

e Artístico Nacional (Iphan).<br />

O prefeito Eduardo Paes vetou,<br />

alegando que os vereadores “cometeram<br />

um vício de iniciativa”,<br />

pois apenas o Executivo tem o<br />

direito de decidir pelo tombamento<br />

de imóveis na cidade. Na<br />

época, Paes chegou a anunciar<br />

que o IED seria transferido para<br />

o armazém 7, na Zona Portuária,<br />

mas logo depois voltou atrás.<br />

nayra Garofle<br />

— Já havíamos gasto muito<br />

dinheiro na Urca. Falamos com a<br />

prefeitura que iríamos para a zona<br />

portuária desde que recebêssemos<br />

de volta todos os custos que tivemos.<br />

É claro que isso não aconteceu<br />

— conta lorenzi, afirmando<br />

que a relação de Paes com o IED<br />

é muito boa — O prefeito, desde<br />

então, tem colaborado conosco.<br />

Outra pedra no caminho do<br />

IED foi “colocada” pelo ex-prefeito<br />

do Rio, Cesar Maia. A Justiça<br />

questionou vários contratos e<br />

obras feitos durante a sua gestão<br />

e embargou muita coisa. O IED<br />

fazia parte dessa lista. Houve<br />

ainda um questionamento a respeito<br />

do projeto de restauração<br />

do prédio feito pelo Iphan.<br />

— Nosso contrato é um contrato<br />

perfeito, onde respeitamos<br />

todas as especificações. Estamos<br />

restaurando um prédio histórico<br />

e sabemos o valor disso — relata<br />

lorenzi.<br />

Fotos: Letícia Armond<br />

Parte do prédio que ainda<br />

não foi restaurada<br />

design<br />

O diretor do IED no<br />

Brasil, Marco Lorenzi,<br />

mostra, empolgado,<br />

como o prédio vai ficar<br />

depois da restauração<br />

segundo ele, o orçamento<br />

previsto para a restauração total<br />

do prédio gira em torno de 18<br />

milhões de reais. As obras estão<br />

divididas em duas partes: a primeira,<br />

do lado da praia, já está<br />

pronta - só falta receber os móveis.<br />

A segunda, que inclui o prédio<br />

ao lado do morro da Urca, começará<br />

a ser realizada depois que<br />

a administração do IED já estiver<br />

trabalhando no local. lorenzi explica<br />

que o Rio de Janeiro foi uma<br />

“escolha natural” para abrigar o<br />

Istituto, que já tem uma representação<br />

em são Paulo.<br />

— Adoro trabalhar em são<br />

Paulo, mas não posso negar que<br />

o Rio é o Rio. É internacional. É<br />

muito mais fácil trazer profissionais<br />

para cá porque ele vai trabalhar<br />

e, em seguida, aproveitar o<br />

que essa cidade oferece — diz o<br />

diretor, lembrando que a sede do<br />

Rio visa questões de sustentabilidade<br />

— Aqui, a nossa prioridade<br />

é a arquitetura sustentável. Não<br />

há lugar melhor para trabalhar isso<br />

do que no Rio — garante.<br />

Faz parte da filosofia do IED<br />

recuperar patrimônios históricos<br />

das cidades em que se instala,<br />

devolvendo-os à população,<br />

agregando assim mais um valor<br />

cultural as suas diversas atividades.<br />

Assim aconteceu em barcelona,<br />

Madri e Veneza, onde o IED<br />

tem unidades.<br />

48 C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 1 0<br />

J u n h o 2 0 1 0 / C o m u n i t à i t a l i a n a 49


Fotos: Divulgação<br />

cultura<br />

Futuro<br />

eterno<br />

Dois museus projetados por arquitetas<br />

estrangeiras modernizam a paisagem de Roma<br />

os editores que se preparem<br />

para atualizar e produzir<br />

novas edições de<br />

guias turísticos e culturais<br />

dedicadas a Roma. A Cidade Eterna<br />

com seus majestosos monumentos<br />

arquitetônicos, mergulha<br />

no futuro com as novas feições<br />

urbanísticas que a anglo-iraquiana<br />

Zaha Hadid e a francesa Odile<br />

Decq conferem aos Museus MAX-<br />

XI (Artes do século XXI) e Macro<br />

(Arte Contemporânea de Roma),<br />

inaugurados no mês passao.<br />

Não se trata de espaços arquitetônicos<br />

tradicionais, mas<br />

de dois cenários revolucionários,<br />

marcados por uma linguagem comum<br />

entre arquitetura e arte, na<br />

exposição das obras propriamente<br />

ditas. Para Zaha e Odile, o visitante<br />

deve se sentir livre ao caminhar<br />

entre esculturas, quadros<br />

e instalações como se estivesse<br />

liSomar Silva<br />

coRREspondEntE • Roma<br />

passeando ao ar livre. Ambas privilegiaram<br />

a luz natural nos dois<br />

museus, assim como a neutralidade<br />

do branco nas poucas paredes<br />

do MAXXI e o rigor do preto<br />

para os espaços internos da nova<br />

ala inaugurada do Macro.<br />

A arquitetura urbana contemporânea,<br />

segundo Zaha e Odile,<br />

não deve agredir o espaço urbanístico<br />

pré-existente que a circunda.<br />

As duas célebres arquitetas<br />

defendem que a arquitetura<br />

contemporânea e futura dos museus<br />

deverá ser aberta, viva, leve<br />

e simples, pois terá que levar<br />

em conta a exigência de popularizar<br />

a linguagem da arte em todas<br />

as suas formas de expressão.<br />

A inauguração dos novos espaços<br />

arquitetônicos de Roma, por<br />

exemplo, não se limitou a uma<br />

cerimônia oficial com coquetel<br />

exclusivo para personalidades cé-<br />

lebres. Durante três dias, os dois<br />

museus tiveram entrada franqueada<br />

ao público que pode comentar<br />

suas impressões falando diretamente<br />

com as arquitetas.<br />

no ventre de moby Dick<br />

Percorrer os espaços abertos e<br />

naturalmente iluminados do Maxxi<br />

é uma aventura cheia de surpreendentes<br />

emoções, como se a<br />

obra fosse um gigantesco corpo<br />

vivo, com o movimento da baleia<br />

Moby Dick no romance de Herman<br />

Melville. MAXXI é o acrônimo da<br />

escritura romana para o nosso<br />

século 21, somada à medida maxi<br />

(extra-large). Não há andares<br />

pré-definidos, paredes divisórias<br />

nem seções separadas umas das<br />

outras, salvo para as mostras individuais.<br />

todos os espaços se<br />

unem como galerias sucessivas,<br />

As arquitetas Odile Decq<br />

e Zaha Hadid<br />

que acolhem cerca de 300 obras<br />

de artistas italianos e estrangeiros<br />

- entre eles, o brasileiro Iran<br />

do Espírito santo. Pelos corredores,<br />

pode-se admirar algumas das<br />

principais criações artísticas de<br />

Carlo scarpa, Michelangelo Pistoletto,<br />

Alighiero boetti, Pino Pascali,<br />

Andy Warhol, grazia toderi,<br />

stefano Arienti, Kutlug Ataman,<br />

luigi Moretti, além dos esboços<br />

criados por Zaha ao longo do desenvolvimento<br />

do projeto.<br />

O nascimento propriamente<br />

dito do MAXXI não foi fácil. Zaha<br />

venceu o concurso internacional<br />

de arquitetura para a realização<br />

do museu no bairro romano de<br />

Flamínio em 1998, com um projeto<br />

que implicava na demolição<br />

de velhos edifícios militares.<br />

Quando foi apresentado, custava<br />

cerca de 8 milhões de euros. Porém,<br />

o programa de obras e financiamentos<br />

sofreu várias interrupções.<br />

Na última fase, foi reformulado<br />

e reduzido de três para<br />

dois corpos arquitetônicos, cuja<br />

realização conclusiva ficou avaliada<br />

em 150 milhões de euros.<br />

Davide Franceschini<br />

Em todos esses anos, Zaha<br />

contou com o paciente suporte<br />

tecnológico dos engenheiros italianos<br />

do studio Croci na busca de<br />

soluções técnicas inéditas, mas<br />

eficazes para os vários problemas<br />

encontrados na realização do projeto.<br />

Coube a eles garantir solidez<br />

e segurança à estrutura do edifício,<br />

criando uma série de módulos<br />

encaixáveis e justapostos, que<br />

permitem a dilatação e a contração<br />

dos materiais, conforme a oscilação<br />

das temperaturas dentro e<br />

fora do edifício, sem provocar fissuras<br />

no cimento armado.<br />

toda a construção – que Zaha<br />

considera como criação perfeita,<br />

mas ainda incompleta – concentra<br />

em si uma combinação de movimento,<br />

energia e até um certo<br />

erotismo presente também nas<br />

curvas que marcam os projetos<br />

do brasileiro Oscar Niemeyer. Influenciada<br />

pelas vanguardas russas<br />

da década de 20, ela se identifica<br />

hoje com a corrente desconstrutivista<br />

e conceitual da arquitetura,<br />

onde cada espaço deve<br />

cumprir múltiplas funções. O vidro,<br />

o aço e o cimento definem<br />

as formas arrojadas e versáteis do<br />

MAXXI, realizadas em uma área<br />

de 27 mil metros quadrados.<br />

Zaha - vestida como uma moderníssima<br />

dark lady - nasceu<br />

em bagdá, mas vive e trabalha<br />

há muitos anos em londres. Foi<br />

aluna do arquiteto holandês Rem<br />

Koolhas. É a primeira profissional<br />

mulher a ter recebido o Premio<br />

Pritzker (o Nobel dos arquitetos)<br />

e acaba de assinar também a realização<br />

do museu dos transportes<br />

em glasgow, na Escócia. Acha a<br />

cidade de Roma “muito alegre e<br />

confusa” por conta de suas ruas e<br />

Davide Franceschini<br />

Tanto no Macro quanto no MAXXI<br />

o visitante deve se sentir como se<br />

estivesse passeando ao ar livre<br />

quarteirões de formas irregulares<br />

que desorientam os turistas:<br />

— ter realizado este museu em<br />

Roma é muito importante. Aprecio<br />

esta cidade desde a primeira vez<br />

que a visitei com meus pais, quando<br />

ainda era menina. Jamais poderia<br />

imaginar que um dia eu voltaria<br />

para inaugurar uma obra arquitetônica<br />

de minha autoria. Minha proposta<br />

é a de fazer com que o visitante<br />

se aproxime da arte contemporânea<br />

sem medo nem qualquer<br />

outro tipo de barreira psicológica.<br />

Zaha já esteve no brasil e,<br />

como conta, teve a oportunidade<br />

de conhecer as criações de Oscar<br />

Niemeyer e lucio Costa, “que até<br />

hoje mantêm os traços fortes e<br />

vitais de uma arquitetura dinâmica<br />

no movimento de suas linhas”.<br />

— Essa linguagem livre e<br />

reivindicativa de modernidade é<br />

tão importante para o brasil como<br />

para a Argentina, o Chile e a<br />

Venezuela. Ainda não tenho projetos<br />

desenvolvidos para o brasil<br />

nem em outros países latinoamericanos,<br />

mas certamente gostaria<br />

de criar obras que entras-<br />

MAXXi_IwanBaan_Courtesy ZahaHadidArchitects<br />

sem em simbiose com o território<br />

e seus habitantes — afirma.<br />

Vestígios da antiga cervejaria<br />

A arquiteta francesa Odile Decq<br />

se diverte em mostrar aos visitantes<br />

do Macro o grande lavabo<br />

feito em resina luminosa e multicolorida,<br />

instalado em uma toalete<br />

pública recoberta de espelhos.<br />

Ela conta que sente a força da sua<br />

bretanha natal e da Europa em<br />

seu trabalho, “numa intensidade<br />

maior que a influência francesa”.<br />

Cabelos penteados à maneira<br />

de Andy Warhol, Odile privilegia<br />

o preto na maquiagem e nas roupas<br />

em estilo neo-punk que veste,<br />

assim como na cor de fundo<br />

que marca as paredes e o pavimento<br />

do museu. Para valorizar<br />

a área de ampliação do Macro,<br />

fundiu os traços da arquitetura<br />

contemporânea com uma parte<br />

da construção pertencente à antiga<br />

Cervejaria Peroni para manter<br />

viva a memória da arqueologia<br />

industrial presente no bairro<br />

romano burguês de Nomentano,<br />

nas proximidades de Porta Pia.<br />

todo o novo espaço ampliado<br />

do Macro cobre 19.500 metros<br />

quadrados. Odile apresentou o projeto<br />

em 2001, para um custo final<br />

de 20 milhões de euros. A arquiteta<br />

francesa venceu o leão de Ouro<br />

na bienal de Arquitetura de Veneza<br />

em 1996 com seu sócio benoit<br />

Cornette. Juntos, realizaram<br />

importantes obras arquitetônicas<br />

na linha high tech, como o aeroporto<br />

japonês de Osaka e o Centro<br />

de Pesquisas saint gobain de Paris.<br />

Orientada para a arquitetura<br />

no perfil dinâmico do high tech,<br />

Odile não perde de vista seu europeísmo.<br />

Usa coragem e fantasia<br />

na aplicação de cristais para<br />

as grandes vidraças e de pedras<br />

duras como o basalto no pavimento.<br />

Abre passarelas e galerias<br />

em cores neutras com a finalidade<br />

de realçar as obras e instalações<br />

artísticas expostas, fazendo<br />

entrar muita luz natural através<br />

de enormes frestas e vitrines.<br />

Ali, estão reunidas obras e instalações<br />

de Mario schifano, Jannis<br />

Kounellis e suboth gupta.<br />

Odile também cria um grande<br />

mosaico de salas expositivas, galerias<br />

com uma parte bem visível<br />

da estrutura arquitetônica da antiga<br />

cervejaria, além de terraços<br />

com foyer, uma fonte, bar e restaurante,<br />

inseridos num panorama<br />

caracterizado por edifícios romanos<br />

construídos entre o final do<br />

século 19 e inicio do século 20.<br />

Mas a surpresa para o visitante<br />

começa no hall de entrada, onde a<br />

arquiteta colocou o anfiteatro todo<br />

em vermelho vivo. Odile define<br />

como seu “território sensual” a sinuosidade<br />

e as concavidades que<br />

marcam o conjunto de passarelas,<br />

galerias e terraços do prédio.<br />

50 C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 1 0<br />

J u n h o 2 0 1 0 / C o m u n i t à i t a l i a n a 51


cultura<br />

la casa<br />

della cultura<br />

Caseggiato simbolo della immigrazione italiana in Mato Grosso do Sul sarà restaurato<br />

Quando l’imprenditore bernardo<br />

baís ha deciso di<br />

mettere radici a Campo<br />

grande gli abitanti<br />

del luogo non prevedevano che,<br />

insieme alla famiglia italiana,<br />

avrebbero anche accolto molti<br />

elementi capaci di dare impulso<br />

allo sviluppo locale. Era il 1913<br />

e baís iniziava la costruzione<br />

del secondo palazzetto coloniale<br />

del contesto urbano della capitale<br />

del Mato grosso do sul, il<br />

primo in muratura con malta di<br />

ghiaia, calce e sabbia, e originalmente<br />

coperto con tegole di<br />

ardesia arrivate dall’Italia. Oggi<br />

il luogo, conosciuto come Morada<br />

dos baís, accoglie parte delle<br />

iniziative culturali della città e<br />

contemporaneamente preserva le<br />

caratteristiche italiane dell’inizio<br />

del secolo scorso in brasile.<br />

la casa, motivo d’orgoglio<br />

per i cittadini della città, è fino<br />

alla fine dell’anno in una fase di<br />

ristrutturazione che comprende<br />

nuove pitture e riparazioni tecniche<br />

strutturali. In agosto farà<br />

parte delle celebrazioni per l’anniversario<br />

della città nell’ambito<br />

delle rappresentazioni del Lídia<br />

na Morada, che racconta la storia<br />

di chi ha abitato la casa.<br />

— Quest’intervento trasforma<br />

l’edificio in museo interattivo,<br />

visto che vengono usati mezzi<br />

audiovisivi e il visitatore partecipa<br />

all’esposizione. l’iniziativa<br />

innovatrice, di forte risonanza,<br />

ci fa ricordare che bernardo<br />

baís è stato uno dei primi a dare<br />

impulso al Centro Ovest brasiliano.<br />

Molto di ciò che siamo ed abbiamo<br />

a Campo grande, e anche<br />

all’interno dello stato, lo dobbiamo<br />

ad uomini come lui— afferma<br />

Athayde Nery de Freitas Ju-<br />

nior, presidente della Fundação<br />

Municipal de Cultura de Campo<br />

grande (Fundac).<br />

Nato a lucca, in toscana, nel<br />

1861, bernardo Franco baís è venuto<br />

in brasile quando aveva 15<br />

anni. Prima di andare nello stato<br />

di Mato grosso do sul ha abitato<br />

a Campinas (sP). Arrivato all’età<br />

di 18 anni all’accampamento di<br />

Campo grande, si è subito sposato<br />

con Amélia Alexandrina, figlia<br />

di fazendeiros della regione<br />

di Coxim. Da questa unione sono<br />

nati nove figli, di cui sette<br />

sopravvissuti. Fra questi la più<br />

conosciuta è stata lídia, artista<br />

plastica che ha avuto modo di<br />

esprimersi in opere abbastanza<br />

avanzate per quell’epoca.<br />

Il progetto del palazzetto dei<br />

baís era stato firmato dall’ingegnere<br />

João Pandiá Calógeras ed è<br />

stato costruito da un immigrante<br />

italiano del quale si conosce solo<br />

il primo nome, Matias. la costruzione<br />

è durata cinque anni, ed è<br />

stata la residenza della famiglia<br />

fino al 1938, anno in cui il patriarca<br />

è morto in seguito a un<br />

incidente, vittima del treno che<br />

voleva tanto che passasse vicino<br />

a casa sua.<br />

Facciata della casa<br />

addobbata per le feste<br />

Sílvia Souza<br />

— Quando stava costruendo<br />

l’abitazione la città viveva l’evoluzione<br />

nel settore dei trasporti<br />

con l’arrivo della locomotiva. Il<br />

tracciato originale della ferrovia<br />

non prevedeva la curva necessaria<br />

per posare i binari davanti al<br />

palazzo dei baís, ma bernardo ne<br />

aveva fatto richiesta e l’ingegnere<br />

responsabile dell’opera l’aveva<br />

esaudito. bernardo anticipava i<br />

tempi e sapeva che quell’intervento<br />

avrebbe portato dei vantaggi.<br />

Nel 1938, con problemi<br />

d’udito, non ha sentito l’arrivo<br />

del treno ed è stato investito —<br />

ricorda Freitas Junior.<br />

l’incidente è avvenuto il 19<br />

agosto, bernardo aveva 77 anni.<br />

la locomotiva della NOb, che<br />

viaggiava verso são Paulo, l’ha<br />

travolto quando attraversava i<br />

binari vicino al passaggio a livello<br />

della Rua 15 de Novembro. E’<br />

morto il giorno dopo.<br />

bernardo, che aveva cominciato<br />

facendo il venditore ambulante<br />

di merci che trasportava<br />

a dorso di mulo, avventurandosi<br />

in luoghi deserti, aveva<br />

poi aperto un negozio a Campo<br />

grande. Proprietario in società<br />

di una ditta nel Casario do Porto,<br />

a Corumbá, era additato dovunque<br />

passasse come un uomo<br />

che aveva fatto fortuna col suo<br />

lavoro. Era ritornato dall’Italia<br />

dove aveva comprato una nave<br />

a vapore per portare tutte le<br />

attrezzature e le merci necessarie<br />

per l’apertura della ditta. Il<br />

vapore Iguatemy poi aveva cominciato<br />

a trasportare carichi<br />

ad Assunção e Montevidéu, fino<br />

all’inizio del funzionamento della<br />

ferrovia (1914), che all’inizio<br />

collegava Porto Esperança a<br />

bauru, spostando poco alla volta<br />

la rotta commerciale.<br />

promuovendo l’arte<br />

l’impegno di baís nella modernizzazione<br />

della città non è stato<br />

dimenticato nella storia di Campo<br />

grande. Il progetto lídia na<br />

Morada, la cui prima edizione è<br />

avvenuta nell’agosto 2009 in occasione<br />

dei 110 anni del comune,<br />

riscatta, oltre all’influenza della<br />

famiglia, il talento dell’artista figlia<br />

dell’imprenditore italiano.<br />

la frase “per mia causa voi<br />

passerete alla storia” detta tante<br />

volte da lídia indicava già il<br />

suo temperamento considerato<br />

ribelle per i canoni dell’epoca.<br />

Quando era piccola aveva abitato<br />

in Italia per un anno con la<br />

sua famiglia. Insieme alle sorelle<br />

Ida e Celina aveva studiato nella<br />

scuola salesiana di Assunção, in<br />

Paraguay – la prima delle più di<br />

cinque scuole nelle quali era poi<br />

passata. In queste peregrinazio-<br />

ni era stata a Rio grande do sul<br />

e nelle città Itu, são Paulo e Rio<br />

de Janeiro. la condotta volitiva<br />

e l’insoddisfazione costante col<br />

mondo che la circondava erano i<br />

fattori principali del cambio continuo<br />

di scuole.<br />

Adolescente, lídia è tornata<br />

nella casa dei genitori. tempo<br />

dopo ha convinto bernardo a<br />

lasciarla studiare di nuovo a Rio,<br />

dove ha dedicato il tempo libero<br />

alla pittura e al piano. I suoi primi<br />

quadri a olio sono stati dipinti<br />

intorno al 1915.<br />

Nel 1925 l’italobrasiliana ha<br />

approfittato di un viaggio in<br />

Europa per motivi di studio del<br />

cognato medico e di sua sorella<br />

Celina per vivere a berlino e<br />

a Parigi. Volendo perfezionare la<br />

tecnica e lo stile ha cominciato<br />

<strong>La</strong> residenza, per la cui<br />

costruzione ci sono voluti cinque<br />

anni, ospita la Casa de Cultura del<br />

Comune. Accanto, cortile interno<br />

a frequentare anche i musei, ha<br />

preso contatto con altri artisti,<br />

fra cui Ismael Néri, pittore nato<br />

a belém, anche lui in Francia.<br />

Durante questa fase è stata fortemente<br />

influenzata dall’espressionismo<br />

e dal surrealismo, rompendo<br />

con lo stile accademico<br />

adottato anteriormente.<br />

— lídia aveva l’inquietudine<br />

dell’artista, che è sempre alla ricerca<br />

del nuovo, di qualcosa di<br />

più. Nonostante gli atteggiamenti<br />

intempestivi, come una fuga a<br />

Rio de Janeiro, bernardo baís la<br />

aiutava. In questa fase ha vissuto<br />

esperienze spirituali dedicandosi<br />

anche a digiuni e a pratiche<br />

<strong>La</strong> casa è fino alla fine dell’anno in una fase di ristrutturazione che<br />

comprende nuove pitture e riparazioni tecniche strutturali<br />

intense di reclusione — racconta<br />

il presidente della Fundac.<br />

la residenza<br />

lídia ha dipinto le pareti del<br />

palazzetto durante l’ultimo anno<br />

di permanenza dei baís nella<br />

residenza. In quell’epoca la sala<br />

azzurra era proprio la stanza<br />

dell’artista, chiamata sala Mistica.<br />

la sala rosa invece era stata<br />

battezzata sala delle Passioni. In<br />

uno dei dipinti si vedevano chiaramente<br />

tre figure nude, causa di<br />

rossore per chi le guardava.<br />

Dopo che la famiglia italiana<br />

si è trasferita in un’altra casa,<br />

sempre a Campo grande, l’antica<br />

residenza è stata affittata ed è<br />

diventata una pensione, che ha<br />

funzionato con diversi proprietari<br />

fino al 1979. I pannelli di lídia<br />

sono stati ricoperti di calce.<br />

Prima di ciò, nel giugno<br />

1974, un incendio aveva distrutto<br />

le tegole di ardesia e i<br />

pavimenti di legno italiano. In<br />

fase di lavori le tegole originali<br />

erano state sostituite con tegole<br />

di cotto del tipo francese.<br />

Poi la pensione è stata sostituita<br />

da negozi e la residenza ha<br />

ospitato un negozio di scarpe,<br />

una scuola di radio e tV, un lotto,<br />

una sartoria, fino ad entrare<br />

in un periodo di abbandono e<br />

devastazione, terminato il 4 luglio<br />

1986, quando la residenza è<br />

stata dichiarata protetta dall’Instituto<br />

do Patrimônio Histórico e<br />

Cultural del Comune.<br />

— Pochi palazzi sono mantenuti<br />

con tanta tenacia. Campo<br />

grande è una delle 100 città<br />

storiche del brasile, secondo l’Instituto<br />

do Patrimônio Artístico<br />

e Cultural (Iphan). la Casa dos<br />

baís fa parte di questo patrimonio—<br />

fa notare Freitas Junior.<br />

Approfittando di questa speciale<br />

opportunità, il serviço brasileiro<br />

de Apoio às Pequenas e<br />

Médias Empresas local (sebrae-<br />

Ms) ha sviluppato nel 1993 il<br />

Projeto turismo Responsável,<br />

una partecipazione con il Comune<br />

per ridare vita all’edificio. Da<br />

quel momento la casa accoglie il<br />

Centro de Informações turísticas<br />

e Culturais della città. Il progetto<br />

di restauro è stato firmato da tre<br />

architetti, e il recupero dei pannelli<br />

di lídia è passato sotto la responsabilità<br />

dell’artista Dulcimira<br />

Campesani, professoressa del Departamento<br />

de Artes e Comunicação<br />

della Universidade Federal<br />

di Mato grosso do sul (UFMs).<br />

Il luogo dove funziona la Casa<br />

de Cultura de Campo grande<br />

è palco per rappresentazioni di<br />

danza, teatro, poesia, mostre e<br />

musica. Illuminata e con la supervisione<br />

di vari organizzatori, è<br />

nella Morada che la città festeggia<br />

il periodo di Natale.<br />

52 C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 1 0<br />

J u n h o 2 0 1 0 / C o m u n i t à i t a l i a n a 53


Fotos: Márcio Madeira<br />

moda<br />

Ficou na<br />

praia<br />

Line up carioca entra na disputa pelo título de<br />

maior apresentação de beachwear do mundo e<br />

bolsas de negócios do setor disputam clientes<br />

com antecipação do calendário de lançamentos<br />

É<br />

Paulo borges quem anuncia:<br />

a ambição do Fashion Rio é<br />

se tornar referência mundial<br />

em moda praia. Isso significa,<br />

segundo ele, desbancar a Mercedez-benz<br />

Fashion Week swim,<br />

que ocorre em Miami - atualmente,<br />

o grande evento do segmento. Assim,<br />

o futuro da semana de moda<br />

carioca começa a ser definido como<br />

se especulava (e era negado) desde<br />

o ano passado, quando a Inbrands<br />

assumiu o comando não apenas do<br />

Fashion Rio como também da são<br />

Paulo Fashion Week.<br />

Na última edição do Fashion Rio,<br />

em junho, borges, sócio da Inbrands<br />

para a realização dos desfiles, trouxe<br />

para a Cidade Maravilhosa várias<br />

grifes de praia que desfilavam em<br />

são Paulo e promete mais gente do<br />

segmento para as próximas edições<br />

do evento. trouxe de volta também<br />

os estilistas cariocas Isabela Capeto<br />

(cuja marca pertence à Inbrands)<br />

e Maxime Perelmuter. Há seis anos,<br />

Isabela havia deixado o Rio para desfilar<br />

em são Paulo. Já o estilista da<br />

british Colony não mostrava sua coleção<br />

nas passarelas há quatro anos.<br />

— Estamos experimentando caminhos.<br />

Não dá para dizer que a Isabela<br />

vai ficar sempre no Rio. Já conversei<br />

também com o Ricardo Ferreira,<br />

da Richards, porque acho que em<br />

algum momento a marca deve desfilar<br />

também — afirma borges que<br />

acredita que esses estilistas têm o<br />

“estilo do Rio” que ele quer reunir<br />

Sílvia Souza<br />

nos desfiles cariocas. Detalhe: a Richards<br />

também pertence à Inbrands.<br />

Alheia às ponderações sobre os<br />

estilos que dividirão as semanas de<br />

moda das duas principais cidades<br />

brasileiras, Isabela encerrou a semana<br />

carioca. Essa edição também<br />

marcou a estreia da grife na bolsa de<br />

negócios do evento, o Rio-à-Porter:<br />

— Voltar para casa é sinônimo de<br />

celebração. Mas não saberia comentar<br />

essa diferença entre Rio e são Paulo.<br />

Não estou sabendo de nada, mas<br />

confio no trabalho do Paulo (borges),<br />

pois ele sempre tem boas ideias.<br />

Formada pela Academia de Moda<br />

de Florença, a estilista carioca salientou<br />

que sua coleção, marcada pelo<br />

romantismo e a feminilidade, conserva<br />

“alguma inspiração” dos momentos<br />

em que ela viveu na Itália.<br />

— Eu comecei lá, nos idos de<br />

1990, onde morei por três anos e<br />

meio. Entre os estilistas italianos que<br />

admiro posso citar Moschino e gucci.<br />

A Itália tem tradição na alta costura.<br />

É ícone. Nas minhas peças tem bordado<br />

e vestidos, aliás, eles não podem<br />

faltar no meu verão — analisa<br />

ela, que mostrou trabalhos em seda,<br />

algodão e tule, incrementando materiais<br />

como miçangas e conchas.<br />

negócios<br />

Pela primeira vez, desde que se afastou<br />

da Fashion Rio, Eloysa simão<br />

realizou sua bolsa de negócios de<br />

moda, a Fashion busines, antes da<br />

semana de desfiles. Outra vez na Ma-<br />

rina da glória, agora, com patrocínio<br />

máster do senac Rio,<br />

manteve a conexão entre moda,<br />

bem-estar e lazer e repetiu o investimento<br />

em palestras, desfiles<br />

técnicos, qualificação de mão<br />

de obra e do que pode se ver nas<br />

lojas (com o salão tech).<br />

O senac Rio Fashion business<br />

ocorreu uma semana antes do<br />

Rio- à-Porter e teve como desfile<br />

de encerramento a coleção do estilista<br />

Victor Dzenk. Ele foi lançado<br />

por Eloysa ainda na semana<br />

barrashopping de Estilo, nos<br />

anos 90, e até a edição passada,<br />

desfilava no Fashion Rio.<br />

— O Fashion business movimentou<br />

770 milhões de reais e<br />

atraiu 50 mil pessoas, com um<br />

volume de vendas de 40% maior<br />

do que na última edição — comemorou<br />

Eloysa.<br />

A estratégia da empresária<br />

de antecipar seu evento aparentemente<br />

funcionou. No Rioà-Porter,<br />

a bolsa de negócios do<br />

Fashion Rio, apesar de os números<br />

em vendas das duas feiras<br />

serem bem parecidos, o consenso<br />

geral entre donos de grifes que<br />

Salinas<br />

British Colony<br />

Roberth Trindade<br />

Simone Gouveia, coordenadora<br />

do Pólo Petrópolis<br />

expuseram no Cais do Porto foi<br />

de que os corredores dos armazéns<br />

estavam “frios”.<br />

Com 253 expositores, um aumento<br />

de 53% em relação à edição<br />

de janeiro, segundo os organizadores,<br />

a feira movimentou<br />

cerca de 900 milhões de reais.<br />

— A feira ficou linda, três vezes<br />

maior, mas foi o pior resultado<br />

que já obtivemos. tínhamos a<br />

expectativa de vender 600 mil reais<br />

e estamos saindo com cerca de<br />

300 mil reais. sinceramente, pelo<br />

Têca<br />

Lucas<br />

Nascimento<br />

que conversei nos pólos e com as<br />

grandes marcas que ficaram próximas,<br />

não foi satisfatório. Acredito<br />

que será necessária uma revisão<br />

de conceitos e trabalho — aponta<br />

a coordenadora do Pólo de Moda<br />

Petrópolis, simone gouveia.<br />

Numa homenagem a Carmem<br />

Miranda, as coleções de 10 empresas<br />

da cidade imperial tiveram<br />

consultoria de estilo assinada pelo<br />

senai Moda. A frustração de grupo<br />

era “provada” pelos corredores<br />

mais vazios, sem o burburinho<br />

grande dos compradores. Porém,<br />

segundo o presidente da Francal<br />

Feiras, Abdala Jamil Abdala, que<br />

organiza a bolsa de negócios, a<br />

média de crescimento de lucro entre<br />

os expositores foi de 30%.<br />

O Rio-à-Porter e o Fashion Rio<br />

receberam, juntos, um público de<br />

90 mil pessoas e investimento de<br />

13 milhões de reais. O presidente<br />

da Firjan, Eduardo Eugênio gouvêa<br />

Viera frisou a importância do<br />

estado para moda verão do país.<br />

De acordo com gouvêa Vieira, o<br />

Rio de Janeiro hoje é responsável<br />

por 16% das exportações nacionais<br />

de vestimenta.<br />

Melk Z-Da<br />

Lenny<br />

tendências<br />

Depois de exaltar a conquista<br />

dos Jogos Olímpicos (esse foi o<br />

tema explorado na edição de inverno<br />

da Fashion Rio), a semana<br />

de moda carioca surfou a onda<br />

da valorização do município como<br />

cidade-símbolo de um estilo<br />

descolado. O espírito da moda<br />

praia e de destino turístico conferiu<br />

ao espaço um clima balneário-chique.<br />

O que se viu na passarela<br />

foram roupas com menos<br />

do estereótipo tropical e mais<br />

foco de estilo apoiado em objetivos<br />

comerciais.<br />

lenny, tradicional no estilo,<br />

se destacou com seus maiôs e biquínis<br />

de faixas (estilo lady gaga),<br />

modelagem impecável e peças<br />

em chamois (couro finíssimo).<br />

Mas na opinião dos consultores,<br />

todas as grifes se saíram bem em<br />

suas apresentações. tanto que,<br />

mais uma vez, o check list com as<br />

tendências do verão é vasto.<br />

Para gloria Kalil, os maiôs e<br />

biquínis virão com “emoção”, ou<br />

seja, esbanjam detalhes e surpresas.<br />

No caso dos biquínis, os<br />

modelos cortininha e as calças<br />

de lacinho saem das areias. Hoje,<br />

eles são cheios de babados, laços,<br />

estampas diferentes, furos,<br />

recortes, alças cruzadas, drapeados,<br />

bordados e metais.<br />

No quesito cor, aposte em<br />

coral, azul turquesa e no tradicional<br />

branco para valorizar o<br />

bronzeado. As estampas poderão<br />

ser florais ou digitais.<br />

— Os vestidos são as peças<br />

mais vistas. Em geral, curtos,<br />

com cintura marcada, com leves<br />

drapeados ou pequenos babados.<br />

Vi uma suave volta dos<br />

longos para o dia e grande oferta<br />

dos curtos de festa, vestidos de<br />

coquetel em todos os formatos.<br />

Já no quesito decotes, todos são<br />

válidos e o favoritismo do tomara-que-caia<br />

caiu um pouco.<br />

A jornalista lílian Pacce, por<br />

sua vez, destacou o trabalho de<br />

Melk-Zda e lucas Nascimento. O<br />

primeiro, por trabalhar materiais<br />

como a tela antiderrapante (comum<br />

em tapetes, jogos americanos<br />

e painel de recados) de forma<br />

“ousada”. Já Nascimento, conhecido<br />

pelo uso do tricô, apostou<br />

na padronagem mármore e<br />

madeira e trabalhou com cortiça:<br />

— Achei lindo o efeito do<br />

tricô transparente que de longe<br />

parece organza —enfatiza a<br />

consultora.<br />

54 C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 1 0<br />

J u n h o 2 0 1 0 / C o m u n i t à i t a l i a n a 55


machiavellica 2005<br />

In diretta<br />

mario schifano<br />

FiRENzE<br />

Giordano Iapalucci<br />

Zauberteatro presenta la IIa edizione di<br />

“Machiavellica 2005”, la manifestazione<br />

che celebra uno dei più importanti e famosi<br />

personaggi fiorentini a livello mondiale, appunto<br />

Niccolò Machiavelli. l’inaugurazione<br />

sarà il giorno 27 luglio con la messa in scena<br />

dello spettacolo “1492 - libri di lorenzo”<br />

che propone la vita del Magnifico tra intrighi,<br />

complotti e macchinazioni machiavelliche<br />

con le “voci” di Pico della Mirandola, giucciardini<br />

e savonarola. Il cortile del Museo del<br />

bargello ospiterà questa originalissima manifestazione<br />

fino al 7 agosto. Ingresso 15 euro.<br />

Considerato uno dei più importanti,<br />

provocatori ed originali artisti italiani,<br />

Mario schifano è figura di riferimento<br />

della Pop Art italiana. È uno dei<br />

rari interpreti italiani che utilizza elementi<br />

futuristi rivisitati sulla riflessione<br />

della nuova cultura legata all’immagine,<br />

figlia del mezzo di comunicazione più<br />

diffuso qual è la televisione. Negli ultimi<br />

anni gli sono state dedicate centinaia<br />

di mostre in alcuni dei più importanti<br />

musei italiani quali la galleria Comunale<br />

d’Arte Moderna di Roma, la Fondazione<br />

Marconi di Milano e Palazzo Pigorini di<br />

Parma. l’esposizione sarà aperta fino al<br />

30 giugno presso la galleria san gallo Art<br />

station di Firenze.<br />

accelerazione<br />

contemporanea<br />

Il Centro di Cultura Contemporanea<br />

strozzina fino al 18 luglio promuove la<br />

mostra “As soon as possible” Elemento<br />

centrale è il tempo, punto nevralgico della<br />

società contemporanea. tutto, o quasi, si<br />

caratterizza per rapidità nei suoi vari settori.<br />

Esempi sotto gli occhi di tutti e a cui<br />

tutti o quasi in varie forme partecipiamo<br />

sono ad esempio il fast food, il power nap<br />

un tè a Villa bardini<br />

In uno dei più suggestivi luoghi della capitale<br />

rinascimentale – Villa bardini a san<br />

Niccolò-, vengono proposti i “pomeriggi culturali<br />

con vista Firenze” all’insegna di arte,<br />

scienza e musica e appunto di una bella tazza<br />

di tè. A giugno, il 10 e il 17 saranno presenti<br />

rispettivamente Elisa Acanfora che presenterà<br />

la vita di Caravaggio e il duo musicale<br />

Duccio e Vittorio Ceccanti con i loro violini<br />

e violoncelli. Ma la programmazione non<br />

si concluderà con l’estate. sono già in programma,<br />

infatti nuove iniziative culturali per<br />

l’autunno (settembre-ottobre-novembre) accompagnate<br />

da aperitivi. l’ingresso, 5 euro,<br />

dà diritto all’ingresso anche al museo e alle<br />

mostre temporanee di Villa bardini.<br />

(rigenerazione fisica), il quality time (tempo<br />

compresso da dedicare alla famiglia) e<br />

lo speed dating (livello sentimentale); e<br />

scusate per tutti questi termini in inglese<br />

che non sono altro che la prova di accorciare<br />

il tempo nello scrivere e nel parlare!<br />

le opere di dieci artisti internazionali contemporanei<br />

affrontano esattamente questo<br />

tema: il tempo. Ingresso 5 euro.<br />

Ceramiche animate<br />

Fino al 3 ottobre 2010 è possibile visitare,<br />

presso il Museo delle Porcellane di Palazzo<br />

Pitti a Firenze, la mostra personale “Ceramiche<br />

Animate” di Paola staccioli. l’artista,<br />

fiorentina di nascita, ha una formazione umanistica<br />

ma nel corso degli anni si è sempre più<br />

dedicata alla ceramica come professione. Di<br />

piccole dimensioni ma piene di energia e fisicità,<br />

le sue ceramiche spesso oltrepassano il<br />

fine intrinseco dei suoi oggetti. le teiere per<br />

esempio servono<br />

a tutto fuorché a<br />

contenere tè. sono<br />

create per<br />

il solo fine di<br />

racchiudere il<br />

piacere estetico<br />

che esse<br />

esprimono.<br />

Orario 8.15-<br />

18.15. Chiusura: primo e<br />

ultimo lunedì del mese.<br />

A decorAdorA pAulistA<br />

soniA reginA nogueirão<br />

cAzAlini, de 49 Anos,<br />

nArrA pArA A repórter<br />

silviA souzA o trAbAlho<br />

que fAz de resgAte dA<br />

históriA de suA fAmíliA<br />

Em minha infância, na cidade<br />

de Pirituba (SP), onde<br />

ainda vivo, o contato<br />

familiar quase que na totalidade<br />

se restringiu ao lado da<br />

minha família materna Cuccato,<br />

originários do comune San Biagio<br />

di Callalta, província de Treviso,<br />

região do Vêneto.<br />

A família do meu trisavô Pietro<br />

Cuccato chegou ao Brasil 1897,<br />

com destino a Eleutério (SP). Circulam<br />

por varias cidades do interior<br />

paulista. Em meados dos anos<br />

50, vários filhos do meu avô Santo<br />

Cuccato chegam a São Paulo, onde<br />

nasci, em busca de trabalho e melhores<br />

condições de vida.<br />

Do lado paterno, conheci apenas<br />

a avó Arlinda Parisotto Cisotto<br />

e suas filhas. Meus pais iniciaram a<br />

vida de casados com muita luta. Dedicávamos<br />

os finais de semana à casa<br />

dos avós ou passeios que tinham um<br />

ar de exploração e descobrimentos.<br />

Tinha 8 anos quando minha<br />

mãe “descobriu” o tio Manoel<br />

Nogueirão e com ele a<br />

foto do avô José Nogueirão. Foi<br />

o início de meu gosto pela história<br />

familiar. Devo a ela, de<br />

modo estranho, o segundo motivo<br />

para o resgate de documentos<br />

familiares. Por engano,<br />

ela rasgou um registro do<br />

hospital com o meu “pezinho”.<br />

Fiquei tão triste que colei pedacinho<br />

por pedacinho do documento,<br />

que até hoje guardo<br />

como símbolo.<br />

Comecei a namorar aos<br />

13 anos e a família do meu<br />

marido (Cazalini) conservava<br />

muito da história e dos costumes<br />

italianos. Lembro da<br />

culinária com as histórias<br />

da avó Amália; da memória<br />

maravilhosa da tia Bruna;<br />

do jeito brincalhão do tio Beppe.<br />

Da parte do meu sogro, veio<br />

o gosto pela música italiana.<br />

Minha avó Cuccato não costumava<br />

contar histórias de sua<br />

família. Não tinha tempo por<br />

serem 13 filhos e muitos netos.<br />

Depois, nós é que crescemos e<br />

não tínhamos mais tempo para<br />

conversas. Na tentativa de saber<br />

mais sobre os ancestrais iniciei<br />

uma busca que cada dia me dá<br />

mais prazer. Hoje tenho cinco pastas<br />

com documentos, fotos e muitos<br />

livros adquiridos nestes anos.<br />

Com ajuda da internet (participo<br />

do grupo de discussão Brava<br />

Gente) e no curso sobre genealogia<br />

e história da imigração italiana<br />

(ministrado por Virginio Mantesso<br />

Neto, em 2005), pude obter informações<br />

que me ajudaram a compreender<br />

o passado de minha família.<br />

O Memorial do Imigrante<br />

passou a ser meu elo com o passado.<br />

Ali materializei as experiências<br />

de meus antepassados como:<br />

andar na locomotiva, vestir trajes<br />

antigos, passear pelos jardins,<br />

além de visitar exposições, observar<br />

objetos, corredores e até os tijolos<br />

do edifício. Tudo ali me transportava<br />

àquelas vidas.<br />

Assim, Pietro Cuccato deixou de<br />

ser apenas uma lembrança e tornou-se<br />

um objeto de pesquisa. Visitei o<br />

il lettore racconta<br />

cemitério onde, em 1914, foi sepultado.<br />

Caminhei com meus dois filhos<br />

por ruas e avenidas por onde ele e<br />

os demais familiares passaram.<br />

Com o passar dos anos, famílias<br />

próximas passaram a colaborar:<br />

Santinhos da tia Neuza, a boa memória<br />

da tia Vani, além de fotos<br />

maravilhosas da madrinha Lezia,<br />

de tia Dete e tia Célia. Assim,<br />

pouco a pouco, vou reconstruindo o<br />

passado da família. Agora, nos sites:<br />

www.familiacuccato.com.br e www.estudosgenealógicos.com.br<br />

estão disponíveis<br />

versões de toda a pesquisa<br />

realizada nestes anos.<br />

Ferramentas como o Orkut,<br />

onde mantenho as comunidades das<br />

famílias Cuccato, Casalino e Destefani,<br />

me ajudam a identificar pessoas<br />

interessadas em dados semelhantes<br />

e trocar informações. Lá,<br />

conheci Silvo Tasso, italiano descendente<br />

de Marianna Cuccato, irmã<br />

de Pietro. Silvo me presenteou com<br />

muitas fotos, nomes e dados que possibilitaram<br />

fazer a pesquisa chegar<br />

a 1590. O quebra-cabeça foi monta-<br />

do. Agora, aos 49 anos, ajudo Silvo,<br />

amante de genealogia, a buscar seus<br />

elos aqui no Brasil.<br />

É assim que meu mundo se amplia<br />

além dos muros que me cercam.<br />

Assim, vou compreendendo que<br />

sou mais que um simples indivíduo,<br />

sou a soma de tantos outros que vieram<br />

antes de mim. Minha história<br />

não se resume ao tempo de minha<br />

vida, mas vem de um passado longínquo<br />

que, enriquecido por experiências<br />

de gerações após gerações,<br />

por mim passa e segue seu rumo ad<br />

infinitum.<br />

Mande sua história com material fotográfico para:<br />

redacao@comunitaitaliana.com.br<br />

56 C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 1 0<br />

J u n h o 2 0 1 0 / C o m u n i t à i t a l i a n a 57


Fotos: Divulgação Salton<br />

espumante<br />

História<br />

centenária<br />

Há tempos, comemorações rimam com o espocar de espumantes.<br />

Ninguém cogita uma celebração, por mais simples que seja, sem a<br />

presença da bebida. E quando a celebração é nada menos do que os<br />

cem anos de vida de uma empresa cujo nome, nos últimos tempos,<br />

praticamente virou sinônimo de espumante? Preparem as borbulhas<br />

porque a vinícola brasileira Salton comemora, em agosto, o seu centenário<br />

a<br />

aniversariante encara<br />

a data em plena forma.<br />

Mas nem sempre foi assim.<br />

tempos atrás, vários<br />

membros da família que deu<br />

origem à vinícola tinham vergonha<br />

da empresa. Outros queriam,<br />

desesperadamente, se livrar de<br />

ações que tinham herdado. Com<br />

certeza, devem estar arrependidos.<br />

Hoje, a salton é um patrimônio<br />

avaliado em 100 milhões<br />

de reais e seu espumante “abocanha”<br />

40% do mercado nacional,<br />

o que a torna líder na comercialização<br />

da bebida no país.<br />

— Agora, ninguém mais tem<br />

vergonha de ser um salton —<br />

brinca o presidente do grupo<br />

Daniel salton que, sim, um dia,<br />

não sentiu um pingo de orgulho<br />

do nome. — Quando eu era guri,<br />

eu tinha vergonha porque a<br />

empresa era muito mal falada.<br />

Meus pais viviam pendurados<br />

em bancos pagando papagaios,<br />

como os empréstimos eram chamados<br />

na época.<br />

A confissão pode soar desconcertante,<br />

mas apenas reflete<br />

a sinceridade de Daniel.<br />

Aos 56 anos, ele admite<br />

Sônia apolinário<br />

também que, sim, a família brigava<br />

muito:<br />

— Na época dos meus tios,<br />

eles queriam se matar.<br />

Essas brigas quase mataram a<br />

própria empresa. se isso acontecesse,<br />

seria mais um nome<br />

na lista de pequenas vinícolas<br />

criadas por famílias de<br />

imigrantes italianos que se<br />

estabeleceram no sul do brasil<br />

a desaparecer do mapa.<br />

Os salton são originários do<br />

Vêneto. A empresa foi criada<br />

em 1910, quando os irmãos<br />

Paulo, Ângelo, João,<br />

Cezar, luiz e Antônio salton,<br />

deram cunho empresarial aos<br />

negócios do pai, o imigrante<br />

Antonio Domenico salton, que<br />

vinificava informalmente, como<br />

a maioria dos colonos da<br />

região. Os irmãos passaram a<br />

se dedicar à cultura de uvas e à<br />

elaboração de vinhos, espumantes<br />

e vermutes, com a denomi-<br />

nação Paulo salton & Irmãos, no<br />

centro de bento gonçalves (Rs).<br />

Daniel acredita que tem o toque<br />

do destino o fato dele ser<br />

presidente na época do centenário<br />

da vinícola. Afinal, o Paulo<br />

que dava nome à empresa original<br />

era seu avô. O atual presidente<br />

da salton, apesar de trabalhar<br />

no grupo desde 1980, foi<br />

escolhido pela família para comandar<br />

a empresa apenas no ano<br />

passado, após a morte de Ângelo<br />

salton Neto, em fevereiro de<br />

2009, de infarto, aos 56 anos.<br />

Ele trabalhou no grupo por 34<br />

anos e foi o presidente da empresa<br />

nos últimos 28 anos.<br />

Generais<br />

Ângelo foi um dos “generais” que<br />

conseguiu apaziguar a família e<br />

colocar a empresa nos eixos. Antes<br />

dele, seu tio Mario foi o primeiro<br />

a, literalmente, dar socos na mesa<br />

para colocar ordem na casa. Nessa<br />

época, na década de 70, a salton<br />

quase parou de produzir vinhos.<br />

Foi o conhaque Presidente que<br />

sustentou a família. Isso, mesmo<br />

tendo o vinho da casa prestígio a<br />

ponto de ter sido o escolhido para<br />

ser servido durante a solenidade<br />

de posse do presidente da República<br />

João goulart, em 1961.<br />

O tio Mario evitou o colapso<br />

da empresa. Mas foi o<br />

sobrinho que deu a grande<br />

guinada na salton. Carismático,<br />

alma de vendedor,<br />

Ângelo assumiu a<br />

presidência da vinícola<br />

aos 28 anos de idade<br />

quando a empresa devia<br />

oito anos de impostos.<br />

Ele saldou as<br />

dívidas, construiu uma<br />

nova vinícola automatizada e<br />

conquistou importantes posições<br />

no mercado para a empresa. tu-<br />

Antônio, Paulo, João, Luiz, Cezar, Ângelo e José. Os irmãos Salton<br />

perceberam que as uvas trazidas da Itália, ainda em 1878, apresentavam<br />

excelente adaptação ao clima da Serra Gaúcha<br />

do isso, sempre ao lado dos seus<br />

fiéis escudeiros: os primos Daniel<br />

e Antonio. Juntos, representam<br />

os três grupos da família.<br />

Ângelo comandava a empresa<br />

de são Paulo, mantendo uma tradição<br />

administrativa. A salton está<br />

presente na capital paulista desde<br />

1945. Daniel sempre viveu, literalmente,<br />

na empresa. Criança, passava<br />

os dias na casa da avó Vitória (o<br />

avô ele não conheceu), onde comia<br />

muita uva e brincava na cantina.<br />

A família levava a vida com dificuldades.<br />

Moravam em uma casa<br />

simples, o que fazia o menino Daniel<br />

olhar de olhos compridos para<br />

outras “casas melhores” da região.<br />

Era a tal fase da vergonha familiar.<br />

— Mais tarde, quando comecei<br />

a entender melhor as coisas, fui<br />

estudar administração já pensando<br />

em ajudar a empresa. Nas férias,<br />

trabalhava na vinícola para ganhar<br />

algum dinheiro. Eu fechava caixas<br />

de madeira, queria aprender tudo,<br />

não tinha frescura, essa história<br />

de ser dono. Nossa família sempre<br />

foi muito simples. Ainda hoje, gostamos<br />

de receber com muita simplicidade<br />

— conta Daniel.<br />

A grande virada da empresa<br />

aconteceu na década de 90. Até<br />

então, o grupo tinha como foco<br />

atingir a classe média baixa,<br />

com produtos populares, puxado<br />

pelo eterno carro-chefe,<br />

o conhaque Presidente. Em<br />

1999, Ângelo promoveu<br />

a visita de sommeliers à<br />

vinícola. O grupo gostou<br />

do vinho produzido,<br />

mas ficou horrorizado<br />

ao saber que aquele<br />

“diamante bruto” era<br />

“lapidado” com misturas.<br />

A ficha caiu.<br />

A empresa mudou<br />

seu foco para o mercado médio<br />

e alto. Mudou produto, imagem,<br />

planejamento. Isso incluiu<br />

até a forma de plantar e colher.<br />

De mil fornecedores de uva, passou<br />

para 600. Atualmente, a vinícola<br />

tem a rastreabilidade da uva<br />

que consome. Para ajudar nessa<br />

fase, enólogos foram chamados.<br />

Em 2002, o argentino Angel Mondoza<br />

iniciou um trabalho de consultoria<br />

que duraria cinco anos.<br />

Nesse meio tempo, a segunda ficha<br />

caiu:<br />

— Nosso solo tem uma acidez<br />

perfeita para o espumante. A qualidade<br />

da terra é parecida com a da<br />

França. Produzir espumantes era,<br />

então, o mais lógico a se fazer.<br />

Atualmente, a salton produz<br />

14 milhões de litros de espumante<br />

e vinho por ano e 18<br />

milhões de litros de conhaque,<br />

bebida que detém 35% do mercado<br />

de brands, no país, o que<br />

coloca a empresa no segundo lugar<br />

em vendas. No ano passado,<br />

o lucro líquido do grupo foi de 12<br />

milhões de reais, com um faturamento<br />

de 207 milhões de reais.<br />

Data da época da “virada” o<br />

início da criação dos principais<br />

produtos que fazem a família<br />

salton se orgulhar do nome: o<br />

premiado espumante salton<br />

Reserva Ouro e vinhos<br />

como o talento (servido<br />

ao Papa bento XVI em sua<br />

visita ao brasil, em 2007),<br />

Virtude e Desejo (o preferido<br />

de Daniel). Ao todo, a vinícola<br />

possui 40 rótulos.<br />

Atualmente, um dos<br />

grandes orgulhos da família<br />

é a nova sede da vinícola,<br />

inaugurada em 2004,<br />

em tuiuty, distrito de bento<br />

gonçalves. localizada em<br />

uma região repleta de belezas<br />

naturais, tem 30 mil metros<br />

quadrados de área construída.<br />

A mudança tinha não apenas o<br />

objetivo de implantar equipamentos<br />

modernos para a melhor<br />

produção das bebidas. Mas realizar<br />

o sonho da família de transformar<br />

a salton em ponto turístico<br />

na serra gaúcha. Ao todo,<br />

o grupo investiu, nos últimos<br />

anos, 70 milhões de reais.<br />

Agora, o principal foco de investimentos<br />

é a aquisição de terras.<br />

Por isso, Daniel admite (e lamenta)<br />

um erro cometido no ano<br />

passado: ter deixado escapulir<br />

Angelo Salton, presidente da empresa por 28 anos. Maurício, Daniel e Antônio: orgulho de serem Salton<br />

das mãos, “por detalhes”, a compra<br />

da Almadén, que acabou arrematada<br />

pela Miolo. Com o negócio,<br />

a concorrente tornou-se líder<br />

no mercado nacional de vinhos finos<br />

entre as vinícolas brasileiras.<br />

— Faltou para nós uma percepção<br />

mais detalhada do negócio.<br />

A Almadén ficou bem perto<br />

de nós. Com a compra, queríamos<br />

linha de produção e terras.<br />

Nós comprávamos 1,6 milhão de<br />

quilos de uva da Almadén. Então,<br />

tivemos que ir atrás de terra e<br />

de uva — conta Daniel informando<br />

que a salton tem 80 hectares<br />

próprios que se somam aos 300<br />

hectares de fornecedores ligados<br />

diretamente à vinícola.<br />

De olho no futuro, a quarta geração<br />

da família começa a tomar pé<br />

dos negócios. Desde 2008, Maurício<br />

(23 anos, diretor administrativo,<br />

filho de Daniel), luciana e Daniela<br />

(respectivamente, 27 e 32 anos,<br />

A antiga fachada da vinícola Salton<br />

diretoras de comunicação e marketing,<br />

filhas de Ângelo) trabalham<br />

na empresa. Entraram avisados que<br />

seriam testados. Como foram, antes<br />

deles, vários primos, com muitos<br />

tendo sido “convidados a se retirar”.<br />

— Eles têm que ser melhores<br />

do que nós. Iguais a nós, já não<br />

dá certo. A responsabilidade deles<br />

é maior — diz Daniel que tem<br />

cidadania italiana.<br />

Para comemorar o centenário,<br />

há três anos a vinícola prepara<br />

o espumante salton 100 anos,<br />

que terá uma tiragem limitada de<br />

13 mil garrafas. No mais, o presidente<br />

da empresa afirma que,<br />

ao erguer a taça para celebrar o<br />

aniversário, estará renovando a<br />

“missão” dos atuais generais do<br />

grupo: trabalhar para se tornar a<br />

melhor vinícola do brasil:<br />

— A concorrência é ferrenha.<br />

Na frente, todos se respeitam.<br />

Mas, por trás, todos fazem<br />

o seu trabalho que é a conquista<br />

de mais mercado. E eu quero ganhar<br />

esse mercado.<br />

58 C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 1 0<br />

J u n h o 2 0 1 0 / C o m u n i t à i t a l i a n a 59


Fotos: Aline Buaes<br />

italian style<br />

série sadika<br />

Conjunto de peças para vinho em vidro soprado na cor bronze e<br />

com acabamento em couro. Armida luxury Interiors. Preços: Jarro<br />

para água: € 55; balde de vidro: € 70; Cálices: € 22 cada.<br />

série Kaas<br />

balde térmico para gelo em<br />

couro com madeira laqueada<br />

(€ 190) e vasilha para aperitivo<br />

em níquel da série Kaas (€ 65).<br />

Armida luxury Interiors<br />

Cristal preto<br />

Decanter em cristal preto com detalhes em estanho refinado prateado<br />

(€ 290) e cálices de vidro com entalhes de platina (€ 480 conjunto<br />

com 6 peças). Já o balde para gelo tem aplicações de estanho<br />

prateado (€ 260). Armida luxury Interiors<br />

Vinho e design<br />

Durante o mês de maio, a cidade<br />

de Nápoles recebeu diversos eventos<br />

destinados aos apaixonados por vinhos<br />

que também reuniram apaixonados<br />

por design, arte e decoração. Dentro de<br />

um dos salões mais tradicionais do sul<br />

da Itália, o Vitigno Itália, a exposição<br />

“Pagine in Tavola” exibiu projetos inovadores<br />

de um grupo de designers, entre<br />

eles os criadores da Raro Design. Já a<br />

manifestação “Wine and the City” teve<br />

como proposta levar o vinho para fora<br />

dos muros do Vitigno Itália, ocupando<br />

durante três dias estabelecimentos como<br />

antiquários, lojas de decoração, hotéis<br />

e galerias de arte. O tradicional atelier<br />

Armida, comandado pelos irmãos Mimmo<br />

e gabriele scarano e que há mais de 30<br />

anos apresenta ao mercado de luxo italiano<br />

peças em vidro exclusivas e produzidas<br />

artesanalmente, reuniu uma coleção<br />

especial de acessórios para o vinho<br />

e para a mesa. todos os produtos estão<br />

disponíveis no mercado italiano.<br />

Raro Design<br />

bianco/rosso<br />

Com o conceito de permitir a lenta<br />

e propícia degustação de um bom<br />

cálice de vinho acompanhado de um<br />

bom prato, a Raro Design propõe<br />

esta espécie de toalha com uma base<br />

especial para cálices de vinho branco,<br />

que se transforma em uma proteção<br />

térmica que mantém a temperatura fria<br />

(WHItE), e outra simples para o cálice<br />

de vinho tinto (RED). Além disso, há<br />

também um aquecedor especial para<br />

pratos (HOt), onde por baixo da toalha<br />

é inserida uma bolsa de gel que mantém<br />

os pratos quentes por até 30 minutos.<br />

Raro Design. Preço: € 250<br />

Fotos: Claudio Cammarota<br />

são Paulo - Reproduzir na<br />

cozinha as memórias afetivas<br />

por determinado alimento<br />

não é uma tarefa<br />

fácil. É preciso ter uma vasta<br />

cultura gastronômica para interpretar<br />

corretamente a tradição. E<br />

é justamente dessa forma que o<br />

chef e proprietário do restaurante<br />

italiano Osteria del Pettirosso,<br />

Marco Renzetti, privilegia pratos<br />

típicos de sua cidade natal, Roma.<br />

Aberto há três anos na região<br />

dos Jardins (sP), o Pettirosso já<br />

tem o seu lugar garantido entre<br />

os mais badalados restaurantes<br />

italianos da capital paulista.<br />

Renzetti acumula mais de 16<br />

anos de profissão. Para poder<br />

colocar em prática todo o seu<br />

conhecimento e fidelidade à<br />

culinária italiana tradicional, ele<br />

reinterpretou alguns pratos do<br />

cardápio, que soma mais de 10<br />

opções de primeiro prato e outros<br />

sete de segundo.<br />

Entre as opções, receitas sugestivas<br />

como o carro-chefe do<br />

restaurante, o Fettuccine Impe-<br />

Sapori d’Italia<br />

Tradição al sugo<br />

Osteria del Pettirosso conquista clientes com pratos precisos da culinária romana<br />

riali (com molho Alfredo), além<br />

do cannelloni de berinjela assada<br />

recheado de massa, o nhoque<br />

ao molho de cogumelo porcini e<br />

presunto, o peito de pato com<br />

redução de vinagre balsâmico e<br />

mel e as costeletas de cordeiro<br />

acompanhadas de polenta grelhada<br />

e radicchio.<br />

Marco Renzetti: preferência pela<br />

cozinha italiana artesanal<br />

— O trabalho de um chef é<br />

a interpretação correta da tradição.<br />

A ideia é revisitar essa<br />

herança cultural da culinária italiana<br />

com novos sabores, sem sacrificar<br />

o gosto autêntico de determinados<br />

pratos — diz o chef,<br />

que acredita que para cozinhar é<br />

preciso ter vocação.<br />

O Pettirosso é um restaurante<br />

étnico, afirma o chef. De acordo<br />

com ele, ao visitar o restaurante o<br />

cliente conhecerá a proposta gastronômica<br />

do local, que tem fortes<br />

“pitadas” da cozinha laziale.<br />

— temos algumas opções de<br />

pratos mais criativos e poucas<br />

incursões por receitas de outras<br />

regiões da Península — afirma.<br />

Renzetti defende uma cozinha<br />

italiana mais artesanal, diferente<br />

da que se encontra atualmente.<br />

No Pettirosso, até os<br />

doces são mais trabalhados. Eles<br />

estão divididos em sete opções,<br />

como o tradicional tiramisu e os<br />

clássicos reinterpretados, por ele<br />

claro, como panacota de creme<br />

de leite aromatizado com aça-<br />

robSon bertolino<br />

Fettuccine Imperiali<br />

Ingredientes: 350 g de fettuccine<br />

fresco; 200 g de<br />

manteiga sem sal; 250 g de<br />

parmigiano-reggiano<br />

Modo de preparo: Cozinhe<br />

o macarrão por cerca<br />

de 4 minutos em água fervente<br />

com uma pitada de<br />

sal. Em outra panela, derreta<br />

metade da quantidade<br />

de manteiga em banhomaria<br />

e misture com metade<br />

do queijo. Importante:<br />

mantenha em banho-maria.<br />

Em uma frigideira, adicione a<br />

manteiga restante ao fogo e<br />

junte 1 concha da água do<br />

cozimento do macarrão. Deixe<br />

cozinhar. Quando a massa<br />

estiver pronta, escorra e ponha<br />

na frigideira com a manteiga<br />

derretida. Em seguida,<br />

despeje a massa na manteiga<br />

que está em banho-maria,<br />

com o resto do parmigiano.<br />

Misture e sirva.<br />

frão, o queijo de cabra fresco assado<br />

no forno banhado com mel<br />

e nozes acompanhado por crostini<br />

e polenta doce. Para finalizar<br />

em grande estilo, um café bem<br />

italiano para arrematar. Ele pode<br />

ser espresso simples ou com creme<br />

de avelãs e cappuccino.<br />

— Acredito que cada visita ao<br />

meu restaurante deve ser encarada<br />

como uma experiência incomum e<br />

absolutamente original. ser chef é<br />

ser um artesão — ressalta o cozinheiro<br />

para quem são Paulo é uma<br />

das principais capitais gastronômicas<br />

da América do sul.<br />

Renzetti tem alguns costumes,<br />

como todo chef, na hora de<br />

preparar determinados pratos. A<br />

manteiga, por exemplo, ele só usa<br />

a marca Roni, fabricada no interior<br />

de são Paulo, e utilizada no<br />

preparo do Fettuccine Imperiali. A<br />

sua versão do molho Alfredo leva<br />

apenas manteiga e parmesão.<br />

serviço: osteriA del pettirosso<br />

AlAmedA lorenA, 2.155,<br />

JArdins - são pAulo, sp.<br />

telefones: 11 3062-5338<br />

e 11 3062-4531<br />

60 C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 1 0<br />

J u n h o 2 0 1 0 / C o m u n i t à i t a l i a n a 61


lA gENTE, il pOSTO<br />

Claudia Monteiro de Castro<br />

Castello di miramare<br />

Trieste é uma cidade pouco explorada pelos brasileiros, uma<br />

cidade que não faz parte dos roteiros turísticos. No entanto,<br />

é uma das mais bonitas da Itália, com um toque italiano<br />

e um quê de austríaco. Entre mar e montanha, a cidade é cheia de<br />

belezas para explorar: praças elegantes e espaçosas, cafés chiquérrimos<br />

e antigos, um belo teatro de ópera e tantos passeios.<br />

Um dos marcos principais da cidade é o Castello di Miramare,<br />

bem de frente para o mar do golfo de trieste. É circundado por um<br />

extenso parque cheio de plantas dos mais diversos tipos e fica a poucos<br />

quilômetros do centro da cidade. Foi construído a pedido de Ferdinando<br />

Massimiliano d’Asburgo, arquiduque da áustria e imperador<br />

do México, em meados do século 19, para servir de residência para<br />

ele e sua esposa Carlotta da bélgica. Projetado pelo engenheiro Carl<br />

Junker, reúne a arquitetura de diversos períodos: gótico, medieval e<br />

do Renascimento. Um verdadeiro cenário de conto-de-fadas.<br />

Castello di Miramare<br />

telefone: 39 040 224143 - site: www.castello-miramare.it<br />

bora, vento de primeira categoria<br />

Quando eu era criança, dizia sempre que nunca moraria na Itália,<br />

por dois motivos: pelos inúmeros terremotos que existem<br />

no país e pelas tarântulas, as peludas aranhas venenosas que<br />

se encontravam no sul da bota.<br />

O tempo passou, cresci, mas continuo a mesma medrosa de sempre.<br />

sofro dos temores mais absurdos e surreais. Medo de avião, medo<br />

de terremoto, medo de aranhas e serpentes, medo de quem dirige<br />

muito rápido, cortando para tudo quanto é lado, enfim, estou sempre<br />

colecionando medos, mas estou aprendendo a driblá-los.<br />

Há alguns anos, decidi viajar com minha mãe para trieste, cidade<br />

onde minha avó tinha morado vários anos. Porém, lembrando de<br />

certas coisas que minha avó dizia, já fui ficando com medo. trieste é<br />

famosa pelo “bora”, um vento veloz e às vezes, perigoso.<br />

Vovó dizia que tinha que segurar em<br />

postes finos e cordas, espalhados pela cidade<br />

com esta finalidade, para não voar. Ou seja,<br />

já fui metendo mais um medo na cuca. Ainda<br />

mais que a gente iria para trieste em pleno<br />

inverno, no Natal, época do bora.<br />

Ao descobrir que tinha um tal Museu<br />

do bora em trieste, já fui escrevendo para<br />

o responsável, Rino, para perguntar se o<br />

vento estava previsto para o período quando<br />

nós visitaríamos a cidade, e se era tão perigoso<br />

assim quanto dizia minha avó. Ele<br />

me respondeu, divertido com meu medo:<br />

— se tiver o bora quando você vier,<br />

é uma grande sorte!<br />

Ele explicou que o vento fazia parte<br />

da alma dos triestinos e que, apesar<br />

de sua violência, é uma das marcas<br />

da cidade, um vento de grande<br />

beleza e personalidade.<br />

62<br />

C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 1 0<br />

Informando-me mais sobre o vento, descobri que ele existia devido<br />

à posição geográfica espetacular de trieste, entre mar e montanha,<br />

que provoca forte diferença de temperatura e pressão atmosférica,<br />

causando um vento intenso, que atinge às vezes mais de 150 km por<br />

hora. É um vento descontínuo, com momentos de grande intensidade<br />

e outros de aparente calmaria. Mas, realmente, os triestinos carregam<br />

o bora no coração. Muitos inclusive escreveram poesias e canções sobre<br />

este famoso vento, como scipio slataper:<br />

“<strong>La</strong> Bora aguzza di schegge mi frusta e mi strappa le orecchie. Ho i<br />

capelli come aghi di ginepro, e gli occhi sanguinosi e la bocca arida si spalancano<br />

in una risata. Bella è la Bora. E’ il tuo respiro, fratello gigante.<br />

Dilati rabbioso il tuo fiato nello spazio e i tronchi si squarciano dalla terra<br />

e il mare, gonfiato dalle profondità, si rovescia mostruoso contro<br />

il cielo. Scricchia e turbina la città quando tu disfreni<br />

la tua rauca anima. Fratello, con<br />

la tua grande anima io voglio<br />

scendere laggiù.”<br />

No final das contas,<br />

quando fui à trieste com minha<br />

mãe, o famigerado vento<br />

não soprou nem um pouquinho.<br />

Foram três dias de sol.<br />

Passeamos livres e soltas descobrindo<br />

esta cidade realmente<br />

encantadora. Infelizmente,<br />

não pudemos ter a experiência<br />

única de viver a emoção do bora.<br />

Mas ao subir as escadarias da<br />

scala bonghi e visitar a casa onde<br />

minha avó passou sua infância e<br />

adolescência, a emoção foi tão forte<br />

que nos arrebatou com mais força do<br />

que faria o mais potente dos bora.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!