La - Comunità Italiana
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especial<br />
novas regras<br />
em campo<br />
No Brasil, Massimo D’Alema analisa as questões que<br />
marcam o moderno cenário das relações internacionais<br />
a<br />
crise econômica e a globalização<br />
obrigam os 27<br />
países-membros da União<br />
Europeia a fazer um urgente<br />
percurso de abertura aos<br />
territórios e às nações do hemisfério<br />
sul, do Mediterrâneo e do<br />
Oriente Médio. Essa foi uma das<br />
principais observações feitas por<br />
Massimo D’Alema em uma recente<br />
conferência na Escola de Diplomacia<br />
Rio branco, em brasília.<br />
Presidente do Comitê Parlamentar<br />
para a segurança da República<br />
(Copasir) e um dos principais<br />
expoentes do Partido Democrático<br />
Italiano, ele focalizou<br />
estas e outras questões que marcam<br />
o moderno cenário das relações<br />
internacionais.<br />
A D’Alema, nos 47 anos de sua<br />
carreira política, não faltou ocasião<br />
para encontrar grandes líderes<br />
de governo e de conhecer em<br />
maneira detalhada quase todos<br />
os sistemas políticos mais significativos.<br />
De dirigente político<br />
formado nas antigas fileiras do<br />
velho Partido Comunista Italiano<br />
a primeiro-ministro, de deputado<br />
europeu a ministro das Relações<br />
Exteriores e atualmente membro<br />
de importantes comissões do parlamento<br />
italiano, ele se considera<br />
otimista na busca de respostas<br />
para a forte presença da Europa<br />
no cenário globalizado internacional.<br />
Para aprofundar espinhosas<br />
questões abertas sobre o futuro<br />
do Velho Continente, ele fala<br />
também na veste de presidente<br />
da Fundação de Cultura<br />
Política Italiani-Europei,<br />
que reúne respeitáveis<br />
nomes do panorama internacional.<br />
— A crise econômica<br />
que explodiu<br />
em 2008 marcou o<br />
fim de uma época.<br />
O desafio de hoje<br />
é o de definir novas<br />
regras orien-<br />
liSomar Silva<br />
coRREspondEntE • Roma<br />
tadas a administrar esta segunda<br />
fase da globalização em modo<br />
mais equilibrado no plano econômico,<br />
mais justo no plano social<br />
e baseada em acordos multilaterais<br />
que sejam univocamente respeitados<br />
no plano político. Esta<br />
não é uma etapa simples, pois as<br />
linhas e as decisões adotadas até<br />
agora estão limitadas às relações<br />
entre os países interessados,<br />
quando deveriam incidir precisamente<br />
na organização interna de<br />
cada país.<br />
Na sua opinião, é preciso alcançar<br />
essa meta rapidamente<br />
sob pena de “termos um forte aumento<br />
dos níveis de conflito e de<br />
anarquia no sistema internacional,<br />
que será marcado sobretudo<br />
pela retomada de políticas de<br />
protecionismo.” D’Alema aponta<br />
a crise grega como situação propícia<br />
para uma “corrida febril”<br />
rumo a medidas auto-defensivas<br />
“adotáveis em modo diversificado<br />
e individualista pelos países<br />
membros da UE”. O primeiro a seguir<br />
esse caminho, observa, foi<br />
a Alemanha “que inicialmente<br />
resistia à ideia de contribuir pa-<br />
ra aliviar a crise de Atenas sem<br />
antes receber um programa detalhado<br />
e orientado à recuperação<br />
de equilíbrio econômico-financeiro<br />
da economia helênica a<br />
médio prazo”.<br />
Para D’Alema, os Estados Unidos<br />
permanecem na “indiscutível<br />
posição de principal potência”,<br />
mas só poderão mantê-la se conseguirem<br />
criar parcerias com outros<br />
países que constituem polos<br />
de referência no sistema econômico<br />
internacional. segundo ele,<br />
barak Obama “é um presidente<br />
global que observa com atenção<br />
especial os países ocidentais,<br />
mesmo mantendo uma relação<br />
específica com a China”.<br />
A atual situação crítica do Euro<br />
e seus efeitos para os 16 países<br />
da UE que o adotaram há 10<br />
anos, assinala D’Alema, deve ser<br />
vista como uma “oportunidade<br />
para se cultivar o equilíbrio de<br />
forças com maior disciplina e<br />
regras comuns a todos no plano<br />
interno e internacional”. Ele acredita<br />
que a Europa deva dar maior<br />
atenção à Russia e à turquia. Ao<br />
mesmo tempo, deve recuperar<br />
peso político e conquistar maior<br />
credibilidade na área do Oriente<br />
Médio e do Mediterrâneo, assim<br />
como na parte sul do mundo,<br />
“onde o desafio da áfrica na luta<br />
contra a fome e a pobreza, somada<br />
às questões do crescimento<br />
demográfico e da defesa dos<br />
direitos humanos, representam o<br />
núcleo causador de conflitos em<br />
territórios capazes de encubar<br />
também movimentos terroristas.”<br />
A experiência de D’Alema no<br />
cargo de presidente da Comissão<br />
Europeia para o Mercosul em<br />
2005, o leva a considerar fundamental<br />
também a retomada de<br />
crescentes contatos e negócios<br />
entre a União Européia e os países<br />
latinoamericanos. Para ele,<br />
o caminho rumo a uma Europa<br />
unívoca em decisões políticas, é<br />
longo, mas possível:<br />
— sem uma liderança nem<br />
uma opinião pública europeias<br />
com uma só linha de pensamento,<br />
defendida por partidos de perfil<br />
europeu no processo de integração<br />
que começou sobretudo<br />
com a ampliação da UE, teremos<br />
somente uma grande estrutura<br />
técnico-burocrática certamente<br />
útil e até indispensável sob certos<br />
aspectos, mas destituída da força<br />
e da atração necessárias a promover<br />
uma verdadeira mudança.<br />
marketing<br />
de ouro<br />
Feira italiana de jóias mostra que trabalho de identificação de marca foi a matériaprima<br />
mais valiosa encontrada pelas empresas como resposta para a crise do setor<br />
Vicenza, palco nacional da<br />
arquitetura Palladiana,<br />
abriu as portas de seus<br />
antigos muros para receber<br />
Vicenzaoro Charm, feira dedicada<br />
ao mercado da joalheria<br />
de luxo e design inovativo, que<br />
aconteceu, mês passado, no espaço<br />
da Feira di Vicenza. Em cerca<br />
de 70 mil metros quadrados,<br />
1341 expositores - sendo 961 italianos<br />
e 380 estrangeiros – apresentaram<br />
suas coleções dedicadas<br />
à primavera-verão 2010/2011. O<br />
evento indicou algumas possíveis<br />
soluções para enfrentar a crise<br />
que permeia há anos o setor.<br />
Charm faz parte de um grupo<br />
de feiras dedicadas ao ouro e ao<br />
setor da joalheria de luxo promovidas<br />
pela Feira de Vicenza. Além<br />
dela, acontecem First, em janeiro,<br />
e Choise em setembro. De todas,<br />
a Charm é a que tem maior<br />
visibilidade por ser a feira do design<br />
criativo e moderno.<br />
— Hoje as empresas do setor<br />
se dividem entre a vontade de reagir<br />
às dificuldades do mercado<br />
e o medo de uma possível evolução<br />
dos indicadores econômicos.<br />
Os primeiros seis meses deste ano<br />
evidenciaram alguns tímidos sinais<br />
de mudanças, mas que ainda são<br />
muito fracos para serem definidos<br />
como reaquecimento do mercado.<br />
A queda do valor do euro em relação<br />
ao dólar pode dar uma bocada<br />
de oxigênio às exportações italia-<br />
nas — avalia o presidente da feira<br />
de Vicenza, Roberto Ditri.<br />
segundo ele, a versão deste<br />
ano de Vicenzaoro confirmou o<br />
que já se intuia: que o mercado<br />
internacional da joalheria está<br />
no centro de uma “profunda evolução”<br />
caracterizada pelo ingresso<br />
de novos concorrentes no setor<br />
e pelas novas formas de distrubuição<br />
ditadas pela globalização.<br />
Esses fatores, observa Ditri,<br />
colocaram em foco os limites do<br />
modelo de desenvolvimento italiano<br />
e os “riscos de problemáticas<br />
estruturais não resolvidas”.<br />
Ditri afirma que as empresas<br />
que conseguiram passar de uma<br />
produção sem planejamento a<br />
uma focada em criar uma identidade<br />
de marca - na qual se insere<br />
valor, posição, imagem, comunicação<br />
e política de distribuição<br />
Federico Gauttieri<br />
Janaína CéSar<br />
coRREspondEntE • tREviso<br />
e marketing coerentes - puderam<br />
enfrentar de forma mais estruturada<br />
as dificuldades do mercado.<br />
A marca romana Casato é o<br />
exemplo concreto dessa nova tendência.<br />
A marca que há quatro<br />
anos tinha um pequeno estande<br />
na feira, hoje ocupa um espaço<br />
de 50 metros quadrados, na área<br />
nobre do evento. segundo Federico<br />
gauttieri, design e proprietário<br />
da marca, a filosofia empresarial<br />
mudou, assim como mudou a estratégia<br />
de marketing. Este ano, a<br />
marca lançou uma nova linha coordenada<br />
de jóias e perfume, além<br />
de cd’s de música lounge para serem<br />
dados aos clientes:<br />
— Estamos promovendo não<br />
só o produto, mas o mundo Casato,<br />
feito de detalhes, feminilidade<br />
e criatividade.<br />
Ele aproveita para falar, sem<br />
rodeios, sobre um assunto delicado<br />
do setor: as cópias. No ramo da<br />
joalheria, imitação não é uma “arte”<br />
praticada somente por chineses.<br />
segundo gauttieri, as marcas<br />
criativas, mesmo as italianas, “estão<br />
sempre procurando fontes de<br />
inspiração em seus concorrentes”.<br />
— A cópia é uma coisa negativa<br />
porque roubam sua ideia, seu<br />
produto. Porém, ao mesmo tempo,<br />
pode ser positiva, se você pensar<br />
que está servindo de inspiração<br />
para marcas muito mais famosas<br />
que a sua. Isso quer dizer que seu<br />
produto é bom — diz gauttieri,<br />
negócios<br />
sorrindo. — Na verdade, muitas<br />
empresas italianas se inspiram,<br />
para não falar copiam, as minhas<br />
jóias. Para se ter uma idéia, ano<br />
passado até a bugari fez algo parecido<br />
com uma de minhas peças.<br />
Mas nem só de luxo vive a Vicenzaoro<br />
Charm. Uma das marcas<br />
que mais fez “barulho” foi a Ops-<br />
Flat. A marca apresentou uma coleção<br />
de relógios de pulso ultra<br />
moderno inspirados no famoso Casio<br />
dos anos 1980. Feitos com silicone<br />
antialérgico e ultrafinos, são<br />
impermeáveis e possuem uma gama<br />
de 15 cores diversas. Dessas,<br />
quatro das florescentes têm perfumes<br />
de drinques famosos: Margherita,<br />
Mojito, Caipiroska e sex on<br />
the beach. tanta novidade a pouco<br />
preço. O relógio custa em média<br />
25 euros. segundo luca giglio, designer<br />
da marca, esta é a verdadeira<br />
democratização do design:<br />
— A filosofia da empresa é a<br />
de realizar objetos de forte impacto<br />
gráfico, com alta qualidade,<br />
mas não por isso destinado a<br />
uma elite consumidora.<br />
20 C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 1 0<br />
J u n h o 2 0 1 0 / C o m u n i t à i t a l i a n a 21<br />
Fotos: Renato Gianturco