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Numa revolução social nas favelas do Rio ... - Comunità Italiana

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meio ambiente<br />

Itália, 40 graus<br />

Calor excessivo, consumo de energia eleva<strong>do</strong> e medusas fora de época <strong>nas</strong> águas italia<strong>nas</strong>.<br />

Eis as primeiras conseqüências <strong>do</strong> aquecimento global no verão da península ao Sul da Europa<br />

Ondas de calor escaldante,<br />

a água <strong>do</strong> mar ultragelada<br />

e infestada de águas-vivas.<br />

Nunca se viu um verão<br />

assim na Itália. Os termômetros<br />

chegaram a superar a marca<br />

<strong>do</strong>s 40 graus no sul <strong>do</strong> país. Houve<br />

incêndios em escala incomum.<br />

A Worldwide Fund for Nature<br />

(WWF), organização internacional<br />

de defesa <strong>do</strong> meio ambiente,<br />

denunciou “um ano negro” para o<br />

patrimônio natural da península,<br />

ao anunciar que, em julho, pelo<br />

menos 4.500 hectares de parques<br />

protegi<strong>do</strong>s foram devasta<strong>do</strong>s pelas<br />

chamas. Culpa <strong>do</strong> aquecimento<br />

global? Provavelmente, na<br />

avaliação <strong>do</strong> ambientalista, economista<br />

e presidente <strong>do</strong> Instituto<br />

Municipal de Urbanismo Pereira<br />

Passos (IPP), Sérgio besserman.<br />

— trabalhamos com estatísticas<br />

e acontecimentos ocorri<strong>do</strong>s<br />

em seqüência, mas temos por<br />

que acreditar que, certamente, o<br />

aquecimento global pode fazer<br />

com que essas ondas de calor se<br />

tornem muito mais freqüentes sobre<br />

a Europa. Não fosse o aquecimento<br />

provoca<strong>do</strong> pela emissão<br />

humana de gases de efeito estufa,<br />

a atual onda de calor seria menos<br />

grave — afirma o ambientalista.<br />

O calor excessivo provocou<br />

uma elevação a níveis anormais<br />

<strong>do</strong> consumo de energia elétrica na<br />

Itália. Segun<strong>do</strong> a terna, a companhia<br />

nacional de eletricidade, às<br />

11h45 de 16 de julho, o sistema<br />

exigiu 53.189 megawatts, contra<br />

as previsões de 51.100 megawatts<br />

para o perío<strong>do</strong>. Uma demanda<br />

superior aos 53 mil megawatts<br />

prosseguiu até pouco depois <strong>do</strong><br />

meio-dia local, quan<strong>do</strong>, então, o<br />

consumo começou a baixar.<br />

— Natural que a população<br />

se defenda compran<strong>do</strong> aparelhos<br />

de ar condiciona<strong>do</strong>, aumentan<strong>do</strong><br />

o consumo de energia. Num<br />

prazo de tempo mais longo, sabemos<br />

que mudanças estruturais<br />

muito profundas serão necessárias<br />

na arquitetura <strong>do</strong>s prédios,<br />

no urbanismo mesmo, para aliviar<br />

o calor — prevê besserman.<br />

Turismo em clima de alarme<br />

Em abril deste ano, a jornalista<br />

<strong>do</strong> <strong>Rio</strong> Vera Perfeito esteve<br />

na Itália em passeio pelo sul da<br />

península. Ela sentiu na pele a<br />

intensidade <strong>do</strong> calor neste verão<br />

europeu. Ao chegar à paradisíaca<br />

Costa Amalfitana, constatou que<br />

os efeitos <strong>do</strong> aquecimento global<br />

já não preocupam somente os<br />

cientistas, mas a própria população<br />

italiana.<br />

Na tropea, na Calábria, Vera<br />

conta ter ouvi<strong>do</strong> <strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res<br />

relatos aturdi<strong>do</strong>s sobre outros<br />

efeitos, além <strong>do</strong> forte calor, no<br />

ambiente. Segun<strong>do</strong> ela, a população<br />

atribui ao<br />

desequilíbrio na natureza<br />

o fato de o<br />

vulcão Stromboli, por<br />

exemplo, <strong>nas</strong> ilhas Eólias,<br />

ter decepciona<strong>do</strong> os<br />

turistas neste ano ao passar<br />

dias sem dar o ar de sua graça,<br />

sem soltar uma fagulha.<br />

Mas a cidade, segun<strong>do</strong> a jornalista,<br />

que mais vem sofren<strong>do</strong> com<br />

Arquivo pessoal<br />

os fenômenos é a deslumbrante<br />

taormina, onde se localiza o Etna:<br />

— As chamadas neves eter<strong>nas</strong>,<br />

únicas da Sicília, que pairaram<br />

desde sempre sobre o maior vulcão<br />

europeu, estão derreten<strong>do</strong> antes<br />

mesmo da chegada <strong>do</strong> verão, frustran<strong>do</strong><br />

os visitantes — ressalta.<br />

Efeito enregelante<br />

Não só as nuvens <strong>do</strong> Etna, mas<br />

as geleiras polares estão derreten<strong>do</strong><br />

e na Itália isso também<br />

tem afeta<strong>do</strong> a qualidade de vida<br />

<strong>do</strong>s turistas e da população local<br />

durante o alto verão. As águas<br />

<strong>do</strong> Norte enregelam as correntes<br />

marinhas que banham o litoral<br />

italiano. Efeito evidente disso,<br />

de acor<strong>do</strong> com besserman: a proliferação<br />

de águas-vivas no mar.<br />

— Na medida em que as geleiras<br />

estão descongelan<strong>do</strong> mais<br />

ce<strong>do</strong>, altera-se a temperatura da<br />

água e as águas-vivas são também<br />

atraídas precocemente. Isso<br />

nay r a garoFlE<br />

Reprodução<br />

Calor excessivo levam crianças a se<br />

esbaldarem pelas ruas da Itália. Rodrigo<br />

já não suporta as altas temperaturas<br />

prejudicou o turismo, pois não<br />

se esperava por isso — reflete o<br />

pesquisa<strong>do</strong>r.<br />

E as medusas, de fato, atrapalharam<br />

as férias de Vera, em<br />

sua passagem pela Sicília, pois<br />

ela não pôde aproveitar as<br />

águas claras e mansas <strong>do</strong> Mediterrêneo.<br />

Milão escaldante<br />

também no extremo norte da Itália,<br />

em pontos bem distantes <strong>do</strong><br />

mar, o calor atribuí<strong>do</strong> ao efeito<br />

estufa tem si<strong>do</strong> difícil de tolerar<br />

mesmo para um estrangeiro que<br />

passou a maior parte da vida sob<br />

o intenso calor tropical brasileiro.<br />

Há três meses em Corsico, na<br />

província de Milão, o professor de<br />

Educação Física Rodrigo Caetano,<br />

de 27 anos, <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro, diz<br />

que, para ele, o verão europeu<br />

tem representa<strong>do</strong> um desafio à<br />

beira <strong>do</strong> limite <strong>do</strong> insuportável.<br />

— Para falar a verdade, o calor<br />

daqui às vezes “torra” a minha<br />

paciência. Em Milão não tem<br />

praia e o sol aparece das seis da<br />

manhã às 22h — desabafa o brasileiro,<br />

que está na Itália para<br />

aprender uma nova língua, conhecer<br />

uma nova cultura e tentar<br />

ganhar um dinheiro extra com a<br />

sua profissão.<br />

urante o verão, no mês de agosto, Milão fica praticamente deserta. Já foi pior há dez anos<br />

quan<strong>do</strong>, para fazer compras, os habitantes tinham de dar uma volta enorme em busca de<br />

um supermerca<strong>do</strong> aberto. Mesmo assim, os mora<strong>do</strong>res que podem, se mudam com malas e cuias<br />

para as praias. O titular desta coluna também entrou neste roldão e foi parar na Ilha da Sardenha,<br />

destino final de bilionários <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> inteiro e de milhares de italianos remedia<strong>do</strong>s em<br />

busca de sombra, água fresca e um mar paradisíaco. E, como não poderia deixar de ser, acabou<br />

conferin<strong>do</strong> alguns points imperdíveis para se esbaldar no mês <strong>do</strong> famoso Ferragosto.<br />

Fotos: Guilherme Aquino D<br />

Só com tempo bom<br />

A<br />

cerca de duas horas e meia de carro<br />

de Cagliari pela SS125, passan<strong>do</strong><br />

por praias que não deixam nada a<br />

desejar para as da Polinésia Gauguin, chega-se<br />

a Santa Maria Navarrese. Um pequeno<br />

povoa<strong>do</strong> fantasma durante o ano e badala<strong>do</strong><br />

no verão. Daqui saem excursões para<br />

as praias com acesso ape<strong>nas</strong> pelo mar. Os<br />

points são Cala Sisine, Gabbiani, Mariolu e<br />

Grotta del Fico, uma imensa caverna dentro<br />

<strong>do</strong> desfiladeiro. Já para a Cala Goloritze, pa-<br />

Para circular<br />

As companhias de navegação Moby e tirrenia<br />

percorrem diferentes rotas rumo à Sardenha.<br />

Para quem não quiser pousar de avião<br />

nos aeroportos de Olbia, no nordeste da ilha,<br />

ou de Cagliari, a capital, os barcos são a opção<br />

mais em conta. Uma viagem de Gênova – embarque<br />

mais próximo de Milão – a Porto torres,<br />

no norte da Sardenha, custa de 15 a 150 euros.<br />

O transporte <strong>do</strong> carro no mesmo navio não sai<br />

por menos de 90 euros, mas vale a pena, pois,<br />

ao desembarcar, ele será necessário para o passeio<br />

pelas praias e cidades da ilha.<br />

trimônio da humanidade, o aventureiro pode<br />

ir nadan<strong>do</strong> <strong>do</strong> barco – que não pode se<br />

aproximar da praia – ou tem que caminhar<br />

mais de uma hora em meio à vegetação mediterrânea.<br />

Mas vale a pena o sacrifício. O<br />

passeio custa 30 euros por pessoa. Os barcos<br />

saem da marina de Santa Maria Navarrese<br />

to<strong>do</strong>s os dias. Com Netuno e São Pedro<br />

autorizan<strong>do</strong>, é claro. Mas, no verão italiano,<br />

até os deuses e os santos tiram férias e viajam<br />

para a Sardenha <strong>do</strong> tempo bom.<br />

Em pleno “paradiso”<br />

Cerca de meia hora de carro de Porto torres<br />

e o viajante chega à localidade de<br />

Capo Falcone, promontório paradisíaco com<br />

uma torre sarracena na extremidade <strong>do</strong> cabo.<br />

Do outro la<strong>do</strong> <strong>do</strong> canal, está a ilha de Asinara,<br />

povoada por sar<strong>do</strong>s, com suas mulas e asnos.<br />

No meio, orlas e bancos de areia. Nesta<br />

área de Alghero e Stintino, pode-se ter um<br />

tranqüilo banho de mar em águas calmas e<br />

cristali<strong>nas</strong>. Para chegar até a areia, é possível<br />

caminhar por um con<strong>do</strong>mínio de casas mimetizadas<br />

com o terreno.<br />

miLãO<br />

Guilherme Aquino<br />

Lembranças<br />

históricas<br />

Cagliari tem muitas atrações, além das<br />

praias espetaculares, como a de Chias com<br />

du<strong>nas</strong> e lagoas povoadas de pelicanos. Uma delas<br />

é o Museu Arqueológico Nacional. Cente<strong>nas</strong><br />

de peque<strong>nas</strong> esculturas em bronze contam<br />

a história da misteriosa civilização nuragiche.<br />

Foram encontradas nos sítios arqueológicos espalha<strong>do</strong>s<br />

por toda a ilha, soterra<strong>do</strong>s nos templos,<br />

santuários e tumbas. As necrópoles sardas<br />

são uma fonte inesgotável de pesquisas. Objetos<br />

de decoração e jóias em ouro, <strong>do</strong>s fenícios<br />

que estiveram em tharros, foram encontra<strong>do</strong>s<br />

onde viveram os etruscos. todas as etapas desde<br />

o perío<strong>do</strong> neolítico estão presentes num rico<br />

acervo que ajuda a contar e a entender passagens<br />

de mais de três mil anos de história.<br />

Bons ares<br />

A<br />

Igreja de Nostra Signora di Bonaria<br />

fica praticamente diante <strong>do</strong> Porto de<br />

Cagliari. Foi construída no século 16 sobre<br />

os escombros de uma edificação <strong>do</strong> perío<strong>do</strong><br />

Aragones, de <strong>do</strong>minação espanhola.<br />

Erguida em pedra de calcário branco,<br />

ela pode ser vista à distância. Uma lenda<br />

conta que a imagem da Ma<strong>do</strong>nna ficou<br />

associada aos marinheiros que passaram<br />

a cultuá-la em 1370. É que, num veleiro,<br />

em meio a uma tempestade na rota para a<br />

Espanha, uma caixa de madeira com a sua<br />

escultura foi dar na praia. E, por trás deste<br />

nome, Senhora <strong>do</strong>s bons Ares, estaria a<br />

origem da denominação da cidade de buenos<br />

Aires. As tripulações sardas, que embarcavam<br />

<strong>nas</strong> grandes navegações rumo à<br />

América, eram devotas da Nostra Signora<br />

di bonaria e isto teria influencia<strong>do</strong> na escolha<br />

<strong>do</strong> nome da capital argentina.<br />

48 C o m u n i t à i t a l i a n a / ag o s t o 2007<br />

a g o s t o 2007 / Co m u n i t à i t a l i a n a 49

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