Jornal Paraná Agosto 2017

BIODIESEL
Setor quer antecipar
mistura maior no diesel
A ideia é elevar o percentual de
biodiesel dos atuais 8% (B8) para
9% (B9) até setembro e para 10%
(B10) em março do próximo ano
DA EQUIPE DE REDAÇÃO
Representantes do setor
brasileiro de biodiesel
pediram ao governo
federal a antecipação
do aumento da mistura
do biocombustível no óleo diesel
e há a expectativa de que
uma decisão seja tomada no
período de um mês. A ideia é
elevar o percentual da mistura
de biodiesel dos atuais 8% (B8)
para 9% (B9) até setembro e
para 10% (B10) em março do
próximo ano, segundo o secretário-geral
da Associação Brasileira
de Óleos Vegetais
(Abiove), Fabio Trigueirinho. O
cronograma original previa
essas elevações em março de
2018 e março de 2019, respectivamente.
Trigueirinho diz que há um
quadro para antecipação, já
que a safra de soja é recorde e
as indústrias, hoje bastante
ociosas, têm capacidade de
processar um volume maior.
O presidente da Aprobio,
Erasmo Battistella, e lideranças
do setor vêm defendendo em
reuniões com o governo federal
a importância do Renova-
Bio, programa voltado para a
expansão dos biocombustíveis
na matriz energética brasileira
até 2030, além de maior eficiência
energética e a melhoria
da qualidade do ar por meio da
descarbonização.
O uso de biodiesel contribui
com a redução de mais de
Também seria uma forma de
diminuir as importações de
diesel, que têm subido muito, e
gerar emprego, processando a
soja no Brasil.
A medida contribui para reativar
usinas fechadas desde a
estagnação do mercado, de
2010 a 2014, reaquecendo as
economias regionais com a
geração de empregos, renda e
impostos. Estudo da Fundação
Instituto de Pesquisas Econômicas
(Fipe), da Universidade
de São Paulo, mostra que o
setor produtivo de biodiesel
gera 113% mais empregos que
o refino de diesel fóssil, sem
concorrer com o derivado nacional
de petróleo, mas com o
importado, que gera empregos
em outros países.
Dados da Abiove mostram
que se a mistura passar para
B10 em março, a produção de
biodiesel poderia ir a 5,3 bilhões
de litros em 2018, representando
economia de 3,2
70% de emissões de gás carbônico,
o que é fundamental
para o cumprimento das metas
de redução de gases de
efeito estufa assumidas pelo
Brasil na Conferência do Clima
de 2015 em Paris, a COP 21.
A iniciativa prevê o emprego
progressivo de biodiesel em
até 20% por litro de diesel em
2030.
Uma das solicitações é que,
em vez de Projeto de Lei, que
demora muito, que o Renova-
Com a mudança, a produção do biocombustível poderia ir a 5,3 bilhões de litros em 2018
bi-lhões de dólares com importação
de diesel. Para 2017,
a fabricação de biodiesel está
estimada em 4,2 bilhões de litros,
utilizando 3 milhões de toneladas
de óleo de soja. Entre
75% e 80% do biodiesel fabricado
no Brasil tem a soja como
matéria-prima.
Representantes de três entidades
ligadas ao biodiesel -
Associação dos Produtores de
Biodiesel do Brasil (Aprobio), a
Associação Brasileira das Indústrias
de Óleos Vegetais
(Abiove) e a União Brasileira de
Biodiesel e Bioquerosene
(Ubrabio) mais a PBIO - assinaram,
no Ministério de Minas
e Energia, em Brasília (DF), um
Termo de Cooperação com a
BR Distribuidora para o fornecimento
de combustível para
testes com as misturas B10,
B15 e B20, reforçando o compromisso
do setor com o governo,
segundo o presidente do
Conselho da Aprobio, Erasmo
Battistella.
Desde março de 2016,
quando foi promulgada a lei
que definiu os prazos para
Em defesa do RenovaBio
Bio seja feito por Medida Provisória.
Idealizado em dezembro
do ano passado, o RenovaBio
ficou em consulta pública no
primeiro trimestre de 2017 e
teve suas diretrizes aprovadas
70%
é quanto o biodiesel
reduz as emissões
de gás carbônico
pelo Conselho Nacional de Política
Energética em junho. O
programa está, agora, em formatação
para apresentar ao
Congresso Nacional.
implantação do B8, B9 e
B10 e também as realizações
dos testes para as misturas
de B10 e B15, todo o
setor tem se mobilizado para
encontrar uma forma de
custear os combustíveis necessários
para os testes.
Pelo acordo, os produtores
de biodiesel assumirão o pagamento
do combustível,
subsidiando quase 1 milhão
de litros. Já a BR Distribuidora
viabilizará a logís- tica
de mistura e entrega dos
produtos ao longo de 15
meses às montadoras.
O avanço do RenovaBio
deve abrir caminho para empresas
de biodiesel e bioetanol
ampliarem sua atuação.
"Há interesse em investir em
novas áreas, como bioquerosene,
usado na aviação, além
de produtos bioquímicos e
bioplásticos", diz. Hoje, apenas
o biodiesel e o bioetanol
têm regras específicas, o que
permite a criação de políticas
de incentivo.
Outra diretriz do RenovaBio
que amplia a atuação das
empresas é a precificação da
eficiência e das emissões de
carbono dos produtores, que
cria a possibilidade de não
ser só produtor de combustível,
mas ter ganho adicional
com créditos para a descarbonização.
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