Mapa das Cortes, de 1749 - Fonte Espelhos do Mundo <strong>Revista</strong> Fapesp -O Mapa esta na Biblioteca Nacional
11 A Jornada de Dom Frei Manoel da Cruz Em 1745, pela bula Candor Lucis Aeternae, do Papa Bento XIV, Mariana tornou-se o sexto Bispado do Brasil. Durante muitos anos o país contou com poucos Bispados, até meados do século XVIII tinham-se apenas os Bispados da Bahia (de 1555) Rio de Janeiro (1676), Olinda (1676), Maranhão (1677) e Pará (1719). Bispo do Maranhão, desde 1739, Dom Frei Manoel da Cruz, foi nomeado primeiro bispo de Mariana. A transferência de Dom Frei Manoel para Mariana foi uma promoção, Minas era uma das mais próspera das Capitanias da Colônia. Com 57 anos de idade, partiu de São Luís (Maranhão) no dia 03 de <strong>agosto</strong> de 1747. Recusou vir de barco pelo mar, até Rio de janeiro e depois seguindo para Minas. Escolheu fazer a viagem pelo interior do país, passando pelo interior do Maranhão, Piauí, Bahia e seguir o curso Rio São Francisco e Rio das Velhas até chega a sua diocese. Sua partida aconteceu com muito atraso, pois esperava uma mensagem vinda de Portugal através de navio e, também, por não possuir recursos suficientes para comprar cangalhas, selas e canastra para os animais da comitiva. Assim, trocou cabeças de gado por cavalos e não dispensou o serviço de escravos. A viagem foi longa e penosa, durou cerca de um ano e três meses, através de quatro mil quilômetros no interior do Brasil, terras quase nunca trilhadas por uma grande comitiva, a viagem foi marcada por sofrimentos e enfermidade. Até surgiram boatos de que o Bispo tinha morrido. O livro "O Pastor das Sombras” do escritor Luís Giffoni, conta a saga da viagem de Dom Frei Manoel da Cruz pelo interior do Brasil XVIII. “Minha idéia inicial era escrever uma história sobre a viagem do bispo e, através dela, mostrar um pouco daquele Brasil do século XVIII, mas acabei descobrindo que a figura humana do frei Manoel da Cruz era muito maior que a viagem.” Diz o autor. No “O Copiador de dom Frei Manoel da Cruz”, livro sobre as correspondências do bispo, organizado pela Prof (a) Maria José Ferro de Souza e o Mons. Flávio Carneiro Rodrigues, podemos entender a vida do primeiro Bispo de Mariana e a importância do da criação da diocese para a cultura, educação e formação do povo Mineiro. “De Mariana, irradiou-se para todos os horizontes mineiros o facho sagrado do Evangelho que civilizou, educou e engrandeceu a gente mineira. Em Mariana, se ergueram sólidos os umbrais da Religião Católica para os montanheses” aponta Mons. Flávio Carneiro Rodrigues A entrada solene do primeiro bispo ocorreu no dia 28 de novembro de 1748, em brilhante solenidade, “O Áureo trono Episcopal, o bispo foi conduzido de liteira até a capela de São Gonçalo, onde era aguardado pelas principais autoridades da capitania e representantes dos bispados de São Paulo e do Rio de Janeiro. Aí se realizou a paramentação e, a seguir, a solene procissão até a catedral. A saga da viagem e da entrada triunfal em Mariana após treze mês de viagem foi descrita no livro Áureo Trono Episcopal, de 1749. Este é mais um personagem, que forjou a história de Minas e do Brasil, e que deve ser conhecido e respeitado. O traçado em vermelho no Mapa, página ao lado, tatrajeto feito pela comitiva de Dom Frei Manoel da Cruz na Viagem entre São Luis do Maranhão até Mariana nas Minas Gerais